Hare Krishna Hare Krishna Krishna Krishna Hare Hare Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare Este é o Maha Mantra, principal oração dedicada a Krishna, conhecido por nós como Deus. Em português poderia ser entoado assim: “Coloque-me para servir a vida e aos propósitos do Pai. Guie-me na Luz do meu Plano Divino e dê-me todo suprimento necessário para que eu cumpra minha missão espiritual.”
Expediente Editor Chefe: Marcel Martins Designer: Marcel Martins Fotografia: Cesar Lopes, Marcelo Martins, Victor Tineo Ilustradores: Marcel Martins Repórteres: Cesar Lopes, Cristiane Carvalho, Flavia Flores, Marcel Martins, Leonardo Lira, Valéria Soares, Victor Tineo Colaboração Especial: Guru Sevananda Contatos
César Lopes Cristiane Carvalho cesar.lopesmoreira@gmail.com cristiane.fcarvalho@ymail.com Flavia Flores Marcel Martins flaflores11@yahoo.com.br marcel.m.martins@gmail.com
Leonardo Lira Valéria Soares leoblira@gmail.com valeriafelipe.soares@gmail.com Victor Tineo victor.tineo141@hotmail.com
Agradecimentos:
Gostaríamos de deixar registrado que somos extremamente gratos a todos os devotos que nos receberam e a todos que dedicaram um pouco, ou as vezes muito, de seu tempo para que conseguissemos realizar este projeto. Em especial gostariamos de agradecer as seguintes pessoas:
Projeto desenvolvido como parte da matéria de Antropologia Teológica do curso de Jornalismo da FAPCOM - Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação, sob a orientação do Professor Thiago Calçado.
Caitanya Lila Devi Dasi Gourangi Devi Dasi Maria Stella Splendore Jaya Deva Das Guru Sevananda Tarum
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editorial Um pernilongo. Uma criatura simplória e quase que integralmente irritante. Ainda assim uma criatura. Não sei dizer se é poético ou irônico como grandes dilemas da vida podem se manifestar em coisas tão simples quanto a decisão de matar ou não um pernilongo. Uma resposta que deve parecer simples em quase todas as situações, mas não quando se está dentro de um templo Hare Krishna. Juro que observo o inseto por uns bons minutos, rindo de si mesmo e da situação. As pessoas recitando o maha mantra e eu a repeti-lo para manter o foco. Olho furtivamente para os lados, tentando encontrar algum olhar, alguma ajuda de como proceder. Matar um ser vivo ali, na sala do templo, seria um pecado indescritível. Chego até a me sentir mal pela ideia ter passado pela minha cabeça. “Mas é só um pernilongo...” O instinto e os anos combatendo esse tipo de criatura se chocavam com a situação. Uma boa metáfora sobre como muitos hábitos simples são viciosos quando vistos sob essa nova óptica. Porém não era uma metáfora. O pernilongo continua ali, tomando meu sangue, e eu só observo. “É a natureza dele” – penso. E qual seria a minha natureza? Matá-lo? Fingir que nada acontecia? Seria a violência ou apatia partes naturais do homem? Aquele pernilongo não oferece perigo a minha vida, de forma alguma. É até provável que ele nem me incomodasse caso eu não tivesse o avistado. Mesmo assim a ideia de matá-lo passa pela minha cabeça.
“Isso não é certo...” – penso. Qual a natureza do homem. Seu dharma maior?
Olhando para aquele pernilongo, sorri. Ele parte e leva embora um pouco do meu sangue, contudo deixa um sentimento resoluto em meu espírito: amor. 4
sumário
16 Conheça Nova Gokula Visita ao maior templo da América Latina
20 Maria Stella Splendore
8 Perguntas comuns 10 Filosofia do movimento Hare Krishna 12 A chegada ao ocidente
Entrevista especial
Curiosidades e quebras de senso comum
Uma breve introdução aos principais conceitos
Como a devoção a Krishna chegou ao Ocidente
14 as leis naturais e a roda da vida Samsara, Dharma e Karma
6 o primeiro contato
As primeiras impressões
11 depoimentos
de devotos e simpatizantes
9 como se tornar um devoto? 26 Vegetarianismo e Hare Krishna
13 visita à índia
a viagem da deovota Gourangi
28 A busca pelo sagrado pela renúncia do Profano
30 glossario 31 bibliografia
Contatos dos Templos: 7 Vrinda São Paulo 19 Templo Nova Gokula 29 Gangamatas Gaudiya Matha 5
o primeiro contato Por César Lopes
O repórter César Lopes relata como foi a experiência de seu primeiro contato com a cultura e filosofia Hare Krishna em sua visita ao templo.
O primeiro contato com o espaço: Cheguei bem cedo ao templo, cerca de uma hora e meia antes de começar o rito. O primeiro contato com o espaço foi bem tranquilo, esperava um espaço diferente e o que vi foi uma pequena casa, porém aconchegante. Quem me recebeu foi um rapaz chamado Tarum (veja a entrevista com ele no fim da edição) que foi logo me convidando para entrar. Fui convidado também a tirar o sapato na entrada e o deixei em uma sapateira. Subindo as escadas confirmei minha impressã, o que vi foi uma casa pequena e acolhedora, com um cheiro muito agradável, uma mistura de incenso com algo sendo preparado na cozinha. Os quadros de Krishna espalhados em todos os quatro cantos do que seria uma pequena sala chamaram minha atenção, eram belos desenhos do Deus Indiano. Contato com as pessoas: Desde a porta de entrada fui muito bem acolhido depois de dizer que minha visita se tratava de um trabalho acadêmico logo fui convidado a entrar e ter total acesso ao templo, sua cozinha, seus quadros e imagens. As pessoas no caso monges que me receberam chamaram atenção pelos seus trajes. Todos sem exceção vestiam trajes de monges aqueles lençóis brancos que cobriam dos ombros as panturrilhas, seus cabelos tinham o mesmo padrão de corte, todos eram raspados com exceção da região central onde todos deixavam uma espécie de
“rabo de cavalo”. o que mais chamou atenção dessas pessoas sem dúvida foi a simplicidade e humildade com qual eles atendem as visitas.
Contato com o rito: O rito foi uma experiência bem diferente ao começar pela forma de se sentar e acomodar para ouvir a palestra que é semelhante ao sermão do pastor ou do padre. A assembleia se senta no chão da pequena sala que contém apenas um altar para Krishina. Depois de ouvir o “sermão” todos vão comer, a comida é totalmente vegetariana, te um sabor bem forte por ser tudo muito bem temperado. Depois do vasto banquete e uma saborosa sobremesa, todos começam cantar e dançar, como se fosse uma espécie de louvo para Krishina. Os instrumentos musicais são bem diferentes com exceção do violão utilizado. Eram espécie de tambores Indianos e pratos metálicos do tamanho da palma da mão. Apesar de pequenos eram bem altos e produziam um som que trazia a sensação de harmonia e tranquilidade.
Fotos por: César Lopes
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templo vrinda sp
Vrinda S達o Paulo
Rua Muniz de Souza, 774 - Aclima巽達o - S達o Paulo - SP contato@vrindasp.com.br Telefone: (11) 5908-1361 facebook.com/vrindasaopaulo http://vrindasp.com.br/
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perguntas comuns Os devotos de Krishna possuem tradições bem características e que transparecem mesmo para pessoas que não conheçam nada dessa cultura. Porém por ser diferente muitas dúvidas podem surgir. Veja algumas das perguntas mais frequentes feitas por curiosos que desejam aprender mais. O Deus Krishna é o mesmo Deus que está na Bíblia? Sim. A filosofia Védica diz que existe um somente um Senhor Supremo e que todos os seres vivos são Seus servos amorosos. Deus tem diversos nomes e um deles é Krishna.
Por que alguns devotos raspam a cabeça? É obrigatório? Alguns monges raspam a cabeça como forma de demonstrar que a beleza espiritual é maior que a do corpo. Porém, para aqueles que não são internos de algum templo, essas práticas não são obrigatórias ou necessárias.
Tem como eu visitar algum Templo? Sim. Todos os templos são abertos para visitação. O mais indicado é que se visite o “Festival de Domingo”, composto por orações e aulas sobre a cultura védica. Nas páginas a seguir você irá encontrar o contato de diversos templos em São Paulo.
Por que eles não comem carne? O consumo de carne é considerado um crime contra a vida do animal, e todo o sofrimento vivido por ele fica associado a sua carne. Toda forma de alimentação deve ser dedicada antes a Krishna, de acordo com os ensinamentos. (veja matéria completa sobre o assunto na página 26)
Quem é Srila Prabhupada? Srila Prabhupada nasceu em 1896, em Calcutá, na Índia, e foi o responsável pela difusão da consciência de Krishna no Ocidente. Ele fundou a Sociedade Internacional para Consciência de Krishna (ISKCON). Sua contribuição mais importante foram seus livros, traduções e comentários.
O que é um mantra? Se canta sempre o mesmo? O mantra é um canto sagrado cujas vibrações reverberam na consciência espiritual. O mais famoso deles é o Maha Mantra (veja página 2), porém existem diversos outros cantos, sua maioria cantados em sânscrito. 8
como se tornar um devoto? Para uma pessoa interessada em iniciar a vida espiritual começar a dar seus primeiros passos basta encontrar algum templo. Possuindo uma fé preliminar, uma crença em algo maior, e encontrando iniciados para conversas e práticas simples a pessoa começa a aflorar seu desenvolvimento espiritual. Segundo o livro “Bhakti-rasamrita-sindhu”, ou “O Néctar da Devoção”, existem nove estágios (veja infográfico abaixo) pelos quais a relação da pessoa com Deus passa.
Quer saber mais? Procure um dos templos mencionados na revista. Você encontra informações sobre eles nas páginas da revista.
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filosofia do movimento Hare krishna Por Valéria Soares
Tanto a cultura quanto a filosofia hindu são muito ricas. Conheça alguns dos pilares e ensinamentos associados ao movimento de adoração a Krishna.
O movimento para a consciência de Krishna teve suas vertentes e sua filosofia iniciada por Srila Prabhupada. Como o próprio nome revela, o movimento gira em torno dos pensamentos de Deus, ou Krishna como normalmente é chamado, e seus devotos vivem todo dia os ensinamentos deixados por ele, a começar pelo principal: nós não somos o corpo, somos a alma espiritual e contínua.
O que se entende por material deve ser deixado para trás, portanto, o ser humano não é somente o corpo, sendo isso somente uma matéria, sua essência é a alma, pois mesmo depois de abandonar o corpo, a alma continua viva e aprendendo. Se uma pessoa abandona seu corpo e deixa alguma pendência em terra, essa alma vai voltar em outro corpo para eliminar essa pendência, denomina-se esse aspecto de karma. Dessa ideia entende-se também o sentido de profano e de reencarnação, o corpo é um objeto e pertence a Krishna e se uma pessoa não o usa direito, não busca eleva-lo, não busca a transcendência, na próxima vida esse corpo será regredido, como por exemplo,
a um corpo animal.
Um dos propósitos de Srila Prabhupada é ter um lugar onde os devotos possam buscar a transcendência, que possam ter um encontro espiritual com Krishna, onde seus ensinamentos serão transmitidos aos povos, geralmente tal lugar refere-se aos templos sagrados. Deus tem diversas formas físicas, e costuma aparecer para seus devotos de varias maneiras. Além do lugar sagrado, existem também diversos mantras, dentre eles o mais conhecido é o Maha Mantra. Os templos aos domingos abrem para visitação e realiza a espiritualidade, a dança, o canto e ouvem também algum passatempo sobre Krishna. A realização da iniciação são basicamente nove passos, e inclui também a leitura dos livros de Prabhupada, que equivale a estar pessoalmente em contato com o mestre espiritual.
Dentro da Filosofia Hare Krishna, existem quatro princípios regulatórios, que são considerados os pilares da sociedade humana, sendo elas: - Limpeza espiritual, você peca com sexo ilícito, 10
apontado por Prabhupada como o maior inimigo da alma; - Veracidade, não jogar, por exemplo, jogos de azar; Intoxicação, não usar drogas, bebidas alcoólicas; - Executar a misericórdia, pessoa que mata ou que é cúmplice da matança de animais, perde a misericórdia. Por esse motivo os devotos não consomem ou comem nada de origem animal . O respeito deve ser mútuo, entre todos e por todos, além dos seres humanos deve-se respeitar também animais, plantas. A questão do tempo é dividida em Eras, tendo passado pelas Era de Satya Yuga (de Ouro), Treta Yuga (de Prata), Dwapara Yuga (de Bronze), e sendo a atual a Era de Kali Yuga (de Ferro), a mais dura e longa, onde as pessoas estão preocupadas somente com o corpo, onde a violência e as coisas materiais são mais importantes. Por esse motivo é importante sempre viver ao mais natural e simples possível, buscando a consciência espiritual e o amor a Deus. A função do homem é a transcendência.
depoimentos Por: Valéria Soares
A adoração a Krishna é bem aberta para curiosos, uma vez que eles acreditam que a adoração surge do relacionamento da pessoa com Deus. Desde frequentadores a devotos internos e externos, os templos mantém suas portas abertas para todos. O movimento Hare Krishna permite o envolvimento de pessoas mesmo que essas não sejam devotas. O conhecimento e a liberdade para conhecer antes de fazer a iniciação são um dos pontos que o movimento permite. Com essa liberdade os devotos podem convidar as pessoas para conhecerem o movimento. Rose Mariano conheceu o Hare Krishna assim, convidada por um devoto quando morava em Ubatuba, litoral de São Paulo. Aos domingos os templos costumam ter os rituais abertos ao público que deseja conhecer mais, e assim Rose pôde entender um pouco melhor sobre os Hare Krishnas, indo uma vez por semana, sempre aos domingos.
Rose sempre gostou de conhecer e explorar diversas religiões, como por exemplo, Candomblé, Umbanda, Rosa Cruz, Seicho-No-Ie, porém nunca foi adepta em nenhuma e agora se encontra descobrindo mais sobre o Kardecismo.
Apesar de não ter se iniciado ao movimento, devido alguns receios e por ter estado em uma transição do Evangélico para o Hare Krishna, ela conta que sua vida após conhecer o movimento tomou outra perspectiva, mudou o sentido de ver as coisas. “Vi o quão é bom ser desapegado a bens materiais e conhecer a elevação do espírito”, disse ela.
Rose indica que as pessoas conheçam o movimento Hare Krishna pelo desapego ao corpo. Recomenda ainda que todos possam ter essa liberdade de conhecer até se sentir em paz em uma religião. 11
Não muito diferente dos demais devotos, Lila (nome adquirido após a iniciação) começou a frequentar o templo Vrinda São Paulo através de um convite feito por um colega, que inicialmente a chamou para um Festival de Domingo. Dentre os devotos existem aqueles que vivem no Vrinda e aqueles que só o frequentam, como Lila que costuma ir ao templo todos os Domingos. Antes do Hare Krishna, Lila não tinha frequentado outra religião, apenas estudou algumas. A identificação da Lila com o movimento deu-se em prol ao vegetarianismo. Após o primeiro contato, demorou em torno de 4 a 5 meses para se iniciar.
Conforme a iniciação todo devoto tem um nome espiritual, que tem significado e está diretamente relacionado aos mestres espirituais ou algo pessoal, tornando-se Caitanya Lila Devi Dasi, além do nome, os devotos também tem um mestre espiritual, sendo assim, Lila tornouse discípula de Srila Paramadwaiti Swami. “O começo da vida espiritual é encantador, porque é o momento em que você se sente parte da família, acolhida por Krishna, Guru e devotos.”, diz Lila. Após conhecer o movimento, a forma de encarar os acontecimentos da vida e o modo de olhar mundo mudou para Lila. Para ela a devoção deve estar presente em cada ato. Dentro dos hábitos, estão o contar dos Santos Nomes, a adoração à deidade, a leitura de escrituras sagradas e o respeito pelas entidades vivas.
A chegada ao ocidente Srila Prabhupada foi quem trouxe para o mundo Ocidental os ensinamentos de Sri Caitanya e Krishna.
Ele viajou em 1965 da Índia para a América, para trazer os ensinamentos de Krishna para o Ocidente. Logo em 1966, na cidade de Nova Iorque, ele fundou a A Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna ou ISKCON (International Society for Krishna Consciousness) que ficou conhecida como Movimento Hare Krishna.
A ISKCON é uma associação religiosa, filosófica e traça a sua linhagem espiritual diretamente pelo intermédio do livro sagrado, Bhagavad gita. O texto ensina que o objetivo da vida é desenvolver o amor por Krishna, e entender que não somos somente corpo, somos a alma eterna. Srila Prabhupada deu palestras ao redor do mundo, mostrando os ensinamentos de Krishna para diversas pessoas e em seis continentes e com isso pôde fixar pontos da ISKCON em vários lugares do mundo.
Chegada ao Brasil A partir da década de 1970, sob a liderança de Hridayananda Goswami, que era um dos discípulos Prabhupada, o Movimento Hare Krishna chegou ao Brasil. Discípulos de Prabhupada chegaram ao Brasil e não
falavam português, entretanto separaram-se mesmo assim, um deles foi para o Nordeste e outro para o Sudeste onde dariam um curso sobre o livro Bhagavad-gita. Um deles precisou de um tradutor e foi até uma escola de inglês, e por sorte a professora lhe disse que um aluno adorava o Hinduísmo e o estudava sempre, mas naquele dia tinha faltado, e então forneceu o endereço do menino ao devoto. Com o Bhagavad gita em inglês ele foi até a casa do rapaz, que o surpreendeu por ter faltado à aula justamente por estar estudando uma versão reduzida do livro em portugês. O monge contou o motivo de estar ali e o rapaz o ajudou. Após a partida do monge para seu país, o menino continuou os estudos do livro com um pequeno grupo.
Porém o rapaz teve dificuldade em continuar sozinho, e então escreveu uma carta pedindo apoio ao fundador, Prabhupada, que ao receber a carta disse em êxtase “de onde é esta carta, é do Brasil?”. No mesmo momento havia um brasileiro visitando o tempo em Nova Iorque, e Prabhupada pôde perguntar “você conhece esse lugar aqui: bárria?”. O rapaz ficou intrigado e logo negou a existência desse lugar, mas com a insistência do monge 12
Por Valéria Soares viu que a carta era de Salvador, Bahia. Com um olhar mais aprofundado viu que a carta era de seu irmão, o tradutor. Os dois irmãos se reuniram no Brasil, junto com Hridayananda Goswami que veio ao país e ficou encarregado de desenvolver tais projetos com os rapazes, tornandose um dos principais líderes dessa primeira fase no Brasil.
Conseguiram se estruturar e foram publicando os livros em português. A empolgação com o assunto fez com que virasse sucesso, afinal, era uma novidade. Os devotos saiam com pilhas de livros e vendiam tudo rapidamente. Conseguiram arrecadar uma quantia em dinheiro e como estratégia para o começo do movimento perceberam que precisavam de um local para fixar os pensamentos de Krishna, então viajaram pelo interior de São Paulo a procura de um terreno que pudessem comprar. Além de fácil acesso entre São Paulo e Rio de Janeiro, acharam um local muito privilegiado. Esse lugar atualmente é a localização da maior comunidade Hare Krishna da América Latina, a fazenda Nova Gokula, onde também existe um memorial dedicado à Srila Prabhupada.
Visita à Índia Devota do templo Vrinda em São Paulo, Gourangi Devi Dasi, teve a oportunidade de passar seis meses viajando pela Índia, visitando locais sagrados e templos. Ela conta alguns dos momentos mais marcantes e curiosos dessa viagem.
Quando visitei a região de Vrindavana, saindo de um taxi, sai dando cambalhota e rolando pelo chão, feliz de estar naquela terra sagrada. Empolgada, joguei terra nos devotos do local, de brincadeira. Pensei que eles ficariam bravos, mas não, eles começaram uma guerra de areia comigo. Não conseguia nem jogar coisas no chão, pois aquele chão todo é sagrado, é a terra por onde Krishna andara.
Na Índia tudo é mais tradicional. As pessoas, e também os devotos, são mais contidos nas relações do cotidiano, menos exagerados do que latinos. Porém nas celebrações eles estravazam dançando e cantando ao máximo, e logo depois retomam a postura serena.
Há um templo cujo altar só pode ser aberto por no máximo dois minutos, pois a divindade que habita naquele altar ama tanto seus devotos que, mais de uma vez, fugiu para segui-los quando o altar fica muito tempo aberto.
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as leis naturais e a roda da vida Por Marcel Martins
Dharma, Karma, Samsara. O Guru Sevananda explica todos estes conceitos e como eles juntos compõem as leis naturais que regem a existência do corpo e da alma.
Qual o sentido da vida? Talvez essa seja a indagação mais primordial que o ser humano já fez sobre si mesmo. Não se pode dar uma resposta definitiva para o caso, todavia podemos elaborar teorias que expliquem de uma ou outra forma qual o nosso dever na existência. E essa palavra, dever, que é importante dentro da filosofia védica. Não exatamente a palavra, mas o conceito mais amplo do dever, ou para ser mais específico, o Dharma. O conceito de dharma representa tanto a natureza quanto a função de algo (veja o quadro abaixo), e dentro desse contexto os devotos de Krishna dizem que o Dharma da alma humana é o amor. Amar é a essência intrínseca da alma e do homem, e o amor não é visto apenas como um sentimento, ele também é uma atitude servil. Se você ama você serve, cuida e cumpre seu dever perante ao amado. A alma possuí a necessidade de amar e ser amada. E todas as coisas possuem alma e estão envolvidas nesse amor. Nas palavras de Maria Stella “A meta da vida humana é você realmente saber quem é você, quem é Deus, o seu relacionamento pessoal com ele e o retorno a sua existência primordial como um ser espiritual.” Nosso propósito está nesse processo de aprendizado e evolução espiritual.
A alma é eterna e infinita tanto para frente quanto para trás, e o ciclo de nascimentos e
mortes é conhecido como Samsara, a Roda da Vida. O corpo tem um começo e tem um fim, e a alma não vai conseguir cumprir todo o seu propósito pedagógico e educacional na vida de um só corpo. Por conta disso reencarnamos diversas vezes, sob diversas formas e corpos, cada vez buscando progredir nesse processo de aprendizado e amor devocional.
É preciso distinguir dois conceitos antes de seguir com o raciocínio: corpo e alma. Na compreensão védica nós temos dois corpos: o grosseiro e o sutil. O corpo grosseiro é a carne, os ossos, o material; e o corpo sutil são nossas impressões, mentalidades e desejos. Tanto o corpo grosseiro quanto o sutil são influenciados por condicionamento a um dos três modos da natureza: o estado da ignorância, que busca a destruição; o estado da paixão, onde a pessoa busca coisas estimulantes; e o da bondade, no qual ela busca coisas naturais e benéficas. Então quando uma pessoa nasce ela não vem em um corpo vazio. Ela já carrega consigo as impressões da vida anterior. Um músico pode em sua próxima vida vir com uma inclinação musical muito forte, mesmo que não a siga como profissão.
Por outro lado a alma ela é diferente tanto do corpo grosseiro quanto do corpo sutil. A alma é o passageiro que está dentro do corpo, como se ele fosse um veículo. O corpo sim tem suas limitações e segue questões que podem ser consideradas como deterministas, todavia a alma, que é separada do corpo, possui livre arbítrio para direcioná-lo. A alma sempre tem livre arbítrio em qualquer situação, não importando que o corpo tenha certas inclinações.
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O karma é um mecanismo que Deus cria no universo para ajudar as pessoas a crescerem e evoluírem. Ele não existe para castigar ou ser uma cruz, como o senso comum diz. As pessoas passam por problemas e certas situações na vida pois essas barreiras darão a oportunidade delas crescerem espiritualmente. “Deus não está desfrutando lá de cima ao ver meu sofrimento”, diz Sevananda, “ele quer me ver bem, mas as vezes para me ajudar a crescer é preciso criar uma situação difícil”. O karma em sua formulação mais simples é a lei de ação e reação do universo. “Se plantei mal, vou colher mal. Se plantei bem vou colher bem. E o que colho hoje é fruto do que plantei antes, então eu não posso culpar ninguém.”. Essas palavras de Sevananda não devem ser tomadas como uma visão fatalista do mundo, e sim consciente da participação que a própria pessoa tem em sua vida.
E como conciliar karma com livre arbítrio, se karma é algo predestinado? O karma só pode existir pois existe liberdade de agir e escolher entre bem ou mal. Um depende do outro. E o que se faz com o que se colhe também depende do livre arbítrio da pessoa. Mesmo durante a colheita existe o livre arbítrio, a decisão do que fazer com essa colheita ruim. Porém, a existência material limita a visão e entendimento das pessoas, distorcendo suas
visões e julgamento sobre o mundo. É aí que entra o conceito de Maya. Muitas vezes interpretado apenas como ilusão, maya é uma percepção errônea sobre a realidade. Guru Sevananda nos dá uma boa metáfora sobre esse conceito. Imagine que você está com muita fome e avista sobre uma mesa uma cesta de frutas. Provavelmente você pensará em pegar uma delas e comê-la. Entretanto as frutas são de plástico, e você não havia percebido que elas eram de plástico. Isso é maya. E frustrado, você diz que aquela cesta de frutas não servem para nada, ignorando que uma fruta de plástico tem uma função decorativa. Isso também é maya, uma visão e ideia errada sobre algo, sem que aquilo seja necessariamente falso.
Todas essas leis e conceitos que regem a experiência de vida na Terra. As reencarnações balançam o processo de satisfazer as vontades e pendências por um lado e, principalmente, se orientam para que a alma passe pelos processos que permitam seu aprendizado. E quando isso não se realizada em uma só vida a alma retorna em outro corpo, em uma posição que permita dar andamento a este processo, tornando a razão da vida esse eterno aprendizado.
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Sistema de Castas Existe um contexto específico ao Dharma onde ele ganha desdobramentos sociais e políticos, originando o famoso sistema de castas. O Varnashva Dharma são os deveres do indivíduo quanto membro da sociedade. São as divisões de trabalho, ou castas, que surgem da ideia de que cada uma delas tem origem em uma parte do corpo de Brahma, Deus em seu aspecto de Criador. As quatro castas são: Os Brâmanes, sacerdotes e intelectuais, que nasceram da cabeça de Brahma; Os Kshatriya, os guerreiros e/ou trabalhadores, que nasceram dos braços de Brahma; Os Vaishya, ou comerciantes, que nasceram das pernas de Brahma ; Os Sudras, ou servos, camponeses e operários que nasceram dos pés de Brahma.
Cada casta possui um Dharma, com seus direitos e deveres. Ao contrário da situação degenerada que esse sistema se encontra hoje o conceito original não vê conotações de uma casta ou um serviço ser melhor do que outro. Cada função é parte de todo um corpo social que precisa de todas as suas partes funcionando para ser saudável. Cada tarefa deve ser feita da melhor forma possível, como uma oferenda a Deus. Essas divisões são vistas como naturais e de acordo com a inclinação e vocação da pessoa. No Bhagavad Gita fica muito claro que uma pessoa de uma família oriunda de uma casta pode pertencer a outra, de acordo com sua afinidade, de forma bem diferente da política que de fato vêm sido praticada na Índia.
FAzenda nova gokula Por: Victor Tineo
Maior templo do Movimento Hare Krishna da América Latina, a Fazenda Nova Gokula é um lugar onde as palavras cantar, felicidade, amor, alegria e Krishna se juntam para criar um ambiente de refúgio, paz e devoção. A frase “cante e seja feliz”, estampada em um pequeno folheto ou em um cartaz, representa o que é estar entre os devotos Hare Krishnas. O som do rio correndo, os animais caminhando livremente, e pessoas cantando, completam o clima que rodeia a fazenda Nova Gokula.
Localizada no município de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo (à 146km da Capital), o local pertence à sociedade internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON). O espaço é dedicado a preservação ecológica da reserva ambiental da Serra da Mantiqueira, a culinária vegetariana, ao abrigo de
Acima: placa à beira de estrada Fotos por Victor Tineo
visitantes e, acima de tudo, a devoção de Deus, Krishna.
Com 119,5 hectares, o local possuí um templo, duas lanchonetes, um restaurante, lojas de produtos religiosos e, claro, a paisagem da Serra
Abaixo e ao lado: fotos da Fazenda Nova Gokula
Fotos por: Victor Tineo
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da Mantiqueira para ser admirada e explorada. Entre os principais atrativos, a caminhada ecológica e banho de rio em águas cristalinas recebem um grande destaque. O espaço dedicado ao memorial
Ao lado: Templo da Fazenda Nova Gokula Fotos por Victor Tineo
Nova Gokula em Números:
e biblioteca da fazenda é conhecido como Hari Home, lugar onde também mora Maria Stella Splendore, uma famosa modelo das décadas de 60 e 70. Ela abre as portas de sua casa para receber os visitantes, orientá-los sobre o os princípios da religião e também para ensinar as filosofias presentes na vida Hare Krishna.
De acordo com a assessoria, o local recebe cerca de 10 mil visitantes por ano, entre eles, turistas, peregrinos, estudantes. Moram lá cerca de 80 pessoas que trabalham
para o desenvolvimento e manutenção o local. Nova Gokula se mantem financeiramente através das doações de devotos ou qualquer pessoa que queira ajudar, com a venda de livros. Aqueles que moram no templo, podem trabalhar tanto nas lojas e ambientes da fazenda ou também na distribuição externa de livros.
Lá também acontecem diversos cursos e workshops que são divulgados em sua página no facebook, como é o caso do “Eu, você e ele”
“A comida é gostosa, bem feita, as pessoas são muito atenciosas e o ambiente é bem agradável mesmo com os pernilongos.”
Ao lado: Altar do Templo em Nova Gokula
Fotos por: Victor Tineo
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119,5 hectares 1 templo 2 lanchonetes 1 restaurante 4 lojas 1 sala de massagem 1 memorial 80 moradores
aula dedicada aos ghihasthas (casais) onde explicam a relação entre os casais de acordo com a mensagem do guru Srila Prabhupada. O curso de “Ecologia e manejo de Corujas”, também ministrado por eles mostra dois lados importantes da cultura da fazenda, onde valorizam e cuidam da natureza, localizados em uma região
importante para o ecossistema e o mesmo para a vida animal, respeitando as tradições vegetarianas.
Entre os visitantes o lugar causa sempre uma grande emoção, a aluna de veterinária Mel Martins, que não possui religião definida, visitou a fazenda pela primeira vez “eu adorei este lugar. Os animais são bem cuidados, a comida é gostosa, bem feita, as pessoas são muito atenciosas e o ambiente é bem agradável mesmo com os pernilongos me atacando” comentou em tom de brincadeira.
O lugar é um refúgio da vida das grandes cidades, mas além disso o templo é principalmente um lugar de devoção. “Aqui, Deus esta sempre a frente de tudo” comenta Maria Stella. A vida monástica dentro do templo incluí diversos rituais, que começam cedo. O primeiro ritual começa às 4h30 da manhã e o ultimo às 20h. Os
devotos geralmente começam o dia às 3h até iniciarem as atividades religiosas. O primeiro ritual é um canto de mantras para Krishna. Ao longo do dia seguem várias atividades, como a pratica de yoga, homenagem ao fundador e mestre do templo, servimento da prassada, aulas sobre filosofia e Krishna.
Fotos por Victor Tineo
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Restaurante em Nova Gokula
Fotos por Victor Tineo
O clima de festa, paz e harmonia da fazenda te leva a outro nível de consciência. Este é o lugar onde você pode deixar de lado todo o peso do mundo e se esbanjar em um ambiente de conexão com o mundo espiritual e Deus.
Além de um refúgio da vida das grandes cidades a Fazenda Nova Gokula é um local de devoção e aprendizado.
Ficou interessado? Visite: Fazenda Nova Gokula Pindamonhangaba - SP Acesse: facebook.com/FazendaNovaGokula 19
maria stella splendore Por Victor Tineo
Conheça a história de Maria Stella Splendore, uma modelo da alta sociedade que já teve um de seus casamentos transmitido em rede nacional pela TV Record e após uma imensa insatisfação com a vida de celebridade decidiu ter uma reviravolta e morar com os Hare Krishnas. Maria Stella Splendore, filha da poetisa, pintora e professora Didy Splendore e do Engenheiro Químico Antonio Splendore, era uma criança religiosa e muito dedicada a Deus. Mama, como assim a chamava, foi sua primeira Guru, ensinando-a e guiando-a pelos caminhos católicos. Foi criada como uma princesa, sua forma de andar continha muita classe e sempre chamou atenção por sua beleza.
Já aos 16 anos de idade teve sua primeira experiencia com a mídia, na revista Edição Extra. Onde foi fotografada para a reportagem de nome “Paulistas e Cariocas da Jovem Guarda”, sua foto foi publicada em uma página inteira da revista. Mas este foi apenas o primeiro episódio da magnífica carreira da jovem, que no mesmo ano faria parte do desfile de moda do famoso estilista Dener Pamplona de Abreu, com quem noivou no mesmo período e casouse pouco tempo depois. Ela foi a primeira modelo moça de grande sucesso no Brasil. Tornou-se, junto ao noivo, o centro das atenções da imprensa brasileira.
Seu casamento ocorreu em 9 de agosto de 1965, e foi transmitido ao vivo pela TV Record para todo o país. A Luade-mel também foi noticiada. Ela engravidou no primeiro mês de casamento e teve seu filho em 1966, e o segundo filho em 1967. A separação ocorreu no ano de 1969, após diversas turbulências por conta da rotina do casal. Aos 20 anos foi passar uma temporada em Paris, e posteriormente em Roma. Na volta ao Brasil foi convidada a participar da telenovela Super Plá, na extinta TV Tupi. A experiência acabou sendo
frustrante, pois ela não se sentia feliz com a Rotina e a realidade dos estúdios. Gravou um disco pela gravadora Caravelle, mas assim como com a novela, a rotina de divulgação parecia insuportável.
Casou-se novamente em 1971, com o cirurgião Dr. David Serson. Em uma rotina mais familiar, embora de alto padrão. Fora a instrumentista dele durante os anos de 1971 e 1975. O Filho mais velho, Frederico, mesmo com atendimento psicológico, sofria com o fardo de seu pai ser muito famoso, enquanto Maria Leopoldina, a mais nova, não
Foto cedida pela Assessoria de Gokula
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via menores problemas. Após a descoberta de uma traição no casamento, separou-se e casou-se com Luiz Fernando Nabuco, um velho amigo e disputado homem da socialite. Foram casados de 1976 a 1977.
Nos anos de 1978 e 1981 buscou, novamente, pela felicidade. Participou de todas as festas e boates, experimentou drogas, viajou pelo Brasil e pelo mundo, e ainda era alvo da imprensa. A morte de Dener, a quem ainda era muito ligada e amiga, foi um forte choque para ela e para as crianças. Em toda a sua trajetória se dedicava muito à Deus, orava sempre e tinha grandes vontades em o conhecer. Foi na casa de seu amigo
Dárcio Campos, radialista, que viu pela primeira vez a imagem de Krishina, através de um quadro que ele tinha. Ela se apaixonou. Ele a prometeu que iriam ao templo, e em uma manhã de sábado lá estavam, em um templo que ficava na Rua dos Franceses, na Bela Vista. Acompanhada por Dárcio e seu filho Frederico.
Não era o primeiro contato com esta realidade, na Europa, em uma apresentação teve o primeiro contato com o Mahamantra, mas ainda não havia se ligado a ele. Lá, o ambiente a possuiu, no sentido mais figurativo da palavra. Conversou com Rasananda Dasa e percebeu estar no local certo, finalmente se sentia em casa. Quando ia embora, recebeu de Rasananda um livro chamado “Cante e seja feliz”, que era uma conversa entre o líder espiritual Srila Prabhupada e os Beatles. Com sua vida invadida pela imprensa, identificou-se com o livro, e claro, com seus ensinamentos. Os questionamentos que fazia sobre a vida que levava era respondido perfeitamente naquelas escritas, onde conheceu o cantar dos nomes de Deus, o mantra Hare Krishna.
Foto por Marcelo Martins
Tinha um contrato assinado para a realização de um filme, decidiu ir mais uma vez ao templo e lá fora apresentada ao livro Bhagavad-Gita, o principal livro do Movimento 21
Hare Krishina. Tornou-se vegetariana, e cantava a todo momento os nomes sagrados de Deus, o Mahamantra, sentia-se mais feliz e longe de tudo que a trazia infelicidade. Viajou para o litoral durante este trabalho. De volta a São Paulo visitou novamente o templo e conheceu o templo e suas Deidades, estatuetas de diversos matérias que são expansões do próprio Krishina. Três de madeira, sendo eles os Senhores Jagannatha, Baladeva e Subhadra. E duas de ferro, Senhor Chaitanya e o Senhor Nityananda.
Stella decidiu passar uma temporada no templo, junto aos devotos. Ao saber da notícia sua mãe não ficou feliz, irritou-se com ela, porém estava decidida a fazer. Seguia todos os dias os rituais tradicionais do templo, cantava os nomes sagrados de Krishina e saudava as deidades que lá habitavam. Alimentavase do prasada, alimento oferecido à Krishina, e praticou completamente o bhakti, que significa amor espontâneo a Deus. Foi convidada a passar um tempo na fazenda Nova Gokula, na cidade de Pindamonhangaba, interior de São Paulo, onde foi iniciada e tornou-se celibatária, e via e vivia a Srila Acharyadeva como seu guru espiritual, o Gurudeva, mesmo sem o ter conhecido pessoalmente. Morou em um outro templo, instalado ao lado do Museu
do Ipiranga. Sua filha passou quatro meses com ela.
Quando seu guru, Srila Acharyadeva veio ao Brasil, ela, e um outro grupo de devotos o recepcionaram no Rio de Janeiro. Sentia nele um sentimento de paz e sabia que ele a levaria para Deus. Maria Leopoldina, sua filha, mesmo sem ser batizada recebeu o nome de Madhava, nome de Krishina como esposo da deusa da fortuna.
Maria Stella tinha a missão de distribuir literatura védica a líderes do País. Conseguia sempre grandes doações. Permitindo que a editora do Movimento Hare Krishina pudesse publicar mais e mais livros.
Em 1986 decidiu ir a Índia para encontro de seu mestre. Passou um tempo em Miami Beach, Florida, no templo da ISKCON (Sociedade Internacional para a Consciência de Krishina). Chegou a Jagannatha Puri, e ficou no Hotel Vijaya. Srila Acharyadeva ordenou que encurtasse sua viagem, e como boa devota sabia que não poderia argumentar com seu líder espiritual. Conheceu alguns lugares sagrados e chegou a Mayapur, cidade onde o Senhor Chaitanya Mahaprabhu esteve há quinhentos anos. Também esteve em Vrindavana, cidade onde Krishina esteve pessoalmente há cinco mil anos.
Voltou para os Estados Unidos, onde passou mais de uma década e também onde se casou novamente, com Mark Morton Glasgow, conhecido pelo nome espiritual como Mukunda Prya Dasa. Viajou algumas vezes ao Brasil. Neste período o seu filho mais velho, Frederico partiu desse mundo com o vírus HIV.
sobre sua vida e sobre a filosofia do Movimento Hare Krishina, dedica sua vida a este projeto afirmando que esta é sua missão. Você pode conferir alguns trechos dessa entrevista a seguir.
Em 1999 veio morar de volta no Brasil, em uma chácara. No ano de 2004 veio para a fazenda Nova Gokula onde vive com muita paz e devoção a Deus.
Em sua casa chamada de Hari Home, que também é o memorial da Fazenda Nova Gokula, Maria Stella concedeu uma entrevista a nossa reportagem. Ela abre suas portas para visitantes da fazenda, onde conversa
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Fotos por Marcelo Martins
Entrevista com maria stella Você teve um primeiro contato com um livro Hare Krishina, qual foi sua sensação ao ler aquele texto que tinha as mesmas questões que você sempre se fazia? Vou te contar uma história, a primeira vez que eu fui em um templo, fui com meu amigo Dárcio e meu filho mais velho. Assim que chegamos lá eu vi um devoto , que não deu bola para gente, eu era famosa, o Dárcio era famoso, nós estávamos acostumados com as pessoas já virem conversar, foi engraçado. Ele nos convidou para entrar, já na porta tinha uma pintura maravilhosa. Eu perguntei quem era e ele disse “É a mãe de Deus”. Eu fiquei confusa “Deus tem mãe? ” A gente sentou para conversar e eu fiz as perguntas básicas e fui me encantando. E eu ganhei esse livro, Cante e seja feliz, que era justamente uma conversa dos Beatles com o Srila Prabhupada, que os Beatles quando chegaram no ápice da carreira deles, eles tiveram a mesma coisa que eu, claro que em um gral milhões de vezes maior, mas eles chegaram a conclusão “Nós somos famosos, nós somos ricos, nós somos bonitos, mas e daí? Para onde que nós vamos? Qual é a finalidade dessa vida? ” E todas as perguntas que eles faziam batiam com as perguntas que eu fazia, então
Por Victor Tineo e Marcel Martins
quando eu cheguei em casa que eu comecei a ler, estava tudo ali. Então pensei, eu quero conhecer essa gente, eu quero ir lá para viver isso. Mas eu tinha um contrato para fazer um filme, eu fui pra Mongaguá, eu ficava estudando o Bhagavad-gitã. Quando voltei eu fui viver com eles, larguei tudo. Na verdade, você não precisa largar tudo, mas eu estava num momento que eu precisava disso.
Foto por Marcelo Martins
Qual foi seu primeiro passo, sua primeira ação espiritual? Minha primeira ação foi cantar Hare Krishna, porque toda ação começa aqui, esse mantra, porque o mantra na verdade, é a encarnação sonora de Deus; Deus é ilimitado e ele se expande em 23
enumeradas formas e pra essa Era, Era de Kali Yuga que é a Era de desligamento, de ferro, é impossível você desenvolver realmente uma vida espiritual, meditar, por a religiosidade presente na sua vida, prática religiosa assim como você levanta, escova os dentes e vim aqui fazer, isso hoje em dia não é prático. Então, com misericórdia, o mahamantra que é a encarnação sonora de Deus, feito por três palavrinhas “Krishna, Rama e Hare”, ela é condensada com todos os sacrifícios, com todas as alteridades que era possível ser feito em outras Eras; Eras que não eram como essa nossa degradada, das pessoas mecânicas, que é o que estamos vivendo hoje, visivelmente. Se você põe na TV Globo, você vê o noticiário é um absurdo parece que você está vivendo uma história de terror, de tanta coisa que acontecendo, mas tudo isso é previsto em nesta era de Kali Yuga, e ela dura 432 mil anos ainda. Só passaram 5 mil. E o que você indica para fazer nessa era de ferro da Kali Yuga? Cantar os nomes de Deus. Como eu disse, eles são a encarnação sonora de Krishna. Não há outra maneira, esse é a melhor forma de passar por ela.
Qual a importância de cantar os nomes de Deus? Toda. Eles são a melhor forma de se purificar. Esses nomes de Deus, Krishna, significa o senhor de toda beleza, de toda fortuna, inteligência, poder e renúncia. Hare, a inconcebível energia do Senhor. E o Rama, é o reservatório de todo o prazer. Eles fazem a grande limpeza na sua vida, como quando você sai do banho e olha no espelho, mas não consegue se ver pois o vidro esta embaçado, quando você canta o vidro desembaça e você vai conseguir se ver. E quem é você? Você é a alma, e não o corpo. O eterno e não o passageiro. E quando você se vê tudo muda. Você tem uma planta e rega ela nas folhas, ou no galho e pouco tempo depois ela morre. Morre porque você tem que regar ela
Maria Stella em sua sala de estar, dentro do Memorial Foto por Marcelo Martins
na raiz, e a alma é a nossa raiz. E nós fazemos isso, tentamos reparar tudo por fora, mas é por dentro que tudo acontece.
E durante a mudança de uma vida material e da alta sociedade para uma vida mais simples e espiritual, quais foram os desafios que você enfrentou nessa época? Comigo foi tudo muito simples, eu havia encontrado as respostas para aquilo que sempre procurei, me sentia em casa. Foi mais dificil para o mundo a minha volta. A mídia noticiava “Ela aprontou mais uma, já aprontou tantas na vida agora está inventando de ser Hare Krishna”. Meus amigos sempre diziam “olha, tem outros livros bons, tenta 24
ler outras coisas”, mas eu não ligava muito, me sentia em casa. Quem mais sofreu nessa época foi minha mãe, ela não aceitava que a filha famosa se tornava Hare Krishna. Ela dizia “Ela está louca, se quer ser Hare Krishna é melhor que morra”, no final, ela quase virou Hare Krishna. E com relação a alimentação, como foi essa mudança para você? Eu sempre tive problemas com carne. Eu odiava comer, mas minha mãe sempre dava um jeito. Quando adulta eu comia, mas ainda não gostava, no dia que caiu a ficha e eu parei de comer carne. Foi muito bom, eu
sempre pensava “tô livre!”
Há muita importância em não comer carne na vida espiritual? Toda importância. Você não está associado com assassinato. Não adianta dizer que não é você quem mata, pois só matam porque você come. Você deixa seu corpo livre, além de fazer um bem para sua saúde. Você pode comer grãos, leite, vegetais, não precisa matar ninguém para isso. Toda vez que você mata um animal para comer, você tem que pagar por isso depois, e você paga por cada fio do animal que sofreu por sua causa. Além disso você está indo contra os quatro princípios do Hare Krishna, que são; 1) Não violência, matar o animal
é violar este pilar. 2) Sexo ilícito. 3) Veracidade, por isso somos contra os jogos de blefe, pois quando você mente você quebra um dos princípios de Deus. 4) a intoxicação. E qual é o seu projeto aqui na fazenda? Eu cheguei aqui em 2004, com a morte da minha mãe eu não sabia bem o que fazer, não podia sair do Brasil por causa da minha cachorra. Então eu vim para cá, queriam que eu morasse nessa casa, mas aqui estava destruído. Parecia um filme de terror, e não dava para chegar perto. Eu não queria vir para cá, mas meu mestre disse “Você vai ficar e vai construir tudo sozinha”, eu não discuto com meu mestre, e no fim deu tudo certo, achei uma pessoa
Maria Stella e o ilustre morador do Memorial, Jaya Vijaya Foto por Marcelo Martins
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que cobrou um bom preço para fazer tudo e como num passe de mágicas em 45 dias estava tudo arrumado. Então hoje eu abro a porta da minha casa para receber as pessoas, tomar um chá, conversar sobre a minha história e passar conhecimento para elas. Explicar que o Movimento Hare Krishna não é uma seita, que nós não nos isolamos da sociedade e todas essas coisas.
Qual a mensagem que você gostaria de deixar? Simplesmente cante Hare Krishna. Nesta era de Kali, não há outra alternativa para a auto-realização além da glorificação do Senhor por meio do cantar de Seu santo nome. Esse é o preceito de todas as escrituras reveladas. Não há outra maneira. Não há outra maneira. Não há outra maneira.
Vegetarianismo e Hare krishna Por Victor Tineo
A alimentação vegetariana e a vida espiritual estão ligadas, vivendo desta maneira você poupa vidas, poupa a sua alma e contribuí para um mundo melhor. Maria Stella Splendore sempre teve dificuldades com a alimentação, a mãe dela sempre exigiu que se comesse carne, era muito difícil que conseguisse ir ao banheiro com uma frequência saudável, pois sentia um desconforto terrível. Assim que conheceu o movimento Hare Krishna e a prasada, alimento que é oferecido diretamente a Krishna, tornou-se vegetariana e não voltou a comer carne, além dos benefícions espirituais, ela admite ter tido uma melhora na saúde e na frequência que ia ao banheiro. Assim como o mandamento bíblico “Não matarás”, o Movimento Hare Krishna possuí quatro princípios que fazem parte da base moral
da religião. Entre eles está o ato de não comer carne, incluso no princípio da compaixão e não violência. “A alimentação vegetariana é um dos primeiros passos para o crescimento espiritual”, comenta a devota Maria Stella, que segue esta alimentação há mais de 20 anos.
“A alimentacao vegetariana e um dos primeiros passos para o crescimento espiritual.”
Portanto, ao consumir carne você não apenas fere um dos pilares do movimento, mas também adiciona este sofrimento ao seu karma que em algum momento terá de ser pago. “Você sofrerá por casa pelo do animal que sofreu por sua causa” explica Maria Stella Splendore. Ela também comenta que é muito ruim que comam a vaca. “A vaca é a sua quinta mãe, então toda vez que você come a carne dela, você esta matando a sua mãe”, afirmou. Alguns templos apoiam a campanha “Revolução da 26
Colher”, um grupo de ativismo que busca a compaixão e a propagação do vegetarianismo como opção principal de alimentação. Busca conscientizar também sobre o uso dos recursos naturais, ecologia, consumismo e monopólios. De acordo com o site do templo Vrinda SP, ações que participam dessa mudança são: Não consumir carne, evitar o uso de sacolas plasticas, reduzir o consumo e desperdício de água e novas fontes de energia.
Para contribuir com o projeto os templos possuem uma lanchonete própria, onde vendem alimentos vegetarianos e veganos. Nos templos também após as ultimas cerimônias é servido também a prasada, que é o alimento (sempre lactovegetariano ou vegano) oferecido diretamente a Krishna. Quando este alimento é oferecido ele passa a ser também uma extensão do corpo dele próprio e, portanto, purifica quem o come purifica o corpo e o espírito. Quando questionada sobre a razão pela qual não comer carne, Gourangi Devi Dasi,
devota do templo Vrinda SP, questionou de volta. “E por que comer carne?”, mostrando que não há nenhuma razão em comer algum alimento que venha do sofrimento de uma vida que nao seja o nosso próprio ego.
Maria Stella tambem diz que não há necessidade dessa alimentação. “O ser humano não precisa comer carne, ele pode comer vegetais, grãos, leite, tem tudo que ele precisa lá”, afirmou. O próprio consumo de leite é uma questão muito profunda dentro do movimento. Algumas partes afirmam que consumir o leite que vem de produtoras que maltratam o animal seria tão errado quanto o consumo da carne, outra parte diz que, caso este alimento seja oferecido a Krishna e torne-se prasada, ele pode ajudar a abençoar a alma do animal. A questão ainda não esta bem respondida, mas há um consenso que o consumo do leite deve ser feito a partir de vacas cuidadas e tratadas com respeito, e não apenas como forma de lucro.
Com esse questionamento, alguns devotos se tornam veganos por não ser possível o acesso ao leite de vacas que são bem cuidadas e tratadas. Em entrevista ao site “volta ao supremo” Indira Devi Dasi, que é vegana desde 2006, diz que “A exploração está
sempre ligada a qualquer tipo de violência, e isso não condiz com um princípio de nãoviolência, ahimsa” fazendo referência à princípios do Hare Krishna e do veganismo para explicar sua opção por esta alimentação.
O veganismo significa o não consumo ou exploração da vida de qualquer ser. Com isso, os veganos não comem carnes, ovos, leites e derivados, não usam roupas, calçados, produtos de higiene pessoal e qualquer outro tipo de produto que possua ingredientes em sua composição que sejam de origem animal. Há dentro do veganismo aqueles que
“Não adianta a pessoa ter uma alimentação que não tenha carne, mas não olhar para o porteiro, ou virar a cara para o morador de rua.”
não consomem produtos que sejam testados em animais.
Mel Carvalho, que não possui nenhuma religião diz “Eu me interessei em conhecer o movimento por vários motivos, eu fazia Yoga e adorava, daí li um livro e gostei, mas o que sempre me chamou atenção é o fato deles não comerem carne, isso é muito bom para uma religião que prega o amor”. comentou ela que é vegetariana há quatro anos. 27
Mas para a consciência espiritual não é apenas a alimentação que dará os alicerces da paz para as pessoas. A monge Gourangi Devi Dasi relata que há muitas pessoas que se dizem vegetarianas ou veganas mas não agem da mesma forma com as pessoas. “Não adianta a pessoa ter uma alimentação que não tenha carne, mas não olhar para o porteiro, ou virar a cara para o morador de rua” afirma. Para ela, o que você come é só o primeiro passo. “A compaixão deve estar presente em todos os momentos da vida”.
A busca pelo sagrado pela renúncia do Profano
Por César Lopes e Leonardo Lira
Se entregar a vida religiosa é o sonho de muitos, porém nem todos têm a coragem para enfrentar esse desafio. Não é o caso de Tarum, 25 anos morador da zona sul de São Paulo. Formado em publicidade e propaganda pela instituição Casper Libero. Acredita ter conhecido Deus Krishna, e desiste de uma vida de festas, drogas e todos os tipos de prazeres que buscam a maioria dos jovens. Como você chegou aqui e como você se converteu à religião? Era um jovem comum, fazia faculdade mergulhei nas drogas e mesmo frequentando festas eu não me sentia totalmente preenchido. Era ateu e não via a possibilidade de uma existência de um Deus por ver tanta miséria e fome no mundo. Quando em uma festa eu passei muito mal no trajeto de casa eu me perguntei de verdade o que estava fazendo da minha vida, foi quando as pessoas e os convites para comparecer em templos apareceram e tudo foi acontecendo naturalmente.
Quanto tempo você já está aqui no templo? Esse ano completa sete anos, só que antes de vir para esse templo e antes de conhecer Krishna eu frequentei templos budistas e fiquei cerca de um ano conhecendo outras religiões até que cheguei nesse templo e tinha acabado de ser fundado.
O mundo lá fora te oferece tudo o que a religião aponta como ruim para a vida espiritual. As vezes você sente dificuldades em manter sua fé, suas práticas? O começo foi o mais difícil porque eu estava mais ligado ao mundo, hoje eu tenho uma consciência maior do que tinha antes. Eu tenho que ter um cuidado constante para que nada abale minha fé. Acredito que antes era mais difícil, hoje por ter uma consciência mais desenvolvida é mais tranquilo, por isso que cantar os mantras, meditar e refletir é muito importante. Existe uma dificuldade de em fazer com que as pessoas entendam a religião por não ser práticas comuns no ocidente? Sim e por isso somos orientados pelo nosso mestre a apenas deixar que essas pessoas novas cantem o mantra, que ouçam as palestras para que assim ela possa desenvolver seu inconsciente naturalmente justamente para não ser uma coisa forçada. E depois que ela 28
conhecer e optar por seguir ai sim ela faz os três votos, que são: Não praticar sexo fora de uma relação séria, não usar nenhum tipo de droga, não comer carne. Mas antes deixamos ela desenvolver sua vida espiritual sem nenhum tipo de imposição. E naturalmente ela vai compreender. O templo tem uma preferência em atingir algum determinado público, por exemplo, jovens ou pessoas mais velhas, mais experientes? Não é extremamente livre e qualquer um em qualquer lugar pode cantar o mantra. Não existe nenhuma restrição.
Como funciona a parte financeira no templo? Temos hoje seis monges morando aqui. Quatro deles se dedicam totalmente a vida espiritual e dois trabalham e é o salário desses dois mais as doações que mantem as despesas, contas, aluguel e alimentação.
Templo gangamata gosvani gaudiya
Gangamata Gosvamini Gaudiya
Rua Fradique Coutinho, 687 - Vila Madalena - S達o Paulo - SP facebook.com/templo.gaudiyamatha 29
glossário Por Flávia Flores
É comum entre os devotos de Krishna utilizar diversas palavras em sanscrito durante o dia a dia, e leva um certo tempo para se acostumar com todos os termos. Para isso um pequeno glossário cai bem. Bhagavad Gita: “Canto do Senhor”, livro sagrado com o resumo essencial do conhecimento espiritual. Brahma: Aspecto criador de Deus.
Brahman: a alma universal presente em todas as coisas. Brâmane: uma das quatro castas; a classe sacerdotal. Deva: deus, deusa; nome genérico para designar os deuses, usado nos Vedas e em textos posteriores.
Dharma: responsabilidade, ética, lei moral e ordem cósmica. O princípio de ordem que governa o universo e a vida dos indivíduos. Gaudiya Vaisnava: seguidor do Senhor Krishna na linha do Senhor Caitanya Mahaprabhu.
Gopis: as vaqueirinhas de Vrindavana, que são as mais avançadas e íntimas devotas de Krishna.
Hari Bol: Saudação que significa “Cantem os nomes do Senhor Hari!” ISKCON: Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna.
Jagannatha: “Senhor do Universo”; uma deidade do Senhor Krishna.
Karma: sânscrito: “ação”. O equilíbrio entre mérito e demérito acumulados por um indivíduo, que determina a natureza de sua próxima encarnação.
Kshatriya: uma das quatro castas; a classe de guerreiros. Moksha: libertação da ignorância e do ciclo de renascimentos, muitas vezes caracterizada como a união de um indivíduo com o divino.
Puranas: coleção sagrada de lendas e práticas rituais. Purusarthas: as quatro metas da vida humana, a saber: dharma, artha, kama e moksha.
Shiva: Deus em seu aspecto de destruidor e transformador. Sudras: uma das quatro castas; os servos.
Vaishya: uma das quatro castas; a classe de comerciantes.
Vedas: textos sânscritos que revelam veda ou conhecimento sagrado, compilados por volta de 750-600 a.C.
Vishnu: Deus em seu aspecto de sustentador do universo, cujos avatares descem de tempos em tempos para restabelecer a ordem no mundo dos humanos. Yuga: uma Era do mundo.
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bibliografia Ficou curioso e gostaria de saber um pouco mais? Você pode visitar algum templo e conversar com os devotos. Aqui listamos alguns dos livros consultados ao longo do processo desta revista, mas certamente existem outros tão bons ou até melhores para servirem de porta de entrada. SPLENDORE, Maria Stella. Sri Splendore – Uma história de Vida. São Paulo, 2008
GOSVÃNI, Hrdayãnanda Dãsa. Razão & Divindade. São Paulo, Sankirtana Books, 2013.
PHABHUPÃDA, Bhaktivedantas Swami. Karma: A justiça infalível. São Paulo, Book Trust, 2013 SWAMI, Chandramukha. Bhagavad Gitã em poucas palavras. Teresópolis. Chand, 2014.