TFG

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Rayssa Saidel Cortez

Paisagens efêmeras: significar o espaço público nas cidades contemporâneas.

Trabalho apresentado para conclusão da graduação em Arquitetura e Urbanismo na FAAC/Unesp, trabalho final de graduação, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Emília Falcão Pires.

Bauru, 2014.



Dedico este trabalho àqueles que me proporcionaram descobrir novos espaços e possuir conhecimentos suficientes para percebê-los. À quem compartilha comigo, os meus lugares.



Nas cidades a vida é mais pequena Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave, Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nosso olhos nos podem dar, E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver. Eu sou do Tamanho que Vejo – O Guardador de Rebanhos, Poema VII. Poemas Completos de Alberto Caiero.



As discussões acerca do Espaço Público tem produzidos teses em diversas áreas. Ainda, melhor do que pensar o espaço é produzir soluções para as áreas semelhantes que estão desqualificadas.

Significar o meio proporcionando conceitos de lugar, território, paisagem e outros ligados a valores de percepção espacial, gera análises que subordinariam melhores projetos, logo, a observação dos fenômenos sociais que se desenvolvem no espaço é essencial para o desenho deste. A formação das cidades do século XX e XXI tem características bem distintas dos projetos de outras épocas. Novas formas de mobilidade urbana e a necessidade pelas áreas verdes, demandam soluções diferentes.

A cidade de Bauru, no Interior do Estado de São Paulo, teve uma formação semelhante a muitas cidades Brasileiras, concentração do núcleo inicial com desenho baseado na quadrícula Clássica e com poucas praças. A partir da década de 60, a demanda por uma rede viária que privilegiasse o automóvel, trouxe à cidade a Avenida Nações Unidas. Contudo, o que parecia um avanço em desenho urbano, na verdade, não solucionou a demanda do município por um projeto de drenagem. A canalização do Córrego das Flores manteve o problema das enchentes e, ainda, o aumento da impermeabilização do solo pela ocupação humana. Ainda à época da construção da Avenida, Bauru necessitava de um equipamento de cultura então o Arquiteto Jurandyr

Resumo

Bueno foi chamado para implantar, às margens do seu recente projeto para a Avenida, um Teatro moderno. Com o passar do

tempo, o edifício projetado não foi implantado e a área verde que deveria pertencer ao jardim, se tornou o Parque das Nações, maior símbolo de Bauru. Entretanto, mesmo carregado de forte valor simbólico, o Parque Vitória Régia (como é mais conhecido o Parque das Nações) não é a área pública preferida pelos Bauruenses. Resta investigar, portanto, em quais aspectos a paisagem produzida pelo parque é vista como espaço ou como imagem.



Discussions about Public Space have produced thesis in distinct areas. However, better than thinking the space is to produce solutions to similar areas that, nowadays, are disqualified.

Assign meaning to the environment, providing concepts of place, territory, landscape and other values connected to space perception, generate analyzes that subordinate great projects, so, the observation of the social conducts in space is essential for its design.

The shape of cities from the twentieth and twenty-first century have came into opposed characteristics to the projects of other times. New models of urban mobility and the needs for green areas require different solutions. The city of Bauru, in the interior of São Paulo, had a similar origin to many Brazilian cities, the concentration of the initial urban core with a Classical style and the little number of green spaces. From the 60s, the demand for system of rodas that give preference for automobiles, brought to the city the Avenida Nações Unidas.

However, what seemed to be a breakthrough in urban design, in fact, did not solve the demand of the municipality for a drainage project. The channeling of the Corrego das Flores kept the flooding problem and also increased soil sealing by human occupation. At the time of construction of the Avenue, Bauru needed a culture equipment, so the Architect Jurandyr Bueno was

Abstract

called to deploy by the shores of his recent project for the Avenue, a modern theater. At a later time, the building was not

implemented so the green space that should belong to the garden, became the Parque das Nações, greatest symbol of Bauru. Even with a powerful symbolic value, The Vitoria Regia Park (the popular name of the Park of Nations) is not a favorite option of public area for the citizens of Bauru. Therefore, remains to investigate how some aspects of the landscape

generated by the park are seen as a space or as a picture.



Figura 1 – Cena Noturna da uma grande cidade. | 11

Figura 2 – Praça Roosevelt, São Paulo – SP. Antes da reforma finalizada em 2012. | 14 Figura 3 – Usuários do Parque do Ibirapuera, São Paulo – SP. | 16 Figura 4 – Estatísticas referentes a Expansão da População nas Zonas Rural e Urbana, entre 1950 e 2050. | 17 Figura 5 – Mancha de ocupação urbana na Metrópoles Paulista. | 19

Figura 6 – Propostas para uma ocupação urbana com uma distribuição espacial mais elaborada. | 20 Figura 7 – Proposta para paisagem de Paris, França. | 21 Figura 8 – Transformações na Times Square, Nova Iórque, EUA. | 23 Figura 9 – Inserção de novos mobiliários. | 24 Figura 10 – Detalhe, High Line Park, Nova Iórque, EUA. | 27

Figura 11 – Detalhe, Parc Andre Citroen, Paris, França. | 27

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 12 – Detalhe, Praça da Estação, Belo Horizonte, MG | 27 Figura 13 – Público no Central Park, Nova Iórque, EUA. | 28 Figura 14 – Público no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP. | 28 Figura 15 – Espaço gramado, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP. | 29

Figura 16 – Espaço gramado, Central Park, Nova Iórque, EUA. | 29 Figura 17 – Expansão da malha urbana, Bauru, SP. | 31 Figura 18 – Fundo de vale do Córrego das Flores, Bauru, SP. | 33



Figura 19 – Enchentes sob a Avenida Nações Unidas, Bauru, SP. | 34 Figura 20 – Malha Urbana de Bauru no final da década de 60. | 36 Figura 21 – Lago. | 42 Figura 22 – Platô. | 43 Figura 23 – Platô. | 43 Figura 24 – Anfiteatro Vitória Régia. | 44 Figura 25 – Anfiteatro Vitória Régia. | 44

Figura 26 – Anfiteatro Vitória Régia. | 44 Figura 27 – Sombra sob árvores. | 45 Figura 28 – Sombra sob árvores. | 45 Figura 29 – Sombra sob árvores. | 45 Figura 30 – Sombra sob árvores, domingo no verão. | 46

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 31 – Trailers e mesas improvisadas pelo comércio ambulante. | 46 Figura 32 – Parque Infantil. | 47 Figura 33 – Praça de alimentação improvisada pelo comércio local. | 47 Figura 34 - Corte Esquemático, Zona Sul de Bauru – SP. | 51 Figura 35 – Cidade de Bauru – SP, Localização de Áreas Verdes, Equipamentos Institucionais, de Bens e de Serviços. | 50 Figura 36 – Parque Vitória Régia, desenho atual. | 52



Figura 37 – Bauru, Trecho da Avenida Nações Unidas e proposta projetual de Intervenção no Parque Vitória Régia. | 53 Figura 38 – Bauru, Proposta de Intervenção no Parque Vitória Régia, Detalhe Iluminação Noturna. | 54 Figura 39 – Proposta de Intervenção no Parque Vitória Régia. | 55 Figura 40 – Detalhe Prédio Administrativo, com sanitários e informações turísticas. | 58 Figura 41 – Vista da Ciclovia e Lago com Anfiteatro, ao fundo. | 59 Figura 42 – Proposta de Intervenção, Detalhe Entrada da Rua Antonio Garcia. | 58

Figura 43 – Proposta de Intervenção, Detalhe Entrada da Rua Antonio Garcia. | 59 Figura 44 – Proposta de Intervenção, Detalhe Complexo de Parque infantil e Praça das Águas. | 60 Figura 45 – Proposta de Intervenção, Detalhe Ciclovia e Calçadas. | 61 Figura 46 – Proposta de Intervenção, Detalhe Entrada da Avenida Nações Unidas. | 62 Figura 47 – Proposta de Intervenção, Detalhe Praça de Alimentação e Academia ao ar livre. | 63

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 48 – Proposta de Intervenção, Detalhe Lateral do Anfiteatro Vitória Régia. | 64 Figura 49 – Proposta de Intervenção, Detalhe Parque Infantil. | 65 Figura 50 – Proposta de Intervenção, Detalhe Parque Infantil. | 66 Figura 51– Detalhe Prédio Administrativo com sanitários, administração e armazenamento dos pertences do parque e central de informações turísticas. | 67 Figura 52 – Proposta de Intervenção de Vegetação no Parque Vitória Régia. | 69 Figura 53 – Proposta de Intervenção de Vegetação no Parque Vitória Régia. | 70



Tabela 1 – Vegetação. | 72 Tabela 2 – Vegetação. | 73 Tabela 3 – Vegetação. | 74 Tabela 4 – Vegetação. | 75

Tabela 5 – Vegetação. | 76

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 6 – Vegetação. | 77



SUMÁRIIO



O principal produto do homem é o conhecimento, no sentido mais amplo da palavra: da natureza que o envolve, de si próprio e de suas criações. (...) Se o primeiro objeto é a natureza, obra dada, pode-se dizer que o segundo seria o urbano (latu sensu) como obra humana da aplicação do conhecimento na natureza, visando transformá-la, desconstruí-la. Se tudo se desenrolava no espaço, era, praticamente, como se ele se mantivesse estático. Sartre (1960) chega a chamá-lo de “prático-inerte”, no sentido de que toda a nossa prática social tem como suporte o espaço(...) Ele é transpassado pelo tempo, este sim objeto de questionamento e indagação sobre a realidade. O espaço funciona como um palco onde os acontecimentos se desenrolam no tempo. (FRANCISCO, 2008)

Atualmente, a produção de espaço público no projeto da cidade tem fatores importantes a serem considerados. Sob os aspectos da interdisciplinaridade, considerando conceitos da psicologia, geografia, antropologia e sociologia, e relacionando com a arquitetura e o urbanismo contemporâneos, bons espaços públicos foram produzidos recentemente.

Mesmo com a uma certa deturpação dos conceitos de lugar, espaço e território, a partir da expansão desenfreada da ocupação humana nas zonas urbanas, e com o aumento dos usos de espaços semipúblicos em detrimento das áreas livres

Introdução

totalmente públicas. As relações humanas no espaço e a necessidade da convivência em ambiente natural, demandam novos programas para os parques urbanos. Analisando a concepção de alguns parques, pretende-se propor uma nova dinâmica de uso para o

Parque Vitória Régia, grande praça que se encontra próxima a região central do município de Bauru. A cidade de Bauru possui um quociente de áreas verdes baixo em relação as dimensões da área urbana e, em sua maior parte, essas áreas não tem uma boa manutenção. Assim sendo, a transformação desse espaço depende da interpretação das

relações da população com o Parque.



O Desenho das Cidades 0 1



Atualmente, a produção de espaço público no planejamento urbano tem fatores importantes a serem considerados. Sob os aspectos da interdisciplinaridade, considerando conceitos da psicologia, geografia, antropologia e sociologia, e relacionando com a O principal produto do homem é o conhecimento, no sentido mais amplo da palavra: da natureza que o envolve, de si próprio e de suas criações. (...) Se o primeiro objeto é a natureza, obra dada, pode-se dizer que o segundo seria o urbano (latu sensu) como obra humana da aplicação do conhecimento na natureza, visando transformá-la, desconstruí-la. Se tudo se desenrolava no espaço, era, praticamente, como se ele se mantivesse estático. Sartre (1960) chega a chamá-lo de “prático-inerte”, no sentido de que toda a nossa prática social tem como suporte o espaço(...) Ele é transpassado pelo tempo, este sim objeto de questionamento e indagação sobre a realidade. O espaço funciona como um palco onde os acontecimentos se desenrolam no tempo. (FRANCISCO, 2008)

arquitetura e o urbanismo contemporâneos, bons espaços públicos foram produzidos recentemente. Mesmo com a uma certa deturpação dos conceitos de lugar, espaço e território, a

partir da expansão desenfreada da ocupação humana nas zonas urbanas, e com o aumento dos usos de espaços semipúblicos em detrimento das áreas livres totalmente públicas. As relações humanas no espaço e a necessidade da convivência em ambiente natural, demandam novos programas para os parques urbanos. Analisando a concepção de alguns parques, pretende-se propor uma nova dinâmica de uso para o Parque Vitória

Régia, grande praça que se encontra próxima a região central do município de Bauru. A cidade de Bauru possui um quociente de áreas verdes baixo em relação as dimensões da área urbana e, em sua maior parte, essas áreas não tem uma boa manutenção. Assim sendo, a transformação desse espaço depende da interpretação das relações da população com o Parque.

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Conceitos gerais sobre a relação espaço e homem O estabelecimento das pessoas nas cidades tem, nos últimos séculos, produzido fortes consequências no bem estar físico e mental dessas novas populações. Expansões desordenadas e rápidas de malhas urbanas, características das ocupações humanas do último século, a partir dos desenvolvimentos econômico, cultural e intelectual inerentes à esses

mesmos espaços, produziram muitas áreas livres públicas desqualificadas. Por desqualificadas, entende-se que são espaços importantes destinados a um grande número de usuários mas, muitas vezes, sem algum programa que atenda as demandas da população, ou ainda, implantações que não seguiram os projetos. Enquanto ainda existem razões para que a população se estabeleça na urbe, novas estruturas (públicas e privadas) inadequadas poderão aparecer. Ocupações de áreas de encosta e de fundos de vale são frequentemente observadas

em nossas cidades de médio e grande porte e as consequências físicas dessa alta impermeabilização de solo urbano são sentidas a cada alteração climática. Atualmente, os Shoppings Centers destacam-se como O espaço de uso coletivo e público mais utilizado. Seu uso

resulta em uma cultura de consumismo e deriva de uma economia em prol da massificação da produção dos setores industrial e de serviços. Neste caso, apropriação do espaço não decorre da interação social espontânea entre os indivíduos, além de ser um ambiente considerado, fisiologicamente, muito menos saudável que as áreas livres.

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Estabelecer-se, mesmo que temporariamente, em um espaço livre, proporciona ao ser humano mais benefícios que a permanência em edificações totalmente fechadas. Essa permanência, antes preterida pela aparente ausência de segurança, atualmente, pode se desconfigurar. Morfologicamente, a presença humana divide o meio urbano, através dos estudos da Geografia Urbana, em algumas classificações decorrentes da relação que o espaço proporcionará para o usuário.

Para Neto(2010), os atuais estudiosos da geografia humana e suas teorias são base para o entendimento da ocupação do homem sobre o solo urbano. Diz Lefébvre (1976) que o espaço tem origem na relação do homem com o próprio homem; Enquanto, Milton Santos (1985) tem o espaço como um reflexo da organização social, resultado da ação humana.

Em Kaimoti(2004), assemelhando-se ao conceito de Lefébvre, o espaço carrega uma dialética social e é agente desta, ele é compreendido a partir da soma de objetos que ainda persistam no meio, mesmo sendo marcas do passado, e de ações que direcionam o futuro do meio em interação.

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Por Santos apud Kaimoti(2009), há a definição que o espaço está sujeito

a alterações das suas funções, ainda que se mantenha a forma. A autora, também apresenta uma possibilidade de perceber o lugar que, por Castello apud Kaimoti (2009), é “uma criação morfológica ambiental imbuída de significado simbólico para seus usuários”. Na definição de Yi Fu Tuan apud Neto (2010), o espaço é abordado a

partir da relação afetiva entre o ser humano e sua percepção de lugar. O geógrafo O lugar é um mundo de significado organizado. Lugar é uma mistura singular de vistas, sons e cheiros, uma harmonia ímpar de ritmos naturais e artificiais (...) Sentir um lugar é registrar pelos nossos músculos e ossos. (TUAN, 1983)

destaca ainda que o Materialismo histórico entende o lugar como uma expressão geográfica da singularidade; e a corrente Humanística percebe o lugar como uma porção do espaço em relação ao qual se desenvolvem afetos a partir da experiência individual ou grupos sociais. Propõe-se interpretar que, caso o lugar seja o meio para a reprodução da vida, então, ele deve ser analisado pela tríade habitante – identidade – lugar definida por Carlos apud Kaimoti (2009). Surge a necessidade de considerar o corpo, pois, é através

dele que cada indivíduo ou todo o coletivo social, habita e se apropria do espaço. Logo, Carlos apud Kaimoti (2009), afirma que pelas formas com que o homem se apropria do espaço é que este adquire significado. Franco (2001), conceitua a relação lugar-homem com uma abordagem mais simbólica.

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A conformação dos espaços públicos no meio urbano promove diferentes relações entre os indivíduos e gera um sistema dinâmico. Para Kaimoti (2009), a apropriação do espaço e do lugar relaciona-se com a prática do território e se expressa na esfera no Locus, palavra latina que significa lugar, sítio, local, posição, era provido na antiguidade de um sentido do sagrado, tanto é que cada locus tinha o seu genius tutelar. Esse gênio, segundo a tradição, dava personalidade própria ao lugar e influenciava todos os seres e coisas pertencentes ao seu domínio. Graças ao gênio, a palavra locus, ou lugar, aqui se confunde com a de território. No dizer de Silva (1994), o lugar ou locus em si é impossível de ser conhecido. Determinação natural, espaço dos fenômenos físicos, químicos e biológicos, o locus expressa-se na mente, através das relações exteriores à ecologia, sociedade e cultura. (FRANCO, 2001)

cotidiano; corresponde, por Sobarzo apud Kaimoti (2009), às relações sócio-espaciais produzidas pelo uso, nas práticas cotidianas que conformam o plano do vivido e que

constroem a identidade e o sentimento de pertencimento das pessoas. Por Souza apud Neto (2010), o conceito de território se liga a toda espacialidade social na qual exista a presença humana; este é mais volátil, o que o define é seu uso transitório. Silva apud Franco (2001), aponta o território como possuidor de um aspecto físico fundamental, assim, conhecer o território significa conhecer a si mesmo, parcial e completamente. Kaimoti (2009), define o conceito lugar em detrimento do termo espaço, por este se

relacionar mais intrinsicamente ao cotidiano das pessoas; os lugares são, por definição da autora e em concordância com os demais pesquisadores citados, locais apropriados pelo uso, espaços do vivido, carregados de significado, que criam a identidade.

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Atualmente, o Paisagista Francês Gilles Clement tem refletido, pratica e teoricamente, sobre os Jardins de Resistência. Ele acredita que os jardins são formas de reflexão sobre o que é público e espaços para fazer política, talvez em um resgate às tradições Clássicas. Sob o tripé conceitual do Jardim Planetário, do Jardim em Movimento e da Terceira Paisagem ele aponta para o Jardim da Resistência como possibilidade; o conceito sobre esses jardins é o de uma área, pública ou privada, onde a arte da

jardinagem é praticada em harmonia com a natureza e o homem, sem relações com o mercado. A diversidade biológica e cultural, a preservação da água, do solo e do ar é incentivada para o bem comum. “São as paisagens o cotidiano de vida do cidadão. São esses os lugares que ele se apercebe, em que ele se identifica, em que ele exerce sua socialização” (MAGNOLI, 1987)

Dentre esses conceitos de Clement (2003), o da Terceira Paisagem é um dos que mais se assemelha ao conceito de Espaço. Ela se relaciona com o meio transformado; alvo da intervenção demográfica. Essa paisagem se divide em dois territórios o ativo, de intervenção possível, e o passivo, de

refúgio. A terceira paisagem também pode ser entendida como o fragmento de tecido urbano que resulta da expansão das cidades e pode ser alterada por interesses políticos. Sobre o jardim, segundo Mongin (2009), em um mundo de fluxos, pressões econômicas e do urbano generalizado, este pode ser um espaço que se abre para o comum; deve criar mundos e proporcionar um lugar compartilhado e também que se mova com o tempo. Mongin (2009) também tem certa nostalgia da experiência urbana multidimensional das cidades em que engenheiros-urbanistas dialogavam com artistas. Em nossos dias, como citou em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo sobre o Antropólogo Levi Strauss, Mongin (2009), as metrópoles são marcadas pela ausência de relações

humanas; como se as “cidades-mundo” estivessem em avançado processo de decomposição.

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Magnoli (1982), afirma que a paisagem deve ser entendida pelo seu aspecto natural (rios, lagos, bosques, matas, campos) como também é resultado do equilíbrio entre múltiplas forças e processos temporais e espaciais. A paisagem é a verdadeira interação entre os elementos físicos naturais como os sistemas geológico e climático e as ações que neles ocorrem, e entre o homem e suas relações com a sociedade e com o mundo natural.

O ambiente como a interação da sociedade com suporte físico, quer tenha aparência comumente denominada ‘natural’ ou construída pode ser sintetizado na concepção de Magnoli (1987). A interação social se dá no espaço geográfico pelas adaptações, transformações, readaptações e novas transformações das formas encontradas, elaboradas e reelaboradas do

espaço. Paisagem e ambiente não podem, nesse sentido, ser completamente distintos, mas assemelham-se em alguns pontos. Magnoli (1987), considera a ecologia como um estudo fundamental a quem produz as intervenções na morfologia da cidade.

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A partir desses conceitos se o lugar tem perdido seu significado pressupõe-se que seja resultado da desapropriação do território pelas atuais populações urbanas. Criamos paisagens alvos das nossas próprias intervenções espaciais e acabamos por evitá-as O território hoje se constrói e destrói com muita rapidez, evoluindo no jogo veloz das comunicações e, de certa forma, se “virtualiza”, passando a habitar com a imaginação, válvula de escape de uma territorialidade efêmera, a qual tenta abafar o grito do gênio que perdeu as raízes. (FRANCO, 2001)

porque agora elas já não são mais seguras ou porque criamos outros ambientes que nos

sejam mais atraentes. Contudo, seja a paisagem primária, secundário ou terciária, ainda poderia possuir uma qualidade, desde que, coerente com as demandas locais. O homem contemporâneo, atarefado e trabalhador necessita de horas de

descanso e os ideais românticos sugeririam que o campo era a saída mais indicada. E talvez seja mesmo, mas a distância entre o homem e a natureza foi, durante já há alguns séculos, apenas aumentada.

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As grandes cidades do século XX e XXI Por definição da Carta de Atenas (1933), o Urbanismo é a administração dos locais que abriguem todo o tipo de desenvolvimento da vida material, sentimental e espiritual, tendo como objetivo a ocupação do solo, a organização da

circulação e a legislação. Toda a forma de organização social dos homens em comunidades implicou a necessidade de espaços para o

desenvolvimento dos hábitos cotidianos, além dos seus deveres cívicos. Quanto maiores e mais complexas as tarefas que o indivíduo deveria cumprir (trabalhar, habitar, interagir) maior deveria ser o espaço para que isso se desenvolvesse.

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Figura 1 – Cena Noturna da uma grande cidade.

Os espaços públicos existem desde a origem da cidade e da cidadania, pois praticar as relações básicas do

cidadão (votar, discutir, julgar) exigia esse espaço. Os fóruns, onde a maior parte dos direitos dos cidadãos poderiam ser exercidos livremente, surgiram a essa época e eram designados como um pátio público amplo e plano, fechado por prédios que subsidiavam seu funcionamento.

Fonte: captura de cena do filme“Koyaanisqatsi: além das palavras“.

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Lançado em 1982, o filme “Koyaanisqatsi: além das palavras”, com uma cena exibida na Figura 1, Dirigido por Godfrey

Reggio, intenta demonstrar o cotidiano agitado nas grandes cidades. Os percursos, por onde se dão a vida do homem, que se resume a trabalhar e voltar a sua casa, tornam a humanidade ainda mais individualista e dificultam o relacionamento social no espaço público. O filme, quase que como um documentário não ficcional, fortalece a ideia das cidades em ruínas e, pela primeira

vez, tal destruição do espaço urbano não se relaciona com guerras e sim pela falta de movimento e interação humana no espaço público. De acordo com Rogers (1997), a cidade atual atende as demandas individuais em detrimento das coletivas graças sua configuração como um território de consumo. A vida pública acabou por ser dissolvida em partes individuais; cada vez mais, as cidades se configuram sobre comunidades segregadas.

Para Mongin (2009), a disseminação de condomínios fechado, marcas do projeto urbano americano, é que nos apresentou ao medo, à insegurança, à segregação e a uma cidade de caráter mórbido onde o convívio virou utopia. Todo o conceito apresentado sobre lugar, sobre o ponto de vista do ser humano, é uma das correntes de pesquisa mais atuais da geografia, sociologia, arquitetura, urbanismo e até da psicologia. Afinal, a vivência do ser humano no espaço, que lhe é intrínseco, tem reflexos no comportamento social, nas transformações do próprio espaço e no desenvolvimento total da

sociedade.

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O espaço, quando se torna território, é menos identidade e mais uso, porém só é de qualidade se reflete e proporciona boas relações sociais. Esse bom relacionamento não surge apenas de uma interação pacífica, além disso, é originado da troca de experiências e desenvolvimento humano. Se a sociedade tem um relacionamento equilibrado, suas forças serão refletidas no espaço.

É saudável vivenciar o espaço público e mais saudável ainda caso esse espaço tenha sido construído pelos próprios usuários, não apenas em termos físicos mas em termos significativos. Essas aglomerações urbanas demonstram que a impermeabilização e a “concretação” excessiva de algumas regiões do planeta, dificultaram o contato direto do cidadão urbano para com os elementos do meio natural. Entretanto, para suprir a demanda por natureza e momentos saudáveis para o descanso semanal, surgiram os Parques Urbanos. Com diferentes programas, desenhos, elementos de vegetação e/ou equipamentos, os parques se tornaram bons (e alguns ruins) modelos de espaços. Seus benefícios são consideráveis e o seu sucesso depende de toda a relação homemespaço já discutida no presente trabalho.

Interpretar a tendência ao abandono dos espaços abertos como um problema apenas do usuário é um erro. Há de fato áreas de praças e parques que são de pouco interesse público por serem equivocadas em relação as necessidades dos usuários desse espaço. Mas existem notáveis áreas que não passam por essa condição e atendem às necessidades locais, contudo, fazem com o que os usuários as evitem por conter alguns pontos de insegurança.

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Na figura 2, há um retrato da situação de falta de manutenção

estrutural que se encontrava a Praça Roosevelt, importante espaço no centro da Cidade de São Paulo, antes da Reforma concluída em 2012. Figura 2 – Praça Roosevelt, São Paulo – SP. Antes da reforma finalizada em 2012.

Muitas vezes, a razão pela busca de permanência nos Shoppings e outros espaços privados é o estado de degradação das áreas públicas. A partir dos estudos e dos avanços tecnológicos permitidos pelas

diferentes escolas arquitetônicas, os espaços públicos foram adquirindo significados e substâncias exclusivas. Formalmente, cada período histórico determinou uma percepção diferente aos usuários desses ambientes, sensações fruto dos espaços em si e das relações produzidas neles. As grandes reformas urbanas, ocorridas em diversas cidades pelo mundo, durante as primeiras décadas do século XX, geraram uma preocupação maior com a disposição de áreas verdes no meio urbano. Fonte: http://arqfolio.com.br/blog/pracaroosevelt-antes-e-depois-da-reforma/.

Uma interpretação social do período permite notar que a urbanização e o cotidiano instável e pouco saudável das cidades provocou na população a necessidade de ter acesso à áreas que lembrassem os antigos campos, origem de muitos dos cidadãos das cidades modernas.

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Sitte (1889) menciona a importância do sistema de águas na formação da paisagem de grandes cidades conhecidas; a relação Paris-Sena, BudapesteDanúbio. Há uma forte imagem de cidade agradável e democrática quando as margens dos seus rios todo cidadão pode desfrutar de momentos de prazer e lazer Em tempos remotos, nossos antepassados foram homens da floresta. Hoje somos homens dos edifícios de apartamentos. Apenas isto basta para explicar a atração irresistível que a natureza exerce sobre o morador da metrópole moderna, sempre seduzido pelas áreas verdes, um verdadeiro refúgio contra o moinho de poeira deste oceano de moradias. SITTE (1889)

com a família. No apêndice O Verde na Metrópole do livro A Construção da Cidade Segundo Seus Princípios Artísticos, é mencionada a importância do verde como elemento purificador do ar das metrópoles a medida que conglomerados humanos produzem altas e preocupantes quantidades de gases prejudiciais ao ser humano. Ainda assim, o bem-estar provocado por estes espaços provocou, na sociedade em geral e nos profissionais da área, maior interesse e mobilização em prol da produção de mais espaços livres adequados.

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Essa preocupação do final do século XIX serviu como base para a postura de diversos profissionais envolvidos com o desenvolvimento e planejamento da vivência nos centros urbanos durante o século XX, Figura 3 – Usuários do Parque do Ibirapuera, São Paulo – SP.

principalmente para os entusiastas do Modernismo.

Carta de Atenas (1933), documento assinado pelos Arquitetos do CIAM (Congresso Internacional da Arquitetura Moderna), pontua sobre a relação entre as constantes psicológicas do Homem Moderno para com o espaço que ele habitará e a importância da geografia e da topografia no destino dos homens.

Grande parte da produção arquitetônica Modernista deu-se sobre a visão de que a geografia definiria a ocupação e o desenho das áreas da cidade, teoria conhecida como Zoneamento; o terreno da cidade

delimitava também a existência de áreas livres, o que foi feito de forma oposta à da produção de espaço medieval e clássica. É importante salientar que a geografia foi um instrumento no planejamento urbano em Roma e na Grécia Clássica e era também, basicamente, uma característica morfológica das cidades antigas ocupar

áreas mais altas para o centro da cidade e a restrita expansão do entorno.

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A topografia era um elemento da paisagem dessa época, só que as cidades não possuíam dimensões espaciais comparáveis aos valores das

Figura 4 – Estatísticas referentes a Expansão da População nas Zonas Rural e Urbana, entre 1950 e 2050.

cidades atuais o que não proporcionava grande exploração do solo nas cotas mais baixas. No Brasil, o processo de formação das cidades de médio e

grande porte é mais jovem, além de ser um caso muito particular no processo historiográfico do projeto urbano. Essas cidades possuem traçados muito semelhantes entre si, muitas tiveram seu núcleo urbano iniciado a partir da quadrícula com base hipodâmica e nem sempre coincidente com a disposição topográfica do terreno que foram implantadas. O jovem crecimento dos nossos centros urbanos implicou em novos loteamentos que, quando bem sucedidos, acompanhavam quase que naturalmente a topografia local, ou seja, desobedeciam as linhas iniciais das cidades mas prezavam por uma ocupação

mais natural. Algumas cidades estavam (ao menos, projetualmente) preparadas para o crescimento populacional e são exemplos de planejamento urbano como Brasília, Belo Horizonte e Curitiba; as duas últimas, contudo, sofreram o fenômeno do redesenho inadequado e os novos traçados não se conectaram

completamente com suas ruas e avenidas milimetricamente planejadas e desenhadas para a apropriação adequada e correspondentes aos interesses da população.

Fonte: Cidades Para Um Pequeno Planeta, Richard Rogers, 1997.

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O maior problema do desequilíbrio da quantidade

Certa parte dos parques desse período então, surgiram em

de pessoas entre as áreas urbanas e rurais foi a rapidez

áreas degradadas, em recortes de tecido urbano mais próximos

que ocorreu essa mudança, conforme visto na Figura 4,

as bordas dos limites das cidades. Alguns destes parques, como

extraída do livro de Richard Rogers, Cidades para um

no caso do Parque das Nações em Bauru e o Ibirapuera em São

Pequeno Planeta (2011). Temos um bom número de

Paulo,

grandes cidades com poucos séculos de existência e

imediatamente ao seu redor que eram, anteriormente, solos

recursos espaciais em colapso, seja pelo ininterrupto

pobres e sem potencial financeiro. Porém seus usos,

aumento

dependentes da relação homem-espaço, proporcionaram

de

novos

empreendimentos

como

condomínios verticais e horizontais, ou pelos índices

alavancaram

o

desenvolvimento

para

a

região

desenvolvimentos opostos aos parques. O Ibirapuera tornou-se referência, além de por ser

populacionais crescentes. Ainda na Carta de Atenas (1933), no século

localizado em São Paulo, como um espaço de qualidade para

XX, as áreas verdes nas cidades se configurariam tanto

atividades culturais e lazer. O Parque das Nações, ou Parque

particulares quanto coletivas, dissolvendo os tradicionais

Vitória Régia, como será analisado nos próximos capítulos, teve

grandes jardins e parques particulares restritos aos

sua implantação diferente do projeto e sua estrutura física tem

grupos da monarquia e burguesia. As Cidades Modernas

pouca manutenção, altamente dependente de investimentos

pretendiam

públicos, gerando restrições ao uso intenso, como se dá no

ter

democráticos.

espaços livres

públicos

e

mais

primeiro caso.

1 8



Mobilidade Urbana Os parques devem estar em áreas acessíveis e

Figura 5 – Mancha de ocupação urbana na Metrópoles Paulista.

democráticas para todos aqueles que habitem a cidade, através de transporte público coletivo ou meios particulares de mobilidade. A

questão da mobilidade, no mundo atual, é outro fator determinante para o sucesso de qualquer empreendimento público coletivo nas nossas cidades, se relaciona com a democracia no acesso ao espaço, na facilidade de locomoção e valorização do percurso em prol do bem estar físico e mental de quem vai vivenciar essas áreas livres.

Rogers (1999) assume a condição precária que a atual expansão da população urbana possui, em vista de ser um processo inédito historicamente, a análise das consequências da constituição de uma civilização global com um inchaço populacional a nível mundial, a extinção de recursos naturais e a destruição do meio ambiente.

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1 /1a/S%C3%A3o_Paulo_Landsat_%28fotografia_de_s at%C3%A9lite%29.jpg.

1 9



A Grande São Paulo, na Figura 5, possui mais de 8500km² que

abrigam 12% de toda a população Brasileira, a região metropolitana tem áreas

verdes

mas

seu

território

é

quase

que

totalmente

impermeabilizado o que traz prejuízos ao meio ambiente e também à população local. Richard Rogers, cita o automóvel como responsável pela quebra Figura 6 – Propostas para uma ocupação urbana com uma distribuição espacial mais elaborada.

da coesão do sistema social urbano. O aumento das distâncias do deslocamento trabalho-casa dos habitantes dessas Grandes Cidades, torna pouco provável o abandono desse meio de locomoção, principalmente enquanto as demais possibilidades de transporte sejam insuficientes à quantidade de usuários. O tráfego, é acusado, como a causa fundamental para a alienação do morador urbano, quanto maior o trânsito em uma rua menores as interações sociais entre seus habitantes. Uma política

eficiente de transporte público de massa porém não oferece vantagens econômicas e pode ser por essa razão que faltam investimentos no

Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arq uitextos/11.129/3499

setor. Assim, a proposta é a criação de cidades compactas, como mostradas na Figura 6, com unidades de centro comercial e de serviços espalhadas por toda a malha urbana, diminuindo os gastos individuais

com o transporte pois os percursos seriam menores e estimulando investimentos no setor de transporte público coletivo, criando inclusive novas formas de mobilidade.

2 0



Esses problemas podem atingir as cidades médias Brasileiras e o caso de Bauru, com sua distribuição espacial irregularmente distribuída pelos limites do município, demanda atenção. Congestionamentos já tornam a

Figura 7 – Proposta para paisagem de Paris, França.

rotina da cidade um tanto quanto cansativa e as longas distâncias até os

equipamentos públicos fazem com que parte da população que não reside próxima a Zona Sul opte por não utilizar as áreas de lazer desse perímetro. Não existem muitas possibilidades de mobilidade urbana, além do carro, o acesso às áreas verdes no município pode se dar por ônibus. A solução, retomando novamente a questão das distâncias, talvez seja propor

novos meios de transporte público e coletivo para resolver os problemas resultados da limitação pela escassez de possibilidades de mobilidade urbana.

O transporte via bicicleta não foi, até hoje, uma solução prática para os Bauruenses graças a falta de ciclofaixas e outros limites morfológicos. Há

Fonte: Richard Rogers para o “Le Grand Paris”, 2009.

alguns planos na prefeitura municipal para desenho dessas faixas especiais, porém nenhum saiu do projeto, portanto, não podemos constatar se a demanda da mobilidade seria sanada.

2 1



Rogers (1997), por fim, expõe que uma cidade sustentável, como deveriam ser as cidades do século XXI, deve ser: justa, na distribuição dos espaços e cargos administrativos; bonita, com um diálogo entre

arte, arquitetura e paisagem; criativa, que permita a experimentação; ecológica, possuindo sistemas interligados que gerarão o mínimo impacto na natureza; fácil, onde a vivência do espaço público possa promover a mobilidade; compacta e policêntrica, integrada e proteção para a zona rural; e diversificada, várias atividades que estimulem uma

vida pública essencial.

"O carro espreme a vida urbana para fora do espaço público" (GEHL, 2011)

Como na proposta para o sistema viário de Paris, exibida na Figura 7, a ideia não é que os carros sejam extintos, mas que as cidades estimulem e propiciem alternativas de mobilidade acessível a toda a população e que tenham qualidade nos espaços públicos. A exemplo de Copenhague que, a partir dos projetos do escritório

Gehl

Architects,

adquiriu

algumas

intervenções

transformadoras de seus espaços públicos.

2 2



A figura 8, que segue, mostra uma comparação entre a

Figura 8 – Transformações na Times Square, Nova Iórque, EUA.

Times Square, que é um dos espaços públicos mais heterogêneos de Nova Iórque, antes e depois da Intervenção feita pelo escritório Gehl Architects em 2009.

Fonte: http://kaleightironenunes.com/wpcontent/uploads/2011/12/timessqped460.jpeg

E defende:

Se um espaço público é visto como sendo “de ninguém”, se ele não é apropriado pela população, é porque não é um bom espaço. A partir da minha experiência, a minha opinião é que quando se aplicam os critérios de qualidade para um bom espaço público, as pessoas o usam. (...) Nele é preciso também que as pessoas sejam protegidas do tráfego, do barulho, da violência, das intempéries; que seja um bom lugar para caminhar, para estar, para sentar, para ver e ouvir; ele deve prover oportunidade para as pessoas se exercitarem, brincarem e usufruírem do tempo, ter uma boa escala humana e por fim, deve ser um espaço bem desenhado. (...) É melhor ter espaços menores e mais aconchegantes. Nos últimos 50 anos, nós arquitetos ficamos completamente confusos sobre o que seja uma boa escala humana. (Em entrevista sobre o livro Cidades Para Pessoas, para o IAB RJ)

2 3



Figura 9 – Inserção de novos mobiliários.

Como pode ser visto na Figura 9, é notável que, a transformação do espaço público pensado à escala humana, traz

uma melhor qualidade de vida à cidade. A Times Square, um dos pontos mais visitados da cidade de Nova Iórque, alterou o público de usuários através da implantação de áreas de permanência na escala humana, como mesas e ampliação das calçadas. O privilégio a essa escala permitiu que o espaço melhorasse significativamente

e atraísse, mais do que os turistas, os moradores da Cidade.

Fonte: http://www.designboom.com/cms/images/eric a/jan/gehl04.jpg

2 4



Parques Urbanos 2 5



Famosos parques urbanos são referências para o planejamento urbano contemporâneo. Alguns parques situados em

Paris, Nova Iorque e São Paulo, são amplamente utilizados e basicamente não existem muitas diferenças entre um espaço e outro. Algumas análises, obtidas após observações de imagens desses parques, apontam que as diferenças podem estar nas características dos usuários e nos objetivos

Já, para Jan Gehl, em seu livro Novos Espaços Urbanos, possibilita que a Escala Urbana, como partido para os Projetos das Cidades Contemporâneas, é que produz boas soluções. E ainda, no Livro

Cidades Para as Pessoas, sugere doze para

classificar

públicos, sendo eles:

bons

- Segurança (circulação de pessoas, espaços que tenham vida de dia e de noite e boa iluminação); - Proteção contra intempéries (alterações climáticas, poluição e

barulho); - Espaço para caminhar (fachadas interessantes, ausência de obstáculos, superfícies regulares e acessibilidade universal); - Espaços de permanência (áreas para permanecer e fachadas e paisagens interessantes a contemplar);

- Ter onde sentar (mobiliário público, passagem de pessoas e locais de descanso);

buscados para o uso destes locais.

critérios

- Proteção contra o Tráfego (privilégio ao pedestre);

espaços

- Possibilidade de observar (vistas e paisagens não escondidas);

- Oportunidade de conversar (baixos níveis de ruído e mobiliário que propicie a interação entre as pessoas); - Locais para se exercitar (equipamentos públicos de esporte e entretenimento e atividades nas ruas de dia, de noite, no verão e no inverno); - Escala humana (prédios e espaços projetados para a escala humana);

- Possibilidade de aproveitar o clima, boa experiência sensorial (árvores, plantas e cursos d’água acessíveis, mobiliário urbano feito com bons materiais e design e acabamento de qualidade).

2 6



Os projetos arquitetônicos devem pousar no solo, isto é, relacionar-se criativamente com as peculiaridades dos objetos naturais e artificiais existentes; por exemplo, o verde e a água devem fazer parte dos novos espaços e penetrar neles. Além disso, o ambiente construído resultante deve ter garantidas a sua organicidade e a sua integração com o entorno. (FRANCISCO, 2008)

Figura 10 – Detalhe, High Line Park, Nova Iórque, EUA.

Fonte: http://peoplingplaces.files.wordpress. com/2011/08/high-line-waterfeature.jpg

As figuras 10, 11 e 12, a seguir, são fotografias de três espaços públicos que tem a água como um dos elementos projetuais e que possuem um intenso uso. Os três se localizam em cidades diferentes, o que demonstra que mesmo em climas diferentes, alguns aspectos naturais são essenciais ao bem estar do ser humano.

Figura 11 – Detalhe, Parc Andre Citroen, Paris, França.

Figura 12 – Detalhe, Praça da Estação, Belo Horizonte, MG.

Fonte: http://dastenras.files.wordpress.co m/2010/02/praca-da-estacao3.jpg

2 7



Uma análise mais ampla, sobre cidades formadas em diferentes épocas, torna perceptíveis os contrastes entre

grandes áreas verdes. Houve a necessidade e adequação de várias áreas das cidades e assim grandes e conhecidos parques foram planejados.

Figura 13 – Público no Central Park, Nova Iórque, EUA.

Figura 14 – Público no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

Fonte: Barbara C. Bezerra.

2 8



Com Boff abud Francisco(2008), analisa-se o espaço dinâmico e metamórfico. Esse autor, dispõe que a criação da vida é o grande objetivo do cosmos, permanentemente em movimento, e esta surge como produto do equilíbrio desse mesmo movimento. O espaço, portanto, não é estático, adquire diferentes usos mesmo não sendo alterado formalmente, conforme demonstrado nas figuras 15 e 16.

Figura 15 – Espaço gramado, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

Figura 16 – Espaço gramado, Central Park, Nova Iórque, EUA.

Fonte: Barbara C. Bezerra.

2 9



Bauru 3 0



Bauru cresceu desordenadamente. Apesar de ter pouco mais de um século, sua população alcançou grandes números logo nos primeiros cinquenta anos de existência. Durante as décadas de 40 e 50 houve, por parte dos políticos e imprensa local, uma campanha que intitulou Bauru como a “Cidade Sem Limites” e esse slogan foi e ainda é utilizado por aqueles que tem interesse apenas na expansão da cidade. Porém, Bauru tem limites. Tanto em área, já que o território urbano está bem próximo de alcançar os limites municipais, quanto em estrutura urbana. A figura 17, mostra a evolução da malha urbana entre as décadas de 1910 (logo após a chegada da Ferrovia) e 1990. Figura 17 – Expansão da malha urbana, Bauru, SP.

Legenda:

Fonte: EMDURB, Prefeitura Municipal de Bauru .

3 1



A primeira ocupação da cidade se deu às margens do Rio Bauru no encontro com o Córrego das Flores. Com a implantação do entroncamento ferroviário, ainda na primeira metade do século XX, três das linhas que percorriam o estado de São Paulo passaram a cruzar-se no fundo de vale próximo ao Rio Bauru, e mais tarde com

a chegada das Rodovias. A ideia de povoar o Centro-Oeste do Brasil, à época da construção de Brasília, favoreceu a expansão do Núcleo Urbano Bauruense Inicial. Seguindo o exemplo de outras cidades que cresciam no mesmo período, a Equipe Técnica de

Arquitetos e Urbanistas da Prefeitura Municipal, liderada pelo mais famoso arquiteto da cidade Jurandyr Bueno Filho, elaborou um projeto que aterrou o Córrego das Flores e criou uma avenida de trânsito rápido no local. A figura 18, é uma fotografia da cidade de Bauru, antes da implantação da Avenida Nações Unidas, do Edifício Brasil Portugal e da transformação da Rua Batista de Carvalho em Calçadão.

3 2



No mesmo período, para suprir a demanda por áreas verdes e

criar uma boa opção de lazer para os Bauruenses, é que foi projetado o Parque das Nações. A ideia, baseada num teatro visitado pelo Figura 18 – Fundo de vale do Córrego das Flores, Bauru, SP.

Arquiteto Modernista Jurandyr Bueno em uma viagem à Grécia, era transformar a topografia a fim de que no local além de um teatro tradicional (que a cidade ainda não possuía) fosse implantado um

teatro de arena. Tanto o lago quanto os acentuados taludes serviriam para que a acústica do palco fosse natural. Muito do desenvolvimento urbano observado na cidade se deu pela movimentação financeira causada pela ferrovia. Durante as décadas de 80 e 90, quando o transporte ferroviário começou a perder

a sua força, a cidade entrou em um período de decadência. A infraestrutura urbana, os novos bairros e a economia da cidade foram Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_2j1wt6G_hUA/St8xZ GHWW2I/AAAAAAAAAIc/xGzbUzlc_JU/s1600h/Foto37Av.+Rodrigues+Alves+e+Na%C3%83%C2%A7%C 3%83%C2%B5es+Unidas+d%C3%83%C2%A9c.+1 950.jpg.

os mais prejudicados. Foi na década de 90 que as indústrias deixaram de implantar seus polos produtivos na cidade e então os índices de desemprego local aumentaram.

No início do século XXI, a cidade ainda sentia os efeitos de uma má administração pública que além de não ter feito a manutenção das áreas públicas municipais, trouxe à cidade uma grande dívida pública.

3 3



Histórico do planejamento municipal Entre as preocupações do poder público e sociedade atualmente também está a preservação das áreas verdes do município. Como se observa em outras cidades do

Figura 19 – Enchentes sob a Avenida Nações Unidas, Bauru, SP.

Brasil e até do mundo, a existência de áreas verdes e

impermeáveis é essencial para que sejam evitadas grandes tragédias como os alagamentos. No caso de Bauru, uma das áreas que mais sofre com os alagamentos é a área do antigo Parque das Nações, hoje mais conhecido como Parque Vitória Régia. A calamidade só não é maior pois a partir do primeiro Plano Diretor Participativo de 2008, diversas secretarias e até a comunidade acadêmica Bauruense tem se mobilizado em torno de ações que busquem

reverter a situação do Parque e da Avenida Nações Unidas, com

Fonte:http://www.jcnet.com.br/banco_imagem /images/N2dr58420_large.JPG

ações conjuntas e apoio até do governo federal. A figura 19, extraída de reportagem de um jornal local, retrata a situação da área onde deveria passar o Córrego das Flores.

3 4



Em Bauru, a Lei Municipal nº 2.339 de 1982 impôs regras ao

Kaimoti (2009) ainda analisa os elementos

parcelamento do solo, com exigência de reserva de áreas verdes

determinantes para a composição dos espaços livres em

(10%) e áreas institucionais (5%), assim como a implantação de infra-

Bauru e os identifica como resultado do parcelamento

estrutura. Porcentagens essas conhecidas também através da Lei nº

aleatório e descontínuo do território; a implantação da

6766/1979, que a nível Nacional exigia novas regras de planejamento

ferrovia e sua posterior estrutura formada pelo parque

urbano. Especificamente, na cidade, as áreas verdes já eram exigidas

ferroviário; e a desconsideração das onze sub-bacias do

desde o Artigo nº 8 do Decreto Municipal nº.25 de 03 de Junho de

Rio Bauru. Inerentes ao espaço urbano, estes elementos,

1947. Contudo, não foram todos os loteamentos Bauruenses que

ao serem somados, revelam uma malha urbana retificada

seguiram essas regras. Sequer uma infraestrutura sanitária ou

e com grandes vazios urbanos em seus interstícios. E é nos

pavimentação foram ofertados da inauguração de grande parte dos

fragmentos dessa malha que serão planejados as áreas

novos bairros da cidade, isso tudo até meados da década de 80.

verdes do município.

Analisando o Planejamento Urbano em Bauru, Kaimoti (2009)

Kaimoti (2009) salienta sobre algumas reportagens

cita que no ano de 1996, após a instituição do Plano Diretor de

divulgadas nos jornais circulantes na época nas quais

Desenvolvimento Integrado que tinha como uma de suas grandes

constam manifestações a favor da canalização do Ribeirão

preocupações a questão ambiental, as microbacias e as matas

Bauru e do Córrego das Flores. Talvez influenciados por

ciliares dos córregos figuraram como unidades de planejamento

exemplos das cidades maiores, a população suplicava por

ambiental. Nesse Plano, pela primeira vez, os fundos de vale foram

uma intervenção nas frequentes enchentes nas áreas

considerados como elementos de estruturação física e social da

centrais. Como é notável, por quem habita a cidade, o

paisagem urbana da cidade, valorizando suas características naturais

projeto

e ambientais.

municipal não resolveu esse incômodo.

solicitado

e

atendido

pela

administração

3 5



A Avenida Nações Unidas Mesmo com a infraestrutura insuficiente dos bairros periféricos na cidade, o Plano Diretor de 1967 influenciou a política

Uma avenida de fundo de vale, e a canalização do Ribeirão das Flores contribuindo na rápida ocupação do setor leste da cidade (bairro Higienópolis)”. (CONSTANTINO, 2005; pg. 66)

urbana principalmente quanto ao sistema viário. A principal obra executada foi o prolongamento da Avenida Nações Unidas. Figura 20 – Malha Urbana de Bauru no final da década de 60.

O arquiteto Modernista Jurandyr Bueno acreditava na filosofia do homem máquina, em seu projeto inicial, a Avenida remontava às grandes vias de acesso rápido de Brasília. A Nações

não possuiria retornos e, muito menos, semáforos; as suas marginais seriam responsáveis pela ligação com a cidade. A ideia era proporcionar agilidade à vida do homem trabalhador, aquele que formaria o perfil da cidade no século XXI. Na figura 20, pode ser observado o início das obras da Avenida Nações Unidas. Fonte: Secretaria do Planejamento de Bauru, SEPLAN.

3 6



Mas, o projeto não funcionou como planejado, a demanda da cidade por mais ruas que interligassem o território fragmentado de Bauru fez com que algumas intervenções alterassem o desenho feito pela Equipe Técnica da Prefeitura e a Avenida Nações Unidas ganhou um outro significado. Campos (2010), discute o desejo da cidade de Bauru de se firmar como pólo regional e centro referencial às demais cidades do Interior do Estado de São Paulo. A cidade, graças a sua economia e por ser geograficamente bem localizada, aspirava paisagens a serem copiadas pelos outros municípios. Nesse intuito de modernização da

paisagem, surgiu a ideia de construir, sobre a voçoroca provocada pelo córrego já sem mata ciliar, o parque que foi projetado baseado em conceitos modernistas da década de 1960. O Jardins do Parque das Nações deveriam propor o enquadramento, pela paisagem, de um teatro que seria construído no topo de um morro, forjado artificialmente. Por essa conotação de moldura, o parque tem pouca vegetação, e está inscrito entre a pista principal da avenida e uma de suas pistas marginais, de modo que pudesse

ser visualizado também por quem percorresse de automóvel, através da recente e magnífica nova avenida, o seu redor.

3 7



Parque Vit贸ria R茅gia 3 8



Em reportagem ao Jornal da Cidade, Jurandyr Bueno detalhou a inspiração para o projeto do Parque. Na entrevista, concedida ao Jornalista Adilson Camargo, ainda da época da inauguração do Anfiteatro, Jurandyr relata que visitou o Teatro

de Epidaurus na Grécia e com base na sua forma a equipe do Escritório Técnico da Prefeitura desenhou o Parque das Nações e os dois teatros que ali seriam estabelecidos (o anfiteatro e o edifício fechado). O projeto acústico do anfiteatro foi de responsabilidade do Arquiteto Igor Sresnewsky, alemão e estudioso da acústica em diversos teatros Gregos, que Jurandyr

conhecer na visita a Grécia. A inspiração do anfiteatro Grego também surgiu da semelhança entre os locais, tanto no Teatro de Epidaurus quanto no Parque das Nações, a água seria um elemento que contribuiria para os efeitos acústicos (no caso de Bauru, o lago surgiu da represa do córrego das flores, ou seja, inicialmente tinha uma função na drenagem urbana). Concluído e inaugurado em 1976, o Parque das Nações propunha um espaço comunitário de 50.000 m² que aliava

obras de drenagem a um tratamento paisagístico, visando a proteção da nascente do córrego e a integração de equipamentos culturais urbanos como o Anfiteatro Vitória-Régia na superfície do lago, a Praça Cívica e o Teatro Municipal de Bauru.

3 9



Mais recentemente, o Parque é uma ferramenta de planejamento urbano em Bauru, de acordo com o Plano Diretor do Município de Bauru

(2008), Título IV “Das diretrizes específicas dos setores de planejamento urbano e rural”, Cap. I “Dos Setores de Planejamento Urbano, consta:

Art.134 - No SPU–12 deverão ser consideradas as seguintes diretrizes: I - reforma do Parque das Nações, onde se localiza o anfiteatro Vitória Régia, para implantação do reservatório de contenção de águas pluviais, de acordo com Plano de Macrodrenagem, e Mapa 05: “Áreas de Interesse Ambiental”, em anexo, mantendo e otimizando suas características de espaço de lazer e cultura;

Ainda no Plano Diretor de 2008 o Artigo 161 da Seção III, dispõe das diretrizes municipais para drenagem urbana também assegura uma intervenção nas áreas do Córrego das Flores, ou seja, Avenida Nações Unidas. Assim como a implantação de piscinão de contenção de águas pluviais para as obras de drenagem do planejamento municipal.

4 0



O Parque Vitória Régia é a única opção de lazer público e com fácil acesso em Bauru, mas mesmo não possuindo muitas áreas de permanência, ou outras áreas de vegetação próximas a Avenida Nações Unidas, principal eixo de fluxo para quem transita pela cidade. O Arquiteto Nilson Ghirardello defende que, mesmo

somando mais de três décadas de existência, a população utiliza

“Se o parque impressiona por seus conceitos modernos, na questão da infraestrutura deixa a desejar. O anfiteatro, por exemplo, é magnífico. A ideia do palco flutuante, que lembra a flor vitória-régia, amparado por placas acústicas esculturais na parte traseira, é incrível, enche os olhos de seus observadores. O problema é que, na prática, se torna inviável reservar o local para eventos, já que o espaço é descoberto, e as condições de tempo podem atrapalhar”, destaca Nilson.

uma pequena parte do potencial de lazer que o Parque Vitória Régia.

O Secretário Municipal do Meio Ambiente da Prefeitura Municipal, Arquiteto Valcirlei Gonçalves da Silva, reconhece que a Prefeitura enxerga o parque como um símbolo da cidade e também conta que o vandalismo, assim como a depredação dos sanitários, a pichação dos muros e a destruição de equipamentos, são dificuldades para efetivar a ideia de transformar o local em um grande espaço cultural e familiar. Nilson Ghirardelo, que é Doutor em Arquitetura além de ser morador de Bauru, desaprova a proposta de cercar o parque, cogitada pela Prefeitura, e defende que a beleza do local reside justamente na liberdade de circulações possíveis nele. Como

soluções para o problema da segurança no parque, o Professor sugere melhorias na iluminação e um policiamento ostensivo. Ainda, propõe que haja mais publicidade e equipamentos como uma academia para atrair mais usuários ao Parque.

4 1



Estrutura física do Parque. Figura 21 – Lago.

O Parque subdivide-se em diversas outras áreas como o lago, o anfiteatro, o parque infantil, as áreas sombreadas sob as árvores, o platô

na cota mais alta, alguns bolsões de estacionamento, a área com bancos na cota mais baixa e os gramados. A maior parte destes elementos está com a manutenção.

A partir dos critérios para Classificação dos Espaços Públicos sugeridos por Jan Gehl e previamente apresentados, seguem análises das áreas do Parque. A figura 21, aponta o lago, apesar de se encaixar no critério nº 12 que é: Possibilidade de aproveitar o clima, boa experiência sensorial

(árvores, plantas e cursos d’água acessíveis, mobiliário urbano feito com bons materiais e design e acabamento de qualidade).

4 2



O platô, expostos nas Figura 22 e 23, não é classificado nos critérios, mas a ausência de escala humana é a que mais pode ser percebida por ser uma área plana sem obstáculos visuais e grandes dimensões.

Figura 22 – Platô.

Figura 23 – Platô.

4 3



Nas figuras 24,25 e 26, o Anfiteatro Vitória Régia que possui a arquibancada e o palco com as pétalas é a principal atração do Parque e atrai diferentes atividades. Sua estrutura acústica é precária, portanto, em eventos que demandam maior qualidade sonora, é montado um palco no gramado.

Figura 24 – Anfiteatro Vitória Régia.

Figura 25 – Anfiteatro Vitória Régia.

Figura 26 – Anfiteatro Vitória Régia.

4 4



As áreas sombreadas concentram os usuários do parque que buscam áreas para descanso, mesmo que falte mobiliário, ainda assim a preferência por esses espaços pertence a maior parte de quem utiliza o Parque. As figuras 27, 28 e 29, mostram algumas massas vegetais, como segue .

Figura 27 – Sombra sob árvores.

Figura 28 – Sombra sob árvores.

Figura 29 – Sombra sob árvores.

4 5



Ainda sob as árvores, nos finais de semana, é visível a maior ocupação e utilização para lazer em geral, como na Figura

30. Há, conforme mostrado nas figuras 30 e 31, na marginal à direita do Anfiteatro, a montagem de trailers e mesas para alimentação. Figura 30 – Sombra sob árvores, domingo no verão.

Figura 31 – Trailers e mesas improvisadas pelo comércio ambulante.

4 6



O Parque Infantil, mostrado nas figuras 32 e 33, possui apenas um equipamento de madeira e diversas opções de brincadeira e a areia como um elemento para lazer. Há um restaurante, entre as Ruas Capitão Gomes Duarte e Domiciano Silva, que utiliza parte da área do Parque para colocação das mesas.

Figura 32 – Parque Infantil.

Figura 33 – Praça de alimentação improvisada pelo comércio local.

4 7



Projeto 4 8



PROGRAMA A partir das leis Municipais e de diretrizes teóricas expostas nesta monografia, como os critérios recomendados por Jan Gehl, foram propostas algumas intervenções na estrutura do Parque Vitória Régia, adicionando uma área para esportes, uma área de lazer infanto-juvenil, pista de caminhada e ciclovia, além de algumas coberturas para propor espaços de contemplação, convivência e alimentação. Dentre as diretrizes para o Desenvolvimento das Atividades Esportivas na cidade estava a criação de Quadra

Poliesportiva no Parque das Nações. Com a atual disposição, há uma dificuldade espacial. Em um dos mapas anexos ao Plano Diretor (2008), o mapa 5, há um esquema dos sistemas de áreas verdes e vazios urbanos no município. Nesse mapa aponta-se uma área muito próxima ao Vitória Régia com dimensões e capacidade para receber alguns equipamentos públicos, a ideia seria inserir nesses lotes as propostas de intervenção nas áreas livres de Bauru. Contudo, segregar ainda mais os elementos do Parque é incoerente com a proposta de integração.

Na Seção II, do Plano Diretor, que dispõe “Do Setores Econômicos” há uma ideia de criação de um Posto de Atendimento Turístico próximo a região do Parque, no cruzamento das Avenidas Duque de Caxias e Nações Unidas. Como já se tem o Parque como um centro turístico da cidade, a proposta de intervenção inclui locar esse posto de atendimento na área do parque. As novas estruturas foram pensadas com materiais que remetam à cultura e à arquitetura tipicamente Brasileiras, como

bambu, terra, cordas e outros elementos naturais benéficos aos usuários. Os pisos propostos possuem um baixo grau de impermeabilização contribuindo para a drenagem do local. O redesenho da Avenida Nações Unidas também foi importante para a proposta de intervenção, vez que desviando o trânsito apenas para as laterais do Parque, cria-se um espaço interno mais calmo e conectado, acabando com a segmentação de áreas importantes, como o Parque Infantil, atualmente.

4 9



Figura 34 - Corte Esquemático, Zona Sul de Bauru – SP.

Parque Vitória Régia

Corte

Bosque da Comunidade

Sem Escala

O Parque Vitória Régia não é a única e nem a maior Área Verde em Bauru, como é mostrado na figura 35, ainda existem algumas praças, o Bosque da Comunidade e o Horto Florestal (além do Jardim Botânico, que não está localizado no mapa), todas as áreas com equipamentos para desenvolvimento de atividades de lazer, prática de esportes, contemplação da natureza e momentos em família. Porém, a vantagem espacial do Parque Vitória Régia é a sua localização no município, às margens da maior avenida de Bauru, o Parque está no “coração da cidade”. Portanto, se o seu acesso é um dos seus valores, acrescentar uma melhor estrutura física e potencializar alguns usos do Parque são medidas cabíveis a transformação do espaço. A figura 35, expõe um corte esquemático da cidade de Bauru, contendo o Bosque da Comunidade e o Parque Vitória Régia. O Bosque, por ser um espaço fechado, tem seu acesso restrito aos horários de funcionamento. Um outro ponto positivo para o não-cercamento do Parque é a plena disponibilidade espacial, limitada apenas por questões de segurança, corrigíveis por um melhor sistema de proteção. Há, no Parque Vitória Régia, uma aparente desvantagem topográfica. Por ser uma área altamente densa em ocupação, a Zona Sul tem poucas áreas permeáveis, o que torna o Parque, a vazão natural, mais sobrecarregada na época das chuvas, por isso, quanto menos áreas impermeáveis no desenho do parque mais favorável será a utilização do mesmo.

5 0



Plantas

Figura 35 – Cidade de Bauru – SP, Localização de Áreas Verdes, Equipamentos Institucionais, de Bens e de Serviços.

Sem Escala

N

5 1



Figura 36 – Parque Vitória Régia, desenho atual.

N

5 2



Figura 37 – Bauru, Trecho da Avenida Nações Unidas e proposta projetual de Intervenção no Parque Vitória Régia.

N

5 3



Figura 38 – Bauru, Proposta de Intervenção no Parque Vitória Régia, Detalhe Iluminação Noturna.

N

5 4



Perspectivas

Figura 39 – Proposta de Intervenção no Parque Vitória Régia.

5 5



Figura 40 – Detalhe Prédio Administrativo, com sanitários e informações turísticas.

Para a implantação da proposta de uma Central de Informações Turísticas, de um espaço adequado para armazenamento dos equipamentos móveis do parque e ainda de instalações sanitárias não isoladas, foi proposto um prédio para uma das cotas mais baixas do terreno, a fim de que o impacto vertical do prédio não seja tão visível. São três pés direito e, considerando que as árvores mais próximas são o Pau Ferro e ao Flamboyant (árvores de grande porte), não haverá um destaque vertical para esta edificação. Anexado ao prédio administrativo, há duas coberturas nomeadas Laje e Lona, a primeira é feita de lajes grossas de concreto escalonadas e a outra, mais leve, apenas uma cobertura com duas vigas cobertas pela lona. A proposta da cobertura escalonada é propor um percurso para os praticantes de Parcour, atividade típica dos jovens que podem frequentar o parque. Na parte mais próxima a Avenida Nações Unidas da Cobertura Lona, há uma área destinada a entrada no parque, sendo também um ponto de parada dos ônibus. A Cobertura Laje possui diversas alturas, criando várias possibilidades de permanência e escalada, a ideia é complementar o programa de lazer livre para o parque, iniciado na praça de águas.

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Figura 41 – Vista da Ciclovia e Lago com Anfiteatro, ao fundo.

O deslocamento das pistas da Avenida Nações Unidas para a cota mais alta, proporcionou certo isolamento no perímetro do parque, fazendo com que os usuários do parque se sentissem mais protegidos e que a inserção perceptiva no parque fosse facilitada, ao menos visualmente.

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Figura 42 – Proposta de Intervenção, Detalhe Entrada da Rua Antonio Garcia.

A partir do momento que os moradores do entorno perderam parte do acesso direto (um total de 9 lotes residenciais), ainda considerando a possibilidade de que o calçadão seja de livre acesso aos moradores do entorno, abriu-se a demanda de vagas de estacionamento. Assim sendo, há dois bolsões com aproximadamente 973m², resultando em 64 vagas. Buscando trazer ao parque características de acessibilidade universal, esses bolsões possuem vagas direcionadas aos deficientes físicos e ainda, no bolsão da Rua Capitão Gomes Duarte, há um acesso a um caminho acessível para o palco.

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Figura 43 – Proposta de Intervenção, Detalhe Entrada da Rua Antonio Garcia.

O trecho entre as Ruas Antonio Garcia e Silvio Marchione, foi transformado em calçadão para que os clientes dos restaurantes ali instalados e demais usuários do parque possam desfrutar de ampla área para alimentação, convívio e contemplação do parque. A ideia de acrescentar algumas partes das avenidas do entorno para o parque conversa com a necessidade de isolar os frequentadores do parque para com a dinâmica do centro urbano, proporcionando maior nível de relaxamento e descanso a quem virá para o Vitória Régia.

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Figura 44 – Proposta de Intervenção, Detalhe Complexo de Parque infantil e Praça das Águas.

No Parque Infantil, a proposta conversa com a ideia do livre brincar. Que cada criança, tenha espaço o suficiente para (individualmente ou em grupo) desenvolver a atividade que desejar e que, muitas vezes por morar em espaços reduzidos, não tem a possibilidade de criar em casa. Como apoio à ludicidade, próxima a área infantil, foram colocados diversos tipos de piso (grama, ladrilho hidráulico, pavimento intertravado e areia). Ao lado dos equipamentos de lazer infantil, há uma Praça de Águas, que sugere a livre utilização, sem limitação para idade ou público. Seu piso é hidráulico, com alta absorção, e a água vem da instalação de fontes e de um sistema subterrâneo de filtragem e máximo reaproveitamento da água.

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Figura 45 – Proposta de Intervenção, Detalhe Ciclovia e Calçadas.

Na cota mais alta do parque, pouca coisa foi alterada, apenas se inseriu parte da pista de caminhada e da ciclovia. Além de ser diretamente conectada com a Rua que virou calçadão.

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Figura 46 – Proposta de Intervenção, Detalhe Entrada da Avenida Nações Unidas.

A entrada do Parque, foi determinada para uma das cotas mais baixas, proporcionando maior acessibilidade e que os pedestres, privilegiados pelo projeto pudessem entrar no parque em uma área convidativa e escolher o programa que desejassem utilizar. Essa entrada tem fluxos para a Área de Esportes, Lazer, Convívio e Descanso. Há uma parada de ônibus nesse ponto.

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Figura 47 – Proposta de Intervenção, Detalhe Praça de Alimentação e Academia ao ar livre.

A área de esportes, além da proposta da Quadra Poliesportiva, contém uma academia ao Ar Livre, considerando que os usuários da ciclovia e da pista de caminhada possam obter outras formas de exercícios. Além disso, há uma Pista de Skate, demanda municipal histórica.

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Figura 48 – Proposta de Intervenção, Detalhe Lateral do Anfiteatro Vitória Régia.

Grandes áreas de contemplação e permanência sob sombra, como a cobertura entre as árvores, maior proteção contra a alta incidência solar em Bauru.

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Figura 49 – Proposta de Intervenção, Detalhe Parque Infantil.

A colocação de alguns equipamentos no Parque Infantil, deu-se além de estímulo para impulsos criativos, para propiciar brincadeiras em grupo. Até mesmo os bancos, essas estruturas de seção quadrada em branco (na imagem), são ocos, permitindo a passagem para crianças menores. Os taludes, no entorno, permitem brincadeiras como escorrega. Os equipamentos são de madeira e com cordas, materiais naturais e estimulantes a percepção infantil. O próprio talude, ainda, é um espaço para que os pais possam observar sem obstáculos e mais livremente o comportamento das crianças.

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Figura 50 – Proposta de Intervenção, Detalhe Parque Infantil.

Prédio Administrativo

Praça das Águas Quadra Poliesportiva

Estacionamento

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Figura 51– Detalhe Prédio Administrativo com sanitários, administração e armazenamento dos pertences do parque e central de informações turísticas.

Cobertura Laje

Cobertura Lona

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Pisos

Detalhamentos

Deck de Madeira

Piso Hidrรกulico

Areia

Piso Intertravado

Concreto Armado

Piso Drenante Piso Drenante

Piso Drenante

Piso Drenante

Grama Esmeralda

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Vegetação

Figura 52 – Proposta de Intervenção de Vegetação no Parque Vitória Régia.

Ipê Amarelo

Sibipiruna

Quaresmeira

Flamboyant Resedá Mangueira

Jacarandá Amoreira

Sem Escala

N

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Figura 53 – Proposta de Intervenção de Vegetação no Parque Vitória Régia.

Vegetação

Palmeira Imperial Ipê Amarelo Sibipiruna Pau Ferro Quaresmeira Tipuana

Flamboyant Resedá Erythrina Muluntu Mangueira

Jacarandá

Amoreira

Sem Escala

N

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Vegetação

Para o Projeto de Vegetação, foram escolhidas as espécies, abaixo:

Flamboyant

Resedá

Erythrina Muluntu

Palmeira Imperial

Ipê Amarelo

Sibipiruna

Mangueira

Pau Ferro

Jacarandá

Quaresmeira

Amoreira

Tipuana

7 1



Tabela 1 - Vegetação

10

Frutos com alta apreciação, proporcionam a busca estes para alimentação. Além de ajudarem na sustentação da terra, segurando taludes. Altura: 5 - 12m; Origem: Exótica; Floração: Jul - Dez;

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Porte avantajado, raízes agressivas e à fragilidade de sua madeira, que é mais propícia a quebras e cupins. Aprecia o calor e a umidade tropicais, mas é capaz de tolerar o frio, pode ser plantada a sol pleno. Altura: 9 - 12m; Origem: Natural ; Local: ; Floração: Jul - Nov; Folhas: Caducifólia.

Tipuana tipu

Tipuana

Informações

Morus Nigra L.

Amoreira

Quantidade

7 2



Tabela 2 - Vegetação

8

É maravilhosa para arborização urbana, é rústica, tem floração decorativa e crescimento rápido. Raízes não agressivas e filtrando moderadamente a luz do sol. Altura: Até 15m; Origem: Exótica; Local: Todos; Floração: Ago - Nov; Folhas: Caducifólia.

12

Plantio adequado sob fiação elétrica, é uma bela árvore para o Paisagismo Urbano. Altura: 8- 12 m; Origem: Natural; Local: Calçadas e canteiro central; Floração: Dez Mar; Folhas: Semidecídua.

Tibouchina granulosa

Quaresmeira

Informações Jacarandá mimosaefolia

Jacarandá Mimoso

Quantidade

7 3



Tabela 3 - Vegetação

15

Sistema radicular superficial; atinge grandes |dimensões e produz frutos grandes que se desprendem facilmente. Altura: 15m; Origem: Exótica; Floração: Set - Nov; Folhas: Permanente.

15

Altamente ornamental e boa sombra. Porém, seus ramos são quebrados facilmente pelo vento. Planta tolerante a áreas abertas e de rápido crescimento, recomendada para recompor áreas degradadas. Altura: 12 – 28 m; Origem: Natural ; Floração: Nov - Fev; Folhas: Caducifólia.

Caesalpinia Ferrea

Pau Ferro

Informações

Mangifera Indica

Mangueira

Quantidade

7 4



Tabela 4 - Vegetação

15

Árvore ornamental, é usada para sebes, cercas-vivas, grupos vegetais arquitetônicos e arborização de ruas e avenidas. Altura: 3 - 5m; Origem: Natural; Floração: Ago - Set; Folhas: Caducifólia.

15

Proporciona grande área sombreada, mesmo com a copa não tão densa. Além de possuir belas flores, para ornamentação. Altura: 8 – 20 m; Origem: Natural; Floração: Set Out; Folhas: Semidecídua.

Caesalpinia peltophoroides

Sibipiruna

Informações

Erythrina speciosa

Erythrina Mulungu

Quantidade

7 5



Tabela 5 - Vegetação

15

Pode ser plantada sob a rede elétrica e sol pleno. É altamente ornamental. Aparência bastante rústica. É resistente à poluição urbana, Altura: 3-5 m; Origem: Exóticas; Local: Calçadas Largas; Floração: Nov Fev; Folhas: caducifólia.

4

Utilizada no paisagismo em geral, mesmo com a total ausência das folhas entre Julho e Setembro. É útil para plantio em áreas degradadas, como Áreas de Preservação Permanente. Altura: 6 - 16 m; Origem: Natural; Local: Calçadas e canteiro central; Floração: Jul - Set; Folhas: Decídua.

Tabebuia ochracea

Ipê Amarelo

Informações

Lagerstroemia indica L.

Resedá

Quantidade

7 6



Tabela 6 - Vegetação

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Sistema radicular agressivo e vigoroso e apresenta raízes tabulares (superficiais). Altura: até 15 m; Origem: exótica; Local: parques e grandes espaços; Floração: Out Dez; Folhas: Caducifólia.

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É solitária, robusta e alta. Árvore de grande efeito paisagístico, um símbolo aristocrático na literatura nacional. Altura: 18 e 45 m; Origem: Exótica; Local: Canteiros centrais e/ou Calçadas; Floração: Set-Nov;

Roystonea oleracea

Palmeira Imperial

Informações

Delonix regia

Flamboyant

Quantidade

7 7



Como Bauman (2000) afirma, a utopia da harmonia na convivência no meio urbano foi reduzida ao contato com os vizinhos mais próximos. Atualmente, mesmo as áreas de convívio público com grandes dimensões não suprem a demanda das cidades por espaço. Promover um meio urbano mais “civil” pode criar na população das cidades uma identidade com este espaço e assim promover uma apropriação adequada dessas estruturas. Admitir a postura do pertencimento ao espaço público também poderia permitir a preservação do mesmo. Uma relação de identidade com esses espaços, porém, não falta apenas aos Bauruenses. O Homem Contemporâneo, que tem se reduzido a habitar, circular, consumir e trabalhar não vê mais as áreas públicas como lugares de convivência.

Dentre as peculiaridades do cotidiano nas cidades em expansão, a convivência no espaço público tornou-se algo supérfluo para aqueles que não reservam tempo para um lazer compartilhado e veem no espaço aberto um ambiente frágil e inseguro.

Considerações Finais

A jovem formação de Bauru não lhe tira esse caráter de Cidade Modernista e a influência ideológica do Arquiteto Jurandyr Bueno Filho, também contribui para a existência de áreas que, com o tempo, se (des)qualificaram de vivência. Uma nova interpretação e um redesenho dos entornos do parque pode potencializar a vivência neste sem necessitar a intervenção mais profunda no desenho da área original do projeto e, basicamente, reduzir alguns dos problemas relacionados ao uso do parque. Na forma original, a proposta é alterar apenas o necessário para a

preservação natural e pontos da acessibilidade universal. Hoje em dia o principal uso do parque é o de espaço para grandes apresentações musicais, contudo, a instalação do vizinho Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, demanda novos programas para o parque já que essas apresentações terão que ser encaminhadas para outras áreas. A partir da localização estratégica do parque, da facilidade de acesso para o público em geral, foram avaliadas as demandas e instaladas áreas de lazer (sem limitação de público),

de esporte coletivo e individual, de convívio, de alimentação e de contemplação, além do Centro de Informações Turísticas, que deverá atender aos hóspedes dos hotéis mais próximos do parque e demais visitantes da cidade.

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BAUMAN, Z. Modernidade Líquida, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001. CAMPOS, O. G. M. Limiar entre espaço públço de consumo, Trabalho Final de Graduação, FAAC- Unesp Bauru, 2010.

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FRANCO, M. de A. R, Planejamento Ambiental para a Cidade Sustentável,São Paulo, Annablume, 2001. KAIMOTI, N. L. de A. Paisagens vivenciadas: apropriações públicas dos Fundos de Vale e sistema de espaços livres. Estudo de caso no Município de Bauru-SP., dissertação de Mestrado, FAU-USP, São Paulo, 2009.

LYNCH, K. A imagem da cidade, São Paulo, Martins Fontes, 1980. MAGNOLI, Miranda. Espaços livres e urbanização.Tese (Livre-docência) – FAUUSP, São Paulo, 1982. MIRANDA, Magnoli. Ambiente, Espaço, Paisagem, Artigo, São Paulo, 1987. MONGIN, O. A Condição Urbana – Na Era da Globalização,São Paulo, Estação Liberdade, 2009.

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