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A FACA E O QUEIJO NA Mテグ Revisテ」o: Luiz Antonio de Souza Jr
ツョ paulo vitor grossi, 2011
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Uma novela pequena de
paulo vitor grossi
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Mas o homem que vem de cruzar de novo a porta da muralha jamais será igual ao que partira para essa viagem. Será, daí por diante, mais sábio, embora menos arraigado em suas convicções, mais feliz, ainda que menos satisfeito consigo mesmo, mais humilde em concordar com a própria ignorância, embora esteja em melhores condições para compreender a afinidade entre as palavras e coisas, entre o raciocínio sistemático e o insondável mistério que ele procura, sempre em vão, compreender. (As Portas da Percepção, Aldous Huxley). – Não há uma única mulher – declarou Eumolpo –, por mais fria que seja, que uma nova paixão não possa levar aos maiores excessos. Para provar o que digo, não é preciso recorrer às antigas tragédias, citar nomes famosos dos séculos passados. Para provar-lhes, contar-vos-ei um episódio ocorrido em nossos dias. (Satíricon, Petrônio).
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Uma mulher. Um homem. Ou os dois liquidificados! Duas histórias para dois humanos em lados opostos. Cada qual, seu capítulo. Julia, Horizontal e “O Velho”, Vertical. Está o universo inteiro – deles - em jogo, em xeque, espiando, sorrindo e questionando. “Como eu faria para ligá-los???”, pergunta-se o ser que atende pelo nome de Folgato, cuja influência sobre as pobres personagens move sua própria rasura. Talvez onde estejam isso seja normal, ou não! Tudo bem, peço que supere o fato de não haver maturidade ao par em questão. Não se assuste com o teor narcisista, deve ser coisa de época! Seja você também um aventureiro da mente. E “boa sorte”.
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PARTE PRIMEIRA
“Abandonar o homem a seu destino opaco” (André Breton)
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CAPÍTULO 1: “Fase salgada: Vinho e Podrões”
“Oh! Mas que pena que não se possa viver apenas esfregando a barriga!” (Diógenes de Sínope)
“O Velho” chega. Huuu, o velho viciado em saídas. Nem se assusta, volta para casa, a eterna segurança... sóbria. Vagou pela noite fria do final de julho, pálida e com neblina. Ahhh, uma cascata de visões e poucas pessoas no sereno ressoar. Veio de bicicleta e, nesse percurso, viu um sapo – ou rã, sei lá, cara – que tava morto e virou casca no asfalto, pra depois ser visto como documento de chão há algum tempo desconhecido. Foi o que ele classificou nessa noite de aparições. Em casa, a TV tá ligada, mas ele nem presta atenção. Também um colchão surrado ao lado e a sala vazia. Prepara um hambúrguer com queijo e maionese excessiva. Deita pra comer e descansar de nada. Tava bom, e é o começo: pega o vinho barato de R$ 3,49 na geladeira. Ferrugem não o atrapalha. E bebe um gole, outro, outro e deita no colchão. Desliza pela fadiga e noite extasiante: é a vida, o andar, nada de emprego. São as relações. É o início, em plena quintafeira. Sente o ócio controlado. Era pra sair novamente? Tava ficando paranóico. Ele também era um gato comum das ruas, um transmissor da hora – cheio de resina de tartaruga? Na pele? Não. Ele já foi período, agora é deslocamento e liberdade sem namoro. Ele dá uma pausa, olha para frente. Pausa e pensa: − O que estou dizendo em terceira pessoa? Sou eu mesmo aqui. Pííí!! ***, que mané. Meus pensamentos fluem em rios... E assim vou contar as coisas! Sou O Velho. Tempo de natureza, guerra. Uma melodia MPB/rock salta aos meus olvidos. Em cada nota, uma mensagem! Assalto sem armas, sinfonia de desilusões com o mundo, reação coletiva, corpo, reflexões, obra natural e a história dum homem. Peça e apresentação porca – 7
em quem me inspiro? A contemplação foi antiga... tudo sonho, e termina. Alô! Boa noite e até amanhã. Lá vem o Gordo! Carrega a televisão nas costas. Melhor tirar da tomada direto, claro. Adiós, jornal página de vida, amizade, comercial de TV. Pô, o meu hamster antes de morrer roeu alguns botões do controle remoto. Como posso trocar de canal? Tédio sovino. Foge, ratinho... O ratinho fugia. Talvez eu te mate. Ainda que desta vez não tenha rolado, não voltou... devo oferecer-lhe vela? É meu convidado ou não? Correria pra cozinha: sou um ator não desenvolvido. Onde estão meus papéis? Na fome, no tabaco. Fumaça densa. Larguei o cigarro, fumo esse tal fumo pra cachimbo. Faço meus cigarrinhos com eles, mas não trago. É uma opção. Desgosto depara-se ao fim de noite. A cor é bronze. Ele é culto demais. Daí estraga, meus caros. O pôr-do-sol emburrou! A cara descabelada. Minha cara. “O que não diz no anterior, fosso aqui”: traição!... traição, lua brilhante, sol brilhante... e a lua brilhante para os queridos corpo e alma... Um som sem escutar. O pôr do sol emburrou! Dormir, vinho pra dormir. Sonho pra sonhar.
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CAPÍTULO 2: “Uma data no espaço e algo novo:” “Eu não era culpada, mas sinto que vou morrer criminosa.” (Astarté) “considerou então os homens como eles na realidade são, insetos devorando-se uns aos outros num átomo de lama.” (Zadig) “Tudo é perigoso neste mundo, e tudo é necessário.” “Eremita” Do livro Zadig ou O destino (Voltaire) Menti, confesso, aumentei a história!! Ler não é criar uma expectativa? Qual o porquê de se escrever este livro? Resposta pessoal: coisa de mulher interativa... E meu nome é Julia! Cá mostrando um livro sobre uma Julia que não existe mais totalmente – eu nem existo! Sou pura ficção da minha própria cabeça moderninha. Mas ando aqui, apresentando-me esmagando dedinhos: literária e nem um pouco conceitual – de lado com os esquemas escritivos. É minha vida, meu lado pessoal, meu olhar para dentro, por eu mesma, já que a desordem me atrai; minha intimidade jogada ao vento: sou muito mais mulher do que tantas piratas por aí. Não preciso, ué... nem tenho disponibilidade para ficar enriquecendo muito. Não sou nenhuma profissional. Só vou falar o necessário, aquilo que veio do jeito bobo que é. Percebam: analisar é bom, surpreender é interessante. Sei que poderia dar alguns caminhos. Contudo, deixar pistas é mais revelador. Sei que vou largar muitos fatos, pessoas etc. de lado, mas isso é normal. São acidentes do subconsciente – quem liga pra tanto? É história, é impressão, é biografia, é cotidiano e mentalidade. E depois é a concentração bastarda, nada do que disse fiz... Espalho Julia em várias formas e ações: uma mulher tentando abraçar o mundo, e ele é claro e vazio... Como um rio, tem dificuldades. É história, é narração de momento. No canto, entre quatro paredes sujas à base de seduções e psicotrópicos! É pelo silêncio dos intervalos de fluxo mental seguido do
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jorrar-composição que desenvolvo. Daí vem. Dançar sobre mim? É desejo, é tratamento; escrevo. Um dia alguém vai ver ou ouvir: as cartas de amor rasgadas e picadas em pedacinhos que foram jogadas no bolso; roubos, furtos, mentiras, reflexos, hábitos litigiosos, adolescência. Às vezes, muitas vezes, roubo e minto coisas imateriais, mas porque é boa a adrenalina nas minhas veias moças. É... de propósito. Julgar as pessoas, autocrítica, perfeccionismo, mau humor, autoritarismo etc... “Ela é realista demais. Ela é frágil e tácita”, diziam. Tácita? Não pode ser real. Mas escondo, secreta, senhora de mim, pois tenho coisas a dizer, e as acho demasiado relevantes, fortes, feministas... Não pensem que eu sou esquisita ou má pessoa. Muito pelo contrário, sou apenas sincera e emotiva. Adoro a vida e novos ares. Sou simples, mais do que pensam. Apenas pensativa demais – um óleo entre dedos me surpreendendo. Minhas juntas renovadas: penso, vivo. Amante em todos. Julia conflituosa, louca pelo jeitão “Clarice escritora”, e não escondo... Quem é que pode me proibir? Deus na figura dum homem ou um homem na figura de um deus? Não adianta proibir o instrumento. A curiosidade e a teimosia humana fazem mostrar o contrário, como uma criança, e crianças precisam de uma estrutura familiar positiva para se tornarem adultos sem problemas. Mas vem a adolescência e aí... Desculpem-me, crianças. Desculpem-me, adolescentes, não é pra atingir ninguém. Desculpa? Os sonhos da juventude devem ser cultivados e concretizados enquanto há tempo, porque quando se é adulta eles não voltam... Sim... porque já foram esquecidos. Por isso, tento dizer tudo agora. Por isso, os dualismos. É necessário. No final das contas, humana demais. É da minha natureza ser assim tão Julia – contudo já sei que “Egoísmo” é coisa da essência de nós, humanos sedentos por carne, devendo este mesmo “Egoísmo” ser controlado e subjugado o mais rapidamente. Também não é só atual ser dramática. Tudo, sim, deve deixar de ser tabu. Eu sou jovem, sinto isso. Posso o Cosmos! Nesta continuação de algo, estou realmente suada. Converso comigo. E chego à conclusão de que não vou ser uma cadelinha, porque não tenho mais limite – este foi o último desjejum do tipo sociedade/família.
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Ainda suada – muito mesmo! E meu cérebro? Nossa, neste negócio já vou pra me explodir, de modo que dito minhas regras e até parei de pensar nas roupas de gola branca e casa mobiliada. Vou ter poucas coisas, intensamente suada. Serei a vergonha da sociedade em pessoa! Por exemplo: comer com colher e cuspir na mesa do patrão enquanto digo “me demito!”. E ter uma sanidade inventada, fazer tudo que anseio dar certo, como planejei, como é pra ser. Já vejo até no meu delírio a sala branca e a mulher que era pra parecer... Eis que vejo também que sou pura ânsia de liberdade, de ser arredia, feminista, machista, mas um pouco sólida. Quero conforto emocional suprível, e inalcançável é minha organização. Ser a imagem num filme que admiro e minha consciência num livro que me identifico. Afundo minha cara de Julia em mim e em mais ninguém. Voltei ao meu tempo, agora e nexo. Tudo nestas folhas de caderno são impressões, e a gaveta é muito restrita, não acham? “Ei, barbudos? Quem são estas pessoas em trajes? É, trajes!! Ah, não... não traga, hômi! Cansei de acreditar que ser normal é tão irreal.” Não? Não é isso que quero. Basta de balas na cabeça. Já fui torturada de verdade de outras formas, mesmo assim... Abri minha mente! Abri minha mente! Abri minha mente, e para outro alguém. Me soltei. Os cabelos numa estrada sem volta. Aqui vai, aqui foi! Ah, sim.
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CAPÍTULO 3: “É belo feio, mesmo!” É belo feio, mesmo! Sorte, sorte! Não é? E acordo pesado, torto, morto, fedido, gosmento na boca, bafento, feio e fraco. Tudo normal, como parece. Mas é lindo. Bela, a vida. Além de tudo – aliás, corrigindo-me, é uma comédia, a vida –, eu sou sortudo. Sempre lembro que sou sortudo. Isso mesmo, cara... Por quê? Eu ganhei na loteria! Há três anos eu fui um felizardo que enriqueceu da noite pro dia ou dia pra noite, não lembro. Só de sacanagem, por bobeira, comprei, apostei no escuro. Comprei dois apartamentos e vivo de aluguéis... Como posso ser triste? Eu era um simples vintepoucosanos atolado em dívidas!! Agora, incrivelmente feliz. Jesus sorriu pra mim! Isso, sim, é alegria: a vida eterna fácil. Já poderia ser ateu! Já consegui. Agora posso rir tranquilamente. Mãos nos bolsos, meia no pé, e tomar café na padaria. Não preciso de estresse. Caraca, do que posso reclamar? E, além de tudo, meu lar infantil desapareceu... Tudo, tudo resolvido, tudo, tudo fácil! Bom dia! Eu já tava esperando por isso há muito tempo. Daqui não saio. Mesmo que fale sozinho, mas nem tem problema, né!? Miro ao lado um livro novo da biblioteca. História interessante: vida cotidiana estraçalhada por assassinato escatológico. O livro me dá uma condição. Leio na cama, deitado. Como biscoitos. Tento inchar. Tarde quente. Ventilador em cima de mim. Será que ficarei barrigudo? No livro há a sensação do definhar, do podre no humano. Eu sou isso? Ããn!? Qual foi! Não devo nada a ninguém. Sou artesanal e registrado. Bem servido agora. Tem... é... deixa eu ver... Pão, queijo, salsicha frita, catechupi, mostarda, maionese e a carne: suculento esse hambúrguer – Mas o que curto é o queijo, ahhh... hum... comedor de hambúrguer noturno! Quando saio de casa, é o podrão e/ou cachorro-quente com coca. Morte lenta e deliciosa. Aleluia! Bom apetite, crianças. A fita K7 vai escorregar do som. Salve a noite solitária e a mão engordurada. Pança cheia. Sento e só posso rir das reticências. “Noites vampíricas” em que olho o horizonte... Mais
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exatamente vampírico/cachaçador. E DAÍ! Ahhhhh, que ressaca agradável, que só se cura com outro porre... Senhor do meu destino, teimoso em admitir que é obsessão por nada. Se alguém tentar telefonar, eu saio. Se não, vou me afundar em gravações antigas, memórias culturais. Estoque lotado. Demorou! Vou morgar até perder o saco com a TV. Então, fujo novamente sem ninguém ver – bem servido agora. Resmungo sem fim??? Prato vazio, bateria esporrenta na minha cabeça. Fiquei mecânico, virei uma fábrica? Vinho pra dormir, quem sabe quem! Cooperativa, coletivo pra driblar a agonia. Hoje vou tomar banho, 3 dias já se passaram sem eu notar. Calmos. Calados. Quem deveria organizar tudo? Na prática é diferente: não consigo. Com a ajuda dos amigos, eu vou conseguir? Que amigos? Nem Zaratustra conseguiu, enquanto também o leio... Talvez Grenouille, para ser mais perfeccionista. Merda, virei um mendigo reclamão, resmungando bêbado pro vazio, pedinte na frente do Banco desse Brasil, até trago mais tipos desses, todos fodidos pela causa! E vocês aí. Por quê?? Não queria sentir saudade do emblemático Bar. Muito menos do fracasso daquelas pessoas encostadas, ou a cerveja mais barata com meus antigos amigos. Ou relembrar o Sinucão. É tão difícil. Mas adoro as sensações envolvidas. Boas lembranças guardadas. Novas sensações. E se subisse o Esqueleto? – Pra quem não sabe, era um prédio abandonado invadido por vagabundos de todo tipo! Lá em cima, poderia procurar por um tipinho chamado “russo”, mas sem letra maiúscula. Será que ele ainda tá vivo? O prédio já era, a tia vazou, a Lapa se foi. A segurança é turística. E Boemia também foi para o beleléu. Jesus habita filmes e bilhões de Assembleias de Deus por todos os cantos das ruas novas da urbanização tardia carioca. Ciganos não existem aqui. É o poder, M das grandes. Quantas lembranças... desde a cachaça de R$ 0,50, até os dias de hoje. Impunidade pelas ruelas. É uma pena que vivo tão em casa, e da MORAL todo o mundo já falou mal. Os remédios têm me viciado. Tudo me vicia pra segurar o tranco. Barbitúricos, não encontro. Adjacências dão um aliviozinho. Multidão sem casa na minha mente. Aspirador de Pó de Dedetizador? Bela referência... Hoje tem pouca coisa. Não é que misturei tudo no liquidificador?! Mas vou tocar tudo na base da fé no álcool em si, róliudi vermelho, vinho pra dormir. São
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tempos difíceis. Onde tá o passado? Jovem ainda? Quem é meu pai? Meu nome tem que ser esse mesmo? “O Velho”. Eu sou “O Velho” ainda. Aliso a barriga. Tudo vira poesia. “E a noite toda me surpreendeu, fechada em seu egoísmo surdo e tenebroso”. Cadê Folgato nestas horas???
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CAPÍTULO 4: ““Onde “Maria” vive”” Mulher a... Botar tudo pra fora! É difícil, mas gratificante. Depois prazeroso. Sei, é preciso vender a si até render. Não há como, nesta nossa época, fazer ou produzir extravagâncias literárias sem um movimento, sem um apoio. Mas tenho uma cara na moral, posso tirar umas fotocas! Nunca disseram que sou das que assustam. Bem... Sozinha, eu tenho que ser VISÍVEL – digo na voz de uma que está para, por exemplo, declamar seus poemas em praça pública... mas odeio o fato. E não vou fazer. Sou uma aprendiz, um “Quadro de Curiosidades ou você sabia?”. Mas geralmente o que escrevo é pequeno (não gosto de alongar algo em que posso me expressar por algumas linhas e o sentido multiplicar-se). Porém, não é Sócrates o meu mestre, então, vocês que deem um jeito de ligar as partes e achar sentido... Assim como ela: “Maria”. Vou falar de “Maria” – quase esqueço! (...). Maria é uma situação, um grupo de pessoas. Onde é que mora a sua Maria, heim? Quem é o óbvio nesse algo/alguém? Ela, a “Maria”, tem a ver comigo e como pode-se perder às vezes – uma personagem meio fictícia, irada, morta de visões. Maria também era eu, sem rumo e num lugar estranho. Achava que não tinha casa, pois morava com avós. Maria são pessoas perdidas. Se acharem esquisito, não liguem. Acudam as marias desse mundo! Vão ver que tem a ver com o próximo capítulo. Há também que falar do nome de menina: Maria. Não era nada, somente isso. Nem precisavam discutir, ou procurar soluções em estupidezes. Lálálá, heiiei, ohoh... huhuuu. Por que nunca olham os próprios narizes? O problema de ser uma Maria era a timidez daquela época. Meu único problema era timidez. E se tinha esse problema, quem diz nem sabe o porquê de se explicar. Mas o que digo é que meu único problema era timidez, pois tinha um nome de menina, nas atitudes de mulher. Qual nome disso? Ah, precisa dizer? Onde a Julia/Maria viveria? Onde vivo, droga? Onde me largaram? E quanto a ela? Ela vive nas ruas. Ela sente fome e raiva. E quando aquele garoto rico jogou lixo nela, sentiu-se como se realmente fosse aquela sujeira. Vive num lugar onde quase não há sinal de liberdade, igualdade
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ou fraternidade. No seu coração, Maria é tomada por seus ódios sociais e preconceitos raciais. Onde Maria vive? Oh, Maria... Oh, é por todo lado. A inibição, a vergonha e o sentimento de inferioridade são fundamentos da sua vida. Vive? Oh, Maria! Ah, querida. E num raro ato de desespero e/ou alívio, cortei meus cabelos, que antes eram longos até os ombros e castanhos, bem curtos agora, como Elis em seu auge. Aqui em casa ouço suas interpretações e também a vejo em lindas canções repetidamente direto do aparelho de som. Brindo ao meu vigésimo aniversário: sozinha e desconfiada da vida. Mas não me importo, é como deve ser uma pedra. Não posso aceitar perder! É uma guerra, dura, tenho minhas armas, tenho uma pistola pregada na parte de dentro da perna. Tenho belas saias sexy! Acham isso ruim? Quais juízes escolher? Vocês se perguntaram por que falei da “Maria”, certo? É só pra ilustrar, queridinhos. Acontece que essa tal é como eu, um exemplo. Bom, ainda sou Julia, e digo: é impressionante como um só dia pode conter e acarretar tantos fatos relevantes e rumos – quiçá ir-relevantes.
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CAPÍTULO 5: “O Bar Código” Muitas vezes, típica segunda-feira. Segunda-feira. Velho velando! Dia de ninguém. Ócio puro. Corpo cansado. Saliva de cigarro. Desânimo. Ontem dei uma passada no Bar Código, pra ver umas bandas de rock alternativo. Achei legal. Mais ou menos: é, na verdade, nada disso me empolga, pô. Mas a cerva e todo o resto de pinga chique e lanche de batata frita com calda de queijo amarelo era caríssimo pros meus padrões que provêm de baixo da cadeia alimentar. E mesmo que estivesse com a grana, não daria pra eles. Peguei uma Ráinequen, R$ 3,50 – fazer o que, não tinha Brama! E sentei no balcão. Ouvia o som das apresentações. Me inclino no balcão. O Barman resmunga que a guitarra do moleque tá alta pacas. Se o Barman em sua fastidiosa rotina enfurnada, se soubesse como o Rock incipiente, roqueando ali, atentando ao pudor, é mágico! Se! Ou recebendo seus sopapos harmônicos, microfonando de peculiar tom. Meu caro Barman, a guitarra mostra o caminho. As alminhas é que se auto convidam, conduzindo-se ao matadouro de hienas de todas as caras. Porém, é mesmo, é som frio demais prum domingo cinza e chuvoso – por que eles não fazem algo diferente? Por que não misturam COM BRASILIDADES? PODEM VISUALIZAR QUE PERFEITA UNIÃO?? Essa segunda não é muito diferente. É necessário recolher-me em significância. Contudo, sigo de meias pretas com furo no dedão, bermudinha e casaco. Tosco. É que vivo como peregrino caseiro. A ir preparar um ratão-de-casa. O colchão me espera seguido dos quadrinhos ao lado. Nem eu me entendo, cara! O dia será longo, mas tenho livros. Tô com tempo de sobra! Olho a parede, penso. Olho ao redor, reflito. É minha folga, sabe – que piada horrível!! O vinho da geladeira tá no fim. À tarde tem VHS que aluguei dez anos atrás. Depois... Noite é só vadiagem. Oh, a rima é tão selvagem... Acho a sa-í-da. Muita mosca em casa. Pano de chão cheio de terra. Tênis mofado pela água da chuva ao lado da porta. Batata palha. A geladeira tá triste. A música de fundo é do extremo norte de uma América nocauteada. Mas é a realidade.
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Folgato ainda não voltou. Os insetos e as sombras se alastram – ele me ajudaria, ah claro! Meu amigo perdido. Jornal Hoje. É preciso lavar o sanitário e botar as toalhas pra secar. Limpar a pia e jogar o lixo fora fica pra mais tarde. Pooooxa. Por que essas paradas simplesmente não saem voando e dão um pluft e evaporam?? Hoje tentarei matar COTIDIANO. Ele me assola como peste. Mas primeiro vou espantar os demônios do dia: as moscas, antes da saída! Horas depois, vento na cara. Orelha gelada. Borda do jeans molhada. Jaqueta. Mãos nos bolsos. Guarda-chuva encaixado na alça da mochila. Cara anestesiada e repentina. Espera. Parado. Imóvel e olhando ao redor. Ao que seria tua tia da Salvação, pede. Espere e sim. Ruas úmidas, escombros, casas fechadas. Verde escuro nas árvores. Poças d’água. Fumaça do cigarro como um rastro. Neblina à frente. Carros passando com os vidros fumê fechados. Cochichos. Passos meus. Eu tava esperando meu cara. Toca o orelhão, o fone, fora do gancho. Onde tá o asfalto? Aspirinas pra minha cabeça latejante. Passos fora de compasso. É a música da minha situação!! Rotina, saí de casa em pedaços. Ao lado, uma árvore seca, árvore que racha o chão. Pichação no Rio de Janeiro. Bar. Esquina. As velhinhas me olharam mijar. O cão abaixou a cabeça. Ninguém viu, ninguém vê. Caminho. A avenida é larga. Profunda. O final é branco. Toda a cidadela é estria e erosão. Beco escuro. Ratinhos. Casa. Escadas e um novo amanhecer. Eu sou umidade. Ela veio. Eu sou um, voltei. Mas espera, espera, espera, espera: susto! Um carro passa voado! Nada... ufa... era outra carruagem morta, indo. Tudo bem, ainda não era. Fictícia não é mais a entrada. É a Rua Santo. A fachada da casa tá ensopada de letrinhas. Entro. Traáácq! (Triinlilin) −Caiu o prato! −Que coisa, toda hora... Deixa que eu apanho. −Chega logo ô, toma teu troço – rosnou-se o Traficante. −Ah, já vou... – Digo eu, largando as outras “especiarias” para 18
conferir as novidades! Escuro. Profunda lerdeza. Um zumbido anuncia que se eu não impuser um limite, já era. Dou uma gargalhada gordurosa de louco. Que bobeira fútil. Eu sou tudo aqui. Mas, mas. Meus amigos já morreram antes de mim. Que bom que nunca me desesperei. “Valeu, doido! Te ligo na próxima”, digo ao tal comerciante ilegal, figura em extinção. Tremedeira Sandinista, por que não se cala!? Recorda que a volta é demorada. Imbecil sarjeta e paranoia. Huuuuuu.... a Ooonda! “Tua mãe vai chegar”, ouvi. “Fedeu!”, disse rápido! Tô doidão. Coração na mão e memórias. Um arriba doutro, mais e mais. Hoje eu não tenho limites. Ergo o dedo! Alto, alto, alto!!
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CAPÍTULO 6: “E mulheres retratadas...” Alguém me disse: “Pra Julia, um recado: consorte, apenas por sorte ei de esquecer que já li o livro que me deu. E apenas por esporte, Julia, não volta”. Mas esse “alguém” era alguém significante: uma mulher, ah, sim, uma mulher. Seu nome seria irrelevante dizer, já que vocês não a conhecem e eu tenho um pouco de receio. Mas o fato é que ela me deixou triste algumas vezes, e algumas dessas estão embaixo de mim, em subdividadas partes desordenadas das letras, sempre prontos para recordar. “Hoje ia prepará-la um jantar à luz de cinema e flores secas daquela loja, te botar na parede, porque continua a mesma de quem fiquei com raiva, mas teu pouco esforço pra conosco me fez deixá-la a sós. Ainda gosto disso, mas sei muito bem viver longe daqui. O que vai acontecer, então? É totalmente imprevisível. Quase como ser uma anti-heroína você, e eu a vilã. Hoje é um dia de decisão, pois agora que refleti já não tenho o que temer nem perder de você. E este cabelo, agora, é meu mesmo. A influência passou, como o dia. Quando estiver derretendo de verdade e começar a apodrecer, vou te perguntar se é verdade ou mentira, paixão ou ilusão, hora ou ano? Já não tenho o que perder, agora que sei o que sou. Quero e faço à imagem. Sou minha princesa e, se me tem como amiga, te quero longe. Ontem e hoje, ah. E sobre esta água de piscina, à mão de caneta amostra grátis, declaro: vou ser uma dessas rainhas! Já vi o ruim e caminho sobre o inventado bom. Já este e o mais estrelado dos céus e já sem lua minguante sobre guarda-sol enchendo d’água. É a confirmação das “Noites estreladas, estrelas cadentes e insônia”. Visto a armadura de pássaro sem casa, na cultura; e quando varrer escritório dos outros, serei reconhecida; dita por ruim e palavras lembradas. Terei um canto sem esse calor e poderei usar várias roupas sobrepostas como uma Judas-Gato-de-Botas. Vem e vai, ziguezague... Ganhei um chaveiro de bronze e uma conta bancária. Mas e as despesas? Sim, sim, sim... Há luz, que de longe é mimada, peixinhos de espécies diversas, pia com restos de
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almoço, mosquitos e sopas do governo, mas também há uma mulher com seu “eu lírico” inquieto: que vem e vai, ziguezigue... É assim... Ganhei um chaveiro de bronze e uma conta bancária, amiga. Mas e as despesas sem norte? Sim, sim, sim, e elas, como as pagarei? Uma tira de lã escreve no ar o nome de mulher numa camisa verde. É (a camisa) em forma de tira... Essa camisa tinha furos que foram drenados pelos traçados contornos “x”, que, aliás, não foi dito, era verde também, mas tinha uma coloração clara e fina em seus traços pequenos. Depois do transcrito na camisa, essa tornou-se nova: tinha beleza de vitrine. Tudo mais que lhe faltava era um toque de artista da próxima dona – diga-se de passagem que ficou linda, mesmo já gasta e com bolinhas de algodão. Ela tinha uma nova apresentação, ainda que mesma cara, mesmo cheiro. Por que, então, te deixaram assim? É distinta! Já pode ser vendida! E no mostruário vai estar escrito: “– Se for confortável, esteja disponível”. Mas em outra loja terá o seguinte aviso: “– Vida a objetos inanimados. Preço justo!” O subconsciente pôs uma etiqueta ruim na tua estampa, cara: CAMISA NOVA, e impôs: “– Produza, faça mais desse tecido modificado”. Mas eu comparo: o tempo é longo – cheio de surpresas a lápis. A primeira vez que te vi (Desculpe, mas tinha que contar este episódio, mesmo ainda estando triste): Estava quente. Você... Ficou umedecida e me molhou os olhos e dedos. Ouvi a música lenta e deslizei como uma menina agradecida... Seu gosto salgado – e pouco azedo – grudou no meu cérebro, tanto que meus cabelos tiverem de ser lavados. Tudo virava macio e anestesiado, mas ela só me usou e testou até mandar embora, com fome, ah, querida folha de papel/mulher. Minhas pernas paradas, você contra mim, beijou, e, suas pernas também... Ainda está em mim, e ela sabe quando reclama, chora, faz tudo voltar, mas não vou te ajudar. É como o óleo entre dedos... só sentimentalismo. Srta. Larissa. Viram? Está bom para alguém? Me condenem. Esse é o nome. E... apesar da vida curta, ela já foi muita coisa pra muita gente diferente. Às vezes, ela mesma não sabe o que é ou quem
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é. Sentindo-se diferente, tenta lembrar o que aconteceu, mas apenas sabe que procurava algo – todos nós sabemos o que é. Por quanto tempo ela ficou cega? “As trevas” a cercaram, envolveram-na, cresceram dentro dela, tavam sobre ela. Tudo o que foi repugnante, peças e ação. Só então, neste momento frio e cotidiano, é que ela viu a verdade do instinto – sempre esteve lá, mas ela não tinha percebido. Sempre disseram a ela que desafinava, que não se importava com droga nenhuma. Por que aquela escuridão interferiu em sua vida tanto tempo? Todos nós sabemos o porquê. Ela desejava isso – validava sua existência. Bruxas e gritos, feitiços, quanta besteirada: “– Não se importa com nada nem conosco, né”. Roupas pretas e botas com salto de agulhas, usa e nos usa. Nossa, como poderia ter sido boa pra você, querida. Eu quero sexo bom em tu. Lari, Larissa, ah porcaria! Como repito essa bomba de nome! O que você vai me dar, além de munição para aniquilar ex-marido? Larissa, a mulher sozinha. Pensa e anda pra lá e pra cá. A sua mulher, separada, mas não só, vivendo ali num novo ângulo. Dessa forma, fica fácil trocar de vida: sair da rua, da velha rua, agora molhada pela chuva desta estação. Tantas por aí, personagens das ruas... De pinguças de bares noturnos a mães como as nossas, todas olham as alternativas. Menos essa. Peço que repare por trás do palco: ele está limpo, mas também há alguma sujeira. É relativo: tantos cérebros não aproveitados passaram por ali. E tu? Fica sozinha, minha querida. Te amo tanto para que fique dessa maneira. Tudo está se modificando. É melhor ficar só. Sei que prefere a mesma companhia, normal, cotidiana, não tiro a sua razão. Porém… Tenta algo tipo... viajar! Muito fazem. Viaja para uma praia linda, tranquila, azul, doce, sono, amor... de mulher, casinha aconchegante, tudo pra tu... E manda a conta da água de coco! Não vai estar só, é a solução, vai mudar sua vida. Eu juro. Leitura, escrita, fala... tudo na aprendizagem – e o mais difícil neste percurso é a audição. Não é vazio tudo o que digo; o que digo, é da mais pura sinceridade infantil descoberta – posso me orgulhar dessa qualidade. Se eu escrevi (muito disso aqui), escrevi por tu, Lari.
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Amei isso aí desde o dia do nosso carnaval a três, antes de tu gostar de crianças, antes de ter e largar o marido travesso. Quem sabe o porquê de haver química entre os corpos? Olha, eu gosto dela e acabou, fim de papo. ” Não resisto. Nestes últimos parágrafos acima disse o que poderia ter dito com uma só frase: “Venho aqui me apresentando, confundindo e escrevendo sobre saudade e aflição de estar você tão longe, fofa”. Sim, o nome é Larissa – cabelo roxo, boca rosa, óculos amarelos, pele verde. Ela é o quê?
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CAPÍTULO 7: “Pre'la” Sheila. Droga, droga. Sheila quer tremer na sexta. Eu não te amo, sapequita. Você é só tesão! Por que insiste? Não sou de ninguém. Sheila, sua idiota. Ahhh.... anjinho... Para de me procurar por aí. Tu não é Joana D’Arc! Mais parece Dalila. Sabe como a vejo? Como aquelas lendárias mulheres das histórias do Robert E. Howard. Imaginem sem a roupa da época!! Ou vestida nela, huuu! É o tipo forte, fêmea com fibra. Daí, é... mesmo assim corro atrás dela. Essa menina tem algo, dou-lhe minha colher de chá. Sempre me interessa. Então vou ao encalço, voo até seu apê. Chego na portaria: −Como assim ela não tá? −Não tá, doutô – disse Gilmar, o porteirinho. −Eu é que procuro – respondo aporrinhando. −Dá pra perceber. Deixa pra lá. Essazinha... Eu não queria tê-la na minha cozinha mesmo. Talvez seja mentira do porteirinho, às vezes acho esse cara apaixonado por ela. Por mim, pouco importa, eu não me preocupo com nada que não do meu interesse momentâneo. Nunca escondi meu egoísmo despeitado. Era só diversão. Ainda que tivesse me dado um friozinho quando consegui uma fêmea depois de tanto. Mas passa. É hora de esquecer... Querida, você foi muito rápida. Eu tou fora. Às vezes sumo por necessidade. Um tempo nos dias. Ninguém me acha. Minha fuça vai dar uma corridinha por aí. Se alguém pensar em me procurar: não tenta, não vai achar. Ninguém vê mesmo! Desligue-me a TV. Evito conversar com os outros humanos, prefiro o meu raio de ação, prefiro a desordem. Desliguem a droga da tevêêê...! Fim de Carreira, mas melhor do que cantar sozinho num videoquê em festa de criança, bêbado e abraçando uma futura tiazona baranga. Sheila me deu um toco, que fiz de errado? “Olha o que você fez!”. Dei um tiro no pé, vai ter que fugir mesmo! O mais fundo que tu puder, fofa. Foge o mais que der, é medo, eu sei. Me deu uma irritação repentina que tive que sumir no mesmo 24
momento. Sempre acontecia. Isso é que nem bipolaridade. Largueime daquele prédio! Sheila, huuu... Li e reli meus clássicos. Empilhei tantos livros em casa que parecia que montei um sebo! E como me refugiava nas impressões dos meus livros! Distrai, né?! Me leva pra fora de tudo isso... Mas não sei o que passa na tua cabeça; onde mais procuro a resposta? Caminho, para que ela saiba de saudades – se é que sim, porque com o dinheiro que recebi, pude comprar dignidade, independência, orgulho, poder. Aliás, eu podia dizer mais como aliso a barriga. Alguém desconfiaria que é uma característica minha? Hunf... Sinto um pouco de saudade das segundas e terças afins no Beco, da casa onde cresci, do barro, da chuva e do frio debaixo da coberta assistindo um filme. O dinheiro só nos isola. O Amor como museu! Súbito um morador, um sujão de nome desconhecido mas de reputação risonha aparece; ele brota loucaço! Grita que “ÉRRSSA POURRA DI CACHAÇA ÉRR pííí!!***!”. E quebra a garrafa. Destrói com a mesma determinação dum Olímpico! Cacetada! Gostaria de saber o nome!! O barulho da pinga estilhaçando no chão é incrível, um TRRRRÁÁÁÁ LINININN!! Sabem? Digam o que quiserem, mas é uma autopunição. Do mendigo, o deleite próprio mais uma vez, do símbolo que é, do Homem, enfim, em si. É a vida. Outra vez. Claro que alguém comeu a carne e sangue e tripas desse ser. Desastroso episódio desde o primeiro dia após as vitórias. Tranquilizantes e álcool, botecos e calçadas, a finitude do dinheiro sugando ao fundo, pedindo mais cachaça, zerando opinião, vontade, forma. Acabou seco o cara, e sua garrafa também, estraçalhados aí. Eu rio, mas logo serão os que o riso acabará lágrima/e dor de cabeça! São todos os “artistas”, “vagabundos”/“parasitas” dessa cidade Rio de Janeiro/ Centro. Becos escuros/ Casas abandonadas/pelo Império Antigo/praias desertas. Tô só pensando. Como alguém que entra numa loja e diz pro vendedor: “tô só olhando, obrigado”. E fica nisso.
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CAPÍTULO 8: “Limbo, limo, mofino e acidular...” “ Ainda algo ou coisa, ainda é dia... Já vou cansada, já fui cobrada e irritada. “Só resta esperar...”. Mês que vem serei recompensada com meu salário de vozes. Acho que vou gritar, quebrar o abajur. Mostrar que não sou uma puta idiota. É a realidade a que se acostuma, o bisturi contra as veias, vexame e glória de mãos dadas transformados em supernovas de prazer... amordaçado! ” (Julia) “Personagem” é quem eu gostaria ou teria sido em minha vida imaginativa. Então... Não seria melhor esquecer, apagar, bloquear mentalmente as passagens ruins? Bom, é o que tento; fazer o que, né!? Pra mim, só o ideal serve, caso contrário fico assim, deprê. E Julia pra baixo nem é legal. Droga... Suja e fedida de tanto escrever e pensar acerca de meu mundo. Devemos pedir perdão? Por quê?? Contudo adoro meu cheiro: quando bom ou ruim, me ponho como uma macaca auto coçando e snifando... hunf, quer dizer, tenho minha marca. De madrugadas sem luz. Fico em casa só pensando, inválida dengosa. Com o tempo, a paciência vai pro beleléu!! Essas paradas de humanos cansativos, ah minha paciência.... Lembro das “mariposas”, as cheias de vaidade, ambição; ambas nós, filhas de lares sem pão, calejadas, pois sempre seremos lembradas como as putas de carne e osso, assim como cogumelos na terra úmida. Ambas nós. Sina? As nuances dos meus desejos iguais a felinos e felinas entregando-me à própria sorte. Desesperada, recorri às pequenas orações, bebi da água turva onde ninguém vê, pus meu útero em ruínas ao comércio sexual e... dessa forma tosca, jogaram-me no cárcere do Homo Lascivus: −Quanto é o programa? −Importa? Tu não é rico? −Mas eu quero ouvir da tua boca o TEU PREÇO! E calo. Vamos lá!! Agora outro assunto: o outro lado das coisas: há 26
alguma ponte relevante nas estranhezas... e, ah, esquece. Não quero ser tão chata quanto já ando sendo. Vou falar de meu jeito de escrever. Bom, eu gosto das quebras pra deixar os escritos mais vanguardistas, de uma forma que qualquer um possa ler, aí já é diferente. Depende da uma interpretação nada vocal. Eu sou bem desregulada no quesito quebra, pontuação, lógica. O que faço é bem livre e pausado, cheio de pedaços. Não acham que há beleza em esquemas assim? Extravagâncias mais simples, digeríveis, ou mesmo bizarras? E no encaixe das partes, o tem a dizer? – talvez estejam se perguntando: como essa desgraçada sabe escrever? Digamos que eu estudei “bastante” quando deu vontade... ainda que escola pública no Rio de Janeiro deixe tanto a desejar. Não que sejamos burros, apenas o ensino foi pouco. Existe gramática na escola pública? Pra mim não! Enfim, odeio política. Não cedo. Já lhes falei da história da máscara que vi num museu? Linda. Nem um pouco enrugada. E até escrevi para ela: hum... Leiam: “Obsessão: prejudica-me – é sabido –, mas não há nada a fazer. Peço desculpas a quem acreditava nessa máscara posta e a quem já se irritou com o que for. Comigo... deixa pra lá. Nem importa tanto assim. Olha aqui! A traidora: isso já tá fora de controle. Não tenho mais limites. Chega de vida dupla, aventura. Onde me esqueci? Minha consciência tá dura. O que me tornei? Meu pulmão me expele. Sou uma traidora? Ou reveladora? Cheiro à desconfiança? E tu, mulher em formato de L, vai falar algo? É tempo de mortos-vivos, escravos...” Ufa! Uh, hahah, falei demais, né!?
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CAPÍTULO 9: “Alargue-o” Nada. São os dias que passam para esse “Velho”. Não tive força de vontade pra memorizar nada. Será que vai acontecer uma mudança radical? Será verdade que chega a hora em que nossas vidas vão ao avesso? Caminhando, metamorfoseando. É tão irreal que me choca ao ponto de não querer mais nada! Mas é preciso alargar. Eu falo dos dias, fazer passar, botar pra atuar o escapista inabalável que sou. Com máscara ou não, porém munido de Língua de Sogra! Hahaha, só rindo. Aqui, nesta cidadela chamada Rio de Janeiro – quem nunca abalou-se com algo daqui? Quem nunca se sentiu afetado por este estado de folia? Ou falando de nada e dando em nada? Queeemnão? É como uma “Turnê Decadência”. Minhas pestes são motivo de admiração. É uma turnê primitiva esta que atende pelo nome... Decadência. Minha cabeça tá pra explodir; as dores pulsam como um bigulin se animando. Todos os dias tenho sofrido (sem porquê concreto). Penso em tudo, tanto pra fazer e tanta vontade de só olhar. Mas todos os dias me curo em escapismo. Analgésicos, indigno. Pois a dor é Decadência e minha cama tá fedida a couro cabeludo de anos, esse travesseiro é duro. Êee! Fedor ao redor. É uma pedra o existir. Cadê você, Folgato? Cadê? Folgato, um Mago da atualidade! Eu preciso conversar com um amigo que não me questione, eu preciso de algo novo. Quem diria... É que, puta que la mierda, agora que entrou na minha cabeça, vai ser brabo recuar... Vou comprar o primeiro álbum do Mutantes e dosar a saída pro novo bem-estar. Antes eu ficava pê da vida por ter que ganhar meu pão pelos outros, sendo explorado num emprego dia a dia. Agora, sacoé, me faço! Ouço, a MÚSICA é minha cúmplice. Mas me carece de reais cúmplices! Tô encrustado no isolamento social de improvisos, um território movediço da natureza humana. Ouve-se até chocalhos indígenas.
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Financeiramente reduzido à preguiça de levantar daqui, profetizando, olhos fixos e neutros e delirando. Bobeiras de fundo de quinal. Sabe, é que tô zureta! As estribeiras pupulufi... Vejo minha lápide e rio altão: ““O Velho” já era? Entrou pra galeria das ameixas vivas? Só Folgato pode reanimá-lo? Noite adentro com a perdição, maldição induzida: solidão. Ele espera. Reclama, bebe seu vinho, come queijo. Até que aconteça algo...”. O único que acontece é o riso. Menti e assentei pra mim, mesmo que só pra me safar... na cama. Eu devia ter nascido um hamster pra viver brincando debaixo das serragens da solidão paga com ração de girassóis! Ou ter virado caminhante pela Terra pra não me preocupar com mais nada senão a contemplar o espetáculo das planícies e tundras de amanhã! E... é... Pode parecer que eu vivo na não-era, na pííí!!*** nenhuma, mas eu também me divirto, uso as minhas “drogas” e viajo e largo o pííí!!***! Ah! No outro dia sai o comentário sobre o disco: “Um dia darei um comentário sobre o disco que não ouvi!”. Não me tomem por exemplo, não sou novela, tenho ideais. Ai, que mancada.
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CAPÍTULO 10: “Um antes de” Ter simplicidade num livro cheio de aventuras de situações e fatos de brinquedo é complicado. Às vezes, penso que poderia ter me inspirado mais em Crusoe, por exemplo, e me aplicar mais em alguns momentos. Vejam abaixo: −Robinhouuu, me empresta uma agulha. −Mas para que, minha cara Julia? −Preciso costurar um vestido bem lindo. −Eu não preciso desses apetrechos por aqui, portanto, nem possuo! – Responderia Robinson Crusoe, tranquilamente, e com o clássico sotaque inglês. Escrever tem sido mais que uma distração. Para tanto, peço desculpas se mal expressei em algo. Venho tentando trazer para o coletivo o que em vários instantes passei. É quase uma impressão gigante. Mas não se preocupem: o papel branco não me assusta, muito pelo contrário, ajuda. Afinal, a cor branca dá vazão à decoração. Apesar de nem gostar de tudo, admito que relevo porque meu inconsciente expulsou... Dar sentido pra certas e não perecer uma ostra, até porque somente reclamar seria comum e fácil demais – puxei isso de família! Talvez gostando de sofrer eu seja mais forte e resistente cada dia melhor... Expurgando... Não vou exaltar a morte ou o suicídio. Não sou assim tão extrema. Nunca vi alguém que podia rir, chorar e sonhar virar carniça na minha frente, então não posso vir a ser tachada de hipócrita. Os grandes livros da humanidade talvez não sejam tão bons quanto eu imaginava. É só a primeira impressão! O mal existe; a morte é algo sério, transparente, sóbrio. Rolo e enrolo. Meu peito batendo acelerado em pique intenso, e o corpo assusta-se. Nasci com um sopro no coração... agito-me e quase morro de tão eufórica pelo B.P.M. enfurecido. Meu peito duas vezes mais a pulsar; e enlouqueço ao me perceber estática, silenciosa de êxtase quase sentindo o sangue ferver e me arrepiar embaçando os olhos. É um filme pornô a minha vidinha. Sou tratamento, meu prazer aqui dentro... respirando rápido. Seria assassinato ver de longe a Julia, enjaulada. Cérebro meu, expulsa alguma coisa que preste pro 30
resto da vida!! Morta de sono, não consigo pensar em nada, somente digo estas coisas com coisas, coisas com palavras – quase sonho. Palavras avulsas. Vou para cama. Passando os canais e vendo tantas bobeiras e imagens de todos os gêneros, inúteis... Imagens sobre imagens. Passando de canais sem dar importância, só para ver algo correr meus olhos e não fazer nada. Mas já cansei disso também, TV não presta, prefiro cinema, livros, ruas. Meu nome já deve estar até soando mais suave e familiar aos ouvidos de quem o diz, repete. (Não?) sou uma mulher em crise. Até que provem o contrário, não me entrego ao chocolate e coca cola vendo novela ou filmes à noite no sábado – que, aliás, é A hora de atividade mesmo! Flerto com a banalidade e o vital... Tenho que dizer algo: não há verdade estática no mundo, somente pessoas com a sensibilidade exposta, e na incoerência é que moram todas as leis (ditas e fraseadas). Por exemplo: uma noite estrelada é só uma noite estrelada. A incrível capacidade de associações da raça humana é que a transforma em poesia, literatura, verdade universal. Acontece mesmo é o nadica de nada estigmatizado e estilizado. O vazio seco absurdo é que é. Mais tudo e complexo que viagens lisérgicas de alguns poetas virtuosos. Não me levem a mal, por-fa. É a era moderna pendular arcaica. Ser o que quer ser é puro instinto. A repressão é um evento de domingo, como verdades falhas, eu estatelada. Quis no medo morar uma verdade. Essa é a insegurança, o pudor. Sou pura intuição e vontade jovem, inspirei na observação. Senti na pele, carne, ossos... que para uma pessoa que se contenta com tão pouco e ao mesmo tempo busca tanto, uma palavra de coragem ou agradecimento, conta muito. Ah sim! É gratificante, tanto que quase choro de alegria. Mas sou dura.. Alegria. Um desenho, uma pintura do estado de graça. É sentirse bem consigo e com a consciência. Eu converso com ela, falo, digo tudo. Porém, só consigo dizer tudo escrevendo – cara a cara desconverso, fujo, falo só besteira. É quase meu papel nessa peça chamada VIVÊNCIA sendo descoberto. Inspiro-me em crianças que
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dizem o que vêm à cabeça e na sabedoria dos velhos. Agora, tento repassar. É na simplicidade das particularidades que me acalmo. Até os objetos inanimados podem ter vida – lembram da tira de lã de que comentei antes?? Só depende do seu amor pela cara e importância que eles podem dar pra gente. Pode haver relevância em tudo. Já disse o quanto sou fã da imaginação? Ainda tenho bonecas velhas e rasgadas de quando era menorzinha, e as trato como se só estivessem dormindo. Quem me dera o mesmo? Poderia até ter nascido uma planta. Sim, uma planta. Gosto de vê-las sendo tão lindas e mundanas – de um esplendoroso vigor. Sua delicadeza e cor verde/orgânico são como a sabedoria de um povo. É verdade, gosto da ideia de ser uma planta, uma linda a ser observada por gente que me acha tão bela quanto a própria existência, e tão significante quanto a natureza – vistosa à brisa, representando. A planta sempre vive e é sinônimo de realização; profunda vida e amor; ser, parte da coisa. A verdade, quase sempre ela, é tão simples. E, às vezes, nem tanto dolorosa quanto dizem. É o momento. O caminho da realização completa o ciclo na felicidade. Se rodo a bolsinha, e daí?? Tanto que, exemplificando, uma velhinha ficou me encarando... dessa vez. Eu bolada com um monte de troço... Dei um berro no ouvido dela, subitamente, feito louca: “– Que Foi, chata??”. Estremeceu toda, soltou um “Jesus!!!” e enfiou o rabo entre as pernas. Mereceu! Mas já faz tanto que passou. O caminho do autoconhecimento não é tão difícil quanto pensam os cultos. Nós, plebeus de tempo de vida, observamos externa e internamente, e vimos o quanto é simples, fácil pacas. É isso: antes de morrer, preciso entender. Não posso me enxergar vaga demais. Recuso ISSO. Não sei se há depois, chance depois. Isso é libertar-ser. Um dia conquistarei mais que isso, melhor. Vão ver! Liberto a Julia tanto quando me olho; e no espelho me identifico como pessoa e rio. Por que não disseram antes que há tantos sentidos nas sensações e palavras ao nosso redor? Tanto a se entender – queria, agora, poder domar o tempo e conduzir à perfeição levando a mil reflexões. Queria mais disponibilidade para crescer – cresço muito
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devagar, “trabalho” como uma formiga. Cadê a outra meia-lua? Eu tenho um fígado para ser comido. Sou muito esperta!
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CAPÍTULO 11: “2544” Ou o que encontrei por lá dos meus pensamentos: 18:05. Eu sou muito inteligente! Mesmo que deixe os dias passarem devagar. Pois é... Dias passam devagar... Hunf... ai, ai... O tempo e as intempéries me cansam. Mais complexo vitamínico pra me deixar em 60% da minha capacidade humana. Dias passam devagar, e daí? É uma larica eterna!! 18:07. Hum... fez sol essa tarde na recriminação própria. A plateia tá apática, a casa é de prazeres, a força com filtros de voz. 18:16. Minha senha é 2544. Digam que dá pena. Chama, vai, sou vendedor de cartões de crédito em tenda de centro comercial na galáxia 2544; ou seja, não bati a meta. 18:20. Sem asas, memórias(?) de agora que não voltam... são o lembrete do póstumo esquecimento que ainda não se concretizou; um passarinho burro que tenta todos os dias fazer seu ninho urbano na caixa de correio duma casa número 6 qualquer – e que os donos sempre o reprimem, retirando os primeiros galhos. Ah o rapaz, chei de Antiácido analgésico pro “Velho”. 18:25. Cof, cof órfão de pai. Tosse, tosse, infeliz. É o castigo cof, cof. Você precisa é dum banho de sal, desintoxicação, ou mãe... Não!, deixa a mãe fora disso. É imoral. Edipiano. Não sei, mas pouco me dá na telha! 18:30. Ahhh, a passagem 11 disso, tudo corrompido. Tudo avariado, tudo remexido de “sebo nos cabelos”! 18:31. Sol das 17 horas. Já tô ni outro dia, ou só parece? Não. Uma tarde bonita. Grama, onde não devem as pernas ruins passar, luz sobre as flores. Frescura. Sol das 17 horas. É sábado. Hora de caminhada, pão, café. Mas eis que surge: dum bueiro, um sujão, ele vai soltar pipa ali mesmo. Mesmo acabado, game over pro mundo, ele tá feliz agora... consegue. Não tem responsabilidade... também não tenho, mas por
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que não carrego a cara de felicidade dele? Não saio de minha “pobreza” porque gosto de ficar assim tão cinematográfico! 18:32. Não um morto-vivo, amigo! Coé! Eu sei andar. Ando desde a adolescência, mesmo que só do colégio pra me irar. Eu sei andar, sei ouvir Pixies com “Velouria”. Confundam, por favor. Olhar e caminhos também se confundem – tantos são eles! Hoje. Estou de hoje, e hoje tem muita gente, meu mundo é plural, e é difícil ser escutado como algo. 18:40. Ultrarromântico? Azia. Queimação estomacal ou fígado? Bílis? Bah. É a minha teimosia. Tampouco desejo isso a ninguém. Imundice mesmo. Eu sempre soube: algo fervia verborragicamente. Tenho 20 anos, e daqui a 3 meses vou pra idade ultrarromântica. Mas o que sou, enfim? Talvez um pouco de tudo, sei lá. 18:50. Ouvi o ditado castelhano “El bien suena, y el mal vuela”. Enfim, como vou interpretar a estrutura da realidade? Nem eu sei por que tô aqui, pois é tudo sobra, tudo que meu cérebro não quer – um tipo Rimbaudiano rejeitando seu passado. Subliminar & limiar. Pré-, pré-, pré-. Uma mina terrestre, o chão de ovos... Perfeição, longe, sempre vai. Sabe, eu sou incapaz mesmo. Contudo, não é pra dar importância. Puta teia de emoções que se move... É horrível, e abro a dispensa, e a cerveja não tá gelada como no comercial. Por outro lado, intertextualizar é como Interzone. Ah, aqui tá infestado! 18:53. Personalidade. Doido pra saber quem sou, como e porquê? Não é? Certo? Aqui absorto há mó tempão e ainda não sei. Vivo chegando da noitada fedido a álcool, cigarro e batom de mulé, e não tomo banho; no outro dia lavo o corpo, mas a cabeça fica pra outra ocasião. Como pizza velha da geladeira. Minhas camisas brancas encardiram-se e as cobertas daqui têm buracos. Meu único par de tênis possui três bocas. Quase nunca lavo meus jeans. A toalha fica na cama... sou um projeto de macho dominante desgovernadooohouu! 18:59. Jesus, sinto o fundo do poço ou ressaca. Querido Álcool... tremular coisa amarga, irritante magia, gole dos infernos, eu perdi a vida; desatenção em lista. Um clima terrível! Hamlet é meu
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pai. Maria Madalena ĂŠ minha mĂŁe. Salva eu!!
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CAPÍTULO 12: “Mascar quebra-cabeças e pregos?” Bem, bem, chega de encher linguiça à toa... Já percebi que isso está parecendo um fútil diário casca de ovo. Mas entendam: ainda estou viva (isso soa melodramático, mas não tem nada a ver) e frequentemente descrevendo minha “obra” (canteiro de obras?) eucarionte doida. Pode rir! Ei, é compreensível. Não me condenem por nada, pois já que está aqui, foi por SUA vontade. Alguém te impôs ler isso aqui?? ATÉ PODERIA TER PARADO, ENTRETANTO VI DE NOVO... Poderia existir um recanto onde me escondesse e tivesse lendo o futuro e pensando no que escrevo nestes tempos. E com gosto de sabão na boca eu faria escrever, lidando com a realidade e associações, pouco método e à moda “SEM COMPASSO”. Inspirandome em vidas – minha e tua, Larissa: o objetivo é fazer da gente um quebra-cabeças. Um tipo raro, com... é... Finalidade sim, de esclarecer isso e tentar alertar sobre os defeitos. Não é bem uma crítica, nem alusão (acho que pensaram isso): é o que acontece no dia-a-dia – indigne. É que Larissa tinha – ou tem!? – uma particularidade a seu favor: era a mesma mulher de dia e de noite, desde a hora que acordava e até quando corriqueira. Não seriam disfarces, nem coisa “forçada”. Era de verdade, uma humana. Larissa ingrata! Profunda desordem, ah... Caprichos... Onde recolhe-se a disposição conveniente? Em tu, que lê. Você é a chave das associações – indigne. Como é engraçado ver a gente na rua, digo, ver-se numa tela ou foto. A imagem, a cor que só o artista ou câmera obscura sabe reproduzir. Contudo, quando me enxerguei, vi uma eu que não conhecia: em gestos ou fisionomia – no papel é difícil explicar. Assim como convencer qualquer criatura sobre aquela lenda de pescador que fala das escamas, das virgens, dos peixes, e do bobó de camarão em suas férias de anos. Pensem num filme e na personagem que mais se identificam. Agora imaginem-se lá. Viram? Serão o que quiserem – adoro imagens, adoro climas bem passados nelas! Há tantas possibilidades e formas além de sentimentos a se mostrar!
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Mergulho. Peço desculpas à minha natureza e caio nesse buraco que é a distração da leitura... A outra realidade! Caixa arquivo, eu entro. Despreocupada. Adentro como Metamorfose Ambulante! Em minhas mãos, eu, mulher. Como meu pai um dia ensinou: “– Vamos fazer tudo certo para não haver decepções. Te amo muito e quero teu bem. Digo isso para ressaltar minhas expectativas quanto ao teu futuro, e rezar contigo, minha filha. Vamos, ajoelhados, no escuro, ao lado da cama, antes de dormir, pedindo que sejamos felizes”. E falei, tomada pela sabedoria dele: “Meu pai não queria que eu dissesse, mas rezamos todos os dias à noite pedindo felicidade”. Esta é uma boa lembrança de minha infância, dos nossos testamentos... “...e rezar contigo, minha filha. Vamos, ajoelhados, no escuro, ao lado da cama, antes de dormir, pedindo que sejamos felizes”. Bom lembrar disso. Minha cara – minha cara é ela, a Larissa. – ela falou um dia da situação de estar com a mente em branco – ir e vir como baratas tontas? Daí, neste ponto é que começamos o próximo diálogo juliar:
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CAPÍTULO 13: “Aplausos, ecos e Folgato” Por que me chamam de velho? Talento, dádiva, presente ébrio. Insanidade forçada. Evangelho caseiro. Pretensão. Ruído fraco. Ou só pra rotular?? Pensem! Pendulemos. Após sair de casa para ouvir novos sons, o que anda rolando, e ler algumas revistas das bancas, ainda em mim lembranças soporíficas dos zum zuum de todos os lados na minha bebedeira e a canção estrangeira chamada “the gift” toca na minha caixa... torácica. Leio mais letreiros caminhando. Meus olhos brilham, e um friozinho toma minha nuca e barriga. Água borbulhante. Esquisitice. Lado de lá. Experimento. Desencanado. Descolado. Aí. Imagens de Piva. O que é assepsia? Queimei meu dicionário de bolso. Já era! Injustiça. Loucura bacana. Luz, compasso. Também não sei cantar. A quarta dura pouco. Quem vai mixar isso aqui? Escroto. Pecados. Obstinação. É a trilha desta aqui. Talvez inferno calmo. Bruxas do limbo invólucro. Gemidos. Órgão. Transe. Tortura. Faça. Falta de possibilidade. Tentativa final do artista. Oh, goodbye! O olhar crítico do mundo e eu de bobe por aqui, heheh. Assim, uma mulher gritou na avenida: −TÁ CAGADO! VAZA DAQUI, BABACA! Outra: −Joga a TV pela janela: tá passando o “Esperança Criança”! Bom, o laboratório vai chamar. Até quando tem trem no domingo? Edaí, edaí, tô zureta!!! (Risos) Penso: “Chuveiro... pra tirar o fedor das axilas e sexo. Aproveita e retira a massa nos dentes, homem. A remela. O cotovelo russo. Pensa no que fez – eu fiz, fiz de tudo bobo”. Passo os olhos pela habitação e vejo dinossauros enfaixados!!! Bola de cristal envidraçada. Gênio “sem” da lâmpada. Uiiii, logo diriam. Retrato meu vestido de marinheiro na escola aos 9 anos. Tadinhas das pessoas que me jogaram aqui... Assim é. Relógio do camelô!!! Protetor solar. Globo de 20 cm. Bíblia virando pó. Peixe empalhado. Poeira, discos da matriarca. Eu bebê...
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como pude ser tão...??? Coisas da escola... Minha estante antiga tá de lado... Como vou indo. Não o mesmo de antes, bem mudado. Retrógrado, ou besteirada. Barriga pra frente!... Pelos esparsos nas costas. Antigo piercing juvenil no mamilo esquerdo. Cicatrizes. Sujeiras nas unhas. Barba grande. 20 anos. A cobrança feroz. Indo. Canceroso e aidético por afinidade. Inutilizado pelos prazeres desconhecidos da bebida e tudo quanto é tóxico que vejo pela frente; é atração, fazer o quê!? E pouquíssimas perspectivas na “vida”. Eu semimorto e vejo. Tudo o que quero é acabar... e desaparecer. Mas eu sou “O Velho”, tô na parada ainda! Esta necessidade de entorpecer tá me consumindo, atrasando, atraindo cada vez mais dor de cabeça. Retratando minhas ações, aflorando emoções tolas. Minha moléstia é ninguém menos que euzinho. E. Fecho os olhos. Enjoo. Vomito. Cara de bunnn… éerrrc. Quero ajuda mútua, secreção, inseto. Kafka pra ler? De Quincey pra ler? E pra ajudar no caso de Folgato, o desaparecido, Patrícia M.? Inversão (onanismo diário pra relaxar ao acordar). Meleca. Dia, volta. Espanque-o, mais e mais até ter aquele sono. Mamãe num tá aqui. Espanca, hu. Fotos no cérebro: onde elas estarão neste exato momento? As musas petrificadas. Aperto o botão e entram em movimento. Quanto tempo passou desde o dia da gravação? Espanco, até dizerem: cacetada, por que diabos cê fez isso? Até não querer mais nada, só aquele sono/acordado de alívio e gozada e laricas. Aos poucos, vou voltando... Deitado, pensando. Em. Mentir, roubar e dar voltas. Quanto é preciso por um banquete? Uma figura sinistra. Papel de goma de mascar. O olhar das pessoas lá embaixo. O nervosismo. Calma, me, me, melecaaa! Tô de volta ao jogo, olha só meu vinhosinho, ahhhh. Não ligo pra eles lá fora se exaurindo pedindo morrer. Mim morrê bem. No meu reinado. Descascar caroços. Densidade. Levitação. Os pôsteres dos meus ídolos olhando pra mim. Tô errado? Meus caros, eu não entendi o que tá escrito nas suas cabeças. Vivo? Sem torturas, cintilantes metralhadoras no cérebro. O escuro e o ventilador de teto. Corpo na cama, deitado. Calmaria. Doce. Súditos. Eu me fecho, ê... n.d.a. Mais... Desliguem-se vocês mesmos. Volta mais tarde.
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Saio, mas retorno. E vocês aí? Voltando pra casa depois de três cervas só no bar do Senvida, eu paro é na extremidade da compreensão e olho dois vagabundos jogando cartas. Vejo também uma lata de lixo com rádio acoplado que toca Jovem Guarda. Os vagabundos viram e sorriram; eu sorri e fui embora, correndo. Ostrava satisfeito. Quem sabe dos trocadilhos de ontem e hoje? Mas que horas são? Devo comer jornal de anteontem pra me atualizar! Aposto que tô fatigado e lesado e... apático, agora tanto quanto o Universo. Chamo esse todo de Real/Realidade, pensem. Qual a pergunta certa? Quem pode dizer!? Quero um jantar alto nível. Próximo. Pois preciso demais recuperar as forças. Rir. Mesmo com o friozinho, e mesmo com a madruga aos meus pés, os mosquitos saem das roupas, sapatos, cortinas, sofá, cama. No Tibete tem mosquito? Como eles são? Será que aguento aqueles sete anos? Carne, pelo, leite... o caminho da fronteira e conversa com gosto de chá. Paisagem exuberante em qualidade de fora. Tão besta. O que acha, Buda? Acho que já posso ouvir e apreciar o barulho da gandaia de Folgato – ou será mais um engano da ansiedade? Talvez ele já esteja a caminho pra pular dentro do cesto de lixo... e rolar... ou sair com a cabeça cheia de farofa, e a tradicional cara de pau com sorriso “ops, foi mal”. Possivelmente ficarei de cabeça pra baixo ao saber o que aconteceu com ele: quantas histórias; por quantas aventuras ele passou? Hum... e se invadiu uma casa à procura de acasalamento e encontrou apenas ração?(...) E se nessa ração estiveram, escondidas pelo próprio Salomão, três suculentas pepitas de diamante? Ou recém postas ali por outro pirata que as ocultou no interior dos biscoitos cheirosos, numa fábrica? (...) Folgato foge e caga o que comeu. Ai. Um moleque pisa na bosta. Ele vê o paraíso! Sou eu esse garoto? Atravancado, tortuosamente estrume de vida pós-mim. A paranoia com Folgato volta como as ondas do vinho fresco de geladeira! O ladrão não vem atrás de Folgato. Ele sabe do garoto, seus passos são de glória. Sua mochila é divina. (...) O escorrego é flácido e a mochila vai parar na Baía de Guanabara. Os próximos farão o show continuar. Tudo pode acontecer com o aprendiz de sósia. (...) Não temos celular, Folgato. Calha de nem ser tão urgente assim! Pai e mãe não nos trarão copos de leite com chocolate... Boa noite, amigo... onde quer que esteja vagando. Escreve uns postais, pô!
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CAPÍTULO 14: “Atacando seres humanos,” Certo dia, um cliente perguntou: −E agora, pra onde vai? −Eu? – Me assustei! −É, tu! Nos divertimos aqui e tal... −Pra onde vai a tua mulher? −Hã? – Embranqueceu e mixurucou o cara. Devia ter uns 33 anos, casado há pouco, ainda sem filhos. Um tipo normal, que dá umazinha com a universitária depois do trabalho, para na casa de um amigo e toma banho, bebe sua cerveja, papeia um monte de escrotice e volta pros braços despreocupados da esposa. De quem é a culpa? Eu? Quem manda ele perguntar um troço desses?? Só porque sei e não reajo? Prendam-no em flagrante. Eu sou uma viciada, acessível. A falta de afeto reclamando não é só minha, é de todos. Sei que vivemos sob o signo do medo, que me resta se não lucrar?? −O que disse? – Ele pergunta novamente, como que certificando-se. −Nada, só tava te zoando, bobinho! Vai ligar de novo pra mim? −Vou pensar no teu caso, gatona. – E dessa forma se despede, não sem antes deixar algumas notas sobre um criado-mudo. Ah, o apego! As aortas que o digam! Também já desisti de ser como as outras, horizontalmente. Mas todos sabem, é malvadeza sim. Fatos lamentáveis com as esposas acontecem... (Risos) Penso na cara do meu cliente. Hunf... Aquele a me assassinar no olhar, que me sustenta e condena. Ao vivo. É... Os idiotas são os que detém as moedas! Fico suando. É ruim mesmo olhar por isso. Às vezes, suporto a dualidade mirando o chão, pra baixo, baixinho, punindo. Há sentido... Tem mesmo? Pelo que sei, aqui a fé perdeu-se, escangalhada por usos e abusos – num sonoro não! E como me SALVAR se não possuo dindin pra TER uma Religião? Ah esse mundo despreocupado desajeitado de hoje, nem sabe onde ir. E mais: MERECEMOS!! A rotina nem é tão importante. Os grandes fatos relevantes sim. Guardem!! Imunda, pensei em refúgio nos braços da Lari. Mas cadê ela? Voluptuosamente atrapada, sofrendo de raiva; preciso das mãos
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sujas. A terra me suga, eu rejeito ainda. Mas Larissa... Preciso de carinho, explosões vulcânicas de emoção. Não que me escape das mãos a vaidade, mas é que... Claro que entendem, poxa! Ainda pequena, como na vez em que fui à praia com meu padrinho (irmão da minha mãe) e esposa e filha dele, me ocorreu uma negócio filhadapííí!!***: ele não sabia que eu num sei nadar! E nesse esquecimento versus brincadeira, meu tio me largou numa parte funda do mar, e eu... Afundei, ops. Não, na verdade eu me afoguei, mas tentei demonstrar orgulho e saí sozinha, “nadando” pra frente, quase sem ar, desesperada, ahhhhhrr, realmente debaixo d'água, roxa. Sobrevivi, mais uma vez. Mas o que isso tem com o quê deste capítulo? Na verdade não sei o que vou fazer, me perdi de novo no quebra-cabeças repetitivo! Quero falar de pessoas egoístas que não percebem a rotina que passa diante da fuça, nos significados e palavras atribuídas a sentenças que não deveriam relatar. Confuso? Olha para uma árvore e pensa em tudo o que ela está para a Vida – lembra de que a observação vale muito. Tenta, eu sei que pode. Agora olha ao redor, o que você faz pela Natureza? Dou, mas sem resposta concreta neste profundo paradoxo de amor em significados distintos para cada uma. Não depende só de minha vontade, compaixão deve ser recíproca. A questão é que a responsabilidade materna em você, Lari, aflora. Em tal caso, a transviada que sou serve de lição de moral às outras mulheres – até porque o mal e o bem têm conotações diferentes, e criar o menino é algo mais importante que um antigo prazer estritamente carnal (isso para ela). É uma pena ter sido tão ingênua – digo pelas duas, sim. Jogo a titica no ventilador. Mas sempre revejo suas pernas na minha cara, eu e meus gritinhos de pode mais. E pensamentos descontrolados, onde tudo é proibido e saboroso. Tenho que, para me curar, tomar suco de laranja ou abrir a mente e mostrar um outro lado conotativo. Dominar meu corpo é minha cobiça, meu estado, e ela é sentir. Aprendi que a Faca corta, a faca endemoniada despreza esses. A Faca Versus “O Zero vestígio sentimental” e seus delitos degenerados de Julia. Era pra ter dito a Larissa que eu sou a FACA! A FACA E SEUS DÉJÀ VURES CURATIVANDO-SE. Cada dia sendo nova ou ainda eu mesma?
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Pois é, bem, mais uma fase. Gratuidade alertando. A fase do Píííí-íí!!***
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CAPÍTULO 15: “Do Conto da Ilha Desconhecida” Eu quero falar do conto da ilha desconhecida, mas meus dedos doem. É a consciência do solteiro de terça-feira. Acordar preguiçoso. Padaria. Supermercado. Suprimentos. Biblioteca. Livro... e um tal de conto da ilha desconhecida, no qual me espelho mar para entender que me falta um barco. Eu não sei. A situação deste momento é: necropsia em mim. Erro médico ao me dar à luz. Inquérito e sentença num depoimento onde a testemunha diz: “Obrigado!” Sons. Todas as minhas noites são de camisa preta, bermuda/pijama e meias furadas. Meus pelos emergem como cachoeira e a calda de morango do sorvete é meu sangue. Minha urina é vodca e meu cocô, o sorriso do anunciante das belezas mundanas. O sofá cresce em ondas marítimas, o cheiro é de madeira e a música ambiente é o gotejar do chuveiro... Aliás, sabem as maravilhas sonoras produzidas por controles remotos, caixinhas de música, relógios e radinhos de pilha, colocados junto à captação duma guitarra??? Um dia eu fiz isso, adicionei microfonia e dedilhados clássicos. Aí, meu quarto virava estúdio de banda de garagem e eu fantasiava um CD cheio de climinhas, fundos daqueles que só se ouve com fone. Tão idiota adolescência! Que bom que passei. Ihhh.. . A fome é feia, já disse um amigo. Transformo-me num roedor e deslizo pelo piso até a carrocinha de x-tudo/cachorroquente/refri, mas substituo as bolhas dos gases daquele Tobi de refrigeréco prum digestivo melhor: pinga da boa. (...) O cara é de longe, lá do nordeste. Ele é um alquimista amador dos podrões! Juntou líquido marrom com textura de couro, e deu: “hambúrguer de papelão! Não vale, heim, bacana...” Um dia te descobrem. Calor, calor, calor e risos no cenário! – É que ouvi dum outro desocupado uma tal lenda: indivíduo que envenenava as pessoas com “carne” “falsificada”! Porém engraçado. E, do nada, o cara da carrocinha me pergunta se não tô perdido. Respondo “Que não!”. Aí ele resmunga informações sobre uma tal casa. Provável que fosse um Inferninho repleto de palpitantes ninhos de seda e veludo azul e carpetes vermelhos ou sorrisos acessíveis. Quem dera! Digo que “não, valeu” e pico a mula. E ele fica lá com uma cara de quem comeu e não gostou,
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caramba! É impressionante como antes entrava e saía dos lugares como um fantasma! Em vista disto, a toda hora alguém quer trocar um palavreado. Cães na praça, na rua de volta! Os cães me acompanharam até chegar em casa, eiiiii. Que houve? Os cães me acompanharam até em casa – uivamos. Huuuuuu... Praguejo com eles e lamentamos ter que repor o sono noturno para não sermos devorados pelo dia. Todos já fomos surrados demais, tudo calejado. Um dia nós contamos como toda essa miséria começou... Quero ninar (com chá mate e biscoitos de sal), espantar demônios, exorcizar meu bebê interior, roer unhas, me cobrir todo, deitar afundando o rosto no travesseiro da melhor das camas de veludo vermelho; mão por baixo do travesseiro, mão apontando como D. Pedro (I ou II???) e batalhas!!! “...e mesmo diante do abismo dançar ainda”. Mas num passam de delírios de matar com água minhoquinhas do banheiro. Criar uma enxurrada que tudo leva. Estas minhocas de festa. Todo ao ralo. Espera! Eu ouço! É uma... reverberação do gotejar da bica. O reflexo do espelho mostra o pano de chão que já foi lençol, e eu, tristo, abaixo pra pegar o chinelo ao sair do chuveiro: minha bunda livre de cuecas, meu bumbum largado. Que desagradável eu pelado. Que coisa horrível, Jesus Tristo! É meu fim do poço, na casa vazia, meu universo limitado. Tanto livre.
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CAPÍTULO 16: “Sim, eu sou Julia!” Uma índia cidadã. Sim, é uma história de pessoa que nem existe totalmente, uma personalidade oculta, uma projeção – um exemplar de explicações!! Trace meu rosto. Eu, a criadora, nem pensei em nada. Serei o que você quiser, desde ilusão até fetiche – é meu trabalho! Limito-me em nome, nome esse que é uma referência. Sou a história e a interpretação, turbilhão de ideias perdidas, zombeteiras com minha paciência. Tanto que Ela (Lari) sempre perguntava: −Você não consegue parar quieta? −É que pensotudo aomesmo tempo! Que posso fazer, poxa? (Risos) −Tem calma. Vê se relaxa de vez em quando. Só isso. −Tem uma bebidinha, hãn? A observação vale muito mesmo; talvez este seja um teste, mas será que ele ficou escroto ou cafajeste? Queria saber, já que não era a intenção. Foi tudo escorrido. Acho até que o título deveria ser “Julia e as confissões”. Hum... delitos tal confissões introspectivas, reflexões, conclusões... Chato... Literatura, interação... (Houve conhecimento prévio?). Acho que errei no começo... nos meus princípios não. Ah, droga! De resto, nada existe como realmente pretendo, e não pensem que sou um ser narcisista, tampouco me deixo ser altruísta. Ah! Lari. Antifísica! Chama por Julia, sei lá, “Atendente”. Será que ainda me resta poder de escolha? Mas não tá pronta, não para a conjunção carnal de verdade, para a natureza ardente, as seguidas cópulas. Não você Lari, Lari! Imagine ações antinaturais, e dia após dia. Larissa atrasada, peculiar. Provavelmente nem sabe também que eu só existo porque existem prostituidores. Talvez eu devesse jogar na cara dela que eu sou a Fada e a Feiticeira, que a puta já existe antes de tu aí! Que eu posso!! Isso me faze lembrar o que um cliente certa vez disse: “É sério que pensa que vai ser assim gostosinha o resto da vida?”. Acho que ele não queria pagar. Mas o que será que acontece com as putas velhas??? Nem consigo mensurar. Depois, voltando pra casa sozinha, pensei no que imaginei pelo caminho ao deparar-me com a cidade em movimento: “Olhei 47
praqueles bonecos e ri. Vivos e controlados! Olhando daqui de cima, até que dá pra brincar com eles...”. É muito difícil escrever por extenso. Acho que não estou conseguindo fazer ter coerência direito, mas entendam: é difícil, é por causa da quantidade de assuntos e o espaço temporal. Poxa, também fico perdida na cidade que nomearei Briluz, a dos sonhos – Briluz, meu reino utópico!! Brilhou, nem vi pois estou chapada em mágoas ilusórias! E que bom! Os remédios me afastaram das pessoas! Como sou de libra, como sou maleável também balanço, mas pesei a mais! Penso que fui muito crítica como os defeitos das pessoas que vejo, tenho, essas coisas. Deve ser por causa da sua e da minha fragilidade. É algo que tento consertar pro bem. Eis que acabo é estrebuchando tudo no asfalto pobre de tudo. Por que a gente tem que estar sempre se ferrando? Por que não posso ganhar mais e viver melhor? Por que não me deixam escrever um romance sobre o "Proletário" Carioca? O título poderia ser "OS SUBALTERNOS". Por que não? O fato de eu não ser erudita, mas uma que aprendeu na marra, ajudou na medida em que dito os termos como me vêm, pensamento sobre pensamento. O mais real possível. Acho que essa parada é intuição. Do meu sangue indígena, obrigado.
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CAPÍTULO 17: “Um verme gigante sai do ralo: ele é mãe das minhoquinhas do box” Aquilo me observa, mas não dou bola. Pego o isqueiro, olho as cinzas pela manhã... as guimbas do cinzeiro. Meus dedos fedidos, bafo terrível. É o café pra vir, é mágica! E a cabeça explode como o conflito no Oriente Médio; sem fim. Não posso fazer mais nada. Cortes rápidos. A rolha levanta voo contente quando eu a atiro pro teto. Ela cai ali no canto onde viverá pra sempre. A garrafa do vinho novo me encharca e tinge por dentro. Tudo o que consegui lembrar é o depois, caído no chão, mole e descansando algumas lágrimas de descaso. Amo muito. Oh, sim, então é isso, ou melhor, não, não, é o tal TUMOR, TUMOR, deitado em forma de estrela, mas minha hora não chegou. Será mesmo que nunca mais faço isso??? A TRANQUILIDADE FOI FATAL, E, REPETINDO: como posso ficar aqui? ISSO O DIA TODO! A TRANQUILIDADE FOI FATAL, anterior a tudo, fatal no final. Quando dou por mim tô levantando do piso. Aiii, tá tudo no liquidificador... O cabelo pro alto, cara espantada, olhos de amêndoa e pés sem meia. Uma puta olheira que resmunga. Sento na borda do sofá, olho pra frente. Num tô legal. Ajeito o cabelo, recoloco as meias pra não ter nas pernas um cardápio supremo pros mosquitos. Digo siiim, e caio novamente. Sonho dentro de sonho, acho que no terceiro sonho o que me dizem é: “você é um gentil ou um palhaço!???” As pessoas passam e me espiam parado, fitando as cartas amigas, amorosas, familiares, inexistentes. Todos balançam a cabeça em sinal de reprovação, e pensam: só daqui a 40 anos haverá reconhecimento (de cadáver?). Você não consegue. Contudo, enxergo um lugar que se assemelha a uma capela: mendigos na entrada. Lá dentro, um padre (ou algo parecido) me empurra algumas imagens, eu recuso... quero aquela maior, a dele, pendurado, o tal... quero ser ele... “Quem será ele...”. A frase ecoa neste outro dia. Folgato me olharia. Ele estaria imóvel. Depois viraria desdém. Ele é sincero. Sabe que eu é que sou o atrasado nesta história.
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Ando mesmo morrendo??? Estou. Eu estou desaguando, ora, digo ao amigo que não conheci. Todos nas paredes me encarando. Preciso abandonar a cidade mais uma vez??? Relutante em fechar a mala até que outra viagem me consuma por completo, sigo pensando, ou melhor, juntando as partes e voltando.
−Não quero saber de ser mais nada. Desisti... Substituam a minha
pessoa!!! EU ME DEMITO!! Eu só ando cansado... huuunnf. Não sirvo pressascoisas... hunf... Pííí!!***, ainda o velho sono... Afundo a cara no travesseiro. E me espreguiçar – Disse como faria um atorzinho de meia tigela! Porém, este ator não consegue lidar com o verme gigante que provém do seu ralo. Ah, não mesmo! Porque ele é uma minhoquinha de box ainda. Há continuação, “Velho”, de meses até milênios... Tento me convencer! Num cubículo cheio de papéis espalhados, livros, lençóis e colchão, roupas penduradas, cacarecos e mais cacarecos... sem febre, doença alguma, só a consciência; filosófica e banalidade e chatice, gato por lebre!
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CAPÍTULO 18: “Com um pouco de amor, até que enfim.” Vida mastigada, compreensão fácil. Da grande percepção da existência tento cuidar. Sabe de uma coisa, a próxima frase é terrível: “O viver é passível de limitação”, isso me dá arrepios... isso me causa revolta. Ei, eu sou mulher. Me dá asco, caracas. Odeio coisa pouca. Devia é receber um salário para poder existir assim tão bem! Mas o dinheiro só nos isola. O Amor como museu! Julgo um porquê de nossa relação, e um porquê de nossa é... dês-relação? Hunn, como um filho pode mudar tudo. Essa tua cria, Larissa, que está para nascer, fruto de uma noite correta e de parceiro ocasional – e ocasional de raiva –, trouxe frutos desgarrados que desgarraram até nós duas. O verbo do agora é parar e antecedido de poderia. Erramos. Que o que é bom, dura pouco! Preciso voltar, pagar a língua. Há em mim um pesadelo de sangue e angústia cinza. E já sei o fim disso. Por que, então, sempre volto aqui? Está uma bagunça – já tive dias melhores. Talvez seja mesmo um pouco ignorante, pois gosto de aprender vivendo errando. Sabe, as jovens do meu tempo acham-se perdidas, procurando afeto onde nem existe mais, daí se iludem umas com as outras na infrutífera festa que termina num dia dos normais. Fiz alguns rodeios necessários, mas volto ao assunto que me causa tristeza atualmente: ela, Larissa. Lembro agora de quando ouvi as tais palavras “não dá mais”, uma bomba tic-tac-tic-tac explodiu na minha esperançazinha. Olhei pro lado e vi só os pombos sujos do Rio. Mééér... ah! Abri essa porta quebradiça... ela é azul-ausência-de-sentido; com amor! Sim, eu preciso voltar! Já sei o fim disso... Por que, então, eu gosto de voltar? Sei não. Nada é sério quando se está um pouco chateada e dopada. O que preciso é amor (é isso um conto ou música?). O que eu andei fazendo na casa dela? E deles? Que invasora. Destruidora de lares, que isso! O único que me mantém viva é idealizar. E reclamar... mesmo a honra dessa dança. E me dou conta de que está personificada na praça, no meio do público, desaplaudida
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e mirada, esta, a própria. Droga! O vento soprava, fiquei sóbria. Já que fui conduzida ao xadrez, serei a que atrai o adversário a fim de queimá-lo logo após. Passeio (ou arrasto, quem sabe) minha maliciosa figura. Eram chamarizes. Meu casaco com pele impregnada, só ele suporta o frio do mar e dessa brisa. Mas acabo por dar de cara com um sujeito de rosto enigmático e expressão de reles fanfarronice. Só para mudar meu rumo. Me pede um cigarro o tal, assim: −Um fósforozinho, bela dama! −Aqui – passo a caixinha. −Agora o cigarro – diz isso com a maior calma do mundo... −Qual a tua? E como sabe que eu tenho essas coisas na bolsa, se eu nem fumava? −Perdão, nem me apresentei! Meu nome é Folgat... Nesse instante bate um baita vento e meus cabelos me rodeiam. Mó barulhão. Empretebranquei e o cara sumiu!! Aáái! Só gente maluca... Entulho inútil de tentativas. Dá descarga nisso!
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CAPÍTULO 19: “O ínterim” Bate um vento que agita as cortinas e refresca e renova o ar. Não sou espírita, porém senti na hora uma presença. Falei alto: “Que tal parar o suspense e contar a história desde o princípio?”. Eu pensava em Folgato, eu tinha os olhos cansados mas fui ficando beeem... e sorri! Vi os caminhos pra Iluminação. A anunciação. Ui, peixes descamados desenhados pelas mãos do Folgato. Mas sou eu quem decide a forma; se real ou imaginária, pouco importa! Fuuuuuúú! Erros, erro, cessando, desferindo, golpes na, autoestima até reacender. E ri de novo! Ah. Que bom!! Acho que vou tacar tudo o que fiz pela janela, não sem antes colocar o conteúdo numa caixa de madeira com gravuras em preto e branco como decoração, e deixar cair guimba de róliudi; vai virar uma beleza de poluição, meu expurgo... Aí, sim, eu jogo pela janela: numa sacola de papelão, vai: FOGO NO CÉU. Tchau. A vida é muito mais gostosa quando temos um dia livre! Por isso tchau!, tchaaaaau. Digo o que digo, ou melhor, imaginei essas besteiradas pois meu braço direito me denuncia, e já doeu muito; meus dedos tão sem unhas. Será que refaço tudo, ou desisto? Café pra pensar! Minhas moléculas agitadas. É o que preciso. Mas o sonífero é de vinho. Só pode. E o desjejum de ontem será de podrão. Quê? Que foi? Lembro de algo como: “Sinto falta de sofrer”... ou de tristeza? Sei lá, mas a ideia central é: o isolado produz mais. É, mas odeio toda essa... Huuu, eu tou num fundo de poço, fim de mundo em mim. Rechonchudo. Entretanto, é voluntário como gripe, é ópio caseiro pirata. Desculpem-me. Não, não me desculpem. Justo agora que acho que me dei bem? Bocejar. Chinelos que fazem barulho. Por nada. Copo d’água. Luz da geladeira. Bolo com gotas de chocolate. Mãos pelas paredes. Deslizar brilhoso. Vestimentas pelo caminho. Caminhar, caminhar. Refrescar. Vultos de pensamento. LinilinlinlinnlililililililililiLiLILILI! Alma penada, te escrevo isso, é uma carta, onde eu, é, eu tava bêbado pela milésima vez – tinha convulsões e ânsias de vômito na minha cama. Sonolento, pensei que a palavra sarjeta era linda. Vi minha identidade no chão... percebi que tudo o que tinha tava caquético, até
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mesmo eu, quem diria?! Minha cara via-se de cabeça pra baixo, tudo lixoso e fodido... É pííí!!*** saber descrever, lembrar, bom... é... pensem na desordem total, em algo que odiamos: era assim que tava minha visão tremida, mais ou menos isso... isso que... Então, me pus nu, pra escrever uma carta louca ao Folgato, meu grande e único amigo – é claro que desconfio de que existem papinhos que nem são culpa dele! Eu disse tudo o que tava passando. A Folgato, o único que não me dizia o quanto eu adiava à toa. Para Folgato, Mago da atualidade! Folgato, Já visitou teu primo, o gato de Cheshire? Sinto falta das nossas conversas. Tou de porre neste monólogo horrível. Volta, camarada. Traz o aliquod estranho logo. Não foi por ele que saiu? Tudo tá lerdo... um sequestro, um baú envernizado pra parecer tonel conservado, e eu lá, perdido no fundo. Dom Quixote me dá cotoveladas pra prestar atenção aos moinhos daqui da vizinhança. Chaves olha pra mim com aquela expressão comovedora do episódio de Natal. Kafka e eu nos perguntamos: pode se enquadrar??? Folgato, demora não. Eu terei vários assuntos acumulados... tipo GIGASENA. Meus cumprimentos, O “Velho” Pela manhã, ponho a carta na caixa de correio da esquina. Não há remetente.
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CAPÍTULO 20: “E se ainda há poesia,” Liberdade... E um ponto final. Sob o influxo incompreensível selvagem que é a curiosidade, dei um pulo em Bostafogo. A terra dela!! Poetas disseram de lá, que: “Botafogo é um filme idealizado / Botafogo muito mitológica pra mim”. E que “Uma jovem mãe faz o sinal da cruz / reflete seus anseios no bebê sorridente / Eu choro”. Mas, e minha Larissinha? Peço crença, fiz isso – ESCREVER – às pressas, semvergonhice de minha personalidade descarada! Da mesma forma que invadi muitos lares, usei dos outros, fartei-me de inocentes incêndios intencionais!! Da mesma Beleza sempre foi sinônimo de poesia. Sou bela. Sou então poesia? Preciso é dum autor? Ou seria melhor eu resolver estes “percalços” sozinha, tocando no meu centro, exibindo a origem de tudo; desde Felicidade até Tristeza, o centro, o sexo! Chafurdar. Ui! Bom, não teria mais característica de poesia, seria quase um recado. Ficaria mais fácil aos que têm preconceito com o tema – fazer poesia sem saber se está certo. Ser burra mesmo não seria mais fácil, né, querida? Olha, se vou desperdiçar ou não, se vou estragar ou não, nem sei. Se vou borrar um título, não importa, pelo menos tentei. Tenho que deixar de lado a hipocrisia, ostentações, o materialismo, vergonha e sei lá mais o que possa impedir o corpo mover-me. Tem tantas situações que são irrelevantes. Vamos pensar e dar nossas interpretações dos fatos, não distorcê-los. Cada um tem uma visão relevante das coisas. Não precisa padrão. É o seu poder de interpretação em jogo. Estou aqui te chamando de atriz e eu de roteirista. Será que ainda é viável curtir a simplicidade? Tenho consciência de que me descaracterizo quando longe do meu cantinho. Odeio ser tão metódica de vez em quando, pois dependo de mim e da forma com que me organizo e a meu espaço. Sei que preciso da parte feminina (dócil) de volta, por isso sinto tanto faltar Lari aqui, no meu lar e respirando levemente ao ler um bom livro ou roubando meu ar quando aproximamos nossos rostos. Confesso: me deu um friozinho quando consegui uma fêmea depois de tanto. Mas passa. Mas me deu um friozinho também perdê-la, e
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ouvir “Hey Jude”. Quero um poema da individualidade, da realização, do chute na bunda da hipocrisia que ainda reina apesar dos esforços dos meus antepassados!!! Me deixei levar. Sonhei em ser mais que uma mulher atraente, é, gos-to-sa, em roupa colada, exibindo as coxas pelas ruas, corrompendo eu mesma minha inteligência. Como agora, passeando pela cidade cegamente sem dar “Oi!”. É que sempre vou e volto. Para finalizar, repito porque é necessário: “É o seu poder de interpretação que vai em jogo. Te chamando de atriz e eu de roteirista”. Vamos lá, pensem! Quem foi??! Mas não achem que classificar é o mesmo que dar sentido.
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CAPÍTULO 21: ““Ruas” & “O panorama””
Quem sabe como são as ruas? Como são incompreensíveis e lastimáveis as ruas... Desertos são tranquilos e misteriosos. Mas o meio da multidão é que é bizarro e extremo. Distancio do fluxo. O calor. O fedor. O fedor novamente. O lixo em partículas. A ruína. Os tons cinza. O subúrbio. O centro do caos, da cidade. A cidade fictícia. Meus olhos. Fuuui, fui contemplar a vida. Tchau! (...) e digo isso, pois tenho nojo de aglomerações cegas – grupos cada vez mais inusuais e fúteis. Fico apreensivo e contemplativo ao ver a miséria humana. Cacetadis! E isso tudo pra apenas ir ao supermercado comprar mantimentos (material pra hambúrguer e garrafas novas de vinho tinto – comprei um espanõl também, além dum brasileiro; o braseiro, mato agora, o espanõl eu espero passar um cado). Volto pro lar em transporte público no horário de pico do trampo dos normais, a ida do povão pras suas residências. Eu não preciso disso. Abro a danadinha, usando o saca-rolhas do meu canivete suíço de 1,99. Som oco. Óc! Sorrisinho do Curinga. Adoro “a cor” de gelado da garrafa escura. Rolha meia bomba. Canção. Gole um: vou rezar pela volta de Folgato. Tá difícil. Gole dois: eu acho que aguento... Como um ícone, nenhum respeito pela vida daqui. “Uma visão memorável”. Gole 18. Panorama desolador... ele é pastor. Suas cabras são domésticas e violentas. Ainda é complicado, intrigante e arquitetonicamente como corações de aprendizes. Pergunte a um especialista, ele dirá que tem que colar os selos da promoção e rezar pelo futuro. Assim loucamente, saio e pego um táxi: −Segue pra Oeste! −Táááaa legal, chefia... Aterrizo numa tendinha. Engasguei, tossi, respirei e consegui dizer estas palavras: “Um 57
café, por favor”. Para depois: −Opa! Café expresso, por favor – repeti, pois o cara não me viu ou não entendeu. Das duas, uma. Hoje conservo a vida dos outros longe e não poluo o meio ambiente, mesmo estando lá e cá. Sou o intervalo do Humano, duma Era antes do Final, por isso pouco acrescentei. Protege eu, Folgato. Já fui pro gole 22! Ainda nem sonhei em ver um fio de cabelo branco, contudo minha bostinha de seriedade vital tá na minha mão – e sou “O Velho”, como cê mesmo me apelidou. Nada de badalação. Sinuca em mim! Ilha deserta de água cristalina ou acordar da quimera induzida? POR QUE EU TÔ É SONHANNNDOUUUWW... UM ESPETÁCULO MULTICOLORIDO DOSTOIÉVSKIANO!! POIS EIS QUE... FINDA A ÚLTIMA GOLADA, SUBTAMENTE: PAZ, PAZ MIL VEZES!!! Sinto algo bom, fácil..., muito mais energético que aqueles dias! Sinto uma ILUMINAÇÃO. Prefiro isso, não tem fim a felicidade! UHHHHHhh. Estige, Estige, tá escrito em todos os lados a palavra ESTIGE. Estige, não sou mais, aguentaria agora levantar todos os dias e abrir os olhos – pena ver só “meu quarto”. É! “Eu não mais anulado!”. Putzmerrrr***! Acho que isso é a glória mística! O que posso dizer? Do nada, eu melhorei completamente! Sou feliz! FELIZ. É como se me tornasse extrahumano! Estivesse um passo à frente!! Acordei! Daí “O tempo passa como que banhado em vaselina”. “Chegara enfim o dia desejado, Ambos unidos, soluçara um beijo, Era o supremo beijo de noivado!”
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CAPÍTULO 22: “Algo se transforma...” Ao cabo de três dias, mavontadeando, fui até uma loteria próxima para pagar a praga de uma conta. R$ 69,00. Vocês sabem, essas contas vivem tendo que ser pagas. Saio pensando em comprar algumas miudezas novas... e sou surpreendida. Daí foi tudo embora! Digo que obscureceu-se e apaguei, é, desmaiei, fui atropelada, estatelada estrela no chão. Me senti a mãe do John Lennon!! Que baita coincidência. Mas logo eu atropelada, a devassidão labéu de putana. Imaginem quantos clientes ocasionais, quantos excessos de álcool pelas noites afora e quais improvisos premeditados não cometeria? Que piada. Eu ri da mortezinha. Acordo com um branco e olhares. Mas que pá de cal na retaguarda, que mentirosa sou. Ê: −Que passou comigo? – Perguntei fraca, como que recuperando-se de um parto. Nisso, uma voz que não identifico disse, longe: −Calma, foi só um susto. −Ahãmn.. −Qual o seu nome, bela? −Julia... a – Respondi zonza, fraca, montando os pensamentos e articulações. Se eu disser que era muuuuito igual à voz, ao timbre do esquisitão do fósforo, alguém estranharia? Pois de um sobressalto, verifiquei que não estava lá o tal. Que danado! Bati a poeira, agradeci aos curiosos e fui. Mais tarde, no aconchego de casa, minha fotografia é a da caneta que ia na minha boca. Era o símbolo de algo que bem conheço e gosto, sim. Olhei pela janela minha pose. Eu era tão fria quanto esta “rua”, não mais debaixo das asas e barra da saia de mamães. Preciso ter doces de comer!! Encaminho rápido. Não faço só pra mim, nem sobre eu – capítulos curtos e indiretos. Tive interesse de escrever sobre a vida dos outros e ser uma observadora. Na realidade, uma outra que não era do mesmo signo. As vivências tristes e traumas das sofredoras me interessam. Mas percebi que isso cansa, no meu caso e pra quem foi citada. Vou deixar 59
“isso” de lado, é um treco dedicado a um vão entendimento, este cotidiano e mentalidade. Esta barra de chocolate que se derrete ante meus dedos! Por que o mal cobiça a nós, jovens? As jovens idem. Vou te encontrar, ser supersimpática mas não te ter. Mas você sim. E eu também, ainda que fazendo ceninhas de ciúmes na pista. Semana que vem só te ligo para marcarmos algo, do meu jeito; será que consigo ser assim e não uma dama de feriado?? Não quero te conhecer mais, e mais ninguém. Quero é esquecer tudo, para assim, depois, ai, reapaixonar-me! Pois a vida é de verdade... Algo se transforma, acaba. Azeda. Acaba, meu bem. C´est jolie. Foi. O passado significa a volta ao lar, e tu a carne humana a fazer sabão. Tomara que pro meu melhor. Senti algo como saudade, coisa da minha língua... A esfoliar todo encantamento juvenil – Foi-se, voltei aos tempos da pedra e dos incensos, reencarnando dessa maneira a feiticeira que tantas vezes encarnei. Agora tão... é, acordada, “e nem bonita nem simpática”, nesta tarde encoberta, bem-bom de café e biscoitos e cobertas. Pois chuva se aproxima, é cerrrrto, chuva sempre se aproxima do Rio de Janeiro a plenos Julho e Agosto. Estou só, anotando anotações. Agora “o próximo”...
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CAPÍTULO 23: “Conversa fiada”
O encontro. Eu sei!! É chegada a hora. “O Velho” já era? Entrou pra galeria das ameixas vivas? Só Folgato pode reanimá-lo? Noite adentro com a perdição, maldição induzida: solidão. “Ele espera. Reclama, bebe seu vinho, come queijo. Até que aconteça algo”... Estou num thriller!? Num filme de caídos, numa comédia onde a piada é a fissura. Lembro de quando achei Folgato num meio-fio, com seus irmãos abandonados. Os filhotes se mexiam tanto dentro daquela caixa de sapatos. Escolhi o que mais fugia: era como eu, igualzinho! Igualzinho, é... Ouço o remexer do novo batendo à porta. O Calor da ansiedade. Oi. −Oi, amigo – Eu disse a Folgato. −Pensou que eu estava longe, não é? Sorrio. A casa tá cheia novamente. Segundos depois, Folgato à minha frente, em preto e branco. Já que é preciso falar um ao outro, ele me ouve. A conversa flui...: −Pra finalizar, Folgato, tenho que te contar um fato muito relevante, revelador, fantástico, simples: a modéstia do mamão! −Quê? – espantou a sobrancelha! −Isso, o mamão... Uma mulher que passava na minha reta na exata hora em que desci pra tomar um café no Portuga deixou cair uma sacola – essas coloridas de feira – lotada de mamões. Acho que era meio doida, descabelada e sem marido, na certa, entendeu? Simpatizei com a dona, e, incrivelmente, ninguém a ajudou. Eu fui, né... Peguei as tais frutas caídas e recoloquei na sacola. Nem parecia eu! Ela agradeceu – tão simpática, coitada – e ainda me chamou de gentil(!). Ah drogaaaa. E, pra me presentear, ela me deu um mamão. Que mamão de Deus! Eita, como era feio por fora, com machucados e manchas pretas. −Você já havia visto ou comido um? −Há mó tempão era que eu nem me lembrava da existência... −E aí? Vai contar ou só fazer suspense?! −Vou pular toda essa cena e voltar logo pra casa, é melhor. −Claro. 61
−Levei o feioso pra cozinha, peguei uma faca e parti-o ao meio: vi uma estrela! −Onde? Como assim?? −O mamão era uma estrela de casca. Acho que sou um mamão, Folgato! −Explica melhor, Velho. Sente-se bem? −Hahahah!! O mamão quando cortado em duas metades iguais... o centro dele forma uma “estrela”, já que nele o contorno formou as pontas em forma de estrela. E é feita de sementes. E comigo é o mesmo. Agora sei que meu melhor tá no interior, e que por fora é só esse “treco” casca de mamão que tu vê. Entendeu? −Mas é claro. −Eu sou um mamão, Folgato. −Sorte sua então. −Acho até que cheiro igual a um... −Não sei se te apoio ou mudo de assunto. −Que bom que foi sincero, Folgato. −Miau pra você também. −Palhaço! −Estou pensando a respeito. −Vamos terminar esse papo. Já tô com vontade de abraçar meu travesseiro e virar uma estrela na cama. Teu dormitório continua o mesmo – e pausa nosso Velho. Mas é Folgato quem continua, dando uma nova informação: −Não percebeu nada de estranho no ar daqui, Velho bobo? −Não, por quê? −Tenho vindo aqui secretamente. Você nem percebeu, anda sempre apagado, doidaço.. Deixei uma novidade. Um ar, um vidrinho destampado atrás do sofá, emanando seu cheiro, libertando os seus duendes em navios lotados a fim de aportar. −Ah é? −Ahãm... Me parece que você está meio de bom humor... −É... espera, era esse o dito aliquod? Era a poção que tu foi resgatar?? A tal? Diz, pô! Mas Folgato só abriu um sorrisinho e brincou: −Isso se chama Estige.
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CAPÍTULO 24: “Epílogo prematuro” E teve o dia em que choveu e ventou bastante. Todos corriam. Até homens e mulheres. Até... Julia. Os guarda-chuvas, como pássaros, quebrados, jaziam no chão. Era novembro... Desfecho? Não, ou sim? Depende da entonação, né!? Não, nem quero mais escrever sobre mim, tenho responsabilidades. Isso de perder o dia todo rabiscando e no final ainda ficar com uma enxaqueca irritante é para os mártires. É coisa de desocupado. Tanto que abandono constantemente o pensamento biográfico; queria me dedicar a tagarelar – eu sei fazer isso? Porém? Queria me dedicar ainda mais a escrever sobre outros temas – talvez um romance. Acabaria por passar fome, já que tem muito mais por aí. Aliás, não posso passar fome, com meu trabalho nunca fico sem nada, raramente alguém me esquece! Enfim, La... Lariss... Lalá, é muito difícil explicar; ter tantos cromossomos em comum e sermos tão desiguais. Somos pessoas, portanto, este livro ficou assim: incompleto, em várias partes, mal acabado. Foi mal. Sei que a forma que utilizei foi desconexa – como pude pensar que seria o contrário? Juntei as palavras e deixei o sentido subjetivo – a interpretação cabe a quem se esforçar. Aviso logo que tenho problemas.. Tudo muda rapidão, o mundo girando mais e mais. O desenvolvimento emocional... Ficou bom? Já disse à minha família: “Não vivi, sobrevivi” (...) Desculpem-me de novo, por tudo. Ah... abusei de esquemas de conteúdo e blocos associativos... todo um ciclo para se chegar a isso! E plaft, foi por cano abaixo! Como olhar Larissa na cama, abraçada ao macho dela – memórias de fumaça. Abaixo, abaixo, a... Me deu raiva na hora, porque os peguei em flagrante, sabe?! Mas fiquei e olhei, olhei fundo. Estive na fresta da porta e meio que gozei junto deles. Mas a cara da Larissa satisfeita não foi tão legal. (Risos) Evaporei de lá. Na saída do prédio as luzes das vidas e mundos pela cidade me agrediram. O tóc tóc tóc surdo e enfurecido do meu salto alto chama a
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atenção de uma senhora. Ela repara distante e retrai o corpo a si mesma, nota-se que está noutra. A doida canta que “Prudência não, aaaaahmeudeus!!!”. Porém mesmo ela vende umas jujubas bem visíveis. Eu paro, escuto, presencio tanta bujinganga de camelô. Desculpem se bizarrei a velhinha. Falei com ela, é apenas uma pobre ambulante chamada: −Tia Luka! Meu nome di verdadi, fiia! −Eu sei, minha querida. Eu te dei quatro reais. Falta cinquenta de troco. −Olha, antes de tu consegui erguê o narizinho eu já tinha alugado us modo na sarjeta, sabi e −Se tu soubesse que minha casa é que tem lanterna vermelha... −Pois então, mi dá essa gorjetinha, heheh, já qui somos tão parecida... Que papo estranho. Tchau, Tia! Eu! Dita ruim e desalmada, não quero ser chamada de “anti-heroína”. Uma mulher rica eu seria quando ganhasse muitos “obrigados” ou “parabéns”, aí sim me sentiria uma realizada. Mas que nada, ainda há necessidade de muita... água em pequenas doses ao longo do dia... meu rosto... refrescando a pele macia. Portanto, a Água e a Mulher são irmãs. Bato palmas para as mulheres, a razão de tudo! Assim pra Água a mesma premissa. Algumas perguntas finais – prometo não ser mais tão-tão… pentelha! –, somente para fechar o fluxo de pensamento desse troço: 1) Já tomou forma? 2) Ocorreu a característica de algo? 3) Você, ao ler, teve qual impressão? 4) Qual a imagem que formou de mim e das situações aqui relatadas? 5) Entenderam o conceito de “Epílogo”? 6) Como anda a tua imaginação?
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CAPÍTULO 25: “Fase agridoce: Vinho, Estige, Queijo e a Beleza.” “O melhor vinho é o mais velho; a melhor água, a mais nova” Provérbios do Inferno (William Blake) Então o Presente de Folgato, eis o presente: −Respira, fica aliviado de tudo que tem ou ainda terá. −Que é? −Não me pergunta mais nada, tem coisas que não têm esclarecimento. Apenas respira, tá certo!? −Claro, amigo. Demorou tanto só por mim? −Não vou responder. −Já esperava. Mas brigado. −De nada. Folgato, da mesma forma que os outros felinos, são os mais sinceros – mais que crianças. Devia aprender dele isso. Ele brada: “Voa, o quebra-cabeças foi desfeito...”. Mas a voz emitida é sussurrada, longe, grande. O “De nada” como um eco. Passou um filme, tudo tremendo suavemente, divertindo-se com os próprios risos. Um oscilar entre díspares, ah cara... Agora o Sol, o Calor depois do frio... E entendo tudo, meio que li o roteiro num segundo: “Estige é O Alimento, aliquod dum Matrimônio do Céu e Inferno”. “Voa, o quebra-cabeças foi desfeito”... Voa... Pras ruas (de ideias). Pingos gelados na cara, jaqueta jeans, braços cruzados, ar latente, clima, cães atropelados apodrecendo na beira de estrada, gatos correndo na minha frente, assutado. Agosto. Derrapagem. Vinho, Estige, Queijo e a Beleza... O presente de Folgato: “Eis aí a felicidade! Uma colherzinha bem cheia! A felicidade com toda a sua embriaguez, todas aquelas loucuras, todas as suas criancices! Pode engolir sem medo, disto não se morre”. “Que enlevo do espírito! Que mundos interiores!”.
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Agora eu caminho bem, tal espectro vivo, suspenso, viajante. Posso fazer comentários sobre “Quem é o cachorro molhado?”. Onde. Quê? Seria mais ou menos: Um bebê sentiu meu odor de cachorro molhado, uma criança disse pros amiguinhos que eu cheirava a cachorro molhado, uma adolescente me xingou de fedido a cachorro molhado, uma sereia me chamou de cachorro molhado e disse “vem cá”. Então, eu sou um cachorro molhado. “O Velho”... mas pode me chamar também de sortudo. Foi a chuva boa, foi, eu disse. E nas veias estas, fluidos vitaminados – que importa minha casca agora? Intervenho! Rabiscos reclamões não mais! Só a estrela! Sei que sou farrapozão dos bons, e nada jamais em mim vai ter charme ou beleza estética... é porque sou anestesiado. Amo meu odor. Estige em grande volume! Ohhhh... o mar é meu! Por que eu tou nessa? Nem me dou muito bem com os outros seres. A solitária é legal. Fecha a tampa, vim como gambá do teu infortúnio!! Autorreflexões de frente para o vaso – não mais! Todo o planeta é ruim, sempre foi, sempre será. Daí a Beleza do refúgio! Um túnel ou casa a se acostumar. Este líquido é paz amorfa. GUIMBAS são feitas pra serem o resto do fumo, pois então, vamos existir. Já disseram que a vida é um cigarro: se não fumá-lo, ele se apaga e acabará de qualquer maneira. Então, somos todos GUIMBAS ao final... e sempre aparecerá um puto pra nos pisar e extinguir. Porque... alguns cigarros são apagados ainda no começo; esses são mártires, ou bobos... quem sabe!? Sorte minha mais uma vez: eu tenho Estige engarrafado. O melhor amigo desse mundo. Muito obrigado milhões de vezes, Folgato: −Não precisa agradecer – respondeu meu amigo felino. Aaaah... Lembranças do aliquod sagrado... o cálice usado por Jesus Cristo na Última Ceia, a tentativa por parte do cavaleiro de alcançar a perfeição; o Santo Graal não é nada frente à sua facilidade... A peça chave do Graal é o líquido, não o metal, todos sabem! Um alguém palpável? Ou inanimado? Nada sei! Apenas imparcialidade. Questionamentos secretos... sempre tive dificuldade pra entender... e o porquê??? Poucos são os que se importam.
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Logo, logo, tô imerso em banho de temas, “O aliquod” – há quanto não sabia o que era isso? Se é que já soube o que é ser feliz... As situações do mundo aos pés... Tétis tentou tornar Aquiles invencível mergulhando-o no Estige. Quem dera. (Eis que) No lugar da fala, silêncio, destruição. E profunda recusa de “Todo o” sentido... Odisseia sem retorno. Solidão e independência. Desaparecido! Nos momentos de impasse, e ao tentar simplificar tudo, ou mesmo esquecer o passado, acabei me aborrecendo. Em euforia, estupidez, Estige, salva eu. Vá ékstasis. Me salvou!!! Huuuuurúú, era flutuando. Que nem desenho animado. As lembranças foram vencidas!!! O aliquod será eterno! Eu pulei do muro, tava lá altinho, meio belengando prum lado ou para outro, sem saber se vivia vegetando ou mordia o melhor do bolo de existir. Hum.. Efeito Estige (prolongará!). “Eu sou o Rei pagão no meu trono fechado. Eu não tenho súditos, nem memória de pedra. Amor, amor, amor, luzes”. Em. Cantos, cantos, canto aos ídolos, todos juntos, ao mesmo tempo, que sou um FELIZARDO (eu posso fazer)!!! Mas. Durante o percurso, entre enxaquecas, ondas e ilhas esquecidas, dores no peito, anos de excesso, destino trágico, inventado... por empatia, contraculturas, o agonizar, o precoce, profundidade, abjeção humana, trajetória, impossibilidades, invisibilidade, abismo, artificialismo, indução, mares, desertos: dilaceração, defasagem, opacidade, crueldade, catástrofe... Ah, a obra das suas várias águas, que maravilha, sobrepõe tudo em asteriscos múltiplos. Olha o teu ancestral, Folgato, O Rei dos Gatos, ele foi incrível ao te botar na linha de produção, amigo. Eu falo de admiração. Festa, a festa não tem fim... sem volta? O futuro é o delírio de agora: pelancudos emperucados dançam ao som desafinado do cantor enegrecido de clima. Correndo pela casa depois de acordar na cama dos outros, cheio da vontade suprema de ir ao banheiro... Alívio dos deuses! Opa, Folgato, cê tá aí? Acho que tu engoliu diamantes e se esconde de mim; “Os donos da fortuna tão loucos, certo? Compreendo”. É complicado. Não morre num telhado qualquer,
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amigo. Nada disso. Se não, dois anos depois, quem achar a tua carcaça recheada da fortuna humana será um mendigo de casa. Não o deixe ter uma vida boa. Nós não merecemos. Viagem sem hora pra acordar. Que. Trama simples, rosto limpo, dedos cansados de nada, e risadas. Bom. Veludo azul... já usei uma calça assim, e ela era engraçada. Bons tempos infantis. A, é... figura do ídolo. O assassino do filho deu-se numa jogada. Não, não de sueca... Cê tem alguma opinião? Ao menos uma, amigo? Que noite sozinha, que virada. Sozinho. A mesa... De onde vem tanto assim??? Trip. Trap. Zip. Zap!!! Quem disse que me importo? Peripécias, estalo – lúcido. Abertura de vidrinho! Qual nova manhã novamente da nova outra vez eu terei? A CHEGADA AO ESTIGE. Mega. Talvez seja este o cume do Everest estigiano, o debutar dos sentidos, a virgindade do corpo renascida, seduzida pelo aroma das tuas águas. Reconheço o Sertão habitado por índios bravos... Há um quadro em mim, o Nirvana dos bobos acabou, 0 equivalente atual é o campo de espinhos até se chegar à Floresta de Ressurreição, da “fila de homens cegos”. E eu lá, na porta, rindo de todos! A faixa no céu levada pelo planador, o avião de Saint-Exupéry. O Caminho da Cessação do Sofrimento... veio-me apresentado pelas correntezas, onde: “a jangada é um meio para se atravessar, não pra se guardar” em “fila de homens cegos”. Tardios repetitivos! Agora não mais obscurecido, nada mais traz repulsa e decrepitude. E “desaparecer todo o meu orgulho por minha vida” tá na página do pergaminho invisível. Ilusões perturbadoras nada são perante o caminho iluminado-seco do Nirvana dos que não sabem o que é o Nirvana; Nirvana é ejaculação precoce ante o Estige-molhado (este que tá perto, perto, perto!). Logo, logo, vão querer reprimir a prática do Estige, pois dá prazer, belisca a seriedade. Contudo, é minha obrigação fazer um fojo (pelo menos uma vez na vida) e mostrar os trechos cintilantes... De. “Uma visão memorável”, memorável, incorpórea, murmúrio espectral, lasciva pela incompreensão compreendida fácil do Estige. Inomináveis continentes de saturação relaxante, arquibancada de espectadores invejosos... tão transparentes pra mim... Ascendente
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indígena, mas de qual tribo, local, época? A jornada começa sem fins parâmetros, nem presente, é descoberta! Insonoro grito pasmo de alegria – eu tou vivo!!! Nostalgia em poesia. Sou disforme, tudo é disforme, incomum no comportamento e mundo da lua. Concepção mítica. Reticências novamente. Traduzirme? Falem por si próprios. A liberdade é minha, a compreensão é sua. Não há mistério mais. Há uma nova e decisiva incorporação por parte dos que não mais existem – e eu existo mesmo! Puro Estige!!! Na raça. Sangue!! Na filosófica/realidade. Anda, anda, é rápido e lento. Depende. Nada com estrutura. Vejo o outro mundo, agora que sou REI-DEUS-SUPREMOUNIVERSAL DESSE LIMBO. Eu corro, como se o planeta Terra meu brinquedo de mão; em seu dia de ser inundado. Hoje é meu aniversário. Tive tantos orgasmos pelo Estige, nas fotos delas, e ao final do “dia”, vejo-me: solitário, antissocial, esquecido e escondido, enevoado, denso, introspectivo, mas claro, algo sóbrio!! Por esse motivo essas nomeclaturas foram citadas. Calmaria... Ah, nova Beleza, infernal; lúgubre. Água! Estige com meu adorado Vinho... Perfeição! Pra curar a dor dessa aguinha evaporando, só Estige. Pode. Fazer o impossível, dar origem ao mesmo, como um criador. EU SOU MEU SENHOR E QUE SE MULTIPLICA O RESTO! Que se fiiillll o resto! (Risos) Dionísio me salva da morte. Dionísio veio me buscar, falei dele sem saber quem era e nem o conhecia. Mas então apareceram um sufista, um surfista e um sofista pra estragarem a festa – a morte seria iminente! Confundiram as bolas (Risos). Os deuses também correm perigo. Entretanto, Dionísio e Folgato ajudam de novo – Dionísio, com a vigilância do meu felino favorito, escondeu-me em sua coxa, assim como seu pai, e entendeu e consentiu o Estige em mim. Então eu jurei, e virei pra sempre servo do líquido. Até ganhei de brinde uma burla! Chamei-os pra tomar vinho e celebrar, agradecendo. Os deuses também comemoram! Então eu me apresento bêbado, simulando e profanando somente a mim. Isso que é candura, redenção, beatificação própria. Nada de mal a ninguém... Por isso, digo claramente: sou um completo, eu posso fazer. É SÉÉRIO!
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Ao Final Falho (porque o aliquod de agora irá reverberar em todo o resto). Nem tem caminho. Novo. Novo dia triste estaria pra vir. Eu vou ficar sendo atacado por palavras soltas – agora que desci do Plano Astral. E... “e pétalas/tempo, tou no meu paraíso”. Anotar mentalmente: NOVE vezes: “pelas águas do Estige” – Folgato me trouxe o mapa, pra sempre irmos buscar Estige.... lá e... Olá pra água! Quantas eras já se passaram desde nosso encontro? Quanto poderia ter sido e agora é? É incrível ser espuma do seu mar... Mesmo que a abstinência custe a tentativa. Abro os olhos, vertical, vertical, tudo tá como deveria ser.
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CAPÍTULO 26: ““Epílogo secreto: “O real gran finale das pobres almas””
Ver o conceber de alguma cena na cabeça, na pessoa, é algo que faz realizar. Você que entrou no espírito, no campo da descoberta, da junção de funções jururus. Ah... Ela volta, Lari volta? Até seria difícil separar... Fiquei é bolada, talvez porque fora assim repentino demais... Boa sorte, lero-Lari. E até inventei uma história para não ficar muito por baixo. Enviei por e-mail para evitar ter a desagradável surpresa de ouvir tua voz. Saca só: "Oi, francamente, eu não gostaria mais de receber nenhum recado seu. Das últimas vezes, meu novo namora-do não gostou nem eu estou mais interessada em saber notícias do que você faz ou deixa de fazer. O que já tivemos terminou. Amo meu homem e não desejo que nada atrapalhe nosso relacionamento. Para que não haja mais desentendimentos entre eu e meu na-mo-ra-do, não quero mais que isso se repita. Boa sorte na sua vida e adeus. Cháaau!". Foi polida, né!? Com este final, poderia até ficar muito triste, mas é desnecessário tamanho clichê – sei que tudo isso passa. Atira a primeira pedra quem foi diferente! Sei também que numa grande biografia, os fatos ruins vão sendo sobrepostos pela síntese do “bom” tema. O ruim passa, é claro. Por que me desesperar? Sou forte e gosto da vida; é muito mais interessante que lamentar, hunf; a experiência conta tanto quanto matar-se aos poucos. Sei o que é melhor, talvez tenha crecido um tantinho; sei que acho que cresci, e tento nem vacilar ou cambalear... Ainda tantas sensações, deleites. Pouco saberia ajudar na criação do filho dela porque faço parte daquele tipo de mulher não sabe educar. Eu mesma não me criei toda ainda, estando mais desorientada que o Patinho Feio, pois os melhores são os que têm estilo. Porém, vê-se apenas normal... à mercê do mundo, é, numa era de violência, pena não ser homossexual integralmente. Existirá logo um Epílogo, apêndice e o final: já pra “AQUELA QUE É BRILHANTE, CHEIA DE JUVENTUDE”. É Julia... e não sabe o quanto é incrível. Ladra, linda hipócrita. Alguns também não, mas os que sabem não dizem, pois é uma fatalidade íntima. Nada de dona de casa! Ééé, doninha de casa de touca e avental. Que pervertida! Que fora-da-lei! À espreita relaxando o marido. A dona-de-casa é a 71
carranca da Sociedade! Desmilinguida “Sereia envolta em aura aliciadora”! Assassina! A mulher que se deixa pouca nos antros caseiros é que devia ser enforcada. A quantos me procurarem eu direi que sempre fui contra. Sim, AQUEÇAM SUAS QUESTÕES. Constrói pilares por tempo decorrido de vivência; esqueçam as com corjas; atentem às oportunidades de quem acha que as merece. Isto é o agora, fetiche moderno de vitrine... Como é mesmo que chamam aquilo que desconhecem? Ãn? Jus. Jura. Julia. Júbilo. Charme. Putinha de mentira (sou puta, isso mesmo! mas foi opcional, prazeroso, lucrativo). Mesmo iludida pela minha linda cliente, a que falei tanto. Volta pra ele, Larissa, pro cara que faz coisas bestas do tipo esculachar os outros. Leiam: “Dexa eu lavar o vrido aí tio?”, pede um flanelinha. E o maridão diz: “NÃO”. “Natal sem fome pô”, fala o menor. O marido arranca com o carro, e a mulher pasma ao lado pede por perguntar: “Você não tem pena?”. Ele responde: “Quem tem pena é galinha, Lari”. Viram? Sacaram mesmo, não é?? Um caldo de testosterona e titica no lugar da cabeça! Eu deveria ter me vendido ao casamento quando meu namoradinho me usou, sabe. Mas é pouco divertido pensar em como seria! Agora eu é que estou desvirginada, enganada pela vida, e ainda queria possuir uma cara de pau como eu... Ou pensam mais além... seríamos sacerdotisas, pois nobreza é hereditária – seríamos, ah é. Vai achando bobagem. Eu daqui vou passando. Pois descobri ser mesmo é Observadora – já disse. Sem esperar a hora de morrer, quero só que aconteça. Eu tô fudrida mêêrmo! Boiando neste rio indígena e desabando nos hotéis decadentes com seus loucos bêbados estrebuchando de cana na mente! Que mais queriam que eu fosse? Assim é. Diante da beberagem. Só preciso girar esse botão e zerar meus vestígios sentimentais. Mas esquece, só tem valor simbólico, como
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“esperanssas”... blé! A prestação do corpo, sempre ela, é versada na língua da enganação, e que belo exemplo já dito! Os apreciadores amam. Larissa tentou mutilar com navalhadas o meu rosto. O sangue ferveu ontem, hoje, senti as ondas de vermelho alastrando e enchendo-se. Me falta energia para largar-me daqui. A reação tem sua finalidade. Sabem, agora babôgeral. Ah, mais uma? Queima esta porcaria sem trama que escrevi! Não é pra entender. Por certo que tudo caminha a algum final perdido. É Deus se embananando e esquecendo os seres vivos fazendo idiotices. Não volto pra escola. Ninguém te dá rumo. Foudassi, Lari.
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PARTE FINAL desfecho
“O suplício é lento” [...] “Ela foi encontrada! Quem? A eternidade É o mar misturado Ao sol” (Arthur Rimbaud)
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CAPÍTULO 27: “O encontro da Faca e do Queijo”
“Não somos loucos, somos médicos maravilhosos, conhecemos a dosagem da alma, da sensibilidade, da medula, do pensamento. Que nos deixem em paz, que deixem os doentes em paz, nada pedimos aos homens, só queremos o alívio das nossas dores” Segurança Pública, A liquidação do Ópio (Antonin Artaud) Agora prestem atenção. Pois é diferente. Este encontro é de duas histórias, uma dentro da outra e um desfecho comum, tá bom? Virá um pouco dele e dela! Diretamente. Vamos lá... falam destes jovens exemplos deste Tempo condenado à reclamação, juntos vítimas para suportar o Inverno. O desabafo a eles tem que ser um longo diálogo! Mas nem tanto, pois parecem indecisos e nonsenseados pela dura ficção! Somente assim é obtido o resultado final. Relaxa, espera. É, está é mesmo chegando A PARTE FINAL DAS COISAS DESTE LIVRO. Você prestou atenção, leitor? Acreditou nestas palavras? Por todos os meios? Estão os dois: “O Velho” & “Julia” num bar do começo da Rua Voluntários da Pátria, Botafogo. É abril. Sol foi. É o “Desespero Humano” Artaudiano revisado!!! Ela atende ao celular, discute com Larissa e desliga. Os Mestres mechem-se, segundo fala-se. De histérica, passou a exaltadinha, ela. Ele logo após chega desapercebido – voltando duma imobiliária. Não sabe de nada, meio alto, procurando o que fazer. Pede uma cerveja, olha para verificar se há alguém reconhecível e afunda-se na leitura de alguma revista em quadrinhos qualquer. “Lari”, Julia pensa, “Que se pííí!!*** a La-ris-sa”. Leu o e-mail e ficou irritadinha. A própria expressão dá ótima pista. Enquanto isso, o vai e vem dos goles já deixando zonza, e vê-se perto “O Velho” à toa e de olhos paralisados embaçados. A princípio, ambos seriam apenas solteiros. Estes dois não sabem – ou não deveriam ter certeza – que o Destino lhes reserva um Acaso. É esquisito? “O Velho” tinha reparado nela. É bonita, simples mas 75
sensual. Não era retocada, sabe?! Que coisa. Ele olha, para, toma coragem, puxa uma cadeira e senta de frente – isso sim foi uma maratona física e mental, entretanto era como se algo o impelia a fazer “isso”. Quem sabe do Velho entende que esse ato não foi ensaiado, e sim cuspido e inusual em sua biografia. Instantes rápidos. Isso é um bar, daqueles com cadeiras pra rua, típicos da Zona Sul deste Rio. Pessoas e mesas com pessoas. Amigos, conhecidos, gentes, universitários, vagabundos, sustentados pela mãe, periguétes, passantes, passantes saídos dos vários cinemas, turistas, moradores dos prédios de cima, enfim, “O Ponto”, a Voluntários! Pois... Nas conversas nos botequins de aqui, todo mundo se acha Nietzche e Freud. Cantam sambas de antiquários... Enfim, “O Velho” somado a Julia, está aqui um reforçando o outro... são equivalentes e implicam logicamente cada qual sua parte! Julia assenta a proposta do rapaz e sorri como que sem preocupações entre onde e aonde. Os dois conversam e não lhes cai a ficha do que rola afora: −Coéééé. Ahhhh. Coé – disse rápido “O Velho”. −Esse teu “coé” soa meio que como “eu não acredito”. Estou correta? −Acho que é por aí, Dona Julia. Que engraçado, notei, sei lá, tive a impressão de que somos meio parecidos... −Que eu faço fazendo aqui... Você é maluquinho, cara! – Falou ela, arrastada. Nisso, chega o garçom e pergunta ao Velho: −Outra bebida, chefia? Julia olha a mão do atendente, sobre a cabeça, vê os olhos e paralisa-se. Ela percebeu na hora quem era! −Traz umas batatinhas fritas, amigo. Aliás, cadê o Fábio Júnior? – Pede sem olhar, “O Velho”. E o garçom reage: −Quem, o outro garçom? −É, o de sempre! −Ah tá. E a cena recomeça, como se nada daquele desconforto tivesse existido: −Eu te chamei? −Mas não me expulsou, benzinho! Corre em nossas veias o mais puro veneno. Julia pausa e engata, sarcasticamente: −Ih, tô bêbada!
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−Será que tu daria uma boa esposinha? −Calaboca e me beija – assim falou Julia. Deve ter sacado algo a mais! −Quê? – “O Velho” assustou-se zoando, meio dando uma de desentendido. E pensa alto “De onde cê é mesmo...”. Mas logo se dá conta de −EU DISSE: “CALABOCAEMEBEIJA!!” −Tá bom. Tufi! Se eles estivessem zapeando de assunto, procurando afinidades, cairiam no buraco da Alice. Diriam que não curtem a Borboleta, e sim a Lagarta. Que estranho seria ter um imã e não conseguir libertar-se da tal SOLIDÃO que reclamam. Julia catuca as ideias com “Há quanto tempo eu não tenho um amante de verdade? Por que não?”. Por fim, é o Velho pensando também: “É misteriosa, tem cara de... sei lá... VIVA”. Finaliza ao som que reverbera do “Tufi!”
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CAPÍTULO 28: “(Cê tá com) a faca e o queijo na mão”
Eles atravessam o círculo. Se alguém tivesse o x da questão não o usaria? A mola ressoou. Parece que os dois já se conhecem desde o tufi, ou aprenderam curiosamente rápido. Ou era isso! Ou sei lá, mágica! Nas imaginações, o intuito de uma relação onde não há namorados, apenas ficantes que estão bem um com o outro no momento, nos momentos juntos. Trabalhando com hipóteses? Então. Sem ciúmes, sem um trato chato, apenas a diversão. Amantes da noite, das possíveis festas. Uma vida onde reinasse ousadia ou tranquilidade. Onde celulites, cotidiano, risos fossem descartáveis e motivos de chacotas. Confidências? “Nós não temos”, diriam. “Bom, só algumas”, responderiam. Mas nada que impeça. Têm algo para falar, pois EXISTE. “Não há temor de causa ou efeito, compreende?! Quero tempo, e um tempo pro outro”. “E se der vontade, ir tomar um café, ou jantar numa pensão ou transar dois dias e sorrir. Pela madrugada, veríamos o Corujão, ou algo parecido... dos refugos da noite, dos desesperados, dos ociosos, nós”. É a faca e o queijo na mão, a dualidade ou o destino. Quem sabe??? Algo mais habita 'a casa'. Ele, “O Velho”, tinha que aceitar aquela situação e tirar proveito dela. Ela, Julia, ah Julia, ela tinha que fazer mesmo que só pra saber que estava errada... Porém, que seria do amor sem perdas? Essa pergunta vai para “O Velho”, Julia, Larissa, Sheila, Folgato, o Porteirinho, O Barman, a cria da Larissa e todos mais... NO PALCO DA VIDA. São pessoas que ainda não estão na época de relembrar histórias com os amigos, mas sim pra criá-las! São jovens. Pessoas da época de zero zero. E está tudo à frente. Segue o desfecho:
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CAPÍTULO 29: “A gente se encontrou, e daí?”
Percebam o garçom contente ao contemplar seu trabalho, por assim dizer. Fita munido de seus belos olhos – amêndoas – de gato. Geriu a feitura de uma nova substância a partir deste químico encontro. Sensação e pensamento lado a lado franco atirando-se, frustrações e promessas no sábado de aleluia! A nova solução fisiológica pra atenuar algum futuro apocalíptico. Sou Folgato investigando o espírito humano! Porquês!! Depois: −Então, eu tenho um vinho especial lá em casa −Ei, ei, epaa! Já está me convidando dessa forma, queridinho? −Sou educado, poxa. −Tudo bem, sou acostumada. −Tu acha mesmo que eu perderia a oportunidade? – Franziu este “O Velho”. −Nem deveria – Responde Julia, polida. −Tá, mas você deve, aliás, deve não, VAI SABER O QUE É! −Na tua casinha? −Calma, relaxa (Risos) −E se não der certo isso de fi-car? – Indaga ela. −Ô, eu preciso repetir?... −Siiimnn, bobinho.. – Respondeu Julia, a Faca. −LEGAL, A GENTE SE ENCONTROU, E DAÍ? – Livrou-se Julia, como sempre. −Ei, já ouviu falar em Estige? – “O Velho” perguntou meio que subitamente alegrando-se. −Ãh??? – Ela se assustou – É nome de bebida? −!... – E riu. Logo continua: −Relaxa, calaboca e me beija! – Foi o que decidiu nosso “Velho Queijo”. E beijaram-se. A contento. Os dois. Feito. Que tal? E aqui termina o esquema.
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Para Taiana S. Kamel,
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Paulo Vitor Grossi (Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1985). Escritor carioca, formado em Turismo no Rio de Janeiro, aventura-se por poemas, contos, pequenos romances e mesclas. Os Sonhos, Nicolas; Volume II: Adiós, Lite de Ratura ; Santa Cruz; Carne Viva; Rara (Volume três) & o hotel m tá infestado de pragas são seus primeiros livros. É o autor, e ao mesmo tempo, o ilustrador de suas obras. Fornece o site http://paulovitorgrossi.webs.com/ .
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