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ANO 17 - NÚMERO 96 - JANEIRO/FEVEREIRO 2016
O ROSTO DA
Misericórdia A MISERICÓRDIA E O PECADO Deus sempre resgata e traz novamente seus filhos para perto de si.
O EXERCÍCIO DOS CARISMAS E A MISERICÓRDIA Praticar os dons proporciona o encontro entre o irmão e Deus.
MISERICÓRDIA: AMOR PARA ALÉM DE TODA JUSTIÇA É como enxergar o melhor no outro, mesmo nos menos amáveis ou admiráveis.
ENCARTE O TOQUE DE DEUS A PARTIR DO GRUPO DE ORAÇÃO
janeiro/fevereiro . 2016
Nesta edição
ESPECIAL: O ROSTO DA MISERICÓRDIA
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MISERICÓRDIA: AMOR PARA ALÉM DE TODA JUSTIÇA
A MISERICÓRDIA E O PECADO
JESUS CRISTO, A FACE MISERICORDIOSA DE DEUS
O EXERCÍCIO DOS CARISMAS E A MISERICÓRDIA
E 14 AO CRIANÇA PLANO DA
MISERICÓRDIA DE DEUS
CONSTRUIR 17 VAMOS NOSSA CASA!
RENASEM DO A HORA DE 21 CHEGOU ESTUDAR A BÍBLIA DE 22 AVIVAMENTO, UMA VERDADEIRA OBRA FORMA MAIS INTENSA DE DEUS
E 25 SANTIFICAI-VOS SEDE SANTOS
DE OURO 18 JUBILEU RCC: UM PENTECOSTES PARA O MUNDO GRAÇA QUE 24 TAMANHA SERIA IMPOSSÍVEL CALCULAR O SEU EFEITO
MISERICÓRDIA 26 AECONTEMPORÂNEA A MENTALIDADE
NOSSA VIDA EM MISSÃO Amado irmão(ã), A sua colaboração para o projeto Nossa Vida em Missão tem nos ajudado a levar a Palavra de Deus a mais pessoas. Com a sua ajuda, mantemos as atividades da Missão Marajó, produzimos o programa Celebrando Pentecostes, na TV Canção Nova, editamos esta revista e, principalmente, promovemos o Grupo de Oração. Somos gratos pelo compromisso e fidelidade à missão. Estamos unidos em oração. Deus lhe abençoe. Caso você deseje colaborar com o Nossa Vida em Missão, entre em contato conosco. Ajude-nos também divulgando o projeto.
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Editorial
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O ROSTO DA MISERICÓRDIA Errata- Revista 95: Prezados leitores, Na última edição da revista Renovação, ano 16, edição 95, em uma publicação na editoria Espiritualidade, páginas 24 e 25, na matéria “É tempo de se olhar”, foi publicado, junto a identificação da autora Roberta Castro, a referência do Grupo de Oração Javé Chammá. Pedimos desculpas pelo ocorrido e comunicamos que o nome correto do referido é Grupo de Oração Imaculada Mãe de Deus, diferente do que informado anteriormente.
Expediente Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 17 - Edição Nº 96: Janeiro/Fevereiro 2016
Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537 Redação: Gabriel Jorge / Jorge Corrêa/ Laura Galvão/ Maria Mariana Revisão: Jorge Corrêa Fotos: Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico, Design e Diagramação: Priscila Carvalho Venecian E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCCBRASIL Rua Antônio Favalli nº 23, Bairro Centro CEP 12.615-000 Canas/SP Tel.: (12) 3151-4155
O Papa Francisco iniciou sua Bula de proclamação do Ano Santo da Misericórdia dizendo que “Jesus é o rosto da Misericórdia”. Sim! Jesus foi, é e sempre será o rosto da Misericórdia Divina. Mas, como hoje, depois de ressuscitado, o Mestre pode revelar sua face misericordiosa para os não crentes, para aqueles que não o conhecem, aos que ainda não fizeram uma experiência profunda com seu Amor? A essa pergunta, a Renovação Carismática Católica do Brasil responde com o tema que regerá o ano de 2016: “Sede misericordiosos, como vosso pai é misericordioso” (Lc 6,36). É missão nossa, carismáticos, ser presença, instrumentos e rostos da Misericórdia para aqueles que estão à nossa volta. E esse é um desafio – e ordem! – não só da RCC do Brasil, mas dada pela própria Igreja neste Ano da Misericórdia a todos os seus fiéis. Este é o tempo! Tempo favorável de conversão, de nos desprendermos de nós mesmos e nos abrirmos para o nosso próximo. Por isso, nesta edição 96, trazemos para você uma profunda reflexão sobre a Misericórdia do Pai, sobre a experiência de sermos perdoados e tocados por ela e nossa missão de ser misericordiosos. Trazemos também artigos que nos direcionam sobre como falar com as crianças sobre a Misericórdia de Deus e a participação delas neste Mistério Divino. Além disso, preparamos um infográfico especial para falar sobre o nosso grande Jubileu de Ouro, no qual celebraremos os 50 anos do início da Renovação Carismática Católica no mundo. Mostramos o caminho que fizemos até aqui e o que ainda nos espera para essa grande celebração em 2017. Desejamos que, a cada página desta Revista, uma gota da misericórdia de Deus alcance teu coração. E que seja este ano para nós um tempo de graça, de experiências e de mudança de vida! Boa leitura! Revista Renovação
Entre em contato conosco. Envie testemunhos e sugestões para o e-mail jornalismo@rccbrasil.org.br. As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte.
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Palavra da presidente
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MISERICÓRDIA, SENHOR! A misericórdia que vem de Deus ultrapassa os nossos pecados e alcança o fim último de nossa existência – a abertura de coração para o amor. Pois Deus, que não participa do nosso pecado original, oferece-nos uma chance de redenção, por amor! Sua infinita misericórdia opõe-se à tentação que nos desafia a contrariar nossa origem celestial. Viemos de Deus e para Ele voltaremos, porquanto a salvação dependa de nossa conversão, Ele espera sempre, e até o fim (porque não se cansa de esperar) pela transformação do coração dos homens. Muitas vezes, a imperfeição dos irmãos, e até a nossa própria imperfeição, nos impede de nos aproximarmos de Deus. Até erguer nossos olhos para o alto e perceber a imensidão de Deus e o Seu inalterável explendor, torna-se difícil. O coração humano, assim, termina por ser fechado para o amor e aberto para o rancor. Rancor, às vezes, até de si mesmo, e com frequência dos irmãos. Aqui se conclui a dificuldade que temos para receber as imensas graças que Deus tem para nós. Ora, ao contemplarmos a glória de Deus no rosto do crucificado, a Sua misericórdia resplandece como o sol sobre nós e já não nos resta mais nada a não ser constatar a nossa pequenez para exergarmos a graça que nos vem de Deus. Jesus é a misericórdia do Pai que se tornou carne. Acreditar no filho de Deus crucificado significa ver o Pai em ação e acreditar no Seu
amor derramado sobre todo o mundo. Jesus veio para revelar o Pai e a Sua misericórdia a toda humanidade. E nós precisamos manifestar essa misericórdia do Pai para os nossos irmãos. Sabemos que no coração onde habita o Espírito Santo de Deus não há lugar para a amargura ou para o ressentimento, mas somente para a confiança em Deus e para o amor aos irmãos. Por isso, é preciso um passo concreto para abrir o coração ao apelo que vem de Nosso Senhor Jesus Cristo. Comecemos por clamar a Deus que envie sobre nós o Seu Espírito de amor, que nos convença da Sua misericórdia e nos faça amar com o Seu amor. Quando olhamos para a palavra hebraica, Hesed, que designa misericórdia, verificamos que Deus é sempre fiel. Pois, mostra a fidelidade e a misericórdia que vem Dele, apesar da infidelidade do Seu povo. Não importa o que tenhamos feito no passado, não importa quão grande tenha sido o seu ou o meu pecado. O que importa é não mais pecar e não olhar para trás, pois Deus está a nos esperar de braços abertos. De fato, Deus é sempre fiel. Ele nos resgata no Seu amor. Somos chamados de Seu povo e passamos a ser contados como Seus amigos. Como pode alguém não perceber a Sua misericórdia e optar pelo desamor a si mesmo e aos outros? O Evangelho de São Lucas, no capítulo 15, propõe a parábola que nos fala claramente: a ternura de um Revista Renovação
pai ultrapassa a lógica até da justiça. São Lucas nos conta de um pai que vai muito além do que se espera da paternidade humana. Nós temos na figura do filho pródigo a história de muitos de nós. Mas o pai está sempre lá, esperando. Deus é a nossa esperança. “Ele é o Deus da esperança e você e eu somos a esperança de Deus!”. É preciso levar esse amor de Deus, essa consolação, essa misericórdia, essa experiência do abraço de um Deus que se misturou com a humanidade, que se fez homem para falar do mistério do amor que, a todo tempo, Jesus nos propõe a viver. Diz a Palavra em Lucas: “Sede misericordiosos, como vosso Pai é misericoridioso”. (Lc 6, 36). Experimentamos a misericórdia do Pai para compartilhá-la. Que nossos Grupos de Oração sejam esse sinal do Pai que abraça, que acolhe e perdoa. Pois, a única coisa que transforma o mundo é o amor. E mais do que nunca, o nosso mundo precisa de ternura, de generosidade, de gentileza e de amor. O Pai tem um coração apaixonado, que sofre pelo homem. “A glória do Pai é o homem vivo”, diz Santo Irineu, e a desolação do Pai é o homem morto, longe da graça. Que Deus Pai Misericordioso nos conceda a alegria de estarmos mais perto do Céu. Katia Roldi Zavaris
Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova
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Especial
janeiro/fevereiro . 2016 Por Francisco Elvis Rodrigues Oliveira Coordenador estadual do Ministério de Pregação do Ceará Grupo de Oração Imaculada Conceição
MISERICÓRDIA: AMOR PARA ALÉM DE TODA JUSTIÇA
Em muitas situações passíveis de justiça, Deus acolhe cada um com a sua Misericórdia, repetindo nos dias atuais, o ato de amor do Pai que acolhe o filho pródigo. Jesus com suas parábolas, vida, morte e ressurreição nos ensina a ser misericordiosos, sendo Ele mesmo a melhor definição para esse conceito. Estamos vivendo na Igreja um grande e oportuno tempo de graça: trata-se do Ano Santo da Misericórdia. É um ano jubilar extraordinário instituído a partir da bula de proclamação Misericordiae Vultus, do Papa Francisco, e que teve seu início no dia 8 de dezembro de 2015 e findará em 20 novembro de 2016. Podemos dizer que as portas da misericórdia de Deus estão de um modo particularíssimo abertas neste período de Ano Santo. No entanto, não é a primeira vez que a Igreja traz esta temática ao centro de suas reflexões e de suas práxis (tanto na ordem catequética ou pastoral). Parece-nos como sendo o próprio Senhor querendo relembrar ao mundo o seu atributo mais essencial. Por tantas vezes e por diversos meios, a imagem de Deus vem sendo tão desfigurada e descaracterizada que a Igreja, de quando em quando, de um modo mais universal revela a verdadeira face de Deus: “Pai das Misericórdias” (II Cor 1, 3).
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Por exemplo, o Papa Paulo III promulgou o Decreto sobre a justificação (1547), no qual afirma que “os pecados não são remidos, nem o foram jamais, senão gratuitamente pela divina misericórdia por causa de Cristo”. O mesmo princípio encontramos na Encíclica Miserentissimus Redemptor (1928) do Papa Pio XI e na Constituição dogmática Lumen
Gentium, do Papa Paulo VI, que ensina que “temos muita necessidade da misericórdia de Deus e devemos pedir todos os dias” (N.º 40). São alguns simples exemplos do quanto o tema da misericórdia acompanha a Igreja – sobretudo na voz dos Papas – em toda sua história. Na realidade, a misericórdia está na essência mesma do Evangelho. Embora não seja tão simples de conceituar o que é misericórdia, uma reta compreensão do seu conteúdo é a chave para entendê-la1. Em outras palavras, aprendemos na Palavra de Deus e por meio da Igreja que a misericórdia é muito mais uma realidade que se compreende pela via existencial do que pela conceitual. Isto significa dizer que a misericórdia se experimenta, que ela é realidade, quando deixamo-nos alcançar pelo amor de Deus, revelado soberanamente em Jesus. Por isso, o conceito de misericórdia está tão intimamente ligado ao conceito de amor. Assim como se torna radicalmente difícil explicar o amor àquele que nunca o experimentou, de igual forma, faz-se uma tarefa complicada explicar o que é misericórdia sem que se tenha dela experimentado. Talvez, por isso, Nosso Senhor, para além de explicar racionalmente e conceitualmente o que é, tratou de demonstrar com suas parábolas, sua vida, testemuRevista Renovação
nho, morte e ressurreição, o que misericórdia significa. “Deste modo em Cristo e por Cristo, Deus com a sua misericórdia torna-se também particularmente visível”2, pois Jesus se torna, com isso, “o rosto da misericórdia do Pai”3. A misericórdia é um ato de olhar e amar, mas também de olhar e admirar, porque em toda criatura de Deus, sobretudo no ser humano – sua obra-prima –, reside a bondade e a beleza de Deus4. A misericórdia é como um exercício de enxergar o que há de melhor e de mais belo no outro, sobremaneira, naqueles que nos parecem menos amáveis ou admiráveis. Reforça essa ideia o Papa Francisco: “Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida”5. É sempre um ato de descer, se abaixar, aproximar e olhar de perto para poder ver melhor. Uma vez tendo experimentado este inclinar-se de Deus sobre nós, torna-se impossível não experimentar e reconhecer seu amor misericordioso. O louvor, fruto da misericórdia, brota no coração. Foi o que fez Nossa Senhora quando disse: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para sua pobre serva” (Lc 1, 46-48.). Misericórdia é esse
Especial
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amor para além de toda justiça. Por isso, Maria é “Mãe da Misericórdia”. Ademais, sempre me assaltou a questão de como, em Deus, se relaciona este binômio justiça-misericórdia. Com nossa mentalidade secularizada, podemos chegar a pensar que misericórdia e justiça são momentos contrapostos por si mesmo. Mais ainda, pode-se acreditar que misericórdia seria um tipo de condescendência com o erro alheio, quando este mereceria justamente algum tipo de “correção”. A Igreja ensina que estes atributos não são separados em Deus, mas que estão constituídos harmonicamente. Pois, quando somos perdoados, “Deus cria em nós um coração novo, feito de acordo com o seu, capaz de perdoar à sua maneira”6. Logo, este coração novo, cheio de amor misericordioso, é também e, por isso mesmo, justo. Até mesmo o grande doutor angélico São Tomás de Aquino, em sua Suma, também dedicou algumas de suas reflexões a estas questões. Ele nos ensina que, de fato, a misericórdia não anula a justiça, mas ela é como que a sua própria plenitude7. Ter o coração compassivo pela miséria do outro8 é uma das definições que São Tomás nos dá. Assim, misericórdia é um amor maior do que toda justiça. Um amor que ama para além do merecimento. Por isso é divino. Nós, humanos, amamos com condicionantes, amamos “se...”. Deus, que ama misericordiosamente e infinitamente, ama “apesar de”. Quando alguém experimenta esse amor, quando não merece ser amado, mas justiçado, entra num encontro direto com o que é misericórdia. Por isso, o amor condiciona, a justiça e a justiça deve servir à caridade. Assim, quando o amor supera a justiça, está aí a misericórdia9. Se mergulharmos nas Sagradas Escrituras, encontramos já, desde o Antigo Testamento, este essencial atributo de Deus. Realizada e levada
ao extremo, a misericórdia de Deus fica ainda mais evidente nas narrativas do Evangelho, em particular no de Lucas que, não por acaso, recebeu o apelido de “Evangelho da misericórdia”. Neste, Jesus faz da misericórdia um dos principais temas de sua pregação: a parábola do filho pródigo, do bom samaritano, ou ainda a da ovelha tresmalhada e a da dracma perdida. Temos, assim que a misericórdia constitui o ethos (o costume, o modo de agir) evangélico e exige de todos os cristãos tal atitude de amor para com os demais, pois são “os misericordiosos que alcançarão misericórdia” (Mt 5, 7). Se dermos um enfoque especial à parábola do filho pródigo, encontraremos a melhor definição posta em prática como exemplo do que seja misericórdia. Ainda que, no texto original, não apareçam as palavras justiça e misericórdia, ao lermos a narrativa de Jesus, fica-nos evidente que lá elas estão presentes. É o drama profundo entre o amor ao Pai e o pecado do filho10. O pai que ama de tal modo o filho, que mesmo quando este o renega pedindo sua parte da herança, ainda o acolhe de volta e devolve nele sua dignidade de filho quando regressa arrependido. Que amor é esse? Seria o pai “bobo” em receber de novo a este filho que tanto o fez sofrer? Este amor é tão grande que precisa mesmo ir além de toda justiça. Quando isto acontece, quando o amor supera a justiça esperada, manifesta-se a misericórdia. Com esta parábola, Jesus quis ensinar a todos nós, daquele e deste tempo, que é este o amor com que o Pai nos ama. Assim, Deus se debruça sobre todos os filhos pródigos dos tempos de hoje, com todos os pecados, com todas as misérias morais, humanas e existenciais. Então, quando isto acontece, aquele que é objeto da misericórdia não se sente humilhado, mas como que reencontrado e ‘revalorizado’”11.
Dessa grande desigualdade de amor e pecado, não podemos ficar alheios. Quando alguém experimenta um amor assim, não pode mais ser o mesmo. Percebemos a tamanha disparidade entre o nosso erro e pecado e o infinito amor misericordioso de Deus. Por maior que seja o mal cometido, o amor que se experimenta da Divina Misericórdia, é ainda infinitamente maior. É uma luta desigual! E justamente por isso, esta experiência conduz à conversão. Eis um outro ponto inextricavelmente ligado à misericórdia. É uma comunicação misteriosa entre verdade e amor: a verdade do pecado que aparece mostrando as misérias que há no homem, mas quando encontrada com este infinito amor de Deus, no lugar de produzir uma humilhante tristeza e afastamento de Deus, gera no ser humano uma atração profunda para Aquele que muito nos amou. Assim, a conversão aparece como a mais profunda expressão de amor e da presença de Deus no coração do homem, não porque o obrigou a mudar, mas porque a atração a esse amor é já irresistível. Terminamos com esta oração de São João Eudes, apóstolo e doutor dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria: “Somos Missionários da divina misericórdia, enviados pelo Pai das misericórdias para distribuir os tesouros de sua misericórdia aos miseráveis, isto é, aos pecadores e, para tratá-los com um espírito de misericórdia, de compaixão e de ternura” (São João Eudes, OC X 399). Cf. Dives in Misericordiae, N. 27.
1 2
Ibidem, N.º 2.
Misericoridiae Vultus, N. 1.
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As palavras belo e bom possuem uma mesma raiz no grego, kalón. 4
5
Misericordiae Vultus, N. 2.
6
CENCICNI, Amadeo. Viver reconciliados, p. 95.
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Suma Teológica, I, q. 21, a. 3.
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Ibidem, II-II, q. 30, a, 1.
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Cf. Dives in Misericordiae, N. 4.
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Revista Renovação
Cf. Ibidem, N. 5. Ibidem, N. 6.
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Especial
janeiro/fevereiro . 2016 Por Paulo Giunani Mecabô
Presidente do conselho estadual do Rio Grande do Sul Grupo de Oração São Luiz Gonzaga
A MISERICÓRDIA E O PECADO A misericórdia de Deus acompanha, passo a passo, cada um de Seus filhos. Na experiência do retorno, mesmo em meio às misérias e à saudade da casa paterna, o que mais se destaca é o abraço amoroso do Pai. Temos um Deus que nos acompanha incessantemente, dia e noite, enquanto andamos e quando paramos, enquanto dormimos e quando acordamos, enquanto trabalhamos e enquanto descansamos, em qualquer tempo e em qualquer lugar, sempre presente e, com o nosso sim, participativo. Não é presente somente por ser Onipresente, mas por ser um Deus amoroso e misericordioso. Um Deus que se preocupa com cada ato e ação que temos e fazemos. O profeta Isaías nos mostra que o nosso Deus não se cala e não tem sossego enquanto não brilha sua justiça e sua salvação sobre nós (Is 62,1). É importante perceber que Ele não se cala e não sossega, que, como diz Jesus: “quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?” (Lc 15, 4). Ele não sossega, enquanto não nos deixamos encontrar, enquanto não nos resgatar.
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Toda a Sagrada Escritura nos
mostra que um dos adjetivos ao nos perdoa a cada arrependimento qual podemos chamar Deus, e é sincero e pedido de perdão. um de meus preferidos, é: Deus de A misericórdia de Deus acomresgates. Constantemente, pela sua panha o pecador, visto que a graça misericórdia está se derrama extraa nos resgatar. o os separamos de Deus r d i n a r i a m e n t e Quem de nós já onde abundou o pelo pecado que co- pecado não foi resgatado (Rm 5,20) por esse Deus ma- metemos e Ele nos pere aqui, certamenravilhoso? Quante, recebemos a doa a cada arrependitas vezes o Senhor graça pela misejá te resgatou e te mento sincero e pedido ricórdia de Deus, trouxe novamente de perdão” pois sabemos que para perto de si? todos pecamos. O O livro dos Juízes nos mostra livro de Provérbios (24,16) diz que como o povo de Deus, e aqui tam“o Justo peca sete vezes” e o Livro bém podemos nos colocar como do Eclesiastes (7,20) diz que “Não povo, trai o Senhor e depois se arhá homem que não peque” e, senrepende. Deus os perdoa e age com do assim, precisamos que o nosso misericórdia. Em Jz 2,11, “Fizeram Deus seja verdadeiramente “o Pai mal aos olhos do Senhor”; em sedas misericórdias” (2 Cor 1,3). guida, a Bíblia narra: “Entretanto o Quando falamos da misericórSenhor...” (Jz 2,16. 18-19); em Jz 3,7, dia do Pai, devemos trazer à memóos israelitas fizeram o mal aos olhos ria a parábola do Filho pródigo (Lc do Senhor e sua resposta imediata 15, 11-32) e, de forma especial, meé “Clamaram e suscitou...” (Jz 3,9). ditar o versículo 20: “...Estava ainda Assim é, por outras diversas vezes, longe, quando seu pai o viu e, movimais ou menos como nós mesmos do de compaixão, correu-lhe ao enfazemos: nos separamos de Deus contro, o abraçou e o beijou”. Toda pelo pecado que cometemos e Ele
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Especial
janeiro/fevereiro . 2016
a busca incessante, toda presença E hoje, o Pai das Misericórdias permanente e todo resgate conste convida a fazer essa experiência: tante se manifestam nesse versícureconhecer-se pecador e, muitas velo, porque ele diz que o filho ainda zes, já longe Dele, retornar aos seus estava longe quando seu pai o viu e, braços. Nos braços do Pai temos de forma simples, vemos que, para abrigo seguro, é preciso amá-lo e que o pai o visse de longe, ele estaguardar os seus mandamentos: va sempre olhando pelo caminho “mas uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me esperando o retorno do filho. O Pai amam e guardam os meus mandanão descansa enquanto não vê o mentos” (Ex 20, 6). retorno do filho amado, e mais, não espera o filho chegar Em primeiro até ele, o pai corre Há os que se recusam lugar, precisaao encontro do filho. deliberadamente a mos identificar Bastou o filho acolher a sua misericór- onde nos encontramos em nosdecidir por voltar dia, através do seu per- sa relação com o e o pai mesmo foi buscá-lo. E, como se dão, se afastam de Deus Pai, para depois não bastasse ir ao e passam a desconhecer, arrepender-nos de nossos pecaencontro, o pai abraou nunca reconhecem, o dos. çou-o e beijou-o feliz Há os que se por aquele que esta- quanto Ele é misericor- recusam delibeva perdido e agora dioso e compassivo” radamente a acolher a sua misese deixou encontrar. ricórdia, através O pai da parábola do seu perdão, se afastam de Deus não desistiu do filho, mesmo sabendo que poderia ter dissipado todos e passam a desconhecer, ou nunca os seus bens. O pai acreditava e reconhecem, o quanto Ele é misericordioso e compassivo. É o Senhor aguardava o movimento de retorno que diz: “rasgai vossos corações e do filho. O pai sempre esteve esperançoso pelo seu retorno, embora não as vossas vestes; voltai ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é mimuito tempo tivesse se passado, sericordioso e compassivo, longânitalvez os outros tivessem esquecido, talvez já o tivessem substituído me e indulgente” (Joel 2,13). em suas tarefas e quem sabe até em Quando pecamos e nos reseus corações, mas o pai nunca perconhecemos errados e arrependeu a esperança. “Quero meu filho didos do erro cometido, somos de volta!” – clama o coração do pai. envolvidos pela misericórdia do
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Revista Renovação
Senhor e experimentamos algo de extraordinário em nossa vida. São Paulo fala aos Colossenses sobre a vida nova em Jesus, que é preciso “revestir-se de entranhada misericórdia” (Col 3,12), que seja um desejo do coração, de dentro para fora esse grande dom de Deus. É importante dizer também que somos chamados, não somente a vivermos e a experimentarmos a misericórdia, mas também a sermos misericordiosos. Misericordioso como o Pai é (Lc. 6,36). Aqui, nos referimos à relação que temos com os de nossa casa e com os da nossa volta, seja no trabalho, na escola ou na sociedade, de modo geral, pois como o Pai é misericordioso primeiro, devemos apenas acompanhá-lo. Ainda quando éramos pecadores, o Pai já era misericordioso conosco. Devemos exercer essa misericórdia com o coração alegre e sabendo que estamos fazendo a vontade do céu em nossa vida e na vida do nossos irmãos. “Aquele que exerce a misericórdia, que o faça com alegria” (Rom 12,8). Reconhecer-se pecador, arrepender-se dos pecados cometidos, querer retornar ao Pai e permitir que Ele nos encontre, é caminhar em Sua direção e querer entranhar-se da sua misericórdia, buscando assim ser misericordioso como Ele é.
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Especial
janeiro/fevereiro . 2016 Por Pe. Rodrigo Silva Pereira Paróquia Nossa Senhora Aparecida Diretor Espiritual da RCC da Diocese de Osasco/SP
JESUS CRISTO, A FACE MISERICORDIOSA DE DEUS A Palavra de Deus, por diversas vezes, aponta para o amor de Deus, revelado de forma plena e perfeita em Jesus. Através de parábolas, gestos e uma vida que reflete a Misericórdia do Pai, Cristo envia cada homem a ser a Sua presença misericordiosa na vida dos irmãos e irmãs.
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O evangelista São João nos mostra, em seu testamento, uma expressão de Jesus que precisa calar fundo em nossos corações: “Eu sou a videira, vós os ramos; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (João 15,2). Sem Jesus, nós não podemos fazer nada! Lembro-me das primeiras palavras do Papa Francisco, um dia após sua eleição como Sumo Pontífice: “Nós podemos caminhar quanto queremos, nós podemos edificar tantas coisas, mas se não confessamos Jesus Cristo, as coisas não caminham. [...] Acontece o que acontece com as crianças na praia quando fazem castelos de areia, tudo cai, é sem consistência. Quando não se confessa Jesus Cristo, me vem a frase de Léon Bloy: ‘Quem não reza ao Senhor, reza ao diabo’”1. E qual o porquê desta certeza tão direta do Santo Padre? Exatamente, porque, como nos garante São Paulo, nós tudo podemos em Deus que nos fortalece (Cf. Filipenses 4,13). É Deus quem nos dá força e coragem para que no mundo, possamos ser cristãos de fato, e assim, anunciarmos Jesus Cristo que é a Face Misericordiosa de Deus. Mas o que nos torna cristãos? Qual o critério? Lemos no santo Evangelho: “Um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele; e, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida
dele; e tudo o que de mais gastares eu te pagarei quando voltar. [...] Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira” (Lucas 10,33-37). O que nos torna cristãos é seguir pelo caminho da vida e fazer o mesmo que fez Jesus, até porque, como nos diz o ator e diretor italiano, Roberto Benigni ao comentar o novo livro do Papa Francisco: “Misericórdia – atenção! – não é uma virtude assim, que está sentada na poltrona... É uma virtude ativa, que se move: olhem para o Papa, jamais está parado! Move não somente o coração, mas também os braços, as pernas, os calcanhares, os joelhos, move o corpo e a alma, jamais está parado! Vai ao encontro dos míseros, da pobreza, não fica parado um segundo... ”2. A Misericórdia é o distintivo dos cristãos, a marca, o selo, é a Face de Deus presente no mundo: “tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. (Mateus 25,35-36) Por outro lado, o Papa Francisco nos diz: “É vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho cristão nas ocupações de cada dia que somos chamados a nos tornarmos santos. Se a pessoa é casada, a santidade é amar sua esposa, seu esposo; se é religiosa, que seja santa dedicando sua vida a Deus; se é um catequista, seja santo tornando-se sinal da presença de Deus. Mesmo no ambiente de trabalho é possível ser santo”3. Assim, quando Jesus nos diz “vai, e faze da mesma maneira”, quer Revista Renovação
dizer “com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. Os evangelizadores contraem assim o ‘cheiro de ovelha’, e estas escutam a sua voz ”’4. Peçamos à Virgem Maria, Mãe e Mestra da Misericórdia: “esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”, pois assim, teremos a coragem de levar Jesus Cristo, a Face Misericordiosa de Deus, abrindo o coração às periferias existenciais, pondo em prática o que nos pede o Espírito Santo: “É o tempo para a Igreja reencontrar o sentido da missão que o Senhor lhe confiou no dia de Páscoa: ser sinal e instrumento da misericórdia do Pai (cf. Jo 20, 21-23)”5. Não é uma tarefa fácil, mas lembre-se, “embora Jesus tenha se indisposto e discutido com os fariseus, Ele nunca deixou de ser misericordioso para com eles (mesmo quando era duro com eles), porque queria a salvação deles também. É assim que devemos olhar nossos irmãos, seja quem for, porque para Deus não há “sucata”; todos são filhos d’Ele. E é assim que Ele nos trata, por mais que andemos de forma errada. “[...] Se não for pela misericórdia as pessoas não vão mudar ”6. 1
1° Homilia do Papa Francisco.
Apresentação do volume “O nome de Deus é Misericórdia” no Instituto Patrístico Augustinianum de Roma. 2
3 Alfredo d’Escragnolle Taunay (1843-99) nasceu no Rio de Janeiro. Bacharel em Ciências e Letras pelo Colégio Pedro II, cursou Ciências Físicas e Matemáticas na Escola Militar. 4
Catequese sobre a Santidade.
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Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
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Misericordiae Vultus - O rosto da Misericórdia.
Especial
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Revista Renovação
Grupo Institucional de Oração
janeiro/fevereiro . 2016 Por Frederico Mastroangelo Simões Marques Coordenador Nacional do Ministério de Formação Grupo de Oração Imaculado Coração de Maria
O EXERCÍCIO DOS CARISMAS E A MISERICÓRDIA Praticar os carismas é uma das nossas principais características. Ser obediente a Deus no exercício dos dons concedidos por Ele é forma real de praticar a misericórdia. Uma cura, libertação ou Profecia em que Deus exorta, consola ou edifica é a realização de atos de misericórdia na vida de muitos. Queridos irmãos e irmãs, fazemos parte da Renovação Carismática Católica, Movimento que, dentro da Igreja, como todos os outros, tem uma identidade e espiritualidade própria e que nós, como membros, não podemos nos descuidar. Identidade que nos identifica enquanto Movimento e espiritualidade que é o jeito de nos relacionarmos com a Trindade Santa, é o nosso jeito de ser Igreja. É muito importante sempre voltar a estes dois pontos, pois não podemos ter dúvida enquanto a essas questões. Uma crise de identidade desfigura o Movimento. Michelle Moran, atual presidente do ICCRS (Serviços para a Renovação Carismática Católica Internacional), durante nosso Encontro Nacional de Formação 2015, disse que em alguns lugares do mundo a RCC passou a ser um fato histórico. Hoje, apenas é lembrado que, um dia, existiu o Movimento nestes locais. Ela atribuiu o fenômeno ao fato de que, ao longo da caminhada, a identidade foi esquecida. Não podemos repetir o mesmo erro.
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A apostila número 1 do Módulo Básico de Formação, que trata da Identidade da RCC, diz que: “A Renovação possui muitas características. Todas nos ajudam a conhecer nosso Movimento, mas as três principais são: Batismo no Espírito Santo, prá-
tica dos carismas, notadamente dos extraordinários, e formas de vida comunitária”1. Nota-se que a nossa identidade está alicerçada em um tripé e que se vivermos um dos pilares que é o Batismo no Espírito Santo, de forma genuína, com todas suas consequências transformadoras, estaremos vivendo os outros dois. Ou seja, quem verdadeiramente foi batizado no Espírito Santo, exerce os dons carismáticos com facilidade e consegue conviver com os irmãos. Na mesma apostila, agora no capítulo “A espiritualidade da Renovação Carismática Católica”, encontram-se sete elementos da nossa espiritualidade. Dentre eles, está: “Prática dos carismas: distintivo de nossa espiritualidade”, que diz que “A prática dos carismas tem sido a nossa marca”2. Observamos que tanto a identidade, quanto a espiritualidade nos apontam para o exercício dos carismas. Prática esta que não foi iniciada por nós, visto que desde os primeiros cristãos já era recorrente, mas como com o “caminhar” da história foi se perdendo, hoje, nós RCC, somos responsáveis por retomar este exercício tão importante para a edificação do Reino de Deus. Portanto, voltemos o nosso olhar para os Carismas. Na primeira carta de São Paulo aos Coríntios, encontramos os nove Revista Renovação
dons carismáticos listados pelo escritor sagrado. “A um é dado pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas”3. Rezando com os capítulos 12, 13 e 14 desta carta, notamos que o apóstolo, ao perceber o uso dos carismas fluindo com facilidade na comunidade de Corinto, porém, por vezes, de forma desordenada, alerta a comunidade sobre a importância do uso “responsável” e em unidade, em vista do bem comum e lembrando que um só é o Espírito. Inclusive, Paulo chama a atenção para o caminho mais excelente de todos, o da caridade. Olhando para os documentos da Igreja sobre o exercício dos Carismas, o Catecismo da Igreja Católica, número 2003, tratando sobre “Graça”, apresenta: “São, além disso, as graças especiais, também chamadas «carismas», segundo o termo grego empregado por São Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Qualquer que seja o seu caráter, por vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os ca-
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rismas estão ordenados para a graça santificante e têm por finalidade o bem comum da Igreja. Estão ao serviço da caridade que edifica a Igreja”.
serviço de amor, cheio de misericórdia. Este mesmo exercício também proporciona o encontro entre o irmão e a Misericórdia de Deus.
Neste contexto, entendemos que os carismas são graças especiais, dadas a nós por Deus como um dom gratuito e que devem ser utilizados no serviço, visando o bem comum da Igreja, o bem comum do povo de Deus.
O Senhor nos deu uma palavra de ordem para este ano: “tocar”. Ele quer se utilizar de nós para fazer com que a Sua Misericórdia toque os irmãos e um dos meios para que sejamos canais desta graça é a prática dos dons carismáticos. Como Deus se utiliza de nós para chegar aos seus filhos e filhas! Como na prática dos dons de serviço, o irmão percebe o agir de Deus em sua vida, seja através, por exemplo, de uma Profecia em que Deus exorta, consola ou edifica; ou através de uma palavra de Ciência, por meio da qual Ele mostra a origem de algo ou revela o que está realizando; ou através de uma palavra de Sabedoria, pela qual o Senhor revela como agir frente à determinada situação; ou ainda a partir dos dons de cura ou milagres, com os quais Deus vai realizando os Seus prodígios em nosso meio. O exercício dos carismas proporciona o agir da Misericórdia de Deus em meio ao Seu povo.
Ainda olhando para os documentos, encontramos: “A arquitrave que suporta a vida da Igreja é a misericórdia. Toda a sua ação pastoral deveria estar envolvida pela ternura com que se dirige aos crentes”4. O Papa Francisco chama a nossa atenção para uma atuação pastoral cheia de misericórdia, não podemos descuidar disso, é preciso ser misericordioso como o Pai é Misericordioso. A célula fundamental da RCC é o Grupo de Oração, enquanto Movimento, nosso principal campo de missão, local propício para o exercício dos carismas. Em toda e qualquer reunião do Grupo, devemos promover o ciclo carismático, e aí, exercer bem os carismas, de forma ordenada, proporcionando com isso, que Deus fale à comunidade reunida. O exercício dos Carismas em nossas reuniões deve estar amparado por aquilo que foi visto acima, voltado para o bem comum, como
Precisamos estar preparados para o serviço e, como vimos, “a prática dos carismas tem sido a nossa marca”. Como está essa marca em nós? Como tem sido o exercício dos carismas em nosso meio? Os dons carismáticos só irão fluir em nosso
serviço com facilidade, se isto for uma prática constante em nossa vida, inclusive, em nossa oração diária. Uma reflete na outra. Se no dia a dia eu não exerço os carismas, não será semanalmente, na Reunião de Núcleo, na Reunião de Oração, ou no Grupo de Perseverança, que irei exercer. Logo, perderei a oportunidade de proporcionar a Misericórdia de Deus para o irmão que Ele me confiou no Grupo de Oração. Para que os carismas fluam com facilidade em nosso meio, é preciso primeiro uma experiência profunda com o Espírito Santo. Devemos não desejar este ou aquele dom carismático, mas sim, desejar ser pleno do Espírito Santo, desejar que o Pleró aconteça em nossa vida, desejar um Batismo no Espírito genuíno. Que estejamos abertos à graça do Batismo no Espírito Santo, em profunda intimidade com o Senhor, em uma vida intensa de Oração. Clamemos sempre, VEM ESPÍRITO SANTO! Beata Elena Guerra, rogai por nós! 1 Apostila do Módulo Básico, Identidade da Renovação Carismática Católica, página 07 2 Apostila do Módulo Básico, Identidade da Renovação Carismática Católica, página 32 3 4
I Cor 12, 8-10 Papa Francisco, Bula, Misericordiae Vultus, n. 10
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Grupo de Oração Institucional
janeiro/fevereiro . 2016 Por Myles Alexander de Almeida Elias Ministério para as Crianças Grupo Adolescer em Cristo, Belo Horizonte MG
A CRIANÇA E O PLANO DA MISERICÓRDIA DE DEUS A relação do homem e da mulher com Deus, desde o nascimento, é marcada pelo olhar misericordioso do Senhor. O amor incondicional do Pai é capaz de refazer a relação humana com Ele e alcançar a cura da confiança e esperança despedaçada. Na Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia1, o Papa Francisco faz algumas citações, a partir das quais vamos refletir com um olhar sobre a criança. Nas palavras do Sumo Pontífice, “a misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado”. Creio que ele utiliza a palavra “Esperança” com uma profunda propriedade. “A fé é o fundamento da esperança” (Hb11, 1), ou poderíamos dizer que crer é acreditar em algo pelo qual vale a pena caminhar e a esperança, o alimento dessa caminhada. Sem a fé não há o que esperar e sem a esperança não se atinge o objetivo da nossa fé.
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Viktor Frankl, um psiquiatra que sobreviveu ao holocausto, fundou a escola da Logoterapia. Seu estudo explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão espiritual da existência, chamada por alguns como a “psicoterapia do sentido da vida”. É uma obra pautada em sua pesquisa sobre o que motiva o homem a ter um sentido para viver, o que sustenta a sua caminhada, ou o seu desejo de seguir em frente, onde ele encontra forças para se manter
erguido e continuar.
vendo crises psicossociais, como os desafios enfrentados e as virtudes alcançadas em cada um desses momentos.
Acontece que, em sua experiência dentro do campo de concentração, Viktor via homens que tinham perdido tudo o que lhes era mais Interessante é notar que os conprecioso - pais, filhos, esposas, ainflitos enfrentados nos estágios inida que despidos de sua dignidade, ciais da vida humana estão ligados desnudados e expostos à pior face ao surgimento da esperança, vontado ser humade e propósito. A adoPara o homem sem lescência, à fidelidade, no - encontravam forças para esperança, nada mais e a idade adulta, ao continuar. via amor e cuidado. resta e, da mesma forma, homens que tiEm sua obra, o nham perdido em nossa caminhada cristã, próprio autor se surtudo o que lhes precisamos da esperança” preende com uma era mais precioassociação que assim so - pais, filhos, descreve: “mais espeesposas, ainda que despidos de sua cificamente, se considerações dedignidade, desnudados e expostos à senvolvimentais nos levaram a falar pior face do ser humano - encontraem esperança, fidelidade e cuidado vam forças para continuar. Enquancomo forças humanas ou qualidades to quase tudo lhes dizia “não”, um do ego que emergem de estágios es“sim” ainda persistia e os sustentatratégicos como o período de bebê, va, porém muitos desistiram. Para o a adolescência e a idade adulta, não homem sem esperança, nada mais deveria nos surpreender (embora resta e, da mesma forma, em nossa tenha-nos surpreendido quando tocaminhada cristã, precisamos da esmamos consciência de que elas corperança. respondem àqueles valores maiores
“
Outro pesquisador, o psicólogo Erik Erikson, escreveu uma teoria para o desenvolvimento humano2. Nela, o referido autor divide o desenvolvimento humano em estágios do nascimento à velhice, descreRevista Renovação
de crença como esperança, fé e caridade...). Estes valores tradicionais comprovados, embora se refiram às mais elevadas aspirações espirituais devem, de fato, ter abrigado desde seus tênues primórdios uma certa
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relação com os rudimentos desenvolvimentais da força humana”3.
esperança na sua caminhada cristã.
Seria só isso se não contásseA nossa existência cristã é um mos que existem as quedas, os escontínuo cair, levantar e continuar, barrões que derrubam o homem do e a força que nos impele é um fruto pedestal do orgulho e da soberba, e do amor confiante no Pai ao qual daas “doenças” do fechamento em si, mos o nome de “esperança”. Porém, que têm sua origem em experiências falar do amor do Pai, nos remete a sustentadas por emoções como o pensar na sua forma incondicional. medo e culpa, as quais adquirem um É muito difícil para o ser humano caráter defensivo e isolador. Se pencompreender a incondicionalidade sarmos numa criança que, por volta de um amor enquanto vivemos relados quatro anos, não consegue dições permeadas por compensações ferenciar entre algo ruim que tenha doentias. Adoecemos e fazemos feito e a pessoa que ela é, ela pode adoecer sempre que nos distanciase achar desmerecedora do amor do mos desse amor incondicional que outro. Assim, as relações que usam se caracteriza por nunca perder a desse mecanismo , constantemente, esperança pelo outro enquanto a podem fazer perdurar e tornar crôesperança dele não for restaurada. nicas tanto as relações humanas4, É estar ao seu lado alimentando quanto à experiência do amor incona visão a que somos chamados a dicional do Pai. sermos tal como I n co n d i c i o quanto mais profunda O Cristo é. Precisanal também é o for a experiência de caráter do olhar mos testemunhar a todo instante que Deus na vida de uma pessoa, misericordioso de Jesus é o Caminho, Deus, que é precia Verdade e a Vida, que já pode ser vivida so ressaltar. Aquepor meio do olhar desde o nascimento, mais le olhar que recomisericordioso. nhece o pecado,
“
profundo serão os pilares
O Papa assim o distingue da fé e da esperança na sua mas fala: “Na ‘plenitude do pecador e que do tempo’ (Gl 4, 4), caminhada cristã ” separa o que é quando tudo estaruim daquele que va pronto segundo é chamado a ser o seu plano de salvação, mandou o bom, pois, somente sob esse olhar, o seu Filho, nascido da Virgem Maria, pecador não teme admitir o erro e o para nos revelar, de modo definitivo, arrependimento o torna consciente o seu amor. Quem O vê, vê o Pai (cf. na sede de voltar à casa do Pai. Sob Jo 14, 9). Com a sua palavra, os seus esse olhar curado, emerge o desejo gestos e toda a sua pessoa, Jesus de reparação e a libertação para exde Nazaré revela a misericórdia de perimentar o mistério que o SacraDeus”. E diz ainda: “Jesus Cristo é o mento da Reconciliação traz em si. rosto da misericórdia do Pai” e nós Essa experiência de misericórprecisamos que Ele viva em nós para dia tem como característica princique o outro O veja. pal a cura da confiança e esperança A partir dessas palavras, podemos perceber que, quanto mais profunda for a experiência de Deus na vida de uma pessoa, que já pode ser vivida desde o nascimento, mais profundo serão os pilares da fé e da
despedaçadas. E pode se dar por meio de um irmão, de um evangelizador que empresta seus braços, sua palavra e seu olhar para restaurar a relação de amor com o Pai que espera-nos de volta ao caminho de Revista Renovação
crescimento em direção à comunhão perfeita. Viver esse processo é como um prelúdio do Reino de Deus. A atitude misericordiosa traz alívio para a alma e reacende a vontade de viver, testemunhar e anunciar. É uma experiência da Salvação dada a nós por Jesus. Pensamos em um Ministério para as Crianças como um serviço que se dedica à formação integral, observando as necessidades da tenra idade e tendo no olhar misericordioso um caminho de cura da fé para a plena adesão à caminhada cristã. Vamos fechar a nossa reflexão com as palavras do Papa Francisco: Neste Ano Jubilar, “que a Igreja se faça eco da Palavra de Deus que ressoa, forte e convincente, como uma palavra e um gesto de perdão, apoio, ajuda, amor. Que ela nunca se canse de oferecer misericórdia e seja sempre paciente a confortar e perdoar. Que a Igreja se faça voz de cada homem e mulher e repita com confiança e sem cessar: ‘Lembra-te, Senhor, da tua misericórdia e do teu amor, pois eles existem desde sempre’” (Sl 25/24, 6). Indicações de Leitura: a- Matthew, Sheila e Dennis Linn; Cura dos Oito Estágios da Vida, Ed.Verus; b- Paola Di Blasio e Roberta Vitali; Sentir-se Culpado, Ed Paulinas; c- James Fowler; Estágios da Fé, Ed Sinodal; d- Viktor Frankl; Em Busca de Sentido. Ed Vozes.
1 Papa Francisco Misericordiae Vultus - Bula de Proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia 2 Erik Erikson in: O Ciclo de Vida Completo, Ed. Artmed 3
Ibidem, p 53.
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Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum
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Sede Projetos Nacional
janeiro/fevereiro . 2016 Por Luiz César Martins
Coordenador Nacional da Comissão para Construção da Sede Nacional Grupo de Oração Fonte Viva do Santíssimo Sacramento
VAMOS CONSTRUIR NOSSA CASA! A Sede Nacional da RCC do Brasil tem sido sonhada e planejada por Deus, e também por nós, já há algum tempo. Agora, é hora de preparar um novo impulso para os novos projetos e ações desse novo ano que se inicia. A sede nacional da RCC do Brasil vem sendo construída desde o ano de 2010, quando no mês de janeiro deste mesmo ano aconteceu a missa solene para o lançamento da pedra fundamental desta obra que não se trata apenas de uma obra material, mas do cumprimento de uma promessa do Senhor para a RCC do Brasil. Desde então, muito já foi construído neste local onde a RCC do Brasil pretende fixar definitivamente a sua sede nacional. Sabemos, no entanto, que muitas destas obras que já foram concretizadas nem sempre são visíveis, pois toda a preparação do terreno, os fundamentos, as terraplanagens, entre outras que já foram realizadas não aparecem. Porém, muitos recursos financeiros já foram destinados para esta importante fase do projeto. Além destas obras, estamos concluindo também vários prédios, como o centro de evangelização com capacidade para 15 mil pessoas, a casa de apoio para os missionários, a Capela Nossa Senhora de Pentecostes, o poço artesiano, banheiros e o reflorestamento da área. Nestes próximos meses daremos continuidade a obra preparando o local onde abrigará provisoriamente as instalações do escritório nacional que é composto por diversos departamentos: o IEAD, a Editora, o setor financeiro, de TI, de comunicação e administrativo, entre outros. Todos estes setores brevemente serão transferidos para este
local que já está sendo preparado em uma área que fica abaixo do palco do centro de evangelização. Iniciaremos também neste ano a adequação do centro de evangelização para atender eventos de até 5 mil pessoas. Para isso, dividiremos o centro de evangelização para abrigar os espaços de eventos, de refeitório, do RCCSHOP e do memorial da RCC. A intenção é preparar este local para abrigar os eventos realizados pelos Ministérios e por dioceses próximas. Esta adequação também será provisória até que todo o projeto original seja concluído. A Capela Nossa Senhora de Pentecostes também sofrerá algumas mudanças, pois pretendemos oferecer celebrações litúrgicas semanais nesta capela a partir do próximo ano e, para isso, fecharemos toda a área da capela com vidro e o seu interior será climatizado. Para que possamos receber com conforto os visitantes, executaremos os projetos de iluminação externa e de saneamento, além de todo o arruamento e paisagismo das áreas próximas ao centro de evangelização e da capela. Como podemos ver, neste ano de 2016, teremos uma grande movimentação de obras na nossa Sede Nacional. No entanto, para que tudo possa acontecer como planejamos, vamos precisar da união e da intercessão de todos os membros da RCC do Brasil. Pois este projeto não se limita a edificação de prédios. Revista Renovação
Sabemos que, durante esse período de construção, no qual nos uniremos em torno deste ideal, muitas bênçãos nos alcançarão. Iremos nos unir, sobretudo, através da oração, porque esta construção será consequência de uma Renovação Carismática unida e santa. Queremos convidar você que é coordenador(a) também você que é servo(a) de um Grupo de Oração para ser a pessoa que irá sustentar este projeto. O primeiro passo é se colocar como Renovação Carismática em oração de intercessão por esta intenção. Mas você também pode ajudar contribuindo mensalmente através de boleto bancário ou fazendo ofertas espontâneas que podem ser realizadas através de depósito bancário na Conta Corrente 3587-1, operação 003, agência 0495- Caixa Econômica Federal ou através de doação de material de construção. Voltamos a insistir que este projeto não se trata apenas de uma obra material, de uma construção, mas, sim, de uma promessa do Senhor que está se cumprindo em um momento singular para a vida da RCC. É indispensável a mobilização de forças, onde a participação de cada membro da RCC é que proverá os recursos espirituais e materiais para realizarmos este empreendimento. Pedimos-lhe, portanto, que seu Grupo de Oração, comece, desde já, a interceder e vigiar! Deus nos abençoe!
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JUBILEU DE OURO RCC: UM PENTECOSTES PARA O MUNDO De onde viemos, onde estamos e aonde precisamos chegar? Entenda o caminho de preparação para a grande celebração dos 50 anos da RCC, em 2017. Mais do que uma grande festa, a celebração do Jubileu de Ouro de Renovação Carismática Católica no mundo tem por missão provocar em seus membros uma vivência autêntica do Batismo no Espírito Santo, experiência indispensável para se viver a identidade e espiritualidade do Movimento. Para tanto, desde 2012, está em andamento um projeto de preparação para o Jubileu, organizado pelo ICCRS (Serviços para a Renovação Carismática Católica Internacional). A proposta possui três etapas e já se encontra na última fase de execução. Segundo o vice-presidente do ICCRS, o brasileiro Marcos Volcan, nesta última etapa, os Grupos de Oração, dioceses e comunidades podem promover eventos para bem se prepararem: “O ICCRS espera que, neste ano de 2016, como já está acontecendo em vários lugares, a gente se prepare com vigílias, com oração, com intercessão, com momentos assim. E que a RCC pare para jejuar e para pedir um novo Pentecostes”.
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Marcos também destaca que é necessário esse tempo de oração, pois o Jubileu será muito mais do que um momento de festa. “Nós não podemos nos preparar como para uma simples celebração, ou para uma bela celebração, assim fugiríamos da moção do Papa, do que ele nos pediu. O Papa quer que, em
2017, aconteça um grande Pentecostes. Não é só um momento para nos encontrar e celebrar, o que já valeria muito, porque são 50 anos de história. Mas é um momento que deve ser o resultado de um ano de preparação”, acrescenta. E é justamente o resultado deste tempo de preparação que gera expectativa no ICCRS, que vê na celebração do Jubileu uma oportunidade de apresentar para Deus uma Renovação Carismática Católica mais madura. “Com esse projeto, nós estamos ofertando para Deus um povo mais maduro. Claro que as novas gerações sempre estarão chegando, mas encontrarão um povo que saberá ensinar e explicar melhor o que Deus tem feito. Nossos filhos, os novos convertidos encontrarão um povo que terá mais consciência do que é o Batismo no Espírito Santo, do que uma pessoa batizada no Espírito é capaz de fazer por meio do poder de Deus, do que Deus chama as pessoas a realizarem, a partir desta experiência, em suas vidas e no mundo todo”, encerra. A Revista Renovação preparou um infográfico especial para você compreender a proposta do ICCRS. Compartilhe com seus irmãos de Grupo de Oração e suas lideranças, para que nesta reta final, caminhemos em unidade com a Renovação de todo o mundo! Revista Renovação
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*Ilustrações do Material de divulgação do ICCRS “Rumo ao Jubileu” Revista Renovação
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Notícias
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CHEGOU A HORA DE ESTUDAR A BÍBLIA DE FORMA MAIS INTENSA A RCCBRASIL está oferendo um subsídio formativo nesse ano para que formadores, pregadores, coordenadores e servos de Grupo de Oração conheçam, de forma mais aprofundada, o conteúdo da Palavra de Deus, preparando-os para melhor interpretação e aplicação dos textos bíblicos. Você já imaginou o quanto nossos Grupos de Oração e Ministérios serão beneficiados com servos que estudem, de forma mais aprofundada e metodológica, a Palavra de Deus? Nesse ano, a RCCBRASIL oferece oportunidades especiais para que coordenadores e servos de Grupos de Oração possam, através dos cursos online, adquirir maior compreensão dos textos sagrados. Com o objetivo de criar possibilidades de maior interpretação da Palavra de Deus, a RCCBRASIL está oferecendo um subsídio para coordenadores, pregadores, formadores e servos do Grupo de Oração, no qual esses passam a receber um desconto ainda maior no curso “Instrumentos Eficazes para Melhor compreender a Bíblia”, ministrado pelo Prof. João Claudio Rufino que é filósofo, teólogo, mestre na área de Bíblia pela PUC Assunção, atua no Ministério de Pregação e, atualmente, coordena o Grupo de Reflexão Teológica. Qualquer pessoa pode participar do curso, porém os coordenadores cadastrados no SAVIC (Sistema de Apoio à Vida Carismática), formadores e pregadores que participaram nos workshops desses Ministérios no ENF2016 e os servos que os coordenadores indica-
rem terão o desconto de R$ 30,00. Dessa forma, o curso que tem o valor de R$ 85,00, passa a sair por R$ 55,00 para as pessoas que se enquadram nesses requisitos. O objetivo do curso é que toda a liderança da Renovação Carismática Católica possua meios que auxiliem na leitura da Palavra de Deus, para facilitar nos processos de interpretação, preparo de pregações, palestras e materiais de evangelização. De forma didática, objetiva e com uma linguagem acessível, o curso tem duração de quatro meses, sendo que as aulas são disponibilizadas semanalmente e podem ser assistidas no horário e dia que o aluno preferir. Recebem o subsídio apenas coordenadores cadastrados no SAVIC, participantes do ENF 2016 (com inscrições feitas para os workshops de Coordenadores e dos Ministérios de Formação e Pregação) e outros servos do Grupo que o coordenador indicar (01 servo por mês; ou seja, 04 servos por Grupo durante o curso). O curso “Instrumentos eficazes para melhor compreender a Bíblia” foi lançado em junho de 2015 e já possui muitos testemunhos de formadores e pregadores dos núcleos estaduais e diocesaRevista Renovação
nos que foram convidados para as primeiras turmas. Uma das características mais marcantes desse curso é o crescimento na compreensão da Palavra de Deus e o aumento do desejo de estudar e formar-se no conteúdo bíblico. O curso não possui mensalidades, as inscrições ocorrem do dia 01 a 30 de cada mês. As aulas iniciam no dia 10 do mês seguinte. Verifique com os servos do seu Grupo de Oração e veja quem será indicado a cada mês. Para mais informações acesse o site do IEAD - Instituto de Educação a Distância da Renovação Carismática Católica do Brasil, ou entre em contato com o Escritório Nacional pelo telefone (12) 3151-4155. Em março, o IEAD RCCBRASIL irá lançar mais dois cursos online: “Formação para Formadores”, produzido pela Equipe Nacional do Ministério de Formação e o curso “Formação para Músicos: A música no Grupo de Oração”, que será ministrado por Luiz Carvalho, músico, autor, fundador da Comunidade Recado, que já foi coordenador do Ministério de Música e Artes da RCC.
www.ieadrccbrasil.com.br
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RENASEM
DO AVIVAMENTO, UMA VERDADEIRA OBRA DE DEUS
Um momento de reconstrução de vida e vocação, por meio da partilha e oração. Neste ano, com a temática do Avivamento, o Retiro Nacional de Seminaristas ofereceu para jovens seminaristas, padres e diáconos, a oportunidade de viver, ainda mais, a profundidade da espiritualidade carismática. Uma obra de Deus. Desta forma, jovens vocacionados de todo o país nomearam o Renasem - Retiro Nacional de Seminaristas, tamanha graça encontrada nesse encontro. Foram 236 participantes (seminaristas, diáconos e padres), que trazem a espiritualidade carismática em sua história, reunidos para clamarem o Batismo no Espírito Santo. Em 2016, os participantes, membros de diversas dioceses e congregações do Brasil celebraram a 36ª edição do Encontro, denominado Renasem do Avivamento. O Encontro aconteceu em Macaíba, cidade da região metropolitana de Natal (RN), dos dias 11 a 15 de janeiro. “Minha experiência neste 36º Renasem foi de uma renovação profunda no gosto e desejo pela santidade. Pude ter a certeza na alma, que sendo padre ou não, preciso antes de tudo ser santo”, partilhou o seminarista André Luiz, da Obra do Cenáculo, no Rio de Janeiro, participante do Encontro.
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Nos últimos anos, cada encontro aborda um tema diferente. No ano de 2014 foi trabalhado a Cruz. Em 2015 aconteceu o retiro da Ressurreição e, em 2016, o Renasem do Avivamento. O entusiasmo e alegria com que seminaristas partilham sobre o encontro, revelam a importância desse retiro na vida, não só dos vocacionados, mas de toda a Reno-
vação Carismática Católica. “Depois que comecei a participar das edições do Renasem nunca mais quis deixar de ir porque estes retiros são como refrigérios para a difícil caminhada no seminário. Julho e Janeiro passaram a ser os melhores meses para mim”, conta Pe. Luiz Antônio de Araújo Guimarães, da Arquidiocese de Maceió (AL), que há pouco mais de dois meses foi ordenado sacerdote e participa do retiro desde o primeiro ano em que esteve dentro do seminário, em 2007. O retiro acontece duas vezes ao ano; um a nível nacional, sempre no mês de janeiro, e outro, a nível estadual nas férias de junho/julho. A partilha do novo sacerdote vai além: “Quem é do Renasem passa a ser um luzeiro. O Espírito Santo ilumina e faz arder a chama do nosso coração num constate desejo de uma vida santa! O resultado de tudo isso são padres renovados, num espírito orante e missionário para incendiar este mundo devasso”, partilha o Pe. Luiz Antonio. “Falar do Renasem demora uma vida toda. É uma obra quase que inenarrável. Quem participa e se deixa conduzir sabe do que estou falando! Por isso é que vemos irmãos já ordenados ainda participando das edições do retiro junto com os seminaristas”, continuou. A edição deste ano contou com Revista Renovação
pregações de Pe. Michel Freitas, da diocese de Petrópolis (RJ); Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo de Belém (PA) e diretor espiritual do encontro; Dom Dominique, bispo da diocese da Santíssima Conceição da Araguaia (PA), Katia Roldi Zavaris, Presidente do Conselho Nacional da Renovação Carismática do Brasil, e de Dom Jaime Vieira Rocha, arcebispo da Arquidiocese de Natal. Além da oportunidade de um reavivamento, a característica mais marcante do retiro é a experiência de fraternidade e partilha desses homens que, com a vocação, vivem uma doação inteira de suas vidas ao Senhor à serviço da Igreja, onde se reúnem para colher as promessas de Deus e a renovação espiritual necessária para continuar na caminhada. César Lino, do Seminário Paulo VI, da Diocese de Nova Iguaçu (RJ), lembrou que a unidade foi reforçada ainda mais quando a equipe de coordenação do Ministério para Seminaristas, em 2014, sofreu um acidente de ônibus que resultou na morte do seminarista Luiz Gustavo Eccel, em Palmas (TO): “Eu vim com muita sede de Deus para esse Renasem do Avivamento. Eu precisava muito rever os irmãos. Nosso vínculo de amizade se tornou muito grande porque em 2014, no Renasem da Cruz, no acidente, eu estava no ônibus e, na ocasião um tocou o sangue do outro
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e isto nos fez família, passamos a ser irmãos. Meu coração desejava muito rever os outros seminaristas, viver fraternidade, viver partilha e viver Batismo no Espírito Santo juntos”, contou César. Definido por Dom Alberto Taveira, assessor eclesiástico da Renovação Carismática Católica, o Renasem é “uma oportunidade de aprofundamento da espiritualidade da RCC por jovens que compartilham a vocação ao sacerdócio, estimulando o crescimento na fidelidade ao Senhor”. Ele diz esperar que após a experiência do retiro, cada seminarista dê uma resposta de vida que transforme a realidade onde vive. “Que sejam presença construtiva e transformadora dentro dos seminários do Brasil, contribuindo com as Dioceses e Congregações”, destacou o bispo. O Renasem é uma oportunidade para seminaristas, padres e diáconos usarem os dons e carismas da mesma forma quando ainda participavam de Grupos de Oração antes do ingresso no seminário, não deixando a chama se apagar, mas formando-se para que essa chama se espalhe por onde estiverem. “O sentimento é de uma grande família e, de fato, os dons e carismas do Espírito de Deus nos são dados a vista da comunidade, neste caso em vista da missão testemunhal no seminário e na Igre-
ja como um todo”, partilhou Pe. Luiz Antônio. O seminarista André Luiz comenta que o Renasem tem proporcionado na caminhada formativa o que os próprios Papas tem ensinado ao longo da História da Igreja, da alegria da fraternidade, como orientou o Papa Francisco. “Inegavelmente a espiritualidade carismática é quem me sustenta em minha resposta diária ao Senhor e é quem renova esta resposta”, afirma o seminarista André, do Rio de Janeiro. Uma das preocupações da Renovação Carismática é fazer o seu papel de alcançar também os seminários sendo um apoio na formação daqueles que vivem a mesma espiritualidade, como explica Dom Alberto Taveira, onde diz que a RCC “tem cumprido o seu papel, que não é de substituir quem quer que seja, mas ajudar os jovens que comungam o carisma da RCC a serem presença construtiva e testemunhal”, disse o bispo. “Sabemos que nosso Movimento é de matriz laical, mas na mesma medida precisamos de padres e diáconos abertos à espiritualidade carismática. É preciso que cuidem das vocações que nascem nos Grupos de Oração que são oriundas do nosso Movimento, dessa corrente de graça para a Igreja chamada Renovação Carismática”, convoca o seminarista César Lins. Revista Renovação
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TAMANHA GRAÇA
QUE SERIA IMPOSSÍVEL CALCULAR O SEU EFEITO Nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, celebramos os 10 anos do Programa Celebrando Pentecostes, um Grupo de Oração em que toda a Renovação Carismática Católica do Brasil, semanalmente, se reúne para clamar o Espírito Santo e alimentar-se da Palavra de Deus. Uma graça como um novo Pentecostes, que adentra semanalmente os lares de milhares de pessoas por todo o Brasil e no mundo. É dessa forma, que o programa Celebrando Pentecostes tem sido canal de bênção para muitos irmãos e irmãs. O domingo, dia do Senhor, às 22h, foi a escolha de Deus para que a Renovação Carismática Católica se reúna para um grande Grupo de Oração que abraça todo o território nacional, e também outros países. Nesse ano, celebramos os 10 anos do Programa Celebrando Pentecostes, e de uma forma muito especial. A RCCBRASIL exibiu uma série de programas comemorativos, para agradecer a Deus e celebrar com os irmãos esse meio, com que a Palavra de Deus e o Batismo no Espírito Santo têm chegado ao coração de tantas pessoas.
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O Programa nasceu a partir de uma inspiração do Conselho Nacional no ano de 2005. Os dirigentes da RCC, na época, sentiram a necessidade de espalhar a “Boa Notícia”, as graças e formações para todo o Brasil. Foi então que a parceria entre a TV Canção Nova e RCCBRASIL se consolidou e um programa, no formato de um Grupo de Oração, chamado Celebrando Pentecostes surgiu. Nesse tempo, o programa trouxe muitos benefícios para o
Movimento. “Eu fui percebendo no começo, que os Grupos de Oração foram crescendo por causa desse programa (...). E hoje continua a mesma dinâmica porque o Espírito Santo vai agindo e vai transformando o coração das pessoas”, comentou Ironi Spudaro, primeiro apresentador do programa.
oração e pregações, uma experiência com o Senhor, sendo tocadas, transformadas, curadas e libertas em suas próprias casas, ou onde quer que tenha uma TV sintonizada. Nessas semanas, o programa trouxe como participações os apresentadores que já passaram pelo Celebrando Pentecostes.
Nesses anos, diferentes pregadores, apresentadores e Ministérios de Música passaram pelo programa levando a Palavra de Deus, naquilo que o Senhor inspirava, trazendo uma palavra de ordem, cura, consolo ou de exortação. No início, o programa era apresentado por Ironi Spudaro, seguido por Lázaro Praxedes. Após esse período, o casal Airton e Marli Silva assumiram a apresentação do Celebrando Pentecostes. Depois do casal, Onazir Conceição, secretário-geral e Katia Roldi Zavaris, presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL, estão na apresentação do programa exibido pela TV Canção Nova.
Atualmente, a TV Canção Nova conta com milhões de telespectadores a cada ano. Calcular o alcance das bênçãos de Deus por meio desse Programa nesses 10 anos é uma missão praticamente impossível, tamanha a graça que passa por ele.
Desde o final do ano passado até fevereiro de 2016, uma série de programas especiais está sendo exibida pela TV Canção Nova. Ela trouxe o resgate da história do programa, as promessas do Senhor, as mudanças nesse período e testemunhos de pessoas que fizeram, a partir das canções, momentos de Revista Renovação
Além do Programa Celebrando Pentecostes, a RCCBRASIL conta com outros meios de evangelização e formação, levando a cultura de Pentecostes de todas as formas que o Senhor conceder ao Movimento. Hoje, a Renovação Carismática Católica do Brasil usa das mídias sociais, portal de notícias, WebTV e da Revista Renovação para comunicar as atividades do Movimento e, principalmente, conteúdos formativos e de evangelização. Acompanhe esse espaço da família carismática todos os domingos, as 22h, na TV Canção Nova. Mande seu testemunho, pedido de oração e partilha para o Programa Celebrando Pentecostes enviando um email para pentecostes@rccbrasil.org.br
Sugestão Sugestãode deleitura leitura
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SANTIFICAI-VOS E SEDE SANTOS A Renovação Carismática Católica traz uma novidade nos seus produtos para 2016. A Editora RCCBRASIL acaba de lançar o livro “SEDE SANTOS”, de Sebastião Bernardino que foi um dos precursores da Renovação Carismática Católica do Brasil, e deixou esses escritos, que são ajuda para todos os carismáticos na luta pela santidade. O livro oferece características dos santos que Deus está empenhado em formar no seu povo, nos dias atuais. O livro apresenta a luta interior que cada um trava com o “homem natural x homem espiritual” baseado na Palavra, com muitos exemplos de personagens e citações bíblicas. Sobre esse embate, o autor levanta a reflexão que “Sendo Deus o Santo por excelência, os que são consagrados, verdadeiramente, a Seu serviço são chamados de Santos, de Separados”, em outro momento o autor diz que “À medida que nos convertemos, Deus não quer que continuemos vivendo através de nossos sentidos naturais; Ele quer que aprendamos a viver pela direção do Seu Espírito. Portanto, Deus pede-nos que entreguemos esses sentidos a Ele, o que não é fácil, já que fomos ensinados em toda nossa vida a vivermos através deles”, quando apresenta elementos e virtudes de uma vida que agrade ao coração de Deus. Citando muitas vezes a Palavra de Deus, o autor usa diversas passagens bíblicas para apresentar a vontade de Deus explícita para seu povo na Palavra, como narra o au-
tor: “A Palavra de Deus não é uma coletânea de frases bonitas... Pelo contrário; a Palavra de Deus é vida, ela fala de vida, de coisas práticas e concretas, de coisas que funcionam como a semente, que semeada produz. Deus quer que mudemos de mentalidade. A Palavra de Deus não é romance, mas é semente preciosa que vai sendo germinada no decurso de nossa vida. A Palavra de Deus não é um acúmulo de piedosas recomendações, como uma velha mãe que dá muitos conselhos aos seus filhos, mas que na realidade eles não os seguem e até os despreza (...). O Senhor só nos diz coisas certas, coisas corretas que só nos farão bem, como o jardineiro ao tratar com a planta. Nós não entendemos, muitas vezes, como a planta não entende de sua vida; quem entende é o jardineiro. É necessário, portanto, levarmos a Palavra de Deus a sério”. A obra escrita para cristãos que desejam agradar a Deus com suas atitudes e serviço é um encorajamento para que as pessoas não desistam do propósito a qual foram chamadas. “Caríssimos, em posse dessas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus” (2 Cor 7, 1). Sede Santos é o resultado dos escritos deixados por Sebastião Bernardino da Costa, da cidade Goiânia (GO). Sebastião Bernardino foi um dos precursores da Renovação Carismática Católica no Brasil, onde pregava em várias regiões do país. Revista Renovação
Coordenou Grupo de Oração, a Associação Servos de Deus (obra social do Movimento em Goiânia), a Renovação Carismática da Diocese de Goiânia, do estado de Goiás e o Conselho Nacional. Bernardino faleceu no ano de 2002 e deixou outras obras, exortando a vida no Espírito e à santidade. Uma das características do autor era o uso dos carismas, a fé expectante e os Ministérios de Pregação e de Oração por Cura e Libertação. Este livro serve para que cada vez mais pessoas se convençam pela luta diária rumo à santidade e vivência dos preceitos do Senhor, fazendo surgir assim novos santos para a Igreja e para o Mundo. Presenteie os que você ama com uma obra que oferece elementos capazes de ajudar a uma vida santificada, adquira o livro “SEDE SANTOS”, de Sebastião Bernardino. Faça seu pedido acessando a loja virtual da Editora RCCBRASIL no site www.editorarccbrasil.com.br, ou pelo e-mail rccshop@rccbrasil.org.br.
Para mais informações, entre em contato com o Escritório Nacional da RCCBRASIL pelo telefone (12) 3151-4155.
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Espiritualidade
janeiro/fevereiro . 2016 Por Kédina de Fátima Gonçalvez Rodrigues Presidente do conselho estadual do Distrito Federal
A MISERICÓRDIA E A
MENTALIDADE CONTEMPORÂNEA A vivência da santidade gera em cada pessoa atos diários de misericórdia. Nas situações simples e nos detalhes, a misericórdia pode ser manifestada transformando toda a realidade.
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Deus criou todas as coisas: dia, noite, terra, mar, plantas, lua, sol, animais... Então, Ele criou o homem e a mulher, ambos à sua imagem e semelhança. Ele os abençoou e deu uma ordem para frutificar, multiplicar, encher a terra e submetê-la (cf. Gn 1,28). Deus deu ao homem um corpo e uma alma. Diferenciou-o das demais criaturas com a inteligência para que o homem pudesse conduzir todas as coisas, conforme a vontade do Senhor. Comparando à atualidade, percebemos que estamos vivendo numa ordem invertida. O homem dominado pelo gosto do poder, dinheiro, sucesso, holofotes, tecnologia, corrupção, estado laico, ambiente virtual, doenças emocionais, submerso na vaidade e no orgulho da aparência, na busca do extraordinário e de novidades. Diante de tantas informações, o homem contemporâneo perde a profundeza do olhar singelo para a vida ordinária, não reflete sobre a existência e se esquiva da simplicidade da vida. Há uma crise, sim, a crise da vida ordinária e os cristãos são chamados a retomar o caminho e a ser conduzidos, não mais pelos valores efêmeros, mas pelo Espírito Santo e, por meio Dele, viver a gloriosa liberdade de filhos de Deus (Rm 8,21). Viver a santidade na história de hoje. No ano da Misericórdia, um desafio é proposto para os cristãos: “A mentalidade contemporânea, talvez mais que a do homem passado, parece opor-se ao Deus de misericór-
dia e, além disso, tende a separar da vida e a tirar do coração humano a própria ideia da misericórdia” (Carta Encíclica Dives in Misericórdia, Papa João Paulo II). É uma provocação não pela conciliação da mentalidade contemporânea e a misericórdia, mas pela opção de vida conduzida pelo Espírito Santo, com atos de misericórdia. É colocar-se a serviço do Reino de Deus, fazendo dos momentos do dia um verdadeiro encontro pessoal com Jesus Cristo. Podemos citar várias situações, pelas quais ficamos incomodados com a materialização dos nossos sentimentos. Sabe aquele dia em que tudo parece dar errado? A reunião em que se chega atrasado, um congestionamento, a fila que não anda, a conta do fim do mês que não fecha, a roupa que não serve mais, os filhos que não obedecem, aquele colega de trabalho, a comida que passou do ponto, uma resposta que mais parece um pontapé, a mentira para justificar uma falha, aquela conversa desnecessária a respeito da conduta alheia, condutas desonestas forjadas pela justificação do fim, a premeditação da maldade, o desrespeito para com o outro que não me agrada, a indiferença no elevador, horas extras sem necessidade, pontos burlados... Sutilezas diárias desafiadoras de um comportamento coerente para o cristão. Fato é que nem sempre conseguimos fazer o bem que quereríamos e acabamos por fazer o mal que não Revista Renovação
gostaríamos (Rm 7,19). O cristão vive uma luta diária entre a inclinação ao pecado – concupiscência – que sujeita o homem às paixões e o expõe constantemente na oposição à lei do Espírito. Será então possível superar tais fraquezas e agir pela misericórdia? São Paulo diz que não estamos sós: “basta-te minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força” (II Cor 12,9). A graça de Deus nos ajuda e nos basta! A vida conduzida segundo o Espírito pode ser expressa na mentalidade, no falar, no agir ou no omitir. E para sermos testemunhas autênticas, conforme a Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi, “é preciso que o nosso zelo evangelizador brote de uma verdadeira santidade de vida, alimentada pela oração e sobretudo pelo amor à eucaristia”. Com isso, nos detalhes do dia descobrimos o Divino. Assim como São João Paulo II, é preciso aprender a fazer de forma extraordinária as coisas ordinárias, “a santidade de João Paulo II não era a santidade dos primados, mas a santidade da vida cotidiana. Ele realizou de forma extraordinária as coisas ordinárias da vida!” (frase dita por Dom Piero Marini, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias de João Paulo II). Este é o convite para nós neste Ano da Misericórdia em meio a contemporaneidade: ser um grande santo. Lembre-se que: para grandes santos, pequenos atos.” A santidade grande está em cumprir os deveres pequenos de cada instante” (Caminho, 817).