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A vida no Espírito reali za a vocação do homem

“SEDE FERVOROSOS NO ESPÍRITO, SERVI AO SENHOR”

Em sua pregação Dom José Aparecido apresentou três remédios para manter viva a intimidade com Deus.

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Obispo auxiliar da Arquidiocese de Brasília, Dom José Aparecido fez a última pregação do ENF 2020. Com o tema “Sede fervorosos no Espírito, servi ao Senhor” (Rm 12,11), ele indicou três remédios práticos para se combater o homem velho.

Dom José começou explicando que o verdadeiro culto é aquele que, além de ser espiritual, também é racional. Segundo ele, uma fé vivida assim guia-nos por um caminho contrário ao do pecado:

“No pecado dos primeiros pais, nós nos tornamos adolescentes rebeldes e dizemos a Deus assim: ‘você não sabe o que é bom pra mim. Eu sei o que é bom pra mim’. Mas, São Paulo nos chama a fazer um caminho contrário: aprender qual é a vontade de Deus, a saber o que é bom, o que agrada e o que é perfeito, que é somente Deus”.

Segundo Dom José, o que Deus pede é que tenha mos um amor sem fingimento. “O fervor do Espírito, o ardor da alma, a solicitude do zelo, implicam um amor sem fingimento primeiro a Deus e depois às criaturas, por causa de Deus”, disse.

Segundo Dom José Aparecido, frequentemente, abandonamos a Deus, porque somos seduzidos pelos três inimigos da alma: o demônio, a carne e o mundo.

“Mas, o mais perigoso não é o demônio. Como dizia Santo Agostinho, ele está amarrado e só é mor dido quem se aproxima dele. O mais perigoso não é o mundo com suas seduções. Mas, é aquele intruso su jeitinho chamado ‘eu’, ou seja, a carne. Eu no centro do mundo, com meus desejos. No entanto, é preciso que eu diminua e Ele cresça”.

O bispo ainda ressaltou que a falta da experiência sensível do amor de Deus não perturba o fervor pro fundo da vida do cristão, mas a mediocridade, a tibieza, a mornidão e a apatia espiritual.

“Santa Teresa de Calcutá viveu, à luz da fé, duran te 30 anos sem nenhuma experiência sensível do amor de Deus. Na secura, na aridez espiritual mais profunda. Mas, ela nunca abandonou o projeto de amor de Deus para si. Outros grandes santos experimentaram isso. Mas, o que acontece conosco é que, depois daquela primeira experiência que nos leva a arder de amor por Deus, começamos a arrefecer e a abandonar pregui çosamente a oração. É aquela preguiça que nos leva a fazer muita coisa e a não fazer o essencial, que é estar com Deus”, exortou.

Nesse sentido, Dom José Aparecido, leu a carta à Igreja de Laodicéia, em Apocalipse 3,14-16. A partir daí, para combater o homem velho, ele listou três re médios que se dividem em algumas atitudes importantes.

PRIMEIRO REMÉDIO: Compra o ouro purificado no fogo (Ap 3,18)

Buscar as coisas do Alto:

Abandona os ídolos do seu cora ção, os vícios. Mortifique a velha criatura. Deixemos que ele edifique em nós o homem novo. É preciso querer a Deus e revestir-se do ho mem novo. A roupagem externa vem da roupagem da alma interior, é preciso lembrar de que eu sou templo vivo do Espírito Santo e dei xar-me revestir só de Cristo.

Oração Perseverante: Trata - -se de ter os mesmos sentimentos que Ele. Mas, sem oração perseve rante não é possível conhecer Jesus. Não basta rezar uma meia Ave Maria ao acordar, quando a gente se lembra. E nada de oração antes das refeições ou antes de começar o trabalho. Não basta de vez em quando uma oração fervorosa no Grupo de Oração. É preciso cons tância. Não é possível uma vida de intimidade com o Senhor, sem a in timidade da oração.

Dobrar o joelho em adora

ção: sem a graça de Deus, não vencemos a tibieza. Sem dobrar o joelho, não conseguimos conhecer o Senhor Jesus. O Espírito Santo fica impotente diante da nossa alma, se nossa vontade é morna e nós não fazemos nada para combater. É preciso começar assim: ‘Senhor, eu não tenho vontade de rezar, de dobrar o joelho, ajuda-me!’ Assim, você já começou a rezar.

Colírio para ungir os olhos e

enxergar: um remédio para nossa falta de fervor é a Igreja, que nos orienta e nos ajuda a discernir o que é de Deus, por meio da mesa da Palavra, da direção espiritual. Como é necessária aquela direção de alma, aquela conversa fraterna com o irmão que, contemplando a ação do Espírito Santo em minha vida, me ajuda a discernir o que é do espírito e o que é da carne.

SEGUNDO REMÉDIO: Arrepender-se e praticar as obras do início (Ap 2, 5)

Quando percebemos a falta de fervor do nosso coração, precisa mos voltar. E nada como uma confissão. Alguns dizem: ‘padre, preciso fazer uma limpezinha na alma’. Mas, desculpe dizer, confissão não é faxina! A confissão não é só pra contar alguns pecadinhos e ficar como se estava antes. A Confissão é o sacramento da amizade com Deus. Foi dada depois da ressur reição de Jesus, portanto é um sacramento Pascal. Esse sacramento renova todas as coisas no nosso coração e é com o sopro do Espírito Santo que a confissão renova a ter ra do meu coração.

Praticar as obras do início é praticar aquelas loucuras de amor do início, mesmo que não sinta a necessidade de fazê-lo. Com or dem, se amo a Deus, eu tudo faço por Ele. Assim, nosso amor se torna gratidão permanente.

TERCEIRO REMÉDIO: Combinar as coisas com Deus

Quando um casal se casa, no início tudo é ardor e paixão. Mas, depois as coisas arrefecem um pou co e pode se esquecer desses sinais de amor. Então, é preciso combinar as coisas. Por exemplo, combinar um tempo para conversar demora damente. Bem, na vida com Deus é assim também: é preciso fazer um plano amoroso com Ele. Organizar meu horário de oração. Se estiver

“frio”, posso dizer: ‘Senhor, ao menos meia hora de oração pela manhã irei fazer’. E, se não consigo dar minha atenção a Deus, pelo menos faço a oblação de dar o meu tempo a Ele. Eu dou meu tempo e Ele me dá a eternidade.

Alguém pode dizer: “assim eu perco a espontaneidade com Deus”. Vou ser sincero, se eu dei xar ao gosto da minha vontade, eu irei rezar pouquíssimas vezes. E há tanto a fazer, tantas almas a serem salvas. Mas, aí eu começo a achar que sou eu quem salva. Mas, não. É Jesus que salva e é sua presença viva que brilha em nós que dá a sal vação. Se não deixar Jesus brilhar, o que vai salvar? Que seja espon tâneo nosso amor, mas que seja combinado com Deus nosso com promisso. Façamos nosso plano de vida espiritual.

Dom José ainda falou sobre a necessidade de se cultivar as virtu des humanas e as sobrenaturais e a importância da mortificação para se rechaçar o homem velho.

“É preciso verificar quais maus hábitos eu preciso combater. E, dia a dia, por meio das mortificações, ir destruindo o pecado em nossa vida. Se eu conseguir conquistar uma virtude ou reduzir um vício em minha vida, eu vou ser santo de al tar. Assim, eu vou deixar de fazer o que eu quero e começar a edificar a Igreja, o mundo, a sociedade e o Grupo de Oração que Deus quer!”, finalizou.

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