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É PRECISO SER PEQUENO PARA CABER NA VONTADE DE DEUS

A virtude da humildade é um caminho seguro para cumprir aquilo que o Senhor designou, de modo particular, a cada um de seus filhos.

Vivemos em um mundo baseado no “ter”: ter muito dinheiro; ter muita fama; muitos prazeres e realizações; muito reconhecimento; muita recompensa; ter, ter e ter sempre mais. Infelizmente nós, que caminhamos na Igreja e escolhemos seguir a via do serviço, não estamos ilesos a essa tentação de querer ter muito e querer ser grandes.

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Muitas vezes, escolhemos os melhores lugares e, se nos é dado destaque, apagamos a origem de onde viemos e nos perdemos submergidos nas vaidades das nossas “boas obras”. Criamos nossos próprios pedestais, com os grandes holofotes, realizamos grandes performances e, no fim, esquecemos o nosso ponto de partida.

São palavras duras que sequer ousamos repeti-las em voz alta, mas muito mais dura que as palavras, são a concretude delas. E nós bem sabemos quão facilmente nos perdemos! Porém, esse não é o plano de Deus para nossas vidas. Fomos criados para o alto, mas é preciso começar de baixo.

“É necessário que Ele cresça e eu diminua”. Este ensinamento trazido pelo grande profeta João Batista, se apresenta para nós nos dias de hoje como um grande desafio ao homem que, a todo tempo, tem diante de si a tentação de ser cada vez maior e de buscar glórias para si. O ser pequeno, nos tempos atuais, soa como fraqueza, derrota, motivo de vergonha. Mas, definitivamente, esta não é a lógica do Reino de Deus. Para caber na vontade de Deus, é preciso ser pequeno. Em Deus, os fracos são fortes! E quanto mais diminuímos, mais crescemos Nele.

A primeira vinda de Jesus a este mundo nos ensina na prática: a realeza passa pela manjedoura! Toda infinita glória de Deus concebida em um menino, os aparatos do herdeiro em meio às palhas.

O Senhor não busca os grandes nomes, pelo contrário, Ele é especialista em usar os fracos e pequenos para manifestar sua glória e seu poder. Afinal, quanto mais nos exaltamos, mais nos afastamos da presença de Deus e, quanto

mais nos humilhamos, mais somos elevados na presença Dele. É a perfeita contradição de abaixar-se para alcançar Aquele que está acima de todo nome. A humildade é a palavra-chave! Sem ela, a evangelização não acontece com frutos de Eternidade.

Viver a humildade não é uma utopia, é verdade de vida. Ao olharmos para João Batista, vemos que a humildade não é um adereço opcional, é parte enraizada daqueles que compreenderam o sentido da vida com Jesus. Os olhos de João miravam uma única riqueza que transbordava em seus lábios: O Cordeiro de Deus (Jo 1, 36b).

Santa Teresa D´Ávila nos ensina: “a humildade é a verdade”. O humilde sabe exatamente quem ele é. João sabia seu papel na história da salvação! Enviado antes do Messias, não quis glórias e nem reconhecimentos para si. Ele era o precursor, sabia que seu anúncio não acabava nele, veio para aplainar os caminhos, em plena consciência de que O caminho estava por vir.

Então, devemos nos perguntar: enquanto servos, temos conduzido as pessoas ao encontro com Jesus? Temos ajudado os irmãos a crescerem na graça de Deus? Quando as pessoas chegam em nossos Grupos de Oração, quem elas têm encontrado? Quem é o maior dentro de nossos Grupos? Quem tem aparecido?

A resposta está em diminuir-se ao ponto de que só Ele apareça. Eis o nosso chamado, o da Igreja e o da Renovação Carismática Católica! Para que assim, em nossos Grupos de Oração, todos aqueles que entrarem experimentem um encontro pessoal e transformador com a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Muitas vezes, ocupamos lugar de fala, de liderança, e esquecemos que não importa quem fala e, sim, de quem se fala. Não podemos cair na ilusão de darmos de nós mesmos, pois ficaremos perdidos e dispersaremos um povo. Precisamos, assim como João, ser apenas a voz que anuncia aquele ao qual “não somos dignos nem de desatar as sandálias” (Mc 1,7). Reconhecer que somos pequenos, dependentes e que sem a graça de Deus em nós, tudo é vazio. A nossa missão é apontar para o Messias, atrair para Ele, a fonte que não se acaba. E aqueles que conquistamos, conquistamos para Jesus. Nunca será sobre nós, é tudo sobre Ele.

Na misericórdia e bondade de Deus, Ele quis precisar de nós. Não porque somos os melhores ou os únicos que sabemos fazer determinada obra, muito pelo contrário, Ele deseja a nossa salvação e não há salvação sem oferta, sem sacrifício, sem serviço.

Precisamos de servos que desejem ser apenas isso: servos! Nem mais, nem menos. Homens e mulheres que se satisfaçam com o necessário, se revestindo de humildade e se alimentando da vontade de Deus. Servos comprometidos com a verdade de Deus e que denunciem tudo aquilo que fere o plano de salvação. Servos que, reconhecendo suas limitações e misérias, tenham na centralidade de suas vidas a oração e a penitência como armas em combate às suas paixões. Servos que, a exemplo de João, não retêm a própria vida, mas vão até às últimas consequências para anunciar a verdade que liberta.

São inúteis as grandes e belas pregações sobre conversão, se estas não estão inerentes às nossas vivências diárias. Coerência de vida é a grande fonte de convencimento! João Batista viveu aquilo que anunciava e é modelo para todos aqueles que desejam uma vida de entrega, humildade e fidelidade ao Senhor. Ele sabia que sua vida tinha um propósito que ia além de si mesmo e, colocando a vontade de Deus acima de tudo, diminuiu-se a ponto de somente Cristo aparecer. Que assim como João Batista, busquemos ser tão pequenos até cabermos na vontade de Deus.

Por Julianne Patrícia Leiros da Silva

Coordenadora Estadual da RCC Paraíba Grupo de Oração Javé Nessi

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