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Nossa Missão: se João Batista
Na década de 1990, após a leitura do capítulo “A Igreja é como João Batista” do livro “A chave da Boa Nova: Jesus é o Senhor”, do saudoso Pe. George W. Kosicki, C.S.B., um dos pioneiros da Renovação Carismática Católica, o meu coração vibrava: “Ser RCC é ser como João Batista; ela aponta para Jesus”. Somos chamados a ser os “Joões Batistas” dos dias atuais, portadores da Boa-Nova, que não exaltam a si próprios, mas que apontam para Jesus. Tudo deve ser orientado para Ele: para a sua vinda, presença e mistério (São João
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Paulo II, 10/12/2000).
Pe. George W. Kosicki relata que João Batista aponta para Jesus de três maneiras diferentes. Cada uma de suas descrições ressalta uma nova dimensão de Cristo.
O Batista aponta para Jesus como nosso Salvador: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1,29). Jesus é a única solução para o mundo e para cada
homem. Ele é a Salvação, o Deus Conosco, o Príncipe da Paz, o Conselheiro Admirável! Jesus nos salva do pecado, do demônio e da morte eterna.
João Batista não se limita a pregar a penitência e a conversão, mas reconhecendo Jesus como o Salvador, tem a profunda humildade de mostrar em Jesus o verdadeiro enviado de Deus, pondo-se de lado a fim de que Jesus possa crescer, ser ouvido e seguido (Bento XVI, 29/08/2012). Portanto, nós, servos e servas do Movimento Eclesial Renovação Carismática Católica (RCC) devemos ser portadores da Boa Nova, da alegria da Salvação, mostrar a todos que somente Jesus pode redimir os nossos pecados. A nossa tarefa ‘consiste em convidar os irmãos a fixar o olhar em Jesus e a segui-Lo’, porque só Ele é o Mestre, o Salvador (JPII, 10/12/2000).
A segunda dimensão que João aponta sobre Jesus é o Cristo: o ungido pelo Espírito Santo e o que batiza no Espírito Santo. “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo” (João 1,11). Jesus é a fonte do Espírito Santo que é derramado do Pai e que nos santifica como um fogo
O pregador papal, Frei. Raniero Cantalamessa, na pregação da segunda semana do Advento de 2007, nos diz que “Jesus ‘batiza no Espírito Santo’ no sentido de que recebe e dá o Espírito ‘sem medida’ (Jo 3, 34), ‘infunde’ seu Espírito (Atos 2, 3) sobre toda a humanidade redimida. A expressão se refere mais ao acontecimento de Pentecostes que ao sacramento do batismo. ‘João batizou com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias’” (Atos 1, 5). Desde os primeiros séculos, a Igreja nos ensina que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, porque ambos podem o dar. E podemos pedir por seu batismo diretamente ao Espírito Santo, uma vez que Ele é Deus. A própria liturgia da Igreja em suas orações e hinos ao Espírito Santo começam com o grito: “Vinde!” Contudo, quem assim reza já recebeu o Espírito uma vez. Quer dizer que o Espírito é algo que recebemos e que devemos receber sempre de novo. Portanto, nós, servos e servas da RCC, somos “apóstolos da Efusão do Espírito Santo” (Dom Alberto Taveira), ao apontar Jesus, mostrar que Ele não nos deixou órfãos, mas enviou o Espírito Santo para nos tornar semelhantes a Ele. Este é o alvo do Batismo no Espírito Santo: nos levar a uma vida no Espírito, a nossa santificação.
Nós devemos experimentar e, muito mais, testemunhar esta graça! Isto revela a nossa missão. Qual missão? Monsenhor Jonas Abib nos disse assim: “Enquanto o mundo todo não for batizado no Espírito Santo, então nossa missão (RCC) não terá terminado... Eu e você precisamos ser Mister ou Miss Pentecostes!” (Conferência de Pentecostes, Jerusalém, 2017), ser apóstolos e testemunhas do Batismo no Espírito Santo em “...Jerusalém, em toda Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (Atos 1,8).
João Batista aponta uma terceira dimensão de Jesus, Ele é Senhor: “Aquele que tem a esposa é o esposo. O amigo do esposo, porém, que está presente e o ouve, regozija-se sobremodo com a voz do esposo” (João 3,29). João Batista se refere a Jesus como o esposo. Esse título já prenuncia a exclamação e a proclamação de Tomé quando vê Cristo ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!” (João 20,28). Nós devemos ser o amigo que conduz ao Esposo. E, contudo, como João Batista, também ele é, num certo sentido, indispensável, porque a experiência da fé tem sempre necessidade de um mediador, que seja simultaneamente testemunha (JPII, 10/12/2000).
João Batista era o principal ator no cenário religioso de Israel. Todos vinham a ele, até soldados e autoridades religiosas desciam ao Jordão para serem batizados por ele. De repente, o galileu que foi batizado por ele abarcou a atenção de todos. Alguns dos discípulos de João vieram reclamar: “Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, de quem tu deste testemunho, eí-lo que está batizando e todos vão ter com ele...” (João 3,26), manifestaram que Jesus fosse mais importante do que seu mestre. João respondeu simplesmente que era o amigo do esposo e não o Esposo. O nosso lugar de servos da RCC é apontar o Noivo. Jesus é o Senhor, nós somos apenas servos, amigos do noivo, nossa responsabilidade é procurar, encontrar e levar a noiva ao Noivo.
Por isso, o Senhor capacita os seus amigos (servos) com dons, qualidades e confia nestes, pois os amigos do Noivo estão dispostos a aceitar as tribulações, o cansaço da caminhada, perder horas de sono para alcançar a meta proposta. Os servos da RCC apontam que Jesus é Senhor, e que viver sob este senhorio não significa apenas proclamá-Lo com os lábios, mas seguir os seus passos e ensinamentos. Quem deve brilhar é JESUS CRISTO e não os amigos do Noivo.
Na celebração do nascimento de João Batista deste ano, o Papa Francisco encorajou a Igreja a imitar o exemplo do santo em “testemunhar com coragem o Evangelho”. “Que o exemplo dele seja um incentivo para nossas vidas, para que possamos buscar a amizade de Deus através da oração, e nosso exemplo possa ajudar a levar Deus a homens e os homens a Deus”, advertiu o Papa (24/06/2020). A missão da RCC é ser testemunha e apontar Jesus como o Salvador, o Cristo e o Senhor, ou seja, ser João Batista hoje.
Por Miguel Machinski Junior
Presidente do Conselho Estadual da RCC Paraná Grupo de Oração Leão de Judá