Revista Renovação - Edição 94 - Setembro/Outubro de 2015

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ANO 16 - NÚMERO 94 - SETEMBRO/OUTUBRO 2015

SOMOS CIDADÃOS DO CÉU

CAMINHANDO RUMO À VIDA ETERNA A preparação para se chegar ao céu deve ser diária

VENCER O MEDO DA MORTE

ELE VOLTARÁ!

ENCARTE

O cristão é sustentado pela fé na Vida Eterna

Seu Grupo de Oração tem clamado pela volta de Jesus?

OS DONS SANTIFICADORES DO ESPÍRITO SANTO - PARTE II



setembro/outubro . 2015

Nesta edição

ESPECIAL: SOMOS CIDADÃOS DO CÉU

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ORAR: A BELEZA DO CÉU E O CONHECIMENTO DE DEUS

MORTE: PASSAGEM PARA O CÉU

A GARANTIA DE CHEGAR AO CÉU

CAMINHADA RUMO AO CÉU

GRUPOS 15 SOMOS DE ORAÇÃO QUE

CLAMAM A VOLTA DE CRISTO?

VALOR DE UM 16 OBOM CONSELHO

INTERCESSOR 17 OCOMO O CINZEL NAS MÃOS DO ESCULTOR

DO MINISTÉRIO PARA TAMBÉM 23 PROFISSIONAIS REINO SE REÚNEM 18 CRIANÇAS SÃO CIDADÃS DO CÉU 21 CRIANÇAS EM ENCONTRO COMPLETA 10 ANOS NOSSA CASA É 24 APARA NÓS UMA BÊNÇÃO!

QUE 25 MÁRTIRES BUSCAM O CÉU

REALIDADES E 26 AS IRREALIDADES DA VIDA TERRENA

NOSSA VIDA EM MISSÃO Amado irmão(ã), A sua colaboração para o projeto Nossa Vida em Missão tem nos ajudado a levar a Palavra de Deus a mais pessoas. Com a sua ajuda, mantemos as atividades da Missão Marajó, produzimos o programa Celebrando Pentecostes, na TV Canção Nova, editamos esta revista e, principalmente, promovemos o Grupo de Oração. Somos gratos pelo compromisso e fidelidade à missão. Estamos unidos em oração. Deus lhe abençoe. Caso você deseje colaborar com o Nossa Vida em Missão, entre em contato conosco. Ajude-nos também divulgando o projeto.

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Editorial

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CONVÍVIO DOS ELEITOS Quando fazemos a experiência do Batismo no Espírito Santo, lá no início de nossa caminhada, somos levados pelo próprio Deus a sonhar com o Céu. Depois de um tempo, corremos o risco de nos “acostumar” a essa ideia e perder o encanto. Mas muito mais do que encantamento, e pior, corremos o risco de esquecermo-nos de que é para lá que caminhamos e de que a conquista da Coroa Celeste depende de nossas escolhas ainda aqui neste mundo. Mas, afinal, que lugar é esse? Há a possibilidade de o experimentarmos antes de passar pela morte? O que o Céu nos representa hoje? Qual a garantia temos de que podemos alcançar o Convívio dos Eleitos? Seremos nós eleitos também?

Expediente Publicação Oficial da RCC do Brasil Editada pelo Escritório Nacional da RCC do Brasil ANO 16 - Edição Nº 94: Setembro/Outubro 2015

Jornalista Responsável: Lúcia Volcan Zolin DRT/SC 01537 Redação: Gabriel Jorge / Jorge Corrêa/ Laura Galvão Revisão: Mari Spessatto/ Jorge Corrêa Fotos: Arquivo RCCBRASIL Projeto Gráfico, Design e Diagramação: Priscila Carvalho Venecian E-mail: dpto.comunicacao@rccbrasil.org.br ESCRITÓRIO ADMINISTRATIVO DA RCCBRASIL Rua Antônio Favalli nº 23, Bairro Centro CEP 12.615-000 Canas/SP

É justamente a partir destes questionamentos e vislumbrando a Jerusalém Celeste, que pensamos nesta edição. Preparamos uma série de artigos especiais para nos aprofundar sobre essa nossa meta. Afinal, precisamos conhecê-la para melhor nos prepararmos para alcança-la. Por isso, nas próximas páginas, você poderá contemplar juntamente com nossos articulistas a beleza do Céu, relembrar que a morte é uma passagem para a vida eterna, fundamentar a cruz e ressurreição de Cristo como nossa entrada no Céu e reafirmar seu chamado à santidade. É importante lembrar também que a Morada Celeste é para todos. Pensando nisso, além do encarte infantil com atividades, orações e brincadeiras de evangelização, queremos te ajudar também a plantar no coração das crianças esse sonho, para que, desde pequeninos, saibam que são Cidadãos do Céu. Nosso desejo com esta edição 94 é que você faça novamente a experiência de sonhar com o Céu. E que ao ler estas páginas, você possa proclamar e cantar, como vem nos ensinando nosso irmão Juninho Cassimiro, à luz de São Felipe Néri : Eu prefiro o Paraíso! Abençoada Leitura!

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Revista Renovação

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As matérias publicadas são de responsabilidade de seus respectivos autores. Permitida a reprodução, sem alteração do texto e citada a fonte. Revista Renovação


Palavra da presidente

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A CAMINHO DO CÉU Deus é absolutamente eterno. Quando abrimos nosso coração para receber Jesus, que vem a nós pela Sua Palavra, pela Sua Eucaristia e pela nossa oração, verdadeiramente, tocamos o sagrado e nos encontramos com a eternidade. “ O céu é o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva” (Catecismo da Igreja Católica, §1024b). O desejo de Deus é ver a nós todos no céu, pois viemos Dele e para Ele voltaremos. Arremessados pela morte, plainaremos nas asas do Espírito em direção aos braços do Pai, na esperança de encontrá-lo e de poder desfrutar da alegria de Sua presença. A alegria do “face a face”, que nos completa de uma maneira plena. Pois, somos filhos do Altíssimo! O que nos torna cidadãos do céu! “Os que morrerem na graça e na amizade de Deus e estiverem perfeitamente purificados, viverão para sempre com Cristo. Serão para sempre semelhantes a Deus, porque O verão ‘tal como Ele é’, ‘face a face’” (Catecismo da Igreja Católica, 1023a).

O nosso fim não é a morte nesta terra. Nem nossa alegria está nos sonhos que nós mesmos construímos nesse mundo. A nossa alegria está em realizar os sonhos de Deus que Ele sonhou para nós aqui na terra e, depois, na cidade celeste. Isso se dá a partir da realização do desejo de Deus, pela inspiração do Espírito Santo, se realizamos a nossa vocação e a nossa missão em nossa vida. Deus tem um plano perfeito para o interior do homem, o Seu Espírito Santo. Esse plano foi manifestado quando Ele mandou o Seu filho Jesus Cristo para morrer por nós, para perdoar os nossos pecados e mostrar que tem um desígnio para a vida de cada um de nós. Dessa forma, quando aprendemos a viver pelo Espírito, Deus nos chama a também andarmos de acordo com esse mesmo Espírito que nos inspira. É essa inspiração que vem do Espírito de Deus, que nos permite aprender a voar nas asas do Espírito, ainda agora. São pequenos voos, é verdade, mas suficientes para elevar nossa alma a uma vida sobrenatural, nos dar um novo ânimo e uma nova esperança. Esperança esta que está Revista Renovação

enraizada em Cristo Jesus. A partir daí, adquirimos uma nova perspectiva para enxergar a vida e uma nova visão para enfrentar os desafios que ela nos impõe. Percebemo-nos dependentes do Espírito Santo, a ponto de já não ser possível viver sem a Sua presença ou sem a experiência do amor de Deus. Amor este que ecoa em nós, gerando um profundo amor por Ele e que flui como um rio na dimensão do amor ao próximo. Nesse exercício de amor, aprendemos o caminho que nos leva ao Céu. O Grupo de Oração é o Amor de Deus em ação. É no Grupo de Oração que nos encontramos como irmãos e com essa vivência descobrimos o chamado missionário para ir ao encontro do outro. De fato, caminhamos em comunidade e não vamos sozinhos para o Céu. Por isso, a missão de sair e anunciar a Salvação a todos é o próximo passo para quem descobre esse amor de Deus. Onde houver uma única pessoa a ser evangelizada, uma missão tem que acontecer, pois o desejo de Cristo é que vivamos todos com Ele, por toda a eternidade, no Céu. Katia Roldi Zavaris

Presidente do Conselho Nacional da RCCBRASIL Grupo de Oração Vida Nova

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Especial

setembro/outubro . 2015 Por Francisco Elvis Rodrigues Oliveira Coordenador do Ministério de Pregação na RCC Ceará Grupo de Oração Maria Imaculada

ORAR: A BELEZA DO CÉU E O CONHECIMENTO DE DEUS O que é o Céu? Como será a vida eterna? É possível já experimentar aqui na terra ao menos um pouco da Jerusalém Celeste? É o que Elvis Rodrigues, coordenador do Ministério de Pregação no Ceará, reflete neste artigo. O homem possui duas vidas: uma imaginária e outra verdadeira. Esta é uma tese do pensador francês Blaise Pascal. Para ele, uma vida é imaginária, adornada com fingimento e embelezada para a admiração dos outros; a outra vida – a verdadeira – é aquilo que realmente somos, o nosso próprio ser. Muitas vezes, o ser humano corre o risco de conduzir sua vida apenas para manter as aparências, descuidando-se, assim, da vida verdadeira. Também as Sagradas Escrituras nos falam de uma vida verdadeira, onde não haverá mais aparências, mas tudo será revelado, tornado claro, sem confusão e poderemos conhecer totalmente (cf. I Cor 13, 12), onde não haverá mais choro, nem morte, nem dor (cf. Ap 21, 4). Foi para essa vida verdadeira que todos nós fomos destinados. É a vida eterna. É o paraíso. É o céu.

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Tudo que vivemos e fazemos nesta terra precisa sê-lo tendo em vista o céu. Embora não pretenda nem me sinta capaz de explicar ou realizar grandes elaborações do que seja esta realidade, gostaria de destacar, no entanto, exatamente este

aspecto: que o céu é uma realidade! Talvez não um lugar geográfico, fisicamente localizado (pelo menos não do modo como experimentamos o espaço), mas também não apenas e simplesmente uma situação ou um estado. É uma espécie de lugar sem lugar e tempo sem tempo. Lugar e estado de plena comunhão com Deus e adoração permanente diante de sua santa presença. Quando falamos do céu parece que imediatamente vem ao nosso coração uma saudade de algo que ainda não vivemos, como uma saudade do amanhã, do que está por vir. Ficamos mais reflexivos, imaginando como será a vida além, na eternidade. Mas, podemos nos perguntar: “como sentimos saudades de algo que não ocorreu ainda”? Não receio em dizer que foi o próprio Deus quem semeou em nós essa saudade do céu. Encontramos em Santo Agostinho, nas suas Confissões, uma ideia semelhante. Em diálogo com Deus, diz o santo: “fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti” (1, 1). Em cada um de nós há, pois, um rastro de Deus, uma semente do céu. Revista Renovação

Ainda mesmo no ventre materno podemos experimentar esse vestígio do céu. Jesus, ao se encarnar no seio de Nossa Senhora, fez do seu ventre um verdadeiro céu: ouvindo as batidas do coração de sua mãe, recebendo o alimento necessário, ouvindo Maria e José dizendo o quanto o amavam. Ali, Nosso Senhor teve todas as condições para o seu desenvolvimento físico. Ao se encarnar em Maria, Jesus fez do ventre materno um paraíso para que todos nós, os seres humanos, também pudéssemos experimentar o “gostinho” do céu já na terra desde a nossa mais tenra idade. Para que ao sair de lá, aquela experiência de amor ficasse tão marcada em nós que a todo custo quiséssemos retornar e passássemos toda a vida com o desejo de “voltar” ao céu. Inevitável não nos recordarmos daquilo que Jesus disse ao duvidoso Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3, 7). Este retorno ao céu, seria o novo nascimento de que fala Jesus, aquele que nos permite ver o Reino de Deus (Jo 3, 3). A exemplo de Nicodemos, não se trata de voltar para o útero da mãe,


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mas de buscar de todo coração e de toda alma aquilo se experimentou ali, pois muito maior é a segurança e a felicidade reservada para os benditos do Pai na definitiva Pátria celeste. O problema é que o demônio tratou de escrever em nossos corações uma série de mentiras para que nos fizessem esquecer de buscar o céu. Ou pior, transformando este paraíso aqui na terra em um lugar nada agradável (penso aqui, por exemplo, nas mães que fumam, bebem ou se drogam durante a gestação, nas que apanham de seus companheiros ou que maldizem os filhos ainda em suas barrigas). O que deveria ser a primeira experiência de Deus do ser humano, incutindo em nós um vivo desejo do céu, pode se converter em um verdadeiro inferno. E tudo isso, somado aos pecados que cometemos ao longo da vida, rouba de nós a experiência do céu e o desejo de irmos para lá.

oração. A oração como via de conhecimento de Deus. Mas não uma oração meramente ritualística, mecânica, programada e previsível, mas que busca a presença de Deus e desencadeia no orante um ciclo interminável de sede e saciedade1. Desse modo, essa oração converte-se numa espécie de prefiguração da eternidade, dito de outro modo, do céu. Nesse sentido, na oração podemos experimentar como que uma suspensão do tempo e um pouquinho de eternidade. Aquela tensão escatológica entre o “já” e o “ainda não” que o cristão vive com a virtude da esperança. Já podemos experimentar a vida divina aqui, mas ainda não estamos na plenitude da graça.

É preciso pedir que o Espírito Santo apague dos nossos corações essas mentiras e restaure em nós o desejo de uma vida divina, uma vida no Espírito. Talvez um primeiro passo seja devolver ao homem moderno a verdadeira imagem de Deus que Jesus veio revelar: “Quem vê a mim, vê o Pai” (Jo 14, 9). Jesus não apenas chama a Deus de Pai, mas Papai, Abbá, Paizinho. Tal é a relação de amor entre o Pai e o Filho. Tal é a relação que Jesus nos convida a desenvolver com o Papai do céu, com o Abbá do céu.

Prefiguração. Essa palavra pode não aparecer explícita nos Evangelhos, mas está presente em sua narrativa, desde a encarnação do Verbo, a gestação de Jesus no ventre de Maria, passando pelo Monte Tabor e pelo evento da Transfiguração. Prefigurar, demonstrar o que está por vir, dar um “gostinho” da vida divina. Mas, repito, tudo se dá pela oração na perspectiva do conhecimento de Deus. Pois, corremos o risco de orar, orar e não conhecer a Deus. Como nos narra o Evangelho de João: “Vós adorais o que não conheceis” (4, 22). Assim, temos com este texto que é possível adorar sem conhecer. Que isso não se passe conosco, mas cresçamos na oração e no conhecimento [de Deus].

Diria que a experiência do céu passa ainda pelo conhecimento de Deus. O Catecismo nos ensina que “o homem é capaz de Deus” (n.º 27). Em Jesus, todo o acesso à vida divina foi restabelecido e podemos conhecer o Pai ao conhecer o Filho. Os santos e grandes orantes nos ensinam um caminho de perfeição nesta busca de conhecimento: a

Tal conhecimento, inevitavelmente, provoca no orante um deslumbramento, um estupor, extasiamento ante a presença de nosso Deus. Tamanha beleza! Percebemos que Ele é e nós não. E só podemos ser naquele que é, nEle! Assim, dá-se início a um processo de uma liturgia de adoração. Espontânea. O ato de adoração surge como um Revista Renovação

impulso natural diante do Sumo Bem e Sumo Belo.2 Isso o fez Pedro no Tabor, absorto na esfera de beleza e luz com que foi envolvido ao contemplar Nosso Senhor em seu corpo glorioso. A adoração fluiu de seu interior, mas tomou conta também de seu corpo que desejava ficar ali, inerte neste movimento de amor: “É bom estarmos aqui” (Mt 17, 4). O orante descobre a beleza que é Deus e que é estar com ele. Mas como Deus sempre nos ama primeiro, também é Ele quem por primeiro se encanta conosco, quando, por exemplo, na Criação, vê que tudo é bom. Essas foram palavras muito simples que tentaram traduzir – de um modo mais simples ainda – a realidade que nos espera a todos. Mas fiquemos cientes de que nem sequer alcançamos de raspão aquilo que desejamos falar aqui. Como aqueles dois monges de quem nos fala H. Franck, citado por Frei Raniero Cantalamessa em seu livro Contemplando a Trindade: os amigos monges se perdiam em longas conversas sobre como seria o céu. Então, fizeram um pacto: aquele que morresse primeiro retornaria para dizer ao outro se o céu era ou não como eles imaginavam. Um deles morreu e, depois de um tempo, aparece para o amigo que pergunta se era igual. Sem resposta. Pergunta, então, se era diferente. Sem resposta. Depois, a alma do amigo diz: Totaliter aliter – que significa: é totalmente outra coisa! Nesse instante o amigo compreendeu que o céu é ainda infinitamente muito mais do que tudo que ele pode imaginar!3

1 Cf. SOUSA, Ronaldo José de. O pregador orante, p. 21. 2 Beleza e bondade são derivadas da mesma raiz grega: Kalón. 3 CANTALEMESA, Frei Raniero. Contemplando a Trindade, pp. 96-97.

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Especial

setembro/outubro . 2015 Por Lucimar Mazieiro

Presidente do Conselho Estadual da RCC São Paulo Grupo de Oração Javé Chammá

MORTE: PASSAGEM PARA O CÉU Ter medo da morte é algo muito comum em nosso meio. Muitos não gostam nem de falar sobre o assunto. Mas, como cristãos, precisamos ter uma postura diferente, sustentada pela fé na vida eterna. Quando paramos para refletir sobre a morte, percebemos o quanto existem pessoas que ainda têm medo dela. Isso atribuímos ao fato de ser ela um mistério, ser um desconhecido. Sendo assim, aparecem os medos, até porque não sabemos quando, como e nem onde ela virá nos visitar. Exatamente por esses motivos é interessante meditar sobre a morte, vendo-a não como um fim, mas o começo da vida eterna.

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Temos uma visão de que depois da morte alcançaremos o céu. Portanto, para chegar ao céu é preciso passar pela morte. Essa passagem muitas vezes se torna assustadora pelo fato de não sabermos como se dará e também pelo medo do sofrimento, na visão que alguns têm de um Deus que pune os pecados, ao invés de vê-lo como um Deus que é misericórdia. Quando nos deparamos com o assunto morte, é comum concluirmos que, na verdade, a vida nesta terra é passageira, pode ser uma breve passagem. E para não sermos surpreendidos pela morte, somos ensinados a construir a vida eterna, nos abrindo assim para a valorização da vida, da caridade fraterna, da generosidade, da doação,

sofrimentos... Ele foi castigado por nossos crimes e esmagado por nosSão Paulo, quando escreve a sas iniquidades... Fomos curados segunda carta a Timóteo, vai dizer: por suas chagas”, é possível perce“se morrermos com Ele, com Ele viber o sofrimento de Cristo ao pasveremos. Se soubermos perseverar, sar pela morte. E o que essa morte com Ele reinaremos...”. Mergulhar significou para nós? Na verdade, Ele nesta palavra é perceber que, como tomou sobre si o peso de nossos Cristo ressuscitou dos mortos, nós pecados, o peso da humanidade alcançamos a plenitude da vida, ferida. Mas fica evidente que, com por isso, não paramos na reflexão a ressurreição, essa humanidade da morte, mas ferida pelo pecado é na alegria da resEssa passagem muitas transfigurada. Toda surreição, pois, vezes se torna assus- nossa veste, que foi ao passar pela suja pelo pecado, morte, Cristo é tadora pelo fato de não na ressurreição, é alvencedor sobre sabermos como se dará e vejada pelo sangue ela. Ou seja, Crisdo Cordeiro: receto é mais forte também pelo medo do sobemos vestes novas do que a morte, frimento, na visão que altecidas pelo amor. e, ao passarmos guns têm de um Deus que É possível passar por ela, podereda morte para vida, mos contemplar pune os pecados, ao invés pois em Cristo Resa glória do céu de vê-lo como um Deus que suscitado tudo que é e nos deparar é misericórdia” morte, que é trevas, face a face com que é enfermidade, o Senhor. Aquele Nele tudo é transformado. que crê em Jesus Cristo não para na morte, mas passa por ela como Ele No ano de 2007, o papa Bento passou. XVI, na homilia Pascal, disse: da justiça, da verdade.

Quando lemos o profeta Isaías em 53,4: “Ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos Revista Renovação

“Na Carta aos Efésios lemos que Ele desceu nas regiões mais profundas da terra e que Aquele


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que desceu é o mesmo que também subiu acima de todos os céus para encher o universo (cf. 4, 9-10). Na escuridão impenetrável da morte Ele entrou como luz – a noite fez-se luminosa como o dia, e a trevas tornaram-se luz. Por isso, a Igreja justamente pode considerar a palavra de agradecimento e de confiança como palavra do Ressuscitado dirigida ao Pai: ‘Sim, viajei até às extremas profundezas da terra, no abismo da morte e trouxe a luz; e agora ressuscitei e permaneço para sempre seguro pelas tuas mãos’. Mas as palavras do Ressuscitado ao Pai tornaram-se também palavras que o Senhor dirige a nós: ‘Ressuscitei e estou contigo para sempre’, diz a cada um de nós. A minha mão te mantém. Onde quer que possas cair, cairás em minhas mãos. Estou presente até mesmo nas portas da morte. Onde ninguém já não pode acompanhar-te e onde nada podes levar, ali eu te espero e transformo para ti as trevas em luz.” Aqui, entendemos que Cristo venceu a morte e entrou no mundo dos mortos, mas não ficou lá; levou sua luz onde há trevas, levou a vida onde só reinava a morte, venceu a morte. Talvez você se pergunte: mas como a morte se torna passagem para o céu? Como a vida vence a morte? É interessante seguir essa mesma fala do papa Bento XVI: “No Credo professamos a respeito do caminho de Cristo: ‘Desceu à mansão dos mortos’. O que acontece, então? Visto que não conhecemos o mundo da morte, podemos representar este processo de superação da morte somente com imagens que permanecem sempre pouco apropriadas. Porém, com toda a sua insuficiência, elas nos ajudam a entender algo do mistério. A liturgia aplica à descida de Jesus na noite da morte a palavra do Sl 24 [23]: ‘Levantai, ó pórticos, os vossos dintéis,

pela solidão, pelo descontentamenlevantai-vos, ó pórticos eternos!’. A to, pelas fraquezas, pelos nossos porta da morte está fechada, ninlimites, pelas nossas dores, mas guém dali pode voltar para trás. Não devemos nos aproximar de Cristo, existe uma chave para esta porta do seu sofrimento, de sua dor e, em férrea. Cristo, porém, possui a chaunidade a Ele, sentir que Ele gera ve. A sua Cruz abre de par em par as vida em nós, que Ele traz a ressurportas da morte, as portas irrevogáveis. Elas agora já não são intransreição a nós e nos faz novas criatuponíveis. A sua Cruz, a radicalidade ras. do seu amor é a chave que abre esta Quando refletimos sobre a porta. O amor d’Aquele que, senmorte, também refletimos sobre o do Deus, se fez homem para poder sentido da existênmorrer – este amor cia humana. Gosto É possível passar da tem a força para de lembrar quanmorte para vida, pois do o papa Franabrir esta porta. Este amor é mais em Cristo Ressuscitado cisco reflete sobre forte que a morte. o dia de finados e tudo que é morte, que é (...) Jesus que ennos leva a pensar tra no mundo dos trevas, que é enfermidade, que com a morte mortos, leva os Nele tudo é transformado” acabam para aqueestigmas: as suas la pessoa a dispuferidas, os seus ta, a vanglória, a riqueza deste munpadecimentos tornaram-se poder, do terreno, o partidarismo político, são amor que vence a morte.” as ideologias, enfim, só permanece Vejo ser muito interessante aquilo que foi realizado por amor esta homilia, por isso podemos a e com amor. O mais se tornará cinnos aprofundar um pouco mais: zas e irá para o esquecimento com o passar do tempo. Ao contrário, “Que novidade realmente quando passamos por situações de aconteceu ali através de Cristo? perdas de pessoas que marcaram (...) Nada pode contentar o homem de maneira boa nossa vida, quaneternamente, se não o estar com do lembramos fica o sentimento de Deus. Uma eternidade sem esta saudade, e, se nosso relacionamenunião com Deus seria uma condeto foi bom, dentro do amor, ao lemnação. O homem não consegue chebrar, o amor nos consola. Portanto, gar ao alto, mas deseja-o: Só o Crispodemos até sofrer com a saudade, to ressuscitado pode elevar-nos até mas o amor nos conforta e não nos à união com Deus, onde nossas fordesesperamos, porque não desperças não podem chegar. Ele carrega diçamos a oportunidade de bem realmente a ovelha perdida sobre conviver, de amar e de perdoar. os seus ombros e a leva para casa. Vivemos sustentados pelo seu CorPassamos pela morte, almepo, e em comunhão com o seu Corjando o céu. O céu é o local do enpo alcançamos o coração de Deus. E contro! só assim a morte é vencida, somos Quero terminar, pedindo, como livres e nossa vida é esperança”. o papa Francisco, à Nossa Senhora, Diante de palavras tão profunPorta do Céu, que nos ajude nesta peregrinação cotidiana sobre a terdas, afirmamos que não podemos nos acomodar com a realidade da ra a não perder jamais de vista o obmorte que, muitas vezes, habita em jetivo final da vida, que é o Paraíso. nós pelo desespero, pela angústia,

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Especial

setembro/outubro . 2015 Por Pe. Nilso Motta, κένωσις

Grupo de oração Kenosis Diocese de Osasco-SP

A GARANTIA DE CHEGAR AO CÉU A vida terrena é marcada por sofrimentos, angústias, dores e culminará sempre na morte. Pode até parecer um final triste e uma caminhada sem sentido, mas a verdade é que a experiência de morte é um sinal de esperança deixado a nós pelo próprio Deus. “Tendo sido, pois, justificados pela fé estamos em paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos na esperança da glória de Deus... E a esperança não decepciona” (Rm 5, 1-2.5a). Em virtude da paixão, morte e ressurreição de Jesus, foi impressa na vida de cada cristão uma nova esperança. Trata-se da esperança cristã que é a expectativa dos bens escatológicos: a vida eterna. Essa esperança é impressa na alma do ser humano com um caráter indelével no dia do Batismo, que é efetivamente o dia da regeneração, dia em que se torna cristão, cidadão do céu. Os termos “morte, céu, ressurreição, vida eterna” são próprios de uma seção da teologia chamada de “escatologia”, que trata das realidades últimas da vida do ser humano. Em algumas pessoas, esses termos causam espanto e medo, mas para os que vivem a fé e querem transmiti-la são revigoramento espiritual e remédio para a alma.

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É precisamente por isso que, na

inauguração da vida cristã, a partir da graça batismal, a liturgia apresenta-nos um diálogo fecundo usado no rito do batismo para exprimir o acolhimento dos recém-nascidos na comunidade: “O sacerdote perguntava, antes de mais nada, qual era o nome que os pais tinham escolhido para a criança, e prosseguia: ‘O que é que pedis à Igreja?’. Resposta: ‘A fé’. ‘E o que é que vos dá a fé?’. ‘A vida eterna’. Como vemos por este diálogo, os pais pediam para a criança o acesso à fé, a comunhão com os crentes, porque viam na fé a chave para a “vida eterna”. Com efeito, também nos dias de hoje, como sempre, é disso que se trata no Batismo, quando nos tornamos cristãos: não é somente um ato de socialização no âmbito da comunidade, nem simplesmente de acolhimento na Igreja. Os pais esperam algo mais para o batizando: esperam que a fé – de que faz parte a corporeidade da Igreja e dos seus sacramentos – lhe dê a vida, a vida eterna. Fé é substância da esperança. Aqui, porém, surge a pergunta: Revista Renovação

Queremos nós realmente isto: viver eternamente? Hoje, muitas pessoas rejeitam a fé, talvez, simplesmente, porque a vida eterna não lhes pareça uma coisa desejável. Não querem de modo algum a vida eterna, mas a presente; antes, a fé na vida eterna parece, para tal fim, um obstáculo. Continuar a viver eternamente – sem fim – parece mais uma condenação do que um dom. Certamente, quer-se adiar a morte o mais possível. Mas, viver sempre, sem um termo, acabaria por ser fastidioso e, em última análise, insuportável. É isso precisamente que diz, por exemplo, o padre Ambrósio na sua elegia pelo irmão defunto Sátiro: ‘Sem dúvida, a morte não fazia parte da natureza, mas tornou-se natural; porque Deus não instituiu a morte ao princípio, mas deu-a como remédio. Condenada pelo pecado a um trabalho contínuo e a lamentações insuportáveis, a vida dos homens começou a ser miserável. Deus teve de pôr fim a esses males, para que a morte restituísse o que a vida tinha perdido. Com efeito, a imortalidade seria mais penosa que benéfica, se não fosse promovida pela graça’. Antes, Ambrósio tinha


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dito: ‘Não devemos chorar a morte, que é a causa de salvação universal’ (Spes Salvi, 10).

a eternidade. “Somos cidadãos do céu”. Não temos aqui a nossa pátria permanente.

Nas palavras de Santo Ambrósio, a morte é remédio para pôr fim às dores deste mundo passageiro e nos dar acesso à vida eterna. É certo que todos passaremos pela experiência da morte, essa é a grande certeza da nossa vida, porém, para os que morrem em Cristo ela é somente o início de uma nova etapa, os que adormeceram em Cristo ressuscitarão para a vida eterna, pois “se o grão de trigo que cai na terra não morrer ele permanecerá só; mas se morrer produzirá muito fruto” (Jo 12,24).

A vitória sobre o pecado e a morte passa pela obediência e entrega total de Jesus na cruz. Por sua morte e ressurreição, fomos resgatados da condenação: “se pela falta de um só todos morreram, com quanto maior profusão a graça de Deus e o dom gratuito de um só homem, se derramaram sobre todos” (Rm 5,15).

“O Credo cristão — profissão da nossa fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e na sua ação criadora, salvadora e santificadora — culmina na proclamação da ressurreição dos mortos no fim dos tempos e na vida eterna. Nós cremos e esperamos firmemente que, tal como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia. Tal como a d’Ele, também a nossa ressurreição será obra da Santíssima Trindade:

A ressurreição de Jesus é a vitória sobre o pecado e a morte e, como tal, garante para todos os homens o acesso ao céu. Somos peregrinos neste mundo. A nossa peregrinação terrestre começou no dia em que fomos batizados e terminará no dia em que, passada a experiência da morte, nos apresentarmos diante do Senhor justo juiz. Diante disso, alguém poderia perguntar: mas o céu para todos? Sim, Jesus veio para salvar a todos e, por Ele, “caminho, verdade e vida”, temos livre acesso ao céu. Porém, é preciso ponderar algumas coisas, entre elas a nossa adesão livre e total ao Cristo como único e verdadeiro Senhor de nossas vidas, a vivência da fé e a prática da caridade.

‘Se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós’” (Catecismo da Igreja Católica 988-989).

O último artigo do credo – “creio na vida eterna” – ensina-nos que depois da morte há outra vida, eternamente feliz para os que tiverem morrido na graça de Deus, ou eternamente desgraçada para os que tiverem morrido em pecado mortal.

Pela desobediência de um só homem, o pecado e a morte entraram na história da humanidade. Por essa razão, é certo que todos morreremos. A morte é o castigo do pecado, entretanto, não fomos criados para a “morte”, fomos criados para

Como não sabemos quem morreu na fé de forma efetiva, pois o que conhecemos é só a aparência e não temos capacidade para julgar e nem autoridade para dizer quem vai e ou não para o céu, entregamos todos nas mãos misericordiosas de Deus que vê além da aparência e conhece Revista Renovação

profundamente o coração humano. Para viver a vida eternamente feliz no céu, é preciso levar em consideração algumas recomendações importantes para este tempo presente: - A primeira nos é dada por Jesus quando diz: “Estais preparados, pois não sabeis nem o dia nem a hora” (Mt 23,15) ; - A segunda é desprendermo-nos das coisas terrenas, pois só o eterno perdura; - A terceira nos é dada por São Paulo, quando diz: “Enquanto tivermos tempo, façamos o bem!” (Gl 6,10). Seguramente, não temos aqui neste tempo a nossa pátria definitiva, somos cidadãos do céu “a nossa cidade está no céu, de onde também esperamos ansiosamente como Salvador o Senhor Jesus Cristo, que transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso” (Fl 3,21-22). É para lá que caminhamos pressurosos. Essa é a nossa esperança: “Por isto não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós o homem exterior vá caminhando para ruína, o homem interior se renova dia-a-dia. Pois nossas tribulações momentâneas são leves em relação ao peso eterno da glória que elas nos preparam até o excesso. Não olhamos para as coisas que se veem, mas para as que não se veem, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Cor 4,16-18). O céu é o lugar da felicidade eterna, onde Deus recompensa os justos: “Vinde, benditos do meu Pai, tomar posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25,34). É tão diferente de tudo o que conhecemos, que nos é difícil imaginar esse prêmio. No entanto, pela fé, sabemos que existe e é para lá que vamos.

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Especial

setembro/outubro . 2015 Por Vinícius Rodrigues Simões Coordenador Estadual da RCCRJ Grupo de Oração Jesus Senhor

CAMINHADA RUMO AO CÉU Quais são os rostos de santidade de nosso tempo? Podem ser de jovens, adultos, crianças, pode ser o seu! Por isso, Jesus nos deixa uma meta: alcançar o mais alto grau de santidade. Como fazer isso? Caminhando rumo à Pátria Celeste. O que é o céu? O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que o céu é a Morada de Deus (2795), o “ambiente” próprio de Deus. É o ambiente do Amor perfeito, das alegrias eternas, onde não há mais morte, choro ou dor (cf. Ap 21,3-4). O céu é a vida perfeita com a Santíssima Trindade, essa comunhão de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria, os anjos e todos os bem-aventurados (1026). Não é lugar no sentido como conhecemos topograficamente, mas é espaço de comunhão dos santos, espaço do Corpo de Cristo (RATZINGER, Manual de Escatologia, p. 235). O céu é a Casa do Pai e, portanto, a nossa pátria definitiva, já que somos filhos no Filho. Em Cristo, o céu e a terra foram e são reconciliados. A Mãe Igreja assim nos ensina: “Pela sua Morte e Ressurreição, Jesus Cristo nos ‘abriu’ o Céu” (Catecismo 1026) e “Quando a Igreja reza ‘Pai nosso que estais nos céus’, professa que nós somos o Povo de Deus já ‘assentados nos céus, em Cristo Jesus’ , ‘escondidos com Cristo em Deus’, e, ao mesmo tempo, ‘gememos pelo desejo ardente de revestir por cima da nossa morada terrestre a nossa habitação celeste’” (Catecismo 2796).

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Não há dúvidas de que aque-

13,12). les que seguimos o Senhor, sendo, portanto, seus discípulos, já gozaPortanto, esta é a nossa meta: mos antecipadamente de algumas entrar no céu que já foi conquistado “benesses” do céu. A Igreja, como por Jesus para nós! E isso só é possacramento (sinal) vivo e eficaz de sível em Cristo, escondidos Nele (cf. Jesus no mundo, dispensadora das Col 3,3), isto é, pelos méritos de Seu graças e dos bens celestiais; o Grupo Sangue Precioso derramado na cruz de Oração como lugar do amor de para nos redimir e pela sua gloriosa Deus em ação, espaço privilegiado ressurreição. Sim! Graças a Jesus, para a manifestação da Glória Divipodemos entrar no céu. na, lugar de Efusão do Espírito SanPortanto, é nosso dever e nosto em que nos sentimos inebriados sa salvação vigiar para que nossa do Espírito e envoltos pela “atmosadesão ao Seu Senhorio absoluto fera espiritual” do céu; o encontro seja cada vez mais amadurecida, com Deus através da constante vida aperfeiçoada e sincera, sempre forde oração; a vivência das Práticas talecida pelo Espirituais, tudo isso Espírito Santo. é antecipação de céu Devemos, pois, valori- Precisamos ser para os que creem, zar a Mãe Igreja, redes- verdadeiramené manifestação do grande Amor de Deus cobrir o valor da comunida- te Amigos de Deus, íntimos por nós. de de irmãos orantes que é do Senhor para Devemos, pois, o Grupo de Oração, mergu- que, ao chegar valorizar a Mãe Igrea nossa hora, ja, redescobrir o valor lhar no mistério da oração” possamos nos da comunidade de irrejubilar e glomãos orantes que é o Grupo de Orarificar a Deus. Como visto, já temos ção, mergulhar no mistério da oraassento no céu, já somos cidadãos ção! Por essas “benesses” do céu, do céu (cf. Fl 3,20a), mas precisamos entretanto, vemos o Senhor como trabalhar com afinco se quisermos por um espelho, reconhecemo-Lo boa colheita (cf. II Tm. 2,6), ou seja, em parte, mas um dia poderemos se quisermos entrar no paraíso que contemplá-Lo face a face e O coo Pai preparou para os seus. Será o nheceremos totalmente, como nós dia de nossa maior alegria, quando somos conhecidos por Ele (cf. I Cor poderemos contemplá-Lo face a

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Especial

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face eternamente (cf. 1Jo. 3,2).

emocional” e não de “sentido”.

Ser santo significa viver como Que maravilha! Aquilo que é um consagrado ao Senhor, alguém causa de desgosto e grande amarseparado para Ele, inteiramente gura para os descrentes, é causa de dedicado e comprometido com grande júbilo para os que creem em o Senhor, totalmente entregue a Deus e tem Jesus por Senhor. IncluDeus, alguém que sive, quando nossubmete sua libersos entes queridos esta é a nossa meta: dade ao Senhorio morrem para este mundo, é humano entrar no céu que já foi de Jesus para ser e justo sentirmos feliz. Ser santo é saudade, mas de- conquistado por Jesus para ser semelhante a Jesus (tendo-O vemos encontrar nós! E isso só é possível em como modelo de nosso consolo na Cristo” vida). Significa vialegria da entrada no céu reservada ver como um aupara aqueles que amam o Senhor e têntico filho de Deus, ter uma vida andam em Seus caminhos. impregnada de Deus, uma vida sem misturas. Como nos ensina São BerComo estamos preparando a nardo de Claraval: “santidade é a nossa entrada no céu? O Catecismo medida pela qual a Esposa responnos diz: “Foi da terra da Aliança que de com Amor ao dom do Esposo”. o pecado nos exilou e é para o Pai,

para o céu, que a conversão do coração nos faz voltar” (2795). Todos precisamos nos autoavaliar continuamente: estou em processo de conversão sincera? Em que áreas da minha vida eu preciso dar mais espaço e mais liberdade de ação ao Espírito Santificador? Meus valores absolutos são da pátria celestial ou são da terra? Precisamos vigiar sobre nossa conduta, sobre nossos sentimentos, pensamentos, testemunho, pois a ordem do Senhor é “sede perfeitos, assim como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48). Ser perfeito é ser santo, procurar seguir o modelo de vida de Jesus. É necessário “quebrar”, renunciar ao homem velho para que a nova criatura renascida pelo Espírito Santo apareça. Conversão supõe, como primeiro passo, o conhecimento claro da realidade a ser transformada. Exige um profundo conhecimento de si mesmo e de tudo aquilo que afeta e pode modificar a nossa pessoa. Quando não reconhecemos nossas fragilidades, então a conversão não é possível. Torna-se algo efêmero, superficial, uma “experiência de ambiente ou

qual Deus nos chama, em Jesus Cristo. Seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente” (Fl 3,12-14.16). Santidade rumo ao céu não é uma utopia, algo inacessível. Santidade se dá na vida prática como esposos, como pais, como profissionais, como cidadãos cristãos. Certa vez, Dom Alberto Taveira, Arcebispo Metropolitano de Belém do Pará, Assistente Eclesiástico do Conselho Nacional da RCCBRASIL, se dirigiu ao Movimento, afirmando o seguinte:

“Temos como modelo de rosto da santidade o rosto de Maria. De quem poderia ser o rosto da santidade hoje? Quem sabe o rosto da mãe de família, ou dos jovens, ou do chefe de família? Meus irmãos, prestem este serviço para o mundo hoje: o rosto da santidade para este tempo tem de ser o seu. Precisamos A preparação para se chegar nos deixar santificar nas condições um dia ao céu é tarefa de todos os ordinárias da vida. O Papa São João dias. São Gregório de Nissa (330Paulo II assim nos exortou (Carta 395) nos ensina que aquele que vai Apostólica Novo Millennio Ineunsubindo jamais cessa de ir progredindo de começo em começo por te, 31): ‘Este ideal de perfeição não começos que não têm fim. Aquele deve ser objeto de equívoco vendo que sobe jamais cessa de desejar nele um caminho extraordinário, aquilo que já conhece. Isto significa percorrível apenas por algum ‘gêque a caminhada rumo ao céu renio’ da santidade. Os caminhos da santidade são variados e aproprianuncia para progredir e quando cai recomeça, recomedos à vocação de ça sempre, anseia A caminhada rumo ao cada um. Agrapor Deus. Santo é deço ao Senhor céu renuncia para pro- por me ter consempre um lutador autêntico, um fe- gredir e quando cai reco- cedido, nestes beatificar chador de brechas meça, recomeça sempre, anos, e canonizar muiespirituais. Por isso, São Paulo nos diz: anseia por Deus. Santo é tos cristãos, en“Não pretendo dizer sempre um lutador autên- tre os quais nuque já alcancei esta merosos leigos meta e que cheguei tico, um fechador de breque se santificaà perfeição. Não. Mas chas espirituais” ram nas condieu me empenho em ções ordinárias conquistá-la, uma vez que também da vida. É hora de propor de novo a eu fui conquistado por Jesus Cristodos, com convicção, esta ‘medida alta’ da vida cristã ordinária.’” to. Consciente de não tê-la ainda conquistado, só procuro isto: presPrestando-nos auxílio uns aos cindindo do passado e atirando-me outros, caminhemos confiadamenao que resta para a frente, persigo te rumo ao céu! o alvo, rumo ao prêmio celeste, ao

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Grupo Institucional de Oração

setembro/outubro . 2015 Por Gilci Xavier Costa

Paróquia São Francisco Xavier, Rio de Janeiro -RJ Grupo de Oração Jesus Senhor

SOMOS GRUPOS DE ORAÇÃO QUE CLAMAM PELA VOLTA DE CRISTO?

A resposta que deveríamos dar à pergunta que é o título deste texto seria: sim, nossos Grupos de Oração clamam pela volta de Cristo. Mas será que é isso mesmo que tem acontecido? Nesses tempos tão materialistas, desumanos, com tantas pessoas afastadas de Deus, onde está o nosso ardor pela volta de Jesus? “Assim Cristo se ofereceu uma só vez para tomar sobre si os pecados da multidão, e aparecerá uma segunda vez, não porém em razão do pecado, mas para trazer a salvação àqueles que o esperam” (Hb 9, 28). Na carta aos Hebreus, fica claro que Jesus virá uma segunda vez para trazer a salvação aos que o esperam e por ele anseiam. Mas como ansiar se não há quem O apresente? Ou se não há quem anuncie sua volta? “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda terra (...). Então verão o Filho do homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças, porque se aproxima a vossa libertação” (Lc 21, 25 – 28). Basta ver os noticiários que percebemos os sinais. Nosso povo vive acabrunhado com síndrome do pânico, depressão, relacionamentos desajustados, sem esperança, descrentes de Deus. O paganismo tem tomado conta até dos nossos mais queridos. Mas, o que temos feito diante deste quadro? Jesus perguntou: quando vier o Filho do homem, acaso achará fé sobre a terra? (cf. Lc 18, 8). Assim, cabe a nós, RCC, a missão de reanimar e fazer com que os membros de nossos Grupos levantem a cabeça, voltem o olhar para Deus que é misericordioso e bom e se reconciliem com Ele, assumindo seu Senhorio.

O nosso Grupo de Oração é um lugar único onde vivenciamos um Pentecostes semanal e uma mudança radical. Precisamos levar a nossos irmãos essa mesma experiência do Jesus vivo, que nos ama de forma incondicional e que voltará para nos dar a libertação total. Para aí, então, vivermos esse grande anseio pela volta de Jesus. Devemos constantemente clamar: Maranathá! Vem Senhor Jesus! Mas por que clamar Maranathá? Na época do Antigo Testamento, o rei viajava para fazer justiça. Um arauto (mensageiro do rei) ia adiante dele tocando a trombeta e advertindo o povo: “o rei está vindo, maranathá”! Então, aqueles que esperavam por justiça desejavam a vinda do rei. O povo se preparava para sua chegada, limpava e reparava os caminhos, demonstrando, assim, obediência e desejo de agradar ao rei. Nesse sentido, sabemos que o Senhor Jesus virá uma segunda vez para trazer a salvação àqueles que o esperam. E Ele espera de nós a vigilância como os antigos que aguardavam o rei: limpando e reparando os caminhos, isto é, nos reconhecendo pecadores, necessitados de salvação, buscando a reconciliação com Deus e tentando agradá-Lo em tudo. A história cristã conta que, antes da manifestação de Jesus, quando um judeu encontrava outro, o cumprimentava dizendo “Marãn”, que quer dizer “Nosso Senhor virá”. No entanto, após o aparecimento de Jesus, quando o mesmo judeu, agora convertido ao cristianismo, encontrava outro judeu, acrescenRevista Renovação

tava a palavra “Athá”, formando a expressão “Maranathá”, que significa algo como “o Messias veio, está aqui e retornará”.

E em nossos lábios, essa expressão tem sido constante? Os primeiros cristãos usavam frequentemente esta invocação na liturgia primitiva. Eles aguardavam ansiosamente a volta de Jesus. Tinham a convicção de que o seu Mestre retornaria para arrebatá-los ao céu. Essa esperança os alimentou para darem a própria vida pelo Reino. Por isso, precisamos retornar a gritar “Maranathá”! O mundo precisa ouvir que Nosso Senhor não tarda. Ele quer salvar a todos. “Aquele que atesta estas coisas diz: Sim! Eu venho depressa! Amém. Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22, 20). Que digamos “Vem”, com a mesma ardente sede de Cristo no grito de São Paulo: MARANATHÁ! (cf. 1 Cor 16, 23). E que o louvor ocupe cada pensamento nosso e seja crescente o desejo de manifestar a presença de Jesus que vem. Convido você a cantar e rezar com o refrão desta música: Estás Assentado (Agnus Dei): Oh! Oh! Alfa, Ômega! Cristo, Filho. Ó, ó, vem Senhor Jesus! Ansioso espero a tua volta. O grande dia em que tu virás. Então subiremos, contigo estaremos, pra todo sempre, aleluia! Maranatá, Cristo, Filho, Mestre, ó vem, ó vem, ó vem Senhor Jesus!

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Grupo Institucional de Oração

setembro/outubro . 2015 Por Maria Beatriz Spier Vargas Coordenadora Nacional do Ministério de Pregação Grupo de Oração Magnificat

O VALOR DE UM BOM CONSELHO Na caminhada rumo ao Céu, Deus nos oferece presentes espirituais que podem nos auxiliar em nossa própria santificação ou na dos nossos irmãos. Uma dessas graças é o dom do Conselho, que ajuda a edificarmos uma comunidade cristã mais sadia e mais consciente de seu caminho de fé. “...Nós somos muitos e formamos um só corpo em Cristo, sendo membros uns dos outros. Temos, porém, dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada, aquele que tem o dom da profecia, que o exerça segundo a proporção da nossa fé; aquele que tem o dom do serviço, o exerça servindo; quem o do ensino, ensinando; quem o da exortação, exortando. Aquele que distribui seus bens, que o faça com simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce misericórdia, com alegria. Que vosso amor seja sem hipocrisia, detestando o mal e apegado ao bem; com amor fraterno, tendo carinho uns para os outros, cada um considerando os outros como mais digno de estima” (Romanos 12, 5-10). Somos membros uns dos outros, como disse São Paulo, e como tal, responsáveis uns pelos outros. Se um membro do corpo de Cristo está se desviando do caminho, está se afastando de Deus, vivendo no pecado ou passando por dificuldades, se está desanimado ou desencorajado, é meu dever cuidar dessa pessoa, porque ela é uma comigo, é um pedaço do meu corpo. Muitas pessoas já se afastaram dos nossos Grupos de Oração e do nosso convívio, porque nós não exercemos um dom do Espírito Santo que nos é dado para cuidarmos uns dos outros, o dom do Conselho ou Exortação, como é também chamado.

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Se o Espírito Santo nos dá este

dom é para que o usemos com reverência, isto é, a partir da escuta de Deus e procurando na Palavra de Deus uma perspectiva sobre a situação que a outra pessoa está vivendo, ajudando-a a dar o verdadeiro sentido para a sua vida, a amadurecer na fé e crescer espiritualmente. A santificação e salvação nossa e do outro deve sempre ser a nossa meta. Um conselho sábio flui de um coração arraigado na certeza do poder soberano de Deus sobre todas as coisas, do seu amor e fidelidade. Um coração assim reconhece que tudo o que acontece tem em si o potencial de glorificar a Deus e de conformar à imagem de Jesus Cristo aqueles que creem. É essa certeza que aquele que aconselha partilha com o outro, encorajando-o a dar passos que o levem à vida que há em Jesus, motivando-o a não se deixar derrotar, mas a buscar no arrependimento, no perdão, em passos concretos de mudança de vida, motivos para que o nome de Deus seja glorificado. Viver no erro, no pecado, na confusão deixa a pessoa triste e derrotada, muitas vezes revoltada. Mas dar passos de conversão leva a pessoa a encontrar em Jesus uma vida nova, cheia de promessas, de alegria no Espírito. Portanto, ao aconselharmos alguém, o nosso conselho deve ser neste sentido, isto é, sempre levando para Jesus, pois Ele é soberanamente maior do que qualquer problema ou dificuldade que possamos enfrentar. Revista Renovação

É importante observar que nunca se deve tentar aconselhar ou exortar alguém se o nosso coração está magoado em relação a esta pessoa ou se a estamos julgando sem misericórdia. É preciso primeiro pedir para o Senhor nos ajudar a perdoar e mudar a nossa maneira de ver o outro e, só então, com o coração em paz, poderemos aconselhá-lo ou exortá-lo. O bom conselho dado e recebido nos ajuda a crescer em santidade e nos afastar do pecado, pois a Palavra de Deus assim nos exorta em Hebreus 3, 12-13: “Vede, irmãos, que não haja entre vós quem tenha coração mau e infiel que se afaste do Deus vivo. Exortai-vos, antes, uns aos outros, dia após dia, enquanto se disser ‘hoje’, para que ninguém de vós se endureça, seduzido pelo pecado”. Que através do bom conselho nós possamos colocar os nossos irmãos e irmãs de caminhada diante do Trono da Graça na presença de Jesus, o Sumo Sacerdote que se oferece eternamente por nós, pois assim está escrito: “Com efeito, não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, então, com segurança do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançaremos graça, como ajuda oportuna” (Hebreus 4, 15-16).


Sugestãdo de leitura

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O INTERCESSOR COMO O CINZEL NAS MÃOS DO ESCULTOR “Intercessão é uma súplica em favor de outro”. Esta é uma das definições de intercessão (escrita) no livro “Rezar erguendo mãos santas – o poder da Intercessão Profética”, de Cyril John. No decorrer da leitura, Cyril apresenta uma outra definição: “é uma oração santa, confiante, perseverante pela qual alguém clama a Deus em favor de outro ou outros, que necessitam desesperadamente da intervenção de Deus”. Com essas duas definições, é possível entender que a oração de intercessão é o ato de clamor a Deus pelo outro, em favor do outro. É um ato de amor. A verdadeira marca da intercessão é que tomamos sobre nós mesmos os fardos que pertencem áqueles por quem estamos orando. Cyril John apresenta no livro “Rezar erguendo mãos santas - o poder da Intercessão Profética”, da Editora RCCBRASIL, um outro modo de olhar a intercessão, que é a intercessão profética. Em um artigo publicado na revista Charisindia (v. XIII, n.05, 2014), da Índia, Cyril faz uma comparação sobre a intercessão e a intercessão profética. “Intercessão identifica as necessidades e os encargos do povo, enquanto intercessão profética identifica os encargos do Senhor. Intercessão Profética não vai ao Senhor com uma lista de oração, mas vai ao Senhor para obter uma lista de oração. Na intercessão profética nós nos tornamos como o cinzel. Por si mesmo o cinzel não pode fazer nada, mas quando o escultor o

pega e o usa na esquerda e direita, dando a direção certa, o cinzel é capaz de trazer para fora a obra-prima.” Interceder profeticamente é vislumbrar os planos do Senhor, o que ele fará. Deixar que Ele aja em nosso meio, por meio de nossas orações. Cyril John apresenta no livro “Rezar erguendo mãos santas” mais do que um manual sobre intercessão. Ele apresenta um caminho para a reflexão sobre a oração de intercessão e instiga o leitor a rezar profeticamente por aquilo que Ele mesmo tem revelado. Em seus capítulos, o autor apresenta o que é a intercessão e a sua prática na Tradição Cristã e dentro da Renovação Carismática Católica. A postura do intercessor de colocar-se na brecha e toda a batalha espiritual que é a oração de intercessão. O autor apresenta ainda a Intercessão como uma oração trinitária, pois é “feita ao Pai, através de e com o Filho, no poder e sob a orientação do Espírito Santo”. No exercício desta prática, Cyril John expõe alguns requisitos, como ter um coração puro, e algumas regras, como rezar no poder do Espírito Santo, de acordo com a vontade de Deus, com visão, fé e amor, dentre outras. Para desenvolver sua oração, o intercessor, de acordo com o autor, pode se valer de alguns auxílios, como os carismas, a recitação do Santo Rosário e a ajuda dos Santos e Santas. Por fim, Cyril John apresenta a eficácia da intercessão, o seu poder no mundo de hoje e na Igreja. Revista Renovação

Sobre o autor Cyril John é o presidente da Comissão de Intercessão dos Serviços para Renovação Carismática Católica Internacional (ICCRS) e foi vice-presidente do ICCRS no período de 2007 a 2015. Mora na Índia, é casado e tem quatro filhos. Ele possui um extraordinário dom de profecia e de intercessão. Aprofunda seus conhecimentos sobre Intercessão Profética desde 1997, quando publicou o artigo “What’s a Prophetic Intercession?” (O que é uma intercessão profética?) na revista Charisindia da RCC da Índia. Publicou o livro Rezar erguendo mãos santas (Pray Lifting up Holy Hands – título original em inglês) no ano de 2012. Em 2014, este livro teve sua versão em português lançada pela Editora RCCBRASIL, durante o Encontro Nacional de Intercessão Profética, realizado em setembro de 2014, na cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, no qual ele estava presente.

Adquira o livro na loja da Editora RCCBRASIL, por meio do site: www.editorarccbrasil.com.br, pelo telefone (12) 3151-4155 ou pelo e-mail: rccshop@rccbrasil.org.br.

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Especial

setembro/outubro . 2015 Por Cristina Ferraciolli

Membro da Equipe Nacional do Ministério para Crianças

CRIANÇAS TAMBÉM SÃO CIDADÃS DO CÉU

Ao mesmo tempo em que são ouvintes, as crianças também são anunciadoras. Elas são capazes de Deus e Ele fala-lhes ao coração. Como não evangelizar? Os pequeninos também caminham para a eternidade e precisam ansiar desde já pelo Céu. Dar a Palavra de Deus aos pequenos é um serviço especial. Através da escuta, as crianças se envolvem em admiração e surpresa. Ensinar que o sentido da relação com Deus é, antes de mais nada, alegria, pode libertar-lhes de uma imagem com aspectos tenebrosos, apresentada por determinada formação, talvez, ainda não totalmente ultrapassada. A escuta das crianças é toda especial, porque a Palavra de Deus ecoa nos pequenos de maneira diferente que nos adultos. Portanto, através deles, a Palavra de Deus também pode nos alcançar em outro tom. A escuta é um elemento educativo fundamental para os pequenos. Ouvir é dirigir-se aos outros, é abrir-se em atitude receptiva para a realidade que nos envolve. Somente a capacidade de escuta nos impede de ficar girando em círculos. E quanto à criança, não há idade mais oportuna para a escuta “simples e humilde” necessária para ter acesso à Palavra.

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O adulto pode ter dificuldade em assimilar a Palavra por si mesma, em desembaraçar a mente de qualquer preocupação. Dessa forma, seu espaço de acolhida nunca é inteiro. A criança, no entanto, é realmente capaz de escuta desinteressada e im-

parcial e pode se apresentar receptiva ao máximo. Assim, a infância se revela como uma idade privilegiada para a acolhida do “anúncio”.

algo que seja capaz de abri-las a horizontes cada vez mais amplos e que possa constituir a base para a vida religiosa do adolescente e do adulto.

Devemos reconhecer que, muitas vezes, não somos suficientemente sérios com as crianças, que deixamos de transmitir, limitamos a mencioná-las, achando que são coisas já aceitas, mas deveríamos nos perguntar se é realmente supérfluo anunciar que Deus é amor, que Cristo realmente ressuscitou.

Evangelizar é aprender a viver na família de Deus, crescer junto, compartilhando a mesma vida, reconhecendo com gratidão o amor no qual se é amado. Na reciprocidade da evangelização, permitimos que eles nos amem, nos salvem, alimentamos o desejo do Pastor: permanecer em seu Amor.

Além disso, há a convicção, muitas vezes não expressa por palavras, de que a criança ainda não tem a capacidade de assimilar coisas tão grandes. Entretanto, podemos afirmar, como evangelizadores, que a verdade é um tanto diferente: somos nós que não conseguimos transmitir-lhes com aquela essencialidade que seria necessária. É mais fácil e exige menos de nós falar à criança a respeito do anjo da guarda, do que do Cristo morto e ressuscitado.

A criança, quando se sente acolhida por pessoas que vivem esse amor, se abre e se expande em liberdade, deixa-se envolver, abandona as resistências e as defesas, participando com espontaneidade da obra. Assim, ela traz uma específica “receptividade”, simples e clara, naturalidade com o amor de Deus e Jesus Cristo.

É necessário nos concentrarmos sobre temas essenciais, não somente para responder às exigências presentes nas crianças, mas também para dar algo que poderá crescer com elas, um núcleo vital. Isso é, Revista Renovação

Quando o evangelizador reconhece essa atração que o Pai exerce sobre a criança, torna-se mediador dessa relação, cultivando suas sementes. Nessa delicada atenção, existe uma duplicidade, ambos crescem em humanidade redimida. É necessário destacar que na criança a evangelização é “contem-


Especial

setembro/outubro . 2015

plação alegre” da obra do Espírito Santo no coração dos pequenos que Ele ama. Portanto, evangelizá-los é demonstrar uma respeitosa atenção aos caminhos que apoiam seu crescimento, para não perturbar o diálogo entre o Espírito Santo e seu templo. Não se trata de acostumar as crianças a fazerem gestos, a dizerem palavras, mas sim de levá-las a fazerem experiência “vivida” da relação com o Pai e com os demais. É apoiá-las quando se conscientizam da existência de outros pertencentes à comunidade, mas que, por algum motivo, se afastam, deixando à mostra a conflitualidade e a fraqueza. A fé nasce e cresce quando o homem, na comunidade que acredita, entra em relação com o Salvador, experimenta a delicadeza de seu toque, conhece essa experiência religiosa de amor. Essa relação interpessoal é sempre um mistério, tanto mais quando se trata da relação com Deus, e quando a relação é entre Deus e a criança o mistério é ainda maior. Existe entre a criança e Deus uma relação enraizada, mais a fundo do que o intelecto. Essa relação entre Deus e a criança é algo apaixonante, por meio da qual os pequeninos são capazes a deixar de lado as coisas que se supõem mais interessantes, frente a alguma realidade religiosa. Ao rezar ou executar atos religiosos, eles demonstram uma alegria específica, em que todo seu ser vibra, se tranquiliza e se alegra. No que diz respeito à religião, as crianças sabem de coisas que ninguém nunca lhes ensinou, elas parecem capazes de ver o invisível, penetram sem o mínimo esforço, além dos símbolos, e veem com extrema facilidade o seu significado transcendente, como se não houvesse barreiras entre o visível e o invisível.

Deus e a criança se entendem. Se quiséssemos tentar uma explicação para tudo isso, poderíamos talvez dizer que, sendo a experiência religiosa fundamentalmente uma expressão de amor, ela corresponde especificamente à natureza da criança. Acredita-se que a criança tenha, mais do que qualquer outra criatura, a necessidade do amor, porque ela própria é rica de amor. A sua necessidade de ser amada depende não exatamente de uma carência que deve ser preenchida, mas de uma riqueza que procura algo que lhe corresponda. Assim sendo, a atitude religiosa não é uma resposta exclusiva à personalidade em função de sua relação com Deus. A criança tem necessidade de um amor global, infinito, que nenhum ser humano é capaz de lhe dar. O amor é para a criança mais necessário do que o alimento. No contato com Deus, ela experimenta amor e, ao mesmo tempo, a alimentação que o seu ser requer e da qual tem necessidade para desenvolver-se em harmonia. Deus, que é amor, e a criança, que pede o amor, se encontram. E nesse encontro, a criança tem prazer pela satisfação de uma exigência profunda de sua pessoa, de uma autêntica exigência de vida. Sendo assim, iniciar a criança no mistério cristão é iniciá-la no mistério da vida. Impedir a criança da experiência religiosa, barrando-lhe a possibilidade de assimilar a mensagem cristã, é traí-la em suas exigências mais profundas, é impedi-la do acesso ao conhecimento total da realidade na qual se encontra imersa. A criança mostrará alegria e dignidade especiais quando lhe forem abertas as portas do infinito. E ela encontrará a plena realização de si mesma somente no mundo do transcendente, no qual ela demonstra mover-se completamente à vontade. Revista Renovação

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Notícias

setembro/outubro . 2015

MINISTÉRIO PARA CRIANÇAS COMPLETA 10 ANOS DE EVANGELIZAÇÃO DOS PEQUENINOS O Ministério para Crianças está celebrando 10 anos de evangelização dos pequeninos neste ano de 2015. O trabalho – de forma oficial, pois antes já havia algumas ações isoladas em grupos e dioceses – foi iniciado por ocasião do Congresso Nacional da RCC, no ano de 2005. A ideia logo se espalhou e hoje, são centenas de grupos de oração para crianças e diversas atividades que são desenvolvidas, principalmente durante os grandes eventos da RCC, como os congressos e encontros. Ao longo desses 10 anos de serviço, a coordenadora nacional do Ministério para Crianças, Hyde Flávia, ressalta que hoje o ministério já está em um nível mais avançado de maturidade com relação a si mesmo. Um dos primeiros desafios foi a definição da identidade do servo deste ministério, que são evangelizadores, não recreadores ou cuidadores de crianças. Entretanto, para o desenvolvimento do trabalho de evangelização, Hyde conta que foi preciso entender a linguagem usada pela criança, que não bastava falar como um adulto.

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A ação, que num primeiro momento, segundo Hyde, foi de divulgação dessa forma de evangelizar, logo foi sentindo a necessidade de formação profunda. A coordenadora conta que a identidade do servo do Ministério para Crianças é a mesma de todos os ministérios da Renovação Carismática. É preciso passar pela formação básica para que se possa levar a criança a ter essa experiência com Deus. Além disso, já há formações e ensinos sobre o modo

de como a criança percebe Deus. Isso tudo tem ajudado na missão. O mover do Espírito no coração da crianças, de acordo com Hyde, é fortemente confirmado pela Igreja, pois há vários santos que tiveram sua fé reconhecida e hoje estão nos altares, mas que viveram somente a primeira idade. Ela menciona São Domingos Sávio, São Tarcísio e os Santos Lúcia, Francisco e Jacinta (os três pastorinhos de Fátima). Santos que viveram até o fim da vida no Espírito e chegando até ao martírio, como é o caso de São Tarcísio, e tantos outros. O Ministério para Crianças tem registrado algumas ações que vão além do grupo de oração. Diversas experiências na área social têm tido bons resultados e tem atraído cada vez mais crianças para os grupinhos, o que, aos poucos, vai provocando a transformação da família. Hyde menciona que são ações desenvolvidas em unidade com outros serviços, como Ministério para as Famílias e Profissionais do Reino. Para os próximos anos, Hyde Flávia conta que o desafio é que haja cada vez mais grupos de oração para crianças. Onde houver um Grupo de Oração adulto, deve haver um de crianças. Ela destaca que o trabalho a ser desenvolvido, deve ser feito em unidade. “É o batismo no Espírito Santo, o Querigma. Usar as cores, brinquedos para levar a criança a ter experiência com Jesus. O que nós queremos é Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica com todos os carismas que a criança é capaz de desenvolver”, destaca. Revista Renovação

ENCONTRO NACIONAL Para celebrar os 10 anos de serviço do Ministério para Crianças, ffoi realizado, no início de setembro, em Londrina (PR) o Encontro Nacional de Evangelizadores de Crianças. Centenas de pessoas, de todos as regiões do Brasil estiveram presentes e vivenciaram momentos de formação, oração e partilhas de experiências. Hyde Flávia, coordenadora nacional do ministério, destaca que o encontro foi criado para falar sobre a maturidade, falar sobre temas que os evangelizadores estavam preparados para ouvir. Ela disse que no momento de pregação, Katia Zavaris, presidente do Conselho Nacional, falou muito sobre a maturidade e era algo que o Senhor revelava em oração. “Não passou a mão na cabeça de ninguém. O que precisou ser falado, foi falado. Sem medo. O Senhor falou que queria essa maturidade. Somos alegres, mas não precisamos ser eufóricos. Temos a roupa, mas a gente não é criança. Isso Deus já tinha falado e ela falou isso tudo na pregação dela”, destaca. A programação contou também com workshops para partilha prática das ações desenvolvidas pelo ministério e de mesas temáticas, nas quais foram debatidos temas importantes e que refletem no trabalho de evangelização de crianças, como ideologia de gênero e o plano nacional de educação. Também foram realizados dois festivais, um de música e um de teatro, com o objetivo de partilhar e inspirar ideias para a ação evangelizadora.


Notícias

setembro/outubro . 2015

PROFISSIONAIS DO REINO SE REÚNEM EM ENCONTRO NO INTERIOR PAULISTA

A RCCBRASIL realizou, de 9 a 12 de outubro de 2015, o VI Encontro Nacional de Profissionais, evento organizado pela Comissão Nacional de Profissionais do Reino. Cerca de cem pessoas estiveram reunidas em uma casa de retiros, na cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo. O tema do encontro foi “Identidade, vocação e missão”. Além deste tema, também foi trabalhado o lema “Se vivemos pelo Espírito, andemos de acordo com o Espírito” (Gl 5,25). A programação foi bem diversificada e organizada de forma que, no período da manhã, foram feitas reflexões sobre o tema principal, todos reunidos, e nas tardes de sábado e domingo, foram realizadas mesas temáticas e workshops sobre assuntos pertinentes à vida e missão dos Grupos de Profissionais do Reino. A primeira pregação foi ministrada por Christian Marcello Chagas, de Goiânia (GO) e teve como tema “Profissionais do Reino: Identidade, Vocação e Missão”. Em sua pregação, Christian falou sobre a descoberta da identidade de ser profissional e a diferença que um profissional pode fazer no mundo, cultivando a civilização do amor. O encontro também teve uma pregação de Reinaldo Beserra dos Reis, membro do Conselho Nacional, que falou sobre o lema do encontro e sobre a organização dos Profissionais do Reino. A última pregação foi conduzida pelo casal Justo e Carolina Alvarez, ele coordenador da comissão nacional. A temática foi “Igreja e sociedade: eu vim para servir”.

Além das pregações, que foram ministradas sempre no período da manhã, os participantes do encontro se reuniam em grupos para discutir pontos sobre sua atuação e os desafios enfrentados na missão. Ao final do encontro, foi divulgada a “Carta de São José dos Campos”, que resumiu os pontos principais do tema: a identidade, a vocação e a missão. No que se refere à identidade, a carta aponta a necessidade se aprofundar na compreensão da Espiritualidade do Trabalho e a Espiritualidade no Trabalho, centrada no Magistério da Igreja. Com relação à vocação, propõe-se que uma forma de responder ao chamado específico de Profissional do Reino, que é a promoção da evangelização e da semeadura da Cultura de Pentecostes no vasto mundo do trabalho. Também é apontada a necessidade ampliar o diálogo com os demais ministérios e serviços do movimento. Por fim, no que diz respeito à missão, a Carta de São José dos Campos afirma que se tem convicção de que a ação social é um anseio profundo dos Grupos de Profissionais do Reino, uma marca identitária. “É preciso, entretanto, como horizonte a ser alcançado, profissionalizar o Bem, que neste momento, implica em potencializar nossas ações e ampliar seus beneficiários, evitando atividades pontuais e descontínuas”. Ainda segundo a carta, a organização por áreas de conhecimento e atuação é um caminho a ser trilhado com determinação.

Revista Renovação

O que são Grupos de Profissionais do Reino? “Os Grupos de Profissionais do Reino são grupos católicos carismáticos, vocacionados a colocar sua profissão e seus talentos, enfim, sua vida a serviço da sociedade e assim contribuir a construir a civilização do amor.” Essa definição está no texto-base da Comissão Nacional de Profissionais. No dia a dia, são grupos que reúnem profissionais, independente da profissão, reunidos por categoria profissional ou não, que sentem o chamados a serem sal da terra e luz do mundo por meio da atuação no mundo do trabalho, chamados a servir a Deus por meio de uma vivência profissional cristã, embasados na espiritualidade da Renovação Carismática Católica. Os Grupos de Profissionais do Reino são caracterizados por cinco pilares: Comunidade acolhedora e transformadora, Espiritualidade Pentecostal, Formação Integral, Diálogo – construindo pontes, Missão e ação na sociedade. A estrutura dos grupos é baseada na espiritualidade e formação e suas reuniões são compostas de três momentos: oração e espiritualidade pentecostal, formação e partilha. Em sua maioria, são grupos pequenos, com média de 8 a 12 pessoas, de forma que facilite a partilha entre os membros. Todo o trabalho dos grupos de Profissionais do Reino é acompanhado por uma comissão nacional que é composta por um membro indicado pela presidência do Conselho Nacional da RCCBRASIL e por, pelo menos, um representante de cada região do país.

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Projetos Sede Nacional

setembro/outubro . 2015

EDIFICAR OS SONHOS:

CONHEÇA O TESTEMUNHO DE UM COLABORADOR DA SEDE NACIONAL A cada etapa, cada conquista, carismáticos de todo o Brasil também são alcançados pelas promessas que Deus fez ao movimento, a partir da construção da Sede Nacional da Renovação Carismática Católica. Várias são as histórias de pessoas que vivem, com a RCC, a expectativa da nossa casa, nossa benção. Conheça agora um desses testemunhos, a história de Jefferson Souza e Simone Farias, da diocese de Macapá (AM) com a Sede Nacional: Em 2010 eu tive a oportunidade de estar no lançamento da pedra fundamental junto com minha noiva, e hoje esposa, e a experiência que eu tive naquele momento de lançamento foi ver que todas as promessas que Deus fez para a RCC, de modo especial à sede nacional, isso se ligava a nossa vida pessoal. Nós também tivemos sonhos: casar, construir a nossa casa e ter uma família. Para quem vai casar, por exemplo, a casa é o principal sonho da construção de uma vida a dois e, naquele encontro, em 2010, nós percebemos que aquelas profecias que Deus colocava para a Renovação, referentes à Sede Nacional, era uma profecia que também era para mim, era para nós. Nós assumimos aquelas profecias para as nossas vidas e uma forma de assumir concretamente essa profecia foi nos comprometendo com a colaboração da Sede Nacional; assumindo os carnês e sendo um colaborador.

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A cada profecia, cada moção que o Senhor ia dando de construção e reconstrução se ligava à nossa vida familiar, à nossa vida sacramental e também material, porque nós tam-

bém tínhamos o sonho de construir a nossa casa, nós tínhamos o sonho de ter a nossa vida profissional reconstruída. Nós nos comprometemos assumindo aquelas profecias, vendo que quando Deus falava que reconstruiria a RCC, falava das portas abertas e toda moção pra Sede Nacional, Ele falava para mim, Ele falava para nós e as profecias foram sendo assumidas nesse sentido. Hoje, nós estamos concluindo mais uma etapa da nossa casa e uma das formas de nós concretamente respondermos a Deus, em gratidão é assumir a nossa missão como colaboradores mensais. A gente percebe que foi uma promessa para nós, tanto é que temos símbolos; trouxemos terra da Sede Nacional e colocamos na pedra fundamental da nossa casa, consagramos, dedicamos a nossa casa para que ela seja também um lugar da experiência da vida carismática, do nosso grupo de oração, de devoção à Beata Elena Guerra. Hoje nós estamos realizando esse sonho de ter a nossa casa sendo construída, finalizando mais uma etapa e percebemos que é uma promessa de Deus para nós, mas tomada diante de um propósito que foi assumir a sede nacional, assumir o compromisso de ser colaborador. Hoje nós vemos que essa etapa de Deus em nossa vida está se consolidando, olhando para a Sede Nacional, o Senhor dizia ao meu coração que precisava fazer mais. Nós começamos a fazer uma mobilização em nosso grupo de oração para que as pessoas do nosso grupo tomem posse dessa graça, mobilizando novos colaboradores. O pouco que eu pude fazer Revista Renovação

Deus também vai honrando, mas eu posso fazer mais, também mobilizando outros irmãos para que primeiro tomem para si uma promessa de Deus que é para nós. Quando Deus fala que vai restaurar a Renovação Carismática Católica, Ele está dizendo que vai fazer em nós, de modo particular, de maneira pessoal, porque nós somos a RCC. A Sede Nacional materializa essa realização de Deus em nossas vidas. Nós estamos muito felizes por estar realizando esse sonho, que é a construção da nossa casa e da nossa vida familiar, colocando nossa vida a serviço agora de um modo mais concreto para difundir entre nossos irmãos essa moção que a sede nacional é um lugar de promessa de Deus. Alguém falou que cada profecia deve ser assumida de forma muito pessoal, exemplo: uma das profecias sobre a Sede Nacional fala da Cruz, a cruz edificada sobre os nossos sonhos. Em nossa casa nós fizemos questão de ter uma cruz, para dizer: “Senhor, nós queremos edificar o nosso sonho, da mesma forma que tu queres edificar a nossa casa, a nossa Sede Nacional”. Se cada carismático assumir para si a profecia, não como uma forma de realização individual, mas, vendo que a promessa de Deus para aquela Sede é para todos nós, sem dúvida nenhuma, os sonhos de Deus se realizarão. O Senhor falava para mim através de um irmão: “Jefferson, Deus sonha contigo os seus sonhos e dentro desses sonhos está também o nosso movimento a nossa vida carismática, a nossa Sede Nacional”.


Sede Projetos Nacional

setembro/outubro . 2015 Por Luiz César Martins

Coordenador Nacional da comissão para construção da Sede Nacional Grupo de Oração Fonte Viva do Santíssimo Sacramento

A NOSSA CASA É PARA NÓS UMA BÊNÇÃO! A história do atual projeto da construção da Sede Nacional da RCC do Brasil inicia-se em 2009 quando o Conselho Nacional da RCCBRASIL se reuniu em Fortaleza/CE para discernir os direcionamentos do nosso Movimento para os anos que se seguiriam e esta história é repleta de profetismo. Nesta reunião, durante uma vigília de noite toda, o Senhor falou em profecia ao Conselho Nacional dizendo que queria vigias na RCC que guardassem com fidelidade os projetos que estão no Seu coração. Nesta mesma reunião o Senhor prometeu um tempo de reconstrução e um tempo de construção para nós. Reconstrução da nossa espiritualidade e construção da nossa tão sonhada Sede Nacional. Um tempo de fortalecimento da nossa espiritualidade e da nossa identidade. Não se passaram muitos dias para que a RCCBRASIL ganhasse um terreno no Município de Canas (SP) localizado nas margens da via Dutra e que seria o local ideal para construir sua Sede Nacional. Um terreno que para nós seria impossível de ser adquirido, pois não tínhamos condições financeiras para tal empreendimento. Este fato mostrou-se muito profético e serviu para confirmar ainda mais o discernimento que o Conselho Nacional teve durante a reunião em Fortaleza, nos dando uma certeza ainda maior de que verdadeiramente o Senhor nos impulsionava para iniciar esta obra. Devido a estes e outros sinais, estamos seguros de que o Senhor nos fez esta promessa e de que Ele mesmo a cumprirá na medida em que formos coerentes com aquilo que cremos. Coerência que deve ser expressada através do nosso empenho em fazer

a nossa parte para que esta grande obra de Deus se concretize. Sim, meus irmãos, o Senhor é fiel e cumprirá em nosso tempo esta grande promessa. Somos protagonistas desta grande obra e, portanto, todos nós da RCC do Brasil precisamos acreditar que esta promessa se cumprirá. Sabemos, no entanto, que é mais difícil acreditar em uma promessa antes do seu cumprimento, sendo mais fácil acreditar quando a contemplamos no futuro após a sua realização. Mas é aqui que se encontra o ponto importante para nós, estamos no tempo em que esta promessa ainda não foi concretizada e, sem dúvida, isso exigirá de nós mais fé, mais unidade e mais oração para ver hoje o que Deus realizará no futuro. Falamos e insistimos nisso, porque quando nos referimos a uma promessa que foi feita há tanto tempo, podemos manifestar certa dificuldade para acreditar que ela vai mesmo se cumprir. Mas saiba que foi o próprio Senhor que nos fez esta promessa infalível, porque Ele mesmo é infalível e, por isso, tem o poder para nos fazer promessas infalíveis. O nosso Deus é um Deus de Promessas, podemos constatar esta verdade na Sagrada Escritura. Quando Deus chamou Abraão já com idade avançada e lhe fez uma promessa, ele teve que aprender a andar pela fé e a manter a sua fé firme, até o cumprimento do que lhe foi prometido. O apóstolo Paulo diz que Abraão acreditou em Deus; no Deus zeloso em cumprir sua Palavra. Abraão aprendeu uma nova linguagem, a linguagem da fé. A fé que vai além das adversidades, pois foi pela fé provada que Abraão foi aprovado por Deus e conquistou a promessa. Revista Renovação

Como é bom saber que as promessas de Deus para a nossa vida vão se cumprir. Como é bom saber que não depende apenas de nós. Deus tem o poder para cumprir todas as suas promessas em todos os tempos e em todos os lugares. É chegada a hora da chuva da primavera, do novo que Deus tem para todos nós. É hora da RCC se preparar para um tempo de grandes colheitas. Não devemos nos contentar com os dias atuais, mas sim pedir a Deus para começarmos a colher os frutos de nossos trabalhos, pois se derrama sobre nós não mais a chuva de outono, a chuva da plantação, e sim a chuva da primavera, a chuva que nos mostra as glórias pelos esforços de nossos trabalhos! Temos certeza que você é uma pessoa de fé e, por isso, neste tempo profético que estamos vivendo, certamente você já está contemplando este grande sinal de Deus em nosso movimento: a construção da nossa Sede Nacional. Portanto, seja este profeta que anuncia hoje esta promessa e que profetiza esta bênção. Seja este vigia que guarda com fidelidade os projetos que estão no coração do Senhor. Empenhe-se nesta missão; ore, divulgue e contribua com esta obra. A sua participação é indispensável para o cumprimento desta promessa! Assim como Deus realizou na vida de cada um de nós uma nova construção, um novo homem, uma vida nova, assim o Senhor também fará na vida de muitos, através deste carisma profético que se manifesta na Sede Nacional da RCC do Brasil. Ela é o nosso lar, é para nós uma bênção! Deus seja louvado!

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Notícias

setembro/outubro . 2015

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Espiritualidade Testemunho

setembro/outubro . 2015 Por Fabiany Silva

Missionária da RCCBRASIL

MÁRTIRES QUE BUSCAM O CÉU Era uma vez, em um longínquo país do continente africano, chamado Uganda, um grupo de jovens cristãos que passava por dramáticas perseguições. E, a partir de suas vidas, a história daquele continente, e de incontáveis outros países, foi transformada. Com sua permissão, meu caríssimo irmão, reiniciarei este texto. De forma mais justa à história que farei memória: a dos Santos Mártires de Uganda. Muitas pessoas, até mesmo as cristãs, ainda se recordam dos santos mártires como um conto de fadas, com seus extraordinários feitos numa ficção e uma moral da história, mais ou menos como iniciei este texto. Entretanto, como Igreja, é necessário assegurar que suas histórias são tão reais quanto a minha e a sua. Foram pessoas que às suas vidas “não se apegaram mesmo diante da morte” (Ap 1,11). Amaram a Deus de tal modo que só Nele encontravam sentido no viver. A partir disso, convido-te a confrontarmos nossas vidas ao breve relato do nosso irmão Paulino Mondo, da paróquia Mbuya de Campala, em Uganda. “Quarenta e cinco prisioneiros, excluindo Charles Lwanga que foi queimado a poucos quilômetros de distância, foram queimados no grande holocausto em Namugongo, na quinta feira da Ascensão, em 3 de junho de 1886. Foi assumido que, entre esses mártires, dez eram pagãos que estavam na prisão e

sob sentença de morte para outras ofensas do que religião. Eles podem ser comparados com o bom e o mau ladrão que foram crucificados com Jesus. Estou convencido de que o sangue dos mártires também ajudou a salvar esses queridos, já que Deus não tem favoritos. Nos meses seguintes, muitos outros cristãos em todo o país morreram por lança ou fogo por sua fé. Outra maravilha é o que Denis Kamyuka - o sobrevivente – recorda, que após Mukaajanga ter matado os mártires, ele tirou o lenço, cobriu o rosto e chorou, porque ele tinha matado seu filho, Mbaaga Tuzinde, e seu irmão, Nakabandwa. Mas por meio de milagres infinitos de Deus, Mukaajanga se tornou um cristão. Ele foi batizado com nome de Daniel antes de sua morte e sepultamento em Kakiri, Buyoga, em junho de 1886. Destes, vinte e dois são oficialmente reconhecidos como mártires”. A bravura com que esses jovens ugandenses enfrentaram a morte por amor à vida (Jesus) fez com que na fumaça dos muitos corpos carbonizados se levantasse uma bandeira: “Somos cidadãos do céu!” (Fl 3,20). E é para lá que retornaremos. Cidadania essa composta por todos os deveres e direitos da “Jerusalém Celeste” e que todos nós igualmente necessitamos exercer. “Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto (...). Afeiçoai-vos às coisas lá de cima e não às da terra” (Cl 3, 1; 2). Caminhamos com os pés fixos neste chão e o coração voltado para o céu. Revista Renovação

Todas as vezes que nos deparamos com testemunhos como o dos mártires de Uganda, o mínimo que precisamos é partir para uma autoavaliação. Como temos vivido o que acreditamos? Coerente o bastante a testemunhar com têmperas de mártires nas provações e tentações? Coerência entre crer e viver, certamente é caminho da santidade que Deus tanto espera de nós. Sim, meus irmãos, a “têmpera dos mártires” nos permite abraçar a morte de nossas vidas velhas e, sobretudo, de nossas carnes que constantemente lutam para nos impedir uma vida no Espírito. Morrer com Cristo para Nele ressuscitar. Quantos cristãos ainda hoje são perseguidos por exercer seus deveres de cidadãos do céu? Temos acompanhado pelas mídias os milhares na Líbia e já recebemos alguns desses irmãos que se refugiam aqui em nosso país. Têmpera, graça concedida a todos em todas as instâncias da fé e serviço. Em nossas casas, trabalhos, Grupos de Oração, sobretudo, em nossos corações, decididos por uma conversão diária. Sempre com a desconcertante alegria mesmo em meio às dificuldades. Assim, como os Santos Mártires de Uganda nos ensinaram, em meio às altas labaredas a consumir seus corpos, louvavam alegremente a Deus, que já tinha preparado seus lugares junto Dele no céu. Santos Mártires de Uganda, rogai por nós!

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Espiritualidade

setembro/outubro . 2015 Por Marcelo Marangon Secretário-geral do Conselho Estadual da RCC SP Grupo de Oração Kénosis

AS REALIDADES E IRREALIDADES DA VIDA TERRENA Deus nos mostra a vida verdadeira e nos alerta sobre as falsidades apresentadas pelo inimigo. Jesus, por sua vez, em sua encarnação, mostrou que são necessárias mudanças e decisões radicais para alcançar a santidade. Qual caminho de fato desejamos seguir?

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Muitos cristãos, nos dias atuais, têm buscado a Cristo apenas para garantir segurança, saúde, paz, conforto, dinheiro e até prestígio e prazer. Tudo isso só para esta vida, sem considerar os ensinamentos de Jesus a respeito de que “somos cidadãos dos céus”. Jesus não veio para ser um libertador social. Ele veio, sim, para nos libertar de tudo o que nos prende nesta vida. Devemos estar com os nossos pés na terra, mas nosso coração deve estar no céu, essa é a verdadeira libertação. Se, portanto, a nossa meta está em chegar ao Céu, devemos buscar as coisas que irão nos conduzir por um caminho seguro, através de uma experiência de matar tudo aquilo que nos prende, que nos afunda e quer nos enganar. As coisas do céu se contrapõem às coisas deste mundo terreno: material, falível e provisório. A vida aqui é passageira. Por mais que demore, é sempre limitada. E a certeza da morte e da vida eterna nos ajuda a entender esse processo. Não adianta amenizar a morte, ela é a nossa única certeza. Sabendo disso, devemos nos atentar para os verdadeiros “valores” desta vida. Saiba que eficazes estratégias de marketing têm sido utilizadas para atender desejos e necessidades de consumidores em potenciais da religião cristã, que estão em busca de “algo novo” para facilidades em suas vidas. É um tipo de evangelho light, isto é, fácil e descompromissado, mas que não traz um arrependimento sincero e, como consequência, um novo nascimento. A felicidade para o mundo Light

é a felicidade do bem-estar. Mas, o que seria, de fato, esse bem-estar? É não estar sentindo nenhuma dor, não ter problemas, ter dinheiro para comprar o que quiser... Isso é o bem-estar que a Bíblia chama de engano, pois Jesus Cristo nos traz a felicidade por meio da liberdade, de se desprender das coisas terrenas. Mas o mundo inventou e continua inventando para nós meios artificiais de felicidade. Você já percebeu quantos remédios existem hoje para mudar os sentimentos? Antidepressivos, estimulantes sexuais, revigorantes mentais, energéticos, entre tantos outros. Dessa maneira, pode acontecer qualquer coisa e a pessoa continua alegre, por exemplo. Não estou dizendo que os remédios são ruins, estou dizendo que muitas pessoas os buscam no interesse apenas de sair da realidade e acabam se destruindo num mundo irreal. Enquanto que sabemos que a única realidade verdadeira é Cristo! Vivemos num mundo ansioso de querer ganhar mais e mais, formando pessoas egoístas, vaidosas e prepotentes. Quantos absurdos se fazem no mundo em razão de ter? Quantos ricos são infelizes e, também, quantos pobres são avarentos e mesquinhos. E se cada um pudesse partilhar o seu dinheiro, seu tempo, sua inteligência, seu conhecimento? Certamente poderíamos ajudar uns aos outros nesse caminho de perfeição. E Deus nos enviou o Espírito Santo que nos inspira, nos impulsiona, que conhece o caminho seguro e perfeito, que nos ilumina em nossa jornada, que retira de nós o coração Revista Renovação

de pedra e nos garante um novo coração, agora disposto a viver uma eternidade com Deus. O Espírito Santo é a certeza de que é possível essa conquista. Mas ainda estamos apegados às coisas terrenas, achamos que tudo é nosso. Achamos, muitas vezes, que tudo depende de nós, ao nos apegarmos a pessoas, cargos, funções e passarmos a ter objetivos pequenos demais. O pior é que já sabemos que tudo isso é passageiro, que iremos perder tudo que temos e somos. Mesmo assim, teimamos em nos apegar a essas coisas que fazem o nosso caminho se perder de vista. Por isso, devemos clamar todos os dias o Batismo no Espírito Santo sobre nossas vidas, que nos livrará desses enganos. As pessoas em busca desse “evangelho light”, que propõe solucionar seus problemas de maneiras imediatas, são seguramente presas fáceis. Isso é lamentável, pois a Palavra de Deus nos ensina e nos orienta a buscarmos em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça e as demais coisas serão acrescentadas em nossas vidas. O Espírito Santo é nossa força e ajudador para que sejamos assim como Ele, vencedores deste mundo. Isso não significa que você estará todos os dias alegre, todo dia feliz. Significa que passaremos por problemas e dificuldades, mas que teremos a ajuda de Deus em todas as ocasiões. A nossa passagem por esta bela terra deve ser apenas para nos preparar para vivermos a eternidade com Deus, que é Amor, como dizia São Filipe Néri: “Eu prefiro o Paraíso!”.




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