Livro "Santuário de Nossa Senhora da Estrela"

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Atlântico

Nossa Senhora da Estrela de

Coimbra

Oceano

Santuário de Nossa Senhora da Estrela Leiria

Barreiras

Agudos

Carramanha Arroteia Montais Galiana Fonte da Rainha

EN

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A1

Marco do Sul

IC2

Poios | Redinha

IP1

Santuário de Nossa Senhora da Estrela

Santuário

Redinha

Alvito

Outeiro da Forca

Nossa Senhora da Estrela continua a ser a Estrela que guia toda a humanidade.

Santuário de Nossa Senhora da Estrela Bernardos Boavista

Poios Caruncho Anços

Covão das Favas




Copyright 2011 Comissão Fabriqueira de Redinha RCL - Imagem e Comunicação Edição Comissão Fabriqueira de Redinha Produção RCL - Imagem e Comunicação Fotografias Rui Cunha excepto as assinaladas Arquivo da Comissão Fabriqueira de Redinha - AR Concepção Gráfica RCL - Imagem e Comunicação | Dulce Soares Lima Pré-Impressão | Impressão | Acabamento Lisgráfica Depósito Legal nº 326884/11 4.000 exemplares


Santuรกrio

Nossa Senhora da Estrela de

Poios | Redinha

Comissรฃo Fabriqueira de Redinha | 2011



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Nossa Senhora da Estrela

Índice Prefácio,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 7 Maria,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 8 Cristo e a sua Mãe,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,12 Depois da Assunção,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,17 Nossa Senhora e Redinha,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,20 Situação e Origem,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,23 Romarias e Apoios,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 31 A Família Ribeiro,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,36 Interior e Exterior,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 41 Lugares à Volta,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,46 Obras,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,48 Quadras a Nossa Senhora ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,52 A Lenda da Passadinha,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,55 Vila Sêca, uma História de Fé,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,57 • Testemunhos,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,57 Assim Cantava o Povo a Nossa Senhora da Estrela,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,62 Orações a Nossa Senhora,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,65 Ladaínha de Nossa Senhora,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,66 • Consagração a Nossa Senhora,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,69 • Os 5 Mistérios do Terço,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,69 Que Futuro,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 70 E a Terminar ... um Testamento,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,72 Apêndices • Festas e Dias Dedicados a Nossa Senhora,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,74 • Alguns Santuários da Diocese de Coimbra,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,75 • Mistérios do Terço,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,77 Final,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,78



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Prefácio Queridos leitores, dado que já há algum tempo se esgotou a 1ª edição do pequeno livro “Santuário de Nossa Senhora da Estrela”, que teve, por sinal, um grande sucesso e nos tem sido muito solicitado, elaborámos esta 2ª edição inteiramente renovada, mas que conserva algumas partes da edição anterior. Esperamos que esta nova edição seja do vosso inteiro agrado, pois foi com muito carinho que se fizeram as recolhas das Quadras a Nossa Senhora da Estrela, junto de pessoas cá da terra. Também queremos aqui agradecer os testemunhos de todas as pessoas de Vila Seca e Bruscos, que tão gentilmente nos acolheram. A todos, um grande obrigado. Poios, 2011

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Maria Quem era? Quem foram seus pais? Onde nasceu e viveu? Onde é que o Anjo a entrevistou? Os Evangelhos canónicos não nos dizem praticamente nada acerca de qualquer das questões acima. Mas o Protoevangelho de Tiago diz que era filha de S. Joaquim e de Santa Ana que a Igeja Católica comemora no dia 26 de Julho de cada ano. Praticamente nada mais se sabe, mesmo da sua família, a não ser que tinha uma prima chamada Santa Isabel, mãe de S. João Baptista, mais velho seis meses que Jesus e que teria por missão: “preparar os caminhos do Senhor...” Deve ter sido educada religiosamente, e segundo opinam alguns autores, Ela estaria em oração, quando o Anjo a abordou a convidar, em nome de Deus, para ser Mãe do Redentor. Seria ainda nova quando recebeu esta visita e este convite; teve alguma dificuldade em aceitar, mas porque era a vontade de Deus, limitou-se a dizer: “Faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Luc. 1-38). Já nesta ocasião, José e Maria se tinham prometido casamento, mas não viviam juntos, como era costume naquele tempo. Foi na referida entrevista com o Anjo que Ela teve conhecimento que sua prima Isabel havia já três meses que era Mãe do Precursor; por isso resolveu imediatamente ir visitá-la, felicitar e ajudar, pois não era caso para menos, uma vez que Isabel era já de idade avançada. Isto era inédito e ela precisaria muito de ajuda. E lá vai Maria fazer um percurso de dezenas e dezenas de quilómetros e certamente com bastante sacrifício também da sua parte. Mas valeu a pena... 8


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Quando ela chegou junto de Isabel, João Baptista, ainda no ventre da mãe, sentindo a presença de Cristo, no ventre de Maria, saltou de contente; Isabel, por sua vez, inspirada pelo Espírito Santo, exclamou: “Donde me é dada esta honra de receber em minha casa a Mãe do Meu Senhor?... Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre... (Luc. 1, 29 e seguintes...) Nascido Jesus na gruta de Belém, e recebidas as homenagens e presentes dos Pastores e dos Magos, Ele foi apresentado no Templo para cumprimento da lei, levando um par de pombos como estava determinado para os pobres. Foi aqui que apareceu o Santo Velho Simeão e a Profetiza Ana. Ao primeiro havia sido prometido que não morreria sem ver o Salvador e, ele, ao ver realizada a promessa e, com o Menino nos braços, exclamou: “Agora, Senhor, já posso morrer porque os meus olhos já viram o Salvador (Luc. 11, 21-32). Quanto à Profetiza Ana, podemos falar da importância que tiveram as suas palavras prevendo as contrariedades, perseguições, dores, pranto e sofrimentos que Maria teria de enfrentar em todos os anos da sua vida. Tais profecias cumpriram-se durante a vida de Maria, como por exemplo, na fuga para o Egipto, nas críticas de que foi alvo Seu Filho, nos ataques que Lhe foram dirigidos, nos maus tratos a caminho do Calvário, na Crucificação e descida da Cruz, etc.. E que podemos dizer da vida de Maria após a morte do Filho? Como sabemos, João, representante da Humanidade, foi entregue aos cuidados de Maria lá no alto do Calvário. Maria, por sua vez, e na falta de outras pessoas, foi entregue aos cuidados de João. 9


Cristo tinha recomendado aos Apóstolos que não se retirassem de Jerusalém enquanto não se verificasse a descida do Espírito Santo que devia dar-lhes coragem para enfrentar as dificuldades e situações difíceis do futuro e para lhes acabar de ensinar o que fosse necessário. Os Apóstolos, obedientes a tais ordens e ao verem o que tinha sucedido ao Seu Mestre, ultimamente Crucificado, refugiaram-se na maior parte do tempo naquela mesma sala onde tinham estado com Ele a celebrar a Ceia Pascal e, foi aí que, dez dias depois da Ascenção, se verificou, na verdade, a descida do Espírito Santo, estando lá a Mãe de Jesus. Vejamos o que dizem os Actos dos Apóstolos. Também estava presente quando os Apóstolos se reuniram para proceder à escolha de Matias para o lugar de Judas, que se havia suicidado. Assim: ...Feita a reunião e a oração a pedir a ajuda divina, “todos tomaram parte nas reuniões de oração com regularidade e no mesmo espírito, juntamente com algumas mulheres, entre as quais Maria, Mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus” (Actos 1-15 e seguintes). Além do que aí fica, pouco mais sabemos ao certo sobre a Vida de Nossa Senhora. S. José, como era já de certa idade, deve ter morrido, não se sabendo a data nem o local, embora se aponte Nazaré como o sítio mais provável. Quanto a Maria, depois de a encontrarmos, no Cenáculo e na eleição de Matias, pouco mais podemos dizer ao certo, nem mesmo onde terá vivido e morrido. 10


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O Apóstolo João, segundo a tradição, viveu na cidade de Éfeso (hoje fazendo parte da Turquia), pregando durante vários anos e apoiando os cristãos e ainda existem lá, perto daquela antiga cidade, as ruínas duma grande catedral dedicada a S. João. A poucos quilómetros destas ruínas e da referida cidade de Éfeso e já na montanha, existem igualmente as ruínas de uma casa onde se diz que viveu Maria e isto é confirmado pelas visões da alemã Catarina Emmerich. Também o Papa João Paulo II ao visitar este pequeno Santuário declarou que era de acreditar que Maria viveu nesta montanha. Quem hoje lá for encontra uma pequena capela dedicada a Maria e um pequeno Santuário, a toda a hora visitada por peregrinos de todo o mundo com celebrações eucarísticas. Será que Maria, confiada por Cristo ao apóstolo João, aqui viveu com ele e aqui morreu? Será que daqui terá ido para Jerusalém, onde passou o resto dos seus dias, e aí morreu, tanto mais que esta cidade tem uma estátua alusiva à sua morte? Não terá ela acabado os seus dias em Éfeso, sendo depois levada para Jerusalém? Terá ela morrido por ser criatura ou terá sido isenta da morte por não ter pecado? Será difícil, senão impossível chegar a uma conclusão exacta. Porém quer tenha passado os últimos dias junto a Éfeso, quer os tenha passado em Jerusalém, ela está agora no Céu, e esta verdade foi definida pelo Papa e a festa em sua honra e glória tem lugar a 15 de Agosto, dia em que a Igreja celebra a Assunção de Nossa Senhora.

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Cristo e a sua mãe Certamente que gostamos de saber a origem, a infância e a vida das pessoas a quem estamos ligados. Na religião católica, a figura mais importante e que nos salvou é a Pessoa de Cristo e certamente ninguém terá dúvidas a esse respeito. Mas, logo a seguir, temos Maria, Sua Mãe, e não os podemos separar, embora haja certas mentalidades religiosas que o fazem, chegando a rebaixá-LA e a amarfanhá-LA e a fazer DELA uma criatura de baixa categoria. É certo que os Evangelhos não falam no seu nome muitas vezes, pois apenas S. Mateus e S. Lucas a nomeiam e os Actos dos Apóstolos só falam DELA uma vez, o mesmo sucedendo com o Apóstolo João. Mas... verdade é também que não podemos separar a Vida do Redentor da Vida de Maria. Quem quiser acompanhar a vida de Cristo, tem que saber acompanhar igualmente a de Sua Mãe. Com efeito: • Quando se tratou de resolver o problema de Cristo se fazer Homem e nascer duma mulher, foi com Ela que o Mensageiro foi ter por ordem de Deus a fim de ver se Ela aceitava ser Mãe de Jesus; Deus respeita a liberdade e era, neste caso, necessário saber a vontade de Maria que aceitou ao dizer: “Faça-se em Mim segundo a Tua Palavra...” (Luc. 1-38). • Se queremos prestar as nossas homenagens ao Deus-Menino já no presépio, lá encontramos José e Maria, assistindo às homenagens dos Pastores e dos Magos, bem como ao “glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. • Se igualmente quisermos acompanhar o Menino na sua fuga às iras de Herodes e fixar residência no Egipto, onde esteve até à morte dele, 12


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encontramo-LO nos braços da Mãe e acompanhado de José. Passado o perigo, os três regressam à sua terra. Eram Jesus, Maria e José... • Se quisermos sentir as mesmas aflições que Maria e José tiveram quando, sem eles saberem, ficou no Templo em Jerusalém, a dialogar com os Doutores da Lei, sintamos a alegria do encontro, a descida de Jesus com eles e a sua vinda para Nazaré, onde ficaram numa vida pouco conhecida para nós, até que Jesus completou trinta anos. Ali viveram... ali trabalharam... ali cresceu o Menino na companhia de Sua Mãe e de S. José até que tenha vivido. Mas... lá estiveram José (o carpinteiro), Maria e o Filho, todos levando uma vida exemplar para as famílias do mundo. • A certa altura, Cristo foi para o deserto, fez-se baptizar por João Baptista no rio Jordão e inaugurou a Sua Vida Pública, pregando, ensinando, curando os doentes, etc.. Quando tudo isto acontecia, lá estava a Mãe. Por exemplo, nas Bodas de Caná, foi a pedido Dela que Ele salvou os noivos duma situação muito delicada. E neste caso até nos parece que Ele antecipou a Sua hora a pedido da Mãe. Havia união e compreensão. • Se acompanhamos Jesus nas horas amargas de sofrimento e aceitamos a Tradição, sabemos que Ela foi ao encontro d’Ele, quando já carregava a Cruz a caminho do Calvário. • E já no Calvário e com Cristo pregado na Cruz, Ele mesmo olhando para Sua Mãe e para o Apóstolo João ali presente, confia a Mãe ao Apóstolo e o Apóstolo a Sua Mãe.

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Confiou a Mãe a João, certamente por não ter mais ninguém (nem irmãos) a quem confiar; confia o Apóstolo à Mãe e ele seria ali o representante de toda a humanidade. • Em todas as ocasiões enumeradas eles estiveram juntos e ainda em muitas outras que aqui não são enumeradas o mesmo aconteceu; não vamos agora separá-los, até porque também estarão unidos na eternidade. Se aceitou a mensagem do Anjo... se O levou dentro do Si na visita a sua prima Isabel... se esteve com Ele no Presépio e O levou ao seu colo para o Egipto... se viveu com Ele em Nazaré durante tanto tempo... se O procurou e encontrou no Templo... se O acompanhou nas horas de triunfo e de tristeza... se ouviu os insultos a Ele dirigidos já na Cruz... se O teve morto em seus braços depois que foi descido da Cruz e antes de ser sepultado... façamos-Lhes companhia e seja-nos permitido repetir as palavras do Anjo da Anunciação e de Santa Isabel durante a visitação.

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Depois da Assunção Até aqui vimos Maria enquanto neste mundo, mas convirá dizer algo sobre a devoção a Maria depois da sua subida ao Céu. Quando, como e onde começou? Como terá sido nos primeiros anos do Cristianismo? Como se desenvolveu? Tudo isto desde os princípios até aos nossos dias. Podemos dizer que a devoção que a Igreja mantém e aconselha para com Maria começou na CRUZ quando Cristo confiou Sua Mãe ao Apóstolo João e vice-versa como vimos já. As sociedades imortalizam os seus heróis e deixam os seus nomes na História e fazem estátuas para os livrar do esquecimento. Acontece assim com os grandes chefes militares; acontece com aqueles que trabalham e se sacrificam, por vezes até à morte, para o bem e o progresso da humanidade; acontece igualmente com as autoridades que conseguiram pôr toda a sua actividade ao serviço dos seus súbditos; e assim por aí adiante... Pois também a Igreja procura pôr como exemplo aos cristãos todos aqueles que cultivaram em si as virtudes humanas, morais e religiosas, daqueles que deram a sua vida por Cristo e a quem chamamos mártires a começar pelos Santos Inocentes, aqueles que publicamente professaram a sua fé e que são luzeiros ou estrelas para quem não quer viver nas trevas; aqueles que praticaram a favor dos mais desfavorecidos a sua caridade. São esses todos cujo número será impossível saber que, depois de passarem pela vida fazendo sempre o bem, gozam agora junto de Deus a felicidade eterna. E nós apelidamo-los de “SANTOS”. A Igreja apresenta-os como exemplos a seguir e presta-lhes o culto pela sua fidelidade à sua fé. 17


Ora Maria também pôs toda a sua vida ao serviço de Cristo, ao serviço dos apóstolos, ao serviço dos cristãos e, nós acreditamos que Ela agora está junto do Seu Filho, no lugar que lhe pertencia, a interceder por nós como intercedeu pelos noivos de Caná. Ela a quem podemos dirigir as mesmas palavras que o Anjo: “Ave ó cheia de graça, o Senhor está contigo”. São palavras da Sagrada Escritura, ditas por um Anjo que vinha da parte de Deus e sabia o que dizia. Como da Sagrada Escritura são igualmente as palavras que Santa Isabel, inspirada pelo Espírito Santo, pronunciou quando foi visitada por Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do Teu ventre” (Luc. 1-42 e seguintes). Ditas por inspiração do Espírito Santo, como não havemos de poder repeti-las? Ao longo dos séculos é impossível calcular o número de homens e mulheres de qualquer idade que tenham repetido tais palavras, que tanto o Anjo como Santa Isabel pronunciaram... Daí não admira que os cristãos de todos os tempos as tenham repetido, louvando-A. Também não admira que Ela, no lugar em que está, atenta às necessidades de seus filhos que somos nós, procure resolver problemas e ajudar quando oportuno. Assim, os poetas de todo o mundo têm-lhe feito e dedicado as suas poesias; os pintores Têm-Na imortalizado através dos séculos das mais variadas formas; os escritores e teólogos procuram aprofundar os estudos que lhe dizem respeito, escrever seus pensamentos e estudos a transmitir à posteridade; os cristãos têm construído em sua honra Catedrais, Basílicas, Igrejas, Capelas e Altares. E raro será, haver hoje em qualquer parte do mundo cristão, qualquer construção destas 18


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que não tenha ao menos uma imagem sua. E tudo isto desde longos séculos... Também não admira que ela tenha aparecido nalguns pontos do mundo a dar as suas orientações, como fez em La Sallete, Lourdes e Fátima. Tais aparições não podem ser essenciais para a nossa fé e salvação, mas fazem parte importante da vida dum cristão. Se nos referirmos aos nomes que Lhe são dados, depende dos locais, dos acontecimentos e de muitas outras circunstâncias. Se Lhe chamamos Senhora da Nazaré, estamos a lembrar a terra da sua naturalidade, a terra onde passou grande parte da sua vida; Se Lhe atribuímos o nome de Nossa Senhora da Conceição ou Imaculada Conceição, lembramos o privilégio de não ter sequer contraído o pecado original; ao falarmos de Senhora das Dores, da Piedade ou do Pranto, referimo-nos aos seus sofrimentos; se queremos falar de Nossa Senhora da Guia, da Estrela, etc., certamente estamos a lembrar a Estrela que guiou os Magos até ao Presépio e todas as estrelas do firmamento que guiavam os mareantes e navegantes quando não havia outros meios de orientação; outras vezes referimo-nos aos locais onde apareceu: Lourdes, Fátima, Guadalupe e tantos outros. E, se anos atrás, certas pessoas, mal orientadas e mal informadas, diziam Dela o pior que podiam, hoje tudo isso acabou porque foi aprofundada a Escritura nas referências que a Ela faz e ainda pelas circunstâncias de ecumenismo a que temos assistido nos últimos anos.

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Nossa senhora e redinha A actual povoação e freguesia de Redinha deve o seu nome à antiga cidade romana de “RODA”, situada a cerca de um quilómetro da actual povoação. Como todos sabem, ali aparecem ainda hoje vestígios de construções romanas (tégulas, fundos de talha, pesos de tear, lastros, mós, etc.. A povoação foi arrasada pelos vândalos que obrigaram as pessoas a sairem dali. Na opinião de Abel Guerra, por ali existem ainda soterradas algumas imagens de deuses e, na parte mais para sul, peças de ouro também soterrado e, no pinhal do lado norte, teria existido um forno crematório. Isto pelo que diz respeito à cidade de “RODA” que deu origem a Redinha. Esta terra recebeu foral em 1159, dado por Gualdim Pais que também mandou construir o Castelo de Pombal. Ter foral significava independência. Foi concelho desde essa data até meados do século XIX, tendo desaparecido como concelho, como aconteceu a muitas outras terras em idêrnticas circunstâncias. Ficou a pertencer ao concelho de Pombal; pertenceu durante algum tempo ao concelho de Soure, para ser incorporada novamente em Pombal, como ainda hoje pertence. Se passarmos à parte eclesiástica, Redinha que pertenceu aos Templários e em seguida à Ordem de Cristo até à extinção das Ordens Religiosas, teve cedo a honra de ser arciprestado. Com efeito, Redinha pertenceu durante alguns anos ao arciprestado de Soure, mas em 1791 foi incorporada no arciprestado de Abiul que passava a ter a sua sede precisamente em Redinha e dele faziam parte as seguintes freguesias: Abiul, Almagreira, Mata Mourisca, Pombal, Pelmá, Santiago de Litém, Ansião, Orada, Santiago da Guarda, Almoster, Vila Cã e Redinha. Quer dizer que nesses anos Redinha tinha a sua importância até como 20


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arciprestado; passados mais alguns anos, pertenciam-lhe também Alvorge, Rabaçal, Pombalinho, Degracias, Tapeus, Torre de Vale Todos, Pelariga, além das anteriormente enumeradas. E tudo isto porque Redinha tinha a sua importância social e até mundial. Haja em vista as tristes visitas dos exércitos de Napoleão e a batalha de Redinha. Tudo isto para dizer que Redinha, desde que recebeu foral até à extinção das ordens religiosas foi terra importante e centro procurado por muitas pessoas para ganharem a vida como ainda hoje se faz para as grandes cidades. Foi nestas datas que aqui tiveram lugar as grandes romarias a Nossa Senhora da Estrela e a Nossa Senhora do Pranto. Certamente ainda devido ao seu passado religioso, esta freguesia, não sendo hoje muito grande, em todos os lugares tem a sua capela, sendo as mais antigas Nossa Senhora da Estrela e São João dos Poios e a capela de Nossa Senhora do Pranto, perto do lugar de Jagardo, bem como a capela do Espírito Santo, do lugar de Pousadas Vedras. Todas as outras são 21


de construção mais recente. A capela do lugar de Ereiras dedicada a Nossa Senhora da Saúde é dos meados do século XX; a dedicada a Nossa Senhora de Fátima do lugar de Anços foi construída nos anos de 1927 e seguintes, tendo custeado as despesas o morador daquele lugar Claudino Mendes da Silva, imigrante no Brasil e que nessa altura veio a Portugal; Bernardos e as outras de Charneca, Caruncho, Barreiras, S. Jorge, etc. são mais modernas. Mas, em tempos recuados e em que existiam dispersos pelos lugares da freguesia muitos padres, os Santuários de Guadalupe e sobretudo de Nossa Senhora da Estrela eram muitíssimo frequentados. Resumindo: das várias capelas espalhadas pela freguesia podemos dizer que a maior parte é dedicada a Nossa Senhora com vários títulos: Senhora da Saúde em Ereiras, Senhora de Fátima em Anços, Senhora da Guia na Charneca, Senhora de Fátima no lugar de Barreiras, Nossa Senhora do Pranto no lugar de Jagardo, Nossa Senhora da Estrela no alto da Serra do Poio e Nossa Senhora da Conceição na Igreja Matriz desde o princípio da nacionalidade. Apenas a capela do Espírito Santo em Pousadas Vedras, de S. Bernardo no lugar de Bernardos, S. Jorge e S. Francisco na sede da freguesia, não são dedicadas a Nossa Senhora. E daqui para a frente vamos referir-nos a Nossa Senhora da Estrela.

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Situação e Origem A capela de Nossa Senhora da Estrela fica situada no alto da Serra dos Poios, dependência da Serra de Sicó e voltada para poente e mar. Não admira porque a maior parte das capelas antigas de Portugal, sobretudo no norte, são dedicadas a Nossa Senhora e construídas no alto dos montes, o que também não admira porque os lugares de culto dos tempos antigos foram e são ainda em montanhas ou em grutas. Até Cristo nasceu numa GRUTA, tansfigurou-SE num alto monte e morreu no Monte Calvário. Em Portugal, sobretudo no norte, são avistadas e frequentadas capelas nos altos montes e que são objecto de grandes romarias. Até Fátima se situa no alto da Serra d’Aire.

Vista para poente, a partir do Santuário de Nossa Senhora da Estrela. À direita avista-se a lagoa. 23


Pelo que diz respeito à capela de Nossa Senhora da Estrela, podemos dizer que é de origem muito antiga e o local da sua construção foi muito bem escolhido. Com efeito, ali perto existe ainda o que, na opinião do citado Abel Guerra, podemos chamar “o ídolo feminino” e também por ali perto deve ter existido o ídolo masculino. Terá a capela ali sido construída para substituir estes ídolos? Terá sido para desfazer outras ideias menos ortodoxas? É, pelo menos, possível... E em que datas? Não é possível dizer ao certo por falta de documentos. Mas... isso sim, podemos dizer que, dado o local escolhido, dado a capela ficar, cerca de metade, debaixo duma gruta, dado ainda que foi centro de grandes romarias nos séculos XVI e XVII, teve apoio eclesiástico como iremos ver, e dada a existência de uma grande lagoa ao fundo, podemos dizer que é de origem muito antiga e as romarias que ainda hoje ali se dirigem durante o mês de Maio são apenas um reflexo das grandes romarias doutros tempos, pois vão diminuindo a pouco e pouco. Haja em vista que há cem anos vinham de todos os lados às duas romarias: Senhora da Estrela e Senhora do Pranto. A esta última vinham sobretudo das freguesias de Pombal e Vila Nova de Ourém; a Nossa Senhora da Estrela vinham dos concelhos de Pombal e Soure e vinham dos lados da serra como Degracias, Pombalinho, Alvorge, Santiago da Guarda e chegavam a vir de Vila Seca, o que se conservou até aos nossos dias, com tendência para desaparecer totalmente. Dissemos atrás que o local foi bem escolhido e, na verdade, daqui se divisa grande parte do concelho de Pombal e também do de Soure, os montes e os vales e muitas construções; ao fundo a “ Ídolo Feminino “, na opinião de Abel Guerra > 24


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Vale dos Poios

Redinha - Ponte Românica sobre o rio Anços 26


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Lagoa da Senhora da Estrela onde os peregrinos, sujos do pó do caminho durante a viagem, se lavavam para subirem limpos até ao Santuário. Junto da Lagoa tinham ainda a oportunidade de se purificarem espiritualmente pois na quinta ali existente viveu pelo menos o padre João Maya da Gama que prestava apoio espiritual àqueles que dele necessitassem. Daqui se avistam as outras Senhoras: Senhora do Pranto de Jagardo, Senhora de Belém e Senhora do Cardal da freguesia de Pombal; Senhora da Graça de Almagreira, Senhora da Boa Viagem na freguesia de Buarcos – Figueira da Foz -, Senhora do Círculo da freguesia do Furadouro, concelho de Condeixa e, finalmente, Nossa Senhora da Conceição, Padroeira da freguesia de Redinha. Deste facto, de se avistarem todas estas Senhoras, surgiu a lenda das 7 irmãs. Diz-se que Nossa Senhora da Estrela fugia sempre para a sua gruta porque de lá avistava as suas irmãs. Daqui tem vistas maravilhosas sobre todo o Poente até ao mar, avistando-se os montes e os vales, as construções e outras obras. E isto se o tempo estiver limpo. Como curiosidade, podemos dizer que as vistas são mais bonitas de noite do que de dia e isto, devido à iluminação eléctrica que se nota, inclusivamente na auto-estrada. Se olharmos para o céu com tempo limpo, então veremos as estrelas por cima das nossas cabeças. Pelas estrelas se orientavam os antigos quando não tinham outros meios; pelas estrelas se orientam certamente as aves migrantes sobretudo quando viajam de noite; uma Estrela guiou os Magos até junto de Jesus; Nossa Senhora também é orientadora, verdadeira Estrela da 27


Manhã que nos guia como guiou o Capitão João Ribeiro de quem falaremos mais adiante. A capela, inicialmente, seria totalmente ou quase debaixo da grande gruta – o que não admira porque, sendo ali todas as rochas calcáreas, há também, como é natural, muitas grutas. Isso mesmo se pode verificar olhando o arco manuelino, ainda conservado, onde funcionaram trancas de segurança que lá deixaram rasto. Nesta situação, não deveria ter qualquer cobertura que não fosse a natural. Mas, no tempo do Padre João Ribeiro – redinhense e rico -, filho do Capitão João Ribeiro e irmão do Dr. João Batista Ribeiro de Oliveira, a quem nos havemos de referir por estarem aqui sepultados, a capela foi grandemente aumentada com as dimensões que ainda hoje conserva e com uma grande porta a poente e mais duas laterais, uma do lado norte e outra do lado sul. Quanto à grade de ferro exterior por onde as pessoas sobem e descem, foi posta posteriormente. (A pintura do retábulo, onde se encontra a imagem monolítica de Nossa Senhora da Estrela, foi oferecida por D. Maria Augusta, de Soure, nos anos quarenta, data que lá se encontra assinalada.) Durante vários anos era a Junta de Freguesia quem recebia as esmolas e fazia as obras que todos os anos era necessário fazer, sobretudo no telhado que o vento destruía e partia durante o inverno; era ainda a mesma Junta que pagava ao Pároco na várias romarias que eram realizadas. Em 1932, como consta do respectico Auto de Entrega, também esta Capela foi entregue, sendo administrada muito tempo pela Comissão Fabriqueira. Assim, por exemplo, quando foi construída a actual residência paroquial, por volta dos anos cinquenta, os dinheiros desta capela foram encaminhados para a construção da mesma residência. 28


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Nossa Senhora da Estrela

Posteriormente, e para evitar que todos os anos se tivessem que colocar telhas, foi feita uma placa em cimento a fazer a cobertura e, desde essa data, nunca mais o temporal ali fez estragos. Segundo uma lenda muito divulgada entre o povo, foi uma pastora que encontrou a imagem numa LAPA e a levou para outro sítio (talvez mais próximo do lugar de Boavista), a fim de ali construir uma Igreja, mas a imagem voltava para o mesmo local. Claro que se trata de uma lenda, igual a tantas outras noutros locais, até porque uma imagem daquelas nem a pastora podia com ela. Não passa, portanto, de lenda...

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Nossa Senhora da Estrela

Romarias e Apoios Deve ter sido durante o século XVII ou um pouco antes, e nos séculos seguintes que se realizaram as grandes romarias a Nossa Senhora da Estrela, as quais ainda se mantêm, embora com menor número de romeiros. Vinham dos vários lugares de todo o concelho de Pombal; vinham das freguesias de Freixianda e de Vila Nova de Ourém; vinham de todo o concelho de Soure, especialmente das freguesias da Serra (Degracias, Pombalinho, etc.); vinham dos lados de Condeixa e Alfarelos; vinham do concelho de Ansião. Vinham de muitos outros lados, tendo algumas freguesias vindo até aos nossos dias, como por exemplo a freguesia de Vila Seca. Todo este movimento se deve ao facto de não haver por aqui outro local indicado para romarias. Dornes era longe bem como o Senhor da Serra e, portanto, esta ficava mais fácil para as viagens de ida e volta. Seguiam carreiros, por vezes por meio de matos, quase sempre descalços, e eram obrigados a dormir no caminho, ou na vinda ou na ida ou até num e noutro caso. Para o efeito de apoio nas dormidas, havia lugares à volta, como Poios, Pedaladeira, Caseirões e Quinta da Estrela, esta situada mesmo junto à Lagoa onde viveu o Padre João Maya da Gama. Naqueles tempos o acesso só se fazia a pé, devido a não haver qualquer caminho ou estrada, como hoje. Quem dos lados de Redinha para lá se dirigisse, teria de ir a pé e pelo meio de matagais onde só viviam animais selvagens; quem dos lados de Alvito quisesse ir lá, teria de fazer da mesma maneira, só por carreiros estreitos; e quem das freguesias do lado nascente quisesse vir à romaria, desde Degracias não tinha senão um fraco caminho que lá conduzia; o mesmo sucedia a quem dos lados do sul queria estar presente na altura da romaria ou romarias. Estes últimos, tinham a cerca de um 31


quilómetro da capela o lugar de Casarões onde podiam pernoitar e recompor-se para continuar a viagem; outros, mesmo ao fundo do monte tinham umas poucas de casas onde também podiam receber apoio; os que quisessem podiam avançar até à Lagoa e aí, lavarem-se do pó do caminho, prepararem-se espiritualmente, confessando-se ao Padre João Maya da Gama e subir até à capelinha. Completada a romaria, cumpridas as suas devoções e promessas, regressavam às suas terras e casas, levando notícias dos acontecimentos, contando as dificuldades, incitando a outros a fazer a mesma viagem... Falando da Lagoa e Quinta da Estrela que lhe ficava junto, aí viveu pelo menos e como se disse já, o Padre João Maya da Gama falecido em 9 de Março de 1756 (portanto há mais de duzentos e cinquenta anos) e sepultado em Redinha e não na Senhora da Estrela como seria de esperar... Quem durante alguns anos (de 1910 a 1932) recebia as esmolas e fazia os pagamentos inclusive ao pároco que presidia às romarias, era a Junta de Freguesia como consta das respectivas Actas. Para exemplo e anteriormente às datas assinaladas, entre os anos de 1869 e 1892 a Junta recebeu entre quatro mil réis e de 1921 a 1931 oscilou entre 273$20 e 300$00. Como curiosidade, podemos dizer com documentos na mão, que já em 1915 os ladrões se ocuparam de assaltos na capela de Nossa Senhora da Estrela; com efeito, o então Presidente da Junta, Guilherme Rosa de Carvalho, oficiou à Câmara de Pombal a comunicar que daquela capela tinham sido roubados 7 castiçais, uma cruz e uma sineta de bronze. Pensamos que tal sineta teria sido aquela que tinha sido oferecida pelo capitão João Ribeiro como atrás foi referido. Nunca 32


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mais alguma lá foi colocada e também não é necessária, porque no dia de romaria o povo é chamado através de aparelhagem sonora que é alugada para este efeito e para transmitir as devoções e cerimónias do dia.

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Nos tempos modernos já poucas pessoas vão a Nossa Senhora da Estrela a pé, pois nos últimos 40 anos foi feita uma estrada alcatroada até ao cimo do lugar de Poios e aquela que daí segue até à Lagoa, e da Lagoa até à capelinha, também já alcatroada. Os carros podem ir até à Capela e daí tem passagem para o cimo do monte e para os lugares das freguesias vizinhas, sendo a estrada para Degracias toda alcatroada pela Câmara de Soure afim de dar acesso à antena de rádio que ali se encontra perto, e a um miradouro sobre todo o poente que ali está ao alcance de todos. Do alto se disfrutam bons panoramas em todas as direcções quando o tempo está bom, como anteriormente ficou dito. Apesar deste acesso ser razoável, no dia da grande romaria, ou seja no Domingo da Ascensão, o trânsito torna-se impossível, sobretudo a partir do lugar de Poios, porque a estrada é estreita e o movimento é muito intenso. Será de esperar que num futuro próximo a estrada seja alargada e alcatroada, o que já não é tão difícil. Como os tempos mudaram, os acessos se tornaram mais fáceis e as condições de vida mudaram também, aqueles lugares de Casarões, Pedaladeira e Quinta da Estrela que davam apoio aos romeiros desapareceram completamente; no entanto, embora com poucas casas, conserva-se ainda um pequeno lugar do Covão das Favas, 33


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pertencente à freguesia de Degracias, concelho de Soure. Em tempos ainda não muito distantes, havia duas romarias: Quinta-feira da Ascensão e Segunda-feira do Espírito Santo, sendo a mais concorrida precisamente a de Quinta-feira. Como o Dia Santo (e que grande dia santo ele era...) desapareceu para dar lugar ao Domingo da Ascenção, conservou-se o costume de ali ir na Quinta-feira, como se conservaram também as idas no Domingo de Ascensão e na Segunda-feira do Espírito Santo. Actualmente, na grande romaria do Domingo da Ascensão devem estar entre cinco mil e dez mil pessoas, conforme o tempo, e nos outros dias cerca de trezentas pessoas. Tem ultimamente sido feita uma outra romaria mais com crianças que, após o encerramento da catequese, ali vão ser consagradas a Nossa Senhora. Como curiosidade, podemos dizer que no dia da grande romaria e no Terreiro funciona uma grande feira de artigos de vária ordem, desde rádios, comes e bebes, calçado, roupas, etc... Se os passarinhos soubessem, quando é Quinta-feira da Ascensão, não saíam dos seus ninhos, nem punham o bico no chão

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A Família Ribeiro Para percebermos melhor a história da Capela de Nossa Senhora da Estrela vamos procurar fornecer alguns elementos sobre a sua origem e obras ali realizadas. Como se sabe, há três devoções enraizadas no coração do povo português: ao Santíssimo Sacramento, às Almas do Purgatório e a Nossa Senhora. E quanto à devoção a Nossa Senhora, que é agora o que mais interessa, ela vem antes de Portugal se tornar independente. Pelágio, o reconquistador, refugiado nas Astúrias, ao norte de Espanha, depois de ganhar uma batalha em meados do século VIII, erigiu um Santuário em honra da Virgem Santa Maria, como escreveu o Padre Miguel de Oliveira, na História Eclesiástica de Portugal. Os nossos reis ajudaram à construção de vários templos, sobretudo dedicados a Nossa Senhora da Conceição; por sua vez, o próprio Condestável D. Nuno Álvares Pereira, depois da batalha de Aljubarrota, mandou erguer o Mosteiro de Santa Maria de Seiça; D. João I ordenou a construção dum templo dedicado a Nossa Senhora da Oliveira, tendo as obras começado em 1387; o mesmo, para comemorar a referida batalha, mandou construir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória na Batalha. Deve ser desses tempos a construção da capela a Nossa Senhora da Estrela a qual não deu muito trabalho porque, como se disse, inicialmente estava completamente debaixo duma gruta, como ainda hoje se pode ver, e que, por tal motivo, quase não precisou de quaisquer obras. Só posteriormente é que foi aumentada nas suas dimensões para poente pelo redinhense Padre João Ribeiro, de cuja família passamos a falar. Há cerca de trezentos anos, a freguesia de Redinha tinha muitas vocações sacerdotais e os vários sacerdotes viviam em suas casas 36


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ou de suas famílias, espalhados pela freguesia. Assim na Galiana e Arroteia, nos lugares de Caruncho, Anços e Estrada, Pousadas Vedras e Poios, bem como em pequenos lugarejos à volta deste lugar. Quanto ao Padre João Ribeiro, sabemos que era de Redinha e sua família era abastada. Foram seus pais o tão falado Capitão João Ribeiro e Domingas de Oliveira; seus avós paternos João Rodrigues e Maria Ribeiro e seus avós maternos André de Oliveira e Domingas Lopes. Nesta igreja de Nossa Senhora da Conceição recebeu o Sacramento do Baptismo e deve ter feito ainda a aprendizagem da doutrina cristã que depois completou nos estudos para o sacerdócio. Depois de feitos os devidos inquéritos sobre a sua idoneidade para o sacerdócio, foi ordenado, e nesta freguesia substituiu por várias vezes os respectivos párocos encarregados da freguesia e aqui apadrinhou muitas crianças na recepção do Baptismo. Como era de família rica e ele mesmo deve ter conseguido fortuna, quis aplicar os seus dinheiros na ampliação da capela desde o arco manuelino até ao fundo. Seu pai, o Capitão João Ribeiro, vendo-se quase a naufragar numa tempestade em alto mar, donde se avistava a capela de Nossa Senhora da Estrela, fez o voto de ali ser sepultado e este voto foi cumprido. A campa que se encontra precisamente ao meio da capela com o epitáfio quase destruído por massa de cimento. Podemos acrescentar que o assento de óbito diz assim: “Aos 27 de Abril de 1697 faleceu João Ribeiro e foi a sepultar a Nossa Senhora da Estrela e fez testamento. Fiz e assinei. O vg. Frei Manuel Simões Carvalho.” Arquivo distrital de Leiria. 37


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Oito anos antes de falecer, tinha mandado colocar o sino onde ainda se podem ver as letras alusivas e gravadas: “Este sino pôs o Capitão João Ribeiro.” Do lado norte da sepultura do pai, encontra-se com epitáfio bem visível a sepultura do filho: “Aqui jaz o Dr. João Baptista Ribeiro de Oliveira ouvidor que foi do Crato que faleceu no dia de Páscoa 18 de Abril de 1688...” Já agora aproveitamos para dizer que a mulher do capitão, Domingas de AR Oliveira, falecida em 25 de Setembro de 1668 foi sepultada na Igreja Matriz, junto da capela de Santo António e seu filho António de Oliveira, falecido em 9 de Outubro de 1698 foi sepultado junto de sua mãe.

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Interior e Exterior Como ficou dito, a capela começou por ser apenas uma gruta. No tempo do Padre João Ribeiro, foi ampliada para as dimensões que ainda hoje apresenta. Tem três portas: uma do lado norte, com uma rampa de acesso para cadeiras de rodas e pessoas com dificuldades motoras, uma segunda do lado sul e da penha e que serve para a entrada de muitas pessoas e uma terceira do lado do poente que é considerada a porta principal e donde se disfrutam ricos panoramas. Todo o interior da capela tem cerca de cinquenta metros quadrados, o que significa que comporta cerca de duzentas pessoas. Entre o corpo da capela e a gruta propriamente dita tem uma escadaria em calcário que serve para a subida das pessoas ao altar fixo e à gruta mais interior e, a separar as duas partes tem um arco manuelino onde chegava a capela inicial. Tem ainda uns degraus mais curtos que dão acesso ao interior da gruta e ao lado dos quais fica o retábulo onde fica a imagem que chamam de Nossa Senhora da Estrela e que mais parece uma imagem de Nossa Senhora do Leite. Os dois títulos completam-se pois Nossa Senhora alimentou Seu Filho ao peito; mas alimentar um filho é ser para ele uma ajuda, um Guia, uma Estrela. Sendo assim, Nossa Senhora do Leite é a mesma coisa que Nossa Senhora da Estrela. Trata-se da mesma Senhora com vários títulos (Senhora da Estrela, Senhora do Leite, Senhora da Guia,etc.). Como se fez referência, ao centro da capela e do lado norte, está sepultado o Dr. João Batista Ribeiro, filho do capitão 41


João Ribeiro, mesmo ao centro está sepultado o pai, capitão João Ribeiro e, do lado sul a par destes, deve ter sido sepultado o ermitão Mathias Rodrigues, falecido na Quinta da Estrela e que, por sua vontade, foi sepultado na capela, não estando identificado o local. Todo este conjunto da capela está sob uma grande penha que se estende para o lado sul. Podemos acrescentar que tal penha foi escavada pelo mar, pois não há dúvidas de que, há milhões de anos, o mar aqui chegou como se prova pelas litorinas (fósseis de moluscos do mar que aparecem em toda a freguesia, especialmente no lugar da Galiana e aqui). Quem observar bem, notará que deve ter havido qualquer terramoto ou coisa semelhante que fez descer a parte do poente que ficou desnivelada da parte do nascente. Tudo são fenómenos por vezes difíceis de explicar e que não passam de hipóteses... Todo o terreno à volta da capela é aproveitado, fora dos dias de romaria para acampamento de jovens, sobretudo escuteiros que vêm das cidades, chegando a vir de Leiria, Coimbra e Porto, para disfrutarem das belezas naturais que ali perto existem; também os espeleólogos aproveitam para descerem às grutas para estudarem a sua origem, as estalactites e estalagmites formadas e até por vezes animais como morcegos que por ali habitam; os alpinistas dão-se ao luxo de subir e descer na grande penha junto da capela e noutras igualmente difíceis. 42


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Tem sido também visitada por pessoas da sociedade. Já noutros tempos, aí por volta de mil e seiscentos se fez uma escritura que é conhecida; de vez em quando aparecem pessoas que sabem do local e ali se deslocam a confirmar os seus conhecimentos. Por exemplo, nos últimos tempos ali estiveram D. Serafim, Bispo de Leiria e Fátima, acompanhado do seu antecessor D. Alberto e vários sacerdotes que aproveitaram para numa reunião, longe do bulício do mundo, fazerem o seu retiro mensal e lançar planos pastorais. De vez em quando lá vem um grupo de padres que desde o lugar de Poios sobem a pé rezando o terço que termina já dentro da capela e depois cá fora aproveitam para meditar e conviver, comendo...

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Ali se deslocaram por várias vezes, Monsenhor Dr. Manuel Leal Pedrosa, Vigário-Geral da Diocese de Coimbra com alguns colegas e amigos, onde ali são tratados assuntos de vária ordem. Quando os imigrantes desta freguesia e de outros lados resolvem vir passar férias, procuram, sobretudo os do Brasil, estar cá na altura das romarias que nunca esquecem. Também D. Albino Cleto, quando ainda Bispo Coadjutor da Diocese de Coimbra, fez a visita pastoral a esta freguesia e lhe foi apresentada a hipótese de vir visitar esta capela, imediatamente se propôs fazer tal visita, sendo esperado pelas crianças no lugar de Poios e seus familiares e deu algumas normas para o futuro da capela. Muitas outras individualidades, por devoção ou por simples curiosidade ou por outros motivos, ali acorrem louvando a hora em que decidiram ali se deslocar. 43




Lugares à Volta Além dos lugares a que já nos referimos de Pedaladeira (a que chamam Casarões), situado a sudoeste do actual lugar de Poios, de Quinta da Estrela, actualmente extinta e que estava situada mesmo junto e à volta da conhecida Lagoa, e dum pequeno número de casas que existiam mesmo ao fundo do monte e a cerca de trezentos metros a poente da capela, os quais davam apoio aos romeiros, vamos também agora fazer referência a outros lugares também antigos e que terão igualmente prestado assistência e apoio aos romeiros. Esses lugares que ainda existem, embora com bastante declínio são o Covão das Favas da freguesia de Degracias, concelho de Soure que conta actualmente com meia dúzia de casas e com tendência para diminuir, pertencendo ao Distrito de Coimbra e o lugar de Poios da freguesia de Redinha, concelho de Pombal ao Distrito de Leiria, onde se encontra uma antiga capela dedicada a S. João, o qual conta cerca de quarenta fogos e bastante desfalcado devido à imigração, em tempos para o Brasil onde se encontra ainda cerca de metade do lugar. Conta agora com quarenta fogos pequenos e grandes. Este último lugar sempre esteve ligado à Capela e Santuário de Nossa Senhora da Estrela e é o único onde ainda existem pessoas com o apelido de “ERMITÕES” e que certamente são parentes daquele a que nos referimos ter sido sepultado dentro da Capela de Nossa Senhora da Estrela do lado sul e junto à campa do capitão João Ribeiro. Tanto no lugar de Pedaladeira como na Quinta da Estrela viveram sacerdotes que eram mesmo de lá. Por exemplo o Padre João Martins, falecido em Março de 1736 e seu irmão Padre Manuel Martins e duas irmãs: a Antónia falecida em 26 de Novembro de 1749 e a Ana falecida em 7 de Novembro de 1757. Todos eles eram filhos de Manuel Martins natural do lugar de Meires, ao tempo pertencente à freguesia de Almagreira e de Ana Barreta do lugar de Poios. Também este último 46


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Nascente do rio Anços

lugar teve sacerdotes mais ou menos nas mesmas datas. Com efeito, o Padre Simão Martins, filho de Manuel Martins faleceu em 1616 e o Padre Francisco Martins, filho de António Martins e de Ana Gaspar, faleceu neste lugar em 1692. Houve ainda um outro que se ordenou em 1737, mas não foi possível saber mais da sua vida. Nestes anos todos e com o apoio destes lugares assim religiosos, foi possível dar incremento às romarias a Nossa Senhora da Estrela e ainda hoje neste e noutros lugares da freguesia se encontram muitas mulheres que usam o nome de “Maria da Estrela” que lhes foi posto no dia do seu Baptismo; tal costume está a desaparecer a pouco e pouco. 47


Obras Nos últimos cinquenta anos, como já ficou dito, foi levada a efeito uma cobertuda de cimento em todo o corpo da Capela a fim de evitar que os ventos fortes partissem e levassem as telhas, que tinham de ser substituídas todos os anos, por vezes mais que numa ocasião. Tal cobertura foi feita pelo já hoje falecido Manuel Lourenço (Vitório) do lugar de Poios com a sua equipa pelo preço de catorze mil escudos, sendo de notar que o cimento, areia e ferro teve de ser transportado pelo lado do Terreiro, pois por outro lado era impossível. Isto por alturas de 1960. No tempo de Lúcio da Silva residente em Redinha e durante muitos anos regedor da freguesia e membro da Comissão do Culto, parte dos dinheiros de Nossa Senhora da Estrela foi aplicado nas obras de construção da residência paroquial; outra parte foi aplicada na construção dum tanque mesmo ao pé da capela onde ainda se pode ver para dessedentar os que quisessem e num patamar que lhe fica junto a fim de ali se poder celebrar a Missa campal quando oportuno. Ultimamente foram feitos alguns melhoramentos de acesso desde o lugar de Poios até à capela pelas respectivas autoridades e mais recentemente e mesmo junto da capela foram melhorados os acessos, conservando a natureza do local e com pedra precisamente daquelas redondezas. Todo o corpo da capela, inclusive a parte onde se encontra o altar portátil foram melhoradas igualmente com pedra que não estragasse o ambiente. Dentro ainda da capela foi tirada a cal às cantarias a fim de conservar a natureza. Apesar destas obras, foram delicadamente conservadas as sepulturas do capitão João Ribeiro e do filho, como se pode ver. 48


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Nossa Senhora da Estrela

Por fim, foi colocado um painel de azulejo com a Senhora da Estrela no exterior e da parte poente da capela, mesmo rente ao solo. Tudo isto a conselho dum arquitecto coimbrão e que juntamente com o Rev.º Vigário-Geral da Diocese de Coimbra, Monsenhor Dr. Manuel Leal Pedrosa ali se deslocou para o efeito. Está electrificada a capela depois de um estudo bem feito. A capela está dotada de um paramento branco, oferta do Rancho de Vila Seca quando cá vinha noutros tempos; tem igualmente outros acessórios do paramento como a alva, etc. e um bom cálice e missal, comprados pela Comissão anterior. Embora não fosse muito necessário, resolveu a Comissão actual reforçar as portas para evitar assaltos com facilidade, embora a capela nada tenha lá que roubar. Nada terá a ver com a capela, mas convém dizer que ali perto se encontra a antena da Rádio Popular de Soure a funcionar em 104.4 e que se houve a grandes distâncias. Completa este conjunto um mirante construído pela Câmara de Soure em colaboração com a Junta de Freguesia de Degracias, com belas vistas sobre o poente até à Figueira da Foz e dali se pode disfrutar de dia (mas mais bonitas de noite) as serras à volta e os vales, os casais e a auto-estrada, de noite bem iluminada na parte da área de serviço.

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Na primeira edição não constam, por terem sido feitas posteriormente, as seguintes obras: • Foi feita uma escada exterior do lado norte da capela para o terreiro, um alargamento do adro e uma casa de arrecadação subterrânea. • Foi substituído o antigo altar, de madeira, por um outro de pedra da região, sendo pároco o padre João Fernando. A execução esteve a cargo do arquitecto Vinhas. • Foi retirado um gradeamento em madeira, que se encontrava na parte inferior do altar de Nossa Senhora, e que estava danificado, tendo sido feito, em sua substituição, um patamar em pedra. Deste modo, a gruta ficou com mais espaço.

< No painel exterior encontra-se a primeira parte da Ave-Maria: “Avé Maria cheia de graça, o Senhor está contigo... (Luc. 28 e 29), palavras estas repetidas muitas vezes quando rezamos o terço.

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Quadras a nossa senhora

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I Nossa Senhora da Estrela Que a todos queres guardar Guarda os navegantes Que seguem em alto mar

V Nossa Senhora da Estrela Tem o tear à janela Dá-lhe o vento, dá-lhe a chuva Nem o fiado lhe quebra

II Nossa Senhora da Estrela Estais viradinha para a Figueira Dai-nos força nas pernas Para subir a ladeira

VI Nossa Senhora da Estrela Tem um filho serrador Para serrar a madeira Para o altar do Senhor

III Nossa Senhora da Estrela Está no cimo duma serra Para guardar os pecadores Que andam ao de cima da terra

VII Nossa Senhora da Estrela Tem na serra a capelinha Eu hei-de ir convidá-la Para ser minha madrinha

IV Nossa Senhora da Estrela Estás no teu altar em pé Livra-nos das regateiras Que dizem o que assim não é

VIII Nossa Senhora da Estrela Tem o terreiro varrido Este ano está em relva Para o ano dará trigo


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Nossa Senhora da Estrela

IX Nossa Senhora da Estrela Nossa Senhora da Lapa Quem não levar seu farnel Passa lá fome que rapa

XIII Nossa Senhora da Estrela Na gruta como em Belém A todos quantos lhe rezam Não se esquece de ninguém

X Nossa Senhora da Estrela Seu caminho pedras tem Se não fossem seus milagres Já lá não ia ninguém

XIV Nossa Senhora da Estrela Sempre nos dá um sorriso Quem lhe pedir com fé Nos alcança o Paraíso

XI Nossa Senhora da Estrela Madrinha do meu menino Peça sempre por nós Ao seu filho Divino

XV Nossa Senhora da Estrela Ou de Fátima, ou da Paz Rezar a Uma ou a Outra É a Mãe do Céu, tanto faz

XII Nossa Senhora da Estrela Sempre viradinha ao mar Protege os peregrinos Que aqui vêm rezar

XVI Nossa Senhora da Estrela Está com o seu filho no altar A olhar quantos lá vão Para a todos abençoar

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A Lenda da Passadinha Tem-se contado, através de várias gerações, esta lenda sobre Nossa Senhora da Estrela. Contavam os nossos avós que a imagem de Nossa Senhora apareceu naquela gruta, onde se encontra ainda hoje. Ao descobrirem uma imagem tão bonita numa gruta em local ermo depressa a mudaram de sítio, talvez para a igreja da Redinha para estar onde fosse mais guardada. Mas para espanto de todos a imagem desaparecia misteriosamente da igreja e aparecia de novo na gruta. Assim aconteceu repetidas vezes até que por fim decidiram deixar a imagem onde ela gostava de estar. Diziam então os mais antigos que Nossa Senhora ao vir da igreja da Redinha para a gruta, passando por um “carreirinho” onde há uma grande pedra, deixou gravada nessa pedra a marca do seu pé. Este local ainda hoje se chama “a passadinha”. Quem for visitar o local, no meio do mato, pode ver de facto uma cavidade na pedra com um feitio semelhante a um pé. Ainda hoje alguns peregrinos por lá passam para vir à Romaria e, em sinal de devoção, ergueram ali uma minúscula capelita com uma imagem de Nossa Senhora da Estrela.

< Aspecto actual da Passadinha. Nicho oferecido por um peregrino.


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Romeiros de Vila SĂŞca.


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Vila Sêca Uma História de fé Quem habita nestas aldeias perto da capela de Nossa Senhora da Estrela, com certeza que já ouviu falar do Rancho de Vila Sêca. Nos tempos longínquos, todos os anos este rancho de peregrinos vinha a pé à Romaria de Nossa Senhora da Estrela. Diziam os nossos antepassados que fora uma promessa feita a Nossa Senhora por ocasião duma grande seca naquela região. Actualmente nada mais sabíamos acerca destes romeiros que com o evoluir dos tempos foram deixando de vir. Fomos então a Vila Sêca procurar se ainda haveria por ali alguns destes romeiros para nos darem testemunho. Não foi muito difícil encontrar pessoas que na sua juventude e durante vários anos fizeram o precurso de suas casas, ida e volta, à Romaria de Nossa Senhora. Seriam mais ou menos uns 50km. Foi maravilhoso ver a maneira como nos falaram de Nossa Senhora da Estrela, e a fé que ainda permanece viva, embora já não possam vir devido às dificuldades da doença. Testemunhos

Falou-nos assim o Sr. Manuel Mateus: “Fui muitas vezes em peregrinação a Nossa Senhora da Estrela, uma distância de mais de 25km, e quase sempre era viagem de ida e volta. Íamos por carreiros pelo meio dos montes com o nosso farnel. Parece que nada custava. Tinhamos muita fé em Nossa Senhora. 57


Mas a caminhada também não era só rezar, os namoricos eram o grande forte naquelas peregrinações.” Adiantou-nos ainda o Sr. Manuel Mateus que o seu casamento já de longa data foi um namorico abençoado por Nossa Senhora da Estrela. Do lugar de Bruscos: Bruscos é uma aldeia da freguesia de Vila Sêca, concelho de Condeixa-a-Nova. Aí encontrámos a D. Maria Carolina, pessoa muito devota de Nossa Senhora da Estrela. No seu tempo de juventude também durante alguns anos fez parte do Rancho de Vila Sêca, e ainda actualmente vem à Romaria de Nossa Senhora sempre que pode; diz-nos que poucos anos tem faltado; mas claro que agora já não é a pé. Conta-nos que este amor por Nossa Senhora da Estrela foi sua mãe que lho deixou, como herança. Sua mãe fez parte da peregrinação a Nossa Senhora da Estrela durante mais de 40 anos, acompanhada pelo reverendo padre Alberto e mais tarde por outros padres seus sucessores. Diz-nos ainda que nesses tempos antigos a fé era grande; as pessoas iam a pé a pão e água e sem falar durante todo o trajecto. Nesse tempo era tradição ir pelo menos uma pessoa de cada casa levando o estandarte com a imagem de Nossa Senhora. Nesse tempo o padre ia montado numa mula, por não aguentar a caminhada, e ao chegar à capela celebrava Missa de acção de graças a Nossa Senhora da Estrela. 58


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Nossa Senhora da Estrela

Outros testemunhos de fé que falam por si são as fotos dos soldados que ainda se encontram na gruta, na parte de trás do retábulo, embora algumas já muito apagadas pelo tempo. Durante a guerra colonial foram muitos os soldados que recorreram à protecção de Nossa Senhora da Estrela, deixando as suas fotos como que a marcar a sua presença. Foram muitas as mães que naquela gruta rezaram a Nossa Senhora para que os seus filhos regressassem sãos e salvos. Mesmo actualmente são muitos os devotos de Nossa Senhora. Ali pagam as suas promessas e participam na Eucaristia com todo o fervor. Visita à gruta: Desde os tempos mais remotos até aos nossos dias tem sido costume, entre os peregrinos, visitar a parte da gruta que fica atrás do retábulo, onde está Nossa Senhora, e molhar a cara com a água que lá se encontra. Dizem que quem assim o fizer com muita fé, não terá dores de cabeça o ano inteiro. A fé move montanhas e não será em vão que, em dias de romaria, para visitar a gruta, se faz grande fila de espera que vai até às escadas do lado de fora da capela. São muitas as pessoas a afirmar terem obtido curas através dessa prática de se molharem na água “milagrosa”, como lhe chama muita gente.

Nossa Senhora da Estrela continua a ser a Estrela que guia toda a humanidade. 59


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Nossa Senhora da Estrela

Verso da gravura da página anterior, em baixo à direita

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Assim Cantava o Povo a Nossa Senhora da Estrela

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I Abençoa ó Maria Esta nossa Freguesia Fiel povo em ti confia Abençoa ó Maria

Ref. Tu és, a nossa Estrela Tu és, a nossa guia Tu és, a Mãe de Deus Tu és, tu és Maria

Ref. Tu és, a nossa Estrela Tu és, a nossa guia Tu és, a Mãe de Deus Tu és, tu és Maria

III Abençoa ó Maria As pessoas desta terra Dá-lhes paz e alegria Fome e dor de nós desterra

II Abençoa ó Maria As crianças e os velhinhos Desde o berço à agonia Ilumina os seus caminhos

Ref. Tu és, a nossa Estrela Tu és, a nossa guia Tu és, a Mãe de Deus Tu és, tu és Maria



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Nossa Senhora da Estrela

Orações a nossa senhora Ave-Maria

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amem. Salve Rainha

Salve, Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E, depois deste desterro, nos mostrai Jesus, bendito fruto do vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. V Rogai por nós Santa Mãe de Deus. R Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Lembrai-vos Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu que algum daqueles que tenha recorrido à Vossa protecção, implorando a Vossa assistência e reclamando o Vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amem.

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Ladainha de Nossa Senhora Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, tende piedade de nós. R Senhor, tende piedade de nós. Jesus Cristo, ouvi-nos R Jesus Cristo, atendei-nos. Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós. Filho, redentor do mundo, que sois Deus, Espírito Santo, que sois Deus, Santíssima Trindade, que sois um só Deus, Santa Maria, rogai por nós. Santa Mãe de Deus, Santa Virgem das virgens, Mãe de Jesus Cristo, Mãe da divina graça, Mãe puríssima, Mãe castíssima, Mãe intacta, Mãe intemerata, Mãe imaculada, Mãe amável, Mãe admirável, Mãe do bom conselho, Mãe do Crisdor, Mãe do Salvador, Mãe da Igreja, 66


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Nossa Senhora da Estrela

Virgem venerável, Virgem louvável, Virgem poderosa, Virgem clemente, Virgem fiel, Espelho de justiça, Sede de sabedoria, Causa da nossa alegria, Vaso espiritual, Vaso honorífico, Vaso insigne de devoção, Rosa mística, Torre de David, Torre de marfim, Casa de ouro, Arca da Aliança, Porta do Céu, Estrela da manhã, Saúde dos enfermos, Refúgio dos pecadores, Consoladora dos aflitos, Auxílio dos cristãos, Rainha dos anjos, Rainha dos patriarcas, Rainha dos profetas, Rainha dos apóstolos, Rainha dos mártires, 67


Rainha dos confessores, Rainha das virgens, Rainha de todos os Santos, Rainha concebida sem pecado original, Rainha elevada ao Céu em corpo e alma, Rainha do sacratíssimo Rosário, Rainha da família, Rainha da Paz, Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos, Senhor. Cordeiro de Deus que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós. V Rogai por nós Santa Mãe de Deus. R Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Oremos Concedei aos vossos servos, nós Vos pedimos, Senhor nosso Deus, que gozemos perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem aventurada sempre Virgem-Maria, sejamos livres da presente tristeza e alcancemos a eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amem.

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Consagração a Nossa Senhora

Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo(a) a Vós, e em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro neste dia e para sempre, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser. E porque assim sou Vosso(a), ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como propriedade vossa. Lembrai-Vos que Vos pertenço, terna Mãe, Senhora Nossa. Guardai-me e defendei-me como coisa própria Vossa. Os 5 Mistérios do Terço

Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória e as seguintes jaculatórias:, V Ó Maria concebida sem pecado, R Rogai por nós que recorremos a vós. V Ó meu Jesus perdoai-nos e livrai-nos do fogo do inferno, R Levai as almas todas para o céu principalmente as que mais precisarem.

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Que Futuro Nestes apontamentos procuramos dizer da origem da capela de Nossa Senhora da Estrela, das romarias nos séculos passados e um pouco do presente; e que podemos dizer do seu futuro? É que todas as coisas têm o seu princípio, o seu meio e também o seu fim. E o que poderemos dizer do futuro de Nossa Senhora da Estrela? Certamente tudo depende. O culto a Nossa Senhora certamente há-de continuar sempre ao longo dos tempos; quanto à frequência das romarias, isso depende da evolução desse mesmo tempo e da vontade das pessoas e do ambiente religioso. É que a população em redor tem diminuído drasticamente, além de que as preocupações da vida e os divertimentos da juventude por vezes dão oportunidade para esquecer os costumes antigos. Por outro lado, uma vez que o Largo do Terreiro tem sido bastante frequentado pelos comerciantes ambulantes, tem dado ocasião a que muitas pessoas juntem o útil ao agradável e aproveitem para cumprir a tradição das romarias e comprem aquilo que mais lhes convém... Assim as pessoas continuarão a acorrer ali no dia da grande romaria, ou seja no Domingo da Ascenção e isto em grande número e também ali continuarão a ir nos outros dois dias, ou seja, na antiga quinta-feira da Ascenção e na segunda-feira do Espírito Santo; para alémm disso, um outro dia que está a ser costume de ir ali consagrar as crianças, é de âmbito mais reduzido e isso depende mais dos habitantes dos vários lugares da freguesia e sobretudo das famílias das crianças e outras pessoas interessadas. Para além disto que é tradicional e habitual, também pode haver e há pessoas que ali aparecem por uma questão de turismo, até ver 70


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mal explorado, por uma questão menos digna, até por motivos de convívio, almoçando ou merendando, para disfrutar as belas vistas panorâmicas diurnas e nocturnas em dias e noites limpas... Quanto às romarias acima enumeradas, elas vão manter-se ainda por muitos anos até porque são realizadas no mês de Maio (mês de Nossa Senhora) e por serem muito tradicionais. E isto mesmo que a população vá diminuindo... 71


E a terminar .... um Testamento Pero Saro da Cunha cujos restos mortais se encontram ao centro da Igreja Matriz de Redinha tem a sua história que merece ser conhecida até por um testamento feito a seu favor no Alto de Nossa Senhora da Estrela. Pero Saro da Cunha era filho de Pero Martins Saro e de Catarina Gaspar e era casado com Da Madalena VasconcelosAmado do Caso, ligada a famílias de Pereira do Campo. Da casa de Pero Saro da Cunha que viveu na Quinta de Ourão descendem os AMADOS, os Matos Mascarenhas de Mancelos, os Viscondes de DEgracias, os Ramalhos Pimentéis de Almeida de Condeixa, os Barões de Almeirim, os Matosos da Quinta de Ourão, os Nápoles de Soure... Pero Saro da Cunha tinha grandes bens tanto em Ourão como em Redinha os quais foram acrescentados com uma grande herança de seus tios Francisco Mateus e Maria Gaspar, sem filhos herdeiros, com um testamento que parcialmente passamos a citar: “Saibam quantos este público instrumento de testamento aberto e cédula ou codicilo de última vontade mais valer e força haja de ter, e, virem, que no ano de nascimento de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO de mil seiscentos e dezasseis, aos dois dias do mês de Setembro do dito ano, a CRUZ junto a NOSSA SENHORA da ESTRELA, à vista de Degracias no caminho público, no termo do RABAÇAL, ai perante mim, tabelião e testemunhas adiante nomeadas, apareceram presentes Francisco Mateus e sua mulher Maria Gaspar, moradores

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em Condeixa, termo da cidade de Coimbra, pessoas conhecidas de mim tabelião e das testemunhas e logo por eles ambos e cada um de per si foi dito a mim tabelião em presença das testemunhas, que eles eram velhos e as vidas curtas e não sabiam quando Nosso Senhor os queria levar da vida presente e por terem a morte por ser uma coisa natural, porém a sua hora incerta, eles desejarem pôr as suas almas no caminho e carreira da salvação para cujo efeito ordenavam o seu testamento.........” O testamento continua, mas com este início ficamos a saber várias coisas: • Em 1616 já existia a capela que tinha a sua importância pois ali ao lado havia moradores e até por ali se faziam testamentos; • No alto havia uma cruz a qual desapareceu posteriormente; ou uma guerra ou qualquer malvadez ou até por qualquer desleixo; Concluimos, a propósito, que lá fica bem aquela CRUZ iluminada que nos últimos anos lá foi colocada, precisamente por cima da Capela, a qual é iluminada e pode ser vista de longe. Ficou cara porque foi multada... mas valeu a pena...


Apêndice Festas e dias dedicados a Nossa Senhora 1 de Janeiro Santa Maria Mãe de Deus. 11 de Fevereiro Nossa Senhora de Lourdes em França. 13 de Maio Nossa Senhora de Fátima. 31 de Maio Visitação da Virgem Santa Maria a sua prima Isabel. Sábado a seguir ao Imaculado Coração da Virgem Santa Maria. segundo Domingo de Pentecostes 16 de Julho Nossa Senhora do Carmo. 15 de Agosto Assunção de Nossa Senhora. 8 de Setembro Natividade de Nossa Senhora. 12 de Setembro Santíssimo Nome de Maria. 15 de Setembro Nossa Senhora das Dores. 7 de Outubro Nossa Senhora do Rosário. 21 de Novembro Apresentação de Nossa Senhora. 8 de Dezembro Imaculada Conceição.


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Alguns Santuários da Diocese de Coimbra Rainha Santa em Santa Clara Coimbra Senhor da Serra Semide – Miranda do Corvo Santa Eufémia Mouronho – Tábua Nossa Senhora da Guia Avelar – Ansião Nossa Senhora do Mont’Alto Arganil Nossa Senhora da Piedade Lousã Nossa Senhora da Piedade de Tábuas Miranda do Corvo Nossa Senhora das Preces Aldeia das Dez Nossa Senhora da Tocha Tocha – Cantanhede Nossa Senhora do Círculo Furadouro – Condeixa-a-Nova Nossa Senhora da Estrela Redinha – Pombal

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Mistérios do Terço a) Gozosos: 1º – A Anunciação do Anjo Gabriel a Nossa Senhora. 2º – Visita de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel. 3º – O Nascimento de Jesus no Presépio de Belém. 4º – Apresentação de Jesus no Templo e a Purificação de Nossa Senhora. 5º – A perda e o encontro de Jesus no Templo discutindo com os doutores da Lei. b) Luminosos: 1º – O Baptismo de Jesus. 2º – Auto-revelação de Jesus nas Bodas de Canã. 3º – O anúncio do Reino de Deus e o convite à conversão. 4º – A transfiguração de Jesus em Tabor. 5º – A instituição da Eucaristia. c) Dolorosos: 1º – A agonia de Jesus no Horto. 2º – Flagelação de Jesus preso à coluna no pretório de Pilatos. 3º – A coroação de espinhos. 4º – Jesus a caminho do Calvário com a Cruz às costas. 5º – Crucificação e morte de Jesus no alto do Calvário. d) Gloriosos: 1º – A Ressurreição de Jesus. 2º – A Ascenção de Jesus ao Céu. 3º – A descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Nossa Senhora reunidos no Cenáculo. 4º – A Assunção de Nossa Senhora ao Céu. 5º – A coroação de Nossa Senhora como Rainha dos Anjos e dos homens. 77


Final O Anjo aproximou-se dela e disse-lhe: “Eu te saúdo, ó escolhida de Deus. O Senhor está contigo” (Luc. 1, 28)”. Isabel ficou Cheia do Espírito Santo e disse em voz alta: “Abençoada és tu mais que todas as mulheres e abençoado é o Filho que de ti há-de nascer” (Luc. 1, 41-42)”.

Cântico:

Ave, Virgem Santa Estrela que nos guia Ave, Mãe de Deus Ó Virgem Maria.

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AV NOSSA SENHORA DA ESTRELA PARA OS PEREGRINOS A PÉ DE PROMESSA A NOSSA SENHORA DA ESTRELA

“AGOSTINHO M ROSA” DE POIOS. 30-4-1997


romarias Quinta-feira de Ascensão Domingo de Ascensão Segunda-feira do Espírito Santo, ou seja, o dia a seguir ao Domingo de Pentecostes

Nestes três dias há Eucaristia sem horário fixo

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Atlântico

Nossa Senhora da Estrela de

Coimbra

Oceano

Santuário de Nossa Senhora da Estrela Leiria

Barreiras

Agudos

Carramanha Arroteia Montais Galiana Fonte da Rainha

EN

1

A1

Marco do Sul

IC2

Poios | Redinha

IP1

Santuário de Nossa Senhora da Estrela

Santuário

Redinha

Alvito

Outeiro da Forca

Nossa Senhora da Estrela continua a ser a Estrela que guia toda a humanidade.

Santuário de Nossa Senhora da Estrela Bernardos Boavista

Poios Caruncho Anços

Covão das Favas


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