2010 Relatório Sumário
5 Novembro
Seminário Internacional
Biodiversidade um valor com futuro Comissão Técnica:
Ana Luísa Forte (ICNB) Helena Ceia (ICNB) Nuno Gaspar de Oliveira (Ecology Made Real)
Abreviaturas:
Brisa – Auto-estradas de Portugal EDP - Energias de Portugal gPS - grupo Portucel Soporcel ICNB - Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade IUCN – International Union for Conservation of Nature SDC - Sair da Casca (Consultoria em Desenvolvimento Sustentável) TEEB - The Economics of Ecosystems and Biodiversity UNEP – United Nations Environmental Program IBAT – Integrated Biodiversity Assessment Tool BBOP – Business and Biodiversity Offset Program ISEAL Alliance
Edição: grupo Portucel Soporcel Coordenação: Departamento de Imagem e Comunicação Institucional - dicom@portucelsoporcel.com Produção: RCL - Vânia Cunha Fotografia: Rui Cunha, excepto as assinaladas: gPS - Arquivo do grupo Portucel Soporcel JPF - Joaquim Pedro Ferreira Design Gráfico: RCL - Dulce Soares lima 1ª Edição - Setembro 2011
Índice 4 Nota Introdutória 6 Programa do Seminário 7 Análise de Conteúdos 8 Sessão de Abertura: António Serrano, Ministro da Agricultura 10 Pavan Sukhdev, TEEB/UNEP: O valor Económico dos Ecossistemas e da Biodiversidade 12 Shulamit Alony, European B&B Platform/IUCN: Novas Prespectivas para o Business & Biodiversity na Europa 14 Mesa Redonda: Biodiversidade e Conservação na Prática 16 Nathalie Ballan, Sair da Casca: Educação Ambiental e Ecoempreendedorismo 18 Henrique Pereira dos Santos, Independente: Biodiversidade e Incêndios Florestais: Conflito ou Oportunidade? 20 Mesa Redonda: Balanço da Iniciativa ‘Business & Biodiversity’ em Portugal 22 Sessão de Encerramento: Humberto Rosa, Secretaria de Estado do Ambiente 23 Observações Finais
Nota
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Introdutória “There is no business left to do on a dead Planet”, numa tradução livre, podemos entender esta frase como “não há nenhum negócio a fazer num planeta morto”. Com esta frase, David Brower, o fundador do Sierra Club, uma das mais activas ONGA dos Estados Unidos da América, ditava uma tendência clara para uma lógica de empreendedorismo orientado para a sustentabilidade. Ou seja, começava a ficar claro que os melhores negócios seriam aqueles que produziriam um trade-off entre o valor de capital natural utilizado e o output em termos de benefícios sociais e ambientais alicerçados numa perspectiva de economia forte, contudo suficientemente lábil e dinâmica para evoluir e marcar tendências de futuro. E este é o caminho do futuro, conhecer melhor o real valor do capital natural para que esse valor promova os negócios que apostem na sustentabilidade e em novos modelos de desenvolvimento social mais justos e harmoniosos e que possibilite a descoberta de novas perspectivas financeiras estruturantes que possam manter e conservar o planeta ou, ainda mais ambicioso, contribua activamente para a sua melhoria. O lucro tem claramente o seu lugar, enquanto componente fundamental da geração de riqueza, mas só teremos empresas verdadeir0amente geradoras de riqueza se os seus modelos de negócio contemplarem adequadamente as perspectivas de estabilidade e segurança social e de conservação e valorização dos recursos naturais e valores ecológicos. Desde 1992 que temos um termo que define em duas palavras o que está escrito nesta nota: “Desenvolvimento Sustentável”.
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E este seminário foi sobre Desenvolvimento Sustentável. Empresas de múltiplos sectores, não só ligadas à floresta e ao território, já despertaram para a importância estratégica de adoptar conceitos da ‘Economia da Biodiversidade e dos Ecossistemas’ ao nível do âmago do seu modelo de negócios, pois os riscos de não o fazerem são demasiado
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grandes para não serem contemplados, do mesmo modo que cada vez um número maior de investidores considera inaceitável que a empresa não estude, considere e contemple as oportunidades e benefícios de seguir por este caminho. E que caminho será este afinal? Esta foi uma das muitas questões levantadas durante o ‘Seminário Internacional 2010 – Biodiversidade: Um Valor com Futuro’ e, graças à qualidade e excelência dos oradores e participantes, conseguimos obter algumas respostas… e novas perguntas.
Programa do
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Seminário
O seminário realizou-se no dia 5 de Novembro de 2010, no Hotel Ritz, em Lisboa, e teve início com uma mensagem de boas vindas por parte do presidente do Conselho de Administração do grupo Portucel Soporcel, Pedro Queiroz Pereira, neste caso representado por José Honório, CEO do grupo Portucel Soporcel. A abertura oficial do seminário deu-se com a apresentação efectuada pelo Ministro da Agricultura António Serrano. Seguiu-se a apresentação dos dois oradores da parte da manhã: Pavan Sukhdev (coordenador do estudo TEEB e do programa ‘Green Economy Initiative’ da UNEP) com o tema “O valor económico dos ecossistemas e da biodiversidade” e Shulamit Alony (ex-executiva do programa Countdown 2010, actualmente IUCN) sobre “Novas perspectivas para o Business & Biodiversity na Europa”. A mesa redonda da manhã foi centrada no tema “Biodiversidade e conservação na prática”, tendo sido moderada pelo jornalista Ricardo Garcia (Jornal ‘O Público’) e contou com a participação de Alexandra Silva (Secil), Susana Fonseca (Quercus), Luís Silva (WWF Mediterrâneo), Alfredo Cunhal Sendim (Herdade do Freixo do Meio) e Paula Guimarães (grupo Portucel Soporcel). A sessão da tarde contou com dois oradores: Nathalie Ballan (Sair da Casca) com o tema “Educação ambiental e Ecoempreendedorismo” e Henrique Pereira dos Santos (consultor independente) com o tema “Biodiversidade e incêndios florestais – conflito ou oportunidade”. A mesa redonda da tarde debateu o tema “Balanço da Iniciativa Business & Biodiversity em Portugal”, foi moderada pelo jornalista Manuel Meneses e contou com António Mexia (EDP), Vasco de Mello (Brisa), Tito Rosa (ICNB) e José Honório (gPS). O fecho do seminário coube a Humberto Rosa, Secretário de Estado do Ambiente.
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Análise de Conteúdos Diagrama de Interpretação
De forma a resumir as palestras e debates, foi construído um diagrama de interpretação de conteúdos com base num encadeamento lógico de ideias e propostas, de acordo com o seguinte esquema:
Fig. 1: Esquema geral do Diagrama de Interpretação O Diagrama de Interpretação permite uma arrumação lógica e encadeada do desenvolvimento do discurso, sendo centrado preferencialmente numa problemática (p.e., economia) em vez de focar num instrumento concreto (p.e., preço). JPF
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Sessão de Abertura António Serrano Ministro da Agricultura
Enquanto representante máximo do Ministério da Agricultura, Pescas e Desenvolvimento Rural, António Serrano focou-se essencialmente na abordagem sistemática da questão do funcionamento de uma economia agro-florestal alicerçada na interpretação do valor da biodiversidade e serviços dos ecossistemas e sua internalização sob a forma de mecanismos compensatórios e regulamentação de procedimentos. Focou igualmente a importância de 2011 ser o Ano Internacional das Florestas, referindo que Portugal está particularmente empenhado em reforçar a nível nacional e internacional o papel multifuncional das Florestas e serviços ecológicos e sociais associados, para além de reforçar a visão de um cluster florestal, conforme previsto já desde 1994, embora existam limitações e obstáculos para o seu maior e mais perfeito desenvolvimento.
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Fig. 2: Diagrama de Interpretação da sessão de abertura, apresentada pelo Ministro da Agricultura, António Serrano.
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O valor económico dos
ecossistemas e da biodiversidade Pavan Sukhdev TEEB/UNEP
Fig. 3: Diagrama de Interpretação da apresentação de Pavan Sukhdev. Nota: Sobre a ‘Green Economy Initiative’ ver www.unep.org/greeneconomy/
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Pavan Sukhdev, economista de formação, com décadas de experiência, tem sido figura de proa do progresso feito nos últimos dois anos nos processos de atribuição de valor económico da Biodiversidade, bem como das potencialidades que o tema tem para o crescimento e sustentabilidade das economias globais, nacionais e das empresas. É o coordenador da equipa de trabalho que produziu a série de relatórios ‘TEEB – The Economics of Ecosystems and Biodiversity’, que têm como objectivo avaliar os custos globais da perda de biodiversidade e compará-los com os custos da conservação. O TEEB incentiva os decisores políticos e empresariais a incluírem nas suas estratégias de investimento o valor dos serviços prestados pela biodiversidade. É o resultado do envolvimento de mais de 500 parceiros, 60 instituições, 8 países.
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Novas perspectivas para o Business & Biodiversity na Europa Shulamit Alony
European B&B Platform/IUCN Shulamit Alony foi durante 4 anos a segunda responsável do programa ‘Countdown 2010’, exercendo funções como coordenadora da pasta ‘Business & Biodiversity’, projecto que visa promover parcerias entre empresas e ONG. Em 2010 torna-se a coordenadora principal de um projecto da Comissão Europeia destinado a criar e gerir uma plataforma europeia de ‘B&B’, a qual associa empresas de seis sectores - agricultura, agroalimentar, indústria extractiva, floresta, finanças e turismo - constituindo uma oportunidade de disseminar as melhores práticas.
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Fig. 4: Diagrama de Interpretação da apresentação de Shulamit Alony.
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Mesa Redonda
Biodiversidade e Conservação na Prática
Fig. 5: Diagrama de Interpretação da dinâmica de grupo, onde participaram Alexandra Silva, Alfredo Cunhal Sendim, Luís Silva, Paula Guimarães e Susana Fonseca, sob moderação de Ricardo Garcia.
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E na prática, o que é que se faz, como funciona e quais os aspectos mais complicados de conservar e valorizar a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas? Este foi o tema central de um debate animado, interactivo no verdadeiro sentido e sabiamente guiado tendo sido um espaço de demonstração das práticas de empresas e organizações em prol da biodiversidade e sua relação com a sua actividade empresarial. Na mesa dominava a visão agro-florestal, sem contudo nunca perder a perspectiva do papel dos mercados e do consumidor sobre a escolha de bens e serviços que garantissem a sustentabilidade integral da cadeia de valor. Em termos de equilíbrio entre a visão dos produtores privados e das organizações não-governamentais foi mantida uma dinâmica que criava espaço para a resposta e a apresentação mais extensiva das problemáticas associadas à economia da biodiversidade e ecossistemas, sem contudo se perder a coerência na explicação dos casos práticos que cada um dos intervenientes pôde explanar.
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Educação ambiental e ecoempreendedorismo Nathalie Ballan Sair da Casca Nathalie Ballan é uma das fundadoras da consultora ‘Sair da Casca’, uma das primeiras em Portugal a pegar de forma organizada e estruturada no tema da sustentabilidade, principalmente por via de projectos de comunicação, educação e sensibilização para as causas sociais e ambientais. O principal eixo de orientação da sua apresentação foi a temática da educação escolar ligada ao (eco) empreendedorismo, abordando pontos mais sensíveis dos curricula escolares, particularmente as fragilidades de interpretação do que é a floresta e do que deve ser o papel do sector privado em relação às mesmas.
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Fig. 6: Diagrama de Interpretação da apresentação de Nathalie Balan.
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Biodiversidade
e incêndios florestais: conflito ou oportunidade? Henrique Pereira dos Santos Independente Henrique Pereira dos Santos, consultor independente na área da gestão da biodiversidade foi um dos principais responsáveis pela implementação da iniciativa nacional de “B&B” e esteve ligado, de modo directo e indirecto, a inúmeros projectos de conservação de biodiversidade em áreas naturais. Apresentou uma perspectiva original sobre a temática do fogo.
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Fig. 7: Diagrama de Interpretação da apresentação de Henrique Pereira dos Santos.
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Mesa Redonda
Balanço da Iniciativa ‘Business & Biodiversity’ em Portugal A Iniciativa “Business and Biodiversity” – B&B – é uma iniciativa da União Europeia lançada em Portugal em 2007, no âmbito da presidência europeia, tendo sido promovida pelo Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade, I. P. (ICNB, I.P). Portugal foi pioneiro por apresentar a primeira plataforma de empresas com protocolos assinados com uma entidade coordenadora para a implementação de estratégias de desenvolvimento e projectos práticos destinados à interpretação e integração da biodiversidade no ‘core business’ das empresas. Nesta mesa foram ouvidos testemunhos dos responsáveis máximos de empresas aderentes à Iniciativa e da entidade promotora, que se centraram na sustentabilidade como factor de sucesso no negócio, no imperativo da integração da biodiversidade nos sistemas de gestão das empresas e na importância de mostrar o que se faz por uma questão de credibilidade. Foi amplamente discutido que é um paradoxo aparente que as restrições ambientais constituam um entrave ao negócio devendo, pelo contrário, ser encarado como uma oportunidade.
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Fig. 8: Diagrama de Interpretação da dinâmica de grupo, onde participaram António Mexia, José Honório, Tito Rosa e Vasco de Mello sob moderação de Manuel Meneses.
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Sessão de
Encerramento Humberto Rosa
Secretaria de Estado do Ambiente A abordagem de Humberto Rosa foi centrada no futuro imediato, mantendo o seu racional centralizado no que devem ser as grandes metas a 10 e 40 anos para Portugal, a Europa e o Mundo.
Fig. 9: Diagrama de Interpretação da sessão de encerramento, apresentada pelo Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa.
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Observações Finais A principal conclusão que se poderá retirar deste seminário será: A Biodiversidade tem um valor, e esse valor não só não é zero como é tendencialmente crescente. Mas está ainda por saber que valor é esse, como se mede, como se gera e como se cria riqueza com base nesse valor. Os riscos associados à falta de conhecimento do papel da biodiversidade nas empresas e vice-versa vão-se tornando crescentemente intoleráveis e, eventualmente, poderão atingir custos dramáticos. Foi transversal a todos os painéis e mesas redondas o reconhecimento de que a biodiversidade começa a ser internalizada na gestão empresarial e a sua prossecução depende do nível de interligação entre todos os intervenientes bem como de uma melhor comunicação.
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