Caderno 02 - Poética de Neuza Ladeira

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POÉTICA NEUZA LADEIRA

Caderno Virtual 02

Caderno virtual 02 - é o resultado da copilação de versos e pinturas postados no pela poeta e artista visual Neuza Ladeira. Período de 07/11/2010 à 05/02/2011 - parte 02

REDE CATITU CULTURAL



POÉTICA NEUZA LADEIRA

02 1ª edição Belo Horizonte Outono de 2012

REDE CATITU CULTURAL


Ladeira, Neuza Poética / Neuza Ladeira. Belo Horizonte: Rede Catitu Cultural, 2012. 68 p. 1. Poesia brasileira. 1. Título. ISBN - AINDA NÃO REGISTRADO C

Neuza Ladeira

Poética Ilustração - Projeto Gráfico: Marco Llobus / Fotos: Elias e Píndaro Lutero 1º Edição Rede Catitu Cultural Série - Os Azuis digitais Revisão: XXXXXXXXXXXXXXXX Coordenação: Marco Llobus e Neuza Ladeira Todos os direitos reservados.

REDE CATITU CULTURAL 2012


Prefácio Um navegante de primeira viagem ao ler essa obra poderia se prender a alguma acidez, mas a leveza se faz nas formas, cores e materiais que compõem as imagens expressivas e oníricas dos textos e pinturas. A forma e palavra se mesclam. Não há antagonismo. É um jogo de linguagens em conjunções mosaicas, propondo sabores aos sentidos e experimentações que nos são mui próximas. Há também, uma ironia, por vezes, ceticismo. Neuza Ladeira não se contenta numa via de mão única. A lucidez de seu verso e a liberdade de seu traço é um convite ao participativo. Metáforas desenham passados, mas também remetem a uma esperança. E de sua lupa, ou de óculos, sugere-nos sempre, um pezinho atrás na relação ao humano. Mesmo assim, é um caderno que sobrepõe a esperança. Códigos morais perpassam em todos os movimentos, não uma rígida moral, mas sim sábia, ciente das limitações, sendo esta, uma constante entre a relatividade desse universo das mutações. Em suas pré-ocupações com o futuro surge à mulher, o humano, e o seu carinho com o outro, com a sua espécie e com a vida. Aí, ela nos surpreende trazendo as alegorias de uma alegria, uma fanfarra, tecida em nosso popular, os trejeitos de um Brasil brasileiro. Um conjunto que conjura a sapiência decifrando os códigos, cores, formas e a palavra. Uma observância ao social; um holos, entre espírito do natural e a realidade do artificial. Com sutileza evoca amores, paixões e o segredo feminino em sua própria natureza; menina mulher, mãe, esposa e senhora de uma peculiar história. Contempla o silêncio entre as distâncias, pede calma e serenidade ao espírito, convidativa, nos eleva “a insustentável leveza” de todas as coisas. E o traço vem - rompe, em segredo e movimento. Tudo é mutável no reino de chronos, apenas ele, o senhor, é imutável. E é por onde ela expressa sua eteriedade - forma e sentimentos. Em contraposições, movimentos, expansão e recolhimento, aspiração e inspiração: a vida. O coração e corpo, a temperatura e o tom. Versos e pinturas distribuídos dia a dia na rede social e, clama a poeta – concordâncias. Assim como o uivo busca a sua semelhança, ela reencontra em ecos compartilhados nos gestos e frases consoantes – sonoras ou gráficas - e nestas intercessões reverbera o espelho das paridades. Conjura a beleza das diversidades e nos convoca responsabilidade frente ao direito a diferença. E sobre as águas destes mistérios reflete as complexidades da vida - interação, cosmogonia e suas representações, a natureza em seus belíssimos arranjos. E ela realinha, descreve, suas imagéticas percepções. Ciência de quem se reconhece num prumo ou mesmo em sua própria solidez – nau dessa vivência. E se por algum momento lhe for sugerida a solidão ou um certo distanciamento, descontentamento, saiba: navegas apenas pelas profundezas de uma introspecção – o fundo, onde aflora a poética – emergindo marolas do cotidiano, e o desperto é a alma da poeta.

Marco Llobus


estĂĄ tudo bem nĂŁo ĂŠ hora de tempestade despe-se dos pensamentos duvidosos aceite a realidade


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na jangada o flutuante no mar o azul na porta a memória febril na fonte a sede morta 7 de novembro de 2010 às 14:30 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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O Brasil não é o país do futuro e sim do agora Somos nós que temos que instruí-lo O mundo infantil é angustiante. Pense companheiro no recalque geme do equívoco Grite moleque nos sonhos 11 de novembro de 2010 às 04:03 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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o oráculo nos conta o destino saber viver a própria vida sem enganos 13 de novembro de 2010 às 18:09 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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na caverna de aladim pulando corda num céu azul deslumbrante corro atrás das almas primavera. 19 de novembro de 2010 às 09:30 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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escuto o povo do sertão que nunca desafina pensa sempre com saudade sabe da felicidade. 25 de novembro de 2010 às 05:17 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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jogar o verso na alma do mundo 02 de dezembro de 2010 às 17:30 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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a mulher a moça a menina mais uma vez apunhaladas os atos se repetindo neste corredor do altar vi o despojar da sexta a nona solidão 16 de dezembro de 2010 às 05:48 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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os cotovelos apóiam a preguiça voluptuosa espreguiça o seu esquecimento no bocejo 23 de dezembro de 2010 às 04:15 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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allegro aquele cântico cantado pelo bico do passarinho soa sempre canto que encanta os campos soam cânticos quânticos cantei e cantarei o cântico quântico que encanta quem canta o canto dos passarinhos 25 de dezembro de 2010 às 07:36 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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no retrato o menino naquele campo vermelho de papoulas sonhando na crescente lua beber vinho em companhia da sombra. 26 de dezembro de 2010 às 19:17 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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imaginamos nossa vida monótona, invejamos a daqueles que achamos não ser. esquecemos que é nossa imaginação monótona sonhando com a não monotonia do outro nestas falsas impressões, tentamos destruir no outro o que já se encontra destruído em nós. 28 de dezembro de 2010 às 13:04 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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pensar em você meu amor ao som do violino que viaja os arredores de meu corpo ansiosa por suas mãos vem depressa querida abranda os meus anseios juvenis que se despendem afaga a minha ânsia de querer vem meu amor enquanto acesa estou. 29 de dezembro de 2010 às 06:11 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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cidadania casulo de leis tecendo a seda imantada de nossa consciência 03 de janeiro às 05:53 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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cabeça de vento por onde andas pena levada onde estás semente voando onde ficas 04 de janeiro às 06:01 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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tempo instantâneo no alto daquela montanha tocava a flauta na montanha inexistente tocava a flauta nessa música incessante que atormenta a alma dos errantes traz para a terra uma verdade o universo é uma pérola brilhante 07 de janeiro às 04:51 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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mona lisa avisa ao sorrir que as coisas não são tão engraçadas quanto parece leonardo sonhou nos olhos do mar sou maria julieta ora uma ora outra anoitecendo e pronta para sonhar 10 de janeiro às 06:32 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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choramos ao nascer por não saber onde estamos aquele túnel nos leva a abandonar a água e abraçar ao ar há muito deixou de ser tigre hoje é gente 12 de janeiro às 05:28 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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tudo de comum acordo na idéia no desassossego na baixa estima era uma encadernação de carne ficando já passada se sentia avançada todos que com ela conviviam queriam acrescentar um nó ou dar um laço foi assim passando a linha tecendo o ponto 14 de janeiro às 17:50 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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Aquilo tão latente está adormecido e não se pode nada fazer Talvez a saudade fique grande, mas a distancia também Não sei para onde a outra se foi A que ficou é adormecida 16 de janeiro às 17:45 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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Aquele passar das horas Aquela graciosidade juvenil Café com bolo e conversas de chocolate Aquele falar maroto sem compromisso O corriqueiro no instante de abobrinhas Em bocas frescas de mulheres no café da tarde. 18 de janeiro às 06:05 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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aquele amor ensinou-me que um verso vem do coração é sentimento sem escape uma entrega sem apoio aquele beijo foi estonteante por segundos se sentiu desfalecer era uma química de corpos unidade absoluta de pele tudo se encaixava antes mesmo de abraçar o amado já por ele derretida estava era imagem sensação magia lençóis amarfanhados paixão 20 de janeiro às 16:25 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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estamos sempre no incessante movimento da roda na rota 22 de janeiro às 15:47 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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numa procura sombras e impressões de intuição e magia abrem caminhos essenciais à verdade 25 de janeiro às 17:41 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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recolheu-se aos braços da montanha mesmo confusa encontrou trilhas no mar não tinha remos navegava à deriva 27 de janeiro às 04:57 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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o algodoeiro e finas flores amarelas o delicado o macio o imaculado limpador de faces e feridas acompanhante de assepsias manto de corpos desnudos 30 de janeiro às 05:44 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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bico de pena dedos teclados no bico da pena não tem pena nos dedos do teclado tudo minado 31 de janeiro às 18:15 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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saudade oculta do palpável tristeza profunda do insondável 02 de fevereiro às 05:02 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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mulheres sem rostos tiranias dos véus. 02 de fevereiro às 07:21 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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ai como me lembro bem de você minha ama que afagava a menina alva dizendo que o som do gongo está vivo se o tocarmos regularmente. 04 de fevereiro às 06:08 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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sei que além mar morou foi mandarim agora o que faz ruma! 05 de fevereiro às 05:12 POÉTICA NEUZA LADEIRA

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fim parte 02



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