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3. REFERENCIALTEÓRICO-METODOLÓGICO

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2. APRESENTAÇÃO

2. APRESENTAÇÃO

o mais escondido possível e manter o posicionamento de que tudo é normal. O consumismo e o lucro são fatores importantes a serem levados em consideração nesse caso. Provavelmente uma informação que alguém não quer que seja divulgada por achar prejudicial, precisa ser divulgada em benefício de outras pessoas.

REFERENCIALTEÓRICO-METODOLÓGICO

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As redes sociais têm a capacidade de nos trazer vantagens extraordinárias, mas também pode nos prender em uma bolha onde só enxergamos o que queremos enxergar. Assim, logicamente o que é bom nos fará bem, mas o que for ruim nos fará mal na mesma medida. O problema é não conseguir ver com clareza como tais conteúdos podem afetar de forma negativa nossas vidas. O Instagram, além de uma rede de compartilhamento de fotos e vídeos, se tornou uma potente ferramenta para diversos trabalhos, os chamados “influencers digitais” tem se aproveitado disso para aumentarem o seu engajamento social, sendo assim, muitas vezes divulgam serviços e marcas aos quais na realidade eles nem usam ou mal conhecem, tanto para lucrar em dinheiro como para adquirir mais seguidores. É muito fácil criar uma vida invejável através do Instagram, ter um corpo lindo e uma saúde mental ótima, mas nem tudo é o que parece, as aparências expostas nessa rede têm feito com que pessoas queiram se modificar para encaixar-se no padrão da perfeição como algo imprescindível para a vida. O consumo desenfreado desse tipo de conteúdo tem deixado as pessoas doentes e cada vez mais sedentas por aparências inalcançáveis, isso piora quando tudo parece fácil e comum, quando na realidade não é.

O espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível. Sua única mensagem é ‘o que aparece é bom, o que é bom aparece’ . A atitude que ele exige por princípio é aquela aceitação passiva que, na verdade, ele já obteve na medida em que aparece sem réplica, pelo seu monopólio da aparência. (DEBORD, 2007. p 17) Apesar de tantas contas dispostas a alimentarem essa ilusão, também há as que tentam deixar claro que a vida perfeita realmente não existe, dando voz e visualização para as vidas reais. Um exemplo disso é o Instagram Movimento Corpo Livre, fundado

pela jornalista, ativista e influenciadora Alexandra Gurgel. A conta se tornou um movimento de aceitação, tanto de corpos, quanto de sexualidade, deficiências, entre outros. Este é só um dos muitos perfis criados para tentar manter os usuários dentro da realidade apesar de toda a pressão estética e social. Para Martino (2014, p. 43) boa parte das informações que as pessoas recebem diariamente em aplicativos e redes sociais, não significam nada, são informações superficiais, isso gera uma ansiedade constante em busca de mais. Por isso que, quanto mais vemos produtos de beleza, por exemplo, mais queremos ver e mais desejamos comprar. Acontece o mesmo com a ilusão dos corpos transformados esteticamente para nos fazer buscar uma perfeição compulsória. A normalização dessas mudanças vai muito além de gênero, mas infelizmente ainda percebemos que as mulheres permanecem firmemente sendo o centro das atenções na questão da busca incessante por essas aparências surreais. Talvez a explicação para isso seja que, a figura feminina sempre esteve na posição de servir a sociedade, e a beleza seja sua característica mais exaltada apesar de tantas outras formas e qualidades a serem levadas em consideração, como aponta o artigo científico escrito e orientado por mulheres, “as mulheres ignoram a dor em função da vaidade. Ao longo dos tempos escravizaram o corpo de acordo com os padrões” (SHMIDTT; OLIVEIRA; GALLAS, p. 9). Sendo assim, o que podemos perceber, é que existe sim uma indústria lucrando cada dia mais com toda essa busca incansável por beleza e que claramente não está preocupada com nada além de mais visibilidade e retorno financeiro, e que o Instagram tem sido utilizado também para promover e ajudar mesmo que indiretamente essa indústria. O aumento de cirurgias estéticas é visível, mas mais do que isso, o desenvolvimento e aumento de transtornos relacionados à aparência também tendem a crescer. É importante saber filtrar o que realmente nos faz bem dentro das redes sociais, não é saudável viver de comparações e ultrapassar limites para alimentar um psicológico adoecido pela pressão da beleza. Além do mais, estamos sempre com a sensação de que nunca estaremos satisfeitos com o que vemos, sempre buscaremos outras formas, outros métodos e outros meios de mudarmos, vivemos em uma constante espera do que virá a seguir para nos fazer repensar tudo o que acreditamos e ter vontade de seguir mais um fluxo do que é considerado bonito, mesmo que esteja fora de alcance,

mesmo que seja apenas para pensar como gostaríamos de ser daquela forma, de ter condições de realizar uma ou mais uma alteração em nosso corpo. Acabamos sempre voltando a nos imaginar vivendo a vida de outra pessoa. Precisamos falar e deixar muito claro que não é aconselhável seguir todos os tipo de sugestões de influenciadores, famosos, ou qualquer pessoa que, por sua vez, tenta passar a imagem de vida perfeita, como se tudo fosse fácil e tranquilo. Muitas vezes, algumas dessas situações realmente parecem fáceis de serem resolvidas, mas é só mais uma prova de como a internet pode ser ilusória e até perigosa. Esses pequenos problemas podem acabar se agravando, além de gerar cada vez mais frustrações, por isso, o recomendado é sempre procurar um profissional para uma conversa franca e aberta, esse espaço vai ser um lugar seguro para encontrar a ajuda que precisa de forma real e correta. A jornalista Alexandra Gurgel foi uma, entre milhares de pessoas que se viram reféns do espelho desde muito nova, em seu primeiro livro ela descreve com sua própria experiência como esses distúrbios de aparência se iniciam, apesar de ser uma época diferente, com o acesso a internet começando a ficar mais conhecido, podemos perceber que fazer de tudo para possuir uma aparência dentro do falso padrão estipulado pela sociedade é algo banalizado a tanto tempo, que chega se enraizar, muda nossos pensamentos e nos adoece sem que percebamos. A internet e as redes sociais só se tornaram fatores potencializadores desses problemas, um lugar onde tudo ganha força e uma importância assustadora. Apesar de ser um assunto delicado, hoje em dia tem-se falado mais abertamente sobre transtornos alimentares e transtornos de imagem, muitas pessoas que viveram e conviveram com isso estão buscando maneiras de compartilhar suas histórias para que outras pessoas que se identifiquem com o sinais possam procurar ajuda o quanto antes, além de ajudar outras pessoas, dividir esses momentos podem trazer sensação de alívio por ter deixado momentos tão difíceis para trás ou uma rede de apoio para possíveis recaídas. Quando nos damos conta de que desejar tão intensamente mudar a nossa aparência e que muitas vezes, fomos até induzidos a sermos insatisfeitos com cada mínimo detalhe nosso, entendemos que a busca pela aparência perfeita pode realmente mexer com a nossa cabeça, nos levando a um caminho muito mais sombrio do que

somente ter vontade de fazer alguma cirurgia ou usar alguns aplicativos de reparo em fotos. De repente, nos vemos procurando maneiras de comprovar que estamos no caminho certo ao estarmos infelizes com o que vemos, e é aí que as redes sociais entram novamente como ferramentas que podem prejudicar ainda mais uma pessoa com pensamentos como este. Além de seguir pessoas que pensam da mesma forma, há quem procure grupos que alimentam ainda mais esses problemas, tipo de situação que pode tomar uma proporção mais perigosa do que podemos imaginar..

Meu primeiro contato com o Google me fez pesquisar artigos sobre emagrecimento, e logo caí em sites e blogs sobre Ana e Mia, apelidos de dois distúrbios alimentares, anorexia e bulimia, respectivamente. Tentei praticar tudo que ensinavam ali, formas de parar de comer, dicas de como evitar se alimentar em público ou jogar fora a comida, de só mastigar e depois cuspir, maneiras simples de vomitar, exercícios extenuantes… ” (GURGEL,2018, p 12) Algumas das vezes só nos damos conta de que as coisas estão fugindo do controle quando a grande mídia expõe planos de mudanças que deram errado, como aplicações de produtos proibidos no corpo, o que pode acabar deformando a área aplicada, também há os inúmeros casos de lipoaspiração em clínicas clandestinas, as milhares de mudanças estéticas realizadas em lugares sem procedência ou com valores de mercado muito baixo, incontáveis situações que acabaram com o finais nada felizes. Será que acabamos normalizando morrer em mesas de cirurgia em busca dessa beleza inalcançável? Esse é mais um assunto para o qual as redes sociais abriu espaço de fala, em casos como este, as redes entram como aliadas no compartilhamento de informações e experiências. Muitos famosos e influenciadores têm contado como suas cirurgias deram errado, ou como se arrependeram e resolveram voltar atrás em procedimentos como harmonização facial e prótese de silicone. Mulheres afirmam que a escolha pelo explante da prótese mamária, por exemplo, tem como motivo principal a restauração da saúde, já que muitas vezes após colocado, elas sentiram problemas como baixa imunidade constante, aumento da ansiedade, cansaço excessivo, alterações no humor, entre muitos outros sintomas, esses problemas, inclusive, ganharam o nome de Doença do Silicone. A prática de remoção se tornou tão comum que já é possível encontrar Instagrans e blogs que abordam o assunto com informações importantes para quem

ainda estiver em dúvida sobre fazer ou não o procedimento, além de compartilhar experiências. Importante nos posicionarmos em relação às falsas informações que podem chegar aos usuários dessas redes sociais, a visibilidade do corpo perfeito é tão forte no Instagram que fica fácil acreditar nas ilusórias cirurgias perfeitas, procedimentos que não apresentam risco e fará a pessoa muito feliz, quando essa pode não ser a realidade. As propagandas, as divulgações e postagens deixam muito a desejar quando o assunto é a verdade por trás das campanhas cheias de corpos bonitos. Enquanto quem está vendo se pergunta o que fazer para ter aquela imagem, por trás sabemos que além das cirurgias, há os famosos retoques de Photoshop. Se sabemos disso, por que ainda continuamos acreditando e buscando aparências irreais? Provavelmente porque a vontade de ser assim é tão grande que nos deixa cegos para o que é real. Assim, acabamos acreditando em dietas milagrosas, cirurgias de recuperação ultra rápida, resultados perfeitos ou ainda, desenvolver uma relação obsessiva com próprio corpo, onde o limite é o ápice da exaustão por realização de muito exercício físico e pouca alimentação. O processo de aceitação da própria imagem é árduo, se livrar do impulso de se comparar a outras vidas é difícil, é uma mudança que necessita de muita dedicação e paciência. Depois de tanto tempo submersos nessas ilusões que somos encorajados a acreditar que é real, a desintoxicação é lenta. Precisamos mudar o conteúdo que consumimos, precisamos voltar a acreditar em pessoas e vidas reais, aprendermos a nos aceitar e sermos felizes do nosso jeito. Isso não quer dizer que a pessoa que se aceita como ela é, é feliz sempre, ninguém é, por mais que o Instagram tente nos convencer do contrário. Há pessoas sendo acusadas de romantizar a obesidade, simplesmente por aceitarem o seu corpo como ele é, enquanto por outro lado também há as que são acusadas de incentivar a anorexia por serem magras demais. Precisamos nos questionar até que ponto fomos influenciados a criticar tudo tão desenfreadamente, por que nunca nada está bom? Por que temos tanta dificuldade em aceitar que somos todos diferentes? De algum modo se tornou comum comentar e criticar os corpos alheios, projetar expectativas e frustrações em outras pessoas como se tudo isso fosse normal. O grande problema é que uma rede social como o Instagram, por exemplo, deixa de ser um lugar

agradável onde as pessoas compartilham momentos de sua vida, para se tornar um ambiente tóxico e agressivo com pessoas que escondem esse tipo de violência atrás de opinião, além de já ser um espaço que vive em plena competição sobre quem tem a melhor vida, a melhor aparência, quem engaja mais, etc. Por fim, com tanto o que se falar e entender, temos como objetivo nesse projeto usar a comunicação como forma de transparecer informações que muitas vezes estão obscurecidas pela persuasão dessa rede.

Propomos que cabe ao jornalismo da rádio, neste momento de nova transformação, tomar proveito das circunstâncias de produção e circulação de informação em rede para propor uma nova experiência midiatizada de escuta (EME), que surja como contraponto. (FERRAZ, GAMBARO, 2020, p. 7) O podcast como mídia radiofônica pode, assim como o rádio ao vivo, gerar um de longo alcance, porém com a privilegiabilidade de chegar a pessoas de todos os lugares em qualquer momento do seu dia, facilitando e gerando assim uma maior cobertura de ouvintes. Essa mídia acabou ganhando um espaço imenso nos últimos tempos, tornando-a assim, um meio mais fácil e rápido dessas informações chegarem a quem realmente precisa. Assim como as plataformas musicais, de acordo com Luiz e Assis (2010, p. 7), “os podcasts devem estar disponíveis publicamente na internet e facilmente acessíveis, pois uma das principais características do podcasting é a liberdade oferecida para o ouvinte”. As pessoas gostam de ter o poder de controlar o que vão ouvir, esse é o diferencial do ao vivo, que já tem pauta preestabelecida com assuntos rotineiros do próprio programa.

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