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5. REFERÊNCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

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4. APESENTAÇÃO

4. APESENTAÇÃO

É importante ressaltar que grande parte da imagem vem da ideia errada que o dito ocidente, inventou do “oriente”, cujas nações desenvolvidas, ou consideradas de primeiro mundo difundiram através das mídias e com uma necessidade de ter um inimigo, que geralmente é o “outro” (SAID, 2007). Um outro fator que colabora para a construção desta ideia é a imagem criada dos chineses nos séculos passados “adjetivos como “fracos”, “indolentes”, “depravados”, “narcotizados pelo próprio ópio” somavam-se a acusação de que essa raça traria "decadência física e degradação moral” da raça brasileira.” (DEZEM, 2005, p.75).

O objetivo desta pesquisa é analisar se esses discursos pré-existentes relacionados à Ásia e aos chineses influenciaram em algum grau um possível discurso preconceituoso contra os amarelos nas matérias jornalísticas da Folha de S. Paulo (um veículo de renome e centenário no Brasil), já que os amarelos estão no Brasil há muitos anos e se essas matérias de fato emitiram indiretamente esse discurso.

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REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

Em suas obras/ensaios, Stuart Hall pensa o que é a diáspora e sua influencia nos locais onde elas se estabelecem. O autor faz um paralelo com os caribenhos que se mudaram para a Inglaterra e da ressignificação e da miscelânea cultural que toma a cultura popular, não apenas entre os seres diaspóricos e seus descendentes, mas entre a todos que estão ocupando essa nova dita sociedade inglesa, que já tem seu berço uma mistura europeia de povos. “Nossas sociedades são compostas não de um, mas de muitos povos. Suas origens não são únicas, mas diversas” (HALL, 2015, p.33)

A música dancehall é hoje uma forma musical diaspórica incorporada-uma das várias músicas negras que conquistam os corações de alguns garotos brancos “quero-ser” de Londres (isto é, “quero-ser negro”!), que falam uma mistura pobre de patois de Trench Town, hip-hop nova-iorquino e inglês do leste de Londres, e para os quais o “estilo negro” é simplesmente o equivalente simbólico de um moderno prestígio urbano (HALL, 2015, p.41).

A fala de Hall pode ser interpretada para o contexto do Brasil, que se encaixa neste contexto de cultura híbrida, com “manias culturais” herdadas de países leste-asiáticos, desde a culinária até os fenômenos culturais, como por exemplo os animes, que são animações japonesas e a recente explosão o K-pop, música popular coreana. Os fenômenos culturais com

raízes diaspóricas fizeram e fazem sucesso na comunidade como um todo, não apenas com pessoas amarelas. Mas como o próprio Stuart Hall cita, pode ser que não tenha um final feliz, já que os Estados ( Europa e América do Norte) tradicionais sabem que esse tipo de mistura é um sinal de alerta, já que possivelmente seu “império” está sob ameaça. Com o alerta ligado em relação essas “culturas” surgem novamente um preconceito énico, cultural e racial e que inferioriza o “outro”, com estigmas antigos; o que gera uma busca por justiça na minoria afetada e um sentimento de exclusão Hall (2015, p.51). “Aquele povo que está na civilização ocidental, que cresceu nela, mas que foi obrigado a se sentir e de fato se sente fora dela, tem uma compreensão única sobre sua sociedade.” (JAMES apud HALL, 2015, p.53) A ideia deste “outro” neste contexto está relacionada à ideia de “orientalismo” apresentada por Edward W. Said, que apresenta o Oriente que pessoas ocidentais conhecem em um conceito inventado por imperialistas como um lugar de seres inferiores, bárbaros que não tem civilidade, de uma região estranha e misteriosa. o “Oriente” seria uma oposição a Europa na cabeça de indivíduos ocidentais; ou seja pode ser interpretado como um discurso imperialista (e nestes casos entra o Estados Unidos), já que propaga a ideia de “libertar” os seres orientais (SAID, 2007, p.16 e 17). Said tornou o “orientalismo” uma disciplina acadêmica, na qual ele defende que não é possível compreender sobre uma ótica pós-iluminista ocidental e que muito menos se compreende pela demonização da mídia imperialista, que costuma julgar os “orientais” como terroristas, seres exóticos que são dotados de tais tipos de violência. Mas Said não exclui a culpabilidade do Ocidente (falando de países imperialistas) que constituiu esse sistema que difere esse “oriental” e o subjuga.

O orientalismo, portanto, não é uma visionária fantasia europeia sobre o Oriente, mas um corpo elaborado de teoria e prática em que, por muitas gerações, tem-se feito um considerável investimento material. O investimento continuado criou o Orientalismo como um sistema de conhecimento sobre o Oriente, uma rede aceita para filtrar o Oriente na consciência ocidental, assim como o mesmo investimento multiplicou - na verdade, tornou verdadeiramente produtivas - as afirmações que transitam do Orientalismo para a cultura geral (SAID, 2007, p.33-34).

Esse sistema que surgiu tornou mais fácil culpabilizar o outro já que o que se do Oriente, onde entra a Ásia, é em sua maioria o discurso que países imperialistas e superiores querem vender, vale lembrar que neste contexto o Brasil não entra como um criador do orientalismo, mas sim como um país que reverbera este contexto, não só com os asiáticos marrons, mas também com asiáticos amarelos. Ao referir-se ao outro como diferente e criar uma série de

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