![](https://static.isu.pub/fe/default-story-images/news.jpg?width=720&quality=85%2C50)
5 minute read
APRESENTAÇÃO
Para fins de análise, esta pesquisa baseia-se no objeto de estudo o podcast “123 Segundos” produzido pela BandNews FM. Um podcast com três boletins diários, elaborados pelos jornalistas Sandro Badaró e Helen Braun, que exploram diferentes temáticas diárias em apenas 123 segundos.
APRESENTAÇÃO
Advertisement
Segundo o historiador marxista, Eric Hobsbawn, o aparecimento do rádio como um terceiro veículo de massa – antes o jornal impresso e cinema – era inteiramente novo e sofisticado, que se baseava sobretudo na propriedade privada, e restringia-se aos países desenvolvidos da época (1995). Entretanto, diferente dos veículos elencados acima, o rádio não exigiu de seu receptor a alfabetização. Essa característica, portanto, fez com que o rádio cumprisse com facilidade a sua função de rápida circulação de informação, sendo um importante instrumento de disseminação de notícia – e mais tarde de ideologia política – em que “noção de disseminação é comumente interpretada como equivalente à de difusão, ou mesmo de divulgação” (CONTI, 2003, p.26). Para Ciro Marcondes Filho (2009, p.85) a indústria informativa não atua sozinha na divulgação de suas ideologias, mas com grandes forças econômicas e sociais que dão voz aos conglomerados econômicos ou grupos políticos que pretendem afirmar publicamente suas opiniões.
Notícia é a informação transformada em mercadoria, com todos os seus apelos estéticos, emocionais e sensacionais; para isso, a informação sofre um tratamento que a adapta às normas mercadológicas de generalização, padronização, simplificação e negação do subjetivismo. Além do mais, ela é um meio de manipulação ideológica de grupos de poder social e uma forma de poder político. (MARCONDES,2009, p. 78) Por volta dos anos 2000, a tecnologia digital transformou o cenário das rádios possibilitando um som mais alto e potente. O rádio deixou de ser apenas um móvel na casa das pessoas e começou a acompanhar o ouvinte onde ele estivesse. Segundo Jung, o veículo que surgiu através de ondas hertzianas e do aparelho de transistor, em que o som é prioridade, já é passado. Nas convergências as mídias não desaparecem, somam-se e impõem desafios ao jornalista. Isso significa que não é apenas o formato da rádio que se modifica, mas obriga o jornalista de rádio a alterar o conteúdo que apresenta, e como apresenta. A CBN-Vitória e a
Guaíba são exemplos de emissoras que começaram a explorar recursos que vão muito além do
som.
O rádio caiu na rede mundial de computadores, e evoluiu. É o veículo que mais se beneficiou da internet, onde promoveu maior alcance, facilidade de acesso, e principalmente, não exigiu a atenção do internauta enquanto navega na internet. Diferente da televisão que exige uma atenção plena do telespectador. O rádio moderno com a chegada da internet quebrou barreiras de pensamentos ideológicos e religiosos, socializando a comunicação e democratizando a informação. A internet abriu possibilidades, fazendo coma que o rádio descentralizasse opiniões, permitindo a difusão de ideias, e abriu espaços para pensamentos que não eram permitidos ou encontrados nos meios de comunicação tradicionais, devido aos interesses econômicos e políticos de cada era que o rádio atravessou. Portanto, “vista dessa maneira, a internet democratiza a comunicação, aumenta a concorrência e permite que grupos minoritários encontrem espaço para divulgar ideias” (JUNG, 2011, p.76). Já o podcast é resultado da crescente ascensão das tecnologias em diversos campos, e também na Comunicação, produzindo assim, uma forma complementar do fazer jornalístico. Essa terminologia nasce através da junção do prefixo “pod”, oriundo de Ipod (uma linha de reprodutores de mídias portáteis, considerado como uma espécie de “Iphone simplificado”, fabricado pela empresa estadunidense Apple Computer), com o sufixo “casting” originado da expressão “broadcasting”, método de transferência massiva de informações aos receptores de forma simultânea.
O grande “boom” do podcast foi entre 2004 e 2005, e seu surgimento está vinculado a chamada web 2.0, conceito este que abrange a troca de informações e colaboração dos internautas através de sites e serviços virtuais. Segundo pesquisadores, o primeiro podcast no Brasil, foi o Digital Minds, de Danilo Medeiros, criado em 20 de outubro de 2004. O podcast abordava assuntos relacionados a tecnologia, ciência, música e cultura. Neste sentido, segundo Paludo e Roseira, podemos classificar podcast da seguinte maneira:
O podcast é assim um sistema de produção e difusão de arquivos sonoros que que guardam similitudes com o formato dos programas de rádio. O sistema funciona da seguinte forma: com um computador doméstico equipado com um microfone e softwares de edição e som, o usuário grava um programa (sobre o que quiser), salva como arquivo de som (MP3, por exemplo) e depois torna-o disponível em sites que são indexados em agregadores RSS4 (PALUDO e ROSEIRA apud LEMOS, 2005, online)
Essa pesquisa possui como temática o rádio e podcast jornalísticos, tal como suas trajetórias até a Era Digital. Podemos evidenciar, nesta pesquisa, como o rádio permitiu ao ouvinte um pertencimento, mesmo com seu aparecimento primitivo do rádio em 1922 no Brasil. Para via de delimitação, pode-se destacar o podcast 123 segundos da rádio BandNews FM, de cunho nacional, tendo a cabeça de rede localizada na cidade de São Paulo-SP, em parceria com o Spotify. A escolha deste objeto de estudo deve-se ao fato atrativo em ter um podcast incorporado a uma rede brasileira de emissoras de rádio FM com jornalismo 24 horas
no ar.
Em sua forma teórica, essa pesquisa busca responder a seguinte pergunta: O que muda na história da Comunicação, e consequentemente, em uma mídia tradicional como o rádio, o aparecimento do podcast? Na tentativa de redarguir a pergunta problema elencada anteriormente, foi desempenhado uma análise via entrevista do objeto de estudo, o podcast 123 segundos, que possui em suas características básicas, todo o seu conteúdo de cunho jornalístico, responsável por toda a sua produção, possuindo obrigatoriamente 123 segundos, que explora uma linguagem simples, clara e objetiva, porém, sendo caracterizada como uma linguagem coloquial, sem vulgaridade. O podcast 123 segundos surgiu através de uma parceria com o Spotify, que procurou em empresas de Comunicação a produção de conteúdo, uma delas a BandNews FM. O podcast 123 segundos completou no ar, um ano, dia 19 de outubro de 2021. Através de reuniões, conversas e testes, surgiu o podcast piloto da rádio BandNews FM, e ficou no processo de testes por cerca de dois meses. A formatação atual é bem diferente daquela encontrada anteriormente. Como destaca o jornalista e coordenador de redação, Sandro Badaró:
É um processo recente. E recente que eu digo é de dois anos para cá que as empresas de Comunicação estão investindo em outras mídias. Vou citar o exemplo da BandNews FM, nós já temos algum tempo que entramos no mercado de podcast. Você começa, testa, e verifica o que funciona. As empresas têm feito isso, e hoje é difícil imaginar uma empresa que não faça. Conseguimos acertar um formato que os ouvintes gostaram, e têm dado certo. (BADARÓ,2021)7
7 Entrevista concedida à autora – 25/10/2021