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REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

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APRESENTAÇÃO

APRESENTAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo. Ano 2021.

seus programas já permanecem gravados nesta plataforma. Portanto, outra hipótese seria a melhor divulgação dos programas da rádio no próprio YouTube, verificando também a aceitação do público do meio radiofônico em comparação com o meio audiovisual e streaming.

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REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

Um dos mais famosos, queridos e importantes meios de comunicação entre os brasileiros, o Rádio é também o precursor da comunicação em terras tupiniquins e foi o principal veículo da mídia no país até meados do século passado (XX), quando a televisão surgiu e começou a ganhar força. Além de pioneiro e “clássico”, o Radio não é apenas um meio sonoro. Trata-se também de um veículo de grande raiz acústica, que possui uma história riquíssima e em constante construção, reconstrução e transformação, assim como a vida das pessoas em meio à globalização e seus avanços tecnológicos. Vale ressaltar e lembrar que:

No Brasil, o rádio nasce do ponto de vista da tecnologia com Landell de Moura e se estabelece como veículo de comunicação de massa com Roquette Pinto, mas é por possuir uma capacidade intensa de fazer aflorar sentidos que ele ainda se mantém como o grande veículo de comunicação do país (RÊGO, 2020, p.12).

Além disso, o Rádio foi essencial no desenvolvimento da comunicação desde os seus primórdios e, consequentemente, na expansão da educação e na divulgação das mais variadas formas de cultura mundo a fora. Quanto a esse aspecto, Luiz (2014, p.37) afirma o seguinte:

O rádio proporcionou a primeira experiência maciça de implosão eletrônica, a reversão da direção e do sentido da civilização ocidental letrada. (...) As sociedades altamente letradas, que há muito subordinam a vida familiar à ênfase individualista nos negócios e na política, tem conseguido absorver e neutralizar a implosão do radio sem revolução.

Hoje em dia vemos que parte do rádio (a moderna, via internet) está nos sites, nos aplicativos para dispositivos móveis, nas redes sociais e nos inovadores e cada vez mais consolidados podcasts. A outra parte (a tradicional e clássica) segue na antena de transmissão, nos carros, nas casas em geral, nos radinhos de pilha, nos walkmans, nos discmans e também instalados nos celulares, sejam eles antigos ou os atuais smartphones. Portanto, é possível defini-lo como um veículo de comunicação múltiplo. E seja qual for a sua forma de transmissão, ele continua muito presente no cotidiano das pessoas, acompanhando as mudanças sociais ocorridas ao longo do tempo e também as demandas de notícias, dos mais

variados assuntos.

Rêgo (2020, p.12) ainda constata que:

O rádio, então, não é somente um meio de comunicação de um tempo presente e entre presentes, o rádio é uma correia de tradicionalidades (Ricoeur, 2010) que nos permite diferentes modos de aquisição da experiência (Koselleck, 2014), exatamente porque consegue estabelecer vínculos comunicativos que extrapolam a rígida tridimensionalidade temporal.

O rádio possui diversas identidades e muita representatividade. Ele reflete o coletivo, não o individualismo do locutor. Não se trata de uma voz solta ao vento, que entra por um ouvido das pessoas e sai pelo outro. É uma linguagem oral que abraça os sujeitos e não somente através das técnicas de quem fala, mas também de como se fala e de com quem se dialoga ou de quem apenas ouve a conversa.

“Nesse contexto, o rádio contemporâneo reflete a sociedade do fenômeno ‘multi’, ou seja, múltiplas plataformas, múltiplos conteúdos, múltiplas funções, etc.” (SILVEIRA, SACCOL, MOREIRA, GONÇALVES & MARTINS, 2020, p.83), o que mostra também a grande capacidade de transformação e de adaptação às evoluções que este veículo possui.

Em relação às transmissões de jogos de futebol e aos programas de debates esportivos (área de atuação do objeto de estudo escolhido para esse Projeto de Pesquisa), o Rádio é, de fato, o meio de comunicação pioneiro. Em 1931, no campo da Floresta (primeira sede do São Paulo Futebol Clube), às margens do Rio Tietê, uma equipe da Rádio Educadora Paulista, liderada por Nicolau Tuma e que chegara de táxi ao local, realizou a primeira transmissão futebolística do rádio brasileiro. Encontra-se destacado no livro “Fiori Gigliotti: o locutor da torcida brasileira”, a épica fala de Tuma, que assim narrou: “Senhores ouvintes, estamos com microfones instalados no campo,

não mais para dar notícias – uma a uma –, mas para acompanhar todas as emoções da

partida entre paulistas e paranaenses.”. Na mesma obra, os autores relatamo seguinte: Posteriormente, o locutor orientou os ouvintes para que imaginassem estar diante de uma caixa de fósforos, na qual os paulistas estivessem de um lado e os paranaenses de outro. Até aquele instante, as informações de uma partida de futebol eram passadas por um locutor que estivesse no palco do teatro da emissora ou em um estúdio. Basicamente eram informados, em pílulas, os gols, o resultado parcial e o placar final do jogo. Tudo mudaria após aquela histórica transmissão. Tuma relatou in loco e simultaneamente toda a história da partida. O sucesso foi tamanho que o formato virou padrão e outras emissoras passaram a transmitir o futebol ao vivo. O confronto entre as seleções de São Paulo e Paraná terminou 6 x 4 para os paulistas (BETING &

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ROGÉRIO, 2019, p.27).

Em pouco tempo e aliado ao futebol, o rádio e suas transmissões esportivas foram caindo no gosto dos brasileiros. Segundo Motta (2012, p.18):

Rádio e futebol ganharam popularidade até chegarem ao status de paixões nacionais:o primeiro foi a principal mídia eletrônica até meados do século XX, presente em todas as casas das mais diversas classes sociais; já o último é, até hoje, o esporte mais popular no país, praticado, assistido e comentado por milhões de brasileiros.

Com o passar dos anos, os avanços tecnológicos obrigaram a implantação de inovações e de certas “modernidades” nas transmissões futebolísticas no Rádio. Era necessário se reinventar, mas sem perder a característica lúdica que esse meio de comunicação possuidesde sempre. A partir disso, Schetini(2006, p.31 e 32) afirma que:

Os desafios impostos para que uma partida de futebol fosse narrada na íntegra, foram superados com muita criatividade e informação. Os repórteres sempre variavam informações para segurar audiência. Informações sobre a arquibancada, trânsito, plantão médico... Tudo com muito improviso e precisão contribuindo para aimaginação do ouvinte ir cada vez mais além das ondas do rádio.

As transformações no meio radiofônico não pararam por aí. Cada vez mais múltiplo e dinâmico, o rádio foi “invadido” pelas ferramentas altamente modernas e dinâmicas da era digital, em pleno século XXI. Dessa forma:

O “transbordamento” do rádio em transmissões esportivas nas mídias sociais se tornou realidade entre o final de 2015 e o início de 2016, quando sites como Twitter,Facebook e YouTube lançaram suas ferramentas de streaming, que é a tecnologia que permite a transmissão em tempo real de dados de áudio e vídeo pela internet (BALACÓ, 2019, p.6).

É por essas e outras que atualmente os ouvintes são muito mais do que meros espectadores ou amantes do veículo de comunicação Rádio, eles são participantes e com enorme interatividade e frequência, diga-se de passagem. A partir de então, o referencial metodológico deste trabalho teve início, após a conclusão de todo o seu levantamento bibliográfico e também documental. Primeiramente, com a busca de artigos, teses e dissertações na internet, além de alguns livros (preferencialmente, em edições físicas) relativos ao tema escolhido, a fim de embasar e estruturar ateoria do trabalho desde os seus primeiros passos (Projeto de Pesquisa). Logo depois, foi realizada uma entrevista informal com Fábio Augusto da Silva, Produtor do Programa “Esporte 9” (objeto de estudo do Projeto de Pesquisa, que vai ao ar de segunda à sexta, das 18:30 às 20:00 horas, na Rádio 9 de Julho [AM 1600 kHz]), através de

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chamada de vídeo no aplicativo WhatsApp. Nesta entrevista foi possível obter informações iniciais, porém primorosas, a respeito do programa a ser analisado e também de sua emissora como um todo. O Fábio Augusto também é Apresentador do programa dominical “Camisa 9”, outra atração da 9 de Julho. Através deste contato, foi possível agendar duas visitas técnicas à emissora (realizadas em Maio/2021), com o intuito de conhecer pessoalmente os estúdios onde os programas são apresentados e também de obter um panorama geral da linguagem e do roteiro utilizados, além da forma coma qual são transmitidas as notícias aos ouvintes, etc.

Feito isso, foi possível reunir os principais dados do programa “Esporte 9” e, aliadas a mais algumas transmissões assistidas pelo YouTube e a outras informações sobre a Rádio 9 de Julho, colhidas em seu site oficial, conclui-se o material para a apresentação do Seminário I (Individual).

Apresentado esse seminário individual, foram indicados e definidos (reajustados) os autores Lucio Luiz (com o livro “Reflexões sobre o Podcast”), Guaracy Carlos da Silveira (que ajudou a escrever o livro “Novas Linguagens do Rádio”) e Debora Cristina Lopez (coautora da obra “Rádio no Brasil: 100 Anos de História em (Re)Construção”) para os aspectos teóricos do então Projeto de Pesquisa.

A pesquisa geral, por sua vez, é qualitativa e também quantitativa, levando em conta a realização das pesquisas elaboradas para apurar as preferências dos ouvintes do “Esporte 9”, quanto aos assuntos abordados, quadros existentes e redes sociais utilizadas (ou que poderiam ser empregadas futura e hipoteticamente) no programa, obtendo valores percentuais para cada qualificação apresentada no questionário do Google Forms (voltado especificamente para os ouvintes do Programa “Esporte 9” (pesquisa netnográfica), elaborados e executados no 2º Semestre de 2021.

De suma importância para a conclusão deste trabalho foi o acompanhamento ao vivo do programa em duas oportunidades (nos dias 07/09 e 02/11), quando na primeira foi realizada a primorosa entrevista com o âncora do programa, o jornalista Alex Müller, no Feriado da Independência do Brasil. Não menos essenciais, foram outras duas entrevistas realizadas com o produtor Fábio Augusto (presencial e à distância) para a apuração de outras informações mais detalhadas e específicas.

Quanto ao método aplicado, trata-se da “Análise de conteúdo”, por ser empregado um conjunto de técnicas de análise das comunicações obtidas através do discurso do programa, uma vez que foram escolhidos para estudo, no mínimo, uma edição do “Esporte 9” por

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