RELATÓRIO ANUAL
REDE OBLATA BRASIL 2019
I N S T I T U TO DAS I R M ÃS O B L ATAS DO SANTÍSSIMO REDENTOR
“Às Oblatas toca ir cortando pouco a pouco, e só pouco a pouco , os fios com delicadeza, sem ferir a parte enferma, com carinho, com heroicidade e com paciencia” Madre Antonia
APRESENTAÇÃO O presente relatório é fruto das experiências vivenciadas pela Rede Oblata Brasil durante o ano de 2019. A Rede Oblata, integrada por suas Unidades, presentes em diferentes partes do país (Belo Horizonte/ MG; Juazeiro / BA; Salvador / BA; Santo Amaro / SP) esteve desenvolvendo suas ações junto às mulheres que exercem a prostituição, assegurando espaços de desenvolvimento humano e social, contribuindo para a prevenção da incidência e reincidência de violações de direitos e possibilitando condições de acesso à rede de serviços socioassistenciais. Através dessa atuação, foi possível impulsionar diferentes práticas que viessem a atender as distintas especificidades encontradas em cada realidade, com a consolidação de uma intervenção contextualizada. Assim, cada Unidade esteve desenvolvendo seu trabalho partindo de um planejamento anual, elaborado de maneira conjunta, contando com a participação e o envolvimento das suas equipes. Do mesmo modo, foram oferecidos espaços de supervisão e monitoramento, garantindo a verificação dos resultados obtidos no decorrer do ano. Dessa forma, estaremos apresentando os principais resultados alcançados em 2019, considerando os avanços e desafios apresentados neste período. Vale destacar que a compilação desses resultados contou com a contribuição de cada Unidade Oblata, onde através da análise dos seus registros, elaborou-se a sistematização dos dados resultantes de todo o trabalho.
FINANCIADORES Fundação Serra-Schönthal Contribuição Financeira aos Projetos Apostólicos (COFIPA) Instituto das Irmãs de Santa Cruz Sociedade Civil Casas de Educação (SCCE) das Religiosas do Sagrado Coração de Maria; Grupo de Religiosos Inseridos nos Meios Populares (GRIMPO)
Paróquia de São Pedro
REDE EM AÇÃO
NOSSA HISTÓRIA
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UNIDADES OBLATAS
08
14 19
ABORDADEM ACOLHIDA
SENSIBILIZAÇÃO
AVANÇOS DESAFIOS
22
23 24
05
NOSSA HISTÓRIA
INSTITUTO DAS IRMÃS OBLATAS DO SANTÍSSIMO REDENTOR
A Congregação das Irmãs Oblatas do Santíssimo
Redentor
nasceu
no
século XIX, na Espanha e chegou ao Brasil em 1935. Desde a sua origem, tem como prioridade o trabalho socioeducativo com mulheres que exercem
prostituição
e/ou
são
vítimas do tráfico para a exploração
sexual. No Brasil, essa experiência se
encontra presente em Belo Horizonte/ MG; Juazeiro / BA; Salvador / BA; Santo Amaro / SP.
Por essa razão, com o passar do tempo surgiram inquietações, tanto por parte das Irmãs Oblatas, quanto das equipes que atuavam em cada unidade. Tais inquietações se justificavam pela necessidade
de
uma
ação
transformadora
comum, que atendesse o contexto geral e as particularidades locais. Assim, em 2003, nasce a proposta de uma ação em
rede, articulada entre si. Dessa forma, foi sendo construído um processo metodológico com a participação de todas as
Nessa trajetória histórica de Missão
Oblata, por um considerável tempo, o
trabalho era realizado localmente em
pessoas envolvidas (irmãs, leigas/os e mulheres), de maneira dialógica e horizontal, constituindo assim a Rede Oblata.
cada unidade. Apesar de existir uma atuação consistente e inserida na realidade, toda experiência ainda se encontrava
limitada
aos
seus
processos locais, ou seja, se valorizava as “partes”, faltando maior atenção ao “conjunto”.
MISSÃO Animar, articular e promover o desenvolvimento humano e social das mulheres que exercem a prostituição, atuando no enfrentamento ao tráfico humano para fins de exploração sexual e sensibilizando a sociedade. Desde então, essa experiência vem acontecendo através de multiliderança, horizontalidade e na interdisciplinaridade na vida das agentes e de cada mulher. Essa articulação possibilita somar forças para dar respostas mais concretas às necessidades das mulheres que exercem a prostituição. A Rede se consolida na troca de informações, de saberes, de experiências,
na formação das equipes, na circulação de notícias e nas ações conjuntas. É um veículo de comunicação entre Irmãs Oblatas, leigas/os e sociedade civil. No Brasil, a Rede Oblata promove e desenvolve atividades formativas anuais com as equipes, campanhas, sensibilização da sociedade por meio de redes sociais, atividades em ruas e praças, organiza seminários com objetivo de dar visibilidade à realidade de vulnerabilidade e violação de direitos das mulheres que exercem a prostituição, reivindicando melhoria nas políticas públicas.
“A AUDÂCIA DO ESPÍRITO NOS IMPULSIONA A HABITAR NOVOS HORIZONTES”.
UNIDADES
DIÁLOGOS PELA LIBERDADE
O Projeto Diálogos pela Liberdade desenvolve seu trabalho há 38 anos no centro de
Belo Horizonte/MG, tradicional região de prostituição da cidade, onde existem cerca de trinta espaços para o exercício da prostituição, denominados hotéis de prostituição, conhecidos popularmente como zona ou sobe-desce. Apesar de o proxenetismo ser uma atividade ilegal, tais espaços possuem alvará de turismo para o funcionamento e contam com a conivência silenciosa dos órgãos
responsáveis
pela
fiscalização.
Embora a Prefeitura considere que cerca
de 3.000 mulheres exercem a prostituição na
região, dados extraoficiais colhidos a partir de nossa atuação, apontam um fluxo aproximado de 5.000 mulheres.. Diante dessa realidade, atuamos na defesa dos direitos humanos das mulheres que exercem a prostituição como forma de sobrevivência. Temos por finalidade, contribuir e apoiar a promoção humana e a melhoria das condições de vida destas pessoas, trabalhando no resgate de sua cidadania, fortalecendo sua autoestima, ampliando seu conhecimento sobre as questões sociais, de gênero, saúde, trabalho.
NOSSA EQUIPE Coordenadora Carolina Souza Paixão Assistente social Lucinete Santos Administradora Keila Cristina Ferreira da Silva Auxiliar de Serviços Gerais Fabiana Fernandes Educadoras Sociais Ir. Leonira Camata Ir Pilar Laria Ir. Alejandra Mancebo Ir. Luiza Pralon Ir. Priscila Fernandes Juliana Oliveira Psicóloga Isabel C. Brandão
24 pessoas
voluntárias
Em 2019, contamos com 24 voluntárias/os que colaboraram semanalmente em diferentes atividades (visitas a campo, acolhida, atividades formativas, lúdicas, dentre outras.)
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PASTORAL DA MULHER
PASTORAL DA MULHER
A Pastoral da Mulher atua há 41 anos junto às mulheres que exercem a prostiuição em Juazeiro/BA. Assim como nas demais Unidades Oblatas, tem o objetivo de promover
o
empoderamento
dessas
mulheres, fortalecendo a sua organização para defesa de direitos individuais e coletivos. Diante das experiências vivenciadas durante o ano de 2019, a Pastoral destaca que a conjuntura social, política e econômica do país trouxe certos desafios para a sua atuação, como o agravamento das situações
das necessidades básicas do público, além do aumento das vulnerabilidades no exercício da prostituição, tais como: programas mais baratos, violências e o uso de drogas. Outro fato em destaque se refere à redução de investimento na política pública de saúde, que resultou na falta de acesso aos procedimentos básicos. Porém, mesmo com as dificuldades decorrentes desse cenário, a instituição conseguiu prestar um serviço de qualidade, promovendo resultados
consistentes
à
realidade
das
mulheres atendidas. NOSSA EQUIPE
Destacamos que durante o ano contamos com a prestação de serviços da
psicóloga Miriam Duarte e da colaboração de duas pessoas voluntárias (01 médico e 01 enfermeira), no atendimento às mulheres durante os plantões de saúde realizados na sede da instituição.
Coordenação
Fernanda Maria Lins e Silva
Assistente Social
Anna Lícia Ferreira Brito Educadoras Sociais
Ana Paula Silva dos Santos Mônica Siqueira Cavalcante da Silva Railane Delmondes dos Santos
Assistente de Educadora Social Maria das Neves da Silva
Assistente Administrativo Financeiro Iana Joane de Oliveira Silva
Serviços Gerais
Janete Rodrigues da Silva Guimarães
Motorista
Josimar Fernandes da Cunha
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PASTORAL DA MULHER
PROJETO FORÇA FEMININA
O Projeto Força Feminina desenvolve há
19 anos em Salvador/BA uma ação social e educativa junto às mulheres que exercem a
1
prostituição e que se encontram em vulnerabilidade social. Em conformidade com as demais Unidades Oblatas, o Projeto busca promover a melhoria da qualidade de vida das mulheres. Por essa razão, ofereceu durante o ano atividades realizadas em sua sede, nos espaços de prostituição, na comunidade, na família e entorno. Para o Projeto, o ano de 2019 foi voltado para conquistas e muitos desafios, onde trouxe a oportunidade de trabalhar em conjunto e fortalecer a luta para enfrentar as violações de direitos e os desmontes das políticas públicas, devido a atual conjuntura política apresentada em todo o país.
NOSSA EQUIPE
Coordenação
Alessandra Nascimento Gomes Assistente administrativa financeira Rose Cristiane S. S. Barbosa
Assistente Social (03/2018 a 07/2019) Maira Rios Carvalho Rios
Assistente de Educadora Social Maria das Neves da Silva
Assistente social (Início 10/2019) Iracema Oliveira
Ir. Ana Paula de Assis Ir. Maria do Rosário V. Silva Ir. Marlene Bravo Ir. Maria Helena Braga Monitor
Valtemi Barreto Galdino
Auxiliar de educador social Rosilene da Silva Ferreira
Auxiliar Serviços gerais (até 12/2019) Renivalda Santos da Silva
Durante o ano de 2019, contamos com
03 voluntárias: Maelli Arálli (estudante de Psicologia); Maéli (psicóloga); Dom Sebastião e Frei Idário (teólogos).
PASTORAL DA MULHER
PROJETO ANTONIA
O Projeto Antonia realiza seu trabalho de intervenção social e acompanhamento às mulheres de baixa renda que estão em contexto de prostituição há 12 anos, na região de Santo Amaro/SP.
Dentre as ações prioritárias da instituição, se destaca a sensibilização social, que tem como finalidade mover a sociedade e seus diferentes grupos e instituições para essa realidade, criando uma rede de parcerias que possibilite responder de forma mais eficaz e qualificada as suas necessidades e problemáticas afins.
Em consonância com a Rede Oblata, o Projeto também prioriza uma ação planejada, e sistematizada, oferecendo uma intervenção socioeducativa, espiritual e política, visando o crescimento das mulheres, em consciência de suas condições de pessoas e cidadãs. NOSSA EQUIPE
Coordenação:
Aline Cristiane Rissardi
Assistente Social:
Brenda Barbosa da Silva Educadoras Sociais:
Fabiana Batista de Oliveira;
Ir. Lúcia Alves da Cunha Ir. Maria Glaussi Agrizzi; Em 2019 contamos com 03 voluntários: Dr. Fabio Carezzato, Yuri Nishijima Azevedo, Reine Rodrigues de Oliveira.
Ir. Marlene Bravo; Ir. Luiza Pralon Ir. Ivoni Grando Estagiárias:
;Bruna Pereira da Silva Paloma Cristine Sobral de M. Nunes Jucelina Gomes Rezende Maria José Rosada Wendy Yuen Tseng Hsieh Rafaela Barros Maria Valquíria de Oliveira Lima Jovem Aprendiz:
Ana Beatriz Celestino Prado.
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NOSSOS PROJETOS
DA ABORDAGEM À SENSIBILIZAÇÃO
SOCIAL
Dentre os projetos executados pelas Unidades Oblatas em 2019, destacamos a Abordagem, Acolhida e Sensibilização por considerá-los como ferramentas pedagógicas de aproximação junto às mulheres e suas realidades, bem como para a propagação da Missão Oblata na sociedade.
ABORDAGEM
Refere-se ao contato direto da Rede com as mulheres nos espaços de
e demais demandas ou necessidades que são apresentadas pelas mulheres.
prostituição. Através desse projeto são
Nosso objetivo, portanto, é contribuir de
realizadas atividades de informação e
forma interventiva, para a promoção da
orientação acerca do universo feminino
cidadania e garantia dos seus direitos.
Abordagens realizadas durante o ano em cada Unidade
Quantitativo dos locais visitados
1.576 1.356 Pastoral da Mulher
Diálogos pela Liberdade
1.457 1.540
Projeto Força Feminina
Projeto Antonia
5.929 TOTAL DE ABORDAGENS
DIÁLOGOS PELA LIBERDADE
20
Hotéis
24
Bares, orla, rua, Cine Privê Colombo na R. Chile
21
Praça, ruas, boates e privês
24
Bares, boate e posto de combustível
DESTAQUES
BELO HORIZONTE/MG
A crise econômica impactou muito o funcionamento dos espaços de prostituição da região aumentando a precarização e violação de direitos humanos; Houve um aumento significativo de mulheres muito jovens nos hotéis, inclusive com suspeita de adulteração de documentos para certificar maior idade; Várias mulheres relatam que está cada vez mais difícil pagar a diária e sobreviver na prostituição, inclusive com dificuldades para pagar a própria alimentação.
Para
superar
tais
dificuldades aumentam o tempo de permanência no hotel o que debilita sua saúde física e emocional.
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PASTORAL DA MULHER
prostituição como principal fonte de renda para sobrevivência. Todavia, não se nota entre elas o reconhecimento da atividade como profissão; Surgimento de mulheres cada vez mais jovens no exercício da prostituição;
JUAZEIRO/BA
DESTAQUES
A maior parte das mulheres tem a
Aumento do envolvimento das mulheres com o uso das drogas (lícitas e ilícitas); Mulheres
com
muitos
filhos,
expressando sérias dificuldades para a sobrevivência.
SALVADOR/BA
PROJETO FORÇA FEMININA
Comprometimento da saúde mental das mulheres
assistidas; Baixa escolaridade de mulheres com a faixa etária de 18 a 30 anos; A
rotatividade
das
mulheres
dificulta
o
espaços
de
acompanhamento dos seus processos; Higiene prostituição
insalubre
na
acarretando
maioria situações
dos
de
maiores
vulnerabilidades.
PROJETO ANTONIA
de pobreza. Durante as visitas, as mulheres têm solicitado orientações sobre onde conseguir cestas básicas e como realizar o cadastro para receber o bolsa família; Ao conversar com as novas mulheres, o discurso é que por não conseguirem outras possibilidades de sustento é que têm retomado/iniciado as atividades na prostituição; Observamos que as demandas das mulheres nas abordagens vêm se modificando e que essas mudanças estão associadas com o aumento da desigualdade social.
SANTO AMARO/SP
Aumento de mulheres iniciando a atuação na prostituição em razão da situação
Diante dos aspectos mencionados, cada Unidade Oblata ofereceu ações que viessem buscar medidas para a resolutividade de tais problemáticas. Dentre elas, podemos mencionar:
PROJETO DIÁLOGOS PELA LIBERDADE Deu-se continuidade ao projeto “Melhorando a Qualidade de Vida” (MQV). Este nasceu em 2018
como uma nova estratégia da abordagem social, tendo como objetivo levar os atendimentos aos hotéis visando melhorar a saúde física e emocional das mulheres. Através do MQV, em 2019 foi possível realizar:
1.147
atendimentos Assim podemos afirmar a ocorrência de resultados significativos e de transformação das suas realidades, especialmente no que se refere a saúde e prevenção.
PASTORAL DA MULHER
A
Pastoral
garantiu
a
construção
de
DIAGNÓSTICOS SOBRE A REALIDADE DAS
MULHERES, através dos registros e estudo das
áreas de prostituição.
Essas ações oportunizaram uma visão crítica e analítica sobre o contexto local, favorecendo intervenções coerentes com as necessidades apresentadas pelas mulheres. A dimensão formativa também promoveu espaços de construção do conhecimento das mulheres. Acreditamos que através desta, colaboramos para o processo de autonomia para a melhoria das suas condições. E a comunicação, por sua vez, proporcionou gradativamente mecanismos de propagação e sensibilização social sobre o contexto da prostituição, favorecendo condições para a redução do estigma que é enfrentado cotidianamente pelas mulheres.
PROJETO FORÇA FEMININA As formações “In loco” foram realizadas na maioria das casas de prostituição. Os/as educadores/as trabalharam os eixos temáticos, onde as mulheres foram estimuladas a participar das discussões oferecidas durante as visitas. Através
dessa
ação,
temos
promovido
espaços para escuta qualificada, que por consequência, desencadeia o acompanhamento individual partindo das demandas de cada mulher.
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mulheres participaram das formações Como resultado do processo de vinculação, algumas mulheres divulgaram o trabalho para outras e nos indicaram novas casas de prostituição.
PROJETO ANTONIA Neste ano, o Projeto teve enquanto prioridade a divulgação de informações sobre PREVENÇÃO COMBINADA PARA O ENFRENTAMENTO AO HIV/AIDS, especialmente comunicando às mulheres sobre a Profilaxia Pré-Exposição – PrEP, a Profilaxia Pós-Exposição – PEP, auto teste para o HIV/AIDS e ainda a testagem rápida para Sífilis, HIV e Hepatite B e C. Na região, existe o Centro de Testagem e Aconselhamento – CTA Santo Amaro, um dos serviços especializados na prevenção ao HIV. Através de uma ação em parceria, foram realizadas: capacitação da equipe do Projeto, retirada de insumos como preservativos, gel lubrificante, folders informativos e autoteste.
ACOLHIDA
A Acolhida diz respeito à ação de
empatia,
receptividade
para
cada
mulher que é assistida pela Rede
Oblata.
O projeto de Acolhida é
individual e/ou em grupo, possibilitando a realização de informações, orientações, encaminhamentos e acompanhamentos para os serviços socioassistencias.
realizado na sede de cada Unidade,
Durante o ano de 2019, apresentamos os
sendo um momento de escuta das
seguintes aspectos que se destacaram em
demandas das mulheres de maneira
cada Unidade.
DIÁLOGOS PELA LIBERDADE Aumento
na
busca
de
capacitação profissional, provavelmente impulsionada
pela
diminuição
dos
ganhos financeiros com o exercício da prostituição; Dificuldades cognitivas impedem a absorção dos conteúdos teóricos apresentados nos cursos, fazendo com que algumas mulheres desistam. Mesmo assim, temos buscado criar estratégias metodológicas para superação dessas limitações apresentadas pelas mulheres; Mulheres sinalizando certo desestímulo em buscar postos de trabalho em substituição à prostituição devido aos baixos salários oferecidos pelo mercado; Crescimento da escolaridade, representando a busca pela qualificação formativa e profissional, porém com pouco desenvolvimento das habilidades fundamentais (analfabetas funcionais); Aumento significativo do número de atendimentos de cuidado com a saúde (psicológico, massagem, auriculoterapia, encaminhamentos médicos e florais).
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PASTORAL DA MULHER Mulheres ampliando a visão crítica sobre suas realidades a partir dos espaços de rodas de conversas oferecidos na sede; Algumas mulheres expressando que a partir das informações adquiridas, passam a ter maior segurança para negociar os programas no que se refere à prevenção das infecções sexualmente transmissíveis; Mulheres iniciando debates em conjunto acerca do preconceito social e racial sobre as mulheres negras; Mulheres relatando melhoria nos hábitos diários, em busca de maior qualidade de vida através do tratamento auricular.
PROJETO FORÇA FEMININA
Mulheres percebem que a acolhida é um espaço de acesso onde a escuta sensível e qualificada supre suas demandas emergenciais,
mas
também
seu
crescimento pessoal; Mulheres
com
a
busca
do
autocuidado que reflete na autoestima; Mulheres trazem consigo o Sagrado que habitam em cada uma tornando o espaço de Espiritualidade momentos de riqueza interior e coletiva; Mulheres através de orientação das profissionais conseguem acessar serviços e/ou instituições governamentais e não governamentais,
além
de
multiplicar
informações às outras;
PROJETO ANTONIA
As mulheres veem o Projeto como
Através das orientações oferecidas
um espaço de referência e apoio para a
pela
resolução das suas necessidades. Do
conseguiram acessar seus direitos, como
mesmo modo, contam com a instituição
energia elétrica em sua residência, bilhete
para o fortalecimento da autoestima,
único, bolsa família, entre outros.
autonomia e protagonismo; Algumas
mulheres
instituição,
algumas
mulheres
Algumas mulheres apresentaram estiveram
resultados
de
superação
pessoal,
retomando os estudos, demonstrando o
tomando
interesse de continuar na busca por
romper situações de opressão e de
conhecimentos, estudos e leituras;
relacionamentos abusivos.
consciência
e
conseguindo
•
ATENDIMENTO NAS SEDES
2.226 7.482 Pastoral da Mulher
Diálogos pela Liberdade
Projeto Força Feminina
Projeto Antonia
1.968 1.567
13.243 TOTAL DE ATENDIMENTOS
SENSIBILIZAÇÃO/ADVOCACY O projeto de sensibilização/advocacy visa
ampliar o conhecimento público sobre a
realidade das mulheres que exercem a prostituição e/ou são vítimas do tráfico
para fins de exploração sexual. Do mesmo modo busca criar práticas políticas com a finalidade de influenciar o Poder Público nas ações que venham a atender a realidade das mulheres. Neste ano, apesar
do retrocesso político e todas as Unidades Oblatas conseguiram manter as participações nos espaços de controle social. A crise política trouxe maior abertura para colocarmos em pauta o tema da prostituição. Porém, percebemos que a atual conjuntura leva a um retrocesso ideológico que dificulta o diálogo sobre temas polêmicos e complexos como a nossa missão.
PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS
Diálogos pela Liberdade Aniversário do Projeto
Dialogando com os Parceiros Plenária do Conselho Municipal da Mulher
Pastoral da Mulher
Fortalecimento da parceria com o Centro de Penas Alternativas – CEAPA e a Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Projeto Força Feminina
Carnaval Social: Bloco dos Invisíveis -
“Sucateamento das Políticas Públicas” Seminário: “Feminismos e Prostituição:
Envolvimento e participação da Pastoral nas mobilizações sociais como forma de enfrentamento
aots
desmontes
e
retrocessos políticos vivenciados no país.
A Força da Mulher nos seus Espaços
Através da parceria com o CEAPA, obtivemos o
de Atuação”
recebimento de doações dos cumpridores de medidas judiciais, colaborando assim com certas despesas da instituição. Com a UNEB, destacamos o intercâmbio de estudantes italianos no campo da Psicologia, promovendo a troca de experiências e a divulgação da Missão Oblata a nível local e
Projeto Antonia
no exterior.
Participação na rádio Trianon AM 740 Fórum NPV – Núcleo de Prevenção à Violência
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AVANÇOS OBSERVADOS Assim como no ano anterior, verificamos que a Rede Oblata seguiu apresentando um crescimento nas áreas de comunicação, troca de vivências e saberes, na articulação, no fomento e no trabalho em rede. Nos últimos anos vem ganhando visibilidade no que se refere à luta e defesa da garantia de direi-
tos das mulheres que exercem a prostituição. Dessa forma, adota o desenvolvimento de ações
conjuntas, considerando desde a participação do seu público ao envolvimento de parceiros e colaboradores, tais como pessoas voluntárias, movimentos sociais e universidades. A partir dessa experiência de articulação, continua elaborando estratégias para superação das
necessidades apresentadas na realidade das mulheres, onde é possível identificar resultados significativos no tocante à propagação da missão Oblata. Diante das experiências de comunicação vivenciadas no decorrer do ano, consideramos que tais iniciativas abriram novas portas para debates sobre o tema da prostituição e possibilitaram o processo de conhecimento e sensibilização social.
DESAFIOS DESAFIOS Com relação aos desafios e observando a conjuntura atual, não se identifica mudanças
significativas, se comparado com a realidade do ano anterior. Apesar de todo investimento no campo da comunicação, ainda nos deparamos com a existência do estigma em relação
às mulheres que exercem a prostituição, que na maioria das vezes se encontra representado numa expressiva desaprovação e/ou julgamento social. Fica em evidência a presença de um pensa-
mento conservador acerca da prostituição,
fator que demanda para toda rede maior cautela em relação a algumas práticas inerentes ao trabalho, como: publicações sobre o contexto, distribuição de preservativos e outros. Constatamos ainda a desarticulação política
dos espaços de controle social, a exemplo dos Conselhos, fóruns e plenárias.
Toda essa situação pode ser considerada como reflexo do retrocesso da democracia no atual governo.
Sobre as situações de adoecimento físico
e psíquico das mulheres, identificamos o aumento dos casos. Do mesmo modo, a
dificuldade de encaminhamentos para os
equipamentos de atendimento. Outro fato em destaque se refere ao aumento do número de mulheres na prostituição em razão da pobreza, que por sua vez termina colocando-as em risco de segurança e proteção. Essa realidade se configura de maneira complexa e ao mesmo preocupante, exigindo de toda Rede Oblata ações que venham reivindicar junto ao poder público o fortalecimento e implementação de Políticas Públicas eficazes e eficientes no enfrentamento de tal problemática.
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W W W . O B L ATA S S R . O R G R E D E O B L ATA B R A S I L