MinC/CNPq
Pesquisa “Territórios Criativos e Inclusão Produtiva - Estudo de caso do entorno do Estádio do Maracanã” Relatório Final Dezembro de 2014
Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro – Instituto de Economia Grupo
de
Pesquisa:
LARES/Laboratório
de
Responsabilidade
Social
e
Sustentabilidade. Coordenadora/Líder de Pesquisa: Dra. Dália Maimon Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3643885957747198 Endereço: Av. Pasteur n° 250 - Instituto de Economia - sala 132, Urca, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 22290-240. Telefones: (21)3873-5288, (21) 3852-5259. E-mail: lares@ie.ufrj.br
2
Índice
Apresentação .................................................................................................................................5
1.
1.1.
Pressupostos da pesquisa: ..................................................................................................7
1.2.
Hipóteses ................................................................................................................................7
Metodologia ....................................................................................................................................8
2.
Adendo aos resultados esperados .....................................................................................9
2.1. 3.
Cronograma................................................................................................................................. 10
4.
Resultados gerais da pesquisa ................................................................................................ 10 Referenciais teóricos.......................................................................................................... 10
4.1. a)
Revisão Bibliográfica.............................................................................................................. 11
d) Identificação de programas, planos e projetos referentes às atividades da Economia Criativa. ............................................................................................................................................ 29 4.2.
Pesquisa de campo ............................................................................................................ 30
4.2.1.
Elaboração de questionários ........................................................................................ 30
4.2.2.
Seleção de pesquisadores e gestão de pessoas ...................................................... 33
4.2.3.
Pesquisa de Campo ....................................................................................................... 33
4.3.
Mapeamento de empreendimentos da economia criativa no entorno do Maracanã 36
4.4.
Ligações entre os setores criativos na Mangueira ........................................................ 40
4.5.
Vocação para os setores criativos em São Cristóvão e Tijuca ................................... 41
4.6. Mapeamento das ligações dos setores criativos da Mangueira com os bairros da Tijuca e São Cristovão................................................................................................................... 42 4.7. Levantamento das melhorias ocasionadas pelos investimentos provenientes de megaeventos e de deficiências estruturais que podem atrapalhar o desenvolvimento econômico criativo na Mangueira. ............................................................................................... 43 4.7.1.
Impactos da Copa do Mundo FIFA 2014 na economia criativa da Mangueira ..... 43
4.7.2.
Impactos das obras de urbanização e revitalização no bairro ................................ 43
4.8.
Indicadores estruturais para o desenvolvimento da Economia Criativa. ................... 44
4.9. Relatório com recomendações para investimentos em infraestruturas que potencializem o desenvolvimento local da Economia Criativa................................................ 45 4.10. Levantamento das necessidades específicas para qualificação dos empreendedores culturais e criativos e demais atores que trabalham em atividades da Economia Criativa. ......................................................................................................................... 46 3
6.
Considerações Finais ................................................................................................................ 49
7.
ANEXO 1 – Questionário .......................................................................................................... 55
8.
ANEXO 2 – Análise de informações........................................................................................ 64 8.4. Mapeamento das ligações dos setores criativos da Mangueira com os bairros da Tijuca e São Cristovão. ................................................................................................................. 81
9.
ANEXO 3 - Planos e programas governamentais de fomento à economia criativa ........ 84
10. ANEXO 4 – Mapas ...................................................................................................................... 86 11. ANEXO 5 – Fotos ........................................................................................................................ 86
4
1. Apresentação O projeto de pesquisa "Territórios Criativos e Inclusão Produtiva - Estudo de caso do entorno do Estádio do Maracanã" foi desenvolvido com o intuito de promover a inovação na área de pesquisa em Economia Criativa com ênfase na inclusão produtiva, atendendo à chamada N.º 80/2013 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e o Ministério da Cultura – MinC por intermédio da Secretaria de Economia Criativa – SEC. O projeto esteve enquadrado em um dos eixos temáticos prioritários para a Secretaria da Economia Criativa, a dizer, "Territórios criativos (APLs, cidades, bairros,etc.)", articulados com as seguintes expressões do campo cultural: Patrimônio Cultural e Natural, Museu, Artesanato, Culturas Populares, Culturas Indígenas, Culturas Afro-brasileiras, Artes Visuais, Arte Digital, Dança, Música, Circo, Teatro, Audiovisual (incluindo jogos eletrônicos), Livro, Publicações e Mídias Impressas,
Leitura e
Literatura,
Moda,
Design,
Arquitetura
e
Urbanismo,
Gastronomia Regional e Turismo Cultural. A definição da área de abrangência da pesquisa - os bairros presentes no entorno do estádio do Maracanã - vai de encontro à hipótese de que esta região teria sua economia dinamizada com a realização da Copa do Mundo FIFA 2014, o aumento do fluxo de turistas no local e os projetos públicos de revitalização urbana. O objetivo geral da pesquisa, conforme proposto, era verificar as bases necessárias
para
a
inclusão
produtiva
a
partir
do
levantamento
do
empreendedorismo cultural e criativo no entorno do Maracanã – Mangueira, São Cristovão e Tijuca – as cadeia produtivas na Mangueira e suas ligações com os bairros intensos em Economia Criativa, da Tijuca e São Cristovão; e as melhorias ocasionadas pelos investimentos provenientes de megaeventos e as deficiências estruturais que poderiam atrapalhar o desenvolvimento econômico criativo no território, bem como as necessidades de qualificação dos empreendedores culturais e criativos e demais atores que trabalham em atividades da Economia Criativa. Elaborado inicialmente pela pesquisadora Cristiana Menezes e pela professora Dália Maimon, o projeto fora obrigado a ser reprogramado a partir do falecimento de Cristiana, tendo seu cronograma e conteúdo impactados pela notícia. Em janeiro, a pesquisadora Rita Afonso e a aluna Cristine Carvalho passaram a integrar a equipe. 5
Durante o planejamento das atividades da pesquisa, dentre outros fatores, foi reconfigurada a abrangência de campo: definiu-se o aprofundamento da atuação no bairro Mangueira e a pesquisa secundária em Tijuca e São Cristóvão. Outras especificidades do processo de planejamento de atividades estão descritas na Metodologia. Ao longo deste relatório serão apresentados, a seguir, os pressupostos que levaram à proposta de pesquisa, seguida pelas hipóteses levantadas pelos pesquisadores. Em sequencia, serão apresentados os referenciais teóricos, resultados da primeira etapa da pesquisa em bases bibliográficas e digitais, que versam sobre a economia criativa, os megaeventos e as favelas brasileiras. Nesta etapa também foram verificados os dados quantitativos disponíveis sobre o impacto da economia criativa no Brasil e aqueles referentes ao território da pesquisa. O próximo capítulo apresenta os resultados da pesquisa de campo, onde foram identificadas as iniciativas que atuam na economia criativa, direta ou indiretamente associadas aos setores núcleo. São então apontadas as vocações dos bairros do entorno do Maracanã, a relação destes com a Mangueira, o impacto dos megaeventos e as infraestruturas disponíveis, assim como as demandas por capacitações voltadas ao aprimoramento de atividades criativas na Mangueira são apresentados. Os resultados gerais da pesquisa são descritos neste capítulo, e o detalhamento de dados quantitativos e qualitativos são apresentados nos Anexos a este documento, onde há dados, mapas e fotos. Antes que se chegue aos Anexos deste relatório, é importante atentar para os resultados do Seminário realizado no Instituto de Economia da UFRJ, onde foram apresentados os resultados da Pesquisa, e as considerações finais. Esta pesquisa foi apresentada no evento CRIARS – Congresso de responsabilidade Social, ocorrido em Lisboa, Portugal, em Setembro de 2014. Os encontros de discussão foram de grande importância a analise, e com base nestes resultados pudemos elaborar as Considerações Finais por onde se pretende contribuir na produção de conhecimento sobre o setor e na promoção de políticas públicas e privadas de fomento. O Laboratório de Responsabilidade Social – LARES/ Instituto de Economia, em parceria à Fundação COPPETEC foi, em Dezembro de 2014, selecionado Pontão de Cultura, na categoria Economia Viva. O trabalho da equipe em muito se baseará na 6
boa colheita feita a partir da presente pesquisa cujos resultados são aqui apresentados.
1.1. Pressupostos da pesquisa:
As atividades de economia criativa potencialmente geram receitas de vendas
e direitos de propriedade intelectual; os produtos tangíveis e serviços intelectuais ou artísticos intangíveis possuem valor econômico e objetivos de mercado; há interface entre os setores artísticos, de serviços e industriais (UNDP/UNCTAD,2010)1.
A economia criativa contempla as dinâmicas culturais, sociais e econômicas
construídas a partir do ciclo de criação, produção, distribuição, circulação, difusão e consumo de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica (Brasil, 2012)2.
Polos de atividades criativas apresentam convergências de atuação,
concentração setorial de iniciativas e adensamento empresarial.
Conforme literatura internacional no tema, dentre os fatores que impulsionam
o potencial criativo local está a disponibilidade de infraestruturas básicas (tais como saneamento, transporte e segurança), a presença de elevado capital humano relacionado a nível educacional; e o acesso à tecnologia de redes. 1.2. Hipóteses
Diante das características dos bairros, aquelas relacionadas aos setores
criativos da economia são proeminentes. A Mangueira, cuja escola de samba já é um ponto turístico, e o Centro Cultural Cartola, local que reconhece o samba como patrimônio cultural imaterial nacional, são destaques nesse sentido. São Cristóvão, que tradicionalmente é local de turismo histórico e de lazer, é reconhecido recentemente como polo de moda e artes, com a ocupação de diversos escritórios e ateliês de marcas e artistas renomados no cenário nacional. A Tijuca é um bairro de 1
UNDP/Unctad. Relatório de Economia Criativa – Economia Criativa: Uma Opção de Desenvolvimento Viável – Geneva: ONU, 2010. 2 BRASIL. Ministério da Cultura. Plano da Secretaria da Economia Criativa: Políticas, diretrizes e ações, 2011 a 2014. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2012/04 /livroportuguesweb.pdf. Acesso em 11 de dezembro de 2013.
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grande dimensão, variedade de comércio e serviços, dentre alguns teatros e centros culturais.
Eventos internacionais de grande porte, com sede no Brasil e especificamente
com atividades na cidade do Rio de Janeiro, como os jogos da Copa do Mundo FIFA 2014 ocorridos no Estádio do Maracanã e as Olimpíadas Rio 2016, demandam investimentos em projetos de reestruturação urbana, com obras de melhorias no território e projetos sociais capazes de absorver o aumento do fluxo de turistas e a decorrente demanda de consumo de produtos e serviços. Apontam, nesse sentido, para oportunidades de alavancagem da economia local, seja, dentre outros, a partir de produtos e serviços relacionados à economia criativa e ao turismo (Fundação Getúlio Vargas/Ernst & Young, 2011)3.
2. Metodologia A fim de cumprir com os objetivos de mapeamento dos setores da Economia Criativa e seu adensamento produtivo na região do entorno do Maracanã, a equipe utilizou como referência os documentos publicados pela Secretaria de Economia Criativa do MinC e a metodologia de avaliação/identificação de polos, material desenvolvido pela consultora Selma Santiago Lima, consultora da UNESCO para a Secretaria de Economia Criativa4. Também foi estudado o Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, realizado pela FIRJAN (Rio de Janeiro, 2012). Conforme os objetivos e resultados propostos, a pesquisa utilizou como metodologia a pesquisa secundária e primária. A pesquisa de campo buscou (1) confirmar a existência dos setores da economia criativa em atividade, a partir da abordagem junto aos líderes comunitários e demais atores relevantes; (2) verificar o adensamento empresarial criativo a partir da análise quantitativa das empresas em atividade ligadas à economia criativa no território; (3) identificar a cadeia produtiva, a partir de representantes locais; e (4) reconhecer, junto à representantes de cada setor da economia criativa presente no território, a estrutura física e de serviços, as demandas infraestruturais e de formação/capacitação. 3
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/ Ernst & Young. Brasil Sustentável: Impactos socioeconômicos da Copa do Mundo 2014. Rio de Janeiro, 2011. 4 LIMA, Selma Maria Santiago. Polos Criativos : Um estudo sobre os pequenos territórios criativos brasileiros. Consultoria UNESCO para MINC. Brasília, 2011/2012.
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2.1. Adendo aos resultados esperados A equipe de pesquisa utilizou a comunidade da Mangueira como amostra a fim de verificar as bases necessárias para a inclusão produtiva de empreendedores e grupos criativos, especificamente presentes em territórios populares, onde há reduzido IDH. A variância característica das dimensões territoriais dos bairros da Mangueira, Tijuca e São Cristóvão, tanto em termos de acesso às suas estruturas físicas como de informação disponível em institutos de pesquisa, levou a equipe à definir a Mangueira como público alvo do mapeamento e os bairros do entorno, como público indireto, onde foram levantadas as suas vocações produtivas. Compreendendo a configuração de polos produtivos foram investigadas as relações produtivas entre a Mangueira e os bairros de São Cristóvão e Tijuca e identificados os impactos dos investimentos em infraestrutura urbana e em projetos sociais, atraídos pelo evento Copa do Mundo FIFA 2014. O território da Mangueira apontaria caminhos de análise relevantes em termos de pesquisa em setores criativos ligados ao patrimônio cultural imaterial, às redes de inovação social em torno da produção musical, e ao turismo cultural a partir do empreendedorismo criativo.
9
3. Cronograma Com a redução do cronograma original de 12 para 10 meses foi realizado o remanejamento de tempo para as etapas e atividades da pesquisa, dentre elas, o período de entrada de estagiários pesquisadores, o início do trabalho de campo e a programação de seminário. A seguir, o cronograma realizado. ATIVIDADES
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Pesquisa de gabinete Elaboração de questionário de campo Teste de questionário/ ajustes Seleção de pesquisadores Treinamento de pesquisadores Pesquisa de campo Tabulação de dados Programação de seminário Seminário Artigo obrigatório CNPq Relatório final Prestação de contas
4. Resultados gerais da pesquisa 4.1. Referenciais teóricos
A etapa de pesquisa secundária (desk) realizada a partir de referências bibliográficas e em sites levou a identificação dos principais autores que trabalham sobre o tema da economia criativa no Brasil e no mundo; temas como economia da cultura, gestão cultural, identidade em favelas e em especial sobre a Mangueira; e o impacto dos megaeventos na economia brasileira.
10
JAN
Foram identificados os programas, planos e projetos referentes às atividades da Economia Criativa que encontram- se em andamento na cidade do Rio de Janeiro, alguns deles voltados ao público alvo do projeto. a) Revisão Bibliográfica Conceitos em Economia Criativa LIMA, S.M.S. Pólos Criativos - Um estudo sobre os pequenos territórios criativos brasileiros, Brasília: UNESCO, 2012.
Conceito de polos criativos, metodologia para identificação de potenciais polos, cases, plano de ações para polos.
MINC. Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações, 2011 – 2014. Brasília, Ministério da Cultura, 2010.
Posição do governo e diretrizes de atuação; artigos sobre o tema. Abrangência nacional.
CORAZZA, Rosana Icassatti. "Criatividade, inovação e economia da cultura: abordagens multidisciplinares e ferramentas analíticas". Revista Brasileira de Inovação, Faculdades de Campinas (Facamp), Campinas (SP), 12 (1), p.207-231, janeiro/junho 2013.
Revisão bibliográfica do tema. Apud FLORIDA (2002); CAVES (2000); HOWKINS, (2001). . Abrangência Internacional
REIS, A.C.F. (org) Economia Criativa: como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento. São Paulo: Itaú Cultural, 2008. ___________Economia da cultura e desenvolvimento sustentável: O caleidoscópio da cultura. Políticas Culturais em Revista. São Paulo, 2008.
Economia criativa e desenvolvimento; inovação.
SEBRAE/ES. Cadernos da Economia criativa. Espírito Santo, UNDP/Unctad. Relatório de Economia Criativa – Economia Criativa: Uma Opção de Desenvolvimento Viável – Geneva: ONU, 2010 Nicolaci-da-Costa, A. M. O talento jovem, a internet e o mercado de trabalho da “economia criativa”. Revista Psicologia & Sociedade; 23. Rio de Janeiro, 2011.
cultura;
Artigos temáticos sobre o potencial do setor, gestão cultural; cases. Abrangência Espírito Santo. Modelos de análise, medição; linhas de promoção do setor, cases. Perspectiva mundial (países desenvolvidos e em desenvolvimento) Perspectiva psico social; tecnologia, produção cultural, mercado; juventude. Abrangência nacional.
Território Criativo FLORIDA, R., MELLANDER, C. & STOLARICK, J. Creativity and Prosperity: The Global Creativity Index, Toronto: Martin Prosperity Institute, 2011.
Critérios de identificação de ambientes criativos; indicadores de análise dos critérios.
GOLGHER, André Braz. As cidades e a classe criativa no Brasil: diferenças espaciais na distribuição de indivíduos qualificados nos municípios brasileiros. Revista Brasileira de Estudos Populacionais. São Paulo, v. 25, jan./jun. 2008.
Distribuição espacial de indivíduos do setor; metodologia; indicadores.
REIS, A. C. F. Cidades Criativas: Análise de um conceito em formação e da pertinência de sua aplicação à cidade de São Paulo. Tese de Doutorado . Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2011.
Tese de doutorado em Arquitetura e Urbanismo USP. Investigação bibliográfica, cases e estudo de caso São Paulo criativa.
11
REIS, A. C. F. e KAGEYAMA, Peter (orgs). Cidades criativas: perspectivas. São Paulo: Garimpo de Soluções, 2011.
Artigos de especialistas no tema (entre eles Howkins, Florida e Landry; cases de cidades;
Polos criativos LIMA, Selma Maria Santiago. Polos Criativos : Um estudo sobre os pequenos territórios criativos brasileiros. Consultoria UNESCO para MINC. Brasília, 2011/2012.
Conceito; metodologia de avaliação/identificação de polos; cases; plano de ações estratégicas.
LIMA, Selma Maria Santiago. Polos Criativos – Lugares De Desenvolvimento. IV Seminário Internacional – Políticas Culturais. Setor de Políticas Culturais, Fundação Casa de Rui Barbosa. Rio de Janeiro, 2013.
Conceituação de Polos Criativos; desenvolvimento; cultura; proposta metodológica para a identificação de polos criativos.
CASSIOLATO, José Eduardo e LASTRES, Helena M. M. O foco em arranjos produtivos e inovativos locais de micro e pequenas empresas. Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais. Instituto de Economia, UFRJ e SEBRAE/RJ. Rio de Janeiro, Agosto de 2004.
Relatório de Atividades do Referencial Conceitual, Metodológico, Analítico e Propositivo do Projeto Arranjos Produtivos Locais de MPEs
COMUNIAN, Roberta. Uma cidade criativa de tipo relacional: Para uma cartografia das ligações em rede entre os setores público, privado e sem fins lucrativos nas indústrias criativas. Revista Crítica de Ciências Sociais. Disponível em http://rccs.revues.org/5126 ; DOI : 10.4000/rccs.5126
Conceito indústria criativa; Articulações intersetoriais no território; capital social. Case polos na Inglaterra.
SEBRAE RJ. Economia criativa do rio de janeiro e as mpe boletim quadrimestral | novembro 2012
Conceito; micro e pequenos negócios; estratégias de atuação no setor.
Dados Rio de Janeiro IPEA. PANORAMA DA ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL. Texto para discussão. Outubro, 2013. SISTEMA FIRJAN. A Cadeia da Indústria Criativa no Brasil. Estudos para o desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2008. SISTEMA FIRJAN. Indústria Criativa. Mapeamento Da Indústria Criativa No Brasil. Rio de Janeiro, 2012. SEBRAE RJ. Economia Criativa Do Rio De Janeiro e as MPE. Rio de Janeiro, 2012
Conceitos. Dados socioeconomia e mercado de trabalho brasileiro. Acompanhando a resenha internacional, o estudo busca a definição da cadeia da Indústria Criativa, para fins de estimação de sua importância econômica. Conceitos; Dados sobre mercado de trabalho de setores criativos no Estado. Conceitos; Dados sobre mercado de trabalho de setores criativos no Estado.
INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio / Censo 2010.
Indicadores econômicos, sociais; Emprego e renda nacionais.
INSTITUTO MUNICIPAL DE URBANISMO PEREIRA PASSOS - IPP. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Armazém de Dados.
Indicadores municipais e por bairros; econômicos e sociais.
INSTITUTO MUNICIPAL DE URBANISMO PEREIRA PASSOS - IPP. A importância da economia criativa no desenvolvimento econômico da cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Extraordinária de Desenvolvimento, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Junho, 2011.
Relação entre os setores criativos e tradicionais da economia; urbanismo colaborativo; Dados RAIS/MTE.
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Dados Mangueira COSTA, Maria Alice Nunes. Capital Social Na Favela Da Mangueira. Trabalho E Sociedade - Ano 2 - Nº 3. Rio De Janeiro, 2002. COSTA, Maria Alice Nunes. Sinergia e Capital Social na construção de políticas sociais: a favela da Mangueira no Rio de Janeiro. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, 2003.
Conceito de Capital Social, favelas, cultura comunidade Mangueira.
CHAGAS, Mário. A Escola de Samba como Lição de Processo Museal. Caderno Virtual de Turismo vol. 2, núm. 2. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2002.
Museus e economia criativa em favelas a partir do Patrimônio Imaterial.
MAIA, João e BIANCHI, Eduardo. Mangueira, suas ratas são uma beleza. Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisa CAC – Comunicação, Arte e Cidade (CNPq/PPGCOM/UERJ). Revista Logos 29 Tecnologias e Socialidades. Ano 16. Rio de Janeiro, 2008.
Identidade cultural, favelas, capital social.
COSTA, Cândida Rosa Ferreira e ANDRADE, Regina Glória. Carnaval, Samba E Comunicação No Morro Da Mangueira. INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Belo Horizonte,MG, 2003.
Identidade cultural, samba.
COSTA, Candida Rosa Ferreira. Cultura Do Brasil Revelada no Barracão da Mangueira (Análise Institucional da Organização do Carnaval).
Identidade cultural, samba.
VAZ, Cibele Mariano e ANDRADE, Regina Glória Nunes. Território Cultural: Processos De Identidade E Subjetividade – Centro Cultural Cartola – Mangueira/Rj . Programa de PósGraduação em Psicologia Social–Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro (ano?)
Identidade Cultural
INSTITUTO PEREIRA PASSOS - IPP. Panorama dos territórios. UPP MANGUEIRA. Programa de Urbanização Polícia Pacificadora – UPP Social. Rio de Janeiro, 2010.
Dados populacionais.
Impactos dos Megaeventos FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS/ Ernst & Young. Brasil Sustentável: Impactos socioeconômicos da Copa do Mundo 2014. Rio de Janeiro:2011
Impactos socioeconômicos; Riscos e oportunidades; plano diretor Copa.
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. PESQUISA DO IMPACTO ECONÔMICO DOS EVENTOS INTERNACIONAIS REALIZADOS NO BRASIL 2007/2008, Rio de Janeiro: FGV: 2009
Aspectos econômicos relacionados a eventos; impactos na atividade turística;
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Linha do tempo – Principais eventos e publicações sobre o tema5
5 A Linha do tempo foi construída a partir dos referenciais citados na literatura pesquisada e foi apresentada no
Seminário de Resultados do Projeto, em Setembro de 2014.
14
b) Síntese teórica
A literatura sobre economia da cultura e economia criativa retifica a identificação da criatividade como recurso essencial para a construção de uma sociedade pós-industrial, identificando a emergência de uma classe criativa, núcleo humano de uma gama ampla de setores nas chamadas indústrias criativas, no seio de uma economia criativa (FLORIDA,2002; CAVES, 2000; HOWKINS, 2001). Definido como um novo setor da economia, a Economia Criativa sugere o uso da criatividade (aliada à tecnologia, e direta ou indiretamente às artes e à cultura) em setores tradicionais da atividade produtiva, agregando valores "intangíveis" aos produtos e serviços. Reis (2008) utiliza a perspectiva da economia criativa como elemento chave para pensar a “inadequação dos atuais paradigmas socioeconômicos em lidar com as discrepâncias distributivas" (...), assim como "a necessidade de forjar modelos sustentáveis de inclusão econômica e resolver os problemas da violência urbana, ambientais e sociais que nos afligem”. Para Howkins (2010), “a criatividade não é uma coisa nova e nem a economia o é, mas o que é nova é a natureza e a extensão
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da relação entre elas e a forma como combinam para criar extraordinário valor e riqueza”. Reis (2008) entende que o termo "economia criativa" deriva da evolução da “economia da e peri ncia” - uma vez que reconhece o valor da originalidade, dos processos colaborativos e da preval ncia de aspectos intang veis na geração de valor, estando fortemente ancorada na cultura e em sua diversidade. Também faz refer ncia
“economia do conhecimento” - pelo uso de tecnologia da informação,
mão‐de‐obra capacitada e geração de direitos de propriedade intelectual6. E um terceiro tripé seria a “economia da cultura” - quando reconhece o valor da autenticidade e do intang vel cultural nico e inimit vel (REIS, 2006)7. Isso se reflete em todo tipo de processo e estrutura, que terá sempre uma parte tangível, o hardware - o suporte, a parte estrutural, e uma parte intangível, o software - a inteligência, o processo que dá função. Trata-se, segundo Goldenstein (2009) de um ambiente onde a "economia do conhecimento" não se restringe à ciência e à tecnologia, mas à capacidade de utilização dos benefícios da inovação através do conhecimento em todos os setores. Um ambiente no qual os ativos intangíveis – a geração de valores através do capital intelectual – disseminam e impulsionam os mais diferentes setores da economia, capacitando-os para enfrentar os novos desafios que forem aparecendo. As formulações teóricas sobre as Indústrias Criativas são bastante plurais. Caves (1996) entende por indústrias criativas àquelas relacionadas a artes, cultura e entretenimento em geral. Howkins8 (2001) compreende o potencial de determinados setores criativos em gerar direitos de propriedade intelectual, direitos autorais, marcas registradas e patentes. John Hartley9 (2005) propõe uma definição plural: a convergência conceitual e prática das artes criativas (talento individual) com indústrias culturais (escala de massa) no contexto das novas tecnologias de mídia (TICs) em uma nova economia do conhecimento, para o uso dos novos consumidores-cidadãos interativos.
6
Segundo Marx (1968), o conhecimento abstrato, mais do que todo o conhecimento científico se tornaria a mais importante força de produção e também do processo de toda a vida. 7 . Editora Manole. São Paulo, 2006. 8 Howkins, J. (2001). The creative economy: How people make money from ideas. Lodon: Penguin. 9
Hartley, J. (2005). Creative industries. In J. Hartley (Org.), Creative industries (pp. 1-40). Malden, MA: Blackwell.
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Diante de uma situação econômica global problemática para os setores tradicionais (em especial à indústria de base), o governo britânico instituiu, em 1997, a Creative Industries Task Force (CITF)10 como atividade central do seu Departamento da Cultura, Mídia e Esportes (UK Department for Culture, Media and Sports – DCMS), por onde emergiu a política New Labor. A iniciativa visava identificar os setores ao que chamou de indústrias criativas ou setores criativos, uma vez que sinalizavam grande importância para o país. Consequentemente estes setores estariam incluídos na política de investimento público no setor. As atividades das indústrias criativas, segundo o programa inglês, tem origem na criatividade, habilidade e talento individuais e apresentam um potencial para a criação de riqueza e empregos por meio da geração e exploração de propriedade intelectual. São exemplos: a propaganda, a arquitetura, o mercado de arte e antiguidades, os artesanatos, design, design de moda, filme e vídeo, software de lazer interativo, música, artes cênicas, publicações, software e jogos de computador, televisão e rádio. O diferencial do projeto inglês em relação à outras iniciativas governamentais, como a australiana, por exemplo, está na contextualização de seu programa como resposta a um quadro socioeconômico global em transformação, dando privilégios a setores de maior vantagem competitiva para o país e reordenando as prioridades públicas para fomentá-los. Finalmente, divulgou estatísticas sobre a participação significativa das indústrias criativas na riqueza nacional (7,3% do PIB, em 2005) e com crescimento recorrentemente impactante (6% ao ano, no período1997-2005, frente a 3% do total). Cunningham (2004) critica a classificação inglesa para indústrias culturais por não abranger o setor de patrimônio histórico, a despeito de suas contribuições econômicas, culturais e criativas tão ou mais robustas que alguns dos setores incluídos11. Hesmondhalgh e Pratt (2005) avaliam que Canadá, Austrália e Nova Zelândia desenvolveram abordagens mais coerentes pelo fato de, ao lado de reconhecerem o valor econômico das indústrias culturais, atribuírem grande 10
A iniciativa reuniu 12 instituições públicas (dentre Cultura, Mídia e Esporte; Transportes; Comércio e Indústria; Educação e Emprego) e 10 conselheiros advindos do setor privado (Richard Branson, fundador do conglomerado Virgin; Paul Smith, designer e estilista da empresa homônima; e Eric Salama, da gigante das comunicações WPP). 11 O
autor salienta, a respeito deste repertório, entretanto, a valoração dos resultados ou dos potenciais comerciais e sua importância estratégica para o perfil de e portações e de “international branding” da Inglaterra (Corazza, 2013).
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importância, em suas respectivas políticas culturais, ao reconhecimento, à construção e à defesa da cultura nacional. Nesses países, há uma hierarquia nas políticas culturais em termos da valorização, a priori, dos direitos aborígenes e da “alta cultura”, dei ando como que num segundo plano as “novas formas culturais”, associadas à emergência e à difusão das novas tecnologias. Os autores salientam que esses pa ses se esforçam em resistir
“americanização” que se processa pelas
forças mercantis, procurando criar espaços para suas próprias produções e consumos culturais. Preocupada com a problemática da indústria cultural e o entendimento conceitual em cada país, em 1986 a UNESCO construiu um escopo de categorias culturais, com a definição de setores e atividades, para a realização de pesquisas e análises estatísticas – The Framework for Cultural Statistics (FCS). Estas categorias e seus respectivos setores foram sendo ampliados, no sentido de corresponder à evolução dos debates acerca de cultura e criatividade no desenvolvimento das nações. No Brasil, o conceito de economia criativa chega pelos debates do reposicionamento do papel da cultura na estratégia socioeconômica a partir de 2004, com a XI Reunião Ministerial da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Em 2005 ocorre, em Salvador, o I Fórum Internacional de Indústrias Criativas, organizado por iniciativa do embaixador Rubens Ricupero (então secretário-geral da UNCTAD) e do ex-ministro Gilberto Gil. Em 2006, o módulo “Economia Criativa” é inserido no Fórum Cultural Mundial do Rio de Janeiro e em 2007 ocorrem dois Seminários Internacionais no Ceará e São Paulo. (REIS, 2008b, p.21). No ano de 2008 são editados os trabalhos “Cadernos de Economia Criativa: Economia Criativa e Desenvolvimento Local” pelo SEBRAE & SECULT de Vitória e “Economia Criativa como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos pa ses em desenvolvimento”, pelo Ita
Cultural, de São Paulo, que sistematizam
experiências e possibilidades acerca do tema, não se tratando, contudo de obras acadêmicas, muito embora boa parte de seus autores provenham da academia, como sinaliza Reis (2008b). Em 2010, o governo brasileiro, através do Ministério da Cultura, publica o Plano Nacional da Economia Criativa com o intuito de conduzir debates e formular políticas públicas de fomento ao setor criativo, compreendo-o como estratégia de 18
desenvolvimento econômico e social do país. Segundo a Secretaria de Economia Criativa12, pasta sob âmbito daquele Ministério, a Economia Criativa é definida “partindo das dinâmicas culturais, sociais e econômicas construídas a partir do ciclo de criação, produção, distribuição/circulação/difusão e consumo/ fruição de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica". (MinC, 2010). O Plano (MinC, 2010) identifica os setores criativos fazendo referência ao documento da UNESCO (2009). Na Figura 1 a seguir, é apresentada a estrutura, proposta pela Unesco e reproduzida no Plano, organizada a partir de duas macrocategorias: a dos setores criativos nucleares e a dos setores criativos relacionados. A primeira corresponde aos setores de natureza essencialmente criativa, isto é, aos setores cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de valor simbólico, elemento central da formação do preço, e que resulta em produção de riqueza cultural e econômica, conforme definido anteriormente; a segunda corresponde aos setores criativos relacionados, isto é, aqueles que não são essencialmente criativos, mas que se relacionam e são impactados diretamente por estes, por meio de serviços turísticos, esportivos, de lazer e de entretenimento. Na mesma figura, verifica-se a existência dos setores denominados pela Unesco como transversais aos anteriores: o setor do patrimônio imaterial, considerado tradicional, por ser transmitido por gerações, e vivo, por ser transformado, recriado e ampliado pelas comunidades e sociedades em suas interações e práticas sociais, culturais, com o meio ambiente e com a sua própria história; além dos setores da educação e capacitação; registro, memória e preservação; e, por último, o de equipamentos e materiais de apoio aos setores criativos nucleares e relacionados.
12
Em Junho de 2012, através do Decreto 7743, é criada a Secretaria da Economia Criativa (SEC) no âmbito do Ministério da Cultura, tendo como missão conduzir a formulação, a implementação e o monitoramento de políticas públicas para o desenvolvimento local e regional, priorizando o apoio e o fomento aos profissionais e aos micro e pequenos empreendimentos criativos brasileiros. O objetivo é contribuir para que a cultura se torne um eixo estratégico nas políticas públicas de desenvolvimento do Estado brasileiro.
19
FIGURA 1: Escopo dos Setores Criativos
Fonte: UNESCO (2009)
No Brasil, a FIRJAN - Federação da Indústria do Rio de Janeiro se baseia na definição de “ind stria criativa” proposta pela UNCTAD e reconhece tr s grandes reas da cadeia da “ind stria criativa”: - Núcleo Criativo: centro de toda a Cadeia Produtiva da Indústria Criativa é formado por atividades econômicas que têm as ideias como insumo principal para geração de valor; - Atividades Relacionadas: provêm diretamente bens e serviços ao núcleo, são representadas em grande parte por indústrias e empresas de serviços fornecedoras de materiais e elementos fundamentais para o funcionamento do núcleo; - Atividades de Apoio: ofertantes de bens e serviços de forma indireta ao núcleo.
20
Territórios Criativos
A cidade criativa enquanto economia criativa depende de uma plataforma para o desenvolvimento da economia e até mesmo da cidade através das artes e do patrimônio cultural, das indústrias da mídia e do entretenimento e dos criativos serviços business-to-business, e do design, publicidade e entretenimento (estes impulsionadores da “economia da e peri ncia”). A noção de “cidade criativa” é mais ampla do que a noção de “economia criativa” e “classe criativa”. Ela en erga a cidade como um sistema integrado de diversas organizações e um amálgama de culturas nos setores público, privado e comunitário. O sistema econômico está centrado no ser humano e não mais no corporativismo; as empresas se movem em direção às pessoas, e não as pessoas em direção aos empregos, e as cidades necessitam tanto de um clima humano quanto de um clima de negócios. Além disso, determinadas condições precisam ser criadas para as pessoas pensarem, planejarem e agirem com imaginação ao aproveitarem as oportunidades. “As cidades possuem um recurso crucial – suas pessoas. A inteligência dos seres humanos, seus desejos, motivações, imaginação e criatividade estão substituindo o acesso aos locais, recursos naturais e mercados como recursos urbanos. Critérios relativos à Economia e Gestão, identificadores de um ambiente criativo em campos de atuação específicos. (referência à FLORIDA,MELLANDER & STOLARICK: 2011 e REIS: 2008).
Conexão - ligação eficiente entre o local e o global. Mobilidade, espaços públicos vivos e inclusão social e digital;
Tecnologia - nível de projetos de pesquisa e desenvolvimento e de inovação em ciência, cultura e sociedade;
Talento- quantidade de patentes, doutores e profissionais de setores variados;
Inovação - científica, cultural e social, como registros de patentes, novos produtos e projetos tecnológicos;
21
Tolerância – abertura quanto à diversidade cultural, religião, uso de novas tecnologias, novas ideias e pessoas.
Convergências de atuação – articulações e conexões intra e extra pólos; cadeias e redes de produção, circulação, fruição e troca de experiências e a cooperação entre os atores participantes do ambiente criativo;
Concentração setorial de iniciativas – vocação produtiva que contribuam para uma identidade setorial no local.
Adensamento empresarial – empreendimentos presentes no Pólo Criativo e o potencial para o desenvolvimento local. Empreendimentos solidários, cooperativas; associações populares/profissionais; grupos informais de produção e de serviços; fundos solidários e rotativos de crédito; redes e articulações de comercialização e de cadeias produtivas solidárias; lojas de comércio justo; agências de turismo solidário; entre outras. Segundo o Plano da Secretaria da Economia Criativa, entende-se por Pólos
Criativos, o conjunto de empreendimentos criativos geograficamente próximos e circunscritos a um território de pequena dimensão, cabendo-nos neste documento buscar uma melhor percepção do que sejam estes aglomeramentos, principalmente a partir dos conceitos e das práticas já estabelecidas junto aos Arranjos Produtivos Locais (APLs) e, ainda como podemos em uma primeira visão, identificá-los com o intuito de potencializar as iniciativas já existentes, bem como auxiliar na implantação de novas experiências no território nacional. (LIMA, 2013) Independente do porte e da natureza dos empreendimentos presentes em um Pólo Criativo, o fator de adensamento empresarial colabora para o desenvolvimento local através do estímulo à iniciativa empreendedora, autônoma, a qual se vê no aumento da implantação de pequenos negócios; do crescimento da oferta de postos de trabalho e do número de produtos/serviços gerados e comercializados (LIMA, 2012) Uma das mais interessantes experiências presentes nos Pólos Criativos são os
empreendimentos
solidários,
tais
como
as
cooperativas;
associações
populares/profissionais; grupos informais de produção e de serviços; agricultores familiares; fundos solidários e rotativos de crédito; ecovilas; redes e articulações de
22
comercialização e de cadeias produtivas solidárias; lojas de comércio justo; agências de turismo solidário; entre outras.
Mega eventos
Os investimentos programados para a organização e realização da Copa do Mundo FIFA 2014 no Brasil, bem como o maior volume de movimentação econômica durante (e após) o evento, representam uma oportunidade de apropriação desses montantes por empreendedores brasileiros situados nos estados onde ocorrerão os jogos.
A elevação do número de turistas e mercado consumidor provoca uma
grande margem de oportunidades. O Rio de Janeiro, especificamente, recebe dois grandes eventos nos anos de 2014 e 2016, que demandam grandes obras de infraestrutura urbana, assim como espaços de desenvolvimento econômico. Segundo a Secretaria de Estado de Turismo (SeTur) o turismo movimenta cerca de 50 setores em sua cadeia produtiva e é o maior setor econômico no que se refere a faturamento e número de pessoas empregadas, um em cada onze trabalhadores está ligado diretamente ao turismo. Em 2006, 1,87 milhão de pessoas foram empregadas no setor, com 768 mil empregos formais (41%) e 1,1 milhão de ocupações informais (59%). Os eventos esportivos no Brasil devem gerar 3,63 milhões de empregos por ano e R$ 63,48 bilhões de renda para a população. Estima-se que a chegada de turistas estrangeiros ao País avance de 6,2 milhões, estimados para este ano, para 7,9 milhões até 2016 (um crescimento de 8% ao ano). (FGV/ Ernst & Young). Este cenário demonstra que os megaeventos, podem funcionar como um importante impulsionador da Economia Criativa na cidade do Rio de Janeiro. Setores criativos que integram atividades de apoio a setores tradicionais também sofrem grande impacto: arquitetura, publicidade, design gráfico , produtos, web; editoração; entretenimento; moda; etc. Manifestações culturais que dão identidade ao País poderão ser associadas à Copa, desde que aprovadas previamente pela Fifa. Com isso, tudo o que caracteriza o Brasil ganha projeção junto ao Mundial. 23
As favelas no Rio de Janeiro As favelas tem recebido grande atenção do governo, por onde se desenvolve o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, voltado à reestruturação urbana, em consonância à implantação de Unidades de Polícia Pacificadoras - UPPs, de segurança pública específica para comunidades, contando ainda com o projetos sociais de apoio (UPP Social). Além do governo, agentes de mercado já estão atentos ao crescimento do mercado consumidor local e no desenvolvimento de novos negócios voltados a base da pirâmide13. Todo esse movimento externo às favelas se associa à dinâmicas locais, endógenas, promotoras de inovações sociais. O bairro de São Cristóvão constitui o chamado circuito criativo da moda, segundo a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. A localização central do bairro favorece a logística da produção e distribuição e o baixo custo dos imóveis vem atraindo designers e estilistas em micro e pequenas empresas de confecção de roupas e acessórios para os galpões de tradicionais estruturas arquitetônicas. O ambiente criativo dialoga com a tradicional Feira de São Cristóvão, arena da gastronomia e música nordestina na cidade e contrasta com as tradicionais oficinas mecânicas locais. O contingente de gente "descolada" circulando também é um fator de destaque que salienta o ambiente como criativo. A Mangueira atrai grande movimento turístico em torno da tradicional Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira14, a mais antiga da Cidade e cuja estrutura urbana se desenvolveu a partir de práticas de inovação social, a grande maioria informais, intensas em capital social, cultural e criatividade.
13
Desde o final da década de 1990, acadêmicos e empresas buscam entender esse mercado e decifrar maneiras de acessá-lo, de forma a propiciar situações em que ganham empresa, consumidor e sociedade. Nesse sentido, as empresas podem obter maiores lucros e acessar uma população antes ausente do mercado de consumo. Os consumidores têm acesso a novos produtos e serviços, muitas vezes básicos. Além disso, negócios na base da pirâmide oferecem grandes impactos sociais, geração de renda e erradicação da pobreza. 14 A ocupação do Morro da Mangueira se deu ainda no século XIX em área próxima à Estrada de Ferro Central do Brasil, então inaugurada em 1889. Em 1928, Cartola, Carlos Cachaça e outros sambistas inauguraram o Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, uma das mais populares da cidade, e seus compositores tornaram a Mangueira conhecida no Brasil e no mundo. Com o crescimento do mundo do samba, a Estação Primeira de Mangueira trouxe melhorias e um certo prestígio a comunidade, obtendo apoio governamental e de empresas para oferecer cursos e opções de esportes e lazer à população local.
24
c) Análise de dados
Em Relatório publicado em 2008, a FIRJAN levanta os dados relativos a emprego e renda em atividades formais presentes tanto no núcleo criativo quanto àquelas associadas, no Estado do Rio de Janeiro. Segundo a FIRJAN, em 2011, 243 mil empresas formavam o núcleo da indústria criativa15. Com base na massa salarial gerada por essas empresas, estimou-se que o núcleo criativo gerasse um Produto Interno Bruto - PIB equivalente a R$ 110 bilhões, ou 2,7% de tudo o que é produzido no Brasil. Esses resultados colocam o Brasil entre os maiores produtores de criatividade do mundo, superando Espanha, Itália e Holanda. Ressalte-se que esta comparação não incorpora a informalidade presente na economia brasileira. Segundo o IPEA, a economia criativa teve aumento crescente na participação do PIB entre 2007 e 2009, conforme a Tabela 1; e no volume de empregos gerados, entre 2003 e 2010, conforme a tabela 2. Os segmentos constituintes das indústrias criativas têm os VAs majoritariamente distribuídos entre o audiovisual, publicação e mídia impressa e as chamadas new medias (80,1% do VA gerado pela economia criativa). Já os segmentos mais intensivos em pessoal são os serviços criativos, como design, publicação e mídia impressa (75% do pessoal ocupado pela economia criativa). Tabela 1 - Evolução do VA da economia criativa na economia brasileira (2007, 2008 e 2009).
Fonte: IPEA Dados: PAS (2007, 2008 e 2009) e Rais (2007, 2008 e 2009)
15
A pesquisa utiliza como base a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE e Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, contando com 185 categorias em 14 setores de atividades criativas.
25
Tabela 2 - Evolução do emprego da economia criativa e do emprego total (2003-2010)
Fonte: IPEA. Dados: Rais
A partir da PNAD16, o total de trabalhadores formais e informais em economia criativa somou 4 milhões ou 2,6 milhões em 2009, de acordo com os recortes setorial e ocupacional. Segundo o IPEA (2013), o emprego formal da economia criativa apresenta diferenças significativas em relação à massa de empregos formais da economia brasileira. Os trabalhadores criativos apresentam mais escolaridade e recebem maiores salários. No entanto, a rotatividade no emprego deles é maior que a média dos trabalhadores formais no Brasil. Em relação à distribuição espacial
dos
trabalhadores criativos, eles se concentram nas grandes cidades, especialmente no Sudeste e Sul brasileiros. Conforme a literatura sobre o tema é vista a concentração dos empregos criativos nos grandes centros.
Tendo como recorte territorial os bairros do entorno do Maracanã e a situação de vulnerabilidade social referente à limites de acesso à infraestrutura urbana formal e às condições que atrairiam setores criativos da Economia Criativa para um território, levantamos dados sobre a Mangueira, em termos habitacionais, perfil social e valores de IDH. O bairro Mangueira tem população em torno de 14 mil pessoas e uma densidade demográfica de 433,3 habitantes /ha (tabela 3). O perfil populacional aponta para o grande número de crianças e jovens no bairro Mangueira (Gráfico 1). 16
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, IBGE.
26
GRÁFICO 2 - Pirâmide Etária das comunidades na UPP Mangueira – 2010
Fonte: IBGE (2010)
Em relação aos níveis de IDH, a Mangueira possui os menores índices em todas as esferas de análise no grupo de bairros do entorno do Maracanã, conforme se vê na Tabela 3 abaixo:
TABELA 3 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH), por ordem de IDH, segundo os bairros ou grupo de bairros - 2000
Bairro ou grupo de bairros
Esperança de vida ao nascer (em anos)
Taxa de alfabetizaçã o de adultos (%)
Taxa bruta de frequência escolar (%)
Renda per capita (em R$ de 2000)
Índice de Longevid ade (IDHL)
Índice de Educação (IDH-E)
Índice de Renda (IDH-R)
Índice de Desenvol vimento Humano Municipal (IDH)
Maracanã
77,91
98,91
113,97
1206,73
0,882
0,993
0,957
0,944
75,04
98,02
107,38
1204,61
0,834
0,987
0,957
0,926
72,27
95,44
89,08
412,39
0,788
0,933
0,778
0,833
68,34
94,20
88,51
357,43
0,722
0,923
0,754
0,800
Tijuca, Alto da Boa Vista São Cristóvão, Vasco da Gama Mangueira, São Francisco Xavier
Os dados relativos ao mercado de trabalho formal em atividades do setor apontam timidez na presença do setor criativo na Mangueira (Tabela 4).
27
TABELA 5 - Mercado de trabalho do setor criativo (formal) Bairro Mangueira - 2006
Profissões por Tipo
Vínculo Ativo
Arquitetura
10
Arquiteto de edificações
1
Carpinteiro
1
Eletricista de instalações
1
Eletricista de instalações (edifícios)
1
Engenheiro civil
1
Gesseiro
1
Mestre (construção civil)
1
Pedreiro
1
Pintor de obras
1
Servente de obras
1
Artes
2
Artista (artes visuais)
1
Gerente de serviços culturais
1
Artes Cênicas
1
Professor de dança
1
Biotecnologia
4
Biólogo
1
Farmacêutico
1
Técnico de apoio à bioengenharia
1
Técnico em bioterismo
1
Fonte: FIRJAN (2012) Dados RAES, 2006)
Segundo dados da Central Única das Favelas (CUFA) e Data Popular (2013), a classe média dobrou de tamanho nas comunidades na última década. A intenção de compra de produtos eletrônicos, como tablets e notebooks, passam dos milhares. 47% dos moradores de favela já têm televisores de LED / LCD / plasma em suas casas e 28% têm TV por assinatura. O que reflete o grande interesse dos moradores em aparatos de acesso à mídia, cultura digital, etc. A dimensão do mercado criativo em favelas é pouco estudada, muito devido às condições de informalidade a que se dão e pela própria dificuldade de categorização de integrantes do setor e das atividades realizadas. É possível verificar, no entanto, a representatividade do mercado consumidor em favelas brasileiras e seu potencial 28
de participação nos setores da economia criativa, dado o acesso à informação, cultura e tecnologia. Ainda que desafios permeiem a qualidade de vida nas favelas, o sentimento de pertencimento local para a grande maioria dos moradores entrevistados: 73% consideram violento o local onde vivem, 59% afirmam que moradores de favelas sofrem preconceito. Ainda assim, 81% gostam de viver na favela onde estão, 62% declaram ter orgulho de pertencer à comunidade onde moram e 2/3 não gostariam de sair da favela para morar em outro bairro. A expectativa é de que a favela continue melhorando: para o próximo ano, apenas 16% acham que a favela onde moram vai ficar mais violenta e 76% acreditam ela vá melhorar.
d) Identificação de programas, planos e projetos referentes às atividades da Economia Criativa. Governo Federal Ministério da Cultura: Plano Nacional da Economia Criativa 2011 - 2014; Observatório de Economia Criativa. Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Cultura: Plano Estratégico da Cidade 2013 - 2016, Mapa de Cultura, Rio Criativo, Programa Favela Criativa. - Solos Culturais formou 120 jovens de seis favelas da cidade do Rio em produção cultural e pesquisa em cultura em 2012 e 2013. O projeto faz parte do Programa Favela Criativa, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura em parceria com a Light, Aneel e Banco Interamericano de Desenvolvimento- BID. - Guia Cultural de Favelas. Mapa colaborativo de práticas culturais. Ambos abrangem as comunidades: Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Complexo da Penha, Manguinhos e Rocinha - Edital de chamada a projetos de capacitação de agentes culturais, de produção de bailes funk e de turismo criativo de base comunitária. - Museu da Moda/São Cristóvão/RJ Projetos em territórios populares 29
- Affroreggae (Complexo do Alemão): projetos sociais: dança, percussão, futebol, reciclagem de resíduos e capoeira. Atua nas comunidades: Vigário Geral, Morro do Cantagalo, Parada de Lucas, Complexo do Alemão, Vila Cruzeiro e Nova Era (Nova Iguaçu). - Rede de Desenvolvimento da Maré / Território Criativo da Maré: projetos de educação; arte e cultura; mobilização social; segurança pública; desenvolvimento local; comunicação; combate a violência, em suas diversas manifestações e geração de trabalho e renda. - Agência Redes para a Juventude: estímulos para os jovens com idade entre 15 e 29 anos, transformarem ideias em projetos de intervenção em seus territórios, aumentando suas redes e seus repertórios.
4.2. Pesquisa de campo 4.2.1. Elaboração de questionários Para fins de tabulação de resultados da pesquisa, a equipe definiu as iniciativas identificadas no território das seguintes categorias e setores com base no PNEC (Brasil, 2010) e o documento da UNESCO (2009), conforme quadro abaixo.
1. Campo do Patrimônio
2. Campo das
3. Campo das
Expressões
Artes de
Culturais
Espetáculo
4. Campo do Audiovisual, do Livro, da Leitura e da Literatura
5. Campo das Criações Funcionais
5.1. Moda 1.1.Patrimônio Material 1.2.Patrimônio Imaterial 1.3. Arquivos 1.4. Museus
2.1. Artesanato 2.2. Cultura Popular 2.3. Culturas Indígenas 2.4.Culturas Afrobrasileiras 2.5. Artes Visuais
3.1. Dança 3.2. Música 3.3. Circo 3.4. Teatro
4.1.Cinema e Vídeo
5.2. Design
4.2.Publicações e
5.3. Arquitetura
Mídias Impressas
5.4. Arte Digital 5.5.Gestão /Produção Cultural
O reconhecimento da atividade indicada como integrante de setores criativos da economia demandou uma análise, por parte da equipe de campo, das suas características produtivas: o método de trabalho, a articulação local e a finalidade da iniciativa, itens que pretendem responder às hipóteses e objetivos da pesquisa. 30
Utilizando como referência o material desenvolvido pela consultora Selma Santiago Lima, consultora da UNESCO para a Secretaria de Economia Criativa, foram utilizados critérios relativos à Economia e Gestão, identificadores de um ambiente criativo em campos de atuação específicos. O questionário possui três partes: duas descritivas e uma de percepção. O Bloco A se refere à caracterização da iniciativa – com informações desde a constituição jurídica, renda, parcerias locais, infraestrutura de trabalho, atividades realizadas, formação/capacitação e acesso a programas de incentivo; o Bloco B procura
identificar
a
percepção
sobre
as
parcerias
locais
e
ações
de
responsabilidade socioambiental; e o Bloco C, está voltado à visão do entrevistado em relação ao território como polo criativo (questionário ANEXO 1). Adaptações realizadas no questionário O questionário elaborado para a pesquisa de iniciativas criativas na Mangueira utilizou como referencia o “Estudo sobre os pequenos territórios criativos brasileiros”, produzido por Lima (2012), consultora UNESCO para o Ministério da Cultura. O mesmo foi aplicado na amostra de 21 iniciativas ao longo dos três meses de atuação da equipe na Mangueira. No decorrer das entrevistas, era visto que determinadas perguntas precisariam ser adaptadas, seja pelo fluxo de informações, alterando apenas a ordem das perguntas, mas também a respeito das condições a que as iniciativas criativas mapeadas realizam seus trabalhos. a) Inclusão dos setores “Capacitação” e “Assist ncia social” Na condução da pesquisa em campo fora observado que, além dos setores criativos e suas atividades associadas, havia iniciativas que utilizam atividades dos setores criativos para atingir seus objetivos principais voltados à gestão social, educacional e cultural, como assistência social e capacitações técnicas. Ficou definido que, na pergunta sobre o setor criativo, estes casos fossem identificados como “Assist ncia Social” ou “Capacitação Técnica” e em atividade associada, indicada a atividade criativa principal que utilizava.
31
b) Modificação do intervalo de renda. Durante a aplicação dos primeiros questionários, a pergunta sobre o intervalo de renda líquida anual arrecadada pelas iniciativas era feita de maneira aberta. Os resultados apresentados estavam entre nenhuma renda e “até R$2.000/ano”. Diversos entrevistados afirmaram
receber patrocínios para projetos específicos,
mas na inexistência de projetos, a iniciativa era mantida mediante a utilização de recursos próprios. O questionário foi então adaptado e as opções de resposta para o intervalo de renda foram alteradas da seguinte maneira: (
) Até R$2.000,00/ano
(
) Maior que R$2.000,00 e menor que R$10.000/ano
(
) Maior que R$10.000 e menor que R$50.000/ano
(
) Maior que R$50.000 e menor que R$300.000/ano
c) Priorização de respostas Algumas perguntas indicavam diversas alternativas de respostas. Para fins de análise quantitativa foi considerada a resposta considerada mais relevante pelo entrevistado, aquela que representasse todos os casos. É o caso de:
localização de fornecedores: há mais de um, podendo estar localizado na Mangueira ou em outro bairro/cidade/Estado;
participação em cursos de capacitação: presença de diversos integrantes que podem participar de vários tipos de cursos;
equipamentos públicos disponíveis ao público: diversas alternativas podem estar disponíveis;
acesso aos equipamentos: o acesso é diferenciado para cada equipamento apontado;
motivação para instalar-se na Mangueira: os motivos podem se adicionar.
32
4.2.2. Seleção de pesquisadores e gestão de pessoas Atribuições
Bolsista CNPq
Pesquisa bibliográfica, Bolsista DTI - A
Elaboração de questionários,
(Desenvolvimento Tecnológico
Treinamento dos pesquisadores,
e Industrial)
Seminário para debater conclusões.
Bolsista DTI – B (Desenvolvimento Tecnológico e Industrial) -
Pesquisa de dados secundários, Teste de campo dos questionários, Tabulação de dados.
1 - Professora do Curso de pós graduação em Turismo e Sustentabilidade LARES/UFRJ. Doutora em Engenharia de Produção.
1 - estudante da Pós-Graduação EGS/LARES/UFRJ, graduada em Ciências Sociais. 5 estudantes de graduação em:
Bolsistas ITI - A (Iniciação Tecnológica e Industrial)
Quantidade - Perfil
Pesquisa de campo.
Economia (1), Direito (1)/Comunicação Social (1)* e Defesa e Gestão Estratégica Internacional (1). * Substituído
4.2.3. Pesquisa de Campo A pesquisa secundária sobre pessoas e organizações em atuação no território se deu a partir de sites da internet e redes sociais. Por esse meio também era realizada a pesquisa sobre recomendações/indicações de contatos realizados. Como dito anteriormente, era necessário reconhecer se a atividade era parte de setores criativos da economia, dentre o método de trabalho, a articulação local, e a finalidade da iniciativa. Na pesquisa de campo foram levantadas as iniciativas/empreendimentos públicos e privados no território; os equipamentos culturais; o calendário de eventos de entretenimento temáticos, de interesse comercial, ou de festas e seus dados econômicos; os sítios culturais turísticos; os grupos artísticos ou artistas individuais; as iniciativas que geram bens ou serviços criativos associados ao design; às novas mídias; e a outros setores na Mangueira; as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do polo; Atividades de capacitação e formação; Projeção turística e desenvolvimento turístico local; Identidade do polo (histórico); Valor agregado intangível; Formas de governança; a relação entre o polo e os residentes; além de ações de responsabilidade social e ambiental.
33
O trabalho de pesquisa teve foco na abordagem de lideranças locais, por telefone e com visitas pré-agendadas; participação/observação de eventos relacionados; e ao registro e organização de informações e imagens. a) Dinâmica de equipe
O perfil dos pesquisadores de campo (bolsistas de graduação) em início de atividade científica demandava a orientação frequente da coordenação sobre sua circulação nos territórios, alinhamento sobre o conceito de economia criativa, assim como redes e polos criativos (atividades que fazem ou não parte), entre os pesquisadores e também sobre o público entrevistado.
Diante dos primeiros resultados da pesquisa, como meio de estímulo à análise, o grupo foi dividido em dois eixos, sendo o primeiro sobre "Patrimônio Cultural, Imaterial e Arte"; o segundo sobre "Capacitação/Mercado de Trabalho", temas aos quais os pesquisadores foram estimulados a produzir artigos acadêmicos para a Jornada de iniciação científica da UFRJ.
Como parte do trabalho de campo, a equipe realizou observação participante em eventos na Mangueira, entre eles a Feira de Moda e a feijoada da Escola de Samba durante a Copa do Mundo FIFA 2014, eventos nos quais foi possível mapear novos atores na rede pesquisada.
b) Dinâmica da pesquisa: desafios e soluções encontradas
O mapa disponível no site do IPP (Instituto Pereira Passos) foi utilizado como referência para localização das áreas da favela (abaixo). Reconhece-se o esforço da instituição para atualizar a cartografia das favelas cariocas, entretanto, o mapa não serve de orientador de pesquisadores na região, uma vez que não tem detalhes do arruamento fora das vias principais. O mapa do Google Maps auxiliou a identificação dos principais pontos de referência, avenidas, ruas, travessas. No entanto, o mapa não pode indicar vielas de acesso à comunidade (embora haja projeto para tal em andamento).
Elevado risco de acesso à comunidade com presença de usuário e traficantes de drogas.
34
Inúmeros esforços foram empreendidos junto à organizações locais e redes sociais para selecionar bolsistas moradores da mangueira, cursando a graduação e com CR acima de 6.0, mas não lograram êxito.
Grande parte dos entrevistados utilizou o celular como o principal meio de comunicação, o que demandou da equipe o uso de celulares pessoais, o que não estava previsto no orçamento do projeto, sendo necessário o reembolso do custo.
A área de abrangência da pesquisa esteve delimitada pelas regiões próximas à Av. Visconde de Niterói, sendo Candelária e Buraco Quente.
Entre os próprios moradores do bairro, e entre produtores culturais e “pessoal do meio” havia pouco conhecimento/indicação sobre quem trabalha com produtos criativos na Mangueira, sendo muito citada a escola de samba, os músicos e as dançarinas. Não foi indicada nenhuma iniciativa ligada às atividades audiovisuais, design, publicidade ou arquitetura, por exemplo.
As atividades de economia criativa em favela, como demonstrado no perfil das iniciativas mapeadas, possuem elevado grau de informalidade, o que impede a sua divulgação na mídia, sendo muitos deles encontrados através de redes sociais como Facebook.
Foi necessário o aumento da frequência de trabalho de campo a fim de identificar e aplicar questionários junto também ao público informal.
O período da Copa do Mundo e das férias de Julho motivaram o recesso de diversas organizações locais, dificultando a otimização das visitas e entrevistas.
O período eleitoral trouxe dificuldades de acesso à informação junto às lideranças de iniciativas locais, por estarem se candidatando a cargos públicos.
Diante da dificuldade em realizar as visitas programadas, foi criado um questionário online para envio por e-mail a estes entrevistados.
35
Encontramos diversas organizações sem fins lucrativos que tem como objetivo a assistência social ou a capacitação para o mercado de trabalho, utilizando atividades associadas à setores criativos da economia.
Em decorrência dos resultados preliminares, onde diversas iniciativas não se enquadravam
especificamente
no
quadro
de
setores
e
atividades
anteriormente previsto, foi preciso incluir atividades de capacitação, tal como utilizado pela FIRJAN (2011), em seu mapeamento. 4.3. Mapeamento de empreendimentos da economia criativa no entorno do Maracanã Para o início da pesquisa de iniciativas associadas à setores da economia criativa situadas na Mangueira foram levantados as infraestruturas urbanas e de serviços influenciadores da economia criativa local, como o Estádio do Maracanã, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a Escola Nacional de Circo da FUNARTE (recém-inaugurada), o Museu Nacional/Campo de São Cristóvão, a UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, a linha férrea e a Estação Mangueira, atualmente também utilizada pelo sistema de Metrô. As imagens abaixo foram obtidas a partir do mapa online disponibilizado pelo Google onde foram demarcadas as localizações. (mapa abaixo). Imagem 1 – Localização de infraestrutura urbana e organizações de relevância regional.
36
Link para o Google Maps – https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zDeWUQSIp5to.kYNn7oSgK-JE
A partir da pesquisa secundária, foi iniciado o trabalho de campo, onde foram mapeadas 17 iniciativas na Mangueira que realizam atividades em setores da economia criativa.
No Google Maps foram identificadas as localizações das 17
iniciativas que participaram da pesquisa, listadas a seguir. Imagem 2 – Localização de Iniciativas de Economia Criativa identificadas na Mangueira.
Disponível em https://mapsengine.google.com/map/edit?mid=zDeWUQSIp5to.kYNn7oSgK-JE, atualizado em 15 de Outubro de 2014.
A seguir, a tabela de Iniciativas mapeadas na Mangueira, atividades núcleo a ela relativas, atividades associadas e tipo de organização a que se refere (identificadas em grupos de cores diferenciadas). Tabela XX: Características das iniciativas mapeadas na Mangueira quanto ao tipo e atividades.
37
Organização
Atividade Núcleo
Atividade Associada
Tipo de organização
(1) Vitor Art / D-Funk in Samba
Artes e espetáculo
Música
Empreendedor Individual
(2) Fabiana Oliveira
Criações funcionais
Dança
Empreendedor Individual
(3) Orlando Leal
Artes e espetáculo
Música
Empreendedor Individual
Artes e espetáculo
Música
Grupo/Coletivo/Associação
Buraco Quente
Assistência Social
Música
(6) Art Junior
Artes e espetáculo
Música
Capacitação
Artes visuais
Capacitação
Artes visuais
Patrimônio
Museu
Inst. Não governamental
Criações funcionais
Moda
Inst. Não governamental
Artes e espetáculo
Música
Inst. Não governamental
Assistência Social.
Literatura
Inst. Não governamental
(4)
GRES
Estação
Primeira
da
Mangueira (5) Associação de Moradores do
(7) Escola de Artes Técnicas (EAT) Luiz Carlos Ripper (8) FAETEC Digital - Quadra da Mangueira (9) Centro Cultural Cartola (10) Ecomoda (11) Instituto Socio-Cultural Batuque Favela Mangueira (12) Associação Meninas e Mulheres no Morro (13)
“MCA”
–
Mangueira
Comunidade em Atividade
(14) Art Cult
(15) Mangueira do Amanhã / Vila Olímpica da Mangueira (16) Dançando para não Dançar / Vila Olímpica da Mangueira (17) Casa Arte de Educar
Criações funcionais
Criações funcionais
Gestão / Produção Cultural Gestão / Produção Cultural
Grupo/Coletivo/Associação
Grupo/Coletivo/Associação
Inst. Governamental
Inst. Governamental
Inst. Não governamental
Inst. Não governamental
Assistência Social
Música
Inst. Não governamental
Artes e espetáculo
Dança
Inst. Não governamental
Assistência Social
Artes plásticas
Inst. Não governamental
38
O gráfico a seguir indica barras contendo o número absoluto de iniciativas entrevistadas (17) segundo o setor a que sua atividade associada em setores criativos.
Número de iniciativas por setor e atividade núcleo 7 6 5 4 3 2 1 0 Artes e espetáculo
Criações funcionais
Patrimônio
Artes visuais Gestão / Produção Cultural Moda Música
Assistência Social
Capacitação
Dança Literatura Museu
A amostra total de iniciativas aponta para um grande número de atividades ligadas aos setores de Artes e espetáculo (6) - com destaque para a música (5) e de Criações funcionais - com destaque para Gestão/Produção Cultural (2). No campo das iniciativas que utilizam atividades criativas para cumprir seus objetivos é vista maior incidência de organizações voltadas à Assistência Social (4) utilizando atividades relacionadas à Música (2), Literatura (1) e Artes Visuais (1); e de instituições voltadas à Capacitação em Artes Visuais (2). Por fim, foi mapeada uma instituição do setor de Patrimônio (1) voltado à atividade de Museu (1). As iniciativas voltadas à assistência social e à capacitação técnica mapeadas na Mangueira estão voltadas à promoção de cidadania e geração de emprego e renda. No caso de iniciativas de assistência social, a prática da música (setor das artes e 39
espetáculo), da literatura (setor do audiovisual) e da cultura popular (setor das expressões culturais) são ações de promoção da identidade local e atitude cidadã, assim como a oferta de espaços de conhecimento técnico (capacitação) para expressões culturais como as artes visuais, favorecendo a inserção no mercado de trabalho de atuantes nesse setor. 4.4. Ligações entre os setores criativos na Mangueira Compreendendo a economia criativa como a criação, produção, distribuição, circulação, difusão e consumo de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica, a pesquisa encontrou iniciativas atuantes em diversos setores, em diferentes esferas de atuação. Os resultados serão apresentados a partir das redes de atuação devido às especificidades internas aos grupos ao invés das categorias de núcleos e setores criativos. Por exemplo, o trabalho no grupo associado ao samba é diferente do grupo do funk, embora ambos atuem na produção musical. Público, método, espaços de divulgação são diferentes e não podem ter o mesmo tratamento. A cidade do Rio de Janeiro abriga um dos maiores contingentes turísticos em torno da maior festa popular do Brasil, o carnaval. No bairro Mangueira está localizada a sede da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira, que representa a comunidade da Mangueira, ou “verde e rosa”, as cores da Escola, citada como “marca” ou identidade do setor criativo do bairro. Há décadas morador ilustre mantém viva a tradição do samba de raiz e empreendedores locais estão familiarizados com a produção do carnaval, participando das festas e vibrando pela conquista de prêmios. Enquanto setor criativo, a Escola de Samba da Mangueira tem como atividade principal a produção musical e a dança5. Esta Escola de Samba é referência no nicho “samba” e se relaciona com pequenos empreendimentos ligados a própria Escola, como museus, moda, gastronomia, fotografia e artes plásticas – muitas delas diretamente atuantes junto à Escola. Vitor Art foi aluno do projeto Mangueira do Amanhã, onde desenvolveu sua capacidade musical (também relacionada à tradição familiar ligada à música e ao samba, especificamente) e atualmente possui seu próprio grupo e atua como diretor 40
da bateria da escola de samba; Giraia, representante do grupo Art Junior também passou pelo mesmo projeto, assim como outros integrantes do grupo, e se apresentam em eventos na sede da Escola além de em outros locais do Estado; Fabiana Oliveira é dançarina formada no mesmo projeto, foi passista da Escola e chegou a ser consagrada Rainha de Bateria, título de relevância no universo do carnaval e de prestígio na Escola; atualmente Fabiana oferece aulas de danças à nova geração de passistas da escola e organiza shows em parceria com a Escola (onde ao usar o nome da mesma deve repassar os direitos autorais à Escola de Samba). Outras atividades que estão além do núcleo criativo utilizam a produção musical e as demais associadas na sua realização. É o caso da produção de eventos, turismo, assistência social e capacitação técnica. Os projetos Dançando para Não Dançar e FAETEC Digital - Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro - são modelos replicados na comunidade da Mangueira e utilizam a sede da Escola de Samba como local de trabalho. Estão voltados à capacitação técnica – o primeiro a partir do aprendizado profissional em ballet clássico e o segundo em cursos como customização e informática. Ecomoda é um projeto ambiental do Governo do Estado que propôs em parceria com as escolas de samba da cidade o reaproveitamento de materiais utilizados nos desfiles carnavalescos na confecção de moda, oferecendo capacitação e espaços de divulgação dos produtos ali confeccionados. O Centro Cultural Cartola preserva a memória do samba – patrimônio cultural brasileiro (IPHAN, 2007), através da atividade de museu e também através de videoclube e aulas de dança e música. A organização Batuque Favela é uma banda musical e oferece aulas de música e dinâmicas de autoestima e cidadania; Mulheres do Morro oferece leitura e artes como forma de promover o protagonismo juvenil.
4.5. Vocação para os setores criativos em São Cristóvão e Tijuca Conforme identificação de iniciativas ligadas aos setores da economia criativa em São Cristovão e Tijuca foram verificados seus aspectos vocacionais. A listagem
41
de organizações mapeadas em São Cristóvão e Tijuca está em anexo – ANEXO 1 - , como resultados qualitativos da pesquisa. São Cristóvão:
Patrimônio - Imaterial, Museus / Expressões Culturais - Artesanato, Cultura Popular:
Preservação do patrimônio material (arquitetônico) e imaterial (tradição nordestina). Turismo histórico e de lazer – atração de grande público em finais de semana, férias.
Artes e espetáculo - Música dança: frequência aumentada em finais de semana. Oferta de espaços de atrações musicais, comércio e exposição de produtos.
Criações funcionais - Moda, design, arte digital: dinamização econômica do bairro e oferta de mão de obra e serviços.
Tijuca
Audiovisual – estúdios, produtoras, cinemas.
Artes e espetáculo – diversidade de espaços culturais para público local (Cidade/Estado) de nível médio/alto de renda e frequência de jovens (presença da universidade);
Maior grau de urbanização, maior nível de renda.
4.6. Mapeamento das ligações dos setores criativos da Mangueira com os bairros da Tijuca e São Cristovão
Não houve manifestação a respeito de interações diretas entre as iniciativas criativas mapeadas na Mangueira e parceiros em São Cristóvão e Tijuca. Não é reconhecida relação entre os setores criativos na Mangueira com a Feira de São Cristóvão ou a Fábrica da Behring, por exemplo.
Os fornecedores de produtos e serviços de iniciativas na Mangueira são, em sua maioria, sediados no Centro, na Penha, ou em outros municípios, como Duque de Caxias.
42
Importante braço produtivo da Escola de Samba Mangueira, o barracão onde é produzida grande parte das alegorias de carnaval, fica na Gamboa, Centro. Ali é empregada mão de obra oriunda de diversas partes da cidade e do Estado (inclusive de municípios vizinhos).
4.7. Levantamento das melhorias ocasionadas pelos investimentos provenientes de megaeventos e de deficiências estruturais que podem atrapalhar o desenvolvimento econômico criativo na Mangueira. 4.7.1. Impactos da Copa do Mundo FIFA 2014 na economia criativa da Mangueira
Candidatura da Travessa Saião Lobato (rua principal do “Buraco Quente”) ao concurso “Minha rua na Copa”, promovido pela Secretaria de Cultura.
Na escola de Samba da Mangueira, aumento de turistas em Julho. Agendamento de grupos para “Show Mangueira na Copa”, feijoada. Em dias dos jogos do Brasil, a tradicional feijoada e samba com telão para transmissão.
EcoModa, projeto da Secretaria de Estado do Ambiente, lançou uma coleção inspirada na Copa do Mundo - desfile durante as comemorações do Dia Mundial do Meio Ambiente.
Participação de músicos da GRES Mangueira, entre outros, em evento na sede da FIFA em São Cristóvão.
4.7.2. Impactos das obras de urbanização e revitalização no bairro
As obras de reforma das Estações da Supervia e Metro, na Mangueira e São Cristóvão estão em andamento.
A construção da passarela ligando o Estádio do Maracanã à Quinta da Boa Vista foi finalizada e inaugurada em Maio de 2014, chegando a ser utilizada pelos moradores da região. No entanto, definições de segurança da FIFA e da Prefeitura, levou à restrição da passagem apenas para funcionários da FIFA.
Teve início o Projeto Agente de Tranformação (IPP/Prefeitura do Rio de Janeiro/TIM) na Mangueira com aplicação de questionários junto aos jovens
43
da favela, identificando suas atividades. A ONG local ArtCult é a parceira do IPP na monbilização dos jovens pesquisadores.
O Projeto Cimento Social (ex-senador José Crivella)está em andamento da Mangueira, cujo atendimento é feito na antiga sede da Associação de Moradores.
Serviços de fornecimento de luz elétrica pela Light
Início das obras de saneamento básico da CEDAE, porém, paralizado, segundo a Associação de Moradores do Buraco Quente
Projetos Sociais da Unidade de Polícia Pacificadora que, na prática, são aulas de lutas, futebol e leituras de livros com crianças
No ano de 2010 o arquiteto urbanista Jorge Jauregui realizou
para o
Ministério das Cidades estudos de concepção e Quadro de Composição de Investimentos para urbanização da Mangueira com recursos do PAC-UAP. As metas previam: de obras de infraestrutura, produção de 1.192 unidades habitacionais por meio do PMCMV, melhorias em 200 unidades habitacionais, obras de contenção de encostas, recuperação de área degradada (reflorestamento e 01 parque ecológico), equipamentos comunitários (segurança, 02 equipamentos de desporto, equipamentos de lazer – praças e áreas esportivas, 03 equipamentos de educação, 01 biblioteca). No final do ano de 2013, entretanto, este projeto, já modificado pelo Estado, foi apresentado a Caixa Econômica Federal para análise e em julho de 2014 estava buscando a finalização do Laudo de Engenharia para que então fosse encaminhado ao Ministério. 4.8. Indicadores estruturais para o desenvolvimento da Economia Criativa. A partir dos questionários aplicados junto ao público alvo, foram apontados alguns temas/questões que se referem à percepção sobre o impacto dos investimentos infraestruturais na Mangueira nos setores criativos da economia local, principalmente a partir dos megaeventos.
É importante salientar que dentre os
entrevistados, nenhum conhecia o termo “economia criativa” ou um programa específico do governo. Diante dos exemplos de atividades, o entrevistado apontava qual seria a relação dos investimentos públicos no setor. 44
A análise quantitativa dos dados está exposta no ANEXO 2, onde os resultados sobre o conhecimento de investimentos públicos no setor é avaliado nas três esferas governamentais. A partir destes resultados, propusemos a análise de indicadores referentes à estrutura de desenvolvimento da economia criativa:
Percepção de acesso à serviços públicos
Frequência e motivação de utilização por moradores da Mangueira dos equipamentos construídos
Percepção de segurança
Número de estabelecimentos comerciais abertos / tipo
Oferta de serviços
Acesso a bens culturais da cidade
Número de eventos ou iniciativas realizadas em parceria com pessoas ou organizações locais.
4.9. Relatório com recomendações para investimentos em infraestruturas que potencializem o desenvolvimento local da Economia Criativa. A pesquisa, tanto no território como na literatura temática, aponta que o incentivo do mercado de produtos criativos locais pode ser conduzido a partir de algumas observações sobre: Programas públicos - O pleno acesso aos serviços de saúde, educação e garantias de segurança; - Dinamização dos espaços e equipamentos culturais localizados no município do Rio de Janeiro - estruturas (espaços, ferramentas) e serviços (metodologias, conhecimento) para diversos públicos (inclusive crianças e adolescente); - Fortalecimento de processos produtivos que favoreçam a geração de renda e a autonomia financeira dos projetos; 45
- Desenvolvimento de circuitos ampliados de produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais na cidade (integração com redes de produção locais). Projetos setoriais - Ações de diversidade de conteúdos e formatos, aliado ao diálogo entre as diversas iniciativas para a otimização dos trabalhos (redes), do conhecimento e dos espaços já presentes. - Desenvolvimento e compartilhamento de tecnologias sociais; - Práticas colaborativas, justas e solidárias. - Reconhecimento e alavancagem de estratégias ou arranjos econômicos inovadores, desenvolvidos a partir de situações e desafios apresentados no ambiente urbano, cotidiano, popular e comunitário. Exemplos:
Festivais e lonas culturais.
Intercâmbio criativo: projetos de articulação do samba às tradições nordestinas, a estética do samba ao teatro e às artes plásticas; as tradições nordestinas às multimídias das ocupações artísticas, apresentações de artes e música em eventos esportivos.
4.10.
Atividades criativas nas escolas públicas. Levantamento das necessidades específicas para qualificação dos
empreendedores culturais e criativos e demais atores que trabalham em atividades da Economia Criativa. Os entrevistados apontaram desafios referentes às seguintes questões:
Diálogo entre as organizações e desta forma a cooperação sobre a gestão e promoção de iniciativas
Acesso a editais públicos e de financiamento (capacidade de elaboração de projeto e organização dos documentos necessários) 46
Elevados custos de formalização Em termos de formação/capacitação, há demanda por conteúdos técnicos de
caráter funcional, como também de abordagem social. Os temas ligados à questão social tocam principalmente os entrevistados ligados a projetos de assistência social e capacitação, compreendendo a importância do trabalho de valorização da cidadania e pertencimento, como abordagem no processo de oferta de conhecimentos específicos. Capacitação técnica:
Captação de recursos / leis de incentivo fiscais
Produção / Eventos
Gestão Cultural /
Teatro / Dança / Artes
Mediação de conflitos
Formação e prática:
Assistência Social
Pedagogia
Psicologia
5. Seminário de apresentação de resultados
No dia 2 de dezembro de 2014 foi realizado o Semin rio “Territórios Criativos e Inclusão Produtiva - Estudo de caso do entorno do Est dio Maracanã”, realizado pelo Laboratório de Responsabilidade Social – LARES-IE/UFRJ no auditório do Instituto de Psicologia – UFRJ, das 15h às 18h.
47
A agenda do encontro contou com a apresentação do Projeto, feita pela professora e coordenadora do mesmo, Dália Maimon, onde falou dos objetivos e pressupostos da pesquisa. Passou então a palavra à pesquisadora Cristine Carvalho que apresentou os resultados da pesquisa secundária e das atividades de campo, respondendo aos objetivos previstos no projeto. A professora Rita e a professora Dália fecharam então a exposição trazendo a temática das inovações sociais contextuais, uma das considerações importantes feitas a partir dos resultados observados sobre a dinâmica da economia criativa na Mangueira. Finalmente foi aberto o debate para perguntas e colocações pertinentes aos resultados da pesquisa apresentados. As considerações foram listadas a seguir:
A importância de identificar e mensurar o impacto das redes locais, do contato entre os moradores, da riqueza do conhecimento local, sobre a produção de produtos e serviços criativos;
A presença da UPP na comunidade favorece a atração de novos empreendimentos, dentre públicos e privados, o que movimenta a economia local.
Aus ncia do mapeamento de iniciativas referentes ao movimento “hip-hop” no contexto das produções criativas em favelas, e no caso da Mangueira;
A produção das iniciativas locais associadas à valores locais, da tradição e cultura, quando voltadas ao mercado, e ganhando escala, perderiam seus valores originais?
A demanda para que as ONGs gerem autonomia a médio e longo prazo de seus públicos beneficiados. É sugerido que seja feito uma pesquisa de follow up para acompanhar o desempenho dos participantes das atividades.
Enquanto atualização da listagem de iniciativas mapeadas, há o novo status da Associação de Moradores do Buraco Quente, agora referência central de outras Associações (núcleos) representantes de moradores de outras regiões da Mangueira. A atual presidência da Associação foi composta a partir de eleições regulamentadas. 48
Há demanda por investimentos em empreendedores, iniciativas individuais e pequenos grupos.
Associação entre economia criativa, inclusão social e geração de emprego através da possibilidade de gestão compartilhada de resíduos entre as iniciativas, gerando movimento de economia solidária, como exemplo o Ecomoda, reutilizando materiais com uso da criatividade.
O conceito de economia criativa surge, no Brasil, a partir da leitura de Celso Furtado, e o conceito de valorização da cultura local como promotora de desenvolvimento econômico e social.
6. Considerações Finais
O mapeamento da economia criativa na Mangueira e o entendimento da sua dinâmica produtiva levou a equipe a algumas considerações importantes. E ainda enriquecedor é verificar espaços de discussões importantes sobre o tipo de trabalho realizado no campo de favelas e os métodos utilizados no seu planejamento. A respeito do conteúdo produzido, foi interessante desconstruir os pressupostos de pesquisa de onde foi iniciado o trabalho, ação a que o trabalho de pesquisa requer desde o início das atividades junto ao público. A partir daí, pontos conceituais foram refeitos, como o próprio entendimento da economia criativa em ambiente de favelas – o pensamento sobre o processo produtivo neste ambiente e àquele relativo à atividades ligadas à economia criativa (ou às artes, música, cultura, temas com os quais estão mais familiarizados); e sobre a participação do terceiro setor nas favelas, e usando ferramentas dos setores da economia criativa para atingir seus objetivos. A literatura sobre economia criativa em favelas é escassa no Brasil, do ponto de vista da produção. O número de estabelecimentos informais esconde o volume de iniciativas, a qualidade e o dinamismo das mesmas. O que chama a atenção sobre o mercado consumidor em potencial oferece pistas de que a população ali
49
residente, ainda que tenha fontes informais de recursos, estão gastando e se inserindo no mercado, utilizando tecnologia, acesso à redes, à comunicação, etc. O desenho conceitual sobre o setor da economia criativa no Brasil parte do entendimento sobre como ele ocorre no país. E a principal pista encontrada na Mangueira é a forte ligação de atividades produtivas-criativas com a tradição cultural local através da música, de eventos como o carnaval, e atividades de turismo. As tradicionais atividades de cultura e lazer associadas à tradição local das matrizes do samba na Mangueira - o samba reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro (IPHAN, 2007)17 e originário (em suas características) na Mangueira, é um ativo econômico e criativo do bairro. Outra ligação se dá através de práticas de assistencialismo e capacitação nestas atividades, indicando algum tipo de valor pedagógico e de promoção da cidadania através das artes e das expressões culturais. E o que aprender sobre a produção econômica na favela? A pergunta que podemos fazer a partir daqui é: conhecemos a Mangueira, como será em outras favelas? Diante da forte presença de (1) Samba como referência para diversas atividades criativas e (2) Capacitações ligadas às atividades criativas, sejam de objetivos assistencialistas ou profissional, estes foram eixos aos quais a equipe, em termos de aprofundamento da leitura de bibliografia e elaboração de artigos de iniciação científica, buscou ter como referência. A cidade do Rio de Janeiro abriga um dos maiores contingentes turísticos em torno da maior festa popular do Brasil, o carnaval, cuja produção demanda atividades dos setores criativos ou a eles associadas. Dentre os produtos do carnaval, toda uma gama de atividades associadas à economia criativa, como audiovisual, eventos, fotografia e turismo. No bairro Mangueira está localizada o GRES Estação Primeira da Mangueira, sede de uma parte da cadeia produtiva do carnaval: a produção musical e a dança. A produção de alegorias (carros e artefatos) 17 IPHAN. inscritas no Livro de Registro de Formas de Expressão, em 2007, como Patrimônio Cultural. Disponível em
http://portal.iphan.gov.br/montarDetalheConteudo.do?id=17757&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional, acesso em Maio de 2014.
50
e fantasias é realizada no barracão da Mangueira, na Cidade do Samba, na Gamboa. Há décadas os moradores e empreendedores locais estão familiarizados com a produção do carnaval, e se envolvem profundamente, seja trabalhando, participando das festas e vibrando pela conquista de prêmios. Diante dos megaeventos esportivos e de sua elevada atração turística, é vista a oportunidade de promover negócios ligados direta ou indiretamente ao turismo. Na Mangueira, diante da vocação de empreendedores locais para a festa, a dança, a música e a moda/artes plásticas (alegorias) - assim como da experiência com a atividade turística, não seria diferente. E uma das hipóteses a que este projeto veio verificar foi esta: como a atividade criativa na Mangueira participou dos eventos associados à Copa do Mundo FIFA 2014. Os resultados da pesquisa apontaram para impactos no aumento do público presente em festas na Escola de Samba e da participação de alguns músicos ligados à Escola de Samba, assim como de outras Escolas, em evento fechado da FIFA. Atividades associadas ao setor criativo "Moda" também estiveram associados ao carnaval, seja na produção de fantasias, seja na reutilização de materiais de carnavais passados (e também de fábricas têxteis). Desenhistas e costureiras autônomas (e informais) trabalham na confecção de fantasias sob medida para passistas da comunidade e de fora dela; e o Instituto Ecomoda, voltado ao aprendizado de produção de moda a partir da reutilização materiais é uma ação de fomento da Secretaria de Ambiente do Estado em parceria à LIESA - Liga das Escolas de Samba, frente à necessidade de apropriação das Escolas de Samba à Lei de Resíduos Sólidos. Compreende-se que a oferta de serviços e produtos criativos requer determinadas características de formação dos empreendedores, seja na gestão de negócios ou na operacionalização da produção. Observando a dinâmica de trabalho de empreendedores criativos ligados à serviços e expressões culturais, há o uso intenso de capital cultural e social como recurso principal, tal como os bens intangíveis associados ao patrimônio imaterial 51
samba, e a capacidade de formar redes de colaboração informais, como alternativas à necessidades de infraestruturas física ou de serviços. A educação formal está associada à prática do aprendizado, a experiência passada de geração para geração ou sob a forma de oficinas de capacitação em projetos de assistência social. A Escola de Samba administra o projeto Mangueira do Amanhã, onde as crianças - devidamente matriculadas em escolas formais, praticam a música e a dança, podendo participar de desfiles de carnaval mirim. O projeto Orquestra de Violinos do Centro Cultural Cartola aproxima as crianças da música e do trabalho no setor da economia criativa. A condução de negócios da economia criativa, como todo processo produtivo, é impulsionada por capacidades de gestão tanto quanto por capacidades técnicas associadas ao produto principal. Conforme visto na Mangueira, os insumos da produção são intangíveis, se revelam a partir da memória e da experiência sensorial da cultura do samba, e também de aspectos sociais de associação de pessoas no modo de fazer negócios. Diante de características específicas de empreendedorismo criativo em comunidades de favelas frente à literatura internacional que versa sobre o tema ou aos Planos de atuação do governo brasileiro, é interessante buscar compreender seus processos produtivos e inovadores, identificando riscos e potenciais, buscando favorecer seu desenvolvimento e provocar a escala de tais modelos em comunidades e em redes, de forma a inspirar novos negócios, criar novos serviços e novas demandas, movimentando o mercado. Em relação à dinâmica da pesquisa realizada a partir do Instituto de Economia da UFRJ, a participação de graduandos pesquisadores de áreas diversas como as Ciências Econômicas, Direito, Comunicação Social e Gestão e Estratégia de Defesa foi enriquecedora para o tema. Os jovens mostraram-se entusiasmados com o tema, participando proativamente da pesquisa. O tema levantou debates em temas como educação, comportamento jovem, tecnologias sociais e mercado de trabalho. O trabalho em favelas foi a primeira entrada de alguns deles neste ambiente, o que levava a conversas sobre a percepção dos mesmos. Por estar no Laboratório de Responsabilidade Social, foram debatidos aspectos relativos à 52
sustentabilidade das organizações, ao investimento social privado, ao turismo e à inovação social. Este trabalho nos sinalizou ainda que, dentro das favelas, pode haver um modelo lógico de propagação de empreendimentos inovadores contextualmente, a partir de uma organização estruturada, como o observado na mangueira: uma organização enraizada na identidade local – a escola de samba - de maior porte, portanto de atuação mais capilarizada, que recebe investimentos públicos e privados, por suas relações e ofertas a rede de participantes por meio das diversas atividades que promove, irradia uma série de inovações sociais contextuais, empreendidas pelos que são impactados por suas atividades. Por exemplo, quando um jovem participante da bateria da escola, ou formado num de seus projetos, percebe que, dentro de seu contexto, há outra forma de sobrevivência econômica que não exclusivamente a de empregos subalternalizados e escolhe montar sua própria banda ou grupo de samba e vender shows, em vez de se empregar em algum lugar onde não tenha aderência de propósitos. Este poss vel “modelo”, se comprovado, pode nos mostrar e estar associado à: (1) highligts de estilo de vida mais sustentáveis; (2) produção e consumo sustentáveis na área de cultura; (3) decorrências não esperadas - extenalidades positivas - de investimentos públicos ou investimentos sociais privados; (4) inovações sociais de pequeno porte; (5) empreendedorismo em favelas; (6) caminhos para políticas públicas; (7) caminhos para indicadores de investimento social privado, por exemplo. Esta hipótese - de que há um modelo diferenciado para a economia criativa dentro das favelas - pareceu bastante significativa quando projetada para outros territórios de baixo IDH, como a Maré, onde existem duas grandes organizações – o Observatório de Favelas e a Redes de Desenvolvimento da Maré – que a partir das ofertas de capacitação, projetos e serviços, influencia inúmeros jovens que por lá passam a empreender diversas inovações sociais contextuais, que não são inovações em outros contextos, mas que são bastante inovadoras quando observadas dentro destes territórios, com outra cultura relacionada a geração de emprego e renda. 53
Esta percepção fez com que a equipe de pesquisadores submetesse um projeto para Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC/UFRJ) tendo-o aprovado, para testar esta hipótese em outros territórios populares na cidade, o que garante (ainda que com um único bolsista) que a pesquisa não pare.
54
7. ANEXO 1 – Questionário
MAPEAMENTO DOS EMPREENDIMENTOS DA ECONOMIA CRIATIVA NO ENTORNO DO ESTÁDIO DO MARACANÃ – MANGUEIRA, TIJUCA E SÃO CRISTOVÃO MinC/CNPq/UFRJ. Questionário Nº____________
Data: _____________
Preenchido por:
___________________________
QUESTIONÁRIO DE CAMPO 1 – INTEGRANTES DE INICIATIVAS DA ECONOMIA CRIATIVA NA MANGUEIRA, RIO DE JANEIRO/RJ.
Nome da iniciativa: ___________________________________________________ Atividade principal (usar tabela 1): _______________________________________ Setor Criativo: ____________________________________________ Código: __________ Atividade Associada: _______________________________________ Código: __________ Endereço: ______________________________________________ Bairro: ___________________ Município/UF: _______________________________________
CEP: ______________________
E-mail: _________________________________ Página web: ______________________________ Telefones: _______________________________
BLOCO A - CARACTERIZAÇÃO DA INICIATIVA (EMPRESA/INSTITUIÇÃO/GRUPO/INDIVÍDUO) Considera-se uma iniciativa da economia criativa as atividades de criação, produção e distribuição de produtos e serviços que tem como recurso principal a criatividade das pessoas, usando conhecimentos e habilidades artísticas, capital cultural (patrimônio material ou imaterial) e/ou físico (ambiente local) gerando renda.
1. Qual o ano de início das atividades/fundação: ______________________ 2. Qual o nome do(a) responsável: _________________________________
55
2.1. Que função ele(a) exerce na iniciativa: ___________________________ 3. Qual o tipo de organização? 3.1 ( ) Empresa
3.2 ( ) Instituição Governamental
3.3( ) instituição não
Governamental 3.4 ( ) Grupo/Coletivo/Associação
3.5 ( ) Empreendedor Individual
3.6 ( ) Atividade Informal
4. Quantas pessoas estão envolvidas na iniciativa: ___________ 4.1 Sócios Majoritários/Proprietários/Empreendedor individual _______
4.2 Funcionários _______
4.3 Voluntários/residentes/estagiários _______
4.5 Outros: ____________
4.4 Familiares _______
5. Quanto a organização recebe ao ano, deduzido os custos fixos: 5.1( ) Máximo até R$60.000,00/ano 5.2( ) Menor ou igual a R$ 2,4 milhões/ano 5.3( ) Maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões/ano 5.4( ) Maior que R$ 16 milhões e menor ou igual a R$ 90 milhões/ano 5.5( ) Maior que R$ 90 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões/ano 6. Qual a sua opinião sobre as condições físicas do local de trabalho para as atividades realizadas? 6.1 ( ) Apropriado às atividades
6.2 ( ) Não apropriado às atividades
7. Qual a origem do espaço? 7.1. ( ) Espaço próprio
7.2 ( ) Espaço alugado
7.3 ( ) Espaço cedido
8. Como é realizada a comercialização de seus produtos ou serviços? 8.1( ) Venda direta no atacado
8.2( ) Venda direta no varejo
8.3( ) Venda através de
representantes 8.4( ) Venda por internet
8.5( ) Venda em sites de compra coletiva
8.6 ( ) Outro
_________________ 9. Quais outras atividades associadas são realizadas pela sua iniciativa, caso existam (usar Tabela 1): 9.1 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 9.2 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________
56
9.3 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 9.4 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 10. Quais outras atividades a sua iniciativa contrata ou é parceira na Mangueira (usar Tabela 1): 10.1 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 10.2 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 10.3 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 10.4 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 10.5 Explique como é realizada a parceria? ___________________________________________________ 11.Sua iniciativa contrata / faz parceria com empresas de fora da Mangueira? 11.1 ( ) Sim
11.2 ( ) Não | Se não, pule para a pergunta 16.
12. Se sim, quais as atividades? 12.1 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 12.2 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 12.3 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 12.4 Setor Criativo: __________ Atividade Associada: __________ 13. Se sim, onde estas empresas se localizam? 13.1 ( ) Mesmo município
13. 2 ( ) Tijuca
13.3 ( ) São Cristóvão
13. 5 ( )Cidades vizinhas
13. 6 ( ) Outras regiões do Estado
13.4 ( ) Maracanã
13. 7 ( ) Outros Estados
brasileiros 13.8 ( ) Exterior
13. 9 ( ) Não é contratada fora do polo
14. Se sim, explique como é realizada a parceria? ________________________________________________ 15. Sua iniciativa realiza eventos na Mangueira? Se sim, qual/quais? 15.1 ( ) Evento de Entretenimento Temático (festivais ou mostras como: dança, gastronomia, música, teatro, circo, artes plásticas e visuais, manifestações tradicionais, outros)
57
15.2 ( ) Eventos de interesse comercial (feiras, rodada de negócios ou outras que envolvam por exemplo: antiguidades, artes, música, artesanato, livros, agropecuária, moda, bazar, outros) 15.3 ( ) Festas (religiosas, cívicas, culturais, artísticas, outras) 15.4 ( ) Outros. ____________________________________________________________ 15.5 ( ) Não realiza. ( Pular para pergunta 19.) 16. Quanto à periodicidade destes eventos: 16.1 ( ) Semanal
16.2 ( ) Mensal
16.3 ( ) Semestral
16.4 ( ) Anual
16.5 ( ) Só uma vez
17. Onde se localiza os fornecedores de material ou equipamentos para seu trabalho, localizam: 17.1( ) Na Mangueira
17.2 ( ) Mesmo município
17.5. ( ) Maracanã
17.6 ( )Cidades vizinhas
17.8 ( ) Outros Estados brasileiros
17.9 ( ) Exterior
17.3. ( ) Tijuca
17.4. ( ) São Cristóvão
17.7 ( ) Outras regiões do Estado 17.10 ( ) Não é contratada fora do polo
18. Os integrantes de sua iniciativa participam de ações formativas/de capacitação realizadas na Mangueira? Quais? 18.1 ( ) Oficinas de curta duração
18.2 ( ) Cursos de longa duração
18.3 ( )
Seminários/Congressos 18.4 ( ) Outros: ______________________________________
18.5 ( ) Não participa
19. Os integrantes de sua iniciativa participam de ações formativas realizadas por instituições de fora da Mangueira? Quais? 19.1 ( ) Oficinas de curta duração 19.4 ( ) Congressos
19.2 ( ) Cursos de longa duração 19.5 ( ) Outros: ________________________
19.3 ( ) Seminários 19.6 ( ) Não
participa 20. Os integrantes de sua iniciativa tem interesse em participar de ações formativas/capacitação? Se sim, quais? ______________________________________________________________________________________ ____21. Você conhece os programas ou projetos do governo voltados à promoção do empreendedorismo criativo (atividades ligadas a setores da economia criativa)? Quais?
58
______________________________________________________________________________________ ____ 22. Você conhece programas ou projetos de organizações não governamentais voltados à promoção do empreendedorismo criativo (atividades ligadas a setores da economia criativa)? Quais? ______________________________________________________________________________________ ____ 23. Você conhece programas ou projetos de empresas voltados à promoção do empreendedorismo criativo (atividades ligadas a setores da economia criativa)? Quais? ______________________________________________________________________________________ ____ 24. Você conhece outras iniciativas que geram bens ou serviços ligados à economia criativa na Mangueira? Quais? Possui referência (contato, localização)? ______________________________________________________________________________________ ____ 25. Quais equipamentos públicos voltados às atividades da economia criativa estão disponíveis ao público na Mangueira? 25.1. ( ) Espaço de shows, exposições, encontros. 25.2. ( ) Espaços para reuniões, cursos, seminários. 25.3. ( ) Biblioteca, salas de informática. 25.4. ( ) Laboratório de Imagem 25.5. Como é o acesso à estes equipamentos? Você os considera de fácil, médio ou difícil acesso? ____________________________________________________________________________________ ___
BLOCO B – INTER RELACIONAMENTOS Você concorda com as afirmações a seguir? Responda as questões utilizando a escala de 1 a 5, onde 1 Baixo grau de concordância com a afirmação e 5 - Alto grau de concordância com a afirmação
59
26. Realizamos ações de formação/capacitação em parceria com outras iniciativas na Mangueira. 12345 27. Realizamos ações de produção em parceria com outras iniciativas na Mangueira. 12345 28. Realizamos ações de comercialização em parceria com outras iniciativas na Mangueira. 12345 29. Realizamos ações de visibilidade das atividades criativas em parceria com outras iniciativas na Mangueira. 12345 30. Praticamos a gestão compartilhada entre os integrantes das iniciativas para o desenvolvimento da economia criativa na Mangueira, tais como planejamento, plano de marketing, controle, etc. 12345 31. Praticamos a gestão compartilhada entre os integrantes das iniciativas e instituições públicas, privadas e outras da sociedade civil. 12345 32. Em nossa iniciativa, realizamos ações de responsabilidade ambiental na Mangueira. 12345 33. Em nossa iniciativa, realizamos ações de responsabilidade social na Mangueira. 12345 34. As ações do governo municipal têm sido importantes para as iniciativas de Economia Criativa na Mangueira. 12345 35. As ações do governo estadual têm sido importantes para a Mangueira. 12345 36. As ações do governo federal têm sido importantes para a Mangueira. 12345
60
BLOCO C – IDENTIDADE E INOVAÇÃO
37. O que o levou a instalar-se na Mangueira? 37. 1 ( ) Já pertencia à este local
37.2 ( ) Incentivo fiscal
37. 3 ( ) Proximidade com
fornecedores 37. 4 ( ) Proximidade com outras iniciativas semelhantes
37. 5( ) Proximidade com
consumidores 37. 6 ( ) Outros: _______________________________________________________________ 38. E iste uma “marca” criada para identificar os produtos e serviços originados das atividades criativas da Mangueira? 38.1 ( ) Sim
38.2 ( ) Não
Descreva: ___________________________________________________________________ 39. Existe uma imagem com identidade própria das atividades criativas da Mangueira junto aos seus próprios integrantes? 39.1 ( ) Sim
39.2 ( ) Não
Descreva: ___________________________________________________________________ 40. Existe uma imagem com identidade própria das atividades criativas da Mangueira junto ao demais moradores do município? 40.1 ( ) Sim
40.2 ( ) Não
Descreva: ___________________________________________________________________ 41. Existe uma imagem com identidade própria do polo junto outros municípios? 41.1 ( ) Sim
41.2 ( ) Não
Descreva: ___________________________________________________________________ 42. As atividades turísticas locais reconhecem as iniciativas de economia criativa na Mangueira e atuam em prol de sua visibilidade? 42.1 ( ) Sim
42.2 ( ) Não
Por que? _____________________________________________________________________
61
43. Como a atividade criativa financia o trabalho dos participantes? 43.1 ( ) Patrocínio de empresas
43.2 ( ) Patrocínios por prêmios
43.3 ( ) Patrocínio
Coletivo 43.4 ( ) Financiamento bancário
43.5 ( ) Outros: ________________________________
43.6 ( ) Através da venda dos nossos produtos / serviços 44. Observações para melhoria das iniciativas de Economia Criativa na Mangueira: ______________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________
QUESTIONÁRIO 1 – INTEGRANTES DO PÓLO TABELA 1 - SETORES CRIATIVOS E ATIVIDADES ASSOCIADAS (MINC 2011)
1. Campo do Patrimônio 1.1. Patrimônio Material 1.2. Patrimônio Imaterial 1.3. Arquivos 1.4. Museus
2. Campo das Expressões Culturais 2.1. Artesanato 2.2. Cultura Popular 2.3. Culturas Indígenas 2.4. Culturas Afro-brasileiras 2.5. Artes Visuais
3. Campo das Artes de Espetáculo 3.1. Dança 3.2. Música 3.3. Circo 3.4. Teatro 62
4. Campo do Audiovisual, do Livro, da Leitura e da Literatura 4.1. Cinema e Vídeo 4.2. Publicações e Mídias Impressas
5. Campo das Criações Funcionais 5.1. Moda 5.2. Design 5.3. Arquitetura 5.4. Arte Digital 5.5. Gestão /Produção Cultural
63
8. ANEXO 2 – Análise de informações
8.1. Mapeamento de Iniciativas na Mangueira Formada a partir de 185218, o morro se expandiu da comunidade de Telégrafos para um complexo de diversos pequenos núcleos populacionais, dentre eles, Pindura Saia, Santo Antônio, Chalé, Faria, Buraco Quente, Curva da Cobra e Candelária. Como ponto de partida para o início da pesquisa de campo, buscou-se identificar, além da Escola de Samba, as principais organizações locais, tais como o Centro Cultural Cartola e a Associação de Moradores. Como a comunidade possui uma UPP - Unidade de Polícia Pacificadora - desde 2011, também foi visitada a sede, assim como buscadas informações junto ao poder público municipal, através do Instituto Pereira Passos, responsável pela UPP Social. Uma vez iniciado o trabalho de campo, recomendações foram feitas e o reconhecimento das iniciativas foi sendo realizado a partir das redes de contatos entre pessoas e organizações. O reconhecimento da atividade indicada como integrante de setores criativos da economia demandou uma breve análise, por parte da equipe de campo, das suas características produtivas: o método de trabalho, a articulação local e a finalidade da iniciativa, itens que pretendem responder às hipóteses e objetivos da pesquisa. A partir do primeiro contato com as organizações mapeadas fora identificado o setor e as atividades realizadas, para então ser realizada a entrevista e aplicado o questionário. No decorrer do contato, entrevistas foram realizadas e alguns questionários puderam ser preenchidos, mas não todos.
Encontramos diversas
organizações sem fins lucrativos que tem como objetivo a assistência social ou a capacitação para o mercado de trabalho, utilizando atividades associadas à setores criativos da economia. 18
Diante da ocupação das terras de Visconde de Niterói por soldados que serviam na Cavalaria da 5ª da Boa Vista e moradores advindos do incêndio do morro de Santo Antônio e da desapropriação do morro da Favella, muitos deles inquilinos do português Tomás Martín, então assessorado pelo seu afilhado, Carlos Cachaça. O nome é em razão das muitas mangueiras ali presentes (e por isso nome também da fábrica de chapéus ali localizada).
64
8.1.1. Iniciativas na Mangueira Setor Criativo: Patrimônio
Organização
(1) Centro Cultural 19 Cartola
Setor
Patrimônio
Atividade principal
Museu
Setores associados
Atividades extras
Atuação
Expressões Culturais, Artes e Espetáculo.
Dança, Artes, Esportes. Exposição, Eventos, Projetos Sociais, Capacitação.
Museu do samba, pesquisa e documentação. Oficinas de teatro, dança, música, leitura. Mostra de vídeos. Eventos culturais. Faz parte da Rede de Pontões de Cultura - Memória do Samba Carioca. Histórico: Projeto Orquestra de Violinos.
Setor Criativo: Artes e espetáculo
Organização
Setor
Atividade principal
Setores associados
Atividades extras
Atuação Pesquisa e o enriquecimento do folclore nacional, através do desenvolvimento cultural e artístico do “samba”, assim como prestação de serviços filantrópicos, projetos sociais, promoção de recreativismo, festas, reuniões educativas.
(2) Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira da 20 Mangueira
Artes e espetáculo
Música
Expressões Culturais, Criações funcionais, Patrimônio,
Dança, Moda, Gastronomia, Turismo, Eventos, Varejo, Capacitação técnica.
Oferece shows e eventos com passistas, bateria, mestre-sala e porta bandeira, baianas. Evento Mensal - Feijoada (2o Sábado do Mês) - Almoço, apresentação de dançarinas da Escola, grupos de pagode, da bateria da própria escola e de escolas de samba parceiras; comércio de souvenires. Desfile 2014: Mulheres de Mangueira; Mestre de Bateria: Vitor Art. Produção de alegorias: Cidade do Samba (emprega mão de obra de todo o Estado).
19 20
www.cartola.org.br/ www.mangueira.com.br/
65
(3) Dançando para não Dançar / Vila Olímpica da 21 Mangueira
Artes e espetáculo
Dança
Idiomas, Reforço Escolar, Assistência Médica e Odontológica, Psicológica e Fonoaudiológica.
Projeto atuante em diversas comunidades do Rio de Janeiro, oferece aulas de balé clássico aberto à moradores de todo o Estado. O projeto realiza espetáculos de balé em locais públicos, teatros e, a convite, em instituições públicas e privadas, ao longo de todo o ano. Capacitação e Assistência Social.
A participação no curso é feita mediante avaliação e é prérequisito ter iniciação no balé clássico. O projeto oferece ainda assistência médica, odontológica, acompanhamento psicológico e fonoaudióloga, além de assistência social.
(4) Instituto Sociocultural Batuque Favela 22 Mangueira
23
(5) Vitor Art
(6) Art Junior
Artes e espetáculo.
Artes e espetáculo
Artes e espetáculo
Música
Música
Música
Expressões culturais, Criações funcionais.
Criações funcionais
Criações funcionais
O Instituto tem como missão a formação para cidadania, consciência critica, e formação cultural. Assim como desenvolver Memória alternativas de acesso e de afrodescendent produção artística local. Oferece e, Produção curso de Capoeira, Música cultural. (teclado, cavaco, percussão, Capacitação. bateria, baixo) e aulas de dança Assistência afro, street dance, entre outros. Social. Seus integrantes participam do grupo musical Batuque Favela, liderada pelo cantor e compositor Vadinho Freire.
Produção de Eventos.
Produção de Eventos.
Cantor, percussionista, compositor e produtor musical autônomo e na empresa D-Funk in Samba. Fez parte do Programa Mangueira do Amanhã. Atualmente é mestre de bateria da Escola de Samba Mangueira. Possui empresa de gerenciamento de resíduos do carnaval. Grupo de Samba, formado por 6 músicos. Jiraia é o produtor do grupo, percussionista e ex participante do Mangueira do Amanhã.
21
www.dancandoparanaodancar.org.br/ https://www.facebook.com/BatuqueDoMorroMangueira 23 http://www.vitorart.com.br/ 22
66
(7) Fabiana Oliveira
Artes e espetáculo
Artes e espetáculo
(8) Orlando
Dança
Criações funcionais
Produção musical
Capacitação
Eventos
Ex rainha de bateria da GRES Mangueira, atualmente oferece aulas de dança individual e em grupo (dentre turistas e passistas). É irmã de uma das principais passistas e filha de uma costureira de adereços da escola. Sua outra irmã morrera em viagem de trabalho com a Escola de Samba. Músico, produtor de eventos. Assessor na organização MCAMangueira Comunidade em Atividade.
Setor Criativo: Criações Funcionais
Organização
Setor
Atividade principal
Setores associados
Atividades extras
Atuação Projeto da Superintendência de Território e Cidadania da Secretaria de Ambiente do Estado (2004), situado na Mangueira e aberto à qualquer interessado de outra localidade.
24
(9) Ecomoda
Criações funcionais
Produção de moda
Expressões culturais
Artesanato, Capacitação, Eventos, Varejo.
Oferece capacitação para produção de moda a partir de materiais reutilizáveis descartados por fábricas têxteis e pós-desfiles de carnaval (parceria com a LIESA) Oferece cursos de desenho de moda, ilustração, costura, modelagem, estamparia, serigrafia, design de acessórios e bordados. Durante o período de aulas, os participantes ganham uma bolsa auxílio de R$ 120 por mês. Realiza eventos como feiras para o comércio dos produtos.
24
http://www.rj.gov.br/web/sea/exibeconteudo?article-id=766871#assista
67
25
(10) “MCA” – Mangueira Criações Comunidade em funcionais. Atividade
(11) Art Cult
Criações funcionais
Gestão Cultural
Gestão Cultural
Assistência social.
Sessão de espaços, elaboração de projetos culturais;
Capacitação
Parceiro do Fórum Rio Criativo ; 26 Sede do projeto Coca-Cola ; sede de reuniões do grupo Narcóticos Anônimos e de pré-vestibular comunitário oferecido por instituições parceiras.
Parceiro do IPP na pesquisa sobre juventude nas favelas pacificadas é responsável pela atuação de 50 jovens pesquisadores. Promove oficinas de artesanato, aulas de reforço escolar, divulgação de vagas de emprego. Foi parceiro local do Projeto Brahma 27 Comunidade (finalizado).
Atividades Relacionadas
Organização
(12) Vila Olímpica da Mangueira / Mangueira do 28 Amanhã
Atividade Principal
Assistência Social
(13) Escola de Capacitação técnica Artes Técnicas (EAT) Luiz Carlos
Atividade Associada
Produção musical, dança, eventos.
Descrição Organização não governamental, a Vila Olímpica é o braço social da escola de samba. Sede do projeto Camp Mangueira – Associação de Amigos do Menino Patrulheiro, patrocinado pela Xerox Brasil, está voltado à capacitação em técnicas administrativas. A Vila Olímpica é sede da Escola de samba mirim, que, através o Programa Mangueira do Amanhã, reúne crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos, onde oferece aulas-treinamento em percussão e danças.
A sede no bairro Mangueira, tradicionalmente, oferecia cursos de capacitação para o trabalho no carnaval. Atualmente tem pouco funcionamento pois está prestes a fechar. No
25
O Fórum Rio Criativo aconteceu em Novembro de 2011 na cidade do Rio de Janeiro, sendo um dia de debate ocorrido na sede da MCA na Mangueira. Dentre os temas discutidos, a posição da arte e da cultura no desenvolvimento, e o empreendedorismo criativo. Informações sobre o evento: https://www.facebook.com/events/168761349878824/. A empresa Cidade Criativa foi a responsável pela organização do evento: http://www.cidadecriativa.org/pt/ 26 O Projeto Coletivo Coca-cola se propõe a ser um espaço de encontro e aprendizado, feito para trocar ideias, potencializar talentos, gerar oportunidades e preparar um futuro colaborativo. Em atuação na Mangueira, oferece o curso de Preparação para o Mercado de Varejo, com aulas sobre empregabilidade, mercado de varejo, relacionamento, palestras de profissionais de grandes empresas, simulações de dinâmicas e entrevistas, e encaminhamento dos jovens para processos seletivos de grandes redes de varejo e para a própria Coca-Cola. Mais informações: http://www.coletivococacola.com.br/oque.html 27 O Projeto Brahma na Comunidade utiliza o futebol como ferramenta de transformação social, no contexto de um legado socioambiental da Brahma – patrocinadora da Copa do Mundo de 2014 – em comunidades de baixa renda. Através de oferta de infraestrutura, de geração de renda, da promoção do consumo responsável e da reciclagem, associadas ao lazer e à cultura. O projeto fora concluído e seu site oficial desativado. Mais informações em: http://lynxconsultoria.com/brahma-nacomunidade/ 28 http://www.campmangueira.org.br/
68
Ripper
(14) FAETEC Digital - Quadra 29 da Mangueira
(15) ONG Casa 32 Arte de Educar
(16) Associação Meninas e Mulheres no 33 Morro
(17) Associação de Moradores do Buraco Quente
último mês ofereceu cursos de idiomas e guia turístico.
Capacitação técnica
Assistência Social
Assistência Social
Gestão Social
Informática, moda, estética, serviços gerais.
Espaço de acesso gratuito à comunidade, está instalada em salas na Quadra da Mangueira e na Vila Olímpica. Oferece cursos de informática, cabeleireiro, manicure e pedicura, maquiador, 30 bordador e customização , eletricista, encanador, instalador predial, NR10 Normas 31 Regulamentadoras e pintor de móveis.
Educação, Oficinas de audiovisual, leitura, dança, música.
Organização não governamental - Promove dança, capoeira, música e coral: para adultos (em forma de cursos profissionalizantes) para crianças (em forma de oficinas lúdicas). É um Ponto de Cultura do Estado. Promove visitas ao Morro como atividade turística, em parceria à Escola de Samba.
Biblioteca, eventos culturais.
A Associação realiza ações voltadas à formação de leitores e a promoção da leitura literária. Possui espaços com biblioteca e videoteca, atividades lúdicas com arte e dança, contação de histórias. Já realizou projetos de customização.
Assistência Social, Produção de eventos, mediação de conflitos.
A atual composição da equipe coordenadora da Associação é recente, formada a partir da chegada da UPP. Promove o diálogo intersetorial entre moradores, empresas públicas e privadas. Atua em parceria à Associação de Moradores da Fundação (sub-região da Mangueira). Sede do 34 projeto Cimento Social , e onde estava instalada a rádio comunitária, prevista para voltar o funcionamento. Jiraia (Grupo Art Junior) é o coordenador de eventos da Associação.
29
http://www.mangueira.com.br/programas-sociais/mangueirafaetec/ Customizar é adaptar ou adequar algo de acordo com o gosto ou necessidade de alguém/cliente. 31 Norma Regulamentadora emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil que tem por objetivo garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores que interagem com instalações e serviços em eletricidade. 32 http://www.artedeeducar.org.br/ 33 http://www.meninasemulheresdomorro.org.br/ 34 O Projeto Cimento Social, idealizado pelo então senador Marcelo Crivella, com recursos do governo federal, oferece material de construção aos moradores em área de risco, para realizar reformas em suas casas. 30
69
8.2. Tratamento de dados
a) Características organizacionais de iniciativas encontradas na Mangueira por setor criativo. A partir do universo total de questionários nesta análise, somando o número total de 17 organizações mapeadas, a pesquisa ouviu as pessoas componentes destas organizações acerca de qual setor criativo predominante de suas atividades associadas. No gráfico, cada barra indica um setor criativo onde cada cor corresponde à uma atividade associada à este setor35. A tabela abaixo do gráfico ajuda a visualizar o número absoluto de iniciativas que responderam à pesquisa. Iniciativas por tipo e atividade associada ao setor criativo 7
Título do Eixo
6 5 4 3 2 1 0 Música
Artes e espetáculo 5
Criações funcionais
Museu
Capacitação
1
Literatura
1
Gestão / Produção Cultural Artes visuais
Assistência Social 2
1
Moda
Dança
Patrimônio
2 1
1 1
2
A amostra total destas iniciativas aponta para um grande número de atividades ligadas aos setores de Artes e espetáculo (6) - com destaque para a música (5); Em Criações funcionais, atividades relativas à Gestão/Produção Cultural (2). Foi mapeada uma instituição do setor de Patrimônio (1) voltado à atividade de Museu (1).
35
No caso de algumas atividades como música e moda, estarem associadas à setores fora da economia criativa, mas usarem atividades criativas.
70
Dentre as iniciativas relacionadas à economia criativa, que utilizam atividades criativas para cumprir seus objetivos, é vista maior incidência de organizações voltadas à Assistência Social (4) utilizando atividades relacionadas à música (2), literatura (1) e cultura popular (1). As instituições voltadas à Capacitação oferecem atividades relacionadas às Artes visuais (2). b) Tipo de organizações Iniciativas por tipo e atividade associada ao setor criativo 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Música Museu Moda Literatura Gestão / Produção Cultural Dança Artes visuais
O gráfico indica barras contendo o número absoluto de iniciativas entrevistadas e a atividade associada a setores criativos em cores. No eixo vertical, estão os tipos de organização às quais estas iniciativas se caracterizam juridicamente. Utilizando-se o universo total de dezesseis (17) iniciativas mapeadas foram identificadas
nove
(9)
Instituições
não
governamentais,
três
(3)
Grupo/Coletivo/Associação, três (3) Empreendedores Individuais e duas (2) Instituições governamentais. A partir do gráfico cruzado entre o tipo e a atividade associada ao setor criativo, verifica-se que Instituições Não Governamentais realizam atividades em diversos setores criativos: Gestão/Produção Cultural (2), Música (2), Moda (1), Dança (1), Museu (1), Literatura, (1) e Artes Visuais (1). Dentre os grupos /coletivos, realizam atividades voltadas à música (3). Entre os empreendedores individuais, música (2) e Dança (1). 71
Dentre as Instituições Governamentais, voltadas à Capacitação, iniciativas ligadas à instituições governamentais promovem atividade associadas à Artes Visuais (2), como visto no item anterior. c) Motivação Mangueira
Motivação de instalar-se no território Já pertencia à este local2 Proximidade com fornecedores Proximidade com público-alvo
29% 65% 6%
O gráfico oferece a visão da amostra total de 17 questionários aplicados para obter dados sobre a motivação para realizar a iniciativa na Mangueira. A grande maioria, 65%, aponta como motivo para atuar na Mangueira, a sua residência pessoal atual ou histórico familiar, articulação territorial e/ou à tradição da prática na família. Outra motivação, a proximidade do público alvo das iniciativas, também foi proeminente na pesquisa, com 29% dos entrevistados a apontando como motivo principal de instalar-se no território. A proximidade de fornecedores, resposta dada por 6% dos entrevistados – o que corresponde a um respondente está relacionado às iniciativas que foram replicadas na Mangueira, seja de cunho social ou profissional.
72
d) Renda Número de iniciativas por tipo e fonte de renda Inst. Não-Governamental2
Grupo/Coletivo/Associação
Empreendedor Individual2
Inst. Governamental
2
3 4 2 Através da Patrocínio de venda dos empresas nossos produtos / serviços
3 Patrocínio público
1 1 Outros
1 Patrocínio público e privado
O gráfico indica o número absoluto de iniciativas segundo a renda e sua fonte. Neste contexto, procurou-se saber quanto cada organização recebia ao ano, deduzindo os custos fixos e qual era fonte desta renda36. O tipo de organização também auxilia a informação sobre a fonte de renda. O universo utilizado para verificação dos dados foi a amostra de 17 questionários aplicados. Como se observa no gráfico, um maior volume de iniciativas (7) obtém sua renda a partir da venda de seus produtos e serviços, sendo Empreendedores individuais (2) e Instituição Governamental (1), com movimentação de 10 mil reais a 50 mil reais por ano. O maior volume de organizações, instituições não governamentais (9), apresenta diversidade de fontes de renda e lucro, com destaque para patrocínio de empresas (2) e venda de produtos/serviços – entre 10 e 50 mil por ano.
36
Os intervalos de medição da renda anual previsto no questionário precisaram ser adaptados a partir das primeiras entrevistas durante o trabalho de campo uma vez que não foram encontradas empresas de médio e grande porte cuja renda anual chegasse a cifras de milhões, opções constantes nos primeiros questionários.
73
e) Infraestrutura
Iniciativas por origem do espaço ocupado e condições Apropriado
Não apropriado
3
4 1
2
Alugado
Cedido
7
Próprio
O levantamento sobre as características de infraestrutura utilizada pelas iniciativas na prática de seu trabalho buscou conhecer a origem do imóvel/local de trabalho e qual a opinião das pessoas responsáveis pelas iniciativas sobre as condições físicas para as atividades realizadas. O gráfico indica, na horizontal, o número de iniciativas respondentes segundo origem, e em cores, a apropriação do mesmo às atividades. Dentre os espaços indicados como de propriedade das iniciativas (10), grande parte é reconhecido como apropriados (7) às atividades exercidas pela mesma. Dentre os espaços cedidos (6), grande parte foi avaliado como não apropriados (4). Dentre o único imóvel alugado (1), o mesmo é considerado apropriados. Atividades da economia criativa, como a produção musical e a dança, são realizadas pelos entrevistados em locais muitas vezes improvisados, como suas próprias casas, para aulas, ensaios e reuniões de trabalho. No caso da música, estúdios são alugados e no caso da dança, a quadra da escola de samba é cedida às dançarinas associadas para a oferta de aulas particulares ou grupos. Foram considerados também os espaços públicos adaptados às atividades e reconhecidos como não apropriados.
74
f) Gestão compartilhada Há gestão compartilhada entre as iniciativas?
24%
Há gestão compartilhada com instituições públicas, privadas ou da sociedade civil?
Nenhuma 29%
Razoável 12%
12%
Pouca
Pouca
18% 18%
Algumas 12%
23%
Nenhuma
17%
Razoável Algumas
Muita 35%
Muita
Os dados dos gráficos se referem a amostra de questionários aplicados, onde o universo de 17 iniciativas apontaram sua opinião sobre a ocorrência de práticas de gestão compartilhada. No gráfico da esquerda, entre as iniciativas presentes na Mangueira, e no da direita, entre instituições públicas, privadas ou da sociedade civil. Em cores, as opiniões vão da opinião de haver Nenhuma até Muita prática. Quanto à gestão compartilhada entre as iniciativas locais, o público entrevistado se divide entre aqueles que apontam haver muita (24%) e aquele que afirma haver nenhuma gestão deste tipo (29%). Quanto à gestão compartilhada com instituições públicas, privadas ou da sociedade civil, a maioria (35%) diz haver razoável oportunidades de haver esse tipo de gestão. A verificação sobre a percepção dos integrantes da iniciativa pesquisada quanto ao compartilhamento da gestão das iniciativas na Mangueira aponta para maneiras de trabalho que sugerem a aplicação de redes de conhecimento local e de alternativas de gerenciamento. Como as iniciativas realizam diversas atividades e cada qual traz parcerias específicas, há o intercâmbio, a troca de favores, a camaradagem, que vai além de formas usuais (modelos empresariais) de gestão compartilhada. Os espaços, por exemplo, tem sua ocupação negociada a partir da aproximação do requerente à organização responsável por ele.
75
g) Marca de produtos criativos locais e a vocação turística Marca e visibilidade Não é visível para turismo Há visibilidade para turismo
6
4 5 2 Não há marca
Há marca
A hipótese sobre um polo criativo na Mangueira foi verificada a partir de perguntas sobre a identidade ou marca que caracterizasse os produtos oriundos de setores criativos da Mangueira e a existência de visibilidade da atividade criativa para o turismo, a partir de entrevistas aplicadas junto a representantes das 17 iniciativas. Grande parte dos entrevistados (11) apontam haver uma marca que distingue as atividades criativas da Mangueira, sendo que parte reconhece que esta marca é visível para o turismo (6), enquanto outras não reconhecem como visíveis ao turismo (5). Outras iniciativas afirmaram não haver marca distintiva (6), ainda que algumas reconheçam que as atividades criativas locais estão visíveis para o turismo (4). Os entrevistados se dividiram entre aqueles que compreendiam uma marca informal, identidade; daqueles que compreendiam “marca” como instituição, ou selo. Desta forma, a marca informal estava associada ao samba como patrimônio, à Escola de samba, ao “verde e rosa”. Ao pensar em “marca institucional”, a resposta tendia a afirmar que não haveria uma marca do setor criativo.
76
h) Atividades de formação / capacitação Participação em ação formativa na Mangueira
Participação em ações formativas fora da Mangueira
Cursos de longa duração
Não participa
Não participa
Oficinas de curta duração
Oficinas de curta duração
Oficinas de longa duração
6% 6% 41% 47% 53%
47%
A participação de integrantes das iniciativas criativas em ações de formação e capacitação utilizou a amostra de 17 questionários aplicados. No gráfico à esquerda, o percentual de iniciativas para os tipos de ações de capacitação aos quais participam – ou não, na Mangueira. O gráfico à direta indica o percentual de iniciativas que participaram – ou não, fora da Mangueira. No caso de capacitações na Mangueira, o público se divide entre aquelas que não participam (53%) e aquelas que participam de ações formativas de curta duração (41%). Em capacitações fora da Mangueira, o público se divide entre aquelas que não participam (47%) e aquelas que participam de oficinas de curta duração (47%) Oficinas de longa duração, nos dois casos, são pouco citadas Os entrevistados responsáveis pelas iniciativas mapeadas em sua maioria não participam de cursos ou quando participam são de curta duração e em geral, em início de carreira. Seminários e cursos de longa duração foram raros de serem manifestados (6%). A participação junto à outras iniciativas, geralmente foram referentes aos cursos de curta duração em comum, mas não ultimamente.
77
As capacitações disponíveis na Mangueira são oferecidas pela FAETEC (cursos técnicos), na Escola de Samba (música, dança), e em organizações não governamentais, seja como capacitação técnica, seja como meio de assistência social junto à crianças e jovens. Sugestão de capacitação
Curso
Número de iniciativas
Educação
4
Gestão cultural
4
Gestão de Eventos / Produção
4
Dança
3
Pedagogia
2
Psicologia
2
Patrimônio
1
Teatro
1
Artes visuais
1
Elaboração de projetos
1
Moda
1
Ao serem questionados sobre sugestões de capacitação a qual gostaria de participar, os entrevistados puderam oferecer diversas respostas. A tabela indica o número de iniciativas que responderam para cada sugestão de tema. Dentre os cursos mais citados está educação e gestão – cultural e de eventos, com 4 para cada um dos três tipos de cursos. Cursos ligados à educação foram respostas à linguagem pedagógica, a estruturação de iniciativas de assistência social, objetivo de diversas organizações locais. O resultado se refere também à necessidade de responder aos editais de fomento, ou a autorização de realização de festas, por exemplo.
78
i) Responsabilidade ambiental e social das iniciativas
Responsabilidade ambiental
Responsabilidade social
6% 18% 24%
12%
1 6%
2
2
3
3 4 23%
29%
4
53% 29%
5
5
O gráfico acima aponta o percentual de iniciativas respondente sobre níveis de percepção de práticas de responsabilidade ambiental e social de suas iniciativas, de 1 para pouca prática de responsabilidade até 5, muita. Utilizou-se o universo de 17 questionários aplicados. Para a percepção sobre a responsabilidade ambiental, grande parte encontra-se entre os níveis 3 (29%), 4 (23%) e 5 (24%). Para a percepção sobre a responsabilidade social, grande maioria tem percepção em nível 5 (53%), seguida de 4 (29%). Níveis mais elevados de percepção sobre a responsabilidade social estão associadas às iniciativas de assistência social e capacitação, seja como atividade principal ou como atividade extra que realiza em sua atuação na comunidade.
79
8.3. Análise da vocação criativa São Cristóvão e Tijuca a) Iniciativas em São Cristóvão
Vocação / Setor
Iniciativa
Atividade associada
Centro de Tradições Nordestinas Luiz
Patrimônio imaterial /
Criativo Expressões Culturais / Artes e espetáculo
Patrimônio
Artesanato, cultura popular
Gonzaga Escola de Samba Paraíso do Tuiuti
/ Música, dança. /
Centro de Tradições Nordestinas Luiz
Imaterial, Museus
Gonzaga Quinta da Boa Vista
37
Museu do Primeiro Reinado Museu de Arqueologia Nacional e Biblioteca da UFRJ Museu de Astronomia e Ciências Afins Museu Militar Conde de Linhares
Criações funcionais
Fábrica da Bhering
Moda, design, arte digital.
Polo de Moda
Gastronomia
CADEG
Audiovisual
Rádio Tupi
Radio, Web.
Grupo Mk de Comunicação -Gravadora MK, a Rádio 93 FM, portal Elnet
b) Iniciativas na Tijuca
Vocação / Setor
Iniciativa
Atividade associada
Shopping / Cinema Kinoplex
Cinema e video
Criativo Audiovisual
Atividades de produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão - 41 38
iniciativas
37
A Quinta da Boa Vista foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938.
80
Artes e espetáculo
Escolas de samba Acadêmicos do Salgueiro e 39
Império da Tijuca; a Unidos da Tijuca
Música,
Teatro,
artes
plásticas.
Centro Municipal de Referência da Música Carioca Artur da Távola Centro Cultural do Balé Centro Coreográfico do Rio Teatro Henriqueta Brieba Teatro SESC Teatro Ziembeski Teatro Max Nunes Teatro do Clube Municipal Centro de Artes Tear O Som das Comunidades Ponto de Cultura Sinval Silva de Memória e Criação Musical da Tijuca Projeto CUCA (Centros Universitários de Cultura e Arte) Rio de Janeiro – UNE
8.4. Mapeamento das ligações dos setores criativos da Mangueira com os
bairros da Tijuca e São Cristovão. As articulações entre os empreendimentos criativos se estendem a todo o Estado do Rio de Janeiro, como no caso do fornecimento de roupas e acessórios para a construção de alegorias carnavalescas; ou a participação de artistas de outros locais da cidade nas feijoadas da comunidade. Os fornecedores de produtos e serviços de iniciativas na Mangueira são, em sua maioria, sediados no Centro, na Penha, ou em outros municípios, como Duque de Caxias. Importante braço produtivo da Escola de Samba Mangueira, o barracão onde é produzida grande parte das alegorias de carnaval, fica na Gamboa, Centro. Ali é empregada mão de obra oriunda de diversas partes da cidade e do Estado (a contar de municípios vizinhos).
38
SEBRAE/RJ, 2011.
39
A localização da quadra se mudou do Borel para o bairro Santo Cristo porém a escola segue representando a Tijuca.
81
Não houve manifestação a respeito de interações diretas entre as iniciativas criativas mapeadas na Mangueira e parceiros em São Cristóvão e Tijuca. Não é reconhecida relação entre os setores criativos na Mangueira com a Feira de São Cristóvão ou a Fábrica da Behring, por exemplo. 8.4.1. Parceiros de iniciativas da Mangueira Abaixo, a listagem das redes formadas pelas iniciativas, entre si (na Mangueira) e fora da Mangueira.
Organização
Centro Cultural Cartola
Parceiros na Mangueira
GRES Estação Primeira da Mangueira
GRES Estação Primeira da Mangueira
Vila Olímpica da Mangueira / Mangueira do Amanhã FAETEC Digital - Quadra da Mangueira Centro Cultural Cartola Vitor Art Associação de Moradores do Buraco Quente
Dançando para não Dançar / Vila Olímpica da Mangueira
GRES Estação Primeira da Mangueira
Instituto Sociocultural Batuque Favela Mangueira
Associação Meninas e Mulheres no Morro
Vitor Art / D-Funk in Samba
GRES Estação Primeira da Mangueira Art Junior Vila Olímpica da Mangueira / Mangueira do Amanhã
Art Junior
GRES Estação Primeira da Mangueira Vitor Art / D-Funk in Samba Vila Olímpica da Mangueira / Mangueira do Amanhã
Fabiana Oliveira
GRES Estação Primeira da Mangueira
Parceiros fora da Mangueira Iphan 6sr - Ministério da Cultura , UERJ- Programa de Pós-Graduação, Petrobras. FAETEC / Governo Patrocínio: Petrobras, Antárctica, Grnfino e Piraquê. Batuque na Cozinha - Produção Musical – Centro RJ Barracão Cidade do Samba – Moda, Artes Visuais. – Centro RJ AMEBRAS – Centro RJ Cozinheiro / Gastronomia – Duque de Caxias
Patrocínio: Petrobras
Clientes Estúdio
Contemporâneo Instrumentos Musicais / Estúdio Estúdio AfroReggae
82
Ecomoda
“MCA” – Mangueira Comunidade em Atividade
GRES Estação Primeira da Mangueira
Secretaria de Estado de Meio Ambiente; LIESA.
Rio Transformações Criativas
IPP AMBBEV Centro de Artes Geraldo Pereira
Secretaria de Turismo do Município LIESA
Xerox Brasil
Orlando
Art Cult
Associação Meninas e Mulheres no Morro Associação de Moradores do Buraco Quente UPP Social
AMEBRAS - Associação das Mulheres Empreendedoras do Brasil
GRES Estação Primeira da Mangueira
Vila Olímpica da Mangueira / Mangueira do Amanhã
Vitor Art / D-Funk in Samba Dançando para não Dançar / Vila Olímpica da Mangueira
Escola de Artes Técnicas (EAT) Luiz Carlos Ripper
GRES Estação Primeira da Mangueira
FAETEC Digital - Quadra da Mangueira
GRES Estação Primeira da Mangueira
ONG Casa Arte de Educar
GRES Estação Primeira da Mangueira
Associação Meninas e Mulheres no Morro
Associação de Moradores do Buraco Quente
Associação de Moradores do Buraco Quente
Associação Meninas e Mulheres no Morro Associação de Moradores da Fundação
Governo do Estado do Rio de Janeiro
Governo do Estado do Rio de Janeiro Parcerias: FIES (Fundo Itaú Excelência Social) Criança Esperança/Unesco, Fundação Abrinq Ministério da Cultura, Ministério da Educação Petrobras, Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. CAC, Instituto C&A, C&A, Conexão Leitura, Sonhar Acordado, TEAR
83
9. ANEXO 3 - Planos e programas governamentais de fomento à economia criativa Organizações responsáveis
Localidades
Fomento a Incubadoras para Empreendimentos da Economia Criativa (Governo Federal)
Secretaria da Economia Criativa (SEC)
Empreendimentos criativos residentes e não residentes, individuais e coletivos.
Plano Brasil Criativo (Governo Federal)
Ministério da Cultura / Secretaria da Economia Criativa
Integração dos setores públicos federais para a Economia Criativa.
Rio Criativo
Secretaria de Cultura - Governo do Estado do RJ
Baixada e Centro
Nome do Programa
Pontos de Cultura Planos Setoriais de Cultura Olimpíada de Jogos Digitais e Educação
MinC em parceria com o Governo Estadual Secretaria do Estado de Cultura Secretaria de Cultura em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do RJ
Novas Cenas
BANDA LARGA Programa de Atualização para Bandas de Música do RJ
Apoia iniciativas culturais bem-sucedidas da sociedade civil.
Estado do RJ
Debates para apontar diretrizes para as políticas públicas no estado do RJ.
Estado do RJ
Aventura virtual desenvolvida no formato de uma gincana de videogames, voltada para alunos e professores da Rede Pública Estadual de Ensino.
Estado do RJ
Circuito Estadual das Artes
Interior do Estado do RJ
Bibliotecas Parque
Favelas do RJ
Projeto Travessia
Cursos de Capacitação
Cursos de Capacitação
EcoBuffet
Secretaria de Esporte e Lazer em parceria com a Light Escola de Artes Técnicas, da FAETEC Faetec, vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia e a empresa O Boticário Superintendência de
Fomentar, por meio de apoio financeiro, projetos de incubadoras que atuam com empreendimentos criativos e inovadores relacionados aos setores da economia criativa e que visam ampliar e qualificar a sua capacidade de incubação para esses setores. Promover a produção, distribuição e consumo de riquezas resultantes da Economia Criativa Brasileira, reconhecendo-a como vetor estratégico para o desenvolvimento do país, através da integração e potencialização de políticas públicas de quinze ministérios. Incubadora pública de empreendimentos criativos. Integra o programa de estímulo ao potencial da Economia Criativa para o desenvolvimento econômico e social no Estado do RJ.
Estado do RJ (196 Pontos de Cultura)
Estado do RJ
Secretaria de Estado de Cultura
Objetivos (resumido)
Promove a circulação pelo estado de grupos teatrais e musicais compostos por artistas em formação ou recémformados. Incrementar a formação de instrumentistas e mestres das bandas de música fluminenses, oferecendo cursos intensivos e gratuitos de atualização musical e de manutenção e reparo de instrumentos. Busca promover o acesso do público fluminense a espetáculos de teatro, dança, música e circo. Bibliotecas públicas multifuncionais em áreas de risco, com acesso imediato e fácil à informação.
Favelas do RJ
Recuperação de quadras poliesportivas.
Mangueira
Cursos voltados para os bastidores do Carnaval e produção teatral.
Mangueira e outros
Curso de Maquiador
Chacrinha,
Capacitação em aproveitamento integral
84
Território e Cidadania, da Secretaria de Estado do Ambiente
Salgueiro e Turano
Fábrica Verde
Superintendência de Território e Cidadania, da Secretaria de Estado do Ambiente
Comunidades RJ
EcoVoluntário
Superintendência de Território e Cidadania, da Secretaria de Estado do Ambiente
Comunidades Pacificadas RJ
TV Verde
Favela Criativa
Superintendência de Território e Cidadania, da Secretaria de Estado do Ambiente Secretaria de Estado de Cultura, de patrocínio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro e da Light, do Programa de Eficiência Energética da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, e de financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento– BID e do MinC, através do Programa Caminho Melhor Jovem, da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos.
Complexo do Alemão
de alimentos, culinária, empreendedorismo e educação ambiental, além de fomentar e dar suporte para a formação de cooperativas de serviços de buffet sustentável, com cardápio produzido a partir de alimentos reaproveitados. Reciclagem de computadores com o objetivo de desenvolver iniciativas que incentivem a inclusão social em comunidades, capacitando profissionalmente jovens e adultos, criando empregos verdes e, consequentemente, gerando de alternativas de renda para moradores. Intercambio cultural entre estudantes, pesquisadores e jovens de comunidade pacificadas do RJ. Visa-se com isso, acrescentar valor ao conceito de capacitação profissional e inclusão produtiva e social. Objetivo de oferecer meios para o desenvolvimento de atividades de qualificação profissional e sustentabilidade. Capacitação técnica em produção audiovisual que atende a jovens e adultos. É formado por um conjunto de projetos que oferece a jovens agentes culturais formação artística e especialização em gestão cultural e estabelece canais de diálogo entre eles, possíveis parceiros e patrocinadores potenciais. O Programa se propõe a: Oferecer formação artística a jovens e agentes culturais. Capacitar jovens agentes para que se tornem gestores e empreendedores culturais. Desenvolver a sustentabilidade de empreendimentos e projetos culturais. Criar uma rede permanente de agentes culturais, possíveis parceiros e patrocinadores potenciais. Contribuir para o desenvolvimento cultural, social e econômico das favelas. Contribuir para o processo de pacificação. Contribuir para a formação de um jovem cidadão consciente de sua responsabilidade social.
85
10. ANEXO 4 – Mapas
Mapa IPP
11. ANEXO 5 – Fotos Associação de Moradores do Buraco Quente, Junho de 2014.
86
Jorge Freire, bolsista de Iniciação Científica conversa com o tesoureiro da Associação.
87
88
89
Ygor Freire, Brenda Belmont e Jorge, bolsistas de Iniciação Científica em visita para aplicação de questionário, Junho de 2014.
90
ONG Batuque Favela, Junho de 2014.
91
EAT FAETEC – Divulgação de Cursos, Junho de 2014.
92