ELOS
REPENSAR O MUNDO É O QUE NOS FAZ EVOLUIR.
11ª EDIÇÃO - 2019 | 2020
DESDE 1849, COMPROMISSO COM SEU TEMPO. 1
SUMÁRIO MISSÃO, VISÃO E VALORES ............................................................................. 2 APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 3 CSCMBH ....................................................................................................................... 4 CSCMBSB ................................................................................................................... 8 CSCMRJ ....................................................................................................................... 12
MISSÃO Proporcionar uma educação de excelência para crianças, adolescentes, jovens e adultos fundamentada nos valores cristãos, promovendo protagonismo na construção de competências, cultura da solidariedade e compromisso com a transformação social.
CSCMUBÁ ................................................................................................................... 16 CSCMVIT ...................................................................................................................... 20 MATEMÁTICA E A BNCC .................................................................................... 24 ENTREVISTA ............................................................................................................. 26 BILINGUISMO ........................................................................................................... 28 GLOBAL NETWORK ............................................................................................. 30 EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS - VIAGEM A BÉZIERS ......... 32
VISÃO Ser referência em educação de excelência e inovação, pautada pelos valores éticos e cristãos.
EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS - INTERCÂMBIO ...................... 34 EX-ALUNOS ............................................................................................................... 38 75 ANOS DO COLÉGIO DE VITÓRIA ............................................................ 40 PROVÍNCIA BRASILEIRA .................................................................................. 42
EXPEDIENTE SUPERIORA PROVINCIAL: Ir. Terezinha Cecchin CONSELHEIRAS: Ir. Geny Alves de Oliveira Ir. Helena Pin ECÔNOMA PROVINCIAL: Ir. Maria Cristina Caetano CENTRO ADMINISTRATIVO EDUCACIONAL DA PROVÍNCIA (CAEP) CONSELHO EDITORIAL: Deise Elen Abreu do Bom Conselho - Coordenadora Estratégica de Processos Educativos Maria Beatriz Silva - Assessora Pedagógica Regiane Érika Avelar - Coordenadora de Comunicação Estratégica Waldemar Bettio - Coordenador do Serviço de Orientação Religiosa do CAEP Colaboradores: Diretores (as), pedagogas, professores e funcionários Projeto gráfico: Reciclo Comunicação Preparação de textos: Equipe do CAEP Revisão: Reciclo Comunicação Impressão: Gráfica Paulinelli Tiragem: 3.000 exemplares
SOCIEDADE CIVIL CASAS DE EDUCAÇÃO Rua Cura d’Ars, 62 - Prado Belo Horizonte/MG - CEP: 30411-123 Tel.: (31) 3334-5730 REDESAGRADO.COM.BR – COMUNICAEP@RSCMB.COM.BR 2
VALORES • Compromisso com a vida - expressa a essência da instituição e convoca a atitudes concretas como solidariedade, partilha e respeito à diversidade. • Ética - fundamenta as atitudes e relações com transparência, honestidade e cidadania. • Excelência - busca permanente por qualidade, competência e protagonismo. • Sustentabilidade – refere-se à responsabilidade quanto à geração, ao uso e à manutenção dos recursos ambientais, econômicos e sociais. • Inovação – busca um conjunto de práticas inovadoras e troca de saberes.
APRESENTAÇÃO Nesta 11ª edição da Revista Elos – Educação: Linhas e Olhares, compartilhamos com vocês estratégias, projetos educacionais e práticas pedagógicas que nos impulsionam na busca da excelência acadêmica e da formação humana. Queremos, cada vez mais, que esta publicação gere uma atmosfera de aprendizagem, que aproxime educadores, desperte saberes, faça emergir a esperança, reforçando em nós a capacidade de transformar e ressignificar o mundo. A perspectiva de inovar, de realizar grandes feitos, inspirou os nossos fundadores, Pe. Gailhac e Mère Saint Jean, que, à frente do seu tempo, deram respostas significativas à sociedade, acolhendo crianças no Refúgio Bom Pastor e, posteriormente, participando ativamente, no século XIX, da educação de mulheres e crianças. Foram expressões importantes em um tempo profundamente marcado por desigualdades sociais que culminavam em um cenário de prostituição, principalmente em Béziers, cidade do sul da França, onde o Instituto foi fundado e onde viveram os fundadores. Almejamos ser, junto à sociedade, presença fraterna, evangelizadora e educativa. Para isso, realizamos um processo formativo de abordagem sociointeracionista e com fortes nuances propositivas para novas saídas, nas quais a justiça, a solidariedade e a Defesa da Vida são aspectos basilares. É por esses motivos que a revista ELOS tem um sabor especial para nós, pois nela apresentamos projetos, reflexões e experiências que brotam deste nosso profundo desejo de sermos pontes para travessias rumo a um mundo mais igualitário. Você, leitor, perceberá que as matérias disponíveis nesta edição enfatizam a importância de conhecer e valorizar a cultura local, aspecto ressaltado nos artigos: “Conhecer a arte e o artista para aprender a respeitar e valorizar a nossa cultura: Darlan Rosa” (CSCM Brasília) e “Oficinas como estratégia metodológica ativa para a produção de leitores” (CSCM Vitória).
Os artigos “Desafios de Ciências da Natureza: uma estratégia de aprendizagem que mobiliza estudantes, forma equipes multisseriadas e envolve muita investigação” (CSCM BH) e “Experimento de Eratóstenes” (CSCM Ubá) fundamentam-se em estratégias que despertam a curiosidade dos estudantes, utilizando sequências didáticas que favorecem a construção do pensamento científico. Por meio do relato “Língua Inglesa na Educação Infantil” (CSCM-RJ), expressamos nossa atenção à necessidade do processo de formação bilíngue. Enriquecendo ainda mais nossa revista, temos convidados externos: o professor Dr. Cristiano Muniz, que nos presenteou com o artigo “Implicações para a matemática escolar quanto à existência da BNCC”, e o professor Wisley Pereira, coordenador de Educação Básica do MEC, que nos concedeu esclarecedora entrevista sobre o novo Ensino Médio. Outros projetos, como o intercâmbio estudantil, relatam a experiência inesquecível dos participantes, em uma atividade que promove o desenvolvimento da autonomia, o senso de responsabilidade e a abertura à diversidade cultural. Experiências de internacionalidade para além do intercâmbio também estão registradas nesta edição: a conferência da Rede Global RSCM, em Los Angeles (USA), e a peregrinação das coordenações do Serviço de Orientação Religiosa a Béziers, França. Confiram ainda informações sobre o Capítulo Geral das RSCM, acompanhem o que estão fazendo nossos ex-alunos e comemorem conosco os 75 anos de fundação do Colégio Sagrado Coração de Maria de Vitória (ES). E, por fim, temos certeza de que a ELOS não seria possível se não estivéssemos profundamente imbuídos de sentimentos de Rede, de colaboração, de partilha generosa. Agradecemos a todos os que participaram desta publicação e esperamos que todo o carinho com o qual esta revista foi pensada e produzida chegue até você. Boa leitura!
DEISE ELEN ABREU Coordenadora Estratégica de Processos Educativos
3
CSCMBH
DESAFIOS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA: UMA ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM QUE MOBILIZA ESTUDANTES, FORMA EQUIPES MULTISSERIADAS E ENVOLVE MUITA INVESTIGAÇÃO JULIANA CARVALHO Professora de Física do Colégio Sagrado Coração de Maria de Belo Horizonte. É graduada em Física pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Neurociências pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).
Para saber mais sobre outros projetos de Belo Horizonte, acesse o QR Code.
que o(a) move? Foi com essa pergunta O que demos início ao desenvolvimento dos trabalhos referentes aos Desafios de Ciências da Natureza 2018. Esse projeto, voltado para os estudantes do Ensino Médio do Colégio Sagrado Coração de Maria – BH, foi desenvolvido pela equipe de professores de Ciências da Natureza, em parceria com a coordenação pedagógica. Pelo 2º ano consecutivo, a equipe se debruçou na elaboração de atividades investigativas que mobilizassem os grupos de estudantes, denominados aqui de equipes de investigação, a arregaçar as mangas para desvendarem os desafios presentes em cada uma delas. Dentre os objetivos das atividades propostas estavam o desejo de promover o desenvolvimento da colaboratividade, da criatividade, do pensamento crítico, da busca de informações e soluções, alicerçadas na partilha de conhecimentos, aprendendo a fazer, a investigar e a aprender. Os estudantes também foram convidados a conhecer e a participar da vida inspiradora de homens e mulheres que mudaram, a
partir do trabalho, da dedicação e da busca pela compreensão da natureza, a concepção do mundo: Marie Curie, Nikola Tesla, Albert Sabin, Michael Faraday e tantos outros. De acordo com pesquisas desenvolvidas durante 30 anos pela professora Rachel Lotan, da Universidade de Stanford, na Califórnia (EUA), a taxa de aprendizagem por meio da discussão em grupo é de 50%; por meio do fazer, é de 75%; e por meio do ensinar outra pessoa, a taxa atinge incríveis 90%. Já no outro extremo, estudos revelam que a taxa de aprendizagem de uma aula expositiva é de apenas 5%; de leitura, 10%; e de audiovisual, 20%. Dessa forma, esses resultados revelam a força da interação social no processo de ensino-aprendizagem, assim como nos impõe a necessidade de ressignificar esse processo. É necessária a adoção de estratégias mais interativas e integrativas, que promovam um aprendizado verdadeiramente significativo, por meio das quais o estudante possa aprender a fazer e aprender a aprender. Foram essas necessidades que impulsionaram
a equipe de professores na elaboração e na construção desse projeto. Além disso, cada professor buscou identificar de que maneira a sua disciplina poderia promover a aprendizagem cooperativa, favorecendo a formação coletiva e o desenvolvimento do grupo, com foco na aprendizagem. Também desejosos de provocar nos estudantes a vontade de buscar responder e encontrar o que os move, o que os inspira, foi proposta, dentre as atividades, uma pesquisa sobre a vida e a obra de alguns cientistas. Uma das intenções era que os estudantes adentrassem a vida dessas pessoas e fizessem um passeio por parte da história da ciência, percebendo, portanto, que a ciência é uma atividade humana e que seus caminhos não são lineares. Na verdade, são, muitas vezes, tortuosos e obscuros. E, como qualquer atividade humana, a ciência é marcada por disposição, vontade, problemas, criatividade, crenças, valores e sentimentos. Como explicar o propósito incondicional de homens e mulheres decididos a descobrir o que, até 5
CSCMBH
então, todos desconheciam e compreender o que os homens de sua época tinham como mistérios? Outro ponto importante no desenvolvimento do projeto foi a incorporação do uso do QR Code pelos estudantes para acesso ao material de apoio elaborado pela equipe de professores. Para incorporar o uso dessa tecnologia, foi necessário ao grupo de professores buscar descobrir, junto com os estudantes, o que era essa tecnologia, como e por que foi desenvolvida, quais as suas funcionalidades e quais as vantagens ao utilizá-la. Assim, de uma maneira muito direta, foi possível verificar que essas ações aprimoraram a qualidade da ação educacional e aumentaram a integração entre professores e estudantes. Pode-se dizer que, nesse momento, os professores tornaram-se aprendizes, incorporando uma nova tecnologia e ficando mais próximos dos estudantes. 6
O projeto foi composto de quatro atividades: 1) Busca e pesquisa sobre a vida e a obra de 16 cientistas. 2) C onstrução de um protótipo de foguete utilizando combustível químico como sistema de propulsão. 3) Resolução de 15 questões relativas às disciplinas que compõem as Ciências da Natureza. 4) Solução de desafios inseridos em atividades de investigação. As
atividades
desenvolvidas
propostas em
dois
foram
momentos
distintos. No 1º momento, os estudantes acessaram, a partir do QR Code, o material de apoio produzido pela equipe de professores, com orientações e informações acerca
do projeto. Nesse material, foram disponibilizados links para pesquisa sobre a vida e a obra do cientista que cada equipe representava. Também nesse material foi possível encontrar as orientações para a construção e o lançamento do protótipo de foguete. No 2º momento, em uma manhã inteira de atividades, os estudantes receberam um caderno de bordo com as orientações de logística e as atividades investigativas a serem desenvolvidas. As construções das soluções dessas atividades foram registradas nesse caderno. Cada equipe de investigação, de posse das orientações, dirigia-se ao espaço/sala que lhe era destinado/a. Esses espaços foram denominados Estações de Investigação. As atividades aconteciam em forma de rodízio, de modo que cada equipe estivesse envolvida na resolução de determinado desafio em uma determinada estação.
Foram compostas cinco rodadas de investigação, com três atividades em cada uma delas, com exceção para o lançamento do protótipo de foguete, que foi composto apenas de uma atividade - as tentativas de lançamento. Para todas as rodadas de atividades foram estabelecidos períodos de duração de tempo adequados. E cada equipe de investigação só poderia resolver outros desafios após o término desses períodos. Um período de tempo também foi considerado para o deslocamento das equipes entre as estações de investigação. As 16 equipes de investigação foram formadas por sorteio. Cada uma delas foi composta por 12 estudantes das três séries do Ensino Médio. O número de equipes foi determinado levando-se em consideração o número total de estudantes do Ensino Médio e os espaços disponíveis para uso na escola. Cada uma das equipes representava um dos cientistas predeterminados pela equipe de professores. Os cientistas representados foram Albert Einstein, Albert Nobel, Albert Sabin, Alexander Fleming, Charles Darwin, Dan Shechtman, Galileu Galilei, Gregor Mendel, Isaac Newton, James Watson, Francis Crick, Linus Pauling, Louis Pasteur, Marie Curie, Michael Faraday, Niels Bohr e Nikola Tesla. Em cada estação de investigação, foram disponibilizados materiais para o desenvolvimento de três atividades. Um professor/colaborador permanecia no local para acompanhar, de perto, o
desenvolvimento da construção da solução dos desafios propostos por cada equipe que ali passava. Após a resolução de cada três atividades investigativas, considerando-se o período de tempo destinado a elas, as equipes se dirigiam a outros espaços para novos desafios. Foram construídas 16 estações de investigação, ou seja, esse foi o total de espaços utilizados na escola.
orientações preestabelecidas no material de apoio.
A primeira atividade desenvolvida por todas as equipes de investigação foi a resolução de 15 questões relativas às disciplinas que compõem as Ciências da Natureza e suas tecnologias utilizando a ferramenta Socrative1. Após o término dessa atividade, as equipes permaneciam no local para dar início ao desenvolvimento das atividades investigativas.
Coube a cada equipe o desafio de construir um protótipo que apresentasse estabilidade e estrutura aerodinâmica para atingir uma altura igual ou superior a 13 metros. O desafio era considerado cumprido quando as equipes conseguiam atender a essa exigência. As equipes tinham três oportunidades para fazer os lançamentos. Antes do lançamento de cada um dos foguetes, um dos integrantes de cada equipe devia declamar alguma citação, pensamento ou lei do cientista que a sua equipe representava. O pátio central da escola foi o local escolhido para o lançamento e uma trena a laser foi utilizada para determinação da altura alcançada.
Foram elaboradas 10 atividades investigativas, sendo uma delas o desafio de projetar e construir um protótipo de foguete para lançamento. As equipes tiveram acesso ao material de apoio com orientações cerca de 15 dias antes da data do lançamento. As atividades de pesquisa, desenvolvimento e testes foram acompanhadas pelos professores envolvidos no projeto durante as aulas que antecederam o dia do lançamento. Uma das exigências para as equipes foi registrar e descrever, em detalhes, o desenvolvimento do projeto para a construção do protótipo. No dia do lançamento, esses registros deveriam ser entregues, satisfazendo as
Quem pôde acompanhar a atuação dos integrantes das equipes de investigação percebeu o quanto a integração social faz diferença na hora da construção do conhecimento. Foi possível verificar a ação ativa de grande parte dos estudantes na busca pela construção das soluções. Nessas ações, os estudantes experimentaram e se permitiram partilhar ideias, escutar o outro, ponderar, criar, desenvolver o pensamento crítico e organizar ideias. Além disso, colocaram as mãos na massa e recortaram, colaram, montaram, desmontaram, testaram, observaram, acertaram, erraram, retrocederam e descobriram, descobriram muito.
REFERÊNCIAS • NASCIMENTO, J. M. O papel das interações sociais e atividades no processo de ensino-aprendizagem em aulas de química. 2009. 124 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de
Ciências) – Departamento de Educação, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2009.
• MENEZES, L. C. O aprendizado do trabalho em grupo. Revista
-em-grupo> . Acesso em : 28 abril de 2019.
Nova Escola, 2009. Disponível em : < https://novaescola.org.br/conteudo/605/o-aprendizado-do-trabalho-
• MATOS, S. A. ; NASCIMENTO, A. K. M.;
PANZERA, A. C.; Silva, M. A; Dias, V. N. C. F. O ensino por investigação e a formação continuada de professores: pipoca e celular, dupla do estouro? Revista da SBEnBio - Número 9, p. 3385 - 3396 , 2016.
• MOURA, F. A. ENSINO DE FÍSICA POR INVESTIGAÇÃO: Uma Proposta para o Ensino de Empuxo para alunos do Ensino Médio. 2018. 98 f. Tese (Mestrado Nacional Profissio-
nal em Ensino de Física) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2018.
7
CSCMBSB
CONHECER A ARTE E O ARTISTA PARA APRENDER A RESPEITAR E VALORIZAR A NOSSA CULTURA: DARLAN ROSA
FABÍOLA ADRIANA SAUSMIKAT MACIEL DE OLIVEIRA Professora de Artes Visuais do Colégio Sagrado Coração de Maria - Brasília. É pós-graduada em História da Arte e em História da Arte Africana e Afro-brasileira. Graduada em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas e Artes Cênicas pela Faculdade de Artes Dulcina de Moraes (DF).
Para saber mais sobre outros projetos de Brasília, acesse o QR Code. 8
A demonstração artística é uma forma privilegiada de o ser humano se conectar consigo, com o outro e com o transcendente. O aprofundamento cultural são janelas que possibilitam abrir novos horizontes e novas perspectivas. Por isso, falar em cultura não se restringe ao conhecimento cognitivo, mas “à totalidade das características de uma realidade social” (SANTOS, 1994). À medida que o ser humano se percebe como um ser de manifestações diversas e múltiplas, reconhece no seu entorno a riqueza cultural do seu semelhante. A escola tem o dever e a grande oportunidade de fomentar nos alunos a importância do olhar estético, a beleza e o sentido na virtude do olhar aguçado para as obras, formas e imagens que nos circundam. Esse despertar da sensibilidade e o reconhecimento da importância das obras do artista Darlan Rosa para o cenário cultural de Brasília e do Brasil é o que queremos ressaltar. Durante as aulas de artes, é frequente a realização de algumas conversas
sobre espaços culturais e museus. Em diversos desses diálogos, foi possível perceber que muitos alunos haviam visitado vários museus pelo mundo, mas não conheciam os espaços de nossa cidade. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, “[...] as oportunidades de aprendizagem de arte, dentro e fora da escola, mobilizam a expressão e a comunicação pessoal e ampliam a formação do estudante como cidadão, principalmente por intensificar as relações dos indivíduos tanto com seu mundo interior como com o exterior” (PCN, Arte, Introdução,1998:19).
A partir dessa constatação, foi concebido
Surgiu, então, a ideia de realizar uma pesquisa que objetivou verificar se as famílias dos alunos conheciam os espaços culturais de nossa cidade. Essa enquete, que foi enviada para ser respondida pelos pais, permitiu verificar que mais de 50% dos alunos jamais haviam visitado os museus de arte da nossa cidade, tampouco conheciam os artistas que representam a cultura local.
Darlan Rosa se dedica à arte da nossa
e iniciado o projeto de Artes Visuais da MCC – Mostra Científica e Cultural, tendo como tema “Darlan Rosa - Conhecer para aprender a respeitar e valorizar a nossa cultura”. Como passo inicial do projeto, os alunos do Ensino Fundamental II, do 6º ao 8º ano, assistiram, no espaço Multimídia, ao vídeo “Não é verdade nem mentira, é arte!”, momento em que puderam conhecer a trajetória artística de Darlan Rosa, multipremiado pintor, escultor, desenhista, programador visual e professor.
cidade há 50 anos. Durante esse período, construiu um verdadeiro museu a céu aberto em Brasília, pois muitas de suas obras estão instaladas em locais de destaque de nossa cidade. Nossa primeira atividade foi fazer as releituras do Zé Gotinha, personagem que o artista criou para campanhas de vacinação para erradicação da poliomielite. 9
CSCMBSB
A etapa seguinte do projeto fundamentou-se
A partir daí começamos a pesquisar
“ Casulo é noite e dia, é criança e adulto,
na exibição de imagens do Memorial JK,
também as obras digitais do artista Darlan,
iluminado por luzes coloridas que dão
a qual permitiu aos alunos observarem
fase que propiciou a construção de uma
vida às curvas esculpidas no aço em
obras instaladas em campo e motivou um
parceria com o professor de informática
formas esféricas.” (Darlan Rosa)
questionamento geral de como poderia
Robert Damasceno, a qual culminou com
ser desenvolvido um projeto de releitura
o “Projeto Releitura de Obras Digitais”,
Todos os trabalhos produzidos pelos
de obras tão grandes. A opção adotada
desenvolvido no laboratório de informática.
alunos no âmbito do projeto foram
baseou-se em começar primeiro com desenhos e, em seguida, elaborar as obras
Na etapa seguinte, foram apresentadas aos
com arame de alumínio.
alunos as imagens das obras instaladas no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB),
10
reunidos em uma grande exposição montada nas instalações do Colégio Sagrado Coração de Maria – Brasília. O ponto culminante do evento consistiu
Após o contato direto com o artista, fomos
local muito frequentado pelas famílias
informados de que diversas de suas obras
brasilienses e que abriga um parque de
são criadas com auxílio do espaço virtual. Por
esculturas interativas de Darlan Rosa. Os
meio do uso de programas de computadores,
alunos ficaram encantados e curiosos;
suas criações ganham forma, com toda a
até mesmo alguns que já tinham visitado
riqueza de detalhes. A fabricação da obra real
o CCBB ficaram estimulados a conhecer
de sua trajetória artística. Foi um
é feita em uma metalúrgica equipada com
o espaço. Como atividade dessa fase, os
momento de encantamento, no qual
máquinas computadorizadas, que executam
alunos fizeram desenhos das esculturas e
conseguimos aproximar nossas crianças
cortes precisos nos materiais metálicos.
montaram um painel com papel-alumínio.
e jovens daquela arte e de seu criador.
na visita do artista Darlan Rosa à exposição, momento em que recebeu calorosa acolhida, e que propiciou ao homenageado contato com as releituras
Depoimento do artista sobre o projeto: O projeto da professora Fabíola, de estudar minha obra artística com os alunos do Colégio Sagrado Coração de Maria, foi uma experiência muito rica para
eles e gratificante para mim. A começar pelo envolvimento das crianças com o livro e o documentário que contam minha história de vida e obra. Foi emocionante ver a exposição dos trabalhos e perceber que crianças e adolescentes
mergulharam fundo na minha obra e se expressaram com desenhos e esculturas muito criativos e de grande diversidade, de acordo com a maturidade delas. Parabéns, professora Fabíola. (Darlan Rosa)
REFERÊNCIAS • BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997, volume 6. • ROSA, Darlan. Não é verdade nem mentira, é arte; 2017. darlanrosa@gmail.com • SANTOS, José Luiz dos. O que é Cultura. 14 ed. - São Paulo: Brasiliense, 1994, p.24.
11
CSCMRJ
LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO INFANTIL CAROLINA QUADROS FERNANDES Professora de Inglês da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I do Colégio Sagrado Coração de Maria - Rio de Janeiro. É pós-graduada em Psicopedagogia (Pró Saber RJ) e em Formação de Professores em Português para Estrangeiros (PUC RJ). Tem licenciatura em Letras (Português/Inglês) pela Universidade da Cidade.
Para saber mais sobre outros projetos do Rio Janeiro, acesse o QR Code. 12
WELCOME KIDS, TO THE ENGLISH CLASSES. CRIANÇAS, SEJAM BEM-VINDAS ÀS AULAS DE INGLÊS. Ao longo dos anos, percebemos um crescimento no número de falantes de língua inglesa e a relevância de aprendê-la. Basta observar, no cotidiano, como o inglês está presente em nossa vida, seja em situações corriqueiras, como fazer um download, ir a um happy hour, ser fashion, levar o cãozinho a uma pet shop ou comprar roupinhas para o baby, seja no mercado de trabalho, onde o domínio do inglês é essencial para a maioria das vagas de nível superior. Devido a toda essa imersão que ocorre de forma quase imperceptível e espontânea, seguimos acompanhando o desenvolvimento global em busca de uma formação de excelência para os nossos educandos.
Ao promover as aulas de Língua Inglesa para a Educação Infantil no Colégio Sagrado Coração de Maria do Rio de Janeiro, surgiu o desafio de integrar os conteúdos referentes à Língua Inglesa com a língua materna, complementando e enriquecendo as propostas vigentes. O objetivo era desenvolver, em cada turma, um trabalho simultâneo na disciplina em parceria com as professoras regentes, propiciando o conhecimento e o aumento de vocabulário da língua inglesa com uma proposta partilhada e construída junto com os alunos, ampliando as suas vivências e curiosidades. A partir de 2019, a disciplina está sendo oferecida com uma carga horária de 3 horas-aula semanais para as turmas de alunos de 4 e 5 anos para que alcancemos o objetivo de inseri-los no universo da língua inglesa. Além de toda a influência que percebemos cotidianamente, é notável o interesse dos alunos em aprender uma língua
estrangeira. Os estudantes da Pré-escola I e II já demonstram o seu novo conhecimento durante os deslocamentos pelos corredores da escola cantarolando músicas e inserindo algumas palavras em inglês nas estruturas das frases em português ou cantando músicas com comandos em inglês que propiciam uma brincadeira e, ao mesmo tempo, possibilitam a aprendizagem de forma bastante divertida. Gradativamente, percebemos a aprendizagem acontecer de forma lúdica e natural. Utilizar temas de interesse dos alunos promove a construção desse aprendizado, pois partimos do universo da criança para despertar sua curiosidade pelo objeto proposto, no caso, a língua inglesa. Também utilizamos as experiências que trazem de casa, como músicas conhecidas em português, agora cantadas em inglês, desenhos, animações e histórias. A estratégia é aprender vocabulário, estruturas gramaticais e cultura,
13
CSCMRJ vivenciando e experimentando situações do cotidiano nas quais os aspectos conceituais aparecem de forma concreta conforme os projetos vão se desenvolvendo. Esses itens serão abordados nas aulas de inglês de forma natural, assim como na aquisição de qualquer língua, inclusive a materna. Por isso, desde tão novas, as crianças são estimuladas auditiva e oralmente à imersão na língua inglesa. O que seria um desafio do cotidiano surge de forma espontânea, estimulando também, além dos educandos, os funcionários da escola, contagiando e incentivando a todos, nesse primeiro momento, a arriscarem novas palavras e pequenas frases. Depois, é seguir trilhando esse caminho para construir o conhecimento. Os recursos utilizados são os mais diversos, como músicas, histórias, fantoches, massinha, livros, vídeos, etc. E o interessante é ver surgir, no meio da história, uma palavra já trabalhada em inglês e agora pronunciada. O conhecimento aparece; o que era oculto agora foi descoberto e não é mais difícil compreender o que está sendo explicado. Agora, o sentimento é de confiança e segurança em relação à nova língua. As habilidades desenvolvidas com os alunos serão: aplicar o vocabulário aprendido nos exercícios propostos, demonstrar os conteúdos internalizados nas brincadeiras, na rodinha e nas músicas ensinadas e aplicar as palavras e as músicas aprendidas durante a rotina de sala de aula e no dia a dia do educando. As situações de aprendizagem ocorrerão durante as aulas. O aluno construirá o seu conhecimento de forma ativa e participante. Ele utilizará um vocabulário
14
básico, articulado às estruturas essenciais da língua inglesa, a partir de palavras relacionadas à sua realidade imediata. As habilidades orais e auditivas serão priorizadas nas turmas por meio da realização de exercícios de listening e oral practice, com atenção especial à pronúncia. Os temas descritos serão executados a partir de uma abordagem lúdica, com o auxílio de jogos, brincadeiras, cartazes, músicas e vídeos, estimulando a memória, o raciocínio, a agilidade mental, a observação e a ação, tornando a aprendizagem significativa. Dessa forma, o aluno estará desenvolvendo a concentração, a criatividade e a curiosidade e aumentando o repertório de significados por meio do aprendizado da língua inglesa. Além disso, será estabelecida uma base para os estudos subsequentes, dando ao educando mais segurança para as próximas etapas do aprendizado dessa língua tão importante no cenário atual. As turmas serão avaliadas a partir da participação e do envolvimento nas atividades realizadas em sala de aula durante o ano letivo.
Não há erros, há tentativas. Essas tentativas, pouco a pouco, serão validadas e atingirão a etapa final da fluência na língua. Já vivenciamos a cultura inglesa no nosso dia a dia; agora, sistematizaremos, de forma lúdica, toda essa informação, tendo os estudantes como autores no processo de aquisição desse conhecimento. No futuro, as crianças do Colégio Sagrado Coração de Maria serão cidadãs que respeitam as mais diversas culturas e estarão aptas a se comunicarem em todo o mundo.
REFERÊNCIAS • NASCIMENTO, J. M. O papel das interações sociais e atividades no processo de ensino-aprendizagem em aulas de química.
2009. 124 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) – Departamento de Educação, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2009.
•M ENEZES, L. C. O aprendizado do trabalho em grupo. Revista
Nova Escola, 2009. Disponível em : https://novaescola.org.br/conteudo/605/o-aprendizado-do-trabalho-em-grupo . Acesso em : 28 abril de 2019.
• MATOS, S. A. ; NASCIMENTO, A. K. M.;
PANZERA, A. C.; Silva, M. A; Dias, V. N. C. F. O ensino por investigação e a formação continuada de professores: pipoca e celular, dupla do estouro? Revista da SBEnBio - Número 9, p. 3385 - 3396 , 2016.
•M OURA, F. A. ENSINO DE FÍSICA POR INVESTIGAÇÃO: Uma Proposta para o Ensino de Empuxo para alunos do Ensino Médio. 2018. 98 f.
Tese (Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2018.
15
CSCMUBÁ
O EXPERIMENTO DE ERATÓSTENES CARLOS AUGUSTO PIRES, GABRIEL HENRIQUE SPERANDIO. COAUTOR(ES): FABIANA A. M. SALES, CURI SALOMÃO JÚNIOR. Autores: Carlos Augusto Pires, mestre em Ciências - Aplicações da Tecnologia Nuclear (IPEN-USP), especialista em Gestão Escolar (FMA), bacharel e licenciado em Física (UNISA). Henrique Gabriel Sperandio, formado em Licenciatura em Química (UFJF) e mestre em Ensino de Química (UFV). É coordenador da área de CN do CSCM de Ubá. Coautores: Fabiana A. M. Sales, psicopedagoga clínica e institucional (UNINTER), especialista em Gestão Escolar (UGF-RJ), graduada em Pedagogia (CES-JF). É coordenadora do EM do CSCM de Ubá. Curi Salomão Júnior, licenciado em Geografia (UFJF) em 2001. Professor de Geografia da 1ª à 3ª série do Ensino Médio no Colégio Sagrado Coração de Maria – Ubá.
Para saber mais sobre outros projetos de Ubá, acesse o QR Code. 16
Em 21 de março, o Colégio Sagrado Coração de Maria de Ubá participou, juntamente com outras 175 escolas do Brasil e do mundo, de um experimento que foi realizado, inicialmente por Eratóstenes, geógrafo grego (276-194 a.C) que, há mais de dois mil anos e com poucos recursos, calculou o comprimento da circunferência do planeta Terra com uma precisão incrível, chegando à conclusão plausível de que a Terra era redonda. Eratóstenes sabia que, durante o solstício de verão, os raios solares atingiam perpendicularmente a superfície de Siena (Egito) ao meio-dia. Neste mesmo instante, a inclinação dos raios solares era de 7,2° em Alexandria. Sabendo que os raios solares chegam à Terra paralelamente e que a distância entre Siena e Alexandria é de 787 quilômetros, Eratóstenes usou um simples princípio da óptica geométrica, a propagação retilínea da luz, para calcular o perímetro da Terra, isto é, por semelhança de triângulos, podemos matematicamente aplicar uma regra de três: 7,2 / 360 = 787 / X. Atualmente, em muitas situações de aprendizagem, o ensino das ciências naturais se afasta da forma como o conhecimento científico foi construído. De acordo com Mortimer (1996), o processo de descoberta do conhecimento científico ocorreu de maneira oposta ao que fazemos (hoje?) em sala de aula. Os cientistas, que formularam leis, as fizeram por meio de observações de um fenômeno, um problema; criaram hipóteses, desenvolveram experimentos para testar suas afirmações e, por fim, chegaram à sua teoria. Fazemos, hoje, exatamente o contrário: apresentamos as teorias de forma pronta, como se assim fossem concebidas e então, quando possível, as comprovamos com experimentos. Essa forma de aprender passa ao aluno a ideia de que as leis das ciências são imutáveis, vitalícias, uma vez que não se percebe a modernização necessária para acompanhar o desenvolvimento científico e tecnológico.
Assim, cria-se um abismo entre a prática pedagógica e o verdadeiro conhecimento científico, que é construído a partir da observação de fenômenos, de teorias que são criadas e derrubadas, de leis que se mostram verdadeiras por certo prazo de validade. Uma saída para esse problema é a adoção da metodologia investigativa nas aulas de Ciências. Na metodologia investigativa, um fenômeno é apresentado aos alunos a partir de uma situação-problema. Desse momento em diante, os alunos são instigados a tentar resolver o problema ou então a aula se desenvolve com discussões entre os alunos, tornando a argumentação o ponto-chave para a construção do conhecimento. Como destaca Carvalho (2014) em seu livro “Ensino de Ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula”, o foco principal do ensino por investigação não é transformar o aluno em um cientista, uma vez que se reconhece a imaturidade biológica, a falta de conhecimento específico e a ausência de habilidades no uso de ferramentas científicas para tal fim. A fim de proporcionar a construção do conhecimento científico de forma investigativa, nosso colégio participou do “Experimento de Eratóstenes”, organizado com suporte da União Astronômica Internacional (IAU), que envolveu alunos do Ensino Médio, de várias escolas do Brasil e do mundo, em um trabalho interdisciplinar. Entre as escolas envolvidas, está a Escola Parque, do Rio de Janeiro, parceira no compartilhamento de dados com o Colégio Sagrado Coração de Maria – Ubá.
Carl Sagan, feito a partir do seu programa dos anos 1980. Este vídeo é utilizado para a divulgação do projeto. Nele, o apresentador explica como alguns gregos antigos já haviam descoberto, por meio da simples observação, que a Terra é, de fato, uma esfera. Para a realização do experimento, montamos três hastes de 1 metro de comprimento, feitas com cano de PVC e uma base metálica. Foram escolhidos três locais com solo nivelado para que os objetos ficassem perpendiculares em relação ao solo, a fim de obter um ângulo reto. Os locais escolhidos foram duas posições no pátio do Colégio Sagrado Coração de Maria – Ubá e uma na Praça São Januário, que fica em frente ao colégio. Para realizar a medida da sombra projetada pelo objeto, foram utilizadas réguas graduadas em centímetros, marcando a origem das posições da régua (zero centímetro) na base da haste de PVC até o fim da sombra. O procedimento foi realizado próximo ao meio-dia para que as medidas fossem favorecidas. Conforme orientações da União Astronômica Internacional (IAU), idealizadora do projeto, foram realizadas cinco medidas: duas na Praça São Januário e três no pátio do colégio. Uma comparação foi realizada com um colégio do Rio de Janeiro, a Escola Parque, que possui longitude muito próxima à do Colégio Sagrado Coração de Maria – Ubá.
Mediante inscrição prévia, semanas antes, cada escola recebeu, por e-mail, as coordenadas e os contatos das demais instituições para combinar uma sincronia no dia do experimento. O estudo foi feito em locais de mesma longitude. Primeiro, os alunos assistiram ao vídeo “Cosmos”, de 17
CSCMUBÁ Após as anotações das medidas, utilizamos as propriedades do triângulo retângulo para encontrar o ângulo , que corresponde à latitude do colégio, onde L é comprimento da sobra e H a altura da haste. O ângulo foi calculado por meio da função: = tan-1(L/H).
COLÉGIO SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA UBÁ – LOCALIZAÇÃO DA ESCOLA Estado: Minas Gerais
Município: Ubá Latitude: 21° 07’ 12” S
Sigla: MG Longitude: 42° 56’ 34” W
H
L A distância do colégio em relação à Linha do Equador, considerando um colégio hipotético, foi determinada por meio da proporção, considerando que 1° em latitude corresponde a 111,12 km de distância linear.
MEDIDA A
BASTÃO (CM)
SOMBRA (CM)
HORÁRIO
ÂNGULO (°)
DISTÂNCIA (KM)
1
100
38,80
11H 58
21,21
2.356,86
2
100
38,70
11H 59
21,16
2.351,30
3
100
38,50
12H00
21,06
2.340,19
4
100
38,60
12H00
21,11
2.345,74
5
100
38,90
12H01
21,26
2.362,41
12H01
100
38,70
-
21,16
2.351,30
Tabela com as medidas realizadas no Colégio Sagrado Coração de Maria - Ubá
A variação angular de 1,88°, em latitude,
CIRCUNFERÊNCIA DA TERRA (KM)
Média
ÂNGULO (°)
MEDIDA
REAL
ERRO (%)
21,21 21,16 21,06 21,11 21,26
39.840,4 39.934,2 40.123,4 40.028,5 39.747,1
40.075 40.075 40.075 40.075 40.075
0,59 0,35 -0,12 0,12 0,82
21,16
39.934,3
40.075
0,35
Cálculo da circunferência da Terra
18
entre os dois colégios corresponde a uma distância linear de 208,68 km. Extrapolando
essa
distância
para
o perímetro de circunferência da Terra (360°), encontraremos o valor de 39.960 km. Entretanto, podemos determinar a distância entre os dois colégios
pela
diferença
latitudes
encontradas
entre
por
as
ambos,
experimentalmente. Para isso houve
Escola Parque - RJ
Aprox.
Colégio Sagrado Ubá - MG
Latitude
23°00’15,16’’
23
21° 07’ 12”
21,12
1,88
Longitude
43°25’28,84”
43,4
42° 56’ 34”
42,9
0,50
Aprox.
Variação (°)
o compartilhamento dos dados obtidos realizadas pela Escola Parque são
entre os dois colégios. As medidas descritas na tabela a seguir.
Medida
BASTÃO (CM)
SOMBRA (CM)
HORÁRIO
ÂNGULO (°)
1
99,2
44,0
11H56
23,92
2
99,1
43,8
11H58
23,84
3
99,2
44,0
11H59
23,92
4
99,0
44,1
12H00
24,01
Média
99,13
43,98
23,92
Tabela com as medidas realizadas na Escola Parque – Rio de Janeiro Dados compartilhados pela Escola Parque chegou, assim como Eratóstenes, a um valor muito próximo daquele aceito hoje, com uma pequena margem de erro.
REFERÊNCIAS GEOGRÁFICAS
A variação angular de 2,76°, em latitude, entre os dois colégios (21,16° para o Colégio Sagrado Coração de Maria e 23,92° para a Escola Parque) indica uma distância linear de 306,69 km. Extrapolando essa distância para o perímetro de circunferência da Terra (360°), teremos 40.003,04 km. Com a experiência, concluímos que o método utilizado por Eratóstenes foi eficiente, ainda mais considerando os poucos recursos da época. Nossa atividade
CIRCUNFERÊNCIA DA TERRA (KM) MEDIDA
REAL
ERRO (%)
Os resultados obtidos consideraram a
Escola hipotética – Linha do Equador
39.934,3
40.075
0,35
distância ao nosso colégio de três pontos
Escola Parque – localização real
39.960,0
40.075
0,29
Escola Parque – localização experimental
40.003,0
40.075
0,18
de referências geográficas. Um resultado satisfatório, tendo em vista, além da simplicidade das medidas, as condições climáticas, que comprometeram um pouco a medida das sombras. Para os alunos, a experiência se mostrou rica, a
pois
primeiramente
curiosidade;
depois,
despertou
permitiu
que
vivenciassem parte da teoria vista nas
aulas de Geografia, Matemática, Física e História, colocando em prática vários conceitos: incidência de raios solares sobre a Terra, uso da bússola, pontos cardeais, medidas, ângulos, cálculos. Tudo isso trouxe como resultado uma aprendizagem muito mais gratificante e significativa. Com atividades assim,
a escola se mostra como um ambiente propício à aprendizagem, sendo o professor o membro mais experiente do processo, que conduzirá as situações de forma a orientar as discussões e a permitir que os alunos sejam sempre protagonistas de suas próprias histórias na (re)descoberta do conhecimento.
REFERÊNCIAS CARVALHO, Ana Maria Pessoa de. (Org.) et al. Ensino de Ciências por investigação: condições para implementação em sala de aula. São Paulo: Learning, 2013. MORTIMER, Eduardo Fleury. Construtivismo, mudança conceitual e ensino de ciências: para onde vamos? Revista Investigações em Ensino de Ciências (IENCI) ISSN: 1518-8795. • Experimento de Eratóstenes - http://eratosthenes.ea.gr/ •
•
Vídeo “Cosmos”, de Carl Sagan - https://www.youtube.com/watch?v=VHCAgniEVto 19
CSCMVIT
OFICINAS COMO ESTRATÉGIA METODOLÓGICA ATIVA PARA PRODUÇÃO DE LEITORES KELLY DINIZ VILHENA Professora de Língua Portuguesa do Colégio Sagrado Coração de Maria - Vitória. Mestra em Estudos Linguísticos.
Para saber mais sobre outros projetos de Vitória, acesse o QR Code. 20
A inquietação de tornar a leitura mais agradável, significativa e dinâmica para leitores iniciantes é um desafio na educação leitora e fomenta uma busca incessante por formas de fazer com que os alunos queiram ler os livros não apenas por imposição do professor ou como forma de cumprir os protocolos e fichas de leitura. Temos à mão a tarefa de apresentar o livro e a narrativa como mais uma maneira de viver e como objetos de prazer e de conhecimento mesmo em meio a um apelo tão forte para a fragmentação dessa prática de leitura. Diante dessa consciência, entendemos como extremamente necessário, no nosso papel de mediadores, que a criança compreenda que a mudança de perspectiva, de relações e de vida, proposta por Mário Quintana, por intermédio da leitura, pode iniciar no contexto dela, diante da realidade em que ela está inserida. Para tanto, nada mais provocante do que apresentar a esse público livros que estejam próximos da cultura e da realidade em que vivem e que despertem a vontade de participar ativamente daquela proposta de leitura.
às diferentes faixas etárias e que, ao
trabalho, os alunos precisavam conhecer
mesmo tempo, despertassem o interesse
algumas especificidades da história do
deles por alguma peculiaridade local,
Espírito Santo: geografia, cultura, arte,
ou
religiosidade e música.
problematizasse
pertinente
para
alguma
questão
desenvolvermos
a
resolução de problemas, percebemos
Para cada série, foram sugeridos trabalhos
que havia ali um potencial maior de
voltados para os gêneros textuais da
exploração, de modo que o aluno fosse
proposta e, para os outros currículos
instigado a participar mais dessa leitura
interdisciplinares, essas atividades são
como protagonista. Por isso, montamos
pensadas a partir de um livro capixaba
as oficinas com diferentes artistas
diferente para cada série escolar, da
capixabas, uma forma lúdica de tornar
Educação Infantil até o 5º ano do Ensino
significativa a leitura.
Fundamental I. A partir dessa escolha e das atividades, os alunos aprendem a conhecer pela leitura e vivência da
“OFICINAS COM DIFERENTES ARTISTAS CAPIXABAS”
narrativa. Cada
livro
desses
fornecia
uma
possibilidade de trabalho diferenciado, porém
De acordo com Bourdieu, “a cultura é o conteúdo substancial da educação, sua fonte e sua justificação última [...]: uma não pode ser pensada sem a outra”. Dessa maneira, essas oficinas não só oportunizaram uma maior proximidade desses estudantes com artistas de sua localidade, como também abriram a
todos
permitiam
às
crianças
vivenciarem, até mesmo fora da escola, diferentes espaços e saberes. A partir deles, os alunos se sentiam motivados a visitar lugares históricos no entorno da própria casa e que eram descritos nas narrativas. Todos se reconheciam naqueles lugares, tornando a abordagem muito mais significativa. Aprendem a conhecer, a ser, a conviver, pela experimentação, com
Levando em conta os pilares da educação da Unesco – aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a ser –, as reflexões em torno do nosso novo público, a necessidade de um trabalho que dinamizasse ainda mais as habilidades socioemocionais e ampliasse, ao mesmo tempo, as metodologias ativas na incrementação dos projetos de leitura e escrita, é que surgiu o Projeto do Artista Capixaba.
possibilidade de uma maior valorização
aprendizagens significativas.
lendas poéticas, apresentaram objetos
O projeto começou com a intenção de tirar o estigma de que os autores dos livros estavam muito distantes e que eram pessoas inacessíveis. No entanto, após a realização de uma seleção rigorosa de livros que atendessem
O projeto do artista capixaba gerou
livros, cantaram músicas criadas por eles
OFICINAS
MULTIDISCIPLINARES,
seja,
agregaram
da cultura capixaba e de um aprendizado efetivo. Além disso, a parte lúdica da abordagem faz com que o envolvimento da criança seja completo.
lúdicas se façam presentes nas salas de aula, como estruturantes do processo ensinar
e
As
crianças
vivenciaram
uma
tarde
de entrevista, autógrafo e contação de histórias com os autores de seus livros.
D’Ávila defende a ideia de que as atividades
de
os espaços e com a família.
desencadeadoras
de
Um momento muito rico e agradável, em que elas apresentaram suas produções realizadas ao longo do trabalho com os livros: declamaram poemas, recitaram que representavam as personagens dos
ou
a partir da vivência da leitura, expuseram
outras
quadros de diferentes ambientes do estado
disciplinas além de Língua Portuguesa
e relataram a história da escola dentro do
e de Redação na sua composição, uma
contexto maior de elementos apresentados
vez que, para entenderem o contexto de
nos livros.
que
várias
21
CSCMVIT Em seguida, conheceram mais de perto uma personalidade que vive na mesma cidade em que moram e que convive na mesma comunidade que eles. Nesse bate-papo, aprenderam habilidades importantes de convívio, de respeito e de valorização.
Por fim, após o trabalho global com os livros, o ponto alto da atividade, os discentes aprenderam fazendo: por meio de oficinas, puderam traduzir toda a aprendizagem significativa de forma bem prática e prazerosa. Em 2018, incluímos habilidades socioemocionais nessa prática ao convidar a família para participar desse momento de aprendizagem com os alunos. Atuando em conjunto, a criança e o familiar buscam as melhores atitudes e habilidades para alcançar os objetivos, demonstrando empatia, mantendo relações sociais positivas e tomando decisões de maneira responsável. Essas oficinas foram pensadas com os alunos por meio de pontos que chamavam
22
a atenção nos livros ou problematizações for necidas pelo próprio autor ao longo da leitura. Alguns exemplos: como usar materiais recicláveis para produzir brinquedos e não poluir o meio ambiente, tema que contou com as Ciências da Natureza para auxiliar a discussão; como conhecer melhor a história de pontos turísticos do nosso estado e os nomes relativos a eles; qual a relação geográfica com os nomes de algumas lendas da cultura local; e tantos outros. Em algumas oficinas, os alunos vivenciaram, junto com os pais, não só a história do livro, como também algumas experiências compartilhadas da família, que foi convidada para dividir momentos
prazerosos com a comunidade escolar. Em outras, houve momentos de música, de arte e de muita história a serviço da imaginação. No geral, organizamos as oficinas nas seguintes etapas: 1 - As turmas, em um primeiro momento, direcionadas pelo professor de Música, realizaram, com suas famílias, uma dinâmica relacionada a alguma situação particular do livro. Por exemplo, uma música que resgatasse as brincadeiras de roda, pois a abordagem do livro envolvia a relação com os avós. Essas atividades foram cheias de alegria, encanto e dança.
2 - Em seguida, os próprios alunos realizavam a contextualização da narrativa (autor, ilustrador, local da história) e, em alguma questão histórica, seus familiares eram envolvidos. 3 - Por fim, produziam, de maneira lúdica, um produto relacionado ao estudo dos gêneros e à produção artística da disciplina de artes.
As séries iniciais do Ensino Fundamental I escolheram os personagens referentes aos livros e reproduziram cada um deles com diferentes materiais e técnicas: desenho, confecção de bichos e objetos com caixas de papelão, fantoches de meias. No geral, foram utilizados materiais recicláveis ou já descartados. Os alunos do 4º ano realizaram uma produção textual proposta pelo enredo da narrativa em uma flâmula confeccionada, junto com os pais, após um sarau de poemas narrativos construídos por eles e declamados à família. Foi um momento muito significativo, de sorrisos, agradecimento, aproximação interparental, troca e muito aprendizado. Já o 5º ano realizou a mostra de um tapete de retalhos, explicando o que é ler. Após a apresentação, tiveram uma aula histórica sobre o Espírito Santo com a artista capixaba Andreia Espíndula e, em seguida, pintaram em telas, junto com os pais,
um quadro de um monumento histórico capixaba escolhido. Segundo o professor Pacheco, educador português, dinamizador da gestão democrática na educação, o objetivo da escola é fazer dos seres humanos que nos são confiados pessoas mais sábias e mais felizes. Entendemos que as oficinas alcançaram esses dois objetivos de forma magistral. E provaram também que são
exemplos de metodologias ativas que englobam uma concepção do processo ensino-aprendizagem,
considerando
a
participação efetiva dos estudantes na construção de conhecimento e valorizando as diferentes formas de envolver tais estudantes nesse movimento. Tudo para que possam desenvolver a autonomia por meio de ações nas quais assumam uma postura realmente protagonista.
REFERÊNCIAS: •
BOURDIEU, P. Razões práticas: sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996.
•D ’AVILA,
Cristina. Ludicidade, cultura lúdica e formação de professores na área musical. Disponível em: periodicos.uesb.br/index.php/aprender/article/viewFile/5486/pdf_38
•M ORAN,
José. O papel das metodologias ativas na transformação da escola. In: O futuro alcançou a escola: o aluno digital, a BNCC e o uso de metodologias ativas de aprendizagem. São Paulo: Editora do Brasil, 2019.
• PACHECO,
José Francisco. Experiências inovadoras na educação. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=reOEnY8jkjo. Acesso em: 10 de maio de 2019. 23
MATEMÁTICA E A BNCC
IMPLICAÇÕES PARA A MATEMÁTICA ESCOLAR QUANTO À EXISTÊNCIA DA BNCC
CRISTIANO A. MUNIZ Educador e matemático. Consultor da Rede SCM.
24
Para ler o artigo completo, acesse o QR Code.
Mais do que inserir novos conteúdos como pensamento algébrico nos anos iniciais, retomada da geometria analítica, pensamento estatístico, entre outros, a BNCC vem requerer novas abordagens nos processos de aprender e, por consequência, ensinar matemática. Não mais vista apenas como um conjunto de definições, propriedades e procedimentos a serem seguidos e reproduzidos pelos alunos, as novas diretrizes curriculares trazem uma abordagem da matemática centrada no aluno como protagonista na produção do conhecimento, das diferentes formas de compreender e produzir a matemática, com maior foco na criatividade e criticidade matemática, com a perspectiva de uma matemática diversa, dinâmica, histórica, lúdica e associada aos mais diferentes contextos científicos, artísticos, culturais, esportivos e políticos.
Novas abordagens da matemática a serem contempladas pela escola, segundo a BNCC: ampliação da visão do conhecimento escolar na formação cidadã. Como dizíamos, para além dos conteúdos matemáticos classicamente trabalhados há a inserção de novos conteúdos com abordagens diferentes das que os pais estão acostumados, diferentes das vivenciadas por eles ao longo de sua escolarização. Algumas dessas abordagens que a BNCC traz para a escola, com implicação na relação com a família no que diz respeito à aprendizagem matemática, vamos tratar a seguir. 1. Resolução de problemas em situações significativas: a problematização da realidade, a elaboração de problemas e sua resolução devem ser os objetivos últimos da presença da matemática na educação básica. Assim, elaborar e resolver situações-problema deve ser tanto objetivo quanto estratégia do ensino. A escola deve, em parceria com a família, buscar contextos de motivação e curiosidade para alimentar a proposição de problemas. São os problemas que levam os alunos a mobilizarem seus conhecimentos, a colocá-los em prática e em xeque, percebendo a necessidade de ampliação e aprofundamento para dar conta de novas situações e contextos. 2. O aluno como sujeito ativo da própria aprendizagem: a BNCC apresenta a perspectiva do aluno como autor de estratégias de interpretação e resolução de problemas matemáticos, com a possibilidade de, em sala
de aula, termos rica diversidade de elaboração de estratégias resolutivas, o que torna o processo de aprendizagem e de ensino mais inteligente e cognitivamente mais rico. Ter uma nova visão da matemática com a possibilidade de desenvolvimento, socialização e validação de soluções diversas significa termos na escola a matemática como ferramenta de crescimento e amadurecimento de um cidadão mais crítico, mais criativo e mais participativo. 3. Diversidade no processo de conceitualização: se a aprendizagem matemática é do sujeito, que está em processo de desenvolvimento humano, em todos os seus aspectos, a escola (assim como a família) tem de levar em conta que as aprendizagens dependem determinantemente do processo de conceitualização do aluno. A compreensão dos objetos de conhecimentos matemáticos tratados pelo professor depende do nível de conceitualização em que se encontra a criança. Em todo processo de ensino há a produção de significado pelo aluno (poderíamos dizer que a compreensão, a produção de significado, é a base essencial da aprendizagem matemática). O processo de aprendizagem é definido pelas produções conceituais do aluno, tudo o que o professor escreve ou fala é processado pelo aluno, enquanto sujeito ativo, a partir do seu mundo de significações e seu histórico de aprendizagem. O que o aluno ouve ou representa mentalmente quase nunca é necessariamente o que professor desejaria, pois a aprendizagem é reelaborante. Assim, novas bases curriculares requerem que os professores, por sua vez, busquem se apropriar de como seus alunos estão se apropriando e dando significados aos conteúdos matemáticos. 4. Comunicação e argumentação oral matemática para além da escrita: produzir e aprender matemática não se limita apenas às produções escritas sobre uma superfície (quadro do professor, livro didático ou caderno), devendo ser mais valorizadas outras formas de produções matemáticas e suas aprendizagens, sobretudo os gestos, a manipulação, a oralização, as argumentações orais, as validações e provas diante do grupo social. Saber argumentar oralmente, representar materialmente conceitos e procedimentos, elaborar esquemas, desenhos, articular palavras, gestos e símbolos são competências ímpares para o empoderamento matemático de crianças e jovens. 5. Pluralidade nos conceitos matemáticos: ampliar o espectro conceitual das ideias
matemáticas, de forma que uma operação possa dar conta de maior campo de situações do que aquelas apresentadas pela escola tradicional. Novas titulações: conhecer, se apropriar das novas terminologias da BNCC para eixos curriculares. O delineamento dos conteúdos, assim como das competências, que definem a BNCC é fruto de embate de muitos setores da sociedade, o que acaba por resultar na presença de alguns conteúdos novos e na retomada de alguns que já figuravam na Matemática Moderna (década de 1960). Outros conteúdos são mais inovadores, sobretudo no campo da geometria, trazendo maior valor à geometria da orientação e deslocamento, das transformações, das simetrias, etc. O pensamento estatístico e probabilístico é um dos fatores mais inovadores propostos (ausente nos referenciais curriculares anteriores), visando à formação do cidadão participativo e crítico do mundo futuro. Os eixos receberam novas titulações em relação aos referenciais anteriores, sendo: - Espaço e forma = Geometria: maior foco nas representações dinâmicas, nas propriedades e na geometria das transformações. - Tratamento da informação = Estatísticas: para além do estudo de tabelas e gráficos, a escola deve focar também no pensamento das possibilidades e probabilidades, no estudo de situações do acaso, dos riscos. - Pensamento algébrico: mais que linguagem matemática, o pensamento algébrico a ser desenvolvido desde os anos iniciais está associado aos pensamentos lógico, abstrato e criativo. - Geometria analítica: que esteve esquecida nas últimas décadas pelas escolas, articulando noções de representações espaciais e contexto numérico. A BNCC tem sua importância não somente por essas novas perspectivas de conteúdos matemáticos acima, mas sobretudo por trazer uma visão diferente do aprender e ensinar matemática na escola básica, o que pode, para além dos conteúdos, fazer toda a diferença no percurso de aprendizagem matemática das crianças e dos jovens.
Mais que novos conteúdos: letramento matemático com competências desafiantes.
REFERÊNCIA: •
MUNIZ, Cristiano A. “A Educação Integral como base para a aprendizagem matemática” in VEIGA, I. P. A. e SILVA, E. F. (org.) Ensino fundamental da LDB à BNCC. CAMPINAS: PAPIRUS, 2018. 25
ENTREVISTA
NOVO ENSINO MÉDIO
WISLEY PEREIRA Coordenador Nacional de Ensino Médio no Ministério da Educação. 26
Para ler a entrevista completa, acesse o QR Code.
Entendendo a Reforma do Ensino Médio A chamada Reforma do Ensino Médio é um conjunto de novas diretrizes que flexibiliza o conteúdo que será ensinado aos estudantes, muda a distribuição do conteúdo das 13 disciplinas tradicionais ao longo dos três anos do ciclo, dá novo peso ao ensino técnico e incentiva a ampliação de escolas de tempo integral. O novo currículo será definido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a carga horária do Ensino Médio será dividida em outro formato. De acordo com a legislação em vigor, 60% da carga horária deverá ser composta obrigatoriamente pelos objetos de conhecimento e habilidades previstas na BNCC, enquanto os demais 40% serão optativos, conforme a oferta da escola e o interesse do estudante, ainda de acordo com a BNCC. Para os conteúdos optativos, os estudantes poderão concentrar as disciplinas em uma das cinco áreas, chamadas de “itinerários formativos”. São elas: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional. Com a reforma, as escolas precisarão oferecer, pelo menos, um dos itinerários formativos das cinco áreas. Outra alteração é a obrigatoriedade da oferta da língua inglesa, a partir do sexto ano do Ensino Fundamental. Para esclarecer mais sobre o assunto, a Rede Sagrado convidou o coordenador nacional de Ensino Médio no MEC, Wisley Pereira, para esclarecer alguns pontos importantes. Confira os principais trechos da entrevista. 1. Para iniciar, faça uma breve contextualização sobre a BNCC e a relação com a Reforma do Ensino Médio. O Ensino Médio é tema debatido há mais de 18 anos. Em cada etapa de discussão foram criadas normas que o amparassem legalmente; no entanto, até o presente momento, analisando os resultados educacionais dos últimos anos e a fragilidade no que se refere às aprendizagens dos estudantes, fica evidente que a sua função social prevista na LDB vigente em seu art. 35 [que trata das finalidades deste segmento] não atingiu os resultados esperados.
Importante destacar, que em 2012, o Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) constituiu um Grupo de Trabalho (GT) incumbido de debater, formatar tecnicamente e consolidar proposições capazes de promover a ressignificação do Ensino Médio no Brasil a partir de um eixo de medidas de consenso que permitisse contemplar as especificidades sociais, econômicas, culturais e políticas das diversas regiões do país. O GT elaborou o documento denominado “Proposta para Avanços no Ensino Médio”, apresentado ao Ministro da Educação em dezembro do mesmo ano. Os dados do Ensino Médio brasileiro estavam sinalizando para a necessidade de mudança e reorganização desta etapa de ensino 2. Quais as principais alterações trazidas pela Reforma do Ensino Médio? A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) e estabeleceu uma mudança na estrutura do Ensino Médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000 horas anuais (até 2022) e definindo uma nova organização curricular, mais flexível, contemplando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a oferta de diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes, os itinerários formativos, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional.
foi instituído pela Portaria MEC nº 331, de 5 de abril de 2018, com o objetivo de apoiar as Secretarias Estaduais e Distrital de Educação (Seduc) e as Secretarias Municipais de Educação (SME) no processo de revisão ou elaboração e implementação de seus currículos alinhados à BNCC, em regime de colaboração entre estados, Distrito Federal e municípios. 5. Como trabalhar as disciplinas eletivas na perspectiva integrada do Ensino Médio? Os componentes eletivos podem ser ofertados de diferentes formas - módulos, projetos, unidades de estudo, atividades, práticas, disciplinas - nos itinerários formativos com o objetivo de disponibilizar escolhas por parte do estudante dentro do itinerário. 6. Você gostaria de fazer algum acréscimo, apresentar alguma novidade ou recurso? É importante ressaltar que, quando uma política nacional é alterada, outras políticas/ programas também precisam ser revistos. No caso do Novo Ensino Médio, outras questões estão sendo discutidas no MEC, para acompanhar as alterações curriculares, que são do Programa Nacional do Livro Didático; do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM); dos currículos dos cursos de formação de docentes; da formação continuada de professores, entre outras.
3. Serão criados mecanismos que garantam que os alunos tenham mais de uma opção de itinerário onde estudam? Quais são esses mecanismos? De acordo com as DCNEM, art. 12, § 6º, os sistemas de ensino devem garantir a oferta de mais de um itinerário formativo em cada município, em áreas distintas. Dessa forma, os estudantes poderão fazer alguma escolha. A possibilidade de estabelecer parcerias entre diferentes instituições de ensino desde que sejam previamente credenciadas pelos sistemas de ensino – garantem a oferta de diferentes itinerários formativos. (§ 9º). 4. Como evitar rupturas na BNCC entre as etapas, pensando a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio? O Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC) 27
BILINGUISMO
NEUROEDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM E BILINGUISMO
ANDREIA FERNANDES Coordenadora Pedagógica no Edify, programa bilíngue. Possui Mestrado em Comunicação (UCP), pós-graduação em ensino da língua inglesa e neurociência (UFRJ), graduada em Comunicação Social (UFRJ) e Letras (UFRJ). Possui o certificado de proficiência CPE (Universidade de Cambridge), Delta I/II (Universidade de Cambridge). É mestranda em Formação de Professores pela Nile (University of Chichester).
Para ler o artigo completo, acesse o QR Code. 28
Neuroeducação: as funções cerebrais e o aprendizado do cérebro bilíngue Estudos recentes na área de neuroimagem proporcionaram conhecimentos mais amplos sobre as estruturas cerebrais relacionadas à aprendizagem. Com isso, a sala de aula ganhou uma nova dimensão como área de investigação do processo de aprendizagem. Assim, surge a neuroeducação, cujo objetivo é mostrar como o cérebro e o processo educacional estão interligados, auxiliando os professores a entenderem como as informações são processadas e como as atividades em sala de aula ajudarão os alunos a aprenderem de forma mais eficiente. Aprender é um processo que não se limita à absorção de conteúdo, mas envolve uma rede múltipla de ações neurofisiológicas e neuropsicológicas, bem como a influência do meio em que o estudante está inserido. Nesse processo, destaca-se o papel das funções executivas (FE) cerebrais, que auxiliam o indivíduo a organizar, iniciar e coordenar o seu comportamento e desenvolver uma atividade. Neuroeducação e aprendizado de excelência A aprendizagem exige a coordenação e a integração coerente das múltiplas funções executivas, que ajudarão os alunos a lembrar e seguir instruções, evitar distrações, controlar impulsos, ajustar-se à modificação de regras e persistir no alcance de metas. Os estudos na área de neuroeducação têm como objetivo auxiliar professores e demais profissionais da área de educação a ter uma compreensão mais ampla e consistente do processo de aprendizagem. Neuroeducação e cérebro bilíngue Seguir pela direita ou pela esquerda? Comer chocolate ou não? Responder à mensagem agora ou depois? Que roupa usar hoje? Nosso dia a dia é composto de um sem-número de pequenas decisões e contamos com redes cerebrais múltiplas e concorrentes entre si para nos ajudar na escolha final. O mesmo processo pode ser usado para entender o comportamento do cérebro bilíngue, que está constantemente fazendo escolhas sobre os códigos linguísticos mais apropriados em determinadas situações. Sendo assim, é fundamental entendermos como a exposição contínua a duas línguas gera modificações
neurais que ajudam o nosso cérebro a reescrever, de forma contínua, seus próprios circuitos. Memória Assim como um músculo precisa ser exercitado para se tornar mais eficiente, nosso cérebro também precisa de exercícios constantes para se manter saudável e nos servir de forma mais hábil. Aprender duas línguas, por exemplo, ajuda o cérebro a registrar novos sons, vocabulário e estruturas gramaticais, aumentando a capacidade de memorização. O cérebro de um bilíngue apresenta maior desenvolvimento da massa cinzenta em uma área voltada para a aquisição de vocabulário. Vale lembrar que a massa cinzenta, por sua vez, é responsável pela concentração de um grande número de células nervosas no nosso cérebro. Desta forma, quanto mais massa cinzenta, mais o cérebro está apto para executar tarefas de forma rápida e eficaz. O bilinguismo também está envolvido com a matéria branca do cérebro, que se caracteriza por ser uma substância gordurosa, localizada embaixo da massa cinzenta. Ela permite que as mensagens percorram, de forma mais rápida e eficiente, as redes de nervos e o cérebro, mantendo as conexões entre elas para que a comunicação ocorra de uma maneira mais otimizada. Ainda em relação à memória, os bilíngues tendem a ser mais eficientes na retenção de informações contidas em listas e sequências. Flexibilidade cognitiva Como o cérebro bilíngue está constantemente desafiado a se comunicar em sistemas de linguagens distintos, ele aumenta sua capacidade de negociar, interpretar significados e solucionar problemas, isto é, ele passa por avanços relacionados ao sistema executivo, que é um conjunto de habilidades mentais que ajudam a bloquear informações não relevantes. Ao falar, escutar ou escrever, o cérebro bilíngue fica ocupado, procurando selecionar a palavra mais adequada e bloqueando o mesmo termo da outra língua, o que é uma complexa tarefa de controle executivo, chamada de atenção seletiva. Tal capacidade ajuda o indivíduo a ter maior flexibilidade cognitiva, pois consegue passar, de forma rápida, de uma atividade para outra sem que ocorra confusão ou desalinhamento de informações. Acrescenta-se a isso o fato
de os bilíngues terem mais facilidade de se imaginar no lugar dos outros, visto que são capazes de inibir as informações que já lhe são familiares e se concentrar na perspectiva alheia. Criatividade A criatividade é muitas vezes definida como a capacidade de recombinar informações já existentes para resolver problemas de formas diferentes. Para a neurociência, essa capacidade de encontrar novos caminhos entre ideias e conceitos depende do esforço conjunto de regiões localizadas nos dois lados do cérebro e da flexibilidade cognitiva, que permite mudar o já existente para melhor adaptar-se às situações de diversas maneiras. Mas afinal, como isso está relacionado ao bilinguismo? Ao ser exposto a códigos linguísticos diferentes, o bilíngue precisa frequentemente exercitar sua capacidade criativa para estabelecer associações de ideias entre as duas línguas, além de gerenciar a interferência das línguas entre si para dizer a palavra mais apropriada na língua certa e na hora devida. Sendo assim, o bilíngue apresenta superioridade relacionada à flexibilidade mental e à facilidade na formulação de conceitos, além de dispor de um eficiente conjunto de habilidades mentais, o que lhe permite atribuir significados distintos para interpretação de diferentes situações ou problemas. Facilidade para aprender outras línguas Quando nosso cérebro já domina mais de uma língua, ele tem melhor compreensão de como a linguagem se processa, além de ter desenvolvido uma variedade de recursos relacionados ao aprendizado de línguas. Sendo assim, o cérebro está melhor preparado para realizar as conexões neurais necessárias, visto que já se adaptou aos procedimentos essenciais para lidar com uma nova combinação de códigos e significados. Desta forma, o cérebro passa a um patamar mais elevado não apenas cultural, mas também cognitivo. Em suma, como o cérebro humano está em constante alteração, ao lidarmos com bilíngues, é desejável que tenhamos ampla compreensão de como o cérebro deles funciona para que possamos oferecer os estímulos necessários e aplicá-los de forma eficiente, de modo que ocorra um desenvolvimento cerebral saudável e eficaz. 29
GLOBAL NETWORK
LOS ANGELES + REDE GLOBAL: APROVEITANDO O PODER DAS NOSSAS HISTÓRIAS Representantes da Província Brasileira:
JANE SANTOS ROSIGNOLI, FERNANDO FRANÇA E DEISE ELEN
30
A Conferência da Rede Global de Escolas RSHM aconteceu em Los Angeles, Califórnia, no período de 28 de junho a 2 de julho de 2019 sob o tema Harnessing the power of our stories (Aproveitando o poder de nossas histórias). O encontro reforçou o dom da internacionalidade com a presença de representantes dos Colégios Marymount da França, da Itália, dos Estados Unidos (Los Angeles e Nova Iorque), da Colômbia (Bogotá, Barranquila e Medellin) e do México e dos Colégios Sagrado Coração de Maria de Portugal (Lisboa, Porto e Fátima) e do Brasil (Ubá, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória e Brasília), além de várias religiosas do Instituto. Representando os diretores das escolas do Brasil, estiveram presentes a esta conferência o diretor do Colégio Sagrado Coração de Maria de Belo Horizonte (MG), que, também, é o representante brasileiro no Comitê da Rede Global, professor Fernando França Monteiro de Barros; a diretora do Colégio Sagrado Coração de Maria de Ubá (MG), Jane Santos Rosignoli; e a coordenadora estratégica de processos educativos da Rede Sagrado, Deise Elen Abreu do Bom Conselho.
Com o objetivo principal de buscarmos reconhecer o poder de nossas histórias e nos sentirmos sustentados por nossas raízes RSHM, fortalecidos por nossa rede global e unidos em nossa visão compartilhada, tivemos vários momentos de reflexão por meio de palestras e momentos de troca de experiências. Houve a palestra de Rita Tuzon (vice-presidente executiva, advogada e conselheira-geral corporativa da Fox Corporation), que, por ser uma defensora apaixonada dos direitos humanos e uma reconhecida defensora das organizações educacionais de Los Angeles, enfatizou a importância de educar mulheres empoderadas e ressaltou o privilégio que nós, educadores, temos em estar em um meio em que se pode mudar/modificar a vida de outras pessoas a partir do exemplo. Em outra palestra, Jacqueline Landry, diretora do Marymount High School Los Angeles, convidou o grupo a pensar no que é único em nossas escolas. Como temos dado testemunho dos valores que marcaram as histórias de Pe. Gailhac e Ir. Saint Jean, seus valores, seu caráter, seus defeitos, suas respostas dadas no tempo
em que viveram, sendo indispensável ao processo educativo nas escolas. E, como ponto alto da conferência, houve a palestra do Pe. Greg Boyle, autor do bestseller Tatoos on the heart, padre jesuíta e fundador da Homeboy Industries, maior programa de intervenção e reabilitação de gangues do mundo, que oferece uma saída para aqueles presos em um ciclo de violência e encarceramento. A abordagem da organização apoia 10 mil homens e mulheres, oferecendo serviços educacionais e serviços práticos (remoção de tatuagens, preparação para o trabalho, assistência jurídica) e treinamento profissional para serem novamente inseridos no mercado de profissional. Ir. Mary Jo Martin, articuladora central da conferência, encerrou o evento apresentando dados expressivos sobre o impacto das ações dos leigos envolvidos e das RSHM na vida de 40 mil pessoas em todo o mundo, reforçando assim a importância de sermos exemplo a fim de continuarmos a inspirar outras pessoas na transformação do mundo.
31
EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS VIAGEM A BÉZIERS
IR À FONTE... DESSEDENTAR-SE... COMPARTILHAR...
WALDEMAR BETTIO Coordenador do Serviço de Orientação Religiosa do CAEP.
Para saber mais sobre a viagem, acesse o QR Code.
32
Imagine você, leitor(a): trabalhar numa instituição religiosa que ama; ser responsável pela disseminação de seu carisma, espiritualidade e missão na unidade onde atua; desejar ardentemente conhecer os lugares da sua origem e, de repente, tal oportunidade lhe ser oferecida, de forma inesperada e gratuita! Certamente você exultaria de alegria, não? Pois foi o que aconteceu com a equipe de coordenadores do Serviço de Orientação Religiosa (SOR) da Rede Sagrado – Andrea Almeida (Vitória), Bruno Mendonça (Rio), Evandro Albuquerque (Ubá), Fernando Kotz (Brasília), Sérgio Guimarães (BH) e Waldemar Bettio (CAEP) –, convidada a passar uma semana em Béziers, no sul da França, onde o Pe. Jean Gailhac e a Appollonie Cure (Ir. Saint Jean) fundaram o Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria (IRSCM), as populares Irmãs do Sacré-Coeur de Marie, nos idos de 1849. Reconhecimento pelo trabalho realizado e disposição das Religiosas SCM de compartilhar o que lhes é essencial foi o que motivou esse convite-oferta. As RSCM têm consciência de que o carisma de seu fundador, de promover a vida em plenitude para todas e todos – especialmente mulheres, jovens e crianças em situação de vulnerabilidade –, é um dom do Espírito Santo para a vida do mundo e não pode ficar restrito a elas. O mesmo acontece com a espiritualidade do IRSCM, centrada
em Jesus Cristo na figura do Bom Pastor, tendo Maria como modelo, apoiando-se na oração e na vida comunitária, integrando fé e zelo, valorizando as parcerias, enfatizando a internacionalidade e a inquietude pastoral. Por isso elas, generosamente, compartilham esse conhecimento com os colaboradores para que, todos juntos, assumam tais valores e os façam frutificar. Encontrando-se no Rio de Janeiro, voando para Paris e deslocando-se de trem até Béziers, distante 617 quilômetros, o grupo foi acolhido na Casa Mãe pela Ir. Bernadette McNamara, ex-missionária no Brasil e falante do português. Que alívio! A comunicação estava garantida! Entre 22 e 27 de setembro de 2019, uma intensa programação turístico-formativa aconteceu. Foram visitadas as cidades de Béziers, Murviel, Autignac e Bayssan, onde nasceram os fundadores, surgiu e se consolidou o IRSCM, foram implantadas e floresceram suas primeiras obras – refúgio para mulheres desejosas de saírem da prostituição, orfanato, escola agrícola para jovens em risco de violência, internato para meninas. Momentos orantes individuais e coletivos foram orientados pelas Religiosas SCM da comunidade local, destacando-se a oração na cripta de La Rotonde, a capela redonda que abriga os corpos dos fundadores e o
coração preservado do Pe. Gailhac. Além disso, as conversas espontâneas com as Irmãs, a leitura de cartas e outros documentos dos primeiros tempos do IRSCM, o contato com objetos pessoais do grupo iniciante e as caminhadas pelos trajetos cotidianos do fundador e das primeiras religiosas muito contribuíram para a compreensão do contexto originário do IRSCM, a internalização dos valores gailhaccianos e o compromisso de compartilhar as experiências ali sentidas e vivenciadas. Emoções especiais afloraram na visita à então casa da família Gailhac, à escola onde o pequeno Jean estudou, ao hospital onde o jovem sacerdote Gailhac reconheceu nas mulheres prostituídas as ‘ovelhas feridas e especialmente amadas’ pelo Bom Pastor e a elas decidiu servir. Também marcante foi a oração silenciosa nos velhos bancos da Igreja São Judas, edificada e assumida pelos ‘Padres do Bom Pastor’, e a contemplação respeitosa do busto do Pe. Martin, sacerdote exemplar, perseguido político por defender o povo, mentor e amigo de Jean Gailhac. No retorno, uma parada de dois dias em Paris enriqueceu o grupo com experiências culturais, estéticas e gastronômicas que apenas fortaleceram em cada componente a gratidão pela viagem e a disposição de corresponder à graça recebida. Acaso poderia ser diferente, leitor(a)?
33
EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS INTERCÂMBIO
PROGRAMA DA REDE SAGRADO POSSIBILITA EXPERIÊNCIAS ESTUDANTIS EM DIFERENTES PAÍSES “Promover o dom da internacionalidade e alargar o compromisso para a transformação do mundo por meio de educação” é a missão da Rede Global de Escolas do Instituto Sagrado Coração de Maria, presente em mais de 14 países. Reafirmando o compromisso da declaração de missão, anualmente
REGIANE AVELAR Coordenadora de Comunicação Estratégica 34
vários estudantes têm a oportunidade de vivenciar experiências únicas que somente são possíveis com a participação no intercâmbio da Rede Sagrado.
e espanhola, além do oferecimento
O objetivo é oportunizar a internacionalização dos estudos e o aprimoramento das línguas inglesa
eles trazem desta experiência, confira o
de atividades extracurriculares e da possibilidade de convívio diário com outras culturas. E para descobrir o que depoimento dos participantes da edição 2019.
Acesse o QR Code e confira o Diário de Intercâmbio.
LONDRES “Ao final dos 36 dias de viagem, só tenho a agradecer. Agradecer primeiramente aos meus pais, que sempre me apoiam e incentivam a participar de experiências como essa, que ajudam a ampliar minha visão de mundo e a amadurecer, por exemplo. Quero agradecer também à Rede Sagrado, que proporciona a chance de ter essa experiência única, que marca a vida para sempre. Aos profissionais que trabalham nessa instituição, que estão sempre me auxiliando e me desejando o melhor. E, por fim, e não menos importante, às intercambistas do Brasil, que fizeram essa viagem ainda mais especial. Com elas, pude compartilhar as mais sinceras risadas e lágrimas, momentos de felicidade e de angústia. Espero manter contato com todas as pessoas especiais “Melhor experiência da minha vida. O intercâmbio que conheci aqui.” me ajudou a crescer. Cada saída tornava-se uma oportunidade de aprender a resolver problemas e de Beatriz Faustini – CSCM Vitória prestar atenção em mim e nos demais. O inglês e o vocabulário cresceram cada dia mais e, com isso, veio a naturalidade para falar outra língua, aprendendo a me adaptar a novas situações, rotinas e regras. “Foi uma experiência maravilhosa, os Agradeço à Rede Sagrado por proporcionar essa professores e a coordenação nos deram suporte experiência tão encantadora e enriquecedora. Agradeço o tempo todo. Eles nos orientavam sobre os às coordenadoras e aos professores, que trouxeram a erros comuns que acontecem inclusive com as possibilidade deste intercâmbio, se mostraram sempre pessoas que moram em Londres, mostrando disponíveis para tudo que eu precisasse e torceram por para nós, intercambistas, que todos estão na mim até o final, desde o começo do processo seletivo até escola para aprender. Foi muito bom ver essa a volta para casa.” evolução minha e também acompanhar de perto a evolução de todas as meninas. Ana Luísa Castello Branco Souto de Santana Nós comemorávamos cada passo que CSCM Brasília dávamos, assim como imaginávamos. Foi muito gratificante tudo o que passei.”
Júlia Brasil – CSCM
“O Intercâmbio da Rede Sagrado proporcionou uma concepção de mundo totalmente diferente da que tinha antes, um novo âmbito cultural, com vasta variedade étnica. Conheci diversos lugares que me enriqueceram como indivíduo, como o “British Museum” e a “Tower Bridge”. Vivenciei novas amizades, em que cada uma vinha de um país diferente e dominava línguas diferentes, todas unidas pelo inglês, o que possibilitou dividir muitas experiências. A prática da língua me levou a um outro nível de fluência e ainda pude aprender francês e literatura britânica, aprender novos esportes, estilos de dança, instrumentos, teoria musical, dentre outras aulas oferecidas. A viagem me permitiu reconhecer o valor da minha cultura e do meu país, mesmo que a realidade seja muito diferente; pude retribuir um pouco do privilégio de estar lá participando das missas e dos projetos humanitários como o “Saturday School.”
Isadhora Ferrari – CSCM Ubá
“Poderia falar do intercâmbio para sempre, nunca me canso de contar como essa viagem foi a melhor que poderia ter feito. Cresci, fiz novas amizades, visitei um lugar completamente diferente e conheci novas culturas. Sei que parece clichê, mas amadureci muito! O intercâmbio cultural também é superimportante. Nos dias de hoje, o mundo está cheio de preconceitos e guerras, então é muito bom ver que, em Marymount, tem meninas de todos os lugares do mundo e, apesar das aparentes diferenças, todas ali são iguais e merecem o mesmo respeito e carinho. E foi essa a palavra que mais me marcou: RESPEITO.”
Mariana Godoi – CSCM Belo Horizonte 35
“O colégio era bem diferente, os professores eram incríveis e as meninas que lá estudavam foram bastante acolhedoras e ficavam sempre muito curiosas sobre nosso lindo país - Brasil. Foi um mês de aprendizagem, um mês de novas amizades, um mês de aprimoramento da nova língua, um mês com uma nova família… Tudo isso se resume em: incrível experiência! Passou muito rápido e a saudade bate até hoje.”
“O intercâmbio me proporcionou inúmeras experiências positivas e hoje percebo que compensa enfrentar todos os medos, seja de morar com outras pessoas, seja de estar longe da família ou qualquer outro, por que é uma viajem que acrescenta muito. Além da cultura e do passeio, é ótimo conviver com pessoas diferentes e fazer delas novos amigos. Vale citar também que não traz benefícios só para o social, já que é tão significativa a mudança que tive em relação à responsabilidade e como me tornei mais independente. Nunca me esquecerei dessa experiência, que com certeza foi e continuará sendo uma das melhores da minha vida.”
Gustavo Vieira Fernandes - CSCM Ubá
Aline Braga de Barros – CSCM Vitória
“O mês que passei no intercâmbio mais pareceu um ano. Não pela duração, porque sinceramente foi rápido como um dia, mas por todo o aprendizado, começando pela língua espanhola. Eram palavras novas todo dia, e a todo momento. Além disso, a cultura colombiana me enriqueceu. Nunca tendo estudado em outra escola além do Sagrado Coração de Maria de Vitória, entrei em um mundo completamente desconhecido, de estar em um ambiente tão tradicional, além de, é claro, ter a grande diferença de ter apenas alunas do sexo feminino. Penso que ter estudado em uma escola de estrutura e filosofia tão incríveis e ter conhecido todas essas pessoas especiais não é uma experiência que pode realmente ser resumida em um texto. Por isso, fica o convite para você, leitor, acessar o blog e ver meu relato na íntegra.”
Luiza Nicchio de Carvalho e Silva – CSCM Vitória
36
“Foi uma experiência indescritível. Pude fazer novas amizades, provar novas culinárias, conhecer diferentes culturas e modos de vida. Mesmo tendo passado meses, ainda mantenho contato com alguns amigos que fiz na viagem. A Colômbia é um país muito desenvolvido, mais do que pensamos. É uma experiência que repetiria várias vezes se pudesse, pois não só aprendi muitas coisas, mas também pude compartilhar meus conhecimentos e minhas vivências com outras pessoas.”
Youmna Sassine Moussalem - CSCM Vitória
“A oportunidade de ir a outro país, de certa forma sozinha, já que eu não conhecia ninguém que estava comigo, foi incrível. Acredito que, além de ter melhorado meu inglês, algo de extrema relevância para o mercado de trabalho, por exemplo, eu pude tornar-me muito mais independente. Eu tinha a tarde livre e, muitas vezes, caminhava pela cidade sozinha ou com as outras intercambistas, algo que contribuiu para que eu me tornasse muito mais responsável. Minha experiência no intercâmbio da Rede Sagrado foi perfeita e espero que muitas outras pessoas possam ter essa chance, de viver algo que as mudará para sempre.”
“A autonomia que o intercâmbio me proporcionou, as amizades que fiz e o tanto que aprendi são coisas pelas quais sou extremamente grata e carregarei comigo para o resto da vida. Essa é uma experiência sem igual, que lhe proporciona uma maneira diferente de enxergar o mundo e a prepara para várias coisas que enfrentará na vida.”
Carol Bicalho - CSCM Belo Horizonte
Bianca Cristo Brioschi - CSCM-Vitória)
37
EX-ALUNOS
EX-ALUNOS COMPARTILHAM HISTÓRIAS QUE INSPIRAM REDE SAGRADO FAZ PARTE DO PROJETO DE VIDA DE PROFISSIONAIS QUE FAZEM A DIFERENÇA NO MUNDO Repensar o mundo é o que nos faz evoluir! E este caminho começa a ser trilhado desde a infância, quando são conduzidos os primeiros passos da criança, aprendendo valores de cuidado, solidariedade, partilha e respeito à diversidade. Nesse caminho de conhecimento, o papel da escola vai muito além da formação intelectual e acadêmica. Ela se torna propulsora de uma formação humana que o estudante levará por toda a vida. É com esse desafio de poder contribuir com um mundo melhor e ser agente transformador na sociedade, que ex-alunos da Rede Sagrado – Colégios Sagrado
THALITA ISA RAMOS
Assessora de Comunicação do CSCM-BH
38
Coração de Maria desbravam as fronteiras entre continentes, superam limites e compartilham histórias de vida que inspiram. Os ensinamentos aprendidos durante sua vivência escolar se refletem em ações concretas de cidadania, amor ao próximo e humanidade. Nessa trajetória de encontrar o lugar no mundo e fazer a diferença nas áreas em que atuam, eles se tornaram protagonistas das próprias jornadas e, hoje, são exemplos de profissionais. Na próxima página, conheça cada um deles!
tenho a alegria de ver meu filho crescendo junto aos deles. Sou muito grato a tudo que o Sagrado me proporcionou, ofertando um ambiente saudável, amistoso e fraterno.”
Marina Marcucci, CSCM - RJ, é coordenadora de Conteúdo do Movimento de Educação Ambiental Menos 1 Lixo. “O Colégio Sagrado Coração de Maria foi fundamental para a formação do meu caráter e o desenvolvimento da minha humanidade. Aprendi a empatia, o amor pelo espaço, a parceria entre ensino e quem ensina. Hoje, meus amigos ainda são os mesmos da época de escola, porque construímos juntos quem somos, em um ambiente de acolhimento e transformação. Sou formada em História (por inspiração de um professor do colégio) e, como coordenadora de uma das maiores plataformas de educação ambiental do Brasil, vejo como a vivência no Sagrado foi fundamental para exercer meu papel como cidadã do mundo, de quem vive para preservar a biodiversidade, a humanidade das pessoas e que acredita que o amor é a saída para tudo. Ter estudado durante toda a minha vida no colégio é um orgulho, porque foi onde vivenciei as trocas sinceras e o cuidado.”
Mozart M. Macedo Felix, CSCM - Brasília - Delegado de Polícia Civil, é diretor da Federação Nacional dos Delegados de Polícia Civil. “Estudei no Sagrado durante o Ensino Médio. O colégio era conhecido por se preocupar com as pessoas, com cada aluno como indivíduo; não éramos números e toda a equipe nos chamava pelo nome. Eu e meus colegas gostávamos do ambiente do colégio e da companhia uns dos outros. Tive professores fantásticos, que eram notadamente preocupados com o quanto aprendemos, com o que ainda deveríamos aprender e com o papel deles em nossa formação. Os amigos que fiz são os mesmos com quem estudei durante a faculdade, com quem me preparei para o concurso e, hoje,
Theofilo Sabbioni de Almeida, CSCM - Ubá “Comecei meus estudos no Sagrado na quinta série. Lembro-me muito bem de muitas aulas e do carisma dos professores. Ali continuei até concluir o Ensino Médio e, consecutivamente, iniciei meu bacharelado em Música na Universidade Federal de Minas Gerais. Ao término da faculdade, recebi uma bolsa de estudos do governo alemão e também fui aceito na Escola Superior de Música de Friburgo, em Brisgóvia, onde concluí meu mestrado em Performance em Ópera. Quão grande foi meu enriquecimento cultural através do colégio; gostaria que mais brasileiros também tivessem a oportunidade de ter um ensino de qualidade. Algo muito importante que aprendi com as aulas de Religião e Filosofia foi a possibilidade de eu mesmo, na minha linguagem, interpretar a real mensagem de Cristo, de amarmos uns aos outros em peso real e igual. Uma mensagem belíssima de união, compartilhamento e amor que levarei comigo sempre.”
Alice Trópia Resende é professora e laboratorista do CSCM - Belo Horizonte. “Fui aluna do Sagrado desde o primeiro ano do Ensino Fundamental até me formar no Ensino Médio. O colégio participou efetivamente de minha formação não somente acadêmica, mas como pessoa, cidadã, nas minhas relações e na forma como penso o mundo. O que mais me marcou nessa trajetória foi como fui acolhida e tratada no colégio por todos; sempre senti que minha vida era importante e, com certeza, isso fez parte da formação do meu caráter e das minhas escolhas hoje, inclusive profissionais. Estudar aqui me
ensinou a importar com o próximo, a tratar bem as pessoas, a cuidar do meio ambiente, a gostar de aprender e ensinar e a ser uma pessoa correta e ética. Optei por estudar Biologia na Universidade Federal de Minas Gerais e, ao longo do curso, me descobri como professora. Esse clima de acolhimento vivenciado e a relação afetiva com o colégio desenvolveu em mim também uma relação agradável com os estudos, o desejo de me tornar educadora e a continuar fazendo parte do ambiente escolar de uma outra forma. Os diversos projetos, trabalhos de campo, mostras científicas culturais e fóruns sociais marcaram de forma muito positiva; eles tornaram o aprendizado muito significativo e real, impactando minha forma de ver o mundo, construindo pensamento crítico, e ter sempre atitudes responsáveis e corretas. Concluo que os anos que passei como aluna no Sagrado formaram muito de quem eu sou hoje e tenho orgulho de dizer que uma parte significativa de mim foi construída aqui.”
Amit Garg, CSCM - Vitória, fundador do Hospital For Hope, na Índia, e atualmente trabalha com startups de tecnologia no Vale do Silício. “Quando eu tinha 19 anos, peguei uma mochila e fui desbravar o interior da Índia, terra dos meus pais. Acabei numa região muito carente, sem água e eletricidade, onde crianças e adultos estavam muito doentes. Senti um chamado. Vinte anos se passaram e temos agora um grupo dedicado que construiu uma biblioteca, um laboratório de segundo grau e um hospital, servindo a uma comunidade de 100 mil pessoas. A formação pelo Sacré-Couer é um alicerce fundamental desse projeto – os valores, a misericórdia e a paixão de tentar melhorar o mundo vêm em grande parte dos mestres e amigos. Acredito que o indivíduo tem um poder infinito quando unido ao coletivo. E acredito também que é possível ter uma vida própria com família e carreira e fazer uma diferença, mesmo que pequena, na vida de outras pessoas. O colégio, e todos que são parte dele, certamente fizeram na minha.” 39
75 ANOS DO COLÉGIO DE VITÓRIA REGINA COELI FAUSTINI BAGLIOLI Diretora CSCM Vitória 40
Eis que do alto da Ponta Formosa, cercado pela azul do mar, observado de longe pelo maciço da Penha, sob as bençãos da Senhora das Alegrias, podemos ver o imponente Sagrado Coração de Maria ou Sacrè-Coeur de Marie, como é carinhosamente chamado pelos capixabas.
E, assim, marcas profundas foram gravadas no coração daqueles que aqui passaram.
Pois bem, é aqui que estamos edificadas há 75 anos, fazendo história. Uma história rica de emoções, de sorrisos, de amizades, de saudades e de lembranças, mas, principalmente, construindo pontes de conhecimento, de cidadania, de ética e de misericórdia.
“A defesa da vida” se traduz na oferta de uma educação humanística, aliando a formação do ser consciente, crítico, construtor da sua própria história, ao elemento ativo, participativo na transformação da sociedade e atento às mudanças que o mundo vem sofrendo, unindo tradição com inovação.
Ao longo desses anos, religiosas, pedagogas, professores, funcionários, milhares de alunos e suas famílias, gerações se sucedendo, e todos participando desse projeto, trazendo seus sonhos, suas esperanças, seus anseios, edificando com suas histórias a nossa própria história.
Não se pode desprezar que essa educação transformadora resultou na formação de milhares de alunos que por esses corredores e salas passaram e que, hoje, nos orgulham por se destacarem no cenário produtivo e filantrópico no estado, no Brasil e no exterior.
As propostas pensadas e sonhadas pelo fundador, Padre Gailhac, foram se concretizando e se multiplicando com os projetos e com as ações.
Ainda nesse projeto abrangente que é a “defesa da vida”, estamos também unidos ao Projeto Vida Padre Gailhac, espaço de amor, de respeito e de orientação por onde passam centenas de crianças e de adolescentes em situação de risco e, ali, encontram um ambiente de for talecimento dos vínculos familiares e comunitários como forma de prevenção de um contexto de vulnerabilidade. Não poderia omitir a minha alegria e o meu orgulho em afirmar que faço par te da linda história dessa instituição de ensino, primeiro como aluna, depois como professora e, hoje, como diretora, contribuindo na construção desse cenário de educação transformadora e humana. Por tudo isso é que dizemos sempre: “Uma vez aluno, seu lugar é Sagrado no Coração de Maria”.
41
PROVÍNCIA BRASILEIRA
RSCM REALIZAM CAPÍTULO GERAL NO BRASIL
REGIANE AVELAR Coordenadora de Comunicação Estratégica
42
Planejar é verbo transitivo direto. Diz respeito ao ato de quem elabora, projeta, organiza ou programa. É atividade inerente ao dia a dia e está intimamente ligado ao futuro. É comum às pessoas, instituições e organizações. Para o Instituto das Religiosas do Sagrado Coração Maria (IRSCM), não seria diferente. Com o objetivo de definir metas e prioridades para o Instituto das Religiosas do Sagrado Coração Maria, bem como eleger a nova equipe de liderança, a cada seis anos, delegadas de todas as províncias RSCM se reúnem para planejar os novos passos e fortalecer o carisma idealizado por Pe. Gailhac: para que todos tenham vida em abundância. Em 2019, a Província Brasileira foi escolhida, novamente, para realizar o evento, sediado em Belo Horizonte (MG). Assim, entre os dias 9 e 31 de julho, 44 delegadas de todas as províncias e regiões do Instituto das RSCM, 4 convidadas e mais 15 pessoas da equipe de apoio viveram intensamente o tema proposto: “Chamadas a Continuar a Missão de Jesus Cristo: firmes na fé, vibrantes na esperança, enraizadas no amor e unidas no serviço”. Momentos de partilha, reuniões e reflexões sobre a organização do Instituto e dos ministérios permearam o encontro objetivando assegurar que as religiosas estão respondendo aos desafios daqueles que servem e realizando a missão: “para que todos tenham vida”.
RSCM na ONU Um dos pontos altos do Capítulo Geral 2019 foi a palestra da Ir. Verônica Brand sobre a atuação do IRSCM na Organização das Nações Unidas. Esse momento foi uma oportunidade de incluir os leigos na missão e permitir a participação deles; por isso, foi aberto às equipes do Instituto, aos membros da Família Ampliada SCM, aos Projetos Vida e aos colaboradores dos Colégios. Ir. Verônica falou sobre as seis principais frentes de atuação da ONU, como sementes de esperança para um mundo melhor, como possibilidades de fomentar a vida. São elas: • E spaço de Diálogo e Cooperação Internacional; • Compromisso no compartilhamento da Agenda Global da ONU; • Problemas Globais, Soluções Globais; • Uma terra, nosso lar comum; • O guia moral;
• Conselheira-Geral: Irmã Maria Aparecida Moreira, da Província Brasileira • Conselheira-Geral: Irmã Ana Luísa Pinto, da Província Portuguesa • Conselheira-Geral: Irmã Sipiwe Phiri, da Região Zambeze Além das reuniões capitulares, as irmãs visitaram o Colégio Sagrado Coração de Maria de Belo Horizonte e as Comunidades Gailhac e Coração de Maria, no bairro Serra, e também o noviciado. Elas tiveram, ainda, um dia de peregrinação ao Santuário Nacional de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (MG). CONTEÚDO COMPLEMENTAR O ritual de abertura e o ritual de encerramento foram registrados em vídeo e estão disponíveis, em inglês e português. Para assistir, use o leitor de QR Code do seu celular.
• Colaboração - Coalizão. NOVO CONSELHO-GERAL Como parte dos trabalhos, as Religiosas do Sagrado Coração de Maria anunciaram as novas integrantes do Conselho-Geral da congregação que vão realizar o trabalho entre 2019-2025. São elas: • Superiora-Geral: Irmã Margaret Fielding, da Província Europeia do Norte
Encerramento
Abertura
43
REPENSAR O MUNDO É O QUE NOS FAZ EVOLUIR. VOCÊ JÁ PAROU PARA PENSAR COMO O MUNDO EVOLUI? A Rede Sagrado - Colégios Sagrado Coração de Maria acredita no desenvolvimento que contempla as múltiplas dimensões e etapas da vida dos estudantes. Por isso, oferece metodologia baseada no desenvolvimento de habilidades e competências, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. A Rede Sagrado acredita que é possível aliar felicidade e aprendizado no dia a dia, com intencionalidade que permeia todas as ações e estratégias educacionais. Acredita na importância do estímulo diário dos estudantes e no bem-estar emocional de cada um deles. Na Rede Sagrado, os espaços e ambientes pedagógicos são agentes propulsores de aprendizagem para o ser humano; por isso, possui estrutura inovadora e completa que favorece o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de cada um, respeitando todas as etapas escolares. E, sobretudo, a Rede Sagrado acredita na importância da formação humana e no aprimoramento das relações e do autodesenvolvimento acadêmico, estratégias que se refletem em excelentes resultados no Enem e em 100% de aprovação nos principais vestibulares e processos seletivos do país e do mundo. Tudo isso porque “Repensar o mundo é o que nos faz evoluir”!
44