Elisângela Leite
novembro de 2013 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita
Nossa História
Elisângela Leite
Obras da Cedae em 2014
Cedae anuncia início das obras no sistema de esgoto e SEA restaura os píers.
Light promete
Da favela do Pinto a Vila do João
Sarinho tem muita história para contar desde que chegou à Maré apenas com a roupa do corpo. Ele morava na Praia do Pinto, favela da zona sul que foi incendiada. Perdeu tudo. Aqui, ele fez novos amigos e se engajou na luta por melhorias das condições de vida, primeiro na Nova Holanda, depois na Vila do João. “O nome Vila do João não foi uma homenagem e sim uma imposição de João Figueiredo (último presidente da ditadura militar, de 1964 a 1985)”, afirma ele. Pág. 4 e 5 Sarinho, morador da Maré há 50 anos
Manutenção preventiva. Pág. 3
Seminário de pais e alunos. Pág. 13
Apoie os catadores
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Educação
Marina Henriques
Cultura
Tunico separando material reciclado
Teatro em Comunidades no CAM. Pág. 14
Centro de Artes e Lona da Maré Pág. 15
Elisângela Leite
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Nossa artista
Moradora da Vila do João, Ana Maria de Souza é artista plástica e poeta. No passado, já foi atriz e cantou no programa do Chacrinha como caloura. Pág. 8 e 9
Catadores como Antônio Amauri, o Tunico, fazem a separação do material reciclado diariamente no pátio da Comlurb, contribuindo para o meio ambiente. Todos nós, moradores e trabalhadores, podemos ajudar.Pág. 10 e 11 Aramis Assis
Ano IV, No
A serviço do morador Esta edição traz uma série de reportagens relacionadas com a melhoria da qualidade de vida na Maré. Para iniciar a conversa, apresentamos as lembranças de Sarinho (pág. 4 e 5), morador desde os anos 1960 tem uma história de luta pela favela. Seu nome chegou à Redação sugerido pela leitora Sara Alves (obrigado, Sara!). Na página central, apresentamos o perfil da multiartista Ana Maria. Da pág. 10 a 12, o assunto é saneamento, tratando primeiro dos materiais recicláveis colocados em meio ao lixo e em seguida trazendo boas novas sobre a prometida obra de esgotamento sanitário a ser desenvolvida pela Cedae. Na pág. 13, a necessidade de diálogo entre pais, responsáveis e alunos na busca pela melhoria da educação pública. Por fim, o teatro a partir do olhar do morador. Esperamos assim cumprir o nosso papel de fazer uma comunicação a serviço do morador, o que certamente inclui informar e refletir sobre as políticas sociais locais.
A todos e todas, uma boa leitura!
Expediente
Hélio Euclides
CARTA Acessibilidade na Maré Minha sugestão é fazer uma matéria a respeito da acessibilidade na Maré. De tanto ver as dificuldades e perigos que os cadeirantes passam nas ruas me sensibilizei. Outra sugestão de matéria: academias iguais ao do PSF (Programa de Saúde da Família) do Augusto Boal em todas as comunidades da Maré. Valmi Gomes
Resposta da Redação Obrigada pelas sugestões, Valmi. Vamos planejar essas duas matérias para as próximas edições.
Quer saber mais sobre o Maré de Notícias? Assista ao programa Ciência e Letras, veiculado no Canal Saúde, da Fiocruz, sobre o Maré de Notícias. O programa exibido em 9 de setembro contou com a participação do nosso jornalista Hélio Euclides e do publicitário Pablo Ramos, responsável pelo design gráfico do Maré. Aliás, Pablo foi quem apelidou o jornal de o Maré, além de ter imprimido um estilo mais engraçado e leve à publicação. Em www.redesdamare. org.br, clique em prateleira
Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança
Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa
Rosilene Miliotti Fabíola Loureiro (estagiária)
Fotógrafa
Instituição Proponente
Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias
Diretoria
Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros
Conjunto Habitacional Nova Maré
Associação de Moradores do Morro do Timbau
Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros
Monica Soffiatti
Associação de Moradores do Parque Ecológico
Luta pela Paz
Colaboradores
Redes de Desenvolvimento da Maré Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir Patrícia Sales Vianna
Coordenação de Comunicação Silvia Noronha
Instituição Parceira
Observatório de Favelas
Apoio
Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas
Light promete melhorias
Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos Associação de Moradores do Parque Maré Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz Associação de Moradores do Parque União Associação de Moradores da Vila do João Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda
Conexão G
União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Elisângela Leite
Proj. gráfico e diagramação Pablo Ramos
Logomarca
Anabela Paiva André de Lucena Aydano André Mota Diogo dos Santos Equipe Social da Redes da Maré Flávia Oliveira
Coordenadores de distribuição
Editora executiva e jornalista responsável
Luiz Gonzaga Sirlene Correa da Silva
Repórteres e redatores
News Technology Gráfica Editora Ltda
Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)
Aramis Assis Beatriz Lindolfo (estagiária) Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)
Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br
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Impressão
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40.000 exemplares
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Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.
Parceiros:
SERVIÇO
Editorial
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Elisângela Leite
Como qualquer outra prestadora de serviço, a Light tem a obrigação de atender aos seus clientes. Desde a saída da empresa do posto de atendimento que ficava na sede da 30ª Região Administrativa (R.A.), não ocorria um contato mais próximo da companhia com os moradores da Maré, que sofrem com constantes quedas de energia. Em 9 de outubro passado, ocorreu uma reunião entre o representante da Light, o técnico de campo Luciano Freitas, e os presidentes das Associações de Moradores para discutir melhorias no serviço. Desse encontro surgiu o compromisso de avanços e diálogo. Segundo Luciano, está em fase de implantação um sistema moderno com transformador para em média 100 domicílios. Porém, ele pede cuidado com cabos. “Essa nova rede é boa, mas é vilã para obras e pipas. Para o fim de acidentes serão fixados cartazes pelas comunidades”, comenta Luciano. Uma novidade no serviço é a implantação do Plano Verão. Desde o dia 15 de outubro até 15 de março, a empresa avalia o desempenho do ano anterior para obter melhores resultados a partir de agora. O propósito é reduzir a incidência de períodos com falta de luz. “Contratamos empreiteiras para manutenção, para que a empresa não dependa apenas da equipe de emergência. No verão teremos um acréscimo nas equipes. Dos clientes da Light 10% são Ilha do Governador e Maré”, detalha o técnico.
Quem ainda não dispõe de medidor de energia em casa deve ir a uma agência de atendimento da Light. Porém, o espaço para a instalação precisa ser preparado antes por um profissional registrado, serviço este que deve ser pago pelo cliente. As agências mais próximas ficam nos shoppings Ilha e Leopoldina.
Como é o sistema de transmissão de energia para a Maré? Às vezes falta energia na metade da comunidade e outra fica com luz. Isso ocorre por divisões de subestações. No Conjunto Esperança e parte da Vila do João, depende da energia da subestação de São Cristovão. Já Parque União, Rubens Vaz e parte da Nova Holanda ficam com a subestação do Fundão. O restante se divide entre as subestações de Ramos, Triagem e Democrático. “Ramos passa por manutenção pesada, com desligamento. Nesse momento a transmissão é direcionada para Democrático, que muitas vezes pode ficar sobrecarregada e ocorrer falta de luz”, explica Luciano. Como foi informado na última edição, o cliente com falta de energia deve sempre ligar para Light (0800 021 0196) e anotar o protocolo. A assessoria de imprensa da companhia informou que a subestação Triagem já possui sistema de automatização, o que será feito também na de Ramos e na Democrático. Ressaltou que a automação da subestação torna mais ágil o restabelecimento de circuito em caso de ocorrência de desarmes na rede elétrica. Completou que a Light tem realizado uma série de serviços de manutenção da rede elétrica na Maré, incluindo a substituição de postes e transformadores.
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HUMOR - André de Lucena: “A idade está na cabeça”
Reprodução
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EDITORIAL
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Da Favela do Pinto para a Nova Holanda, nos anos 1960, e então para a recéminaugurada Vila do João, na década de 1980, Sarinho conta suas mil e uma histórias de mobilização da Maré, sempre ao lado dos vizinhos e amigos Hélio Euclides
Elisângela Leite
É muito bom ter histórias para contar, principalmente quando fazemos parte dela, e o melhor, quando tentamos mudar a situação do espaço onde moramos. Essa é a trajetória de Sebastião de Souza, o Sarinho. Ele, como muitos, veio morar na Maré após uma remoção. “Na década de 1960 vim da Praia do Pinto, favela da zona sul (situada no Leblon). Fomos expulsos, só tinha a roupa do corpo após um incêndio criminoso”, lembra. Naquele tempo, o governo queria acabar com diversas favelas existentes em áreas mais nobres da cidade, como Lagoa, Leblon e Tijuca. Sarinho veio então para a Nova Holanda, que era um Centro de Habitação Provisória, erguido pelo poder público em 1962. De lá para cá, ele participou de diversas mobilizações pela melhoria da qualidade de vida na Maré.
Quando chegou por aqui, ficou alocado num barraco. Segundo ele, na zona sul não tinha água, luz nem sistema de esgoto, mas a vida era mais fácil, pois existia um ciclo de amizade que, com a remoção, foi quebrada e precisou ser recomeçada. Assim, longe dos amigos, ele iniciou sua luta na Nova Holanda, com ajuda de alguns articuladores. “Aqui nos organizamos, enfrentando um governo militar que era opressor. Participei de muitas lutas com Eliana (Sousa, uma das fundadoras da Redes da Maré), que encabeçava e chamava os que ela confiava. Com Eliana sofrida batemos de frente com a situação”, lembra com orgulho, se referindo ao enfrentamento dos problemas vividos na época.
Ditadura militar Para Sarinho, a era militar foi um grande prejuízo para o Brasil. Segundo ele, era dado um tratamento inferior aos favelados, em especial quando o governo fazia casas para os pobres, que eram de madeira e sempre mal feitas. Ele se lembra desse
tempo em que não existia favela de concreto e a luz era de vela e lamparina. “Na época sofria na mão dos militares, um governo opressor que prendia quem andava depois das 10 horas da noite, mesmo com documentos”, desabafa. Outro ponto sofrido das lembranças de Sarinho são as palafitas, “algo sub-humano”, onde moradores faziam as necessidades, que eram jogadas diretamente no valão. Nesse período da história ainda não havia associação de moradores. A única instituição que atuava por aqui era a Fundação Leão XIII. Para pegar água era necessário o transporte no rola-rola, numa Avenida Brasil não asfaltada. Ver televisão não era tão fácil, pois nem todos tinham. Era preciso assistir na casa dos vizinhos, o que aproximava ainda mais as pessoas. Esses pequenos gestos demonstravam solidariedade. Para lutar por mudanças, seis comunidades tinham força na organização: Nova Holanda, Rubens Vaz, Parque União, Parque Maré, Baixa
Vila do João: nome foi imposição Um exemplo da mão forte dos militares na Maré foi a primeira comunidade construída pelo Projeto Rio. “O nome Vila do João não foi uma homenagem e sim uma imposição de João Figueiredo (o último presidente deste período de ditadura, que foi de 1964 a 1985), um governo militar. Igualmente aconteceu com as creches, que foram batizadas de Tia Dulce, uma alusão a Dulce Figueiredo, esposa do presidente; e a outra de Tio Mário, lembrando Mário Andreazza, ministro do Interior”, argumenta. “Favela só tinha escola e para poucos”, lembra, se referindo aos serviços públicos. “Participei da luta pela criação da Vila Olímpica, do duplex da Nova Holanda, dos postos de saúde, das creches, do Centro Comunitário de Defesa da Cidadania, onde minha filha trabalhou, e fui o primeiro funcionário da 30ª Região Administrativa”, enumera. Sarinho ganhou peso político e sempre era chamado para entrar nas mobilizações pelos direitos dos moradores. “Os cieps foram uma luta de um povo unido e brigão”, grifa. Sarinho fica nervoso quando percebe que a população esquece a história. “Pena que as pessoas esquecem o passado. Lembro que a penúltima parte da Vila do Pinheiro, atrás da associação, foi denominada de Vila Pasqualini, nome de um escritor, e ninguém se lembra disso”, conta ele, em meio a tantas lembranças.
Na luta com samba porque ninguém é de ferro Em 1984, Sarinho, em conjunto com Betinho e Cerinho (o trio está nesta matéria do jornal O Globo, no caderno Zona da Leopoldina), compôs o samba campeão do Bloco Mataram Meu Gato que embalou as ruas da Nova Holanda na primeira eleição direta de associação de moradores da Maré. A eleição foi vencida pela Chapa Rosa, que vinha encabeçada pela conhecida Eliana do armarinho, com 22 anos na época. “Trouxemos a comunidade para dentro da quadra, levamos o bloco ao estágio maior. Através da música muitos talentos foram mostrados. Na época fui campeão por três vezes do samba do Bloco Mataram Meu Gato”, conta ele. Conheça um trecho da letra: “Esse povo sofrido / que sempre sonhou / com benfeitorias na favela / mas que só em sonhos ficou / nós, da chapa dois / de mãos dadas com a comunidade / iremos transformar / esse sonho em realidade”
5 Nossa História
NOSSA HISTÓRIA Maré de Notícias No 47 - novembro / 2013
Contador de história
do Sapateiro e Morro do Timbau. “As seis já não comportavam tanta gente e isso sensibilizou o governo para o Projeto Rio, que foi uma luta do povo. Não foi presente do governo como parece”, discute ele. Foi quando as palafitas foram extintas e parte dos moradores precisou ser reassentada em áreas na própria Maré. Não houve remoção para longe graças à luta da população local.
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Nossa História
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O projeto, que estava começando, foi desenvolvido no contexto do Núcleo de Memória & Identidade da Maré (Numim) e tem uma particularidade: resgatar a história local não apenas a partir da pesquisa histórica em documentos e fotografias, mas também a partir da realização de depoimentos orais com aqueles que efetivamente participaram do processo de constituição das comunidades que compõe a pais e dos avós, listaram nomes de pioneiros do Maré. A este método de trabalho damos o nome lugar que deveriam ser entrevistados. Pessoas de “história oral”. que tinham histórias pra contar, fotografias pra mostrar. Fizemos oficinas de vídeo e de história oral e, capacitados, estes jovens saíram a campo. Além de fazerem pesquisa em arquivos públicos da Se não fossem cidade, levantando documentação sobre a região as memórias dos da Maré, esses pesquisadores são responsáveis mais antigos, como saber que, por todo o processo das entrevistas: entram em contato com os entrevistados, preparam roteiros na parte de cima, no Morro de entrevistas e gravam em vídeo os depoimentos. Valorizamos a gravação em vídeo porque este do Timbau, tinha pé permite recuperar gestos, risos, choros, olhares e de caju, de jabuticaba características de cada entrevistado. E as histórias e jamelão? coletadas são muito envolventes e todas, sem exceção, têm algo a nos ensinar. A história oral possibilita resgatar e revelar elementos importantes das experiências sociais dos entrevistados que, ao narrarem suas trajetórias de vida, estão ajudando a compreensão e preservação da história do grupo do qual fazem parte. E foi assim, utilizando esse método de pesquisa histórica, que começamos o nosso trabalho na Nova Holanda, uma das mais antigas da Maré.
Muitos dos nossos entrevistados são migrantes vindos do interior do Rio, de Minas Gerais, do Nordeste e de outras partes do país. Eles nos contaram sobre a vida nas suas cidades de origem, a chegada ao Rio, a luta para a sobrevivência na nova cidade, a moradia em outras favelas e o processo de chegada à Maré. Os depoimentos apontam também para aspectos da formação da comunidade que são marcadas por histórias de superação e muito trabalho na busca de melhores condições de vida.
Os pesquisadores agregados ao Numim são todos moradores e ex-moradores da Maré. Com suas Na Nova Holanda, muitos relembraram as experiências de vida no bairro e com as dicas dos dificuldades de moradia e a falta de água e luz.
Na nossa segunda etapa do projeto nos debruçamos sobre a história do Morro do Timbau e do Parque Proletário da Maré e acabamos de concluir o segundo livro da série e que futuramente ficará disponível para download no site da Redes. Estas comunidades possuem características socioeconômicas e históricas bem diferentes e, por isso, pesquisar suas origens e resgatar depoimentos orais de seus moradores mais antigos é uma forma de revelar a pluralidade cultural e social da Maré. Se não fossem as memórias dos mais antigos, como saber que, na parte de cima, no Morro do Timbau, tinha pé de caju, de jabuticaba e jamelão? E a grande pedreira ao lado que dava emprego a moradores locais? E quantos moradores do Timbau que têm família de pescadores oriundos da Praia de Inhaúma ou das pequenas ilhas locais e que relembram como a Baía de Guanabara tinha peixe graúdo e era excelente para pescaria?! Já alguns moradores do Parque Maré, erguido sobre a Baía, rememoraram a construção da Cidade Universitária, já que muitos deles trabalharam como operários na construção do campus. As entrevistas referem-se ao passado, tratam do presente sem deixar de apontar aspectos e reflexões sobre o futuro da Maré. São memórias individuais, mas que dizem muito sobre a história coletiva local. Por isto valorizamos este trabalho, que possibilita afirmar a identidade do lugar e de seus moradores e reconhece que estes se relacionam e fazem parte da história da cidade como um todo. Quer participar? Disponibilizamos um pesquisador às segundas-feiras, de 9h às 11h, atendendo no Núcleo de Memória & Identidade da Maré na Redes (Rua Sargento Silva Nunes, n. 1.012 – Nova Holanda). Apareçam!
NOTAS
Pertencente à Rede Fitovida, Maria de Lourdes do Nascimento, moradora da Vila do Pinheiro, participa do livro “Sementes - Agentes do Conhecimento Tradicional”, lançado pela instituição. É a segunda vez que ela tem seus conhecimentos fitoterápicos detalhados em uma obra. “Para mim foi mais um sonho realizado, um reconhecimento do meu trabalho”, conta emocionada.
Você sabia que se fizéssemos um minuto de silêncio para cada vítima de violência no Brasil, ficaríamos 36 dias calados? Este é um dos questionamentos da campanha “Juventude Marcada para Viver”, lançada neste mês de novembro pela Escola Popular de Comunicação Crítica (Espocc) e o Observatório de Favelas. Em 2011, foram mais de 52 mil homicídios registrados em todo o país.
A Rede Fitovida reúne grupos comunitários com o objetivo de transmitir e registrar conhecimentos tradicionais solidários. O livro reúne culturas, raças e trabalhos diferentes de várias regiões. D. Lourdes representa a área metropolitana do Rio, em especial a periferia da Zona da Leopoldina. “Não podemos deixar morrer as raízes, por isso a continuidade da tradição. Esse elo de riqueza que reúne saúde e natureza é incomparável. Um serviço que é feito com respeito à terra, amor à natureza e à vida em geral”, relata D. Lourdes, que fecha o ano com outra realização: a carteira de terapeuta naturista do estado do Rio. Seu próximo feito será escrever sua biografia.
Entre as metas da campanha está a coleta de assinaturas para que o governo do estado passe a ter um protocolo normativo das ações policiais que tenha como princípio fundamental a valorização da vida. Pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica que a polícia mata cinco pessoas por dia no Brasil. Acompanhe as ações pelo facebook, na página: juventude marcada para viver.
Uma academia para a terceira idade A primeira e única Academia da Terceira Idade (ATI) da Maré fica localizada na Praia de Ramos. O projeto mantido pela prefeitura é gratuito e tem como objetivo proporcionar atividades físicas para idosos. A academia atrai 256 alunos. “O projeto é um incentivo ao idoso ou a quem está acima do peso. Os participantes não são apenas do piscinão, há pessoas de diversas partes da Maré”, comenta o professor de educação física, Flávio Alves, que trabalha no local. As aulas vêm transformando a vida de algumas pessoas. “Há um ano a minha pressão era muito alta, hoje é controlada. Sei de pessoas que chegaram aqui a ponto de uma depressão e superaram, já que a socialização é fundamental contra o baixo astral. Nessa academia faço alongamento e trabalho a coordenação motora; a tudo isso se somam as confraternizações e festas, algo para nossa mente”, afirma Maria José Monteiro, de 54 anos. Francisco José da Silva, de 82 anos, também elogia a iniciativa. “Sou aposentado e não tinha o que fazer. Aqui faço exercícios para os ossos e ainda me distraio”, confessa ele.
Aula de lambaeróbica na Quadra do Gato As aulas de lambaeróbica têm lotado a quadra do Gato de Bonsucesso de pessoas de todas as idades. O projeto teve início após a criação da Cia Nova Geração, em 6 de agosto deste ano, pelos professores Gerson Horsth e Altair Cavalcante. Em outubro, a iniciativa já atraía cerca de 380 alunos. As coreografias são montadas pelos próprios professores e seus auxiliares. Para participar, basta ter mais de 10 anos de idade, mas quem tiver entre 10 a 14 anos precisa apresentar documentação do responsável. As inscrições são feitas na própria quadra no horário das aulas, às terças e quintas, de 19h às 21h, na Rua São Jorge, Nova Holanda.
Os alunos aproveitam para fazer algumas sugestões: a colocação de uma cobertura para protegê-los da chuva e do sol e a construção de banheiro exclusivo, pois a maioria toma diurético. Além disso, eles pedem que os frequentadores utilizem os equipamentos com cuidado e da forma correta, pois o uso indevido danifica os aparelhos. A academia funciona de segunda a sexta-feira, das 7 às 10h e das 16 às 19h. Para participar o interessado deve ter mais de 40 anos e comparecer ao local com identidade, CPF, comprovante de residência e atestado médico.
Piscinão em manutenção O piscinão de Ramos está em manutenção, devendo estar novamente cheio e devidamente preparado para o verão a partir do final de novembro.
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Juventude marcada para viver
Elisângela Leite
Paula Ribeiro: Cientista Social, professora e pesquisadora da Universidade Estácio de Sá, integrante da equipe do Núcleo de Memória e Identidade da Maré (Numim,), da Redes da Maré. Co-autora do livro Memória e identidade dos moradores da Nova Holanda (baixe o livro gratuitamente em www.redesdamare.org.br/memoria)
Quantos incêndios ocorriam porque causa das velas acessas nos barracos? Os barracos eram de tábuas de madeira, alguns, inclusive, em cima do mar, as chamadas “palafitas”. As ruas, no início, eram de barro e os moradores antigos contam que, se fizesse sol, era uma poeira danada, mas, se chovia, tinham que sair de casa descalços, com o sapato na mão e uma toalhinha na bolsa para lavar os pés perto do ponto de ônibus na Av. Brasil. “Aí sim podiam calçar e ir trabalhar porque, afinal, quem ia pisar na lama calçado”, como nos disse um entrevistado.
A sabedoria das ervas medicinais em livro
Elisângela Leite
Oi pessoal, eu sou a Paula Ribeiro e venho trabalhando há muitos anos com temas ligados à história e memória da cidade do Rio de Janeiro, de seus bairros e de seus moradores. No ano de 2011 recebi o convite de um amigo para conhecer o trabalho da Redes de Desenvolvimento da Maré e bater um papo com um grupo que estava começando um projeto genial intitulado “Tecendo Redes de Memórias na Maré”. O objetivo é resgatar, preservar e tornar conhecida a história do bairro da Maré, considerado o maior conjunto de favelas do Rio de Janeiro, hoje com cerca de 140 mil moradores.
Elisângela Leite
artigo Maré de Notícias No 47 - novembro / 2013
Boas histórias pra contar...
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O que acontece e o que não deixa de acontecer por aqui
Fabiola Loureiro
Artigo
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PERFIL
Poeta das letras e das cores
Aramis Assis
Ana Maria de Souza tem 83 anos. Mineira de Carangolas passou a infância em Juiz de Fora e atualmente mora na Maré. Multiartista, Ana é apaixonada por poesia e pintura e almeja o gosto das crianças pelos poemas. Seu maior desejo é a publicação de seus apaixonados e saudosos poemas. Perdeu o pai cedo, tocador de sanfona, e com 16 para 17 anos veio morar no Rio de Janeiro com a tia, em Bonsucesso, e trabalhar como emprega doméstica, repetindo a profissão da mãe. Mesmo nova e cheia de vitalidade, ela não quis casar e ter filhos. Embora participe da vida na Maré há quase 30 anos devido à casa da irmã no bairro, Ana só veio morar definitivamente na Vila do João em 2002. Decidiu vir para cá quando a irmã faleceu. No primário (atual ensino fundamental) a professora sempre escolhia uma história de Ana para o jornalzinho da escola. Parou de estudar cedo e foi no Rio que percebeu que a escrita fazia parte de sua vida. Infelizmente Ana perdeu muitos poemas ao longo da vida. “Tristeza e alegria sempre inspiraram minha poesia”, revela. O amor pela pintura começou depois que perdeu duas grandes amigas, que eram irmãs e donas da casa onde ela havia trabalhado por 40 anos. Ana conta que recebeu uma mensagem de Deus para que cuidasse de si. Então foi atrás do sonho de pintar, procurou um ateliê e, apesar do alto custo, nunca mais parou. Hoje desenvolve interessantes trabalhos de pintura em folhas de raios-X, no seu próprio quarto. Algumas de suas pinturas estão expostas em painéis da Linha Vermelha e na Linha Amarela.
Caloura do programa do Chacrinha Dona de uma voz rouca e potente, Ana conheceu a cantora Guaraci Navarro e passou a ganhar uns trocados com shows de samba. Nos anos 1970 cantou nos programas de calouros do Ary Barroso e do Chacrinha. Não ganhou nenhum abacaxi, mas
também não seguiu adiante na carreira. Como atriz atuou na peça Chiquinha Gonzaga, do diretor Paulo Mag, na faculdade Estácio de Sá, em Copacabana, em 2004. A peça ficou seis meses em cartaz e Ana conta que atuar foi um presente. Com a futura venda do seu livro de poesias, deseja ajudar crianças pobres e projetos sociais. Ela acredita na ajuda ao próximo e no amor pelas crianças como esperança por uma Maré melhor, e anseia que “os políticos vejam as belezas da Maré: aqui é um fervedouro, um celeiro e a união é a maior riqueza que aqui brotou há 30 anos.”
POESIA
As Musas da Maré Mulheres, guerreiras Altaneiras, irmantes, cheia de graça e beleza Uma grande causa, menor que seja, dignifica nossa vida nossa bandeira O mundo acompanha com certeza Três décadas se passaram. Mais sonhos por vir. Graças a Deus. Um Lar. Um lar decente! É o sonho do Ser humano... Qual de nós que não fica contente? O sonho faz parte de nossa vida. Nos impulsiona avançar seguirmos Confiantes os nossos objetivos A fé e o Amor é tudo. Esse encontro não posso deixar de ilustrar a coragem a solidariedade e humildade Valeu a pena o esforço! Arredando cada pedrinha do caminho. A luta de cada dia nos faz crescer O sol de todas as manhãs, o milagre do amanhecer O anoitecer e nos céus a lua as estrelas sorrindo no eterno Lago Azul! Palafitas - Estacas - Pinguelas - Alagados Vielas cenas abstratas ficaram para trás Agora é pura aquarela aos nossos olhos velejas Salve as musas da maré.
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Moradora da Vila do João, Ana é artista plástica e poeta; no passado já foi também atriz e cantora. Trata-se de uma verdadeira multiartista
Assim, eles tiram seu sustento e ajudam o meio ambiente. Isto porque plásticos, papeis e papelão, vidros e metais podem ser reutilizados. Ou seja, não são lixo. Reciclar é permitir que objetos usados sejam transformados em novos para o consumo.
co e 1 – O lixo orgâni el cl o material reci áv rb lu om C chegam à s da Maré misturado
Beatriz Lindolfo
Aliás, os catadores consideram o lixo um luxo. “O lixo é um shopping para nós. Já achamos dinheiro, jóias, sapatos, roupas, iogurtes fechados e até mesmo carne”, conta Tunico, que também se preocupa com o modo como o lixo é deixado no meio das ruas. “É errado fazer isso; depois acontecem as enchentes e ninguém sabe o porquê”, orienta ele.
Elisângela Leite
Pela Maré, sempre nos deparamos com algum catador de lixo, seja pelas ruas ou mesmo na área da Comlurb, na Rua Tancredo Neves. A maioria é morador da Maré e costuma acordar bem cedo para iniciar seus trabalhos. Um deles é o Antônio Amauri, mais conhecido como Tunico, que é catador há 16 anos. Diariamente, ele e os colegas separam tudo o que é reciclável, colocam o material em uma carroça e vendem para um ferro velho.
3 – Pronto! Agora o material está separado para ser vendido e posteriormente tudo isso será transformado em outros produtos
2 – Os c eles, o Tunaictadores, entre que pode o, separam o ser recicla do
O que pode ser reciclado Saiba como ajudar os catadores, o meio ambiente e contribuir para o saneamento na Maré. Tente ter duas latas de lixo na sua casa: uma para os materiais orgânicos (restos de comida) e outra para os recicláveis, que devem ser limpos (passe uma água nas embalagens). Leia abaixo o que separar para os catadores: Plástico: Copos, garrafas, sacos/sacolas, frascos de produtos, embalagens PET (refrigerantes, óleo, vinagre etc.), canos e tubos de PVC, tampas, embalagens de produtos de limpeza, entre outros. Papel: Jornais, revistas, folhas de caderno, envelopes, rascunhos, cartazes velhos, caixas de pizza, cartolinas e papel cartão, caixas de papelão, entre outros. Vidros: Potes de conserva, embalagens, copos, vidros especiais (tampa de forno e microondas), garrafas, entre outros. Metal: Latas, enlatados, panelas sem cabo, arames, canos, pregos, cobre, papel alumínio, entre outros.
Lixo no lugar e na hora certa O caminhão da Comlurb passa nas ruas principais de segunda a sábado, enquanto os tratores passam nas vias transversais, mais estreitas. Portanto, domingo não é dia de coleta. O morador pode colocar o lixo em local apropriado de segunda a sábado de
manhã cedo. É possível também ajudar o meio ambiente evitando acumular lixo nas ruas e já separando o que pode ser reciclado (leia o box nesta página). Além disso, alguns cuidados são necessários. Tunico diz que já cansou de encontrar vidros e agulhas pelo lixo, o que é um perigo, pois os catadores correm o risco de se machucar ou
mesmo de contrair doenças. O aconselhável é deixar o lixo no portão cedo pela manhã, de modo a evitar que cachorros e gatos rasguem o saco e espalhem tudo pela rua. Isso pode ainda reduzir o aparecimento de ratos e insetos nas proximidades de sua casa. Fazer uma montanha de lixo em alguma esquina também não resolve, porque deixa o nosso bairro insalubre.
Meio Ambiente
Catadores fazem um belo trabalho na Maré contribuindo para que os materiais recicláveis possam ser reutilizados. Saiba como ajudar
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Reciclável não é lixo
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Elisângela Leite
O presidente da Cedae, Wagner Victer, informou aos dirigentes das Associações de Moradores do conjunto de favelas da Maré que as obras de esgotamento sanitário começarão em breve por aqui. Segundo a assessoria de imprensa da Cedae, a licitação será aberta em dezembro e a obra deve começar em março, ou seja, com um ano de atraso, mas finalmente vai sair do papel. Segundo Victer, o atraso se deu em decorrência de uma demora na liberação da verba da União. “Marcílio Dias, Praia de Ramos e Roquete Pinto terão o esgoto ligado a Estação de Tratamento da Penha. O restante da Maré ficará com a Estação de Alegria. Haverá um cinturão nas galerias para o fim do esgoto que cai clandestinamente nos canais”, conta Waldir Francisco da Costa,
O próximo passo da Cedae será uma consulta à prefeitura para saber sobre a obra do Bairro Maravilha, anunciada em primeira mão por Eduardo Paes também aos dirigentes das associações.
Píers para os pescadores O Maré cobrou na última edição a construção de três píers prometidos aos pescadores na época da dragagem do Canal do Fundão. Finalmente as obras tiveram início no Parque União no final de outubro, sob responsabilidade da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). O primeiro píer ficará pronto no fim do ano. A fotógrafa Elisângela Leite esteve no local na
manhã do dia 1º de novembro e encontrou os pescadores na maior animação. A SEA informou que o próximo píer a ser construído será o do Pinheiro e em seguida o da UFRJ. Cada obra levará cerca de 60 dias. O secretário do Ambiente, Carlos Minc, anunciou ainda a restauração do píer de Marcílio Dias. Erramos: os recursos aplicados nas obras do Canal do Fundão vieram também da Petrobras e não apenas do governo do estado, como afirmado na última edição.
Todos juntos pela educação na Maré Seminário de Pais, Responsáveis e Alunos debate o ensino público de qualidade para a Maré Aramis Assis
O 1º Seminário de Pais, Responsáveis e Alunos das Escolas Públicas da Maré contou com debates sobre direito à educação, educação integral, qualidade de infraestrutura e do ensino e segurança pública. O evento, que aconteceu em 30 de novembro no Centro de Artes da Maré, foi realizado pelo Programa Criança Petrobras na Maré (PCP Maré) com o objetivo de buscar maior mobilização das famílias para a melhoria de qualidade do ensino público da Maré.
PUC-Rio, as escolas integrais podem atuar apenas como política compensatória. “Os professores estarão em tempo integral? Haverá recursos para a escola e professores? As políticas educacionais já existem e sempre existiram, a diferença é como elas são aplicadas”, questiona ela. Pais e Responsáveis trocaram experiências e reivindicaram pontos específicos da estrutura e do ensino das escolas de
seus filhos. O evento contou ainda com exposições das oficinas de arte-educação do PCP Maré e apresentação de flauta dos alunos do Ciep Hélio Smidt. Os debates continuarão nos encontros do Grupo de Pais e em outros espaços de discussão, já que a aplicação das políticas públicas depende da pressão de todos os envolvidos com a educação, principalmente pais e responsáveis.
O coordenador Regional de Educação (IV CRE), Eduardo Alves Fernandes, disse que a Secretaria Municipal de Educação pretende colocar todas as escolas da Maré com funcionamento integral até 2016. Para a Zaia Brandão, professora e pesquisadora do Departamento de Educação da
Diálogo nos Cieps Elis e Samora Redação
Muitos moradores e profissionais que atuam na Maré devem ter acompanhado a série de reportagens publicadas em jornais de grande circulação sobre a paralisação temporária dos Cieps Elis Regina e Samora Machel, na última semana de outubro. Segundo o coorde- Elisângela Leite nador Regional de Educação (IV CRE), Eduardo Alves Fernandes, professores e funcionários não estavam se sentindo seguros para exercer suas atividades profissionais em decorrência dos conflitos envolvendo troca de tiros na região. O problema trouxe à Maré a secretária municipal de Educação, Claudia Costin. No dia 4, ela se reuniu com pais e professores e direções das escolas, no CIEP Elis Regina, com o objetivo de abrir espaço para dialogar e buscar caminhos que pudessem amenizar os prejuízos ao bom funcionamento das instituições de ensino. A
preocupação maior dos pais, professores, direções e Secretaria de Educação era que se pudesse garantir a volta às aulas, e, com isso, abrandar a situação crítica em torno das perdas que os alunos terão este ano, pelo período que já ficaram sem aulas. Durante o primeiro semestre, os alunos dos dois Cieps já haviam ficado sem aulas por vários dias, devido a incursões policiais quase diárias e os conflitos dos grupos que ali atuam. Já no segundo semestre, houve greve dos professores que se estendeu por mais de dois meses. Eduardo, da IV CRE, informou que a reposição das aulas poderá ser feita no contraturno, aos sábados e até a metade do mês de janeiro de 2014, organizada e orientada por cada direção. Em relação às dificuldades pelos problemas decorrentes das situações de violência na região dos Cieps, Claudia Costin disse na reunião que vem discutindo com os professores a reposição desses profissionais que não se sentem mais seguros de atuar aqui. Ela também se comprometeu a fazer articulação com outras estruturas dos governos que possam colaborar para garantir o bom funcionamento das escolas na região.
13 EDUCAÇÃO
Beatriz Lindolfo
diretor da Associação de Moradores do Conjunto Esperança, que participou da reunião, no dia 6 de novembro.
DIÁLOGOS PELA EDUCAÇÃO
Maré de Notícias No 47 - novembro / 2013
Obras da Cedae podem começar em breve
Elisângela Leite
Maré de Notícias No 47 - novembro / 2013
SANEAMENTO
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Alunos do Teatro em Comunidades apresentarão três peças que discutem aspectos críticos de nossas vidas
Oficinas
Dança de salão
Desenho Básico
Oficina de MC’s
A partir de 16 anos Sáb., de 18 às 20h Prof.: Roberto Queiróz
A partir de 10 anos 2as, de 10 às 12h Prof.: Jandir Leite Moreira
A partir de 12 anos 2as, 4as de 15 às 17h Professor: Succo
Forró na Lona
Sexta-feira, 08/11, às 20h Com Os Três Forrozeiros
Quinta-feira, 14/11, 19h Los Chivitos e convidados. Intervenções, poesia, hip hop, vídeos e performances)
Marina Henriques, coordenadora geral do projeto, conta que a ideia é gerar – através do teatro, das atividades lúdicas e criativas – um processo de reflexão sobre
R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré Tels.: 3105-6815 / 7871-7692 lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré / Twitter: @lonadamare
a realidade, provocando os jovens a pensar e a estabelecer uma relação crítica com os aspectos de suas vidas. “O projeto oferece o acesso de jovens da Maré à linguagem teatral, propiciando a elaboração de saberes na área, além de promover a participação em apresentações e encontros artísticos e científicos na universidade e em outros espaços da cidade”, acrescenta ela. Um dos grupos da Nova Holanda fará uma adaptação de “Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare, tendo a Maré como cenário, mostrando o conceito de sonho e realidade. O outro grupo apresentará “De Cabral a Cabral”, propondo uma visita à história do Brasil e do Rio de Janeiro, desde a vinda da família real portuguesa até os dias de hoje. Já o grupo da Praia de Ramos montou o espetáculo “E amanhã, Seu Zé, se acabarem com o teu domingo de sol?”, baseado no funk “Rap do Silva”, para mostrar ao público o sensacionalismo que a mídia dá aos trabalhadores oprimidos pela sociedade. Nos intervalos das apresentações, um grupo de quatro mulheres que fazem aula na Praia de Ramos fará pequenas intervenções, contando suas histórias e os fazeres do dia-a-dia.
(Módulo I: Fuxico) A partir de 14 anos 2as, de 8 às 10h Prof.: Jandir Leite Moreira
Cine Rabiola Filmes infanto-juvenis todas as sextas, às 16h30 01/11 Horton e o Mundo dos Quem! 08/11 Tá Dando Onda 22/11 O Garoto 29/11 Vermelho como o céu
Favela Rock Show
Sábado, 23/11, 21h Com as bandas Immolated (SP), Uncaved (RJ) lançando CD, Insannica (MG) e Handsaw (RJ)
Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado
Ao lado da Lona, atende a toda a Maré: Amplo acervo, brinquedoteca, gibiteca e empréstimo domiciliar
cultura
Cavaca
Oficinas
- 1 pacote de fubá - 5 ovos - ½ kg de açúcar - ½ kg de farinha de trigo - ½ kg de manteiga
Oficinas
Dança criativa
Ingredientes:
Dança de Rua
Quarta: 17h30 às 18h30 Com Jeane Lima
Segundas, 17h30 às 18h30 iniciante 18h30 às 19h30 avançado
Dança contemporânea Quarta, 18h30 às 19h30 Com Jeane Lima
Consciência Corporal
Corpo e Expressão
Terças, 17h30 às 19h30 Com Lylien Vass
Dança de salão
Terças, 19h30 às 21h30 Com Marcelo Sant’Anna
Sexta, 17h30 às 18h30 Com Talitta Chagas
Modo de preparar:
1- Junte todos os ingredientes e bata na batedeira até formar uma massa homogênea; 2- Modele no formato da cavaca; 3- Unte a forma com manteiga. Asse em forno pré aquecido (165°c) por 16 minutos.
Percussão
Sexta, 18h30 às 20h30 Com Roberto Queiroz
Teatro em Comunidades Leia na página ao lado
Rendimento : 24 unidades.
Carina Ricardo, 17 anos, moradora do Timbau, está fazendo teatro há dois anos e acredita que através da encenação é possível mostrar a realidade que vive. “Teatro é praticamente minha vida, porque minha mãe trabalha com Teatro do Oprimido, então eu cresci nesse meio. Aqui trabalhamos com metáforas, para falar de situações que acontecem há muitos anos, e isso é importante politicamente para a Maré”, conclui.
Em 2014
Haverá Mostra Maré de Artes Cênicas, com uma série de apresentações de espetáculos teatrais e de dança em cartaz na cidade. Acompanhe pelo facebook / redesdamare
Moradores na França
Apresentação do Teatro em Comunidades - Entradas gratuitas Dia: 07/12 no Centro de Artes da Maré - Dia 15/12 na Unirio Rua Bittencourt Sampaio, 181. Nova Holanda 15h: “De Cabral a Cabral” 17h: “E amanhã, Seu Zé, se acabarem com o teu domingo de sol?” 19h: “Sonho de uma noite de verão” Nos intervalos, intervenções de alunas
Artesanato
RECEITA - Enviada pelo Edilson Silva
Visão política do Rio O estudante David Carvalho, 16 anos, morador de Rubens Vaz, explica que a ideia da peça “De Cabral a Cabral” é passar uma visão política da história do Rio. “Foram duas pessoas importantes no decorrer da história e pelo que temos vivido atualmente, do povo ir às ruas manifestar, é uma forma de discutir os direitos da população. Faço teatro há três anos e sinto que estou crescendo como ator, junto com o grupo”, ressalta David.
Paixão de Ler
Elisângela Leite
No dia 7 de dezembro a c o n te c e rá no Centro de Artes da Maré (CAM) a apresentação das turmas do projeto de extensão Teatro em Comunidades - Redes de Teatro na Maré, que reúne atualmente 60 adolescentes moradores da Maré, divididos em três núcleos, dois na Nova Holanda e um na Praia de Ramos. O projeto, que já existe há três anos, é uma parceria entre a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e a Redes da Maré.
A partir de 14 anos 5ª feira, 9h às 11h30 Oficina do projeto Muda Maré (UFRJ)
Terça-feira, 12/11, 14h Apresentação do espetáculo Lendário Nordestino, 50 minutos, Direção: Beth Araújo Para todas as faixas-etárias
Lona Música Livre
Fabíola Loureiro
Agricultura Urbana
Divulg ação
Marina Henriques
PROGRAME-SE !
ENTRADA GRATUITA! em www.redesdamare.org.br
CULTURA
Lona cultural
Herbert Vianna
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Os 12 jovens que fazem parte do núcleo de formação da Escola Livre de Dança da Maré foram convidados para apresentar o “Exercício M - de movimento e de maré” no sul de Paris, na Escola Municipal de Dança de Vitry. Eles estarão por lá entre os dias 28 de novembro a 8 de dezembro, quando farão uma apresentação e participarão de ensaios, oficinas de dança e encontros com parceiros. R. Bitencourt Sampaio, 181 Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 De 2 a a 6a, de 14h às 21h30
Maré de Notícias No 47 - novembro / 2013
Moradores sobem ao palco
Programação para novembro Veja a programação completa
Beatriz Lindolfo
Maré de Notícias No 47 - novembro / 2013
CULTURA
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Alcoólicos anônimos na Maré e arredores
pra Maré participar do Maré
O grupo Alcoólicos Anônimos promove reuniões em várias comunidades da Maré e arredores. Veja abaixo a relação ou ligue para 2253-3377. Mais informações na sede do A.A., na Av. Presidente Vargas, 542 / 1201, no centro da cidade. Site: www.aa.org.br
!
Garanta o seu jornal todos os meses Busque um exemplar ade! na Associação deMoradoresda sua comunid
Grupo Caju
Envie seu desenho, foto, poesia, piada, receita ou sugestão de matéria.
Reuniões às terças, de 19h às 21h; aos sábados, de 15h às 17h; e no primeiro sábado de cada mês também das 13h às 15h. Rua Circular da Quinta do Caju, no 7 - Sobrado (rua à direita do Pame da Aeronáutica, próximo à General Gurjão)
Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 – Nova Holanda Tel.: 3104-3276 E-mail: comunicacao@redesdamare.org.br
Desenho no Pinheiro O pintor e tatuador Milton de Sousa deixou este belo presente para os nossos olhos num bar da Travessa Vinte e Nove, na Vila do Pinheiro. “Queria um desenho reverenciando o Rio, as favelas e o Cristo Redentor. Mostrar o pobre e o rico, as diferenças juntas, um Rio que fosse de paz, com harmonia. Tudo isso seria ótimo”, reflete ele.
Grupo Vila do Pinheiro Reuniões às segundas, quartas e sextas, de 19h às 21h, e domingos, de 10h às 12h e de 19h às 21h. Via A-1, no 104
Grupo AA Vila do João Reuniões às segundas e sextas, de 19h 21h; aos sábados, de 18h às 20h; e aos domingos, de 14h às 16h - Rua 14, no 234 Elisângela Leite
Grupo Confiança / Parque Maré
Doação de livros dos alunos da Uerj
Arquivo Centro Acadêmico
Maré de Notícias No 47 - novembro / 2013
ESPAÇO ABERTO
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A Redes da Maré recebeu uma doação de livros dos calouros de todas as engenharias da Uerj. A iniciativa é fruto de um trote aplicado pelo Centro Acadêmico. O objetivo era mostrar que trote pode ser uma brincadeira entre calouros e veteranos e ao mesmo tempo ter um retorno social e cultural. A idéia é repetir a dose a cada semestre. O pessoal do Centro Acadêmico conhece o Maré de Notícias e nos pediu para difundir a ideia. Pois bem! A Maré agradece! Os livros estão na Biblioteca da Redes para todos os moradores interessados.
Diogo dos Santos
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Rindo at o a Batman
Onde o Batman e o Robi n se conheceram? -- num bat-papo. O Batman e o Robi n se arrumavam para ir aonde? -- a um Bat-zado!!! Qual o jogador preferido do Batman? -- Batistuta... e o jogador preferido do Robi n? -- o robin...nho o que a dupla dinâmica curte na balada? -- um bat-estaca... que alimento deixa o batman sempre forte? -- bat-ata! o que o batman pediu no bar? -- uma bat-ida de limão o que o batman quer aprender a tocar? -- bat-eraia
Reuniões às quartas, sextas e domingos, de 19h às 21h. Rua Ivanildo Alves, 83 (anexo à paróquia Jesus de Nazaré)
Grupo Reunido de Bonsucesso Reunião todos os dias, de 10h às 12h e de 19h às 21h, inclusive feriados. Rua Teixeira Ribeiro, 637 / 2o andar - Tel: 2590-7549
Grupo Nova Holanda Reuniões de quinta a sábado, de 19h às 21h; e aos domingos, de 15h às 17h. Rua Sargento Silva Nunes, s/n (no galpão da igreja)
Grupo Parque União Reuniões aos domingos, de 16h às 18h; às segundas e terças, de 19h às 21h. Rua Guanabara, no 2 (na Igreja Nossa Senhora da Paz)
Grupo Amizade de A.A. / Praia de Ramos Reuniões às quintas, de 19h às 21h. Rua Nossa Senhora Aparecida, no 166 - Praia de Ramos (na igreja em frente ao posto médico)
Grupo Marcílio Dias Reuniões às quartas e sextas, das 19h às 21h, e domingos, de 10h às 12h. Rua Nossa Senhora da Penha, no 99
Grupo Bonsucesso Reuniões às segundas, quartas, quintas, sextas e sábados, de 19h às 21h; e aos domingos, de 10h às 12h. Rua Luiz Ferreira, no 217 (Igreja Nossa Senhora dos Navegantes)
Grupo Cidade Universitária Reunião às quartas-feiras, de 15h às 17h. Rua Mariano A. de Andrade s/n (Subsede do SINTUFRJ) Ilha do Fundão, Cidade Universitária