Maré de Notícias #55

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Elisângela Leite

julho de 2014 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita

Mulheres dão um fora nos agrotóxicos Pág. 3

Inscrições abertas!

Para várias oficinas Pág. 7

Raquel Villadino

Políticas públicas com protagonismo dos moradores e organizações locais Pág. 10 e 11

Naldinho Lourenço

Cultura

Regra para eventos é contestada Pág. 12 Lona da Maré Pág. 13 Centro de Artes Pág. 14

Rock’n rooooooll !!! Nem só de samba, pagode, forró e funk vive a cena musical da Maré. Desde os anos 1980, o rock and roll conquista seu espaço, com direito à formação de bandas locais. Uma das mais antigas é a Dartherium, que trouxe o heavy metal pra cá. Para conhecer mais sobre essa história, o Núcleo de Memória e Identidade dos Moradores da Maré (Numim) ouviu Rogério (Magrão), membro fundador da banda. Pág. 8 e 9

Lugar de lixo é no laranjão

Caminho tortuoso

Veja como usar as novas caixas coletoras, apelidadas de “laranjão”, que vieram para acabar com o acúmulo de sacos de lixo espalhados pelo chão das ruas e calçadas. Mas para a iniciativa dar certo, depende da Comlurb, dos moradores, trabalhadores locais e de outros órgãos públicos, como a Cedae, que já deixou o laranjão no meio do esgoto. Pág. 4

Elisângela Leite

Elisângela Leite

Maré de Sabores

Elisângela Leite

55

Arquivo

Ano V, No

Mais uma passarela provisória, desta vez sobre o novo BRT Transcarioca, gera reclamação dos leitores, que pedem providências. Enquanto o socorro não vem, pedestres são obrigados a transitar por uma passagem sem rampa e com piso feito em madeira tipo compensado. Pág. 5


Editorial Cultura diversificada Esta edição fervilha cultura. A começar pelo artigo de capa, de autoria do Núcleo de Memória e Identidade dos Moradores da Maré (Numim), que nos apresenta a história do rock local (pág. 8 e 9), e dela podemos tirar várias conclusões. Uma é o protagonismo dos próprios moradores nesta história. Aos poucos, eles formaram bandas e depois passaram a contar com os espaços para as apresentações de rock por aqui mesmo.

AGROTÓXICO? Não, obrigado Preocupação com alimentos saudáveis é um princípio do projeto Maré de Sabores, que reúne moradoras que produzem tudo sem agrotóxicos

Essa história, por sua vez, nos remete aos tempos atuais vividos na Maré e seus impactos sobre a cultura local. Como poderá ser lido na pág. 12, as regras especiais adotadas pelas forças de segurança para aprovar ou não um evento estão gerando bastante polêmica. A ideia de chegar a um consenso entre os moradores, sem a interferência da polícia, é defendida por Edson Diniz nesta reportagem, trazendo um conceito geral também presente na entrevista com Raquel Villadino (pág. 10 e 11). Ambos defendem o protagonismo do morador para a construção de consensos e políticas para a Maré. Tudo isso com muito diálogo e respeito pelos aspectos culturais na favela.

CARTA

Feira Agroecológica da UFRJ

Proposta de filme na Maré É um prazer escrever para este conceituado jornal. Quero falar sobre nossos jovens. Eles precisam de oportunidades dentro de nossa comunidade. Temos muitos talentos de diversos estilos. Eu, como cineasta, vejo necessidade de fazermos uma produção de teatro, cinema, para rodar um grande filme em nossa Maré. Em outras comunidades rodam filmes. Por que nós aqui não podemos? Podemos sim. Basta todo mundo se unir e aí rodaremos um filme com crianças e adolescentes. Se você tem vontade de levantar esta bandeira, conte comigo! Meu telefone para contato é 2209-5035. Marcos Silva, cineasta

A todos e todas, boa leitura! Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa

Instituição Proponente

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Conexão G Conjunto Habitacional Nova Maré

Diretoria

Associação de Moradores do Morro do Timbau

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Expediente

Redes de Desenvolvimento da Maré Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir Patrícia Sales Vianna

Instituição Parceira

Observatório de Favelas

Apoio

Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

3 SUSTENTABILIDADE

HUMOR - André de Lucena: “Dominando a mente”

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

EDITORIAL

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Associação de Moradores do Parque Ecológico Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos

Proj. gráfico e diagramação Pablo Ramos

Logomarca

Luta pela Paz

Monica Soffiatti

União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro

Colaboradores

União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Associação de Moradores do Parque Maré

Editora executiva e jornalista responsável

Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Associação de Moradores do Parque União Associação de Moradores da Vila do João

Fotógrafa

Elisângela Leite

Editor assistente

Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda Biblioteca Comunitária Nélida Piñon

Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br

Repórteres e redatores

Aramis Assis Fabíola Loureiro (estagiária) Rosilene Miliotti

/redesdamare

Anabela Paiva André de Lucena Aydano André Mota Eliana Sousa Silva Flávia Oliveira Kariny Enzo Naldinho Lourenço Numim/ Redes da Maré

Coordenadores de distribuição

Luiz Gonzaga Sirlene Correa da Silva

Impressão

Gráfica Jornal do Commercio

Tiragem

40.000 exemplares

@redesdamare

Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21) 3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Parceiros:

(!)

Você sabia que em 2013 foram consumidos um bilhão de litros de agrotóxicos no Brasil? E que o Brasil é o maior importador de agrotóxicos do planeta? Pensando em diminuir o impacto dos agrotóxicos no organismo humano foi criada, em 2010, a Feira Agroecológica da UFRJ, onde pequenos agricultores de Guapimirim, Magé e Piabetá vendem seus produtos. Também estão lá o Maré de Sabores (com pães integral e australiano, bolos de fubá e de chocolate e macarrão); e as Arteiras do Alemão, com peças de artesanato. A feira funciona às quintas-feiras, das 10h às 14h, nos prédios da Reitoria, do Centro de Tecnologia (CT) e do Centro de Ciências da Saúde (CCS). Para saber mais sobre os riscos dos agrotóxicos, baixe a cartilha do Movimento dos Pequenos Agricultores em: www.contraosagrotoxicos.org. O documentário “O veneno está à mesa”, de Silvio Tendler, está disponível em youtube.com.

Rosilene Miliotii

Elisângela Leite

Depois das hortas comunitárias e da loja da Roça, nesta edição vamos falar do Maré de Sabores, projeto que reúne moradoras hoje preocupadas com a qualidade dos alimentos que consomem e vendem. O primeiro passo foi dado quando as mulheres tiveram acesso à informação sobre a importância dos produtos orgânicos, ou seja, sem agrotóxicos. “Muitas alunas do projeto já trabalharam no campo e diziam que o pesticida era bom porque a folha de alface crescia três vezes mais e a horta dava certo”, explica Mariana Aleixo, coordenadora de gastronomia do projeto e doutoranda de engenharia de produção da UFRJ.

não encontrava com facilidade e são muito caros. Então começamos a criar alternativas. No lugar da manteiga colocamos azeite. No lugar do leite colocamos suco de laranja e até água. Mas essas alternativas para as mulheres eram muito impactantes, porque elas tinham na cabeça que bolo é feito de uma forma e se for de outra não é bolo”, brinca.

Mariana pensou em colocar os produtos do Maré de Sabores à venda na Feira Agroecológica da UFRJ, mas para isso era preciso usar apenas ingredientes orgânicos, o que foi um complicador. O projeto oferece oficina de gastronomia, cidadania e gênero; e depois da formação, as alunas podem participar da cooperativa do Maré de Sabores.

Depois da aproximação com o mundo dos produtos naturais, as mulheres que inicialmente iam à feira da Ilha do Fundão apenas para vender os produtos do projeto, agora vão também para comprar.“Quando sobra um dinheirinho compro limão galego, aipim e banana orgânica. Aliás, o meu bolo de aipim ficou muito gostoso. Eu me preocupo com essa questão dos agrotóxicos e quando compro alimentos que não são orgânicos coloco de molho no cloro para tirar o máximo de veneno”, ensina Lucia Helena Laprovita, moradora da Nova Holanda e integrante do Maré de Sabores.

“Farinha orgânica nós tínhamos, mas e o leite orgânico? Produtos de origem animal a gente

Projeto Maré de Sabores está com inscrições abertas. Leia mais na pág. 7.


“LARANJÃO MECÂNICO”

Travessia perigosa sobre o BRT, com piso de compensado já danificado, gera reclamações

Comlurb tem novo sistema de trabalho, mas para dar certo precisa do apoio de todos

A intenção é positiva, mas não depende somente da Comlurb. Uma das caixas, por exemplo, foi instalada na Via B9, entre o Conjunto Pinheiro e a Vila do Pinheiro, em local de vazamento crônico da Cedae. Desta vez, o problema foi resolvido rapidamente, a pedido da Região Administrativa (XXX R.A.), mas os moradores temem a repetição do problema. Esse exemplo mostra como a questão do saneamento depende de vários órgãos públicos. Depende também do morador. Logo após a instalação dos primeiros laranjões, muitos ainda não sabiam como abrir a caixa coletora (veja fotos nesta página).

A Comlurb será responsável também pela poda de árvores, manutenção das 17 praças locais, serviço de limpeza da encosta do Morro do Timbau, higienização de valões e canaletas e controle de vetores. A prefeitura prometeu implementar na Maré o Programa Lixo Zero e um trabalho de conscientização nas escolas.

Elisângela Leite

Além desses laranjões, a Maré terá um caminhão de carga lateral para coleta e outro para limpeza de contêiner, uma usina de reciclagem, seis caminhões compactadores, um carro pipa e minibasculantes que vão substituir os microtratores. “Vamos continuar com a coleta em seis dias por semana (domingo não tem), lembrando que a Maré não estava abandonada e nem vai virar um paraíso”, disse o prefeito Eduardo Paes, que esteve na Maré para lançar o programa. O morador Edvan Barcelos mostra como usar o laranjão: para abrir pela frente, basta puxar a alça

As mudanças foram possíveis após reuniões com dirigentes das associações de moradores locais. Por enquanto, o clima é de expectativa para saber como o sistema vai funcionar. É possível ver mais garis varrendo as ruas, mas nem todos os dirigentes estavam satisfeitos. O presidente da Associação da Vila do João, Marco Antônio Barcellos, o Marquinho Gargalo, por exemplo, reivindica 14 garis e diz que a comunidade só conta com dois.

Elisângela Leite

A Comlurb está implantando na Maré o projeto Comunidade Limpa, que prevê, entre outras ações, a instalação de caixas coletoras, chamadas de laranjão, de 3,2 metros quadrados, onde os sacos de lixo devem ser armazenados. O objetivo é evitar o acúmulo de resíduos pelas ruas e calçadas, que provocam muitas reclamações de parte da população local.

Cícero passa com dificuldade Hélio Euclides

Jorge Antonio acha perigoso

Elisângela Leite

Por sugestões de leitores, o Maré de Notícias por diversas vezes abordou o tema passarela em suas páginas, em função de reivindicações de manutenção ou construção de uma nova. Agora moradores reclamam da passagem provisória ao lado da Avenida Brasil, em frente à passarela 10 e próxima a Escola Municipal Clotilde Guimarães, em Ramos. Ela foi construída para ajudar na passagem de pedestres sobre o novo BRT Transcarioca.

O problema é que, além de ser alta, só têm degraus e nenhuma rampa, balança e possui piso de tábuas já deterioradas, deixando as pessoas inseguras. Antes do BRT, inaugurado em junho, os pedestres usavam uma pequena rua com pouco movimento, opção que não existe mais. A passarela precisa de reforma. A Secretaria Municipal de Obras informou que estuda a substituição desta passagem por uma permanente. O órgão desenvolve projeto para a nova estrutura, mas ainda não há valor estimado e data para licitar. Apesar de ter a estrutura metálica, a queixa maior vem do piso de compensado de madeira. É unânime a opinião de quem usa a passagem diariamente. “Isso é

uma injustiça, em especial com idosos e cadeirantes, que muitas vezes só desejam ir ao médico, algo que se torna impossível. Essa passagem tinha que ser organizada; só porque é favela não tem planejamento”, critica o morador do Parque União, Luiz Couto. Para piorar, a passarela tem grande acesso de estudantes. “No horário de escola tem engarrafamento de estudantes. Fica mais fácil ir até Ramos e usar a travessia via sinal do que passar nisso”, orienta Ednardo Sousa. A passarela já deixa marcas. É o caso do morador de Ramos, Tiago Campinho, que sofreu um acidente. “Já me machuquei e fiquei um mês com o pé arrebentado, e olha que não sou idoso”, diz ele.

O que dizem os pedestres

Para abrir sem usar as mãos, vá para a parte de trás e acione o pedal com os pés. E pronto!

“A travessia é perigosa, as madeiras estão soltas, podem causar um acidente” Jorge Antonio, morador da Nova Holanda

Elisângela Leite

Flagrante do “laranjão” ilhado pelo esgoto na Via B9: local é ponto de vazamento crônico da Cedae e foi consertado

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

Hélio Euclides

5 Políticas Públicas

Pedestres pedem socorro!

conheça o

Kariny Enzo

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

POLÍTICAS PÚBLLICAS

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“Na foto não sai o balanço, uma sorte para o leitor. Essa passarela é o acesso a cinco escolas, em três turnos. Fizeram o trabalho bonito para a passagem dos ônibus, mas para nós algo com escada. E os doentes como o meu marido que vão para o médico?” Terezinha de Jesus e Silva (mulher de Cícero, no alto à esqu.)

“Somos cidadãos, merecemos uma passagem decente. A obra é bonita para quem usa o BRT e nós ficamos com a indignação” Maria do Socorro Soares, moradora de Olaria “Está ruim, daqui da minha casa eu vejo o balanço. Sem falar na tábua podre, está afundando, tem que passar devagarzinho. É triste ver idosos e grávidas com dificuldades e medo” Valmir Jorge de Alexandre, morador de Ramos


Arquivo Pessoa l

Estudo chama atenção para riscos de doenças associadas à água, como leptospirose, e cita Maré, Jacarezinho e Alemão

“Apesar de não ser um nível crítico elevado do ponto de vista epidemiológico, esta área pode ser considerada como potencial para ocorrência destes agravos. Isto se deve principalmente às condições socioeconômicas em que a população se encontra, à fragilidade diante dos eventos climatológicos extremos e à falta de equidade social (respeito à igualdade de direitos de cada um) no âmbito da saúde”, explica. Juliana diz que no município do Rio de Janeiro, independente dos cenários das mudanças climáticas, o setor de saneamento encontra enormes desafios para universalização dos serviços e manutenção de padrões aceitáveis de qualidade. Os sistemas de esgotamento sanitário são bons exemplos dessa dificuldade encontrada. Juliana acredita que o estudo pode contribuir para que gestores públicos ou privados entendam que é mais vantajoso adotar ações de prevenção para reduzir a vulnerabilidade da população, auxiliando no processo de tomada de decisão e orientando políticas públicas de modo a trazer benefícios para o bem estar da população.

Como prevenir?

lo sobre o esgoto o risco é não pisar de chine ir uz red de s ira ne ma s da Uma

Rosilene Mioliotti

O projeto da aluna do mestrado em Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Juliana Viana, analisou 11 Regiões Administrativas (RAs) inseridas na área de influência da Estação de Tratamento de Esgoto Alegria (ETE Alegria). Foi possível classificar as RAs em três níveis de risco para o desenvolvimento de doenças de veiculação hídrica: baixo (Portuária e Centro), médio (Rio Comprido, São Cristóvão, Tijuca, Vila Isabel, Inhaúma, Méier, Jacarezinho, Complexo do Alemão e Maré) e alto (bairro de Ramos).

As doenças infecciosas de veiculação hídrica, entre elas a leptospirose, hepatite A e esquistossomose, são transmitidas pelo contato ou ingestão de água contaminada. Para a pesquisadora, os eventos meteorológicos extremos podem contribuir para o aumento e migração de doenças, aumento dos gastos e cuidados com a saúde, além de reduzir a produtividade na esfera profissional. O trabalho surgiu do interesse em explorar os fenômenos ligados às novas condições climáticas observadas no mundo – poluição, chuvas intensas, inundações e desabamento de encostas – e a relação entre os fatores sociais e de saúde. E contou com a colaboração do Programa de Mudanças Ambientais Globais e Saúde (PMAGS) e do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA), ambos da Ensp.

ETE O Sistema Alegria é responsável por uma vazão média atual de tratamento de 2,5 m3/s de esgoto, com redução da carga orgânica em 95%. A Cedae prevê até 2016 a implantação de novos troncos coletores de esgoto, Faria Timbó e Manguinhos, ampliando em dobro a capacidade de coleta e tratamento de esgotos da estação. O esgoto da Maré também está para ser levado e tratado nesta estação.

Juliana Viana ressalta que as principais ações devem estar associadas a medidas preventivas ligadas à educação sanitária e à criação de parcerias entre o poder público e privado que incentivem o acesso a serviços essenciais, como saneamento básico e saúde. A população deve se prevenir; e Juliana aponta algumas ações para reduzir o risco de infecção. “Neste estudo foram tratados principalmente três agravos: leptospirose, hepatite A e esquistossomose. No caso da leptospirose e esquistossomose, por exemplo, deve-se evitar principalmente o contato com água contaminada com urina de rato e fezes humanas contendo ovos de Schistosoma mansoni. Além disso, é importante que haja um monitoramento na região para evitar a proliferação de criadouros dos vetores, evitando o acúmulo de lixo que atraem roedores e a proliferação de caramujos em rios e córregos. Já a hepatite A pode ser combatida através da vacinação e adoção de medidas higiênicas, como por exemplo, lavar bem as mãos e alimentos antes de consumi-los, não consumir alimentos crus ou mal cozidos, entre outros”, explica. Mais informações acerca das medidas de prevenção, controle e tratamento destas doenças podem ser obtidas nas unidades de saúde da região.

INSCRIÇÕES

ABERTAS Diferentes projetos gratuitos da Maré abriram inscrições

Gastronomia para mulheres

O Maré de Sabores, projeto dirigido a mulheres e composto por oficinas de gastronomia, gênero e cidadania, abrirá uma nova turma no segundo semestre. Ao final do curso, as alunas poderão fazer parte da cooperativa do Maré de Sabores, que oferece bufês para os mais variados tipos de eventos em toda a Região Metropolitana do Rio. Inscrições até 31/07, na Secretaria da Redes (Rua Sargento Silva Nunes, 1.012, Nova Holanda, de 7h30 às 21h e sábado até 14h) ou na Lona Cultural da Maré, onde acontecem as aulas(na Rua Ivanildo Alves, s/n, Nova Maré , de 8h às 17h, de segunda a sexta). Mais informações pelo tel. 3105-5531.

Oficinas socioculturais no CRMM

O Centro de Referência de Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMM-CR), projeto da UFRJ na Vila do João, está com vagas para as seguintes oficinas: Arte em tecido (turmas às segundas-feiras de 9h30 às 11h30); Bordado (terças de 9h30 às 11h30); Dança (terças de 13h30 às 15h30 ou sextas de 9h30 às 11h30); Fuxico (quintas de 9h30 às 11h30); e Crochê (quintas de 13h30 às 15h30). O CRMM também oferece gratuitamente atendimento social, psicológico e jurídico para mulheres maiores de 18 anos. A instituição fica na Rua 17, s/n, (ao lado do posto de saúde da Vila do João). Horário: segundas, terças e quintas, de 8h30 às 12h e de 13h às 16h30; e quartas e sextas, de 8h30 às 12h. Tel.: 3104-9896

Foto, vídeo e blog

Até o dia 8 de agosto estão abertas as inscrições para o projeto “Do Chão da Maré às Nuvens”, uma parceria entre Observatório de Favelas e Criança Esperança. O curso é para estudantes do 6º ao 9º ano, de 12 a 16 anos, que queiram aprender sobre fotografia, vídeo e blog. Saiba mais em http://dcmn.org.br/wp ou no Observatório, na Rua Teixeira Ribeiro, 535, Parque Maré. Tel.: 3105-0204

Capacitação profissional

O Banco da Providência está com vagas para uma série de cursos de capacitação. Os cursos ocorrem em Realengo, mas a instituição paga a passagem. Inscrições de 11 de agosto a 5 de setembro, na paróquia São José Operário, na Via A1, 120, Vila do Pinheiro, às terças e quintas-feiras. Após a formatura, os alunos são encaminhados a uma agência de emprego. Há cursos de Beleza (cabeleireiro, mega-hair e entrelace), Confecção (corte e costura, modelagem, costura em malha e lycra), Gastronomia (lancheiro de doces e salgados, bolos e tortas), Informática (Windows, Word, Excel, Power Point e Internet), e Básico em montagem e manutenção de micro computadores. Tel.: 98578-0628, com Vânia.

CURSOS

Enchentes agravam o problema

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Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

Reduza riscos à saúde Elisângela Leite

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

FAVEL AS DO RIO

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Ar tigo Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

Antonello Veneri

“Aumenta que isso aí é Rock and Roll” Rogério (Magrão), da banda Dartherium, conta sobre a história do rock na Maré, onde os grupos e os locais de show foram surgindo a partir dos anos 1980

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

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LEMBRO, LOGO EXISTO - Memória e Identidade

Arquivo

ARTIGO

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Gilson Silveira, Henrique Gomes e Higor Antonio / Numim, Redes da Maré

A favela sempre foi palco de muitas festas e eventos culturais diversos, porém no imaginário das pessoas a trilha sonora para essas festas é resumida ao samba, forró, pagode e funk. Mas na Maré, a partir dos anos 1980, isso começou a mudar. O rock chegou aqui com pequenos grupos de adeptos e cresceu com o nascimento de várias bandas do gênero. A consolidação veio com o surgimento de espaços para festas e shows de rock, como é o caso da Lona Cultural da Maré. Para conhecer mais sobre esse movimento, nós, do Núcleo de Memória e Identidade dos Moradores da Maré (Numim), fomos até o Bar do Zé Toré, no Timbau, um dos palcos dessa história, e conversamos com um dos seus personagens, o Rogério (Magrão), membro fundador da banda Dartherium e da cena Heavy Metal na Maré.

O começo de tudo “Nós já éramos envolvidos no mundo underground, antes de termos banda. Nós íamos pros shows lá fora, comprávamos revista... Quando eu ia pra São Paulo, por exemplo, comprava vinis e depois reunia os amigos com uma pick-up velha na porta da minha casa, tomando velho barreiro e ouvindo os vinis que eu comprava. O Dartherium já existia antes de ser banda, como uma que se reunia pra curtir um som... Isso no final dos 1980. Eu, como todo ser humano aqui da favela, ouvia as músicas do rádio e, em 1984, já com os meus 14 anos, comecei a ouvir alguma

coisa de rock. O Edinho (baterista), apesar de ser mais novo do que eu, já ouvia metal há mais tempo e frequentou a equipe que ouvia metal na Magalhães (Rua João de Magalhães), que foi um outro espaço. Só que a Magalhães eu não frequentei, mas lá já era outro espaço de rock. Isso em meados de 1980. O pessoal que ouvia som na Magalhães era o Valdek, o Valdir, o Nando, o Metal, uma galera boa. Aí por intermédio do então futuro baterista eu já ouvia o chamado Hard Rock: Kiss, Black Sabbath, Iron Maiden... e ao ouvir eu pensei “poxa, é por aí”, mas era muito fraquinho. Então nasceu o Metallica (banda norte-americana), isso em 1985 pra 1986 aqui no Brasil; ele já existia lá fora há uns quatro anos, só que naquela época para chegar aqui tinha aquela diferença de tempo. Então o Metallica foi uma das minhas principais referências musicais. Na época, a gente até sofria um certo preconceito, mas a gente nem ligava, andava de calça rasgada, cabelo ruim grande, garrafa de cachaça na mão e ninguém esquentava. A gente ouvia o nosso som e não dava trela pra essas coisas não. Nós montamos a banda num momento muito difícil, quando tudo era ruim e caro. No momento éramos todos inexperientes, tanto de tocar quanto de organização de shows, fazer música...

Antes da Dartherium, já havia na Maré a banda “Bizza”, da Vila do João, entre outras

Depois das primeiras bandas de rock surgiram outros movimentos das bandas punks, bandas crossover e até bandas de metal. Tivemos “Alvo suburbano”, que era a banda do Pankinho, e a banda do Ratão “Revolta anarquista” também.

Tem o Chiquinho, o Paulo Careca, o Preto, o Marcelo... É bom também lembrar das pessoas que fizeram parte desse movimento. O Chiquinho, que muito contribuiu para as festas lá na creche do Rubens Vaz; tem o Paulo, o Paulo Careca lá do Parque União, que deve estar com uns 45 anos de idade. Paulo também fez muitas festas no Parque União, contribuiu para esse movimento do Rock n’ Roll. Deixa eu me lembrar mais, tem o Preto lá da Nova Holanda, tem o Marcelo, que hoje é baixista e líder da banda “Unearthl”, que morou na Nova Holanda também, teve uma participação muito grande aqui na cena do rock.

“O primeiro show (da Dartherium) na Maré foi em 1991. Quando nós lançamos a banda, em 1990, ficamos mais conhecidos fora, porque não tinha cena de heavy nem locais para tocar aqui.”

Quando nós montamos a banda já havia uma cena de rock aqui na Maré. Na Vila do João tinha o “Bizza” do Cazuza, no Conjunto Esperança existia o “Coisa natural”, na Nova Holanda tinha o “Rebeldia” e ali no Parque União tinha a banda chamada “Arco-íris” de rock/pop, a “Brutal terror”, “Vulgo passional”.

Tem o Brás também! Olha só, eu lembro do Brás vendendo vinil na porta da antiga “Ultra lar”, na Cardoso de Moraes; hoje a Ultra lar é

À esqu., Rogério (Magrão) com Zé Toré, dono do bar do Timbau que é um palcos atuais da cena do rock na Maré

Casas Bahia. Na verdade lá foi o segundo lugar que ele foi trabalhar, que o primeiro foi na Praça das Nações. Hoje o terceiro lugar que ele trabalha é em frente ao banco Bradesco ali na rua de Bonsucesso. Vendendo os seus vinis na época o Brás contribui muito para a cena rock aqui na Maré. Porque muitos, inclusive eu, vivíamos comprando vinil com ele de bandas que eu já conhecia e outras bandas diferentes, foi uma grande participação também. O Brás é da época das cavernas. Eu conheço o Brás de nome desde oitenta e pouco! Pessoalmente só depois que eu montei a banda...

lado e o funk ainda nascendo do outro com a Furacão 2000. Toda festa que você ia na adolescência era rock e do outro lado a Furacão 2000 com seu público tão fiel quanto. E depois desse show de 1991 a cena começou a engrenar, os espaços começaram a abrir e mais bandas apareceram. Bandas nasciam a cada década e desapareciam a cada década, sempre houve uma renovação na cena rock na Maré.

“Na época a gente tinha o rock de um lado e o funk ainda nascendo do outro com a Furacão 2000. Toda festa que você ia na adolescência era rock e do outro lado a Furacão 2000. E depois desse show de 1991 a cena começou a engrenar, os espaços começaram a abrir”

Não poderia deixar de falar da rádio do Vladimir Aguiar, a Progressiva FM, que agora está numa comunhão com a rádio Maré. Cheguei a trabalhar lá fazendo uma programação com três DJs em três horários durante o dia, quase um ano. Foi uma experiência boa, a gente conheceu mais bandas, até fora do rock e do metal. Ainda no início dos anos 1990 nós fizemos três shows na Maré, na antiga quadra dos Corações Unidos de Bonsucesso, com algumas das bandas citadas anteriormente. Tudo organizado por nós mesmos. Todo evento em termos de venda de ingressos, bilheteria do bar e juntar as bandas foi tudo feito de forma underground. Um fazia a divulgação, outro vendia ingresso, outro corria atrás de

aparelhagem de som; e o dinheiro que a gente ganhava, quando ganhava, a gente gastava ali mesmo com bebida. Nessa época a aparelhagem de som estava começando a mudar um pouco, já tínhamos instrumentos importados, por exemplo.

A cena cresceu O primeiro show (da Dartherium) aqui na Maré foi em 1991. Quando nós lançamos a banda em 1990 ficamos mais conhecidos fora, porque não tinha cena de heavy e nem locais para tocar, por isso demoramos mais de um ano para tocar aqui na Maré. Outra diferença da banda Dartherium era o nosso trabalho autoral, isso a gente achava importante na época. A cena cresceu absurdamente. Porque na época a gente tinha o quê? O rock de um

No Corações Unidos, além de shows, tinha festa também, festa de rock é claro. Aí houve outros espaços para estes eventos: Associação de Moradores do Conjunto Esperança, teve no campo da Vila do João... aqui no bar do Zé Toré é outro local também importante de eventos, em meados de 1990 teve a creche do Parque Rubens Vaz e no Parque União tiveram umas festas ali onde era o Forró do Bola branca. Minha vida mudou bastante desde os 18 anos aos 43 e meio. Pô, estou estudando, dando aula, um monte de coisa. Tenho uma filha, então, fica difícil botar uma banda no meio desse turbilhão de coisas que eu faço, mas eu gostaria de voltar a tocar quando eu arrumar tempo.”


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Um amplo processo de participação dos moradores e organizações locais está sendo proposto na Maré, visando a construção de políticas públicas que dialoguem com as reais demandas da população. Associações de moradores e organizações da sociedade civil tentam abrir este processo de diálogo com representantes dos governos estadual e municipal. O objetivo é construir na Maré uma experiência nova, diferente do que vem ocorrendo em outras favelas, e até contribuir para um modelo inovador para outros espaços populares da cidade. Nesta entrevista, a diretora do Observatório, Raquel Willadino, fala dos pressupostos do direito à segurança pública, que a Maré ainda não conquistou, e explica os eixos de discussão que estão sendo colocados em pauta. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Também temos destacado que a presença do Estado deve envolver outros atores, além das forças policiais e órgãos do sistema de justiça e segurança pública. Isso é fundamental pra avançarmos na construção de um projeto de desenvolvimento que seja estruturante para a Maré, que envolva a participação de outras representações do Estado e articule um conjunto de políticas públicas que possibilitem a ampliação dos direitos dos moradores. Maré: Então este processo requer que o morador busque seus direitos? Maré: Muitas pessoas associam esse debate somente à polícia. Mas quais são os pressupostos do direito à segurança pública? Raquel: Segurança pública é importante demais para ficar apenas nas mãos das forças de segurança. O que queremos para a Maré tem que ir muito além de uma ocupação nos termos que vem acontecendo até agora. Para isso é fundamental contar com alguns princípios: em primeiro lugar, a valorização da vida. A proteção à vida tem que ser um pressuposto da ação de qualquer agente do Estado. Por outro lado, há um desafio de articulação de diferentes órgãos que possam ampliar o acesso à justiça dos moradores de favelas. Falo de uma presença mais efetiva dos mecanismos de acesso à justiça que podem ser acionados numa situação de violação de direitos. Isso envolve poder acessar uma delegacia, uma ouvidoria, a Defensoria

“Segurança pública é importante demais para Maré de Notícias: O que é direito à ficar apenas nas mãos das segurança pública? forças de segurança. O que Raquel Willadino: queremos para a Maré tem A segurança pública que ir muito além de uma ainda não é vivenciada como um direito nas ocupação nos termos que favelas. É mais fácil, por exemplo, pensar vem acontecendo até agora” na educação e na saúde como direitos e lutar por políticas nesses campos. Já a segurança pública historicamente não foi construída como tal nos espaços populares do Rio de Janeiro. Por isso, tem um trabalho pedagógico, que começa pelo reconhecimento da segurança no campo dos direitos.

Pública, o Ministério Público; e também poder fazer um acompanhamento efetivo dos casos. Fortalecer tanto a presença desses mecanismos como o conhecimento sobre como eles funcionam é muito importante para ampliar a perspectiva da segurança pública como direito. Além disso, é necessário investir em estratégias de mediação de conflitos que evitem a judicialização.

Raquel: Um pressuposto central do trabalho que estamos desenvolvendo é como se potencializa a participação dos moradores na construção de uma política inovadora no campo da segurança pública. É fundamental que os moradores, as associações de moradores e as organizações locais sejam reconhecidas não como espectadores, mas como protagonistas na construção das políticas públicas voltadas para a garantia de direitos. Isso é muito importante para que as ações dialoguem com as principais demandas comunitárias. Maré: Como você avalia este momento da Maré? Raquel: Estamos num momento de expectativa em relação ao que vem. Historicamente, a relação das forças de segurança com os espaços populares tem sido muito marcada pela violência. Iniciamos um processo de mobilização e articulação local para construir estratégias inovadoras de afirmação do direito à segurança pública, acreditando muito no potencial da Maré de construir algo novo, que possa inclusive contribuir para repensar políticas para outras áreas da cidade. Da nossa parte, o movimento agora é de fortalecer esse processo de articulação

Maré: A proposta ampliar as formas e os instrumentos de participação?

é

Raquel: É fundamental não só a gente pensar como potencializar a participação, mas a qualidade dessa participação. O processo que estamos construindo junto com os parceiros locais tem um diferencial: é muito marcado pela perspectiva propositiva. Em momento algum vamos deixar de olhar para as violações de direitos. Quando elas ocorrem, são encaminhadas e acompanhadas, mas o trabalho que está sendo proposto vai muito além da denúncia da violação. Na verdade, trabalhamos na perspectiva de construir políticas públicas que evitem que as violações aconteçam; e você não avança nessa direção sem a interlocução direta com os órgãos públicos que têm responsabilidades concretas nesse processo. É neste sentido que estamos propondo a construção de um fórum comunitário que dialogue com representantes dos governos do estado e do município visando à construção de políticas voltadas para a afirmação de direitos. Um ponto concreto que já pautamos coletivamente foi o Protocolo para Atuação das Forças de Segurança (leia na edição 52 ou pela internet em: redesdamare. org.br/?p=11421), que considera dois eixos: a garantia dos direitos fundamentais dos moradores e o controle social da ação das forças policiais. Sobre este último ponto, o protocolo prevê a criação de uma ouvidoria comunitária, que será uma experiência diferente do que temos visto até agora.

“As forças de segurança começam a interferir em práticas que não são atribuição da polícia, a exemplo dos eventos culturais”

Outro tema importante é a regulação do espaço público. Muitos problemas que temos presenciado em outras favelas têm a ver com tensões vinculadas ao processo de regulação, porque as forças de segurança começam a interferir em práticas que não são atribuição da polícia, a exemplo dos eventos culturais (leia mais na pág. 12). A questão é de que maneira a gente contribui para a criação de procedimentos que permitam que a regulação seja construída de forma mais pactuada e respeitosa com as práticas históricas das favelas. E tem o último eixo, que é a construção de um plano de desenvolvimento local estruturante, que envolva um conjunto de políticas públicas integradas para a ampliação de direitos. A ideia é que esse fórum defina metas e indicadores para que possamos avançar em termos de políticas culturais, econômicas, sociais e ambientais na Maré. Todos esses eixos pressupõem como elemento central a participação dos moradores.

Empreendedores se reúnem dia 24/07

O “I Seminário de Empreendedores da Maré: compartilhando experiências e possibilidades” está confirmado para 24 de julho, com o objetivo de contribuir com a elaboração participativa de políticas públicas. Estão convidados comerciantes, prestadores de serviço, representantes de instituições locais e demais interessados. Os participantes receberão gratuitamente um exemplar do novo “Guia de Comércios e Serviços da Maré”, que traça um perfil dos 3.182 empreendimentos locais, que empregam 9.371 pessoas. Do total, 12,3% dos empreendedores têm sua atividade dentro da própria casa. O guia e o evento são iniciativas da Redes da Maré em parceira com o Observatório de Favelas.

Seminário Empreendedores

Quinta, 24/07, de 17h30 às 22h Local: Centro de Artes da Maré (CAM), na Rua Bittencourt Sampaio, 181. Nova Holanda (altura da Passarela 10 da Av. Brasil) Inscrições na Redes (Rua Sargento Silva Nunes, 1.012. Nova Holanda) ou pelo site: redesdamare.org.br

Microcrédito a 3% ao ano na Maré

A Agência Estadual de Fomento (Agerio) inaugurou um ponto de atendimento na Rua Teixeira Ribeiro, 629, loja 09, no Parque Maré, além de contar com um ônibus itinerante. A agência oferece microcrédito orientado a empreendedores, a juros de 0,25% ao mês (3% ao ano). O valor dos empréstimos varia de R$ 300 a R$ 15.000. A loja funciona das 10 às 16h.

Serviço de cartório no P.U.

Foi inaugurada no Parque União uma loja que oferece serviços de autenticação, assessoria jurídica e previdenciária (INSS), além de corretagem de imóveis e orientação para financiamento da Caixa. Fruto de parceria com a Associação de Moradores do Parque União, a Mix Service fica na Rua Darcy Vargas, 69. Os serviços de assessoria jurídica e previdenciária são gratuitos, mas é necessário ligar para marcar horário de atendimento (tel.: 2507-1089 / e-mail: mixservicepu@ gmail.com). A associação luta para que seja aberto no mesmo local um posto de pagamento do Caixa Aqui.

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

Silvia Noronha

O projeto Vozes da Maré Cidadã, do Núcleo Interdisciplinar de Ações para Cidadania (Niac), UFRJ, está recebendo moradores que queiram denunciar violações de direitos relativas à ocupação militar ou sobre outros temas. O núcleo recebe demandas nas áreas jurídica, de assistência social e psicologia. Contatos pelo telefone: 96886-6381 (aceita ligação a cobrar), de segunda a quinta, na parte da tarde.

Elisângela Leite

Instituições locais propõem a construção de políticas públicas integradas e inovadoras para a Maré

Denuncie violações de direitos

Elisângela Leite

Política pública com participação do morador

local, exercitando essa “É fundamental que os construção da forma moradores, as associações de mais coletiva possível de moradores e as organizações equenaa perspectiva segurança tem locais sejam reconhecidas que ir muito além de ação de polícia. O não como espectadores, uma papel da sociedade civil dos moradores neste mas como protagonistas eprocesso pode fazer na construção das políticas muita diferença para que da Maré públicas voltadas para a asejaexperiência algo novo. garantia de direitos”

NOTAS

ENTREVISTA

Davi Marcos

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SEGURANÇA PÚBLICA

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Entretanto, isso não é o que ocorre nas chamadas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nem na Força de Pacificação dos militares federais que ocupam a Maré desde 5 de abril. No caso das UPPs, vale a resolução nº 15, do governo do estado, que dá a palavra para a Polícia Militar. Aqui na Maré, o Exército também instituiu suas próprias normas. Pedro e Edson acham que a população local deve participar do debate para que as decisões não sejam autoritárias. Esse foi um dos temas da reunião entre representantes de instituições locais, dos governos do estado e do município e da chamada Força de Pacificação, em 3 de junho (leia mais nas pág. 10 e 11), no Centro de Artes da Maré (CAM). “O Batalhão da Polícia Militar (ou outro órgão de segurança) até pode negar autorização, mas não como detentor da autoridade sozinho e sim por motivos certos. Não pode ser porque o comandante não quer. No âmbito geral, tem que prevalecer a legislação municipal”, afirma Pedro. Segundo ele, o procedimento padrão para os pedidos de autorização de atividades culturais, como bailes e eventos de maior porte, tem início na Região Administrativa, mas o

Educação Ambiental

Divulgação

MOv Festival Movimento

Sexta, 18 de Julho, a partir das 17h

2ª e 4ª feira, 16h às 17h30 3ª feira, 10h às 11h30 e de 14h às 15h30

Design têxtil

Dança de salão

Festa Gotam Grooves

Divulgação

Sábado, 18h às 20h

Sexta, 25 de Julho

Com as bandas Gotam CRU & os Curingas e Dvata, pocket show do MC Guizo com apresentação da MC Lola Salles. Batalhas de rima e grafite.

Skate

Sábado, 9h às 12h

Oficina do movimento - dança

Sábado, 10h às 12h

Complementação pedagógica

Horário e local a confirmar

Militares, em ronda pela Baixa do Sapateiro, passam no meio de uma tradicional festinha junina, em 27 de junho

organizador deve solicitar também o “nada a opor” do Corpo de Bombeiros e do Batalhão da Polícia Militar da área. Porém, o objetivo é garantir a segurança dos frequentadores e fazer controle do tráfego, se necessário, e não regular a vida cultural da localidade.

Consenso entre vizinhos

virou ponto de grupos de samba, atraindo cada vez mais gente até altas horas. Quem mora no entorno da praça reclama muito do barulho e da sujeira.

“Guardadas as proporções, o caso da Praça de Laranjeiras pode ser um exemplo. O debate lá está ocorrendo entre a prefeitura e a população, que tentam chegar a um consenso. Em nenhum momento as forças de segurança estão neste debate.”

Edson defende a participação dos moradores, pois são eles que devem chegar a um consenso sobre as regras para bailes e também festas de menor porte na rua onde moram. “E esse debate não deve ter interferência militar”, pontua Edson. Ele cita como exemplo o que vem acontecendo atualmente na Praça São Salvador, no bairro de Laranjeiras, zona sul do Rio. Há anos o local

“Guardadas as proporções, o caso da Praça de Laranjeiras pode ser um exemplo. O debate lá está ocorrendo entre a prefeitura e a população, que tentam chegar a um consenso. Em nenhum momento as forças de segurança estão neste debate”, compara ele.

A construção de consenEdson Diniz sos requer diálogo para que um lado não tente impor sua vontade sobre os demais. O debate está apenas começando. “A questão é como construir um novo momento na Maré. Os lados relacionados diretamente aos eventos – sociedade e prefeitura – devem pensar conjuntamente sobre a questão”, propõe Pedro.

R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré Tels.: 3105-6815 / 7871-7692 lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré Twitter: @lonadamare

Na quarta-feira, 23 de julho, haverá o IV Seminário de Educação na Maré, a partir das 13h, na Escola Municipal Bahia. Promovido pelo Programa Criança Petrobras na Maré (PCP Maré), o evento é uma das ações que pretendem contribuir para a formação continuada e troca de experiências entre os profissionais da educação atuantes nas comunidades locais. Estão convidados professores, diretores, coordenadores pedagógicos, estagiários, voluntários das escolas de ensino fundamental que atendem à Maré e demais interessados.

4ª feira, 14h às 16h

3ª edição do Festival de artes integradas.

Conforme já tratado na reportagem de capa “Cultura militarizada”, da edição nº 53, de maio passado, a regulação de eventos pelas forças de segurança continua em debate. Em julho, mais vozes contestaram a adoção de regras diferenciadas para as favelas. O coordenador geral da UPP Social, Pedro Veiga (que é da prefeitura), e o diretor da Redes da Maré, Edson Diniz, entendem que as regras gerais para a realização de eventos na cidade devem ser válidas para todo o território do Rio, sem exceção.

Desenho básico

2ª feira, 10h às 12h

PROGRAMAÇÃO

Naldinho Lourenço

Arte – costura

2ª feira, 8h às 10h

Todos pela educação pública

cultura

Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado Ao lado da Lona, atende a toda a Maré: Amplo acervo, brinquedoteca, gibiteca e empréstimo domiciliar

IV Seminário de Educação na Maré

(!)

Tema: “Segurança Pública e Educação: impactos da violência no cotidiano das escolas” Data: Quarta-feira, 23/07/2014, das 13h às 16h Local: Auditório da Escola Municipal Bahia, Av. Guilherme Maxwell, 243 Convidados: Professores Eduardo Fernandes, coordenador da 4ª CRE; Ignácio Cano, sociologia/Uerj; Miriam Guindani, serviço Social/UFRJ. Mediadora: Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré Informações: 3105-5531 / 3105-5623 / 7848-8341 www.redesdamare.org.br/pcp

EDUCAÇÃO

www.redesdamare.org.br - entrada gratuita

Até o representante da prefeitura defende que a Maré siga as mesmas regras da cidade Silvia Noronha

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

PROGRAME-SE !

OFICINAS

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Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

Regras para eventos devem ser uma só

Lona cultural

Herbert Vianna

Divulgação

MILITARIZ AÇÃO

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Arquivo pessoal

RONDELLI-- Abra a massa de lasanha, passe o requeijão e coloque as fatias de queijo e presunto uma em cima da outra. Corte a massa um pouco maior que as fatias de queijo e presunto. Logo depois, enrole a massa. MOLHO-- Refogar o alho e a cebola no azeite. Colocar o creme de leite, requeijão, leite, pimenta e o cominho. Deixar cozinhar de 1 a 2 minutos. Mexa o molho até ter uma consistência mais firme. Quando o molho estiver com uma forma mais firme, desligue o fogo e acrescente o queijo, mexendo bem, para ele não grudar. Com o molho cubra o rondelli que deve estar previamente arrumado em uma assadeira. Leve ao forno por 20 minutos. Antes de servir cubra com o queijo parmesão ralado.

Mostra Maré de Artes Cênicas

Segunda-feira

“Histórias da Mãe África”

Terça-feira

Espetáculo de teatro infantil com direção de Cacá Mourthé e interpretação de Priscila Camargo

Dança de Rua Introdução ao ballet

domingo, 27/07, às 17h

Ballet Dança contemporânea Consciência corporal Percussão

“FINITA”

sábado, dia 26/07, às 18h

Quarta feira

Espetáculo de dança com Denise Stutz, grande nome no cenário da dança no Brasil e uma das fundadoras do Grupo Corpo.

Dança Criativa Dança contemporânea

Quinta-feira

Ballet Dança contemporânea Dança criativa

Sexta-feira

Dança de salão

ATIVIDADES GRATUITAS ELDM estará em recesso entre 14/07 e 03/08.

R. Bitencourt Sampaio, 181, Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 De 2 a a 6a, de 14h às 21h30

Terceira edição do Travessias terá mais interação com a Maré, provocando o visitante a enxergar o mundo sob outros ângulos

A partir do dia 23 de agosto, estamos todos convidados a esquecer o óbvio, a sair da lógica padronizada da sociedade capitalista e a enxergar o mundo atual por outros ângulos.A terceira edição do Travessias - Arte Contemporânea na Maré promete ser como um parque “A arte cheio de surpresas e também com muita é sempre uma provointeração com a favela. Para a exposição cação, tem que desafiar, senão deste ano, no Galpão Bela Maré, fica chato. Se você vai aberto para uma a coisa te pega. O que se faz hoje na Nova Holanda, sete artistas e naexposição, arte contemporânea é uma tentativa de entender o coletivo de fotógrafos do o que está acontecendo no mundo”, esclarece Daniel Imagens do Povo foram Senise, curador do Travessias 3. convidados. Segundo ele, nós somos induzidos a achar que arte é a

CULTURA

Oficinas da Escola Livre de Dança da Maré

Silvia Noronha

Obra de Luiz Zerbini: “Natureza espiritual da realidade II”

Monalisa pendurada no quadro, na sala bem iluminada de um museu. A Monalisa foi um trabalho contemporâneo na época de Leonardo da Vinci e foi genial, porque ele usou técnicas que não existiam naqueles idos do século 16. A arte, portanto, tem uma trajetória de ampliar as formas de expressão, conforme explica Senise.

Travessias 3

(!)

Arte contemporânea na Maré

“Para estarmos numa sociedade mais equilibrada todos os setores têm de estar incluídos nas atividades culturais. É bom ter artes visuais em qualquer lugar, na Maré também.”

Abertura: 23 de agosto, Temporada: Até 16 de novembro 3a, 4a, sáb. e dom., das 10h às 18h 5a e 6a, das 10h às 20h Artistas: Barrão, Dora Longo Bahia, Sandra Kogut, Mauro Restife, Jonathas de Andrade, Cao Guimarães, Luiz Zerbini e fotógrafos do Imagens do Povo. Local: Galpão Bela Maré (Rua Bittencourt Sampaio, 169, entre as passarelas 9 e 10 da Av. Brasil). (21) 3105-1148 / www.travessias.org.br Realização: Observatório de Favelas e Automatica. Entrada gratuita!

Guga Melgar

INGREDIENTES -- • 9 fatias de presunto (a gosto) • 9 fatias de queijo mussarela (a gosto) • 300g de massa de lasanha MOLHO-- • 3 colheres de azeite • 1 cebola pequena picada • 1 colher de margarina • 1 caixa de creme de leite • ½ litros de leite • 1 copo de requeijão • Pimenta e cominho (a gosto) • 1 colher de sobremesa de sal • 1 caldo Knorr • 150g de queijo parmesão ralado

PREPARO:

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Arte contemporânea pra quê?

Rondelli de presunto e queijo ao molho branco

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com a M ração aré e t In Quase

todas as obras serão inéditas. “Procuramos artistas que tendem a ter obras que se comunicam com o território onde o trabalho está sendo mostrado. Este ano esta característica será mais forte”, ressalta o curador. Uma das artistas, a Dora Longo Bahia, por exemplo, está fazendo um vídeo com atores da comunidade e uma tela de pintura. Além disso, como ela tem uma banda, Dora vai tocar um dia na Maré.

O segundo andar do galpão terá um espaço chamado Miolo, onde vários artistas estão preparando trabalhos afetivos, de memória e de informação sobre a Maré, com possibiE por lidades de interação com o visitante. Estará lá a maque fazer uma exquete proposta na edição anterior pelo arquiteto posição dessas na favela? Pedro Evora, que inicialmente mostrava só “Porque a intenção do projeto é a Nova Holanda e está sendo expanmostrar que para estarmos numa sodida com as outras favelas ciedade mais equilibrada todos os setolocais. res têm de estar incluídos nas atividades culturais. É bom ter artes visuais na Maré porque é legal ter artes visuais em qualquer lugar, na Maré também”, ressalta o organizador do Travessias 3. Daniel Senise

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

RECEITA - Por: Itamar Isidoro, a Tânia da Principal

Renato Mangolin

CULTURA

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ESPAÇO ABERTO

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Desenho das alunas do Preparatório

pra Maré participar do Maré

Iana Carolina, Adriany e Fabia, amigas e colegas do curso Preparatório para o 6º Ano, do PCP Maré, coloriram estes lindos desenhos especialmente para colocarmos no jornal. Os desenhos são lindinhos e as carinhas felizes da foto transmitem uma alegria contagiante! Parabéns, meninas!

Garanta o seu jornal

Moradores

da sua comunidade! todos os meses!

Envie seu desenho, foto, poesia, piada, receita ou sugestão de matéria. Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 – Nova Holanda Tel.: 3104-3276 E-mail: comunicacao@redesdamare.org.br

Promoção, pro mocinho e pra mocinha Ok, a piadinha do título aí de cima foi triste, né. Quisemos apenas chamar a atenção do leitor para participar de uma promoção criada pela moradora Aline Melo, que é presidente do fã clube Enrique Iglesias Brasil. Ela vai sortear um kit com camiseta, CD e um brinde especial, tudo voltado especialmente para as fãs do Enrique Iglesias e também do Luan Santana. Entre em contato até 15 de agosto, dizendo que quer participar da promoção. Não perca! Envie logo um e-mail para: alinesepanhol@gmail.com

Aramis Assis

Maré de Notícias No 55 - julho / 2014

Busque um exemplar na Associação de

A capa que poderia ter sido mas não foi O Maré de Notícias foi parar no Instituto Infnet. Vejam só a capa desenvolvida por Valmir Gomes, aluno do designer do jornal, Pablo Ramos, que dá aulas nessa instituição. Ficou bem bacana, né!?

Bate papo de impressoras: Esse papel é seu ou é impressão minha?

papo doido II

Rindo at o a Hélio Eucides

)

papo doido I

- joãozinho, O que o geógrafo acha da Terra? - a mesma coisa do bêbado, professora... ambos acreditam que a Terra gira!


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