Maré de Notícias #59

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Beleza negra

Mídia em movimento Show na Lona com Dudu de Morro

Ainda nos dias de hoje, a mulher negra sofre preconceitos e enfrenta situações sociais menos favoráveis, como taxa de desemprego mais elevada do que a dos brancos e salários mais baixos. Nesta edição, relatamos algumas situações vividas por moradoras e mostramos iniciativas de valorização da identidade da mulher negra. Pág. 8 a 12

Agudo e Bhega divulga filme sobre comunicação comunitária. Pág. 15

Direitos

N

Campanha

Pelos jovens negros vivos. Pág. 2

Água na boca!

1ª Miss

Black Po wer do B ra

sil

Tapioca de sucesso e receita de bolo de aipim. Pág. 14 e 15 Rosilene Miliotti / Imagens do Povo

Elisângela Leite

As moradoras Vitória (de cabelo crespo), Margarida e Vera

Jorge Fe rreira / C F

Elisângela Leite

Crianças e adolescentes da Maré tiram suas propostas. Pág. 4

Elisânge la Leite

novembro de 2014 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita

o

59

c Valnei Suc

Ano V, No

Centro de Artes Pág. 13 Lona da Maré Pág. 15 Militar circula com câmera acoplada ao capacete

Segurança para quem? Ação dos militares na Maré é questionada por moradores, líderes comunitários e organizações da sociedade civil. As denúncias contra os militares, em geral acusados de abuso de autoridade, aumentaram nos últimos meses. Pág. 6 e 7


...A ver navios

Mês de luta contra o racismo

O quadro social no Brasil não disfarça as diferenças raciais que ainda marcam a nossa história. Trata-se de uma característica explícita que pode ser vista por onde quer que se olhe. Nas universidades públicas, ainda há mais brancos, não obstante os avanços possíveis a partir das cotas. Nos cargos gerenciais das empresas acontece o mesmo. Por outro lado, os negros são maioria nas prisões e no número de pessoas assassinadas no país. Ganham menos e possuem menos anos de escolaridade. Esse perfil de sociedade dá sinais de que precisamos mudar – e muito. Trata-se de um tema bem perto de todos nós. Aqui mesmo na Maré, segundo o IBGE, cerca de 60% dos moradores são pretos ou pardos (como classifica oficialmente o instituto). No mês da Consciência Negra deste ano, decidimos contribuir trazendo reflexões sobre a condição da mulher negra (leia a partir da página 8). A ideia é lembrar que a luta contra o racismo passa pelo fortalecimento da identidade da pessoa negra. Vamos refletir?

A todos e todas, boa leitura!

Expediente Instituição Proponente

Redes de Desenvolvimento da Maré

Diretoria

Andréia Martins Eblin Joseph Farage (Licenciada) Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir Patrícia Sales Vianna

Instituição Parceira

Observatório de Favelas

Apoio

Ação Comunitária do Brasil Administração do Piscinão de Ramos Associação Comunitária Roquete Pinto Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança

ano sem píer no P m u e arq is d ue U a M

res o d sca nião deixa os pe

em situaç ão di fícil

Maré de Notícias No 59 - novembro / 2014

Editorial

CARTAS

Jovem negro vivo Exemplares do Maré de Notícias integram a Campanha Jovem Negro Vivo, lançada pela Anistia Internacional Brasil, no Aterro do Flamengo. A iniciativa visa mobilizar a sociedade e romper com a indiferença em relação à morte dos jovens. Em 2012, 56.000 pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30.000 eram jovens entre 15 a 29 anos e, deste total, 77% deles negros. A maioria dos homicídios é praticado por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser julgados. A Anistia está recolhendo assinaturas para fortalecer o manifesto “Queremos ver os jovens vivos” (site da campanha: https://anistia.org.br/campanhas/jovemnegrovivo).

Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias

Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros

Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros

Luta pela Paz

Associação de Moradores do Morro do Timbau

União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro

Associação de Moradores do Parque Ecológico

União Esportiva Vila Olímpica da Maré

Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos

Editora executiva e jornalista responsável

Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz

Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)

Associação de Moradores do Parque União

Editor assistente

Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)

Repórteres e redatores

Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda

Fabíola Loureiro (estagiária) Rosilene Miliotti

Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa (CRMM) Conexão G Conjunto Habitacional Nova Maré

Hélio Euclides

Logomarca

Os artigos assinados não representam a opinião do jornal.

Colaboradores

Permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte.

Anabela Paiva André de Lucena Numim/ Redes da Maré

Coordenadores de distribuição Luiz Gonzaga

Associação de Moradores do Parque Maré

Associação de Moradores da Vila do João

O estado desolador do espaço dos pescadores após a interrupção das obras

Monica Soffiatti

Fotógrafa

Elisângela Leite

Proj. gráfico e diagramação

Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br

Impressão

Gráfica Jornal do Commercio

Tiragem

40.000 exemplares

Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21)3104-3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br

Pablo Ramos

/redesdamare

@redesdamare

Parceiros:

3 POVOS DA BAÍA

HUMOR - André de Lucena: “A velocidade da moda”

Divulgação

Maré de Notícias No 59 - novembro / 2014

EDITORIAL

2

Elisângela Leite

Pescadores já planejam um protesto com um bolo por mais de um ano sem píer na colônia do Parque União. A obra virou novela e já foi paralisada diversas vezes. “Procurei o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e dessa vez alegaram que a obra parou por falta de segurança e furto de material. Prometeram uma visita, estou aguardando até hoje o agendamento para mostrar que o material está todo guardado”, conta Reinaldo Alberto da Silva, conhecido como Coelho.

“Não pedi nada, vieram e ofereceram, no final das contas só prometeram o píer, rampa nova e melhoria do entorno. Era melhor antes, mexeram e ficou inacabado” Reinaldo Alberto da Silva, o Coelho, pescador

Em 7 de novembro, a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) informou ao Maré de Notícias que a empresa contratada para a execução das obras, a Construtora Fleming, solicitou o cancelamento do contrato. “A SEA vai iniciar novo processo de licitação de prestador de serviço para retomar as obras no próximo ano”, se comprometeu a SEA, por meio de sua assessoria de comunicação. A placa de divulgação da obra até caiu. Nela constava a data inicial de agosto de 2013, para a obra de implantação de píers no Canal do Fundão, construção e instalação de infraestrutura náutica. A intervenção é feita com recursos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam).

“Tenho medo, pois depois de 1º de janeiro muda a gestão e tudo fica mais difícil. Não pedi nada, vieram e ofereceram, no final das contas só prometeram o píer, rampa nova e melhoria do entorno. Era melhor antes, mexeram e ficou inacabado”, reclama Coelho, temendo ficar sem a conclusão da obra. O estado do lugar é desolador. Até sem rampa os pescadores ficaram. A antiga foi quebrada em outubro do ano passado para a construção do píer; e até agora nada. Quer saber como é a vida de pescador da Maré? Leia nas próximas edições!


O evento que aconteceu em 17 de outubro, no Centro de Artes da Maré, teve em torno de 200 participantes, entre crianças, adolescentes e adultos. As propostas serão apresentadas para aprovação nas conferências preparatórias para a Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que será realizada em 2015.

O estudante Jonathan Luiz, 10 anos, participou dos grupos de trabalho e gostou da conferência: “Achei uma ideia boa, teve a participação de pessoas variadas e também adultos. Dei uma ajuda no grupo e surgiram várias propostas diferentes”, contou ele. A também estudante Iana Carolina, 10 anos, acha que o evento teve uma boa

Notas Antonio Bezerra, coordenador do projeto Fla/UEVOM da Vila Olímpica da Maré, recebeu o prêmio de Personalidade do Futsal , na categoria Melhor Treinador de Goleiro, concedido pela Federação de Futebol de Salão do Estado do Rio de Janeiro, em comemoração aos 60 anos da instituição.

participação. “É importante saber a nossa opinião. E não é todo dia que podemos expressar nossa opinião, sem que outras pessoas se intrometam. Um dos exemplos que me chamou atenção foi quando sugeriram: ‘Você bate em uma flor? Não. Então não devemos bater em uma mulher’”, finalizou Iana.

“Estou feliz e surpreso com o prêmio. Apesar de ter ganhado várias competições e ter treinado grandes goleiros do futsal, não imaginava que tinha contribuído tanto para o esporte”, brinca Bezerra, que estava pensando em parar de trabalhar com gestão de projetos sociais e já repensa a decisão. “Meus goleiros atuais ficaram orgulhosos por saber da minha história pelas redes sociais. E acho que agora a coisa mudou, amo o que faço. Estou com 42 anos e agora que me toquei que sou referência no treinamento de goleiro, isso é muito bom”, afirma ele

Eleições no Parque Maré Jeová Barbosa da Silva é o novo presidente da Associação de Moradores do Parque Maré. Na diretoria anterior, ele era tesoureiro. José Gomes Barbosa, o Carlinhos, que era o presidente, assumiu a diretoria social. A assembleia ocorreu em 10 de outubro, na presença de diversas lideranças da Maré e do presidente da Federação das Associações de Favelas (Faferj), Rossino Castro Diniz. Como não foi apresentada nenhuma chapa de oposição, foi declarada vencedora a única chapa concorrente.

Segundo Gisele Martins, coordenadora da Equipe Social da Redes da Maré, instituição que organiza o evento local e integra o Conselho Nacional, o objetivo foi discutir a forma como as crianças e adolescentes gostariam que as políticas públicas se desenvolvessem na Maré e nos demais espaços populares. Evento contou com a participação ativa das crianças, que gostaram de ser ouvidas

A Faferj informou que em janeiro haverá eleições na Maré para escolha de presidente em duas associações, Nova Holanda e Morro do Timbau.

P Prrooppoossttaass 1. Eixo Educação: * Garantir na educação básica um currículo que contemple temáticas como direitos humanos, prevenção de substâncias psicoativas, diversidade sexual e de gênero, território e demais temas conexos aos direitos das crianças e adolescentes; * Promover o acesso aos equipamentos escolares, inclusive nos finais de semana, como espaços de lazer e convivência comunitária, com atividades esportivas e culturais em parceria com as instituições locais; * Fortalecer os espaços democráticos nas escolas com a participação dos setores locais nas diversas políticas, tais como saúde, esporte e lazer, segurança pública, cultura etc., possibilitando ainda o protagonismo dos estudantes, de seus familiares e de toda comunidade local; * Garantir o acesso das crianças e adolescentes com deficiência nas escolas públicas com espaços integrados e adaptados

às diversas necessidades periodicamente.

com

profissionais

capacitados

2. Eixo Segurança Pública: * Criar políticas voltadas ao enfrentamento e erradicação do trabalho de crianças e adolescente no tráfico de drogas; * Fortalecer e exigir dos órgãos de defesa dos direitos da criança e do adolescente um posicionamento público contrário à redução da maioridade penal e às diversas formas de violência contra crianças e adolescentes; * Potencializar a atribuição dos Conselhos Tutelares de sistematizar e encaminhar as denúncias e demandas locais aos órgãos competentes para o planejamento de políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes; * Fiscalizar e potencializar as instituições socioeducativas.

334 fica pouco mais de um mês na Maré Na edição 56, de agosto passado, o Maré de Notícias trazia a boa notícia de mais uma linha de ônibus. Infelizmente a linha 334 parou de circular pela Maré em 19 de setembro. A empresa Gire informou que a linha teve o itinerário alterado. A opção agora é utilizar a linha 919 Pavuna X Morro do Timbau. A Secretaria Municipal de Transportes disse que autorizou a alteração com base em estudos técnicos. A linha 334 passou a ser denominada Cordovil - INTO via Praça das Nações. A Secretaria esclarece que, dentro das cláusulas de obrigações contratuais, as empresas de ônibus devem prestar todas as informações necessárias aos usuários sobre a execução dos serviços, como comunicar a alteração de itinerários. Os leitores que se sentirem prejudicados podem registrar suas reclamações por meio do telefone da Central de Atendimento ao Cidadão 1746.

Alguém aí fora da escola? Matricule-se e volte a estudar em 2015

Victor na Cidade das Artes

A rede municipal de educação está com inscrições para matrículas abertas para novos alunos de qualquer faixa etária, inclusive jovens e adultos. O calendário vale também para os que desejam pedir transferência de unidade e para ex-alunos. Os responsáveis devem fazer primeiro uma pré-matrícula pela internet para depois efetivar a inscrição. Alunos que já estudam na rede municipal terão a matrícula renovada automaticamente.

Victor Pereira Santos, morador do Salsa e Merengue, participará de uma exposição coletiva de artistas que pintam com a boca e os pés, na Cidade das Artes, da Barra da Tijuca. Segundo ele, a abertura do evento está marcada para o dia 3 de dezembro. Para saber mais, visite a página do Victor no facebook: Art pesant.

Acesse o site: www.matriculadigital.rioeduca.rio.gov.br e esteja atento para o calendário abaixo. Quem quiser, poderá acessar a internet em um dos 56 pontos disponibilizados gratuitamente pela prefeitura. Para os moradores, o local mais próximo é na Escola Municipal Bahia, na Av. Guilherme Maxwell, 243, perto da Av. Brasil. Períodos de inscrição: 04/11/2014 a 07/12/2014: Pré-escola, 1º ao 9º Ano e EJA 09/12/2014 a 10/12/2014: Resultado classificação GEO 11/12/2014 a 17/12/2014: Resultado da Pré ao 2º Ano 08/01/2015 a 16/01/2015: Resultado do 3º ao 9º Ano e EJA 23/01/2015 a 29/01/2015: Inscrição: 2º momento

Maré de Notícias No 59 - novembro / 2014

Maré de Notícias No 59 - novembro / 2014

Elisângela Leite

Rosilene Miliotti

Personalidade do futsal

Evento realizado em outubro na Maré encaminhará propostas para a Conferência Nacional em 2015 Fabíola Loureiro

O que acontece e o que não deixa de acontecer por aqui

Rosilene Miliotti

A voz e a vez da garotada

5

Reprodução

EDUCAÇÃO

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Direito à segurança pública ainda distante dos moradores, que denunciam o aumento de violações cometidas pelas Forças Armadas na Maré Silvia Noronha

A presença da chamada Força de Pacificação não alterou o panorama da segurança pública nas comunidades do bairro. Desde 5 de abril, quando teve início a ocupação pelas Forças Armadas, pelo menos 11 pessoas foram mortas na Maré em diferentes situações. Outras duas mortes por arma de fogo ocorreram durante a permanência do Bope e do Batalhão de Choque no período que antecedeu a chegada das forças federais

(de 21/03 a 04/04), totalizando 13 homicídios relacionados à falta de segurança pública em sete meses e meio.

soldados do Exército também têm quebrado cadeados dos prédios para subir nas lajes, colocando o morador em risco.

Além disso, moradores e participantes do Maré que Queremos, projeto que reúne líderes comunitários e representantes de organizações da sociedade civil, denunciam o aumento do número de casos de abusos cometidos pelos homens das Forças Armadas.

“O cidadão não tem mais tranquilidade para entrar e sair de casa. Peço às autoridades para rever seu modo de ação, para atuar com inteligência e não com poder bélico”, enfatiza ele.

“O Exército vem cometendo as mesmas atrocidades que a Polícia Militar na Maré. O Exército não pode receber R$ 1,2 milhão por dia em nome de uma pacificação e fazer um controle de território sem inteligência e sem resultar na efetiva melhoria para o morador”, afirma Eliana Sousa Silva, diretora da Redes da Maré. O valor citado é o custo do governo federal para manter as Forças Armadas aqui. O presidente da Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Esperança, Pedro Francisco dos Santos, relata vários episódios de abuso de autoridade, dentre eles um jovem de 17 anos, que foi espancado por militares (leia mais no Box) e uma menina de 12 anos que foi ameaçada pela Força de Pacificação e agora está com pânico de sair de casa. Os

Sem poder registrar queixa na DP Na Vila do João, até o presidente da Associação de Moradores, Marco Antônio Barcellos, o Marquinho Gargalo, foi ameaçado de prisão ao pegar os militares em flagrante, arrobando a casa de um morador, sem mandado judicial. Segundo ele, as violações aumentaram nos últimos cinco meses e em 24 de outubro um trabalhador foi assassinado durante uma confusão na rua. Para conter a confusão, os militares deram tiros de arma de fogo fogo que, segundo moradores, atingiram duas pessoas; um deles não resistiu e morreu.

“Os casos de abuso e o número de homicídios aumentaram. E a comunidade ainda está perdendo a tradição de eventos, como pagode e funk, porque é difícil conseguir liberação”, acrescenta o presidente da Associação de Moradores da Baixa do Sapateiro, Charles Guimarães. Os participantes do Maré que Queremos solicitaram audiência com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, para tratar dessa situação.

Elisângela Leite

Um dos aspectos mais graves refere-se à impossibilidade de os moradores registrarem queixa contra os abusos na delegacia. Isto porque a Maré está sob uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que dá poder de polícia às Forças Armadas. Os abusos só podem ser registrados aos próprios militares federais.

Eliana Sousa sobre a trincheira “Segurança para quem?”, questionou Pinheiro (mostrada na foto) do de guerra dos militares na entrada

Conheça dois casos denunciados por moradores “Estava na esquina com dois amigos quando veio o jipe dos militares, entrou na rua voado e enquadrou a gente. ‘Encosta aí, encosta aí’. Me encostaram na parede, me chutando, xingando. “Documento’. Eu falei: ‘Calma, está aqui. Isso é abordagem? Não precisa chutar!’. Na hora que fui olhar, eles jogaram spray (de pimenta) no meu rosto. Começou a arder, comecei a esfregar, quanto mais esfregava, mais ardia. Fui falar com eles de novo: ‘Não tem necessidade disso não; sou trabalhador’. Jogaram de novo o spray com mais força, entrou na minha boca, no meu nariz. Em momento nenhum xinguei eles; agarraram no meu braço e me botaram dentro do jipe; e no meu outro colega deram um tiro na barriga dele (de bala de borracha). Levaram nós dois pro CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, base dos militares na Av. Brasil). Eu lembro de quem me tacou. O nome dele era Paulo, mas ele saiu de moto com mais dois. Botaram a gente num contêiner, nisso veio um senhor e perguntou o que houve. Eu comecei a relatar o fato. Ficamos até as 5h da manhã (a abordagem na rua tinha sido às 21h40). Depois assinamos um montão de livro, não explicaram nada, foi

daí que deram uma folha lá de desacato, de coisa que não fiz. Não me obrigaram, mas fomos assinando. Me levaram para 21ª DP, de lá me levaram para Bangu 10, onde fiquei dois dias. Não desejo para ninguém. Eu ganho um salário mínimo; graças a Deus minha mãe e meu padrasto pagaram a metade da fiança (de R$ 2 mil) e também o pessoal da igreja. Estou respondendo. Tenho audiência no dia 12.” Vicente de Melo, 29 anos, morador do Conjunto Bento Ribeiro Dantas, auxiliar de jardineiro, casado, um filho

“Sou mãe de um adolescente de 17 anos. Vou dar um grito de desespero de dois meses, um grito de uma mãe que não está conseguindo mais dormir, porque um garoto de 17 anos quer ir para rua e você não pode conter. Ele trabalhando... (os militares) pegaram ele, colocaram ele atrás daquele carro, puxaram ele, falaram: ‘Você mesmo’. Confundiram ele com alguém. Arrebentaram ele atrás desse carro. Sorte que ele conseguiu correr, largou a moto e veio para casa com os mototáxis, que ajudaram ele. Ele entrou

no meu quarto desesperado: ‘Mãe, olha o que fizeram comigo’. Com a cara inchada, a orelha sangrando. Fui em frente à paróquia, fui falar (com os militares), todos eles ficaram calados. Fiquei de 2h30 até 4h da manhã e eles dizendo que estavam passando um rádio, foi mentira, porque cheguei ao CPOR e ninguém sabia de nada. Fiz raio-x do maxilar, do rosto, fui na 21ª DP, falaram que eu não podia fazer ocorrência contra eles, que eu tinha que ir lá neles e eu fui lá falar a ocorrência e até hoje não deu em nada. Dois meses já e nesses dois meses meu filho já sofreu outra. Tiraram ele do trabalho e jogaram ele dentro do prédio. ‘Vem aqui, neguinho, você nós já pegamos de madrugada’. E assim está acontecendo. Ele saiu do trabalho porque estão implicando com ele direto. Por que? Porque é preto, mora na favela? Meu filho é trabalhador. Já virou (rixa) pessoal, eles (os militares) riem, debocham da cara dele”. Angélica Moreira de Jesus Nascimento, moradora do Conjunto Esperança, mãe de adolescente de 17 anos que já sofreu quatro ameaças de um mesmo grupo de militares

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Tensão e mortes

Segurança Pública

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Rosilene Miliotti / Imagens do Povo

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SEGURANÇA PÚBLICA

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Mulheres negras sofrem mais com preconceito racial e social, como desemprego e salários baixos. Fortalecer a identidade negra é fundamental para chegarmos a uma sociedade mais tolerante com as diferenças

Dia a dia mais difícil As duas queixas mais ouvidas durante a apuração desta reportagem foram discriminação nas lojas e no mercado de trabalho. É mais difícil conseguir emprego sendo negra e tendo o cabelo crespo. Vera Lucia Jorge, 58 anos, dona de casa, moradora da Vila do João, afirmou no início da entrevista que nunca havia sofrido preconceito. Mas depois pensou e logo lembrou de uma perseguição dentro de um mercado na Nova Holanda, isso já há alguns anos.

Rosilene Miliotti

A assistente social Erika Fernanda de Carvalho, coordenadora do Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa (CRMM-CR), situado na Vila do João, diz que cerca de 70% das mulheres atendidas na unidade são negras. Muitas delas sofrem com a imposição do padrão de mulher que se sobrepõe em nossa sociedade, que é a branca de cabelos lisos, olhos claros e rica. Um estereótipo que serve ao modo de sociedade em que vivemos, que ainda precisa avançar muito para acabar com os preconceitos, seja de raça, de gênero ou de orientação sexual. O CRMM, projeto da UFRJ, não tem uma política específica para o atendimento de mulheres negras, porque entende que elas são sujeitos, sejam brancas, negras ou indígenas. A maior parte das pessoas atendidas são moradoras que sofreram algum tipo de violência doméstica, seja física ou emocional. “Mas não podemos tratar todas da mesma forma só porque sofreram violência; cada uma é uma expressão singular desse fenômeno e a condição social, de raça, gênero não deve ser impeditivo para que ela acesse seus direitos de forma plena”, explica Erika. Segundo Izabel Solyszko, também assistente social, a maior parte das mulheres não chega ao CRMM se reconhecendo como vítima de violência. Muitas não sabem nem que têm o direito de ter direito, como já sinalizado pela filósofa Marilena Chauí. “Talvez a gente nunca tenha recebido uma queixa de racismo, mas ouvimos isso em atendimento individual e nas oficinas. Ouvimos que elas não são identificadas como clientes quando entram nas lojas e relatam discriminação por morar no bairro Maré. Muitas dizem que moram em Manguinhos, mas não falam que moram na Vila do João”. A assistente social ressalta que a mulher negra também é menos valorizada no mercado de trabalho. “O homem branco ganha mais, o homem negro e a mulher branca recebem quase a mesma coisa. Já a condição da mulher negra nunca muda na faixa salarial. Além disso, na questão da maternidade, a taxa de mortalidade materna se reduziu nos últimos anos, menos entre as mulheres negras, que chega a ser 10 vezes maior do que a mortalidade materna das mulheres brancas. A desigualdade de classe, associada à desigualdade de raça, traz para as mulheres que a gente atende um componente de exposição e de maior vulnerabilidade”, analisa Izabel.

Mulheres negras

12.5%

Taxa de desemprego da população acima dos Mulheres 16 anos

brancas

9.2% Homens negros

6.6% Homens brancos

5.3%

Fonte: Retratos das Desigualdade de Gênero e Raça, Ipea, 2011. Para saber mais: http://www.ipea.gov.br/ retrato/pdf/revista.pdf

Homens brancos

R$ 1.491.

00

Média salarial

Mulheres brancas

R$ 957.00 Homens negros

R$ 833.50 Mulheres negras

R$ 544.40

“O que me deixou mais revoltada é que o segurança do mercado era negro igual a mim. Eu disse a ele que não ia roubar nada e que tinha dinheiro para comprar. Ele disse que não estava me perseguindo e logo se afastou. Outra vez, eu entrei no ônibus, ia fazer compras em Bonsucesso, aí uma senhora branca tirou o relógio bem rápido e o escondeu. Eu tinha 39 anos na época e minha vontade era de dar uma coça naquela mulher, mas falei pra ela que se eu fosse uma ladra, ela não teria tempo de tirar o relógio. Aí as pessoas no ônibus começaram a avançar na mulher e ela desceu no ponto seguinte”, conta.

se reduziu nos a n er at m e ad lid ta or m e “A taxa d mulheres negras, as e tr en os en m , os an últimos mais do que a das s ze ve 10 r se a a eg ch e qu de classe, e ad d al u ig es d A s. ca n ra mulheres b ça, traz para as ra e d e ad d al u ig es d à a associad um componente e d en at te en g a e u q es mulher vulnerabilidade” or ai m e d e ão iç os p ex e d MM Izabel Solyszko, do CR Já Margarida Maria de Jesus, 65 anos, aposentada e também moradora da Vila do João, logo se lembrou de um fato quando ela ainda trabalhava no setor de limpeza no centro da cidade. “Quanta humilhação passei quando ia receber meu pagamento. Eu entrava no banco, sempre acompanhada com outras pessoas do trabalho (todas de pele clara) e o segurança logo me parava e perguntava se eu queria alguma informação. Eu respondia que não. Minha encarregada me chamava e dizia aos seguranças que eu estava com ela. O sentimento é de humilhação, mas fazer o quê, se não posso mudar de cor? Se a pessoa for negra e com dinheiro, ela tem os direitos garantidos. Mas não vejo pobre, favelado, negro reclamar os direitos e conseguir mudar alguma coisa. Olha só a desvantagem que eu tenho, sou preta e pobre”, lamenta ela, para quem o preconceito é ainda mais visível contra pessoas negras de classe econômica mais baixa. Erika ressalta que as instituições que atuam na Maré têm responsabilidade de fazer com que essas mulheres sejam vistas como sujeitos de direito, que negras e brancas possam se unir para lutar por uma sociedade mais igual, tanto para homens quanto para as mulheres; e que as diferenças de cor ou de gênero possam ser vistas como algo positivo e não como

Raça e Gênero

Racismo tem CEP e gênero

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Maré de Notícias No 59 - novembro / 2014

RAÇA E GÊNERO

8


“As mulheres negras que estão na mídia estão embranquecendo. Essas celebridades têm responsabilidade no resgate de identidade. Elas são seguidas pela juventude e o que elas fazem se torna referência”, diz Erika. Mas é bom lembrar da atriz Taís Araújo e da cantora Margareth Menezes, por exemplo, que defendem o resgate da identidade negra. Entretanto, de acordo com uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), as mulheres negras não estão tanto

Margarida Maria de Je

Elisângela Leite

sus, da Vila do João

Além da atuação na TV e no cinema, não podemos esquecer a figura da mulata, mulher negra exuberante, objeto sexual, ligada ao carnaval. Outro exemplo são os modelos de propaganda de cuecas, sempre homens, em geral, negros e com corpos bem desenhados. “No Brasil ninguém é 100% branco, mas o que prevalece no mundo publicitário é esse modelo, a exemplo do comercial de margarina. Temos poucos negros na publicidade; quando temos é a cota ou sob a exploração do corpo”, reflete Erika.

“Meu cabelo enrolado, todos querem imitar...” Muitas iniciativas vêm acontecendo no país pela valorização da identidade negra, especialmente neste mês da consciência negra, em novembro. Uma das surpresas da São Paulo Fashion Week deste ano, por exemplo, foi o desfile de cabelos crespos pelos corredores do evento. Nas ruas da Maré, notamos que as meninas estão começando a adotar o famoso estilo black power e a assumir os cachos. Vitória Rosa, de 14 anos, moradora da Nova Holanda, já alisou o cabelo, não gostou do resultado e diz que se sente linda com seus cachos. “Lavo o cabelo todos os dias e acho que as brasileiras não gostam do cabelo crespo porque dá trabalho, mas elas não sabem o quanto é bom e bonito”, frisa. No dia 8 de novembro aconteceu, aqui no Rio, o 1º Miss Black Power, iniciativa do Mercado Di Preta, uma oportunidade para discutir assuntos relacionados ao cotidiano

Reprodução do grafi tti do CRMM

o se reflete no Izabel: racism trabalho mercado de

Erika, do CRMM: diferenças de cor ou vistas como algo positivo e não com de gênero o objeto de opressão e desigualdade

Paula Azeviche, uma das criadoras do Mercado Di Preta, diz que nem sempre as pessoas entendem a proposta do evento. “O Miss Black Power é um espaço de representação sócio racial valioso. Depois que a pessoa faz parte de um concurso como esse é difícil ser a mesma porque as escolhidas acabam se tornando uma referência”, diz ela. Cinquenta mulheres de diferentes estados se inscreveram, e quem levou o primeiro lugar foi a baiana Maria Priscilla de Jesus, seguida da também baiana Jaciene Mendes Souza e da mineira Elaine Serafim de Freitas. Outra iniciativa voltada para as mulheres é o blog blogueirasnegras.org, que conta com várias articulistas sempre marcando posição contra iniciativas racistas e preconceituosas.

As três finalistas do 1º Miss Black Power

ovidas, respectivaMargarida e Vera foram rem Esqueleto; conhedo mente da favela do Pinto e se tornaram amigas e ceram-se na Nova Holanda es adr e com

da pessoa negra de maneira leve e democrática.

Raça e Gênero

Negras x mídia

nas telas de cinema quanto as brancas. Apesar de ser a maior parte da população feminina do país (51,7%), as negras apareceram em menos de dois a cada dez longas metragens entre 2002 e 2012. Atrizes pretas e pardas representaram apenas 4,4% do elenco principal dos filmes nacionais.

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“No comercial de fralda só tem criança branca d olho azul. Quase não teme comercial de produtos para o nosso cabelo, quando aparece é produ to para alisar o cabelo. Aqui mesmo, dentro da favela, não tem salão especializado em cabelo crespo. Quando a gente chega, já querem alisar”

Jorge Ferreira - CFN

objeto de opressão e desigualdade. Isso daria fim a situações como as relatadas por Vera e Margarida.

Valnei Succo

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Elisângela Leite

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Raça e Gênero

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Izabel lembra uma fala da militância negra que diz ‘nossos passos vêm de longe’, e é isso que para ela é preciso resgatar. “É muito triste que as mulheres, pensando na ascensão social, comecem a embranquecer, alisam e pintam os cabelos, afinam o nariz, usam roupas que não têm nada a ver com sua identidade. Fortalecer a identidade negra para essa luta é uma questão fundamental”, conclui

Mesa Redonda: Violência contra a Mulher, Movimentos Sociais e Estratégias de Resistência Encontro aberto que marcará os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres (de 25/11 a 10/12). Data: 03/12 Horário: 14h às 17h Local: Auditório do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas e Direitos Humanos (NEPP-DH), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Campus Praia Vermelha (Urca/ Botafogo) Organizado pelo CRMM

Maré de Notícias No 59 - novembro / 2014

Para Izabel, a colonização do Brasil retirou das mulheres a condição de sujeito. “As mulheres sempre foram vistas como coisas que deveriam trabalhar (servir de mão de obra), ter o corpo e a sexualidade explorados. Temos uma trajetória de mulheres que tiveram a sua religião expropriada. Tiveram toda sua história cultural atribuída a algo ruim. Exemplo, o cabelo crespo. Tudo que é relacionado ao negro foi ‘coisificado’ como negativo, mas isso sobre o corpo das mulheres negras foi feito de uma maneira perversa”, critica ela.

EVENTO

Apareça no CRMM Atendimento social, psicológico e jurídico e oficinas para mulheres maiores de 18 anos Rua 17, s/n, (ao lado do posto de saúde da Vila do João) - Tel: 3104-9896

Oficinas da Escola Livre de Dança da Maré

ATIVIDADES GRATUITAS

Quintas-feiras

Rosilene Miliotti

Para Margarida, o pior racista está dentro do Brasil. “Eu já até me acostumei com o racismo. As negras só aparecem na novela se forem empregadas. E os anúncios na TV? No comercial de fralda só tem criança branca de olho azul. Quase não tem comercial de produtos para o nosso cabelo, quando aparece é produto para alisar o cabelo. Aqui mesmo, dentro da favela, não tem salão especializado em cabelo crespo. Quando a gente chega, já querem alisar”, reclama (Na verdade, nossa reportagem descobriu dois salões afro na Maré, um no Parque União e outro na Vila do Pinheiro).

NOTAS

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Dança criativa 18h-19h Dança Contemporânea

18h30-19h30 - a partir de 12 anos

Introdução ao balé

Segundas-feiras Introdução ao balé

Terças-feiras

Introdução ao balé

14h30-16h - a partir de 14 anos

Dança Contemporânea 16h-18h - a partir de 14 anos

17h30-18h30 - a partir de 8 anos

14h30-16h - a partir de 14 anos

18-19h - a partir de 10 anos

Quartas-feiras

Sextas-feiras

19h-20h30 - a partir de 10 anos

17h-18h30 - de 6 aos 12 anos

18h-21h - a partir de 16 anos

Dança de rua, Iniciante

Dança de rua, Avançado

Em dezembro Olho Nu

Espetáculo da Cia Híbrida Terceira e última parte da trilogia que discute Hip Hop e fragilidade Segunda feira (01/12), às 19h Às 17h, oficina de danças urbanas

Maré de Espetáculos 2014 Fechamento de ano do projeto Teatro em Comunidade, com três apresentações Sábado, 06/12, às 17h, 18h e 19h30

Dança Criativa

Dança de Salão

Mostra Maré de Artes Cênicas - Último mês! Não perca! Sanduíche de Livro Espetáculo Infantil com contadora de história Uma velha bruxa se cansa da floresta e decide procurar um novo lugar para assustar. Ela se encanta com a cidade grande, cheia de fumaça e barulho. Mas encontra crianças, que farão seu feitiço virar contra a feiticeira. As crianças são estimuladas a interagir o tempo todo! Classificação etária: livre Sábado, 29/11, às 18h

Divulgação

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Raça e gênero

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R. Bitencourt Sampaio, 181, Nova Holanda. Programação no local ou pelo tel. 3105-7265 De 2ª a 6ª, de 14h às 21h30

Qual é a Música Espetáculo de dança Como o corpo pode ser disponibilizado? Que estímulos podem surgir em uma construção coreográfica no momento de sua execução? O trabalho explora a interação entre o público e a criadora/intérprete. Classificação etária: livre Domingo, 30/11, às 18h


PROGRAME-SE !

3 quilos de aipim 2 xícaras de açúcar (400g) 1 lata de leite condensado 1 xícara e meia de coco ralado 250 gramas de margarina (qualy) 1 pitada de sal

Desenho básico

Elisângela Leite

Daniele França Neri pode ser chamada de cozinheira de mão cheia. Nascida no Rio de janeiro, em 1982, hoje tem 22 anos de carreira como tapioqueira. No início, ainda criança, trabalhava com tapioca por obrigação, mas hoje vê que foi bom aprender esse ofício. Ela ainda encontra tempo para cozinhar e vender quentinhas.“Para distribuir bem o dia, tenho que dormir pouco, acordo às 2h50 e saio de Magé às 4h. Fico na Maré até as 21h e chego em casa por volta das 22h10”, conta a popular Dani, que mantém uma barraca na Rua Teixeira Ribeiro, esquina com Flávia Farnese, no Parque Maré. E lá se vão cinco anos por aqui.

“Eu vendo a massa da tapioca, mas há o e macete, o gingado qu u só eu sei. O segredo e não posso contar”

Outro que sempre tem o hábito de degustar a tapioca é o aluno do Observatório de Favelas, Marcos Costa. “A tapioca valoriza nossa cultura da periferia, além de ser algo antigo trazido pelos índios”, conta Marcos. De fato, a tapioca, também chamada de beiju, é uma iguaria tipicamente brasileira. Teria vindo do Nordeste, a partir da descoberta dos índios tupis que conseguiram extrair a goma da mandioca.

Barraca da Dani Rua Teixeira Ribeiro esquina com Flávia Farnese De segunda a sábado. Ela começa a servir ainda pela manhã e fica até as 21h Tapiocas de R$ 2,50 a R$ 4,50

Trabalhar na Maré é sempre uma aventura. Dani traz tudo no ônibus, algo pesado, pois são muitas caixas. Quando desce do outro lado da Avenida Brasil, ela encontra ajuda de amigas para atravessar a passarela.

A equipe com a mascote da barraca: Daiane Gomes (à esqu.), Julia Freitas, Tatiane Peçanha e Daniele

O que Dani mais gosta é do frio, quando ela chega a fazer até 250 tapiocas por dia. Ela se orgulha de ter feito tapioca para Cláudia Abreu, Dudu Nobre, MV Bill e Juliana Paes. “O meu segredo é que gosto de cozinhar, faço como se estivesse em casa”, diz ela, que tem dois filhos. Para o futuro, ela pretende comprar um carro para economizar com fretes. “Depois disso quem sabe um dia eu não divulgue a minha marca”, sonha Dani.

Sábados, 9h às 12h

Oficina do movimento - dança Sábados, 10h às 13h

Complementação pedagógica

Segunda a sexta, 09h às 11h30 e 13h às 15h30

Maré sem Lixo

Sextas, 13h30 às 17h

Encerramento do Ano

Dezembro

Música + Vídeos + Ginc anas + Intervenções Mutirão de Grafite com os artistas Rafo Castro | Bruno Rack | Cruz | Bandas: Algoz | Canto Cego | Zagri | Leonardo Nata Família Nove Zero Nove | Stereophant Apresentações e atividades das oficinas que acontecem na Sexta, 07/11, 21h Lona. Sábado, 20/12, às 21h

Favela Rock Show

FESTA: Midia em movimento Festa de divulgação do documentário Mídia em Movimento Atrações: Bhega Silva tocando MPB, forró e samba; e Dudu de Morro Agudo, hip hop. Sábado, 06/12, às 21h

Midia em movimento - a festa O Maré de Notícias está entre as quatro iniciativas de comunicação popular e alternativa que serão apresentadas no documentário “Mídia em Movimento”, projeto do Laboratório de Comunicação Dialógica (LCD) da Faculdade de Comunicação Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Também serão documentados o Mídia Ninja, que ficou famoso ao transmitir as manifestações de 2013 em tempo real; o Movimento Enraizados, que desenvolve ações de comunicação e formação de jovens em torno do hip hop em Morro Agudo, Nova Iguaçu; e a Rádio Resistência, fonte de informação e entretenimento para moradores da região de Realengo.

catarse.me/pt/midiaemmovimento. É possível apoiar com apenas R$ 10. Se apoiar com R$ 80, ganha uma camiseta do documentário. A campanha estará no ar até 31 de dezembro.

Para divulgar o projeto do filme, será realizada uma festa na Lona Cultural da Maré, com entrada gratuita. Haverá shows do rapper Dudu de Morro Agudo, um dos fundadores do Enraizados; e do nosso Bhega, da Maré, que acaba de lançar o terceiro CD “Perseverança”. As filmagens já estão a pleno vapor, mas para viabilizar o longa metragem, os produtores lançaram uma campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) pela internet para complementar a verba necessária. Visite: http://

Biblioteca Popular Municipal Jorge Amado

Leonardo Marafião diz que se casa com Dani por causa da comida, brinca ele

Ao lado da Lona, atende a toda a Maré: Amplo acervo, brinquedoteca, gibiteca e empréstimo domiciliar R. Ivanildo Alves, s/n - Nova Maré Tels.: 3105-6815 / 7871-7692 - lonadamare@gmail.com FACE: Lona da Maré - Twitter: @lonadamare

cultura

Elisângela Leite

Descasque o aipim, pique em rodelas pequenas, bata no liquidificador. Observe para não ficar uma massa aguada, e sim consistente. Acrescente a margarina. Coloque num pote e adicione a metade do coco, o açúcar, o sal, e o leite condensado. Misture tudo e coloque num tabuleiro untado e polvilhado (tamanho 500gr). Por fim, coloque o restante do coco por cima e leve ao forno por uma hora e meia. Depois é só servir.

De Magé a Maré

O funcionamento de sua barraca é de segunda a sábado. Às quartas e sábados há bolo de aipim, e no sábado, dia da feira, há ainda pamonha, cuscuz, massa de tapioca e pé de moleque na palha de banana. No domingo, não tem descanso; ela aproveita para agilizar o estoque. As tapiocas são seu carro chefe, e isso já provoca elogios. “A tapioca é muito boa, eu vejo que a Dani faz com muita facilidade. Fico tentando copiar, mas não consigo fazer igual em casa”,

conta Leonardo Castro. E nem adianta insistir porque ela não conta o segredo. “Eu vendo a massa da tapioca, mas há o macete, o gingado que só eu sei. O segredo eu não posso contar”, confessa ela, que até pretendentes conquista com seu trabalho. “A tapioca é uma delícia, o bolo é muito gostoso. Pela comida eu caso com ela”, brinca Leonardo Marafião.

Skate

Segundas, 10h às 12h

Modo de fazer: Hélio Euclides

Educação Ambiental

Segunda e sexta, 16h às 17h30

Cultura

Herbert Vianna

Segundas, 14h às 16h

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Dani conquista moradores com iguaria tipicamente brasileira. Difícil é a gente fazer igual em casa

Ingredientes:

Arte – costura

Lona cultural

Divulgação

PERFIL Maré de Notícias No 59 - novembro / 2014

Essa tapioca é um sucesso!

OFICINAS

Bolo de Aipim Já que a Dani não conta o segredo da tapioca, ofereceu aos leitores esta receita abaixo:

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Reprodução

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16 ESPAÇO ABERTO

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POESIAS

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Mais duas enviadas por alunos do Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré

Convite a Arte

Somente o que eu tenho

Iury de Carvalho Lobo

Ronald Andrade

Portanto no dia de hoje, farei algo bem e tão diferente: de alegria. Sorrirei para as estrelas, mesmo que eu não tenha motivo algum ém conhece o teu coração, Certamente podes ter razão para sorrir para os outros, e ningu fora, ou no silêncio que ninguém vê; mas tuas lágrimas quando, em teu silêncio descem por face a vagam por dias ou noites a fora: sário. palavras caladas, mentiras ocultas, orgulho mais do que o neces s vagam nos pensamentos do nada, Mas, por falar em palavras, lembranças não podem falar; apena e sem pedir permissão, nos perpassam de mãos dadas... ente nos abraça, nos toca, nos ... em conjunto com o inerte que se faz repentino, e sorrateiram afaga, -ataca: contra nos toma-nos, de dizermos “não”. como faca nos fere, assolando a alma, revidando a persistência por si mesma nos ensina E quando deitamos na noite, conjecturando sobre a vida, a vida dia pós dia, que dia se torna em noite, e noite se verte em dia. Mas um conselho aos mais minuciosos e devaneadores: .. olhe as flores e aprenda com as mesmas que são lindas e belas. ento. sentim lindo e o são ofertadas a quem amor nos tem como um imens cimentos especiais! Flores são dadas em momentos mais do que importantes e aconte mais do que bem queridas, mais do E só quem as recebe sabe o quanto são mais do que amadas, s substituídas por que importantes, mais do que sempre, sempre primordiais e jamai nenhum outro alguém. mais do que deseja, é simplesmente E quem sabe o valor de tal entrega, quem oferta uma flor nada agradar com um retoque mais do que especial... e verdades, em que somente quem Somente Deus quem o diga, pois ali existe por certo virtudes o. possui sensibilidade sabe o valor de algo tão lindo e tão imens e magia do saber: Não se pode mentir a si mesmo, não se pode sufocar a grand que em silêncio se cala, aflora em que em um coração flui e evolui algo que se chama amor, este grita dentro do próprio peito com que voz da lágrimas ocultas, suprimidas em dor, o pudor: isto se chama nada mais e nada menos do que:

...E explodiu cor, cores, jorrou tinta, pintou corpos, roupas, ruas, trilhas, jornadas, caminhos, favelas, travessias, então: - Bora passar por aqui! - Não, vamos começar dali, oh é melhor! Logo os olhares, meio desatentos, curiosos, pedintes, perdidos, confundiram e indagavam: - Que isso gente? - Tão pintando a rua, né? Já não era só cor, agora embarcavam tantos corpos, muito movimento, outros sons. E visão? Visão, projeção, em meio a tudo em meio ao: - O verde ta acendendo! - Faz um desenho filha! - O azul ta irado! - Maneiro. Bota mais laranja! - Mandaram parar! Parou! Parou tudo! Parou? Caô! A infância brincava, pedia pra dançar, pular, ganhávamos todos e tudo banhado pela liberdade, pela diversidade, alegria e festa. O caminho que sempre foi marcado por fim sofreu, aliás sorriu mais um carimbo: A arte passa, a arte fica, finca, finda, a arte transpassa, a arte transcende. - Posso entrar na foto tio? Namoral! E isso foi só um convite, vem ver arte, venha ser arte...

AMOR!...

Hélio Euclides

)

Para psicólogo O maníaco depressivo reclamou: - Até Deus está contra mim! E o megalomaníaco respondeu: - quem, Eu?????

Rindo at o a

Nome do filme Um cara comeu um quilo de alho e depois escovou os dentes. Qual e o nome do filme? Mudança de hálito


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