Elisângela Leite
julho de 2015 - Maré, Rio de Janeiro - distribuição gratuita
Boxe
Rosilene Miliotti
Roberto Custódio no Pan. Pág. 4
Nossas ruas serão reconhecidas As ruas, travessas e praças da Maré finalmente farão parte do mapa da cidade do Rio. A prefeitura formou um grupo de trabalho para atuar nas medidas necessárias ao reconhecimento de todos os logradouros locais. Os moradores estão sendo chamados para participar, principalmente porque as ruas com nomes repetidos na cidade terão de ser rebatizadas. pág. 8 e 9
Roberto e a mulher, Alexandra
Sem Terra pede passagem
Elisângela Leite
Rosilene Miliotti
Festas e bailes
Pág. 14 e 15
Futebol Rosilene Miliotti
O casal Dione e Beto Flamenguista e o presidente da Associação do Parque União, Edilmo Batista, contam as boas novas do Sem Terra e pedem investimentos públicos para a solução de velhos problemas. pág. 12
Pescador do Pinheiro Pág. 3
Rosilene Miliotti
Liga BS. Pág. 5
Povos da Baía
Elisângela Leite
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Mudanças nas escolas
Com a entrada em funcionamento das novas unidades da rede municipal de ensino, em 2016, todas os alunos da Maré passarão a ter sete horas-aula por dia. Com isso, novas e antigas escolas serão divididas por segmento. pág. 6 e 7
Elisângela Leite
Ano VI, No
Editorial
Reprodução de um dos cinco cartuns da campanha “Da proibição nasce o tráfico”, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), da Universidade Cândido Mendes. Para saber mais: www. daproibicaonasceotrafico.com.br/ ou facebook:“Da Proibição Nasce o Tráfico”.
Por investimentos contínuos Pelo que podemos ver nesta edição, os investimentos públicos estão aportando na Maré, sinalizando algumas melhorias e avanços para a população. Há muito ainda a ser feito. Por décadas, os investimentos não foram suficientes para garantir equipamentos e serviços públicos com a mesma qualidade que outros espaços da cidade. As boas novas mais robustas acontecem nas áreas da educação, com as escolas ampliando o turno para sete horas de aula por dia a partir de 2016 (leia mais nas páginas 6 e 7); e de urbanização, com o reconhecimento dos logradouros (pág. 8 e 9). São avanços, sem dúvida, o que não significa que nossas demandas se encerrem por aí. A qualidade do ensino deixa a desejar e precisa ser melhorada, o que o turno estendido promete ajudar. Pelas ruas e travessas, além do reconhecimento de ruas, queremos um sistema de esgotamento sanitário adequado, como pedem os moradores do Sem Terra (pág. 12). Portanto, se os investimentos forem contínuos e crescentes, aí sim os avanços necessários serão sentidos por todos. A todas e todos, boa leitura!
CARTAS
Jovem branco vivo Sobre a reportagem a respeito da campanha “Jovem negro vivo” (ed. 62, pág. 10 a 12), pergunto: e o jovem branco e pobre que nos cerca, onde fica? Será que não sofrem preconceitos por serem favelados brancos??!! E os “paraíbas”, que na Maré são quase a maioria, não sofrem preconceitos? Severino Gomes, morador do Parque União
Resposta da Redação: Severino, obrigada pelo seu comentário. A campanha não pretende minimizar outros preconceitos ou problemáticas sociais. O foco no jovem negro refere-se à chance muito maior de este ser morto do que o jovem branco.
trabalha com jovens e adultos que são os nossos alunos do PEJA. Com esse segmento o Maré de Notícias tem sido um instrumento não só de informação, mas um recurso pedagógico que utilizamos por acreditar no serviço que tem prestado à Maré no que diz respeito a suscitar reflexões sobre temas atuais e importantes em relação à cidadania, empoderamento, e acima de tudo, dar visibilidade a história e memória da Maré. Gostaria de solicitar mais exemplares para a nossa escola. Uma outra solicitação é como poderíamos entrar em contato com o grupo dos jovens bailarinos da Escola Livre de Dança da Maré. Janete Trajano, professora orientadora do Ciep Capanema
Resposta da Redação: As solicitações já fo-
Maré de Notícias no Capanema Nosso Ciep (Ministro Gustavo Capanema), além de atender crianças e adolescentes,
ram encaminhadas. Agradecemos imensamente e convidamos a todos para ler outro trecho da carta na pág. 16 (“Minha rua tem um nome”).
Ops, erramos! A foto principal da capa da ed. 63, de junho, é de autoria de Ary Pimentel
Expediente Instituição Proponente
Redes de Desenvolvimento da Maré
Diretoria
Andréia Martins Eliana Sousa Silva Edson Diniz Nóbrega Júnior Helena Edir Secretaria Executiva: Patricia Vianna Eixo Educação: Coordenadora: Gisele Martins Eixo Arte Cultura: Maíra Gabriel Anhorn Eixo Desenvolv. Territorial: Responsável: Edson Diniz Eixo Segurança Pública Responsável: Eliana Sousa Silva Eixo Comunicação: Responsável: Andréia Martins
Instituição Parceira
Observatório de Favelas
Apoio
Ação Comunitária do Brasil
Administração do Piscinão de Ramos
Associação de Moradores da Vila do João
Associação Comunitária Roquete Pinto
Associação Pró-Desenvolvimento da Comunidade de Nova Holanda
Associação de Moradores e Amigos do Conjunto Bento Ribeiro Dantas
Biblioteca Comunitária Nélida Piñon Centro de Referência de Mulheres da Maré - Carminha Rosa (CRMM)
Associação dos Moradores e Amigos do Conjunto Esperança
Conexão G Conjunto Habitacional Nova Maré
Associação de Moradores do Conjunto Marcílio Dias
Conselho de Moradores da Vila dos Pinheiros
Associação de Moradores do Conjunto Pinheiros
Luta pela Paz
Associação de Moradores do Morro do Timbau Associação de Moradores do Parque Ecológico
União de Defesa e Melhoramentos do Parque Proletário da Baixa do Sapateiro
Associação de Moradores do Parque Habitacional da Praia de Ramos
União Esportiva Vila Olímpica da Maré
Associação de Moradores do Parque União
Leia o Maré e baixe o PDF em www.redesdamare.org.br
Repórter
Rosilene Miliotti
Fotógrafa
Elisângela Leite
Proj. gráfico e diagramação Pablo Ramos
Logomarca
Monica Soffiatti
Colaboradores Anabela Paiva
Coordenador de distribuição Luiz Gonzaga
Impressão
Jornal do Comércio
Associação de Moradores do Parque Maré Associação de Moradores do Parque Rubens Vaz
Editor assistente
Hélio Euclides (Mtb – 29919/RJ)
Tiragem
Editora executiva e jornalista responsável
40.000 exemplares
Silvia Noronha (Mtb – 14.786/RJ)
/redesdamare
@redesdamare
Redes de Desenvolvimento da Maré Rua Sargento Silva Nunes, 1012, Nova Holanda / Maré CEP: 21044-242 (21)3104.3276 (21)3105.5531 www.redesdamare.org.br comunicacao@redesdamare.org.br
Imagem de cabeçalho na capa: Casal na quadrilha da festa junina da Nossa Senhora da Paz, no Parque União. Foto: Elisângela Leite. Os artigos assinados não representam a opinião do jornal. Permitida a reprodução dos textos, desde que citada a fonte.
Parceiros:
Pescador não abandona o barco Na terceira reportagem, ancoramos na Vila do Pinheiro. Como se vê pela foto, a situação dá tristeza. Sair de barco só é possível com maré cheia Hélio Euclides
Rosilene Miliotti
O Maré de Notícias está fazendo uma viagem pelas colônias de pecadores locais. Primeiro fomos até Marcílio Dias e batemos um papo com o pescador Mestre Louro. Na última edição, o Parque União foi o lugar escolhido; as histórias ficaram por conta de Samuel, Paulinho e Andrik. Agora chegou a vez de pisar em águas da Vila do Pinheiro e ter, na autoridade do mar, o pescador Altivo Gomes da Cruz. Altivo é de poucas palavras, mas com muita experiência de mar. Grande parte dos seus 62 anos é dedicado à pesca. Atuou em diversas colônias, como na de Magé e Tubiacanga, Praia da Rosa, Cova da Onça e Manuel Marreiro, na Ilha do Governador. “Sou nascido dentro d’água à beira da praia, daí sempre ter o desejo dessa profissão”, enfatiza. Ele navega nas águas da Baía de Guanabara com seu barco Altivo Rio, que chama cariosamente de Caiquinho. Ele conta que sua proximidade com a Maré começou depois da construção da Linha Vermelha, com o nascimento da subcolônia do Pinheiro. Com o trabalho no mar, constituiu família, com duas filhas e agora dois netos.
Deslocamento difícil Quando falamos sobre a Baía de Guanabara, todos os pescadores manifestam preocupação. “Espero que a melhora aconteça; agora dá tristeza o deslocamento (com o barco) e o retorno é difícil. A Baía mudou muito, em tudo, só temos poluição. Passamos por dificuldade do ano de 2000 para cá, com o petróleo no mar. Com a obra do Canal do Fundão só piorou, está tudo raso. Não foi dragado, tinha que ter feito barragem”, afirma ele.
dia que desejo trabalhar na pesca, mas tem o tempo da maré baixa que só posso ficar a tomar uma cervejinha”, desabafa. Contudo, Altivo lembra que o mar tem os seus perigos, que quase perdeu a perna e a vida. Depois do susto, ele é categórico. “A maior alegria é continuar vivo.” Se for pescando, melhor ainda. “A pesca é tudo na vida, o mar é um alívio total”, destaca ele. Se o barco não atolar, nossa próxima parada será Colônia Z11, na Praia de Ramos.
“Acabo tendo que trabalhar fora da Baía. Tem dia que desejo trabalhar na pesca, mas tem o tempo da maré baixa que só posso ficar a tomar uma cervejinha”
Altivo, pescador da subcolônia da Vila do Pinheiro
Em frente à subcolônia a lama toma conta das águas do canal. “Nosso barco só entra com a maré alta. Acabo tendo que trabalhar fora da Baía. Hoje só vivemos de promessas, com muita tristeza, só não largo porque sou marcado como pescador. Tem
Situação atual na subcolônia do Pinheiro: muito lodo afetando a circulação dos barcos
3 POVOS DA BAÍA
HUMOR - Angeli. Campanha “Da proibição nasce o tráfico”
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
EDITORIAL
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na Praça do 18
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Roberto Custódio, morador da Nova Holanda, sonha com a medalha nos Jogos Pan-Americanos
É tempo de campeonato. São vários pela Maré. Nesta edição, vamos conhecer a Liga BS
Rosilene Miliotti
O boxeador Roberto Custódio, 27 anos, morador da Nova Holanda, é titular na seleção brasileira na categoria meio médio (até 69kg) e em julho estava participando do seu primeiro Pan-Americano, em Toronto, no Canadá. A parada é dura. “Os cubanos são muito fortes nesta competição. Meu adversário mais forte foi três vezes campeão Olímpico”, explica. Roberto conta que tudo que conquistou na vida foi graças ao boxe e que mantém a família com o que ganha como atleta. “O Roberto é da paz e nasceu para o boxe”, é assim que a esposa, Alexandra Oliveira Custódio de Queiroz, 26 anos, o define. Eles se conheceram ainda adolescentes no Luta Pela Paz, estão juntos há 10 anos e têm uma filha de 6. Aliás, no período da gravidez, Roberto foi para São Paulo treinar com a seleção brasileira de boxe e desde então fica no vai e vem entre Rio e São Paulo a cada 15 dias.
Ser atleta ou não? Roberto, que pratica boxe desde os 13 anos, teve que renunciar muita coisa para estar na seleção brasileira. “No início só queria aprender a me defender e adorava ir para casa com a mão enfaixada com atadura, mas as pessoas perguntavam se eu estava machucado. Aí eu dizia que não, que estava fazendo boxe. Queria me mostrar”, lembra ele, que também queria ser reconhecido na comunidade por lutar bem, já que via que outros colegas eram reconhecidos por isso.
“Vou ser lutador pra geral me conhecer também”. Na seleção, além dele, há mais dois atletas de favelas do Rio, ambos do Vidigal. “A gente fala que o boxe é o patinho feio dos esportes, tem muitos moradores de periferias do Brasil. A diferença são os sotaques e as gírias”, comenta. Antes da primeira competição, ele caiu de moto e quebrou o braço, o que retardou o início de sua participação nos eventos esportivos. “Em 2006, fiz a primeira viagem para competir. Minha esposa, na época companheira de equipe, também viajou. Fomos para a Irlanda do Norte. A gente não ganhava nada para lutar e de todos que viajaram, só eu que continuei no boxe. Por muitas vezes pensei em desistir, principalmente quando minha namoradora (agora esposa) engravidou. Meu treinador me orientou e falou para eu não servir ao quartel e continuar no esporte ‘porque eu era bom’. Respondi dizendo que gostava do boxe, mas eu não ganhava nada, e perguntei como faria para levar minha namorada pra sair? Lutador duro?!”, brinca. O treinador, para convencê-lo, disse que se ele ganhasse a competição em São Paulo, conseguiria uma bolsa para ele. Roberto pediu dispensa do quartel, foi para a competição e perdeu. “Caraca, era pra ter ficado no quartel. Perdi e fiquei todo doido. Voltamos e comecei a treinar. Eu frequentava baile funk e voltava pra casa com o dia claro, mas para me dedicar ao esporte comecei a voltar às 3h, até que não fui mais.” Em 2007, o boxeador voltou ao campeonato em São Paulo, o Luva de Ouro, e ganhou por três anos consecutivos. Agora acumula uma série de medalhas. “Tinha muita coisa no treinamento que eu achava chato, mas que fez muita diferença para eu chegar à seleção”, confessa ele. Custódio sabe que a vida atleta é curta e quer se formar e voltar ao projeto Luta Pela Paz para trabalhar como professor dando aula de boxe.
Rosilene Miliotti
Burgão, como prefere ser chamado, é o Edson Pereira da Silva, 34 anos, morador da Nova Maré e organizador da Liga BS. Ele é o responsável pelo campeonato da Baixa do Sapateiro, na Praça do 18, há dois anos, mas o evento acontece há 10. São 12 times e oito se classificam para a fase do “mata mata”. A final está prevista para agosto. Burgão explica que quase todas as comunidades têm seu campeonato, pois é difícil unificar e fazer apenas um. “Os campos são diferentes. Aqui na Baixa, o campo é de sete jogadores. O da Nova Holanda é de nove, do Pinheiro é de 11 e tem impedimento. Já na Vila do João são 11 e não tem impedimento. Cada um tem sua regra. O que acontece é que a maioria dos jogadores roda os campeonatos de fim de semana na comunidade”.
Em campo, os times Bonsucesso x Tribo. A dupla acima é composta pelo Burgão, organizador do evento, ao lado do filho Romário
As equipes são formadas basicamente por adultos, mas adolescentes e jovens têm vez desde que sejam bons de bola. “Para deixar o jogo mais dinâmico e menos violento, trouxe algumas regras do futsal para a Liga BS”, comenta Burgão, que durante a se-
mana trabalha como encarregado de funilaria e dedica os fins de semana à Liga. “A esposa reclama muito. Chego aqui às 9h e saio às 20h, mas esse é o meu lazer. Faço isso aqui porque gosto e não ganho nada. Os times contribuem para pagar os árbitros, todos federados, e a premiação do campeonato”, explica. Mesmo sem apoio, os organizadores da Liga BS já conseguiram fazer melhorias no campo. “Nós mesmos fazemos a manutenção, vemos quem pode ajudar com dinheiro ou mão de obra. Esse ano nós não temos apoio nenhum, só das equipes. O morador da Maré ainda carece de espaços públicos de lazer. Não tem parque nem espaços abertos e amplos para que as crianças brinquem”, reclama. O evento vai rendendo frutos. O estudante Romário da Silva Pereira, 15 anos, filho de Burgão, diz que curte ajudar o pai e já pensa em ser professor de educação física no futuro.
Esporte
ESPORTE
Sábado a bola rola
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Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Em busca de um sonho
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LOTADA Elisângela Leite
Como é comum nessa idade, Felipe, de 6 anos, e Mateus, de 7, não gostam de acordar cedo para quase nada. A exceção fica por conta das aulas de judô, que começam às 8h na Associação de Moradores do Conjunto Esperança.“Não tem cansaço, não tem dor; e se eu disser que não posso levá-lo, ele chora para ir”, conta Monique Cândido, mãe de Mateus. Os dois fazem parte de um grupo de 300 crianças e jovens que praticam esportes na Escola de Lutas José Aldo, a primeira instalada em uma comunidade ocupada pelas forças de segurança, segundo o presidente da Associação de Moradores, Pedro Francisco dos Santos. “Estamos tentando ampliar o número de vagas, porque inauguramos a academia em 1º de junho e rapidamente lotou. Vieram alunos de várias comunidades vizinhas, como Vila do João e Pinheiro”, conta ele. A escolinha é uma iniciativa do campeão peso-pena do UFC, José Aldo, em parceria com o governo do estado e a associação. “Gosto de assistir, vibro com meu neto aprendendo”, diz a avó de Felipe, Tânia Lúcia Teixeira e Silva, ao lado da mãe do menino, Priscila, moradoras do Conjunto Esperança.
Escola de lutas Judô, boxe, jiu jitsu e luta olímpica Horários: de segunda a sexta, manhã e tarde Local: Quadra da Associação de Moradores do Conjunto Esperança OBS: Aguarda ampliação das vagas para novas matrículas
Mateus (à esqu.) com a mãe, Monique, e Felipe, com a vó Tânia
EDUCAÇÃO
Academia José Aldo
Silvia Noronha
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Mudanças na rede de ensino local
Novas e antigas escolas municipais da Maré serão divididas por segmento para que ofereçam sete horas de aulas diárias a partir de 2016 Hélio Euclides
Elisângela Leite
Na segunda-feira, 6 de julho, ocorreu uma reunião na sede da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que é responsável pelo ensino municipal na Zona da Leopoldina. Estavam presentes a secretária Municipal de Educação, Helena Bomeny; o coordenador da 4ª CRE, Eduardo Fernandes; equipe técnica da secretaria; e participantes do projeto Maré que Queremos, que reúne dirigentes de associações de moradores da Maré e representantes da Redes da Maré e de outras instituições locais.
Reunião d a secretá o Maré que Quere ria de ed ucação mos com
Escola Nova Holanda se tornará EDI
Mais professores
Mudanças confirmadas
Os líderes comunitários entregaram um documento contendo reivindicações na área educacional. Eles manifestaram apoio à ampliação do número de unidades, mas temem que as novas escolas enfrentem dificuldade de completar o quadro de professores, a exemplo do que ocorre hoje. A escola com mais dificuldade é a Teotônio Vilela, no Conjunto Esperança. A secretária afirmou que uma das soluções para enfrentar essa dificuldade é a possibilidade de abertura de processo exclusivo na Maré para que professores de 16 e 22,5 horas passem a ter carga horária de 40 horas semanais.
O principal motivo do encontro foi buscar informações sobre como funcionarão as escolas municipais que estão em construção (veja no quadro ao lado). “Quase todas as escolas da Maré serão distribuídas por faixa etária, com sete horas de aula. Sabemos que as mudanças mexem com todos, mas não é nada de uma hora para outra”, disse o professor Eduardo. A estimativa é de que as mudanças ocorram em 2016. Segundo Helena, o aumento da carga horária proporcionará um ganho de qualidade para os estudantes. “O objetivo é ter um bom ensino, onde todas as crianças aprendam na idade ideal, sem defasagem. Será exigido mais matemática e português. Isso é o que ocorre nos países avançados e vai acontecer na cidade toda, mas aos poucos”, prometeu Helena. A meta da prefeitura é aumentar gradativamente a quantidade de alunos com sete horas de aulas por dia. Por enquanto, em 2015, 21% dos alunos da cidade encontram-se com essa carga horária; em 2016, a previsão é de 35%, percentual que incluirá os estudantes da rede municipal da Maré.
Como forma de agilizar as inaugurações, todos os presentes ficaram de pesquisar nomes que possam batizar as novas instalações. A novidade foi que o prédio em construção em frente ao Ciep Operário Vicente Mariano será Escola Municipal Escritor Bartolomeu Campos de Queirós. Ou seja, acabará o compartilhamento da unidade. Já a Escola Nova Holanda será transferida para um novo prédio no terreno da Vila Olímpica, e a instalação atual será um Espaço de Educação Infantil (EDI). As creches e EDIs atuais continuarão com o mesmo atendimento.
Com o funcionamento do novo sistema, será avaliado se as creches Nova Holanda e Professor Paulo Freire (Nova Maré) terão seus prédios desativados, passando para as novas construções. Por fim, a Maré recebeu a notícia de que terá uma escola bilíngue, a única da 4ª CRE.
As mudanças anunciadas REORGANIZAÇÃO DAS ATUAIS ESCOLAS MUNICIPAIS
NOVAS CONSTRUÇÕES Na área do Salsa e Merengue/Vila do Pinheiro, próximo à Linha Vermelha, serão construídos 3 EDIs e 3 Primários. Na Rua D, esquina com a Rua C (próximo a Vila do Pinheiro/Vila do João) será construído 1 Ginásio. Em frente ao CIEP Operário Vicente Mariano (Rua Tancredo Neves) será construído um Primário (E.M. Bartolomeu Campos de Queirós). Ao lado da Vila Olímpica serão 2 EDIs, 6 Primários e 1 Ginásio. No terreno do CIEP Hélio Smidt será construído 1 EDI pela SMH (Habitação).
Josué de Castro - do 6º ao 9º ano
Elis Regina - do 6º ao 9º ano
Teotônio Villela - Educação Infantil ao 6º ano
E.M. Nova Holanda - EDI
Gustavo Capanema - Primário (1º ao 6º ano)
Hélio Smidt - Ginásio
Professor Paulo Freire - do 6º ao 9º ano
Tenente General Napion - Primário (ainda a confirmar)
Bartolomeu Campos de Queirós - Primário Bahia - do 6º ao 9º ano Operário Vicente Mariano - Ginásio (do 7º ao 9º ano)
Armando de Salles - EDI Leonel Brizola - Primário
IV Centenário - Primário
Clotilde Guimarães - Educação Infantil/ Primário - Progressivamente evoluirá para EDI
Escritor Ledo Ivo - EDI
Gonzaguinha - Primário
Samora Machel - Primário
Fonte: 4ª CRE / SME
Mateus e Lucas praticando judô
Smidt O Ciep Helio ásio in G o d os un terá al
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Esporte
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Silvia Noronha e Hélio Euclides
Elisângela Leite
Nossas ruas reconhecidas Moradores estão sendo chamados para participar do trabalho de regulamentação dos logradouros, em especial porque as ruas com nome repetido precisarão ser rebatizadas. As reuniões por comunidade devem ocorrer até setembro
A Maré terá suas mais de 500 ruas, travessas e praças regulamentadas pela prefeitura, de ponta a ponta, desde o Conjunto Esperança até Marcílio Dias. Os últimos procedimentos necessários para isso já estão em andamento, com a formação de um Grupo de Trabalho (GT) responsável pelos encontros e visitas à Maré para que os nomes atuais sejam validados ou substituídos. A princípio, as mudanças deverão acontecer se existir outro logradouro no município com o mesmo nome, o que não é permitido. Nesses casos, os moradores serão chamados para decidir em conjunto. No mundo, a formalização das ruas de favelas e espaços populares é associada ao pertencimento à cidade, ao desenvolvimento urbano local e a questões de cidadania, conforme explica Pedro Veiga, coordenador geral do Programa Rio+Social, órgão que está à frente do GT juntamente com a Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). “O mapeamento em si é uma discussão mundial em relação ao pertencimento e integração à cidade. O debate é como integrar a partir do mapa. Acredito muito nesse trabalho como sendo um avanço nesse processo”, acrescenta ele. Pedro
diz que esse é o primeiro processo grande de regularização de logradouros, trabalho que antes ocorria rua a rua. A ideia é criar uma metodologia que possa ser replicada em outras favelas. Entre os demais benefícios a serem conquistados com o reconhecimento, ele cita o uso do serviço 1746 (ouvidoria da prefeitura) pelo morador, comprovante de residência e a geração de CEP, com entrega domiciliar de correspondências, o que cinco localidades da Maré ainda não dispõem: Salsa Merengue/ Marrocos, Nova Maré, Sem Terra (no Parque União), Parque Roquete Pinto e Marcílio Dias, onde o carteiro deixa tudo nas associações de moradores (leia mais no box). Rosane de Oliveira, gestora do Rio+Social na Maré, está acompanhando o trabalho ativamente. Assim que o GT foi criado, em junho, uma de suas primeiras providências foi se reunir com os líderes comunitários para explicar as etapas que virão pela frente. Serão marcadas reuniões com os moradores em cada comunidade, começando pela Vila do Pinheiro. Nessas reuniões, será apresentado o mapa das ruas para saber quais logradouros já foram reconhecidos no passado, quais poderão ser oficializadas com o mesmo nome e quais terão de ser substituídos. “Será uma forma de homenagear antigos moradores de cada rua, desde que tenham falecido”, observa ela.
Outras favelas do Rio O Rio+Social é um programa multidisciplinar coordenado pelo Instituto Pereira Passos (IPP) em parceria com o ONU-Habitat
“O mapeamento de favelas é uma discussão mundial em relação ao pertencimento e integração à cidade.O debate é como integrar a partir do mapa. Acredito muito nesse trabalho como sendo um avanço” Pedro Veiga, do Programa Rio+Social, da prefeitura
(Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos), com o objetivo de promover a melhoria da qualidade de vida de populações de territórios ocupados pelas forças de segurança. Segundo Pedro, o IPP mapeou todas as favelas ocupadas, aumentando de 70 km para cerca de 360 km o total de ruas devidamente identificadas. O trabalho inicialmente contou com a parceria da Redes da Maré e Observatório de Favelas, que já haviam desenvolvido metodologia para realizar o mapeamento na Maré. O projeto das organizações locais fez parte do Censo Maré e teve início com a cartografia do conjunto de favelas que, por sua vez, gerou o Guia de Ruas da Maré (disponível em: redesdamare.org.br). Além das questões de inserção plena da Maré na cidade, relacionadas ao reconhecimento do mapa do bairro, o diretor do Observatório de Favelas, Jaílson de Souza, destaca o papel da sociedade civil local nesse processo. “Esse é nosso papel: desenvolver ações exemplares, metodologias e tecnologias que possam ser transformadas em políticas públicas. Cabe reconhecer de vez que o público é muito mais do que o Estado: ele reúne as forças sociais comprometidas com a democratização dos espaços públicos e seus equipamentos”, ressalta ele, que espera que a regularização dos logradouros seja estendida a outras favelas. Helena Edir, diretora da Redes da Maré e moradora da Nova Holanda, diz que será um passo importante para se garantir um direito básico no campo do acesso a cidade a todos os moradores. “Nesse sentido, ver a rua onde moramos num mapa com CEP é, sem dúvida, sentir parte da cidade e ter direito a ela”, afirma.
Serão realizadas pelo menos duas reuniões em cada comunidade da Maré. Esse é o modelo piloto aplicado na Vila do Pinheiro. Dando certo, ele será replicado ou será ajustado. A primeira reunião visa apresentar aos moradores o mapa da favela e verificar a necessidade de alterar nomes de logradouros, o que precisará ser feito obrigatoriamente se existir rua já reconhecida na cidade com a mesma nomenclatura; A segunda reunião já será para recolher três sugestões de novos nomes. Os moradores deverão apresentar um abaixo-assinado com as sugestões. Se for nome de gente, será necessário apresentar o atestado de óbito, porque não é permitido homenagear pessoas vivas. Além disso, está sendo pedido um histórico do homenageado para justificar a escolha. A ideia de ter três sugestões é para ganhar tempo, caso novamente seja apresentado nome repetido;
Caso os moradores queiram espontaneamente substituir o nome atual, eles deverão se juntar para apresentar o pedido e as sugestões. As reuniões ocorrerão paulatinamente em toda a Maré entre os meses de julho e setembro, no máximo outubro; O prazo para a conclusão desse trabalho termina em 10 de dezembro. Em seguida, o reconhecimento das ruas é feito por decreto do prefeito; Após essa fase, haverá ainda a numeração oficial das casas, por metragem; Feito isso, o morador pode solicitar pedido de Código de Endereçamento Postal (CEP), com o auxílio da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU). Os Correios então terão de gerar o número do CEP; Mais informações na prefeitura. Tel.: 2976-2711.
Melhorias no dia a dia do morador Janaína Monteiro, presidente da Associação de Moradores da Vila do Pinheiro, Salsa e Merengue e Marrocos, acredita que o reconhecimento das ruas melhore diversos serviços públicos, não apenas os Correios. “Pedidos de asfaltamento, de saneamento, manutenção, tudo isso vai melhorar, porque sem o registro das ruas, eles não fazem os serviços”, reclama ela. A associação mantém três pessoas para fazer a entrega das correspondências no lugar dos Correios. No Parque União, onde a localidade do Sem Terra também não dispõe de entrega domiciliar, a associação paga duas pessoas. “Faço compras pela internet, pago o frete, mas eles deixam os pedidos na associação ou nos Correios de Bonsucesso, e eu ainda tenho de ir buscar lá”, comenta Wélio Ramos, morador do Sem Terra
Wélio, do Sem Terra, pegando suas correspondências na Associação do Parque União
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Conheça o procedimento
Políticas públicas
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Reprodução / Guia de Ruas da Maré
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
POLÍTICAS PÚBLICAS
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Desde a desocupação das Forças Armadas, a Maré tem recebido quase diariamente operações policiais realizadas pela Companhia de Cães, Batalhão de Choque e Bope. Na manhã da quarta, 8 de junho, policiais militares fizeram buscas em várias comunidades.
Era uma vez um caracol
Rosilene_Miliotti
Alguns moradores mencionaram que a descida para o ponto de ônibus será de escada, o que dificultaria o acesso de idosos, cadeirantes e carrinhos de bebê. A Secretaria Municipal de Obras informou que a nova passarela 10 terá escadas e rampas. A escada servirá de complemento, principalmente para horários de maior fluxo de pedestres; já as rampas continuarão apoiando pessoas com necessidades especiais e limitações de locomoção.
Elisângela Leite
A passarela 10 passa por obras, e o que chamou mais atenção foi a repercussão do assunto nas redes sociais. É que o caracol, que simbolizava e servia de apelido da passarela, foi derrubado para a ligação com outra passagem que está sendo construída sobre a Transcarioca.
Inscrições até 10 de agosto na secretaria da Redes da Maré, na Rua Sargento Silva Nunes, 1.012, Nova Holanda. Tel.: 3105-5531. As aulas, no entanto, ocorrerão na Lona Cultural da Maré, na Nova Maré.
Formatura da última turma, em julho
Maré de Notícias no Ceja Maré Os jornalistas do Maré de Notícias foram convidados para um batepapo com alunos do Centro de Educação de Jovens e Adultos Maré (Ceja), na tarde de 26 de maio. Fabíola Loureiro e Hélio Euclides explicaram o que é um jornal, sua importância como divulgador de notícias contextualizadas a partir do olhar da favela.
Favelas em fotos O fotógrafo Ratão Diniz, morador da Maré, reúne uma seleção de imagens de sua autoria em livro lançado este ano pela Mórula Editorial. “As imagens de favelas neste livro buscam retratar da maneira mais abrangente possível o quanto é plural a vida que pulsa nas favelas. As fotos são em sua maioria registros do cotidiano de seus moradores e buscam retratar as belezas desses locais, quase sempre desconsideradas pelo senso, ou estereótipo, comum”, escreve ele, na apresentação. Há várias imagens da Maré e também de outros espaços populares, como do Alemão, Vidigal, Morro da Providência e Santa Marta. A publicação, com 176 páginas, está à venda nas livrarias por R$ 50 ou pelo site da editora: www.morula.com.br.
ervatório Davi Marcos /Obs de Favelas
Evento para escritores e artistas Dias 21 e 22 de agosto acontecerá o Encontro de Escritores e Artistas da Periferia do Rio de Janeiro, organizado pelo Projeto Maré Latina. O evento acontecerá a partir das 10h, na Associação de Moradores do Parque Ecológico. Inscrições gratuitas pelo e-mail alinesepanhol@gmail.com. Mais informações no site http:// marelatina.blogspot.com.br/p/projeto-mare-latina.html
Moradores contaram que PMs arrobaram uma residência fechada na Rua Castelo Branco, no Parque Maré, e colocaram fogo na casa. Bombeiros foram chamados e com ajuda de moradores extinguiram o fogo. O resultado do incêndio foi perda total. O morador estava trabalhando quando tudo aconteceu. A casa ao lado também foi atingida e teve azulejos e pintura danificados. “Na casa estavam minha esposa e filho de um ano e seis meses, que saíram do banho correndo de toalha. Eles ainda respiraram a fumaça. Meu sentimento é de revolta”, conta o vizinho. Tes-
temunhas disseram que policiais gritaram: “morador é tudo bandido”. As testemunhas não sabem dizer se os PMs eram do Bope ou do Choque. Contatada no fim da tarde, a assessora de imprensa da Polícia Militar informou que iria apurar o caso. Nas ações desse mesmo dia, um jovem de 23 anos foi atingido no braço por uma bala perdida na Nova Holanda e não corre risco de morte. Desde o início da ocupação militar, o Maré de Notícias contabiliza 24 homicídios em diferentes circunstâncias nas favelas locais.
moradores que queiram entrar com ação de responsabilidade civil contra o governo do Estado. Diferentemente de um processo criminal, o objetivo da ação civil é buscar uma indenização para reparar danos financeiros enfrentados pelas vítimas. Defensoria Pública: Rua México, 11/15º andar. Centro. De 10h às 18h
O defensor público Daniel Lozoya se colocou à disposição dos
Redução
O estado da casa após o incêndio: perda total
Debate:
Reprodução
Os alunos pretendem criar um jornal interno e receberam como sugestão para a próxima etapa a discussão sobre o formato. Será um veículo de comunicação impresso ou online? Desejamos boa sorte nessa iniciativa.
Fabíola Loureiro
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Inscrições para o Maré de Sabores Moradoras do conjunto de favelas da Maré com 16 anos ou mais podem se inscrever para a próxima turma do curso de Gastronomia Básica do projeto Maré de Sabores. As aulas estão previstas para o período de agosto a outubro e incluem, além da gastronomia, questões de gênero e cidadania. O curso é gratuito e tem o objetivo de promover a autonomia financeira das mulheres da Maré.
Rosilene Miliotti
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Hélio Euclides
A foto de capa mostra a Nova Maré
rticipação Ratão durante sua pa 13 no Travessias de 20
da maioridade Em entrevista para a Anistia Internacional Brasil, Monica Cunha, uma das fundadoras do Movimento Moleque, que promove direitos de adolescentes no sistema socioeducativo, fala sobre os riscos da redução da maioridade penal para a juventude brasileira. A íntegra da entrevista pode ser conferida em anistia.org.br
Como foi sua experiência no sistema socioeducativo? Meu filho Rafael, até os 17 anos, teve quatro entradas no Degase. Quando ele foi para a internação, levaram para o Educandário Santo Expedito. Eu cheguei para visitar e já sabia que precisava fazer alguma coisa. (…) Passei a fazer um trabalho que era o que estava no Estatuto da Criança e do Adolescente, mesmo sem saber o que era. Eu acompanhava reuniões, pedia para ver
11 DIREITOS HUMANOS
Policiais acusados de atear fogo em uma casa
O que acontece e o que não deixa de acontecer por aqui
Atil a Roque/Anistia
NOTAS
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assim. Isso acontece por diversos motivos. Ele pode ter sofrido violência doméstica, mesmo que não seja fisicamente. Ou vive um desamor dos pais. É muito difícil educar filho quando se sai de casa às 4h da manhã para trabalhar e só volta às 22h.
A redução da maioridade penal pode ajudar esses jovens?
como os meninos se comportavam durante a semana. Foi aí que um dos agentes me deu o ECA de presente, e eu fui entendendo que aqueles meninos tinham direitos, por mais que tivessem cometido ato infracional.
Não. Quem é que vai estar lá [preso]? É o jovem negro, porque são eles que são assassinados e encarcerados. Hoje os meninos não estão tendo nem tempo de chegar no sistema prisional aos 18, estão morrendo antes. (…) Eu diria a estas pessoas que apoiam a redução da maioridade penal que pelo menos leiam o ECA. Quando vemos as pessoas que são a favor da redução, muitas expressam raiva, desejam mais que punição, querem sofrimento.
Enquanto eu esperava nas filas para visitação aos domingos, via necessidade de conversar com as famílias que não tinham informação nenhuma. Eu lia o Estatuto com todo mundo e também fiz esse trabalho com os meninos. (…) Cheguei à conclusão de que o adolescente se torna infrator, não nasce
O debate não deve ficar apenas no “sou contra” ou “a favor”. Se não nos preocuparmos e não fizermos nada para ajudar, seremos responsáveis. Estaremos ajudando a colocar adolescentes no sistema prisional e acabando com todas as esperanças desses jovens. Não só deles, como de toda a família.
Sem Terra pede melhorias
DICAS CULTURAIS
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a
Silvia Noronh
ite Elisängela Le
les e Carlos A lv a ç n o G e n io O casal D enguista, é m la F to e B o , berto Pereira em que os próprios mode um tempo m para fazer melhorias ia radores se un vela. Poucos anos atrás, urbanas na fa do Parque União (P.U.) Beto, morador ntou juntar os vizinhos desde 1961, tee instalar tubulação de para comprar m Terra, para onde se esgoto no Se família há 17 anos. Até mudou com a va na Rua Larga. então, ele mora
governo; ndemos do e p e d ia d mão na “Hoje em botavam a s re o d ra o m ração”, antes os se da colabo ar o a b a n ra e o cup massa, tud primeiros a o mais s o d m u i fo -se haver diz ele, que e hoje estima Associação d n o , a rr e T Sem ndo a ssoas, segu de 10 mil pe o Parque União. sd de Moradore
“Vim porque imaginava qu e seria melhor, por ser mais próximo da Aven ida (Brigadeiro Trompowsky)”, conta ele. Dione adora o lugar. “Muita tranquilidade” , relata ela. Os problemas ficam por conta da falta de rede coletora de esgoto e do est ado da fiação, um verdadeiro emaranhad o que coloca a população em risco. O presidente da Associação de Moradores, Edilmo Batista dos Santos, diz que o Sem Terra é a localidade do P.U. que mais precisa da atenção do po der público. A própria associação vem investindo em melhorias, como construçã o de praças, e cobra das concessionárias de luz e telefonia a organização dos fios e do governo o sistema de esgotamento san itário. “Já pedi mas ainda está só na prome ssa”, afirma.
que oto faz com g s e e d o ã ç ula , tanto que A falta de tub uando chove q m e u g la a nte o nível as ruas m recenteme a ir b u s to e B o invada Dione e ue a água nã ereira q ra a p a s a c da própria a Manoel P l mora na Ru a s mbém a c O . is a m e Beto, que ta ucos d o ti o d e m ido. A po da Silva, no hoje é falec is perigosos e r o d ra o m foi os ma sa, tem um d metros da ca e fio da localidade. sd emaranhado blema, a tudo é pro ganhou m e n o m o Mas c Terra já vida no Sem ela qualidade de com o asfaltamento p s os ç to a n p o es muitos p ão de novos ç u tr s n o c a R da ua prefeitura e ão. Ao final ç ia c o s s a la quedo de lazer pe a, têm brin ilv S a d a ir sa Manoel Pere e área coberta com me s Portal para criança baralho. No m re a g jo s nal para os adulto nova quadra, em fase fi a um r a ideia de da Ilha, tem amos mante A quadra “V . o ã ç u tr s de con daqui. as pessoas da homenagear Paiva, que era morador r a s m a a ru do vai se ch smo com as e m o e c te n de expraça. Aco s têm nome a d to e s a u q Sem Terra; ta Edilmo. morador”, con
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Área do Parque União onde hoje moram 10 mil pessoas precisa de investimentos públicos
DICA CULTURAL Nos arredores: muitas opções na Arena Dicró A Arena Cultural Dicró, na Penha, oferece uma ampla gama de atividades para todos os gostos e idades, com entrada gratuita ou a preços populares. Dia 28 de julho, às 20h, por exemplo, tem a peça “Insânia”, que, por meio de acrobacias circenses, conta a vida de um homem que, depois de passar por maus bocados, se dá conta de que enlouquecer parece não ser uma má ideia. Entrada gratuita.
Divulgação
Consulte a programação do mês no site: arenacariocadicro.org. br.; ou facebook: ArenaCariocaDicro. Há cineclube, shows, oficinas, atividades infantis e muitas novidades. É logo ali, no Parque Ary Barroso, na Penha, com entrada pela Rua Flora Lobo. Tel.: 3486-7643 Beto e Dione subiram o nível da casa para a água da chuva não entrar
Crianças brincam na praça ao final da Rua Manoel Pereira da Silva Arquivo AMPU
MARÉ QUE QUEREMOS
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Garanta seu jornal:
Busque seu exemplar na Associação de Moradores da sua comunidade todos os meses! Envie seu desenho, foto, poesia, piada, receita ou sugestão de matéria. Região onde hoje é o Sem Terra: (à esqu.) o galpão era a antiga fábrica da Techno. Na foto à direita, o galpão já desfeito mas ainda sem construção, a pista onde hoje é o Castelo de Bonsucesso e, ao fundo, o campo do São Cristóvão
Rua Sargento Silva Nunes, 1.012 Nova Holanda Tel.: 3104-3276 ou 3105-5531 E-mail: comunicacao@redesdamare.org.br
DIVERSÃO
Quadrilha mirim na festa da igreja Jesus de Nazaré, na Rua Ivanildo Alves, em foto de Elisângela Leite
Adri carioano DJ, atra ca de bi-cam m ção p da n ontage eão oite n de ju s, foi nho
Rosilene Miliotti
No baile que acontece todo último domingo do mês na Rua Roberto da Silveira, no Parque União (P.U.), o clima é familiar. Parece que todos se conhecem. Senhores de camisa social ou pólo e óculos. Mas não se engane, eles colocam muitos jovens no chinelo. Dançam demais e curtem a vida com alegria. Média de idade do público presente? Digamos que são pessoas que viveram e estão revivendo o melhor do funk. E com churrasco liberado. Isaias Faustino, morador da Nova Holanda que viu nascer a Avenida Brasil, Linhas Vermelha e Amarela, Cieps, asfalto, iluminação na Maré, é frequentador assíduo. “Eu ligo para meus amigos, aviso a data do baile e a gente se encontra aqui pra dançar, conversar e tomar umas cervejinhas”, conta. Mas Isaias ressalta que tudo com moderação porque o baile é no domingo e segunda tem que levantar às 5h30 para trabalhar. “Pra mim, o funk verdadeiro é esse, o melody e o charme. Época boa. Vou a baile desde os anos 70”, lembra o morador de 57 anos.
Baile FLASH BACK revive sucessos.
Se lembra da música “Spring Love”, do Steve B? É uma das mais pedidas do baile que atrai moradores e visitantes Para os produtores do baile, Reginaldo dos Santos Silva e Janailson Nunes Reis, o Jegue, o intuito do baile é resgatar o funk. “Nós curtimos muito baile no CCIP, no Bonsucesso, então começamos a fazer um projeto para resgatar o funk de raiz aqui na favela. Por aqui já passaram vários DJs, entre eles o Orlando, Corello e o Lugarino. No dia em que o DJ Corello tocou aqui, veio um grupo de Minas Gerais. Eles viajaram seis horas de van só para curtir o baile com o Corello”, conta Janailson. Os dois produtores também são responsáveis pelo baile de sexta, na rua Ary Leão, também no P.U. e já estão juntos fazendo bailes pelo Rio de Janeiro há mais de 15 anos. Reginaldo, além de trabalhar nos bailes aos fins de semana, é marceneiro. E o som alto? Janailson diz que sabe o limite do som e que nunca teve reclamação. Reginaldo diz que muito morador lucra com a realização dos bailes. “A maior parte dos bar-
Festa junina da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, na Baixa, em foto de Larissa Santos
que igos para curtir o Isaías junta os am a o “verdadeiro funk” consider
raqueiros que vendem bebida ou comida é morador da Maré”, ressalta. O baile, que começou com mais regularidade no P.U. há cerca de um ano, hoje está se espalhando para outras favelas da Maré. Há bailes marcados para a quadra da Rubens Vaz e Vila do João, mas Janailson explica que eles serão diferentes porque são de galera. No P.U., o baile é funk melody e charme.
Lampião e Maria Bonita no arraiá do Boi Bravo, Nova Maré, festa organizada pelos moradores. Foto enviada por Diogo Santos
Funk x segurança pública Em todas as favelas ocupadas pelas forças de segurança, o baile funk, festas de rua e de igrejas foram proibidas ou passaram a acontecer com pouca frequência. Na Maré também houve interrupção no início da ocupação, no ano passado, mas aos poucos as festas foram voltando. “A gente quer que as pessoas venham aqui conhecer e curtir o baile do P.U. Eu preciso de autorização para fazer o baile. Vou lá e o comandante me autoriza. A comunidade tem o direito de se divertir”, relata.
Quadrilha da Nossa Senhora da Paz, no Parque União. Foto: Elisângela Leite
Lona cultural
Herbert Vianna A Lona Cultural estará em recesso neste mês de julho
Baile Flash Back Todo último domingo do mês, na Rua Roberto da Silveira, no Parque União, a partir de 16h. E ainda mais pela Maré: Domingo, 16/08, das 16h às 24h, tem Cantinho do Charme no bar do Arlindo, na Rua Teixeira Ribeiro, organizado pelo Fernando da Raça com o melhor da black music, charme, lentas e swing.
CAM em recesso de 27 a 31 de julho
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
Maré de Notícias No 64 - julho / 2015
As festas juninas da Maré têm sido pra lá de animadas. Olha só!
15 Cultura
Anarriê aqui e ali
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ESPAÇO ABERTO
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Pão de casca de melancia Ingredientes:
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xícaras (de chá) de farinha de trigo; 1 colher (sopa) de açúcar; 1 colher (chá) de sal; 1 ovo; 1 xícara de casca de melancia ralada; ½ xícara de água morna; 5g de fermento biológico seco.
Modo de preparo:
Szafirek / morguefile.com
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Dissolva o fermento na água e misture os demais ingredientes. Sove bem. Faça bolinhas e coloque em uma assadeira untada com óleo e enfarinhada. Deixe crescer por 10 minutos. Leve ao forno pré-aquecido por 25 minutos.
REPERCUSSÃO
Poesias de Ana Maria de Souza e Sara Alves, moradoras da Vila do João, integram o livro “Concurso Nacional Novos Poetas. Antologia Poética 2015”, lançado pela Editora Vivara. O livro está a venda por R$ 35. Pedidos podem ser feitos para o e-mail: atendimento@vivaraeditora.com.br. Parabéns às duas representantes da Maré.
Pai
Eudesia Santos da Silva, junho/2015 Anjo amigo, que nos mostra Nos ajoelha, O caminho a seguir, Nos levanta, Com palavras e carinho Puxa a orelha, Seu amor nos deixa ir... Mas nos encanta!
Por Hélio Euclides
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Rindo at o a
Arquivo pesso
Poetas da Maré em livro
Gostaria de parabenizar a grandeza do projeto trazido no jornal de maio deste ano: “Minha rua tem um nome”. A matéria emocionoume, pois nascida e criada na Maré tive oportunidade de, quando criança, conhecer o morador que deu nome à Rua Ivanildo Alves e que para mim era Sr. Baia. Um senhor atencioso, silencioso, de gestos simples e generosos, amigo de minha família e de cuja história de vida eu nunca ouvira.
A matéria me fez lembrar de outros homens e mulheres igualmente importantes que lutaram a favor da Maré e que não conhecemos as suas lutas e histórias, pois contamos apenas com a memória de quem com eles compartilharam o tempo e seus feitos, e que são merecedores de grandes homenagens e de ações que os revelem, e as suas histórias, eternizando-os assim através da escrita e fotografias. Janete Trajano, professora orientadora do Ciep Capanema
POESIA Pai nos ama E nos desperta. Nos abraça com jeitinho. Nas horas certas, Nos aperta.
Cadê o açúcar?
Ele cuida de nossas vidas E quando a dor não tem saída: Nos ajuda, em meio a lida, Curando nossas feridas.
- Mulher, cadê o açucar ??? - Para esconder das formigas, coloquei na lata de biscoito e escrevi na tampa a palavra “sal”...
Arquivo Pessoal
LIVRO
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“Minha rua tem um nome”