ANO VI. SETEMBRO DE 2016. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA. MARÉ, RIO DE JANEIRO. ELISÂNGELA LEITE
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De casa em casa, a busca por crianças e adolescentes fora da escola
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Os 15 anos do Observatório de Favelas PÁGINA 4
Cia Marginal completa uma década de teatro A Cia Marginal, grupo de teatro nascido na Maré, festeja dez anos de história profissional. “A companhia nasceu de um engajamento e de um comprometimento muito forte com as questões da favela e, ao mesmo tempo, busca desde o início, um olhar menos viciado, menos binário, sobre os espaços populares.”, diz Wallace Lino, ator e professor de teatro. PÁGINA 5
Cinco “valões” ameaçam a saúde na Maré: eles estão entre a Vila do João e Conjunto Esperança; entre a Vila do João e o Conjunto Pinheiro/Vila do Pinheiro; dois na Baixa do Sapateiro, e outro entre o Parque União e Rubens Vaz. Os canais são transtornos para os moradores: acumulam esgoto, lixo, insetos e causam enchentes. PÁGINA 6 ELISÂNGELA LEITE
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As reivindicações da Maré ao futuro prefeito
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Valões põem em risco a saúde na Maré
RATÃO DINIZ
As mudanças nas eleições deste ano
A missão da assistente social Anny Barglini não é das mais simples: percorrer as ruas da Maré com o intuito de localizar e identificar crianças e adolescentes, entre 6 e 14 anos, que não estão na escola. É um trabalho de busca ativa de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão escolar no município do Rio de Janeiro. A cidade é a única no país a desenvolver essa experiência de busca ativa para enfrentar o problema.
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EDITORIAL
humor | André de Lucena
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grande desafio de resolver uma questão que persiste há muito tempo, apesar de avanços a partir da Constituição de 1988: crianças e adolescentes fora da escola. São quase um milhão que, na faixa etária de 6 a 14 anos, não frequentam uma sala de aula no Brasil. Educadores consideram que a situação é fruto do descaso de séculos com a educação e que as tentativas de universalizar o acesso às escolas ainda são muito recentes. Além disso, as desigualdades sociais são gritantes e persistentes e as ascensões sociais muito instáveis. Se quisermos uma sociedade com distribuição mais justa, precisamos de educação de qualidade, principalmente, para os mais pobres. Nesta edição do Maré de Notícias, acertamos novo foco em temas educacionais. Vamos saber do esforço no Rio de Janeiro que o projeto Aluno Presente faz para levar à escola crianças e adolescentes que nunca frequentaram uma sala de aula ou que já frequentaram mas deixaram de comparecer. Vamos conhecer, também, a análise do sociólogo Marcelo Burgos, professor do Departamento de Ciências Sociais da PUC – RJ, que evidencia desajustes em nossa educação pública, como, por exemplo, o fato de termos menos de 50% dos adolescentes entre 15 e 17 anos matriculados no ensino médio. E ainda falando de educação, vamos saber que diversos vestibulandos que se prepararam no Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré ficaram entre os primeiros nas opções que fizeram. De olho nas eleições, vamos esclarecer as principais mudanças na legislação, como a diminuição do tempo de campanha e a proibição de doações de empresas para os candidatos. Uma boa leitura a todos!
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16 Associações de Moradores da Maré
Elisângela Leite
Observatório de Favelas
Mórula_Oficina de ideias
Conexão G PARCERIA:
EDITOR EXECUTIVO E JORNALISTA RESPONSÁVEL
Luta pela Paz Vida Real
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PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO IMPRESSÃO
Folha Dirigida TIRAGEM
50 mil exemplares
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VESTIBULAR
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A conquista de vaga na universidade Alunos do curso Pré-Vestibular da Redes da Maré são aprovados em primeiro lugar
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estudante Leonardo Nóbrega tem 22 anos e é morador do Parque União, na Maré. Gabriela Soares de Souza, 19 anos, também. Já Luis Felipe Santos de Faria, 19 anos, também mora na Maré, mas na comunidade da Nova Holanda. Além de viverem no mesmo bairro, eles fazem parte de um grupo de 5 estudantes que, este ano, foram aprovados no vestibular para universidades públicas em primeiro lugar entre aqueles que fizeram as mesmas opções deles. Leonardo foi o primeiro, entre cotistas, em Engenharia Química, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ. Luis Felipe, em Engenharia Civil, também na UERJ. E Gabriela, em Biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Leonardo, Luís Felipe e Gabriela ainda têm mais em comum: eles se prepararam para as provas de acesso ao ensino superior no Curso Pré-Vestibular da Redes da Maré (CPV Maré), que todos os anos oferece 235 vagas. Para Leonardo, que fez o ensino médio numa escola técnica federal, frequentar as aulas do CPV foi também fundamental para a sua aprovação: “foi muito bom porque eu pude estudar matérias que não são bem estudadas no técnico, como história, geografia, português. Eu tinha muita dificuldade de fazer uma redação e hoje eu estou escrevendo bem”, comenta o novo universitário.
Este ano, 50 alunos do CPV conseguiram acesso à universidade. 25 deles ficaram entre os 10 melhores classificados para as opções que fizeram. Somando esse resultado, já são mais de 130 aprovados nos últimos 4 anos. O calouro de Engenharia Civil, Luis Felipe, ressalta a proposta pedagógica do Pré-Vestibular como facilitadora do aprendizado dos alunos. “O curso dá uma base para que todos entendam a mecânica do vestibular, a escola é conteudista e o curso esclarece a estratégia do vestibular”, conclui o estudante. No CPV Redes da Maré, professores qualificados e comprometidos politicamente, junto com os alunos, desenvolvem, de forma crítica, todo o conteúdo requerido pelos exames de qualificação e provas discursivas do vestibular, tanto da UERJ quanto do ENEM.Além
disso, são realizadas atividades extraclasse, como debates, visitação a exposições, espaçosculturais e aulas-campo, visando a ampliação do conhecimento. “O CPV Redes da Maré faz parte do Eixo de Educação da instituição. É um projeto muito importante e estruturante no sentido de contribuir para o aumento do tempo de escolaridade da população da Maré, mas também uma possibilidade de se permitir que os moradores reflitam sobre a sua realidade e as questões políticas do país e do mundo”, comenta Edson Diniz, diretor da Redes da Maré. Ernani Alcides, coordenador e professor do CPV Redes da Maré complementa: “com o trabalho do CPV não queremos, apenas, ampliar ou criar condições de possibilidades de acesso, de cidadãos de espaços populares ou periferias, ao en-
sino universitário de excelência, mas favorecer aprovações não de alunos e sim de sujeitos que possam fazer diferença, interferir na sociedade tendo como perspectiva transformações e mudanças sociais, políticas para que o mundo seja mais justo e melhor de se viver”. E é uma das aprovadas deste ano, Gabriela de Souza, quem conclui: “vale ressaltar que devemos ter consciência do papel que cursos como o da Redes da Maré têm na situação atual das universidades brasileiras. Cada ano que passa, o número de alunos oriundos das comunidades e que fazem cursos como o da Redes, aumenta. E isso é muito importante, não só para o reconhecimento do trabalho dedicado dessas pessoas, mas como também para a construção dessa realidade cada vez mais presente nas universidades.”
À esquerda: Gabriela de Souza, 1º lugar entre cotistas em Biologia na UFRJ; acima: Luis Felipe, de regata vermelha, comemora com colegas o 1º lugar, entre cotistas, em Engenharia Civil, na UERJ
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ANIVERSÁRIO
Os 15 anos do Observatório de Favelas C
riado em 2001 na Maré, o Observatório de Favelas completou mês de agosto passado 15 anos de existência, contribuindo para políticas públicas voltadas para a ampliação de direitos e o enfrentamento das desigualdades sociais na cidade do Rio de Janeiro. É inegável o peso da Maré no Rio, um conjunto de 16 favelas, onde vivem aproximadamente 140 mil pessoas, uma população maior que a de 96% dos municípios brasileiros. Por isso a importância de um trabalho que enfatiza o Direito à Cidade e a valorização da vida como um princípio fundamental pensando ‘na’ e ‘a partir da’ favela. É o que acredita Raquel Willadino, diretora da instituição: “ao longo desses quinze anos, nos dedicamos à construção de um projeto de cidade que tem como eixos centrais o reconhecimento das diferenças, o direito à convivência, a superação das desigualdades e a ampliação da democracia”. Uma das principais contribuições do Observatório de Favelas na cidade tem sido a afirmação da força da favela, marcada por seus moradores. A afirmação dos espaços populares como territórios criativos é bastante importante dentro de um contexto em que as populações de favelas ainda não são atendidas por serviços básicos de saúde, educação e segurança, muitas vezes criminalizadas em operações policiais que desrespeitam a cidadania. Daí o grande desafio, por um lado, é dar visibilidade para as violações de direitos que acontecem cotidianamente nas favelas e periferias cariocas no campo da segurança pública, moradia e cidadania, buscando criar insumos
para novas culturas e para desnaturalizar a violência em todos os seus aspectos. E, por outro lado, buscar contribuir para reafirmar a vida, com toda a sua multiplicidade, diversidade e criatividade, como um verbo potente de presente e futuro. Nesses 15 anos, foram muitos sonhos que atravessaram a instituição. Sonhos que se concretizaram em projetos, que reuniram muitas pessoas da Maré e de outros bairros da cidade como personagens da história do Observatório. Entre os projetos de atuação destacam-se: Direito à Comunicação e Justiça Racial, Culturas de periferias, Guia cultural de favelas, Imagens do Povo, Bela Maré, Travessias, Solos Culturais, Programa de Redução da Violência Letal Contra Jovens e
É com produção, com projetos criativos, com qualidade técnica, lançando mão do conhecimento acumulado e buscando construir conhecimentos novos que seguiremos firmes” EDUARDO ALVES, diretor do observatório de favelas
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Adolescentes (PRVL), Rotas de Fuga, Novos Saberes, Conexões de Saberes, Território Inventivo da Maré, Artes e Território, Escola Popular de Comunicação Crítica ( ESPOCC). Projetos que deixaram em quem participou o desejo pela conquista de uma cidade de direitos. “Entrei na ESPOCC no ano de 2012 e foi um espaço de troca incrível para conhecer pessoas e ampliar o repertório. Acredito que é um projeto bem importante para história da Maré”, conta Mayara Donaria, 19 anos, moradora da Maré. De acordo com Eduardo Alves, integrante da Direção do Observatório de Favelas e Coordenador da ESPOCC, não faltou utopia no caminho do presente e não faltará no futuro, “nossa utopia iniciou marcando a vida de cada um de nós, na Maré e em toda cidade, pois favela é cidade. É com produção, com projetos criativos, com qualidade técnica, lançando mão do conhecimento acumulado e buscando construir conhecimentos novos que seguiremos firmes reforçando a utopia de presente e futuro para uma vida melhor”. A utopia do Observatório de Favelas é construída e conquistada no presente. A utopia de uma cidade plena na convivência. A utopia que toda vida é digna, que toda vida merece ser respeitada. Daí a importância da instituição na construção de saberes, políticas públicas e produção de repertórios. Na busca por contribuir para uma vida progressivamente mais digna em todas as dimensões e com respeito profundo à diversidade e respeito à diferença na cidade.
A programação de aniversário A exposição QUINZE - Desafios e afetos na cidade, marca as comemorações de 15 anos de Observatório de Favelas. A exposição conta com a participação de artistas que promovem em suas produções discussões centrais na trajetória do Observatório: Direito à vida, Igualdade racial e de gênero, mobilidade, juventude e tecnologia, moradia, dentre outros temas que colaboram para consolidar um princípio básico: o direito à cidade. Ela fica em cartaz no Galpão Bela Maré (passarela 10) até o dia 17 de setembro. A visitação é de terça a sábado, das 10h às 17h. Entrada gratuita.
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TEATRO
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Dez anos de teatro identificado com as causas da Maré Grupo leva para toda a cidade a arte nascida na favela Desde o início, a vontade de romper fronteiras O espetáculo “Você faz parte de uma guerra”, primeiro resultado de uma longa pesquisa sobre antigos moradores da Maré foi um momento muito significativo. “O mapeamento do lugar onde estávamos foi muito importante, deu chão e ao mesmo tempo liga para nos consolidarmos como grupo”, lembra Isabel, o trabalho de escrita e de criação sempre foi colaborativo, envolvendo todos os integrantes e, em alguns momentos, convidados de fora. Em 2007, já batizado de Cia Marginal, o grupo estreia um espetáculo fazendo uma pergunta: “Qual é a nossa cara?” Ao mergulharem nas memórias dos mais antigos moradores da Nova Holanda, lotaram de espectadores a temporada de estreia na Maré e se lançaram para o mundo. A partir de “Qual é a nossa cara?”, a Cia Marginal passa a ser selecionada em uma série de editais públicos. “Ô, Lili”, segundo trabalho, criado em 2011 a partir de entrevistas com presidiários cariocas, estreiou na Zona Sul do Rio, no Teatro Maria Clara Machado, num compromisso político claro de levar a arte nascida na favela para o resto da cidade. “In Trânsito”, trabalho de 2013, idealizado por Joana Levi, diretora de teatro que fez parte do grupo na sua gênese, e co-dirigido
RENATO MANGOLIN
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Cia Marginal, grupo de teatro nascido na Maré, festeja em 2016 dez anos de história profissional. Firmando-se e afirmando-se no efervescente cenário das artes cênicas da cidade, o trabalho acontece em parceria com a Redes da Maré, instituição da sociedade civil, que tem como um de seus objetivos lutar para que os moradores da Maré sejam reconhecidos nos seus direitos de forma plena. “A companhia nasceu de um engajamento e de um comprometimento muito forte com as questões da favela e, ao mesmo tempo, busca desde o início, um olhar menos viciado, menos binário, sobre os espaços populares.”, diz Wallace Lino, ator e professor de teatro. Até a Cia Marginal chegar aos seus dez anos de história - que já foram celebrados com uma mostra de repertório no Centro de Artes da Maré, em maio, reunindo uma plateia de cerca de 250 pessoas - foi preciso muita perseverança, união e estudo. “Desde o primeiro momento, nas experiências inicias, já existia uma proposta de investigação sobre vínculos pessoais do grupo com o território. A performance ‘Ninguém aqui é Santo’ lembra Isabel Penoni, diretora do grupo, foi significativo já que buscou mobilizar os moradores, circulando por espaços públicos da Maré.”
Integrantes da Cia Marginal
por Isabel, é uma intervenção site specific realizada em estações de trem da Leopoldina, Zona Norte do Rio, que cria um paralelo entre a longa jornada de retorno do herói Ulisses, da “Odisseia”, de Homero, com os percursos diários de volta para casa de trabalhadores cariocas. Em 2015, ‘Eles não usam tênis Naique’, texto premiado que nunca havia sido encenado foi oferecido pela dramaturga Márcia Zanelato ao grupo. Com estréia no Teatro Glauce Rocha, no Centro do Rio, colheu elogios e aplausos por onde passou, inclusive no Festival de Teatro de Curitiba. A Cia Marginal, é composta atualmente por Wallace Lino,
Phellipe Azevedo, Priscilla Andrade, Jaqueline Andrade, Diogo Vitor, Rodrigo Souza, Isabel Penoni e a recém-integrante Mariluci Nascimento, produtora do grupo. A Cia Marginal e as aulas de teatro lideradas por Wallace Lino fazem parte do Eixo Arte e Cultura da Redes da Maré, que abarca, ainda, outras atividades no Centro de Artes da Maré e na Lona Cultural Municipal Herbert Vianna. Esses espaços têm movimentado a programação artística e cultural da Maré na última década, formando artistas, permitindo instigantes trocas entre gente de dentro e de fora da região e, sobretudo, legitimando a favela como um ambiente rico para criações artísticas e culturais.
SAÚDE
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chamar a atenção para a importância de manter a limpeza, depositando o lixo no lugar certo, respeitando o horário da coleta domiciliar. Para quem tem entulho de obras e móveis imprestáveis deve solicitar o serviço de Remoção Gratuita de Entulho e Móveis imprestáveis através do 1746, Teleatendimento da Prefeitura do Rio.
Quando o valão é aterrado Um dos valões da Vila do João
A ameaça dos valões Água contaminada de esgoto e lixo corre pelos canais a céu aberto, pondo em risco a saúde pública
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inco “valões” ameaçam a saúde na Maré: eles estão entre a Vila do João e Conjunto Esperança; entre a Vila do João e o Conjunto Pinheiro/Vila do Pinheiro; dois na Baixa do Sapateiro, e outro entre o Parque União e Rubens Vaz. Esses canais são transtornos para os moradores: acumulam esgoto, lixo, insetos e causam enchentes. Toda essa água suja vai para o Canal do Cunha, que pertence à Baía de Guanabara. Para o presidente da Associação de Moradores do Conjunto Esperança, Pedro Francisco dos Santos, há necessidade de um trabalho contínuo de drenagem e limpeza. “Fazemos diversos ofícios para prefeitura. Hoje cuidamos com muita dificuldade, a associação e uns voluntários. A grande dificuldade é o entulho que é jogado no valão. Desejamos o retorno do
projeto Guardiões do Rio, que faziam a manutenção. O ideal seria canalizar”, comenta Pedro. Uma moradora da Baixa do Sapateiro, que preferiu não se identificar, disse que inexiste manutenção, as placas de cimento que colocaram no entorno do valão estão caindo. “É uma vergonha. Existem ratos aos baldes. O correto era cobrir com telas, para não cair sujeira. Antes não transbordava com a chuva, agora já acontece por causa do entupimento na saída, isso forçou a construção de batentes para proteção das casas, se não perdemos os móveis”, conclui. A Secretaria Municipal de Saneamento e Recursos Hídricos informou que incluirá em sua programação a limpeza dos córregos. O Instituto Estadual do Ambiente (INEA) confirmou que todos os canais mencionados foram contemplados com
o sistema de ecobarreiras na sua saída para a baía, visando a contenção do lixo flutuante despejado em suas águas. A CEDAE disse que há projeto para assentamento do tronco coletor Maré, que recolherá todo o esgoto produzido na região e o levará para tratamento na Estação de Tratamento de Esgoto Alegria, no Caju.
A versão da Comlurb A empresa pública de limpeza informou a coleta de lixo na Maré é realizada diariamente, no turno da manhã, e para atender melhor os moradores foram instalados 301 Laranjões (contêineres de lixo), seis caixas compactadoras e 12 caixas estacionárias que são esvaziadas regularmente. Argumenta ainda que promove ações de orientação e conscientização com o objetivo de
Há 25 anos foi aterrado um valão que passava entre as Ruas Teixeira Ribeiro e Sargento Silva Nunes, sobre ele construíram-se casas. Agora, a água mina do chão. “Quando chove ficamos ilhados, e a vazão é pouca. Precisamos drenar essa água. Chamei a Defesa Civil para fazer um laudo sobre nossas casas, já que o chão está constantemente úmido”, revela Robson Américo. Uma das casas já apresenta rachaduras e a moradora já foi retirada do local. Outra casa também teve o térreo inundado e o morador teve que se alojar no segundo andar. “O vazamento existe há dois anos, reivindicamos uma bomba para drenagem, que a Cedae prometeu instalar em breve”, afirma o presidente da Associação de Moradores do Parque Maré, Jeová Barbosa. Como se vê, essa é uma questão preocupante, pois coloca a saúde e até a vida dos moradores em risco. É preciso que os órgãos da prefeitura e do governo do Estado deem respostas imediatas para esses casos e, principalmente, que desenvolvam um projeto ambiental consistente para responder aos desafios enfrentados cotidianamente pelos moradores da Maré.
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REFUGIADOS
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Mais de 28 mil estrangeiros solicitaram refúgio no Brasil em 2015
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ais que disputar medalhas, a primeira equipe de atletas refugiados nas Olimpíadas Rio 2016 desempenhou um papel importante quando lembrou ao mundo, naquele momento grandioso do esporte, a já considerada maior crise humanitária pós Segunda Guerra Mundial. Segundo dados da Agência das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR, 24,5 milhões de pessoas vivem deslocadas de seus países, na condição de refugiados, além de 40,8 milhões que, também, deixaram suas casas e buscaram refúgio dentro das fronteiras de seus próprios países. A definição de refugiado, utilizada pelas Organizações das Nações Unidas, foi concebida no Colóquio de Cartagena, na Colômbia, realizado pela ACNUR, em 1984. Seguindo o conceito, “refugiado é todo aquele que tenha saído de seu país devido à grave e generalizada violação aos direitos humanos”. Nos últimos anos, o movimento de refugiados tem sido intenso, por causa da guerra da Síria, que, em cinco anos, causou mais de 270 mil mortes e a fuga do país de quase 5 milhões de pessoas, segundo a ONU. Os números divulgados pelas Nações Unidas ainda mostram que a grande maioria dos refugiados (86%) está fora da União Europeia, ou seja, da região que agrega 28 países política e economicamente na Europa. No Brasil, as solicitações de refúgio deram um salto enorme nos últimos cinco anos. Passaram de 966, em 2010, para 28.670, em 2015. Hoje, quase 9 mil
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Em busca de vida digna pessoas vivem, no Brasil, como refugiados, de acordo com o Comitê Nacional para Refugiados, CONARE. Os sírios já estão em maior número entre os refugiados, 2.298, seguidos por Angolanos, 1.420. No total, são 79 nacionalidades.
Minha Angola é aqui Segundo o Censo Maré, 278 estrangeiros moram na Maré. Desses, 194 são angolanos. Ou seja, quase 70% dos imigrantes na Maré. Entre eles, Guilhermina dos Santos, 43 anos, e seu marido, Domingos Martins Neto, de 39 anos, ambos ex-refugiados da guerra que assolou Angola. Guilhermina veio para cá em 1991, com dois bebês, com visto de turista. Lá deixou o primeiro marido. Com o afastamento, a relação esfriou e o casamento chegou ao fim. Num primeiro momento, foi morar em Copacabana. Quando o dinheiro acabou, pediu refúgio. “Quando procurei me refugiar, fui bem atendida, e fiquei 11 anos vivendo da ajuda de custo, que contribuía com alimento e aluguel de uma quitinete pequena aqui na Maré. Fui uma das primeiras angolanas a vir para cá e ajudei a muitos, pois é muito complicado no início”, conta Guilhermina. Ela detalha que saiu de seu país na hora certa. “Meu pai lutou muito na guerra, é um guerreiro, ele defendeu muito o governo. A guerra era braba, quando ligava para ele ouvia os tiros pelo telefone”, lembra. Sem trabalho fixo, foi trabalhar como ajudante de cozinha,
Guilhermina dos Santos e o marido, Domingos Martins Neto, ex-refugiados da guerra em Angola
em restaurante e em casa de família angolana. “Depois me tornei proprietária do Bar de Angola, que foi o primeiro da Vila do Pinheiro a fazer comida da nossa terra. Conseguir a clientela não foi fácil, a vida tem seus sacrifícios”, desabafa. Guilhermina comprou uma casa na Maré e teve mais quatro filhos. “Já voltei muitas vezes para ver meus familiares. O passaporte nem tinha lugar para colocar mais vistos. Mas não desejo morar mais lá, minha vida está aqui com meus filhos.”
Duas nações semelhantes Domingos Martins Neto veio para o Brasil há 19 anos. “Muitos jovens preferiram sair do país, a combater na guerra civil. É o meu caso, meus pais me protegeram. A guerra atingiu a província que eu morava, o problema era a divergência
de dois partidos: UNITA e MPLA. Hoje tem muitos mutilados por minas, em especial quem vive da agricultura”, desabafa Domingos, que no início passou dificuldade em nosso país, mas superou ao procurar o refúgio. Ele lembra com saudades de Luanda. “Sinto saudades da família, mas já tenho dois filhos aqui. Em Angola nós nos destacamos pelo nosso traje africano, o bubu, ainda tem os mais formais que usam tipo os casulos dos sacerdotes. Mas aqui é um país maravilhoso, uma família, com semelhanças, Copacabana lembra Luanda. Meu coração é metade brasileiro e metade angolano”, expôs. Além da língua portuguesa, outra semlhança é a paixão pelo futebol. “Quando em 1994 o Brasil foi campeão da copa de futebol, foi uma festa em Angola”, relata.
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EDUCAÇÃO
O desafio de inserir crianças do município do Rio de Janeiro na escola Aluno Presente bate 80% da meta e insere na sala de aula mais de 16 mil crianças e adolescentes que não estavam na escola
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o ano de 2010, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Instituto de Estatística da UNESCO (UIS) lançaram uma iniciativa no mundo chamada “Pelas Crianças Fora da Escola”. No Brasil, o projeto é desenvolvido em parceria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que vem realizando uma grande mobilização para que todas as crianças tenham o direito de ir à escola garantido. O lema é: Fora da escola não pode! O Brasil tem um grande desafio em relação às crianças e adolescentes que se encontram fora da escola. Segundo dados do UNICEF e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, 3,8 milhões de crianças e aos adolescentes entre 4 e 17 anos de idade estão fora da escola no país. Esses números foram revelados a partir da análise dos Microdados do Censo Demográfico 2010 (IBGE).
A experiência que irá conhecer a seguir, o Aluno Presente, é uma resposta concreta da sociedade civil em parceria com o município do Rio de Janeiro ao desafio que o Brasil precisa enfrentar em todos os seus estados. O trabalho da articuladora local Anny Barglini não é dos mais simples: percorrer as ruas da Maré com o intuito de localizar e identificar crianças e adolescentes, entre 6 e 14 anos, que estão fora da escola. Ela e mais três profissionais facilitam a inserção na escola e acompanham as 859 crianças da Maré já cadastradas. “Nos primeiros meses do trabalho, fui me apresentar e conhecer as instituições locais. Nesse processo, eu recebi muitas indicações de crianças fora da escola. Além dessas indicações, que deram um direcionamento inicial para o trabalho, pude contar, também, com o
apoio dessas organizações na oferta de oportunidades para as famílias cadastradas no projeto,” relembra Anny. Anny e os outros articuladores locais, fazem parte do projeto Aluno Presente. Trata-se de um trabalho de busca ativa de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão escolar no município do Rio de Janeiro, com atuação em todas nas regiões de maior vulnerabilidade da cidade. Para encontrá-las e promover a inserção ou reinserção nas escolas, cinco equipes formadas por 70 profissionais percorrem o município em visitas às famílias e no contato com lideranças locais e agentes públicos, numa rede de estrutura de apoio que já soma 1.537 parceiros.
Os avanços do Aluno Presente O projeto Aluno Presente é uma iniciativa da Associação Cidade
Escola Aprendiz, uma instituição da sociedade civil, sediada em São Paulo, que em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e apoio da Fundação Education Above All do Qatar, são responsáveis pela realização dessa experiência inédita no Brasil. O Rio de Janeiro é a única cidade do país a desenvolver, em larga escala, um trabalho de busca ativa para enfrentar o fenômeno da criança fora da escola. Desde outubro de 2013 até junho de 2016, o projeto já identificou 17.633 crianças e adolescentes, naquela faixa etária, que estavam fora da escola e ou em risco de evasão. Além disso, facilitou a matrícula de 16.239 delas em unidades escolares. Este número já se aproxima de 80% da meta geral de, até o final de 2016, inserir 21 mil crianças e adolescentes na rede municipal de ensino. “Outra conquista significativa do Aluno Presente foram
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DIVULGAÇÃO DO PROJETO
Equipe do projeto Aluno Presente durante uma visita
Quando o articulador encontra uma criança fora da escola, busca se aproximar da família para entender as razões que a mantém sem estudar e auxilia pais e responsáveis na resolução dos problemas que a impedem de frequentar a escola” JULIA VENTURA duas percepções: a necessidade de se articular em rede pelos territórios, em nível local, e olhar o problema da criança fora da escola como uma questão multifatorial, e assim perseguir soluções por meio da articulação intersetorial. Várias ações foram realizadas para semear um caminho de integração do poder público nos
territórios de maior vulnerabilidade. Portanto, a garantia do direito da criança na escola só pode se efetivar se todos os agentes públicos que estão direta e indiretamente envolvidos na condição de vida da criança e do território trabalhem articulados,” ressalta Natacha Costa, Diretora Executiva da Cidade Escola Aprendiz.
Para se ter uma ideia da complexidade do processo de inserir uma criança que nunca foi à escola ou reinserir aquelas que um dia deixaram de ir às aulas, a Coordenadora geral do Projeto Aluno Presente, Julia Ventura, detalha como ocorre a condução das ações: “Quando o articulador encontra uma criança fora da escola, busca se aproximar da família para entender as razões que a mantém sem estudar e auxilia pais e responsáveis na resolução dos problemas que a impedem de frequentar a escola. Na maioria dos casos, isso exige acionar os parceiros e trabalhar em interseção com as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) e as demais secretarias de Saúde, Desenvolvimento Social, Habitação, Cultura e Esporte e Lazer. Depois de efetivada a matrícula, segue um acompanhamento destes estudantes nas escolas em um projeto de prevenção à evasão escolar, em diálogo direto com gestores das unidades, buscando o acolhimento das crianças, bem como o acompanhamento da sua permanência na escola por meio das listas fornecidas periodicamente pela Secretaria Municipal de Educação. Um dos períodos de intensa atividade, principalmente para os articuladores locais, é quando as matrículas digitais estão abertas no município. Nesses momentos, o reforço vai para a divulgação, com estratégias que vão desde a utilização de carros de som, spots em rádios comunitárias, matérias em jornais comunitários, colocação de cartazes em estações de trem e metrô, faixas e folhetos específicos com
informações sobre a matrícula e contatos onde a população pode buscar apoio para realizar as matrículas. As equipes de campo mobilizam instituições locais que disponibilizam seus espaços físicos e até computadores para facilitar o acesso ao site da Matrícula Digital. E os articuladores locais prestam apoio direto nos territórios, resolvendo questões que impedem a matrícula de crianças e adolescentes na rede municipal de ensino. A resposta das famílias O retorno das famílias ao projeto tem sido muito positivo, segundo a coordenação. “Temos vários depoimentos de pessoas reconhecendo a importância do projeto e por ter contribuído para a inserção de crianças e adolescentes de suas famílias na escola. Temos também um alto índice de pessoas que repassam os contatos do projeto dentro das comunidades para vizinhos e outros parentes, caracterizando a divulgação boca-a-boca”, acrescenta Julia Ventura. Na Maré, a gestora do território, Roberta Castro, confirma o otimismo dos integrantes do projeto: “O projeto foi muito bem recebido pelas famílias e instituições locais. Essa é uma iniciativa concreta de garantir o direito das crianças à Educação. É, ainda, uma oportunidade de criar uma rede de parcerias locais, em torno de demandas reais das famílias da Maré". ALUNO PRESENTE TELEFONE: (21) 3521-1670/1671 SITE: www.alunopresente.org.br
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ARTIGO
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Direito à educação escolar em tempos de eleições municipais MARCELO BAUMANN BURGOS SOCIÓLOGO E PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DA PUC
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sociedade brasileira ainda trata muito mal suas crianças, mas a situação já foi bem pior. Com a Constituição de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA/1990), e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB/1996), o cenário começa a mudar, pois o direito da criança e do adolescente passa a ser reconhecido como dimensão fundamental da democracia brasileira. Esse novo ordenamento jurídico atribui ao Estado, à família, e à sociedade em geral novas responsabilidades na formação das novas gerações. E confere à escola papel central no trabalho de transformação das crianças em indivíduos livres e capacitados para o pleno exercício da cidadania. Esse processo de mudança tem, no entanto, enfrentado todo tipo de resistência: por parte das próprias famílias, que agora se veem obrigadas a reconhecer que seus filhos têm direitos que lhes impõem novas obrigações; por parte das cidades, em geral muito pouco amáveis para as crianças: não por acaso suas ruas são encaradas como perigosas para elas. E por parte das escolas, que ainda não estão preparadas para lidar com um público majoritariamente composto por crianças oriundas de famílias pobres e pouco escolarizadas. Quanto tempo é necessário para que hábitos, costumes e práticas tão arraigadas se modifiquem? Se tomarmos como referência os últimos 25 anos, o balanço das mudanças experimentadas até aqui certamente não será negativo, mas tampouco pode ser comemorado. Ao longo desse período, o país conseguiu avançar em diversos aspectos importantes, reduzindo as taxas de mortalidade infantil e do ingresso precoce no mundo do trabalho e ampliando a oferta de educação infantil.
Quanto à escola, o país alcançou a quase universalização do acesso, mas ainda está longe de assegurar uma escolarização plena para todos. Basta notar que menos de 75% dos adolescentes do país completam o ensino fundamental na idade certa, e menos de 50% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão matriculados no ensino médio. E o quadro se mostra ainda mais grave quando se leva em conta o acesso à aprendizagem escolar. Na cidade do Rio de Janeiro, a segunda mais rica do país, 21% de crianças com oito anos não sabem ler, e 33% não sabem escrever, o que se reflete em taxas de reprovação de 20,4% no 3º ano, e de 11% no 4º ano. Dificuldade de aprendizagem e elevadas taxas de reprovação são fatores decisivos para estimular a tendência à infrequência e à evasão escolar, fazendo com que nas áreas mais populares da cidade um expressivo contingente de crianças e adolescentes acabe por ficar fora da escola. Esse quadro de privação do direito à escola está no centro de uma questão social que reflete um dos efeitos mais dramáticos da desigualdade brasileira, a saber: a desigualdade de acesso ao direito de ser criança. De fato, a privação de escola, aí incluído o direito à aprendizagem escolar, representa um grave prejuízo à vida de uma criança, comprometendo sua
cidadania, e aumentando sua exposição a situações de risco. E nunca é demais lembrar que, em média, 28 crianças e adolescentes são assassinadas por dia no país. Esse número é tão alto que chega a representar 1/3 das mortes nessa faixa etária. É responsabilidade das prefeituras assegurar que todas as crianças da cidade tenham acesso a uma educação infantil e a uma escola de ensino fundamental de qualidade. Mas, para isso, ela também precisa cuidar de muitas outras dimensões externas à escola, que incluem as áreas de saúde, segurança, meio ambiente urbano, e muito especialmente as redes de proteção de direitos das crianças e adolescentes que devem gravitar em torno dos conselhos tutelares. O mais importante é que não se pense a escola como uma fortaleza que deve proteger a criança da rua. Pois, na vida real, a educação das crianças passa necessariamente pela forma como as ruas e os espaços e equipamentos públicos da cidade lidam com elas. Ao contrário, a escola deve estar profundamente integrada à vida social na qual seus alunos vivem. É por isso que em larga medida o direito à escola se confunde com o direito da criança à cidade, e seria muito bom se as próximas eleições municipais fossem aproveitadas para avançarmos nessa direção.
Na cidade do Rio de Janeiro, 21% de crianças com oito anos não sabem ler, e 33% não sabem escrever, o que se reflete em taxas de reprovação de 20,4% no 3º ano, e de 11% no 4º ano. Dificuldade de aprendizagem e elevadas taxas de reprovação são fatores decisivos para estimular tendência à infrequência e à evasão escolar”
ELEIÇÕES
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Com mudanças, campanha eleitoral fica mais curta D ando continuidade às matérias sobre eleições, o Maré de Notícias traz algumas das mudanças sobre o processo eleitoral das próximas eleições municipais. É muito importante que estejamos informados e exerçamos o nosso direito de votar com consciência. E pela primeira vez as empresas estão proibidas de fazer doações! As mudanças foram definidas no final do ano passado com a aprovação da lei conhecida como minirreforma eleitoral. E mexem em pontos importantes, como o tempo de campanha e de propaganda na televisão. Um item polêmico, por exemplo, é a forma de financiamento adotado para as eleições municipais deste ano. Veja as principais alterações:
As doações As pessoas jurídicas não podem mais fazer doações para a campanha eleitoral. E o que é pessoa jurídica à luz da legislação? Associações, sociedades, fundações, organizações religiosas e as empresas individuais de responsabilidade limitada, formada por apenas um sócio. As “vaquinhas virtuais” também estão proibidas. As pessoas físicas podem sim fazer doações para a campanha eleitoral, mas está limitada a repassar valores que sejam, no máximo, 10% dos rendimentos declarados no Imposto de Renda do ano anterior.
Outras formas permitidas de financiamento de campanha são: recursos do próprio candidato; doações de partidos e de outros candidatos e recursos do Fundo Partidário, de carácter público, que este ano foi triplicado por decisão do Congresso Nacional, de R$ 289,5 milhões passou para R$ 867,5 milhões.
Custo da campanha Os gastos da campanha também estão limitados. O candidato a prefeito pode gastar 70% do valor declarado pelo candidato que mais gastou nas eleições anteriores, se tiver um único turno. E até 50% do maior gasto das eleições anteriores se tiver havido dois turnos. Nos municípios com até 10 mil eleitores, o candidato a prefeito não poderá gastar na campanha mais de R$ 100 mil.
Duração O tempo de campanha foi reduzido de 90 para 47 dias, uma queda de praticamente metade da duração de eleições anteriores. Nos municípios onde vai haver segundo turno, a campanha deve recomeçar 24 horas depois do fechamento das urnas e se estender até o dia anterior ao da votação.
Propaganda O período de propaganda eleitoral no rádio e na televisão foi reduzido de 45 para 35 dias. Vai se estender até o dia 29 de
As pessoas jurídicas não podem mais fazer doações para a campanha eleitoral. E o que é pessoa jurídica à luz da legislação? Associações, sociedades, fundações, organizações religiosas e as empresas individuais de responsabilidade limitada, formada por apenas um sócio. As ‘vaquinhas virtuais’ também estão proibidas” setembro. O tempo destinado diariamente aos programas e às inserções ao longo da programação das emissoras de rádio e de televisão aumentou. No primeiro turno, vão ser dois blocos diários de 10 minutos cada para candidatos a prefeito. E 80 minutos diários para as inserções, de 30 segundos a 1 minuto, 60% deles para a propaganda do candidato a prefeito e 40% para os candidatos a vereador.
Material de rua Cavaletes, outdoors e pinturas de muro estão vetados.
Bandeiras e cartazes afixados em residências têm limite de meio metro quadrado cada um.
Debates televisivos Canais de televisão podem realizar debates com os candidatos. Importante mudança são os critérios de participação. Antes, era obrigatório a convocação de candidatos cuja legenda tivesse representação na Câmara dos Deputados.Pela nova lei, são necessários nove parlamentares, sendo facultado o convite a outras candidaturas que não atendam a esse critério.
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As reivindicações
da Maré Documento leva a todos os candidatos a prefeito as prioridades das comunidades da Maré
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s dezesseis associações de moradores da Maré seguem uma tradição de lutas conjuntas e apresentam aos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro documento contendo uma lista de reivindicações do bairro. Elas participam do coletivo “A Maré que queremos”, proposto pela Redes da Maré, que tem como intenção criar espaços de diálogos entre os dirigentes comunitários para que se construa uma agenda integrada visando a melhoria da qualidade de vida dos moradores da Maré. Dessa vez, o grupo definiu como prioridade a formulação de um plano de ação para a Maré em torno de demandas nas áreas de saúde, da
educação, das artes e cultura, do esporte e do lazer, da segurança pública, do meio ambiente, da infraestrutura, do trabalho e da geração de renda, dos transportes e da comunicação. Entre as reivindicações de todas as comunidades da Maré estão a melhoria da coleta de lixo existente com a contratação de mais funcionários, a revisão do sistema em funcionamento, a melhoria dos equipamentos e a estrutura atual. Além disso, a implantação do programa Gari Comunitário em todas as favelas da Maré, mantendo a regularidade e qualidade do serviço. No campo político, o grupo defende algumas definições para que se possa manter com o(a) futuro(a) prefeito(a) relações institucionais baseadas em princípios democráticos e na transparência: •
O grupo definiu como prioridade a formulação de um plano de ação para a Maré em torno de demandas nas áreas de saúde, da educação, das artes e cultura, do esporte e do lazer, da segurança pública, do meio ambiente, da infraestrutura, do trabalho e da geração de renda, dos transportes e da comunicação”
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O reconhecimento e legitimação da representação institucional do Fórum das Associações de Moradores da Maré, através do Projeto “A Maré que queremos”; A definição da interlocução com as Secretarias Municipais para a apresentação e implementação do Plano de Desenvolvimento Local da Maré, priorizando-se a qualificação da urbanização e dos serviços públicos existentes; Estruturação da Região Administrativa da Maré, sob gerência de profissional técnico da Prefeitura do Rio de Janeiro, de forma que a lógica político partidária não interfira na distribuição dos serviços públicos municipais na Maré.
Os candidatos a prefeito do Rio de Janeiro estão convidados a participar de um debate no dia 15 de setembro, às 19h, no Centro de Artes da Maré, que tem como tema geral política habitacional e urbanização
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PRIORIDADES Entre as reivindicações das Associações apresentadas aos candidatos, destacam-se por áreas: EDUCAÇÃO
• Construção de Espaços de Desenvolvimento Infantil, EDI, em 8 comunidades, nos locais identificados pelo Coletivo. • Implantação de salas de Educação de Jovens e Adultos, EJA, primeiro e segundo segmento do Ensino Fundamental, em 6 escolas já existentes indicadas pelo Coletivo. • Abertura de mais turmas de Educação Infantil em todas as escolas localizadas na Maré. • Construção de mais escolas de Ensino Fundamental que atendam, prioritariamente, o 2º segmento (6º ao 9º ano), em 4 comunidades, em locais apresentados pelas associações. SAÚDE
• Construção das Clínicas da Família em 2 comunidades indicadas pelo Coletivo.
• Edificação de dois Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) na Maré. ARTE E CULTURA
• Revitalização da Lona Cultural de Ramos. • Criação de uma sala de cinema na Maré. ESPORTE E LAZER
• Construção de ciclovia integrando a Maré e o território a outras partes da cidade.
• Criação de Quadra Poliesportiva em todas as comunidades. • Organização de eventos esportivos anuais em parceria com as Associações de Moradores. • Construção da Academia Carioca nas oito praças da Maré. MEIO AMBIENTE, CONSERVAÇÃO E MELHORIA DOS SERVIÇOS EXISTENTES
• Melhoria da Coleta de Lixo existente com a
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contratação de mais funcionários, revisão do sistema em funcionamento atual e melhoria dos equipamentos e estrutura atual. Implantação do programa Gari Comunitário em todas as favelas da Maré, mantendo a regularidade e qualidade do serviço. Implantação de coleta seletiva de lixo e realização de campanhas educativas em torno da questão do lixo e reciclagem. Criação de pontos de entrega de lixo tóxico. Reurbanização de todos os espaços públicos.
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BAIXA DO SAPATEIRO
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Espaços urbanos precisam de reformas Principal equipamento público, a “Praça do Dezoito”, está degradada FOTOS: ELISÂNGELA LEITE
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Baixa do Sapateiro é uma das dezesseis favelas da Maré, no Rio de Janeiro. São cerca de quatro mil residências, onde vive uma população estimada de dezesseis mil pessoas. A exemplo das demais localidades do bairro, problemas de moradia e urbanização acompanham os moradores desde a origem da comunidade. Hoje eles ainda saltam aos olhos de quem chega ou de quem passa por lá e são objetos de luta dos moradores. A Avenida Brasil estava recém construída, por volta de 1947, quando formou-se a Baixa do Sapateiro, a partir de um pequeno núcleo de palafitas, numa área de manguezal vermelho, na época chamada de “Favelinha do Mangue de Bonsucesso”. E tomou impulso com o primeiro grande aterro para a construção da Cidade Universitária, em torno da Ilha do Fundão. Moradores expulsos de ilhas aterradas e trabalhadores da construção civil partiram então para fazer seus barracos no local, durante a noite. Dez anos depois, em 1957, para organizar a luta por moradia e melhoria da estrutura urbana, foi fundada a Associação dos Moradores da Baixa do Sapateiro. Até hoje a associação dos moradores permanece ativa, atualmente sob a presidência de Charles Gonçalves Guimarães, um
Em sentido horário: coreto precisa ter cobertura restaurada; gramado sintético do campo de futebol precisa ser renovado; Charles Guimarães: “queremos academia dos idosos coberta”
dos signatários do documento destinado pelo coletivo “A Maré que queremos” a todos os candidatos a prefeito do Rio de Janeiro. E a revitalização de espaços urbanos está entre as prioridades apontadas pela associação: “Queremos a reforma da Praça do Dezoito, com restauração da grama sintética do campo de futebol, recuperação dos vestiários e do coreto e a cobertura da academia do idoso”, afirma Charles. Outra bandeira da comunidade é o saneamento, apesar
da existência de galerias de esgotos e ruas calçadas. “Mas são insuficientes, como a coleta de lixo também, que precisa de novos equipamentos”, alega Charles mostrando os ralos dos esgotos danificados e o refluxo de água da galeria por causa de entupimento. Na área da Educação, a Prefeitura construiu recentemente o “Campus da Maré”, um complexo de 8 escolas, onde os alunos têm uma carga horária de sete horas, que estão ainda iniciando suas
atividades. Uma delas homenageia a Associação dos Moradores adotando o nome de um antigo presidente, Genival Pereira de Albuquerque. Segundo Charles Guimarães, a comunidade ainda reivindica mais um Espaço de Desenvolvimento Infantil, para alunos de 4 e 5 anos, ou a ampliação da Creche que já existe, a “Monteiro Lobato”. Em paralelo à luta por fortalecimento dos espaços e equipamentos públicos, a Associação dos Moradores ainda desenvolve atividades de prestação de serviços semanais de odontologia e fisioterapia, inspirada pela atuação, no bairro, de uma antiga liderança política: “a Associação dos Moradores da Baixa do Sapateiro agradece ao trabalho do deputado Gerson Bergher, que muito fez pela Maré, a quem prestamos a nossa homenagem”, finaliza Charles Guimarães.
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DICAS CULTURAIS
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PROGRAMAÇÃO Com a Lona Cultural da Maré em processo de reestruturação para que seja transformada em Areninha Carioca, a equipe do projeto trabalha a programação da “Lona Itinerante”, que passará por diversos espaços da Maré, com aulas de dança, oficinas, shows, bicicleatas, atividades artísticas e culturais. Neste mês de setembro, as atividades acontecem no Centro de Artes da Maré.
Dona Elir, à direita, e Dona Márcia fotografadas pelo italiano Antonello Veneri
Fotos de interiores de residências da Maré em revista internacional O fotógrafo italiano Antonello Veneri esteve no Rio de Janeiro recentemente e se fixou na Maré durante quase três anos. Em parceria com o musicista Henrique Gomes percorreu as ruas do bairro, conhecendo os moradores e conquistando confiança. Já entrosado com a população, desenvolveu o projeto “Interiores da Maré”: “são retratos de moradores dentro das próprias casas. Registros íntimos que falam de uma realidade que nunca é mostrada. Favela geralmente é associada apenas a violência", afirma o fotógrafo. Ao voltar para a seu país, o Antonello ocupou um grande espaço na revista National Geographic, em sua edição italiana, com 15 fotografias de moradores da Maré. Quem quiser conferir, acesse o link: http://www.nationalgeographic.it/wallpaper/2016/ 08/04/foto/gruppi_di_famiglia_in_interno_di_ favela- 3190347/1/
FOTOGRAFIA NA LATA O projeto “Mão na Lata”, desde 2003 usa fotografia e literatura no desenvolvimento de adolescentes da Maré. Em parceria com a Redes da Maré, a designer e fotógrafa carioca Tatiana Altberg coordena o projeto que utiliza máquinas artesanais, feitas de latas recicladas, pelos alunos, no conhecido processo do “pinhole” (furo de agulha), para captar imagens em preto e branco. Na contramão da fotografia instantânea, desses tempos de máquinas digitais, celulares, smartphones e tablets, os alunos desenvolvem a sensibilidade e técnica a partir de princípios da fotografia. No Centro de Artes da Maré (CAM), eles agora realizam a exposição “Em tudo há gente, Em tudo Nós”, que fica em cartaz até novembro.
POR DENTRO DA MARÉ
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Iniciativa de combate ao mosquito aedes aegypti transmissor da dengue de capacitação para se tornarem agentes mobilizadores e multiplicadores no combate ao mosquito aedes aegypti transmissor da dengue, uma doença infecciosa muito séria que pode matar. Desde que começou suas atividades, em 2014, 3.174 domicí-
Equipe Xô Dengue!
fala espanhol, para ensinar sua língua para crianças, jovens e adultos na Maré. A parceria tem dado ótimos resultados. O dia 31 de agosto passado foi muito especial para os/as alunos/as do Projeto Español para Tod@s, pois foram entregues os diplomas de nível A1 da ICLE (Instituto Cultura e Língua Espanhola) correspondente a 20 horas do curso intensivo realizado durante o mês de junho. Aproveitamos para lembrar que as aulas de espanhol reiniciam no dia 14 de setembro e que ainda temos vagas para novas inscrições! Vamos hablar español?
sobre a necessidade de se tomar medidas diárias para o combate ao mosquito, como apresentação teatral em espaços públicos e privados da Maré e exposição mensal de materiais de divulgação para maior conhecimento acerca do mosquito aedes aegypti. Além disso, a discussão sobre o que facilita a proliferação do mosquito e, consequentemente, o aumento da epidemia faz parte da rotina de trabalho desses adolescentes-pesquisadores, sob orientação da equipe responsável que envolve tecedores da Redes da Maré e professores da UFRJ. Para mais informações, entre em contato conosco na sede da Redes da Maré, em Nova Holanda.
ELISÂNGELA LEITE
Espanhol para todos Todos sabemos da importância de se dominar uma segunda língua no mundo moderno, ainda mais quando é uma língua falada por mais de 500 milhões de pessoas. É o caso do Espanhol. Só para termos uma ideia: toda a América – exceto EUA e Canadá – falam oficialmente o espanhol. Mas, mesmo nos EUA o espanhol já é uma espécie de segunda língua. Pensando na importância do Espanhol como língua e cultura, a Redes da Maré estabeleceu parceria com o Projeto Español para Tod@s. Este projeto traz voluntários nascidos em países onde se
lios da Maré já foram visitados para a campanha 10 minutos conta a Denque, da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Além do material informativo da campanha, os jovens desenvolvem outras atividades para sensibilizar os moradores
ELISÂNGELA LEITE
Como já mostramos aqui, na Edição 67, o projeto Xô Dengue tem como principal objetivo contribuir para a conscientização e combate a Dengue, por meio de ações de educação continuada. A iniciativa é desenvolvida pela Redes da Maré em parceria com o Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e apoiado pelo Rotary Club do Rio de Janeiro e pela Fundação Ireso, instituição que busca promover a educação profissional e de saúde de crianças e adolescentes brasileiros, por meio de parceria entre pessoas e organizações da Alemanha e do Brasil. Adolescentes moradores da Maré, com idade entre 13 e 17 anos, que passam por atividades
Turma diplomada pelo Instituto Cultura e Língua Espanhola nível A1
ESPAÇO ABERTO CAÇA-PALAVRAS EDIÇÃO 69 | SETEMBRO 2016
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O painel que também esconde A pobreza e suas mazelas, O esgoto a céu aberto, O descuido dos poderosos Aquilo que eles não querem que ninguém veja
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Em frente da minha casa Já passou o presidente E passou a Seleção Brasileira Mas, eu só vi poeira!
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É tempo de Olimpíadas É aquela animação Vem gente de todo Estado Vem gente de toda Nação
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• 3 maçãs grandes • 3/4 xícara (chá) de óleo • 3 ovos • 2 xícaras (chá) + 3 colheres (sopa) de farinha de trigo • 2 xícaras (chá) de açúcar • 2 colheres (chá) de fermento em pó • suco de 1 limão • 1 colher (chá) de açúcar • açúcar de confeiteiro para finalizar
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Os VULCÕES são formados pelo movimento das placas TECTÔNICAS que se encontram no interior Os VULCÕES são formados pelo da Terra. Quandodas elasformados se chocam, Os VULCÕES são pelo movimento placas TECTÔmovimento das placas TECTÔpodem ocorrer FISSURAS nas NICAS que se encontram no interior NICAS queQuando se encontram no chocam, interior rochas localizadas acima Por da Terra. elasdelas. se da Terra. Quando elas se chocam, essas FENDAS, o MAGMA existente podem ocorrer FISSURAS nas podem ocorrer FISSURAS nas entre o manto e a CROSTA terrestre rochas localizadas acima delas. Por a polpa corte em cubinhos, rochas localizadas acima delas. Por essas FENDAS, o MAGMA existente pode ser expelido, tornando-se um coloque em uma tigela e essas FENDAS, o MAGMA existente entre o manto a CROSTA terrestre regue com suco de limão vulcão. Este lançaeenão apenas lava, entre o manto a CROSTA terrestre pode ser expelido, tornando-se um e 1 colher de açúcar. Reserve. mas pode também gases TÓXICOS e fragser expelido, tornando-se um vulcão. Este lança não apenas lava, • Voltando ao liquidificador, mentos de MINERAIS. vulcão. Este lança não apenas lava, mas também gases TÓXICOSeefragfragacrescente à mistura os ovos, mas também gases TÓXICOS Em algumas partes do mundo, mentos de MINERAIS. MINERAIS. o açúcar, o óleo e bata bem. mentos de como Japão, Equador, Itália e • Em outra tigela, peneire Em partes do do mundo, Em algumas algumas partes Indonésia, existem vulcõesmundo, que, a farinha e o fermento. como Japão, Equador, Itália ee como Japão, Equador, Itália quando entram em atividade, Despeje a mistura do Indonésia, existem vulcões vulcõesque, que, Indonésia, existem capazes entram de destruir cidades liquidificador e misture bem. são quando em atividade, quando entram em atividade, inteiras, sendode necessária a Acrescente os cubinhos de são destruircidades cidades são capazes capazes de destruir remoção da POPULAÇÃO para se maçãs e misture novamente. inteiras, sendo sendo necessária necessária aa evitar uma CATÁSTROFE. • Despeje a massa em uma remoção da da POPULAÇÃO POPULAÇÃOpara parase se forma untada e polvilhada evitar uma CATÁSTROFE. uma CATÁSTROFE. No Brasil, também há vulcões, com farinha. Brasil, também há porém INATIVOS. que No são Brasil, tambémAquele há vulcões, vulcões, • Leve ao forno pré aquecido que porém são são INATIVOS. INATIVOS. Aquele que é considerado o mais Aquele ANTIGO a 180° por aproximadamente do mundo considerado o mais ANTIGO é considerado o mais ANTIGO está localizado na 35- 40 minutos. do mundo mundo está na do está localizado na Amazônia, próximo aolocalizado rio TAPAJÓS. • Espere esfriar alguns instantes. Amazônia, próximo ao rio TAPAJÓS. Amazônia, próximo ao rio TAPAJÓS. Ele tem cerca de 1,89 bilhão de Ele tem tem cerca bilhão Desenforme e salpique açúcar Ele cerca de de 1,89 1,89 bilhãode de anos, e seu conjunto de ROCHAS anos, e seu conjunto de de confeiteiro. anos, e seu conjunto deROCHAS ROCHAS vulcânicas chega a alguns outros vulcânicas chega vulcânicas chega aaalguns algunsoutros outros estados do país, como Mato Grosso, estados do país, como estados do país, comoMato MatoGrosso, Grosso, Roraima e Pará, além dede REGIÕES Roraima e Pará, além REGIÕESda da Roraima e Pará, além de REGIÕES da Venezuela do Suriname. Venezuela e doeSuriname. Venezuela e do Suriname. Só sei que passou Quando mostram na televisão: - Na Linha Vermelha, passou a Seleção!
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