Ensino de Arte

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ARTE FÁCIL - ENSINO MÉDIO

ARTE FÁCIL ENSINO MÉDIO

Cátia Barbosa


ARTE FÁCIL - ENSINO MÉDIO

1ª Edição

Arte Fácil- Ensino Médio

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BARBOSA, Cátia Aparecida Arte Fácil- Ensino Médio – 1. ed. – Montes Claros- MG, 2015 312 pág. 21 cm


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Agradecimentos: A Deus Pai, criador de todas as coisas. A Jesus, que a cada dia me mostra o imenso valor do amor universal. Aos anjos de luz, amigos que me têm dado inspiração para criar, sempre. Ao meu pai, que está e estará sempre em meu coração. Ao meu melhor amigo, companheiro de todos os momentos, Carlúcio.


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Dedico este livro aos meus três filhos Allan, Gabriela e Alice, companheiros de caminhada, com quem aprendo todos os dias.


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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10 AVALIAÇÃO EM ARTE ...................................................................................................... 11 CONTEÚDO BÁSICO COMUM DE ARTE ............................................................................. 14 1º ANO ............................................................................................................................ 18 AULA Nº 01 ..................................................................................................................... 18 MUITO PRAZER! BEM-VINDO AO ..................................................................................... 18 ENSINO MÉDIO! .............................................................................................................. 18 AULA Nº 02 ..................................................................................................................... 19 VOCÊ É UMA OBRA DE ARTE ............................................................................................ 19 AULA Nº 03 ..................................................................................................................... 20 TODO O TEMPO............................................................................................................... 20 AULA Nº 04 ..................................................................................................................... 21 PAUL KLEE ....................................................................................................................... 21 AULA Nº 05 ..................................................................................................................... 22 O TEMPO E O VENTO ....................................................................................................... 22 AULA Nº 06 ..................................................................................................................... 23 SONHAR .......................................................................................................................... 23 AULA Nº 07 ..................................................................................................................... 26 BASQUIAT ....................................................................................................................... 26 AULA Nº 08 ..................................................................................................................... 27 OS SONHOS TRANSFORMAM ........................................................................................... 27 AULA Nº 09 ..................................................................................................................... 27 HENRI MATISSE ............................................................................................................... 27 AULA Nº 10 ..................................................................................................................... 28 O FAUVISMO ................................................................................................................... 28 AULA Nº 11 ..................................................................................................................... 30 UM POUCO MAIS DE FAUVISMO (OU FOVISMO) .............................................................. 30 AULA Nº 12 ..................................................................................................................... 31 CORES, CORES, CORES! .................................................................................................... 31


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AULA Nº 13 ..................................................................................................................... 32 LABIRINTO... DE CORES .................................................................................................... 32 AULA Nº 14 ..................................................................................................................... 34 LABIRINTO... DE PAPÉIS ................................................................................................... 34 AULA Nº 15 ..................................................................................................................... 34 PABLO PICASSO ............................................................................................................... 34 AULA Nº 16 ..................................................................................................................... 35 MARCEL DUCHAMP ......................................................................................................... 35 AULA Nº 17 ..................................................................................................................... 38 READY-MADE .................................................................................................................. 38 AULA Nº 18 ..................................................................................................................... 38 ARTE CONCEITUAL ........................................................................................................... 38 AULA Nº 19 ..................................................................................................................... 39 O EXPRESSIONISMO ........................................................................................................ 39 AULA Nº 20 ..................................................................................................................... 45 DADAÍSMO...................................................................................................................... 45 AULA Nº 21 ..................................................................................................................... 46 TRISTAN TZARA ............................................................................................................... 46 AULA Nº 22 ..................................................................................................................... 47 O MODERNISMO ............................................................................................................. 47 AULA Nº 23 ..................................................................................................................... 48 CUBISMO ........................................................................................................................ 48 AULA Nº 24 ..................................................................................................................... 50 ARTISTAS PLÁSTICOS CUBISTAS ....................................................................................... 50 AULA Nº 25 ..................................................................................................................... 58 O FUTURISMO ................................................................................................................. 58 AULA Nº 26 ..................................................................................................................... 60 POESIA FUTURISTA .......................................................................................................... 60 AULA Nº 28 ..................................................................................................................... 61 O CONCRETISMO ............................................................................................................. 61 AULA Nº 29 ..................................................................................................................... 63 ARTE CONCRETISTA ......................................................................................................... 63


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AULA Nº 30 ..................................................................................................................... 64 POP ART .......................................................................................................................... 64 2º ANO ............................................................................................................................ 66 AULA Nº 01 ..................................................................................................................... 66 QUANDO TUDO COMEÇOU .............................................................................................. 66 AULA Nº 02 ..................................................................................................................... 68 A MÚSICA NA PRÉ-HISTÓRIA ........................................................................................... 68 AULA Nº 03 ..................................................................................................................... 73 IDADE DOS METAIS ......................................................................................................... 73 AULA Nº 04 ..................................................................................................................... 75 ARTE DO EGITO ............................................................................................................... 75 AULA Nº 05 ..................................................................................................................... 79 PERÍODO HELENÍSTICO .................................................................................................... 79 AULA Nº 06 ..................................................................................................................... 82 ARQUITETURA ................................................................................................................. 82 AULA Nº 07 ..................................................................................................................... 83 ARTE ROMANA ................................................................................................................ 83 AULA Nº 08 ..................................................................................................................... 85 ARTE NA IDADE MÉDIA .................................................................................................... 85 AULA Nº 09 ..................................................................................................................... 88 ESTILO GÓTICO ................................................................................................................ 88 AULA Nº 10 ..................................................................................................................... 91 NA ESCULTURA ................................................................................................................ 91 AULA Nº 11 ..................................................................................................................... 93 VESTUÁRIO MEDIEVAL .................................................................................................... 93 AULA Nº 12 ..................................................................................................................... 94 QUESTÕES SOBRE A ARTE DA IDADE MÉDIA .................................................................... 94 AULA Nº 13 ..................................................................................................................... 96 O RENASCIMENTO ........................................................................................................... 96 AULA Nº 14 ..................................................................................................................... 99 O QUATTROCENTO .......................................................................................................... 99 AULA Nº 15 ................................................................................................................... 102


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A ALTA RENASCENÇA ..................................................................................................... 102 AULA Nº 16 ................................................................................................................... 106 QUESTÕES ..................................................................................................................... 106 AULA Nº 17 ................................................................................................................... 111 O BARROCO .................................................................................................................. 111 AULA Nº 18 ................................................................................................................... 118 O BARROCO NO BRASIL ................................................................................................. 118 AULA Nº 19 ................................................................................................................... 121 PINTURA ....................................................................................................................... 121 AULA Nº 20 ................................................................................................................... 125 LITERATURA PARA O TEATRO ........................................................................................ 125 AULA Nº 21 ................................................................................................................... 130 QUESTÕES SOBRE O BARROCO ...................................................................................... 130 AULA Nº 22 ................................................................................................................... 139 ACADEMICISMO ............................................................................................................ 139 AULA Nº 23 ................................................................................................................... 141 O ROCOCÓ .................................................................................................................... 141 AULA Nº 24 ................................................................................................................... 143 NEOCLASSICISMO .......................................................................................................... 143 AULA Nº 25 ................................................................................................................... 146 O REALISMO .................................................................................................................. 146 AULA Nº 26 ................................................................................................................... 148 O MODERNISMO ........................................................................................................... 148 AULA Nº 27 ................................................................................................................... 150 IMPRESSIONISMO ......................................................................................................... 150 AULA Nº 28 ................................................................................................................... 156 PÓS-IMPRESSIONISMO .................................................................................................. 156 AULA Nº 29 ................................................................................................................... 159 EXPRESSIONISMO .......................................................................................................... 159 AULA Nº 30 ................................................................................................................... 170 SURREALISMO ............................................................................................................... 170 3º ANO .......................................................................................................................... 173


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AULA Nº 01 ................................................................................................................... 173 CONHEÇA AS CINCO COMPETÊNCIAS AVALIADAS NO ENEM ........................................... 173 AULA Nº 02 ................................................................................................................... 175 ENTENDENDO A ARTE .................................................................................................... 175 AULA Nº 03 ................................................................................................................... 177 FUNÇÕES DA ARTE ........................................................................................................ 177 AULA Nº 04 ................................................................................................................... 179 ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM VISUAL ............................................................... 179 AULA Nº 05 ................................................................................................................... 181 TEORIAS DA ARTE .......................................................................................................... 181 AULA Nº 06 ................................................................................................................... 184 ÁREAS DE CONHECIMENTO DA ARTE ............................................................................. 184 AULA Nº 07 ................................................................................................................... 186 DANÇA CONTEMPORÂNEA ............................................................................................ 186 AULA Nº 08 ................................................................................................................... 192 ARTE CONTEMPORÂNEA ............................................................................................... 192 AULA Nº 09 ................................................................................................................... 194 Arte Conceitual ............................................................................................................. 194 AULA Nº 10 ................................................................................................................... 197 PERFORMANCE ............................................................................................................. 197 AULA Nº 11 ................................................................................................................... 202 OBJETOS ENCONTRADOS (OBJET TROUVÉ)..................................................................... 202 AULA Nº 12 ................................................................................................................... 204 ASSEMBLAGE ................................................................................................................ 204 AULA Nº 13 ................................................................................................................... 207 COMPARANDO A ARTE MODERNA COM A ARTE CONTEMPORÂNEA .............................. 207 AULA Nº 14 ................................................................................................................... 208 ARTE CLÁSSICA .............................................................................................................. 208 AULA Nº 15 ................................................................................................................... 212 A ARTE ANTI-CLÁSSICA .................................................................................................. 212 AULA Nº 16 ................................................................................................................... 214 A ARTE MODERNA ......................................................................................................... 214


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AULA Nº 17 ................................................................................................................... 220 SURREALISMO ............................................................................................................... 220 AULA Nº 18 ................................................................................................................... 221 ARTE ABSTRATA ............................................................................................................ 221 AULA Nº 19 ................................................................................................................... 225 O MODERNISMO BRASILEIRO ........................................................................................ 225 AULA Nº 20 ................................................................................................................... 227 VICTOR BRECHERET ....................................................................................................... 227 AULA Nº 21 ................................................................................................................... 227 SEMANA DE ARTE MODERNA ........................................................................................ 227 AULA Nº 22 ................................................................................................................... 231 ARTE CÊNICA ................................................................................................................. 231 INTRODUÇÃO AO TEATRO ............................................................................................. 231 AULA Nº 23 ................................................................................................................... 235 MÚSICA ......................................................................................................................... 235 AULA Nº 24 ................................................................................................................... 239 ARTE BRASILEIRA........................................................................................................... 239 AULA Nº 25 ................................................................................................................... 242 A FOTOGRAFIA .............................................................................................................. 242 AULA Nº 26 ................................................................................................................... 244 MÚSICA ELETRÔNICA..................................................................................................... 244 DÉCADA DE 1850 A 1940: OS PRIMEIROS ARTISTAS E EQUIPAMENTOS .................................... 245 DÉCADA DE 1940 E 1950: MÚSICA CONCRETA E ELEKTRONISCHE MUSIK ................................. 247 DÉCADA DE 1960 E 1970: SINTETIZADORES PESSOAIS E A MÚSICA POPULAR ........................... 248 DÉCADA DE 1980 A 2000: A MÚSICA ELETRÔNICA PARA O GRANDE PÚBLICO .......................... 250

AULA Nº 27 ................................................................................................................... 253 ARTE URBANA ............................................................................................................... 253 AULA Nº 28 ................................................................................................................... 255 CINEMA......................................................................................................................... 255 AULA Nº 29 ................................................................................................................... 258 ARTE NAIF (PRIMITIVA) ................................................................................................. 258 AULA Nº 30 ................................................................................................................... 259


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PROJETO ....................................................................................................................... 259 FILMOGRAFIA................................................................................................................ 260 O ENEM COSTUMA APRESENTAR ILUSTRAÇÕES, CHARGES E ARTES PLÁSTICAS .................... 275 Diferentes formas de expressão podem aparecer na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias...................................................................................................................................... 275

ALGUMAS QUESTÕES SÓ PARA RELEMBRAR .................................................................. 281 REFERÊNCIAS................................................................................................................. 307


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INTRODUÇÃO

A arte é o conceito que engloba todas as criações realizadas pelo ser humano para expressar uma visão sensível do mundo, seja este real ou fruto da imaginação. Através de recursos plásticos, linguísticos ou sonoros, a arte permite expressar ideias, emoções, percepções e sensações. A história indica que, com o aparecimento do Homo Sapiens, a arte teve uma função ritual e mágicoreligiosa, que foi sofrendo alterações ao longo do tempo. Seja como for, a definição do termo “arte” varia de acordo com a época e a cultura. A classificação utilizada na Grécia Antiga incluía seis ramos dentro da própria arte: a arquitetura, a dança, a escultura, a música, a pintura e a poesia (literatura). Posteriormente, isto é, mais recentemente, passou-se a incluir o cinema como sendo a sétima arte. Há quem considere a fotografia como sendo a oitava arte (apesar de se alegar que esta não passa de uma extensão da pintura). A televisão, a moda, a publicidade e os jogos de vídeo são outras das áreas consideradas artísticas embora esporadicamente. Com o passar do tempo, as criações artísticas tendem a deteriorar-se com alguma relevância, daí a importância do conjunto de medidas dedicadas à preservação de tais bens culturais a pensar no futuro, conhecido como conservação e restauração das obras de arte. Quando o homem faz arte, ele cria um objeto artístico que não precisa ser uma representação fiel das coisas no mundo natural ou vivido e sim, como as coisas podem ser, de acordo com a sua visão, ou seu desejo. Com base nisto, a função da arte e o seu valor estão na representação simbólica do mundo humano.

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AVALIAÇÃO EM ARTE

Na disciplina Arte (Artes Audiovisuais, Artes Visuais, Dança, Música e Teatro) no Ensino Médio, será utilizada a linha de avaliação formativa, que propõe uma interação entre professor, aluno e comunidade escolar, visando à construção do conhecimento através de suas equidades. Nesse contexto poderão ser obtidos resultados qualitativos e não somente quantitativos. Na avaliação formativa, professor e aluno são agentes efetivos do processo educativo em seus vários aspectos: • Factual, referente aos fatos aprendidos. Uma aprendizagem significativa de fatos envolve sempre associação dos fatos aos conceitos que permitem transformar este conhecimento em instrumento para a concepção e interpretação das situações ou fenômenos que explicam. • Conceitual, referente aos conceitos construídos. Resolução de conflitos ou problemas a partir do uso dos conceitos; exercícios que obriguem os alunos a usarem o conceito. • Comportamental, referente à transformação que fatos e conceitos podem acarretar no comportamento do aluno. O que define sua aprendizagem não é o conhecimento que se tem dele, mas o domínio de transferi-lo para a prática. • Atitudinal, referente à mudança de atitudes na vida do aluno. A fonte de informação para conhecer os avanços nas aprendizagens de conteúdos atitudinais será a observação sistemática de opiniões e das atuações nas atividades grupais, nos debates das assembleias, nas manifestações dentro e fora da aula, nas visitas, passeios e excursões, na distribuição das tarefas e responsabilidades, durante o recreio, na organização dos espaços, na preocupação com as questões estéticas no dia-a-dia, etc. Para que sejam obtidos resultados significativos no processo educacional, é preciso que esses aspectos sejam interagentes, uma vez que a construção do conhecimento é um movimento dinâmico. As estratégias de avaliação em Arte podem ser as mais variadas e deverão ser selecionadas pelo professor, dependendo de sua disponibilidade e da infra-estrutura física que a escola oferece. Listo abaixo, para efeito de exemplo, algumas estratégias, que devem, preferencialmente, ser utilizadas em conjunto.

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A) PASTA/PORTIFÓLIO - Cada aluno terá sua pasta individual, onde colocará sua produção e todo o material que considerar interessante como referência para futuras produções ou estudos. O professor tem acesso fácil, assim, ao produto do desenvolvimento de suas aulas. O portfólio permite, ainda, que o professor tenha um registro constante do processo de aprendizagem do aluno, pois nele ficam praticamente todos os materiais que lhe proporcionem interesse e que tenham sido resultado do trabalho em Arte. B) DIÁRIO DE BORDO - Caderno de anotações, gravador ou câmera onde o aluno registra acontecimentos, seus pensamentos, seus sentimentos, o que aprendeu, suas facilidades, dificuldades, etc. No diário de bordo, o professor estará verificando todo o caminho que o aluno percorreu para realização de determinadas atividades, seus sentimentos, suas emoções individuais. Isso oferece respaldo significativo para a aprendizagem e para o professor, que pode ter uma atitude reflexiva em relação ao próprio trabalho. C) AUTO-AVALIAÇÃO - Pode ser oral ou escrita, individual ou em grupo, onde o aluno relata o que aprendeu, seu comportamento e suas atitudes em relação às aulas de Arte. É fundamental, pois o professor poderá verificar se tanto seu trabalho quanto o do aluno estão se concretizando, fazendo com que interajam no processo de construção e de ampliação do próprio conhecimento em Arte, bem como lidar com o sócio-emocional. D) ENTREVISTA - Pode ser feita pelo professor ao longo do ano. Deve ser preferencialmente gravada, sendo registradas as observações dos alunos durante o período. Através da entrevista, professor e aluno estarão obtendo informações sobre o andamento do processo educativo em Arte. É importante para que o aluno resgate idéias que não foram registradas de outra maneira ou que se perderam. Potencialmente, propicia que, ao longo do tempo, professor e aluno possam ter uma visão mais integral dos processos de criação e de construção de conhecimento. E) AFERIÇÕES CONCEITUAIS E DE TERMOS TÉCNICOS - São questionários e testes que, aplicados de tempos em tempos, contribuem para a avaliação do domínio do vocabulário próprio de referência técnica e conceitual da Arte. O conhecimento e a expressão em Arte supõem o domínio de conceitos e termos técnicos na área. Para saber Arte, o aluno deve incorporar em seu vocabulário alguns termos específicos, bem como

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saber interrelacioná-los. A aferição desse vocabulário propiciará meios para que ele possa tanto pensar como fazer e apreciar Arte. A avaliação formativa deve ser constante no processo educacional. Ao ser escolhida como o método de avaliação em Arte, deixa-se claro que ela deverá ser utilizada de forma coerente e estruturada, de modo que se tenha um ensino de Arte comprometido com a construção de conhecimento e o envolvimento com sentimentos e emoções, com a possibilidade de expressão individual e coletiva. Insiste-se que, o mais breve possível, todas as escolas tenham sua sala-ambiente de Arte (Artes Audiovisuais, Artes Visuais, Dança, Música e Teatro), a fim de que o professor possa exercer todas as atividades do processo educacional, dentro dos padrões básicos exigidos para as escolas de ensino básico. Em termos avaliativos, a sala-ambiente proporciona a/o professor e a/o aluno uma integração vivenciadora da realidade artística, oferecendo oportunidade de uma aprendizagem consciente e crítica em relação à arte, pois suas emoções, a sensibilidade, o pensamento, a criatividade estarão motivando-os à construção de seu conhecimento artístico. • Criar formas artísticas por meio de poéticas pessoais e/ou coletivas. Com este critério pretende-se avaliar se o aluno produz com liberdade e marca individual, utilizandose de técnicas, procedimentos e de elementos da expressão visual, gestual e/ou sonora. Pretende-se, ainda, avaliar as produções individuais e coletivas em sua forma de apresentação final, levando em conta a pertinência e a eficácia dos recursos e procedimentos utilizados. • Estabelecer relações com o trabalho de arte produzido por si, por seu grupo e por outros. Com este critério pretende-se avaliar se o aluno sabe identificar e argumentar criticamente sobre seu direito à criação, respeitando os direitos, valores e gostos de outras pessoas da própria cidade e de outras localidades, conhecendo-os e sabendo interpretá-los. • Identificar os elementos da expressão artística e suas relações em trabalhos artísticos e na natureza. Com este critério pretende-se avaliar se o aluno conhece, analisa e argumenta de forma pessoal a respeito das relações que ocorrem a partir das combinações de alguns elementos do discurso dos próprios trabalhos, nos dos colegas e em objetos e imagens que podem ser naturais ou fabricados, produzidos em distintas culturas e diferentes épocas.

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• Conhecer e apreciar vários trabalhos e objetos de arte por meio das próprias emoções, reflexões e conhecimentos e reconhecer a existência desse processo em jovens e adultos de distintas culturas. Com este critério pretende-se avaliar se o aluno conhece, sabe apreciar e argumentar sobre vários trabalhos, com senso crítico e fundamentos, observando semelhanças e diferenças entre os modos de interagir e apreciar arte em diferentes grupos culturais. • Valorizar a pesquisa e a frequentação junto às fontes de documentação, preservação, acervo e veiculação da produção artística. Com este critério pretende-se avaliar se o aluno valoriza a pesquisa, conhece e observa a importância da documentação, preservação, acervo e veiculação da própria cultura e das demais em relação à produção e aos espaços culturais, como bens artísticos e do patrimônio cultural.

Agora, vamos falar do Ensino Médio: pois é... Essas santas criaturinhas, inquietas, birrentas, que acham que sabem tudo, mas que fazem com que nossas vidas sejam uma constante de novas emoções, todos os dias. Qualquer professor que se preze, quer dizer, que ama o que faz, e que o faz com orgulho, só quer uma coisa: entrar na alma de seus alunos, independentemente de sua idade ou série. Em se tratando do professor de Arte, então, a coisa fica bem mais profunda: é necessário fazê-los ver a beleza em meio ao feio, ver a alegria, apesar do caos, ver esperança apesar do mundo em que eles vivem.

CONTEÚDO BÁSICO COMUM DE ARTE

A seleção dos conteúdos específicos de Artes Audiovisuais, Artes Visuais, Dança, Música e Teatro dependerá dos conhecimentos trabalhados nos ciclos ou séries anteriores e dos investimentos de cada escola. Os professores de Arte devem fazer um diagnóstico do grau de conhecimento de seus alunos e procurar saber o que já foi aprendido, buscando aprimorar e integrar esses saberes, tendo-os como foco, para a nova aprendizagem. Eixo Temático I: Conhecimento e Expressão em Artes Audiovisuais Eixo Temático II: Conhecimentos e Expressão em Artes Visuais Eixo Temático III: Conhecimento e Expressão em Dança 14


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Eixo Temático IV: Conhecimento e Expressão em Música Eixo Temático V: Conhecimento e Expressão em Teatro

A critério das escolas e respectivos professores, sugere-se que os projetos curriculares se preocupem em ampliar as possibilidades de conhecimento e expressão das formas artísticas propostas ao longo do ensino fundamental, quando foram trabalhadas Artes Visuais, Dança, Música, Teatro com mais especificidade e as integrem com as Artes Audiovisuais. Os conteúdos de Arte estão organizados de maneira que possam ser trabalhados ao longo do ensino médio. Espera-se que nesta fase o aluno seja capaz de propor projetos integrados das várias áreas artísticas e/ou mais específicos, de acordo com seus desejos e a disponibilidade de tempo, espaço e equipamentos da escola. São eles: •Revisão dos elementos básicos das expressões artísticas, modos de articulação formal, técnicas, materiais e procedimentos na criação em arte. •Revisão dos conceitos de arte como expressão e discurso dos indivíduos. •Aprofundamento e ampliação dos estudos sobre arte na sociedade, considerando os artistas, os pensadores da arte, outros profissionais, as produções e suas formas de documentação, preservação e divulgação em diferentes culturas e momentos históricos. Espera-se que o aluno já tenha desenvolvido habilidades e competências básicas do trabalho em Arte e possa utilizá-las em novas produções individuais e coletivas, demonstrando: • Interesse e respeito pela própria produção dos colegas e de outras pessoas. • Disponibilidade e autonomia para realizar e apreciar produções artísticas, expressando idéias, valorizando sentimentos e percepções. • Desenvolvimento de atitudes de autoconfiança e autocrítica nas tomadas de decisões em relação às produções pessoais e aos posicionamentos em relação a artistas, obras e meios de divulgação das artes. • Valorização das diferentes formas de manifestações artísticas como meio de acesso e compreensão das diversas culturas.

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• Identificação e valorização da arte local e nacional, inclusive obras e monumentos do patrimônio cultural. • Reconhecimento da importância de frequentar instituições culturais onde obras artísticas sejam apresentadas. • Sensibilidade para reconhecer e criticar manifestações artísticas manipuladoras, que ferem o reconhecimento da diversidade cultural e a autonomia e ética humanas. • Atenção ao direito de liberdade de expressão e preservação da própria cultura. O ideal é que o horário obrigatório seja usado para que os conteúdos/habilidades específicos de uma determinada área de expressão sejam privilegiados e que sejam utilizados outros horários curriculares para o desenvolvimento de outras expressões artísticas e a criação de grupos. Dependendo das condições, podem ser escolhidas as áreas artísticas a serem trabalhadas na escola. É bom lembrar que é preferível que o aluno tenha um ensino consistente em uma ou duas áreas de expressão que um ensino deficitário em todas. Nesse sentido, os tópicos obrigatórios são referenciais para que o professor aborde os assuntos. Dentre eles, o professor poderá escolher os conteúdos que tem mais condições para desenvolver aprofundadamente, através dos tópicos complementares, e contribuir significativamente para a aprendizagem dos alunos em Arte. Como já foi dito, para os conteúdos que não são de domínio do professor será preciso um esforço do professor e da escola para conseguir membros da comunidade que dominem o assunto e possam colaborar no processo de ensino/aprendizagem dos alunos em Arte, como agentes informadores.

Paralelo a essa necessidade, em se tratando de ensino Médio, ainda há o monstro do vestibular. Essas pobres criaturas, que começaram a viver agora, já têm que decidir que rumo devem tomar na vida, que profissão escolher, que caminhos seguir, porque afinal, depois de três anos, terão que prestar o temível, horroroso, louco e cruel VESTIBULAR! Bem... Pensando nisso foi que eu resolvi começar este trabalho, mostrando a melhor parte da arte que, a meu ver, é a prática, o “botar a mão na massa”. No primeiro ano, os alunos ainda têm um tempo de se divertirem enquanto aprendem. Tudo é mais light e nós não queremos assustá-los tanto, não é mesmo? Porém, devemos alertá-los de que, em

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razão das cobranças, a partir do segundo ano, a abordagem será um pouco diferente, não tão movimentada como acontece no primeiro ano. Dividi este trabalho de forma que no primeiro ano eles farão diversos trabalhos, entre desenho, pintura, colagem, teatro, entre outros. No segundo ano, eles entrarão em contato com a História da Arte. Terão questões para responder, a fim de que treinem o conhecimento adquirido. Para o terceiro ano, optei por trabalhar com a estrutura que o Enem exige, afinal, praticamente todas as faculdades públicas exigem um saber generalizado, o que engloba, em muito, a Arte. Pelo menos quatro questões de Arte caem nas provas do Enem, além de que em História, Filosofia e Literatura, a Arte está constantemente presente. Assim, eles poderão entender exatamente o que o Enem quer deles.

Então, vamos lá! Vamos ao ARTE FÁCIL – ENSINO MÉDIO!

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1º ANO AULA Nº 01 MUITO PRAZER! BEM-VINDO AO ENSINO MÉDIO!

Para início dos trabalhos, acho muito interessante conhecer os alunos. Conhecer mesmo. Os nomes, o que fazem, o que pensam do futuro, o que esperam da disciplina de Arte, entre outras coisas. É muito bom, logo no primeiro momento de aula, fazerem um círculo, em que cada um irá se expressar. É um ótimo momento para que o professor saiba o que vai encontrar pela frente durante todo o ano letivo. Os alunos sempre chegam alvoroçados, outros amedrontados, ao Ensino Médio. Você irá conhecê-los nesses aspectos tão importantes. Mostre para eles, logo após as apresentações, que Arte é tudo o que nos envolve; tudo o que vemos como belo, atraente, agradável. Deixe que eles brinquem um pouco com esta questão: irão citar meninos e meninas que são verdadeiras obras de arte. Você deverá anotar tudo o que for dito, os nomes, os gostos, o jeito de ser de cada um dos alunos. Eles serão avaliados principalmente pela participação, pela disciplina. Procure não ser radical demais. Lembre-se que eles estão chegando para uma nova etapa de sua vida. Tudo é novo, e eles... Bem... Eles são ADOLESCENTES!

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AULA Nº 02 VOCÊ É UMA OBRA DE ARTE

Esta aula é uma maravilha! Previamente você deverá pedir aos alunos que levem fantasias, óculos engraçados, roupas loucas, o que quiserem para tirarem fotos. Atualmente, qualquer aluno, independente de classe social, tem um celular capaz de tirar boas fotos. Após isso, peça-lhes que façam grupos de quatro a cinco alunos para que escolham a melhor foto, de cada um. Estas serão gravadas em um pen drive do grupo. Eles poderão fazer um calendário anual para cada grupo, ou ainda, um único calendário para a turma toda. Atualmente existem inúmeros programas que fazem este trabalho fácil e rapidamente, e, pode ter certeza, eles se viram. Posso indicar, por exemplo, o Tkexe Kalender, que vocês poderão encontrar neste link: http://primeiroacesso.com.br/passo-a-passo-monte-umcalendario-personalizado-com-fotos/ É necessário um tempo para que eles possam fazer a atividade, aproximadamente duas semanas, pelo menos. Legal é que as fotos sejam tiradas no colégio, em espaços variados; mas o trabalho final terá que ser fora, extra-horário. Eles poderão mandar imprimir, ou ainda, disponibilizar no YouTube, o que fazem com maestria. No caso de escolas particulares, seria bem interessante que a direção participasse deste trabalho, mandando o material para uma gráfica; fica lindo! A avaliação consiste, não na beleza do trabalho, pois nem todos os alunos têm os dons necessários, mas na participação, na união dos grupos, no respeito aos colegas e ao professor durante os trabalhos, no comprometimento. Sugira que eles façam uma espécie de relatório todas as vezes que forem trabalhar em grupo, anotando tudo o que acontece durante as reuniões. É uma forma de você auxiliar os professores de Redação e de Português.

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AULA Nº 03 TODO O TEMPO

Nesta aula, você poderá falar com eles sobre o nosso calendário e pedir-lhes que façam uma pesquisa, em grupos de até cinco, que trabalhará, cada um: o calendário hebreu, o egípcio, o romano, o juliano e o gregoriano. Se na sua escola há retro-projetor, sugira-lhes que façam o trabalho em Power Point e que, após a apresentação, publiquem no YouTube e divulguem-no no Facebook. Interessante também é que vocês criem um blog para colocar todos os trabalhos da turma. Se você não sabe como fazer, é a hora de usar aquela velha filosofia: na educação aprendemos mais do que ensinamos. Eles sabem fazer e ficarão muito felizes em ensinar ao professor. Enquanto isto, em sala de aula, você deverá entregar-lhes uma folha de papel A4 para que cada um desenhe um relógio bem grande, numerado corretamente. O título deverá ser: Todo o Tempo. A sugestão é que, em cada “hora” eles desenhem algo que signifique um momento de suas vidas. Eles terão que dividir os fatos importantes em doze partes, mas aqueles que têm a memória mais privilegiada, poderão colocar mais, utilizando os intervalos dos números. Este trabalho é demorado e talvez eles tenham que terminá-lo em casa. De qualquer forma, procure ficar com todos os trabalhos, para que possa avaliar e também, guardá-los para uma futura exposição. Se houver possibilidade, procure manter um quadro no pátio da escola, sempre com os trabalhos. É inacreditável como isto dá um ânimo a eles! Procure sempre lembrar-lhes de que a Arte vem do coração e cada um faz o que está em sua alma. Exija capricho, mas elogie todos os trabalhos. Busque algo dentro de cada rabisco e fale com os autores sobre o que pensa a respeito de seu trabalho.

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AULA Nº 04 PAUL KLEE Influenciado por seu pai, o professor de música Hans Klee, Paul interessou-se primeiramente por música, mas na adolescência viu aflorar sua vocação para as artes plásticas. Estudou na Academia de Belas Artes de Munique e, estabelecendo-se nessa cidade, conheceu Kandinsky e Franz Marc, entre outros artistas de vanguarda. Em 1906, casou-se com a pianista Lili Stumpf, com quem teve um filho, Félix. Nesse mesmo ano, expôs suas gravuras pela primeira vez. Passou a fazer parte, em 1911, do grupo "Der Blaue Reiter" ("o cavaleiro azul"), que reunia artistas expressionistas liderados por Wassily Kandisnky. Klee visitou a Tunísia em 1914, o que proporcionou grande impacto em sua obra. Impressionado com a luminosidade e as cores do país africano, Klee chegou a declarar: "A cor e eu somos um só". Durante a Primeira Guerra Mundial, Paul Klee integrou o exército imperial da Alemanha. Com o fim do conflito, tornou-se professor da famosa escola de arte moderna Bauhaus, instalando-se na cidade de Weimar. Além de possuir uma das mais importantes obras pictóricas da primeira metade do século 20, Paul Klee notabilizou-se por sua reflexão teórica, encontrada em textos como "Sobre a Arte Moderna" e "Confissão Criadora". A partir de 1931, o artista tornou-se professor da Academia de Düsseldorf. Com a ascensão dos nazistas ao poder, a situação de Klee na Alemanha tornou-se difícil, sendo considerado um produtor de "arte degenerada". Em 1933, retornou à Suíça. Dois anos depois, teve diagnosticada uma doença auto-imune e progressiva, a esclerodermia. Paul Klee faleceu em Berna, em 1940. Em junho de 2005, com a inauguração do Centro Paul Klee, a cidade de Berna, na Suíça, passou a abrigar a maior coleção individual do mundo, com 4.000 obras do artista. Projetado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, que também projetou o Centro George Pompidou, em Paris, o museu tornou-se um riquíssimo centro de pesquisas sobre um dos fundadores da arte abstrata - o pintor e artista gráfico Paul Klee. Nesta aula, você falará sobre este grande nome, Paul Klee. Depois de sua exposição, entregue-lhes papel A4 para que ele possam escolher uma de suas obras e fazer uma releitura. Para aproveitar que estamos falando de tempo, sugiro que use, como pano de fundo, relógios. Fica uma graça o trabalho, 21


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muito colorido! Eles vão gostar! Lembre-se de recolher para que sejam expostos mais tarde. Todas essas obras abaixo são de Paul Klee.

AULA Nº 05 O TEMPO E O VENTO O Tempo (Mário Quintana)

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é natal... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado... Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas... Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo... E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.

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Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

É... O tempo passa rapidamente, não é mesmo? Mostre aos seus alunos, através de uma conversa bem legal, que eles devem se preparar para o futuro, porque este, com certeza, chega. O tempo voa e consigo leva muitos de nossos sonhos. Abra-lhes os olhos para que eles desperdicem o menor tempo possível. Como atividade, sugira-lhes que façam um poema, falando sobre a efemeridade do tempo. Às vezes, um minuto demora “horas” para passar, como por exemplo, quando eles estão com encontro marcado com “alguém”. Em outras ocasiões, o tempo voa, literalmente, como quando estão numa balada “sinistra”. Peça-lhes para escreverem uma poesia, ou uma prosa poética. Guarde-as muito bem para depois fazer uma espécie de cordel no pátio da escola. Mas não se esqueça de fazer a revisão gramatical de todas. Para isto, que tal contar com o professor de Redação ou de Português? É sempre bom um segundo olhar.

AULA Nº 06 SONHAR

Dédalo era um soberbo inventor, que trabalhava vulgarmente com o seu sobrinho Talo, do qual estava encarregado da educação. Talo, um dia, após passear pela praia, viu o esqueleto de um peixe, forma na qual se viria a inspirar para criar a primeira serra. Com alguma inveja, Dédalo tentou matar este seu sobrinho, atirando-o de um sítio alto. Contudo, antes que atingisse o chão, os deuses interviriam, e o jovem foi transformado numa perdiz, que voou para evitar a desgraça iminente.

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Culpado de homicídio, Dédalo foi obrigado a abandonar a cidade natal, indo refugiar-se em Creta, a ilha do famoso rei Minos. Aí, foi incumbido de construir um labirinto, onde o famoso Minotauro viria a ser aprisionado. Seria, mais tarde, impedido de deixar esta ilha, altura em que concebeu a sua mais famosa invenção, umas asas que lhe permitiriam voar. Pretendia, juntamente com o filho, usá-las para escapar da ilha. No entanto, as coisas não iriam correr bem para o pequeno Ícaro. Ignorando os conselhos de Dédalo, voou demasiado alto, o que fez com que a cera que prendia as asas derretesse, precipitando-o no mar. Dédalo escapou da sua prisão e passou a viver na ilha da Sicília.

Jean-Michel Basquiat, entre l’art et la débauche

Jean-Michel Basquiat (Brooklyn, Nova Iorque, 22 de dezembro 1960 - 12 de agosto de 1988) foi um artista americano. Ganhou popularidade, primeiro como um grafiteiro na cidade onde nasceu, e então, como neoexpressionista. As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas e costumam atingir preços bastante altos em leilões de arte. Basquiat tinha ascendência porto-riquenha por parte de mãe e haitiana por parte de pai. Desde cedo mostrou uma aptidão incomum para a arte e foi influenciado pela mãe, Matilde, a desenhar, pintar e a participar de atividades relacionadas ao mundo artístico. Em 1977, aos 17 anos, Basquiat e um amigo, Al Diaz, começaram a fazer grafite em prédios abandonados em Manhattan. A assinatura era sempre a mesma: "SAMO" ou "SAMO shit" ("same old shit", ou, traduzindo, "sempre a mesma merda"). Em 1978, Basquiat abandonou a escola e saiu de casa, apenas um ano antes de se formar. Mudou-se para a cidade e passou a viver com amigos, sobrevivendo através da venda de camisetas e postais na rua. Um ano depois, em 1979, contudo, Basquiat ganhou um status de celebridade dentro da cena de 24


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arte de East Village em Manhattan por suas aparições regulares em um programa televisivo. No fim da década de 1970, Basquiat formou uma banda chamada Gray, com o então desconhecido músico e ator Vincent Gallo. Com o conjunto, tocaram em clubes como Max's Kansas City, CBGB, Hurrahs e o Mudd Club. Basquiat e Gallo viriam a trabalhar em um filme chamado Downtown 81 (também conhecido por "New York Beat Movie"). A trilha sonora deste tinha algumas gravações raras da Gray. A carreira cinematográfica de Basquiat também incluiu uma aparição no vídeo "Rapture" da banda Blondie. Basquiat começou a ser mais amplamente reconhecido em junho de 1980 quando participou do The Times Square Show, uma exposição de vários artistas patrocinada por uma instituição de nome "Colab". Em 1981, o poeta, crítico de arte e "provocador cultural" Rene Ricard publicou um artigo em que comentava sobre o artista. Já em 1982, Basquiat era visto frequentemente na companhia de Julian Schnabel, David Salle e outros curadores, colecionadores e especialistas em arte que seriam conhecidos depois como os "neoexpressionistas". Ele começou a namorar, também, uma cantora desconhecida na época, Madonna. Neste mesmo ano, conheceu Andy Warhol, com quem colaborou ostensivamente e cultivou amizade. Dois anos depois, em 1984, muitos de seus amigos estavam preocupados com seu uso excessivo de drogas e seu comportamento paranoico. Basquiat, então, já estava viciado em heroína. No dia 10 de fevereiro de 1985, Basquiat foi capa da revista do The New York Times, em uma reportagem dedicada inteiramente a ele. Com o sucesso, foram realizadas diversas exposições internacionais em todas as maiores capitais europeias. Basquiat morreu de um coquetel de drogas (uma combinação de cocaína e heroína conhecida popularmente como "speedball") em seu estúdio, em 1988. Após sua morte, um filme que levava seu nome foi lançado contando sua biografia, dirigido por Julian Schnabel e com o ator Jeffrey Wright no papel de Basquiat. * Como atividade, os alunos deverão fazer uma releitura da obra de Basquiat (acima). Eles poderão voar o quanto quiserem, desde que tenham asas, é claro. Isto quer dizer que eles poderão imaginar o desenho que quiserem, ou até mesmo palavras, poemas, vários sóis, ou nuvens, qualquer coisa, desde que tenham asas.

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AULA Nº 07 BASQUIAT

Outras obras do artista:

Os alunos farão cópia de um dos quadros de Basquiat. Lembrá-los de que o trabalho de Basquiat é basicamente grafite. Eles deverão usar lápis mesmo. A obra deste artista é magnífica! Vale a pena colocar os desenhos de seus alunos em uma moldura. Eles poderão comprá-las prontas nessas lojas de R$1,99 ou, então, vocês, juntos, poderão em uma aula, usar a criatividade e fazer. Sempre é melhor optar pela criação. Olha estas feitas com papelão:

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AULA Nº 08 OS SONHOS TRANSFORMAM Nesta aula você irá propor a seus alunos que pensem em tudo o que há a sua volta. Pergunte-lhes, em uma roda de bate-papo, se eles estão contentes com a vida que levam, com a sociedade em que vivem, com o país, com o mundo. O que eles acham que poderia ser mudado? Como acham que a arte poderia transformar o mundo, a sociedade em que vivem? Peça-lhes para, em grupos de, no máximo três alunos, escreverem um mini projeto, que definirá como será o seu mundo. Devem anotar todos os detalhes que puderem: saneamento básico, moradia, segurança, saúde, educação, etc... Após terminado o projeto, deverão, em sala de aula, fazer o desenho deste novo mundo. Afinal, sonhar não custa nada, e faz muito bem! Quem sabe eles podem, um dia, mudar as cores do mundo, como Henri Matisse fez. Sugira-lhes que deem um nome ao projeto. Eles devem entregar a parte escrita e a desenhada para a exposição.

AULA Nº 09 HENRI MATISSE Henri-Émile-Benoît Matisse (1869 a 1954) foi um artista francês, conhecido por seu uso da cor e sua arte de desenhar, fluida e original. Foi um desenhista, gravurista e escultor, mas é principalmente conhecido como pintor. Matisse é considerado, juntamente com Picasso e Marcel Duchamp, como um dos três artistas seminais do século XX, responsável por uma evolução significativa na pintura e na 27


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escultura.Embora fosse inicialmente rotulado de fauvista (besta selvagem), na década de 1920, ele foi cada vez mais aclamado como um defensor da tradição clássica na pintura francesa. Seu domínio da linguagem expressiva da cor e do desenho, exibido em um conjunto de obras ao longo de mais de meio século, valeram-lhe o reconhecimento como uma figura de liderança na arte moderna. Como atividade, os alunos farão a cópia de uma das obras de Matisse: Vocês poderão usar o material que quiserem, porém, no Ensino Médio, o tempo é mais curto, em razão de as aulas precisarem ser expositivas. Assim, eu sugiro que os trabalhos de cópia e releitura, pelo menos a maioria, sejam feitos em papel A4 mesmo, coloridos com lápis ou canetas hidrocor. Porém, fica a seu critério.

AULA Nº 10 O FAUVISMO O fauvismo (do francês fauvisme, oriundo de les fauves, "as feras", como foram chamados os pintores não seguidores do cânone impressionista, vigente à época) é uma corrente artística do início do século XX, que se desenvolveu, sobretudo, entre 1905 e 1907. 28


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O estilo começou em 1900, mas só foi denominado e reconhecido como um movimento artístico em 1905. Segundo Henry Matisse, em "Notes d'un Peintre", pretendia-se com o fauvismo "uma arte do equilíbrio, da pureza e da serenidade, destituída de temas perturbadores ou deprimentes". Este grupo de pintores utilizava nos seus quadros cores violentas, de forma arbitrária. A denominação do movimento deve-se ao crítico conservador Louis Vauxcelles, que no Salão de Outono de 1905, em Paris, comparou-os a feras (fauves). Havia ali uma escultura acadêmica representando um menino, rodeada de pinturas neste novo estilo, que o levou a dizer que aquilo lhe lembrava "um Donatello entre as feras". Tal denominação, inicialmente de caráter depreciativo, acabou por se fixar e passou a designar o movimento. O campo da criação artística é atingido fortemente pela Revolução Industrial. As mudanças são tão rápidas que seria impossível adotar os cânones artísticos anteriores. Neste meio não é mais permitido o estudo profundo; é preciso ingressar na corrida artística. As amarras criadas por normas sagradas buscam agora um novo propósito: pintar as sensações que despertam o estado de espírito no livre curso dos impulsos interiores. Muitas vezes o aprendizado é questionado. É a época da glorificação do instinto. O meio artístico gira em torno de um novo mundo. Está em ebulição. Multiplicam-se novos temas a respeito da arte, surgem novos comerciantes de quadros, críticos e exposições particulares. O artista possui, diante de si, cada vez mais informações em razão das mudanças e dos acontecimentos de sua época. Os pintores fauvistas foram influenciados por Van Gogh, através de seu emocionalismo e ardor passional no uso das cores, e por Gauguin, com seu primitivismo e visão sintética da natureza. A nova estética obedece aos impulsos instintivos ou as sensações vitais. Criar desobedecendo a uma ordem intelectual, onde as linhas e as cores devem jorrar no mesmo estado de pureza das crianças e selvagens, afrontando os cânones tradicionais da pintura. A tela se apresentava plana, fornecendo apenas comprimento e largura. Basearam-se na força dos matizes saídos das bisnagas de tinta. A realidade era deformada com a finalidade de produzir o estado de espírito do artista diante do espetáculo oferecido pela natureza em movimento (reflexos dos tons vivos sobre a água e galhos retorcidos). A nova geração de artistas buscava recomeçar sem se preocupar com a composição. Na ânsia de pintar o estado de graça, muitas vezes aplicava-se a tinta diretamente na tela, onde os vermelhos, os amarelos, os verdes uivavam e antecipavam o gosto moderno pela cor pura. Era o novo espírito de síntese, que deixava para segundo plano o desenho e a forma. Os elementos formais tornaram-se deformadores e criavam contrastes ou harmonia de coloridos inexistentes no mundo visível. Não se deixaram escravizar pelos aspectos visuais da realidade e do naturalismo. A nova arte 29


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surgiu como verdadeira libertação da realidade objetiva e foi construída pelas sensações visuais impulsivas dos artistas.

Esta é uma obra fantástica! Para fazer uma releitura dela, será necessário usar tintas. Para isso, é bom que você já combine com bastante antecedência com os alunos para que cada um leve uma cor diferente, a fim de que haja bastante diversidade de cores. Aqui usaremos a técnica da pintura soprada. Usa-se uma folha de papel A4 e pingam-se nela alguns pontos de tinta, espaçados. Com um canudinho de refrigerante, sopram-se as gotas de tinta em várias direções, até que o papel fique totalmente colorido. E voilà! Temos uma obra genuinamente fauvista!

AULA Nº 11 UM POUCO MAIS DE FAUVISMO (OU FOVISMO)

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A releitura desta obra fica maravilhosa se feita com recortes de revistas. Sugira aos seus alunos que escolham as páginas com cores mais vibrantes possível. Eles irão recortar as folhas em formato ondulado. Fica muito bonito!

AULA Nº 12 CORES, CORES, CORES!

Os dois últimos trabalhos poderão ser feitos com tinta, usando-se algodão ou algum pedacinho de trapo. Molha-se o trapo na tinta e depois, vai-se trabalhando todo o papel, formando a imagem. No caso do primeiro, é bem interessante reproduzi-lo utilizando canetinhas hidrocor. Lembre-se: o Fauvismo, ou Fovismo é basicamente explosão de cores. Aproveitem!

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AULA Nº 13 LABIRINTO... DE CORES

Na mitologia grega, o labirinto de Creta teria sido construído por Dédalo (arquiteto cujo nome tornouse, depois, também sinônimo de labirinto) para alojar o Minotauro, monstro metade homem, metade touro, a quem eram oferecidos regularmente jovens, que ele devorava. Segundo a lenda, Teseu conseguiu derrotá-lo e encontrar o caminho de volta do labirinto graças ao fio de um novelo, dado por Ariadne, que foi desenrolando ao longo do percurso. A arte moderna parecia, às vezes, um labirinto, tamanha a diversidade de cores. Vamos sugerir aos alunos que façam seus próprios labirintos. Eis algumas ideias, que poderão ser colocadas em prática utilizando-se linhas grossas, como lã, por exemplo.

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Bem, e já que falamos de Mitologia, vamos falar um pouco sobre a arte greco-romana ou arte clássica e sua influência para os dias de hoje, que foi muito grande e importantíssima. Por exemplo, nas artes plásticas: os gregos eram excelentes escultores, pois buscavam retratar o corpo humano em sua perfeição. Músculos, vestimentas, sentimentos e expressões eram retratados pelos escultores gregos. As artes plásticas da Grécia Antiga influenciaram profundamente a arte romana e renascentista. Um dos exemplos mais conhecidos pelo ocidente seria o Homem Vitruviano, retratado pelo italiano Leonardo da Vinci.

Na Filosofia: a cidade de Atenas foi palco de grande desenvolvimento filosófico durante o século V aC. Ressaltamos aqui Sócrates, Platão e Aristóteles. Nos esportes: foram os gregos que desenvolveram os Jogos Olímpicos. Aconteciam de quatro em quatro anos na cidade grega de Olímpia. Era uma homenagem aos deuses, principalmente a Zeus (deus dos deuses). Atletas de diversas cidades gregas se reuniam para disputaresportes como, por exemplo, natação, corrida, arremesso de disco, entre outros. Na Mitologia: para explicarem as coisas do mundo e transmitirem conhecimentos populares, os gregos criaram vários mitos e lendas, que eram transmitidas oralmente, de geração para geração. A mitologia grega era repleta de monstros, heróis, deuses e outras figuras mitológicas. No teatro: os gregos eram apaixonados pelo teatro! As peças eram apresentadas em arenas e os atores representavam usando máscaras. As comédias, dramas e sátiras retratavam, principalmente, o comportamento e os conflitos do ser humano. Ésquilo e Sófocles foram os dois mais importantes escritores de peças de teatro da Grécia Antiga. Para a democracia: a cidade de Atenas é considerada o berço da democracia. Era o povo quem decidia, de forma direta, os rumos da cidade-estado.

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Agora, que já sabemos um pouco sobre esta importantíssima fase, vamos trabalhar um pouco mais:

AULA Nº 14 LABIRINTO... DE PAPÉIS Vamos fazer o seguinte: iremos colocar a arte Greco-romana num labirinto. É o seguinte: Peça a seus alunos que procurem em revistas antigas, figuras que representem a arte clássica, ou então, podem imprimir da internet, até mesmo em preto e branco. Vamos montar um incrível labirinto. Este trabalho é bem interessante para fazer uma capa personalizada para o caderno. É um mostra de découpage.

AULA Nº 15 PABLO PICASSO O rei da Arte Moderna Pablo Picasso (1881 a 1973) foi um pintor espanhol, escultor, ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo, que passou a maior parte da sua vida adulta na França. Considerado um dos maiores e mais influentes artistas do século XX, é conhecido por ser o co-fundador do cubismo – ao lado de Georges Braque –, também inventor da escultura construída, o co-inventor da colagem e pela variedade de estilos que ajudou a desenvolver e explorar. Dentre as suas obras mais famosas estão os quadros cubistas As Senhoritas d’Avignon (1907) e Guernica (1937), uma pintura do bombardeio alemão de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola. Picasso demonstrava talento artístico desde a mais tenra idade, pintando de forma realista por toda a sua infância e adolescência. Durante a primeira década do século XX, seu estilo mudou graças aos seus experimentos com diferentes teorias, técnicas e ideias. Sua obra geralmente é classificada por 34


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períodos. Enquanto os nomes de muitos dos seus períodos finais são controversos, os períodos mais aceitos da sua obra são o período azul (1901-1904), o período rosa (1904-1906), o período africano (1907-1909), o cubismo analítico (1909-1912) e o cubismo sintético (1912-1919). Picasso, Henri Matisse e Marcel Duchamp são considerados os três artistas que mais realizaram desenvolvimentos revolucionários nas artes plásticas nas décadas iniciais do século XX, responsáveis por importantes avanços na pintura, na escultura, na gravura e nas cerâmicas.

The Weeping Woman- Picasso

Como atividade, os alunos farão outra montagem com figuras recortadas. Desta vez, o temapode ser livre. Acompanhando a ideia de Picasso, em Guernica, que mostra a Guerra de Guernica, você pode sugerir que eles demonstrem a violência urbana, em forma de protesto e alerta.

AULA Nº 16 MARCEL DUCHAMP Marcel Duchamp (1887 – 1968) foi um pintor, escultor e poeta francês, cidadão dos Estados Unidos a partir de 1955, e inventor dos ready made. É um dos precursores da arte conceitual e introduziu a ideia de ready made como objeto de arte. Irmão de Jacques Villon, de Suzanne Duchamp e Raymond Duchamp-Villon, estes também artistas que gozaram de reputação no cenário artístico europeu, Marcel Duchamp começou sua carreira como artista criando pinturas de inspiração romantista, expressionista e cubista.

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Dessa fase, destaca-se o quadro Nu descendo a escada, que apresenta uma sobreposição de figura de aspecto vagamente humano numa linha descendente, da esquerda para a direita, sugerindo a ideia de um movimento contínuo.

Este quadro, na época de sua gênese, foi mal recebido pelos partidários do Cubismo, que o julgaram profundamente irônico para com a proposta artística por eles pretendida. Essa fase lhe rendeu, ainda, o quadro Rei e Rainha rodeados por rápidos nus, que sugere um rápido movimento através de duas figuras humanas, e A noiva, que apresenta formas geométricas bastante delineadas e sobrepostas, insinuando uma figura de proporções humanas. Sua carreira como pintor estendeu-se por mais alguns anos, tendo como produto quadros de inegável valor para a formação da pintura abstrata. É, no entanto, como escultor que Duchamp vai atingir grande fama. Tendo se mudado para Nova York e largado a Europa numa espécie de estagnação criativa, Duchamp encontra na América um solo fértil para sua arte dadaísta. Decorrente dessa fase, e em virtude de seus estudos sobre perspectiva e movimento, nasce o projeto para a obra mais complexa do artista: A noiva despida pelos seus celibatários, mesmo ou O Grande Vidro. Trata-se de duas lâminas de vidro, uma sobre a outra, onde se vê uma figura abstrata na parte de cima, que seria a noiva, inspirada no quadro acima mencionado, e, na parte de baixo, se percebe uma porção de outras figuras (feitas de cabides, tecido e outros materiais), dispostas em círculo, ao lado de uma engrenagem (retirada de um moinho de café).

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Esta obra consumiu anos inteiros de dedicação de Duchamp, e só veio a público muito depois do início de sua construção, intercalada, portanto, por uma série de obras. Não se tem um consenso acerca do que representa essa obra, mas diversas opiniões conflitantes, com base em psicologismos e biografismos, renderam e ainda rendem bastante discussão. Duchamp foi o responsável pelo conceito de ready made, que é o transporte de um elemento da vida cotidiana, a princípio não reconhecido como artístico, para o campo das artes. A princípio como uma brincadeira entre seus amigos, entre os quais Francis Picabia e Henri-Pierre Roché, Duchamp passou a incorporar material de uso comum nas suas esculturas. Em vez de trabalhá-los artisticamente, ele simplesmente os considerava prontos e os exibia como obras de arte. * Como Duchamp é um artista completo, iremos estudar todos os movimentos a que sua obra pertenceu.

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AULA Nº 17 READY-MADE

A Fonte (Marcel Duchamp)

O ready-made é manifestação radical da intenção de Marcel Duchamp de romper com a artesania da operação artística, uma vez que se trata de apropriar-se de algo que já está feito: escolhe produtos industriais, realizados com finalidade prática e não artística (urinol de louça, pá, roda de bicicleta), e os eleva à categoria de obra de arte. Como atividade, peça aos alunos que fotografem durante a semana algo bem inusitado. Deverão imprimir, mesmo que em preto e branco, dar um título e explicar por que acham que a obra pode ser considerada uma arte ready-made.

AULA Nº 18 ARTE CONCEITUAL

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Esta perspectiva artística teve os seus inícios em meados da década de 1960, parcialmente em reação ao formalismo, sendo depois sistematizada pelo crítico nova-iorquino Clement Greenberg. Contudo, já a obra do artista francês Marcel Duchamp, nas décadas de 1950 tinha prenunciado o movimento conceitualista, ao propor vários exemplos de trabalhos que se tornariam o protótipo das obras conceptuais, como os ready-mades, ao desafiar qualquer tipo de categorização, colocando-se mesmo a questão de não serem objetos artísticos. A arte conceitual recorre frequentemente ao uso de fotografias, mapas e textos escritos (como definições de dicionário). Em alguns casos, como no de Sol Lewitt, Yoko Ono e Lawrence Weiner, reduzse a um conjunto de instruções escritas que descrevem a obra, sem que esta se realize de fato, dando ênfase à ideia no lugar do artefato. Alguns artistas tentam, também, desta forma, mostrar a sua recusa em produzir objetos de luxo – função geralmente ligada à ideia tradicional de arte – como os que podemos ver em museus. * Se na última atividade, os alunos foram às ruas fotografar, agora ele é quem vão criar a obra. Podem trabalhar em duplas. Não será preciso levar a obra para a sala de aula; eles farão as fotos, a impressão e da mesma forma, explicarão o que significa aquela obra, dando-lhe um título. Essas também deverão ficar com o professor para exposição.

AULA Nº 19 O EXPRESSIONISMO O expressionismo foi um movimento artístico e cultural de vanguarda surgido na Alemanha no início do século XX, transversal aos campos artísticos da arquitetura, artes plásticas, literatura, música, cinema, teatro, dança e fotografia. Manifestou-se inicialmente através da pintura, coincidindo com o aparecimento do fauvismo francês, o que tornaria ambos os movimentos artísticos os primeiros representantes das chamadas "vanguardas históricas". Mais do que meramente um estilo com características em comum, o Expressionismo é sinônimo de um amplo movimento heterogêneo, de uma atitude e de uma nova forma de entender a arte, que aglutinou diversos artistas de várias tendências, formações e níveis intelectuais. O movimento surge como uma reação ao positivismo associado aos movimentos impressionista e naturalista, propondo uma arte pessoal e intuitiva, onde predominasse a visão interior do artista – a "expressão" – em oposição à mera observação da realidade – a "impressão".

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O expressionismo compreende a deformação da realidade para expressar de forma subjetiva a natureza e o ser humano, dando primazia à expressão de sentimentos em relação à simples descrição objetiva da realidade. Através de uma paleta cromática vincada e agressiva e do recurso às temáticas da solidão e da miséria, o expressionismo é um reflexo da angústia e ansiedade que dominavam os círculos artísticos e intelectuais da Alemanha durante os anos anteriores à Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e que se prolongaria até ao fim do período entre-guerras (1918-1939). Angústia que suscitou um desejo veemente de transformar a vida, de alargar as dimensões da imaginação e de renovar a linguagem artística. O expressionismo defendia a liberdade individual, o primado da subjetividade, o irracionalismo, o arrebatamento e os temas proibidos – o excitante, diabólico, sexual, fantástico ou perverso. Pretendeu ser o reflexo de uma visão subjetiva e emocional da realidade, materializada através da expressividade dos meios plásticos, que adquiriram uma dimensão metafísica, abrindo os sentidos ao mundo interior. Muitas vezes visto como genuína expressão da alma alemã, o seu caráter existencialista, seu anseio metafísico e sua visão trágica do ser humano são características inerentes a uma concepção existencial aberta ao mundo espiritual e às questões da vida e da morte. Fruto das peculiares circunstâncias históricas em que surge, o expressionismo veio revelar o lado pessimista da vida e a angústia existencialista do indivíduo, que na sociedade moderna, industrializada, se vê alienado e isolado. O expressionismo não foi um movimento homogêneo, coexistindo vários polos artísticos com uma grande diversidade estilística, como a corrente modernista (Munch), fauvista (Rouault), cubista e futurista (Die Brücke), surrealista (Klee), ou a abstrata (Kandinsky). Bem... Vamos lá: como este movimento teve muitos adeptos, ficaria extenso demais colocar a vida e a obra de cada um. A sugestão é que os alunos, divididos em grupo, façam a pesquisa dos artistas, apresentando à classe cada um deles com suas obras. Sugira-lhes que apresentem em Power Point. Desta forma, todos conseguem apreender. Vou citar aqui apenas os nomes e algumas obras.

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PAUL GAUGUIN

PAUL CÉZANNE

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VICENT VAN GOGH

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ARTE FÁCIL - ENSINO MÉDIO

TOULOUSE LAUTREC

EDVARD MUNCH

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ARTE FÁCIL - ENSINO MÉDIO

ERNST LUDWIG KIRCHNER

PAUL KLEE

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AMADEO MODIGLIANI

AULA Nº 20 DADAÍSMO Foi num café em Zurique, em 1916, onde cantores se apresentavam e era permitido recitar poemas, que o movimento dadá surgiu. Depois do início da I Guerra Mundial, esta cidade havia se convertido em refúgio para a gente de toda a Europa. Ali se reuniram pessoas de várias escolas como o cubismo francês, o expressionismo alemão e o futurismo italiano. Isto confere ao dadaísmo a particularidade de não ser um movimento de rebeldia contra uma escola anterior, mas de questionar o conceito de arte antes da Primeira Grande Guerra. Não se sabe ao certo a origem do termo dadaísmo, mas a versão mais aceita diz que ao abrir aleatoriamente um dicionário apareceu a palavra dada, que significa cavalinho de brinquedo, a qual foi adotada pelo grupo de artistas. O movimento artístico conhecido como Dadaísmo surge com a clara intenção de destruir todos os sistemas e códigos estabelecidos no mundo da arte. Trata-se, portanto, de um movimento antipoético, antiartístico, antiliterário, visto que questiona até a existência da arte, da poesia e da literatura. O dadaísmo é uma ideologia total, usada na forma de viver e como a absoluta rejeição de todo e qualquer 45


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tipo de tradição ou esquema anterior. É contra a beleza eterna, contra as leis da lógica, contra a eternidade dos princípios, contra a imobilidade do pensamento e contra o universal. Os adeptos deste movimento promovem uma mudança, a espontaneidade, a liberdade da pessoa, o imediato, o aleatório, a contradição, defendem o caos perante a ordem e a imperfeição frente à perfeição. Afinal, toda a perfeição que existia até então não fora suficiente para conter a guerra. Os dadaístas proclamam a antiarte de protesto, do escândalo, do choque, da provocação, com o auxílio dos meios de expressão oníricos e satíricos. Baseiam-se no absurdo, nas coisas carentes de valor e introduzem o caos e a desordem em suas cenas, rompendo com as antigas formas tradicionais de arte. Um diretor de teatro chamado Hugo Ball, e sua esposa, criaram um café literário, cujo objetivo era acolher artistas exilados (Cabaret Voltaire), que foi inaugurado no dia 1º de fevereiro de 1916. Ali se juntaram Tristan Tzara (poeta, líder e fundador do dadaísmo), Jean Arp, Marcel Janko, Hans Richter e Richard Huelsenbeck, entre outros. O dadaísmo foi difundido graças à revista Dada e, através dela, as ideias deste movimento chegaram a New York, Berlin, Colônia e Paris.

AULA Nº 21 TRISTAN TZARA EU ESTOU SÓ

SER

Eu falo de quem fala de quem fala que

Só por não ser

Não faz sentido ser

estou só

Ser mesmo depois de crescer

Porque sendo sem sentido

Eu sou apenas um pequeno ruído eu

Só por quereres ser

Não é tão simples responder

tenho vários em mim

Ser vida depois de morrer

Um

ruído

amassado

gelado

na

Se és ser

Que é um ser perdido

intersecção das ruas

Perguntas-te porque o és

Ser significado

despejado no pavimento úmido aos

Mas mudas de ser

Ser só em pecado

pés dos homens

De lés a lés

A culpa de se ser

precipitados correndo com as suas

Ser sonho

É não deixar de o ser

mortes

Ser real

E sendo só mais um ser

À volta da morte que estende os seus

Ser não é ser

És aquilo que não podes ser

braços

Se não for ser especial

Mero verbo inconsciente

Sobre o relógio sozinho respirando ao

És ser sem ser ciente

sol.

* Convide seus alunos a poetizarem um pouco, agora. Eles deverão estudar bem a arte dadá, ou o Dadaísmo e escrever, cada um, um poema dadá. Eles “cantarão” os horrores das guerras, 46


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principalmente a urbana, tão comum em nossos dias. Tentarão colocar poesia nas coisas tristes que observam ao seu redor.

AULA Nº 22 O MODERNISMO Chama-se genericamente modernismo (ou movimento modernista) o conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que permearam as artes e o design da primeira metade do século XX. Apesar de ser possível encontrar pontos de convergência entre os vários movimentos, eles em geral se diferenciam e até mesmo se antagonizam. Encaixam-se nesta classificação, dentre outros campos culturais, a literatura, arquitetura, design, pintura, escultura, teatro e a música. O movimento modernista baseou-se na ideia de que as formas "tradicionais" das artes plásticas, literatura, design, organização social e da vida cotidiana tornaram-se ultrapassadas, e que se fazia fundamental deixá-las de lado e criar no lugar uma nova cultura. Esta constatação apoiou a ideia de reexaminar cada aspecto da existência, do comércio à filosofia, com o objetivo de achar o que seriam as "marcas antigas" e substituí-las por novas formas, e possivelmente melhores, de se chegar ao "progresso". Em essência, o movimento moderno argumentava que as novas realidades do século XX eram permanentes e iminentes, e que as pessoas deveriam se adaptar a suas visões de mundo a fim de aceitar que o que era novo era também bom e belo. A palavra moderno também é utilizada em contraponto ao que é ultrapassado. Neste sentido, ela é sinônimo de contemporâneo, embora, do ponto de vista histórico-cultural, moderno e contemporâneo abranjam contextos bastante diversos. No Brasil, os principais artifícios do movimento modernista não se opunham a toda realização artística anterior a deles. A grande batalha se colocava contra ao passadismo, ou seja, tudo aquilo que impedisse a criação livre. Pode-se, assim, dizer que a proposta modernista era de uma ruptura estética quase completa com o engrossamento da arte encontrado nas escolas anteriores e de uma ampliação dos horizontes dessa arte antes delimitada pelos padrões acadêmicos. Em paralelo à ruptura, não se pode negar o desejo dos escritores em conhecer e explorar o passado como fonte de criação, não como norma para se criar. Como manifestações desse desejo por ruptura, que ao mesmo tempo respeitavam obras da tradição literária, temos o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, o livro Macunaíma, o 47


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retrato de brasileiros através das influências cubistas de Tarsila do Amaral, o livro Casa Grande & Senzala, dentre inúmeros outros. Revistas da época também se dedicaram ao tema, tais como Estética, Klaxon e Antropofagia, que foram meios de comunicação entre o movimento, os artistas e a sociedade.

A arte moderna sempre foi meu movimento favorito! Para o Brasil, foi uma das épocas mais importantes, em se tratando de movimento cultural. Pegamos o que havia de bom na arte europeia e criamos a nossa, totalmente brasileira. Amo! São tantas obras que fica até difícil escolher alguma para fazer a releitura. Por isso, minha sugestão é: deixe que os alunos escolham sua obra. Se quiserem fazer em duplas, tudo bem, mas terá que haver algum tipo de sorteio para ver quem ficará com o trabalho que, com toda a certeza, será magnífico. Eles deverão usar papel japonês nas cores que houver na obra escolhida. Irão cortá-los com tesoura, em pedaços pequeninos e aleatórios. Farão o desenho em uma cartolina cortada em quatro e depois, farão a colagem. Muito melhor se eles se animarem em colocar em uma moldura. Este tipo de trabalho é digno de chamar a imprensa da cidade para que faça a cobertura. E é claro, é isto o que você fará no dia da exposição. Já vai se preparando para ficar famoso (a) na cidade.

AULA Nº 23 CUBISMO O cubismo é um movimento artístico que surgiu no século XX, nas artes plásticas, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque e tendo se expandido para a literatura e a poesia pela influência de escritores como John dos Passos e Vladimir Maiakovski. O quadro "Les demoiselles 48


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d'Avignon", de Picasso, 1907 é conhecido como marco inicial do cubismo. Nele ficam evidentes as referências a máscaras africanas, que inspiraram a fase inicial do cubismo, juntamente com a obra de Paul Cézanne.

O cubismo tratava as formas da natureza por meio de figuras geométricas, representando as partes de um objeto no mesmo plano. A representação do mundo passava a não ter nenhum compromisso com a aparência real das coisas. Historicamente o cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentando em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes.

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Atividade: Desta vez, ao invés de releitura ou cópia, os alunos deverão criar. Eles pegarão recortes de papel japonês (as sobras da última atividade) e criarão uma obra cubista. Quanto mais criativa, melhor. Só não se esqueça de pedir-lhes para dar um título e anexar atrás do trabalho a explicação para aquela obra. Na exposição, pode ser que alguém queira entendê-la.

AULA Nº 24 ARTISTAS PLÁSTICOS CUBISTAS Vamos fazer da mesma forma como fizemos no Modernismo: os alunos irão fazer a pesquisa, divididos em grupo e cada um fará a exposição de seu artista, com todas as suas obras. Você pode pedir, por exemplo, que eles façam um álbum. Dê-lhes um tempo que você ache justo para fazer e marque um ou dois dias em que eles apresentarão. Aqui, vou mostrar algumas obras de cada um dos artistas. Vou tentar usar novas figuras para aqueles que eu já citei. Assim, você e seus alunos poderão conhecer muito mais obras.

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PAUL CÉZANNE

PABLO PICASSO

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GEORGES BRAQUE

JUAN GRIS

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KAZIMIR MALEVICH

LYONEL FEININGER

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FERNAND LÉGER

UMBERTO BOCCIONI

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ROBERT DELAUNAY

DIEGO RIVERA

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ALEXANDRA NECHITA

TARSILA DO AMARAL

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VICENTE DO REGO MONTEIRO

PIET MONDRIAN

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ROMERO BRITO

AULA Nº 25 O FUTURISMO O futurismo é um movimento artístico e literário, que surgiu oficialmente em 20 de fevereiro de 1909 com a publicação do Manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal francês Le Figaro. Os adeptos do movimento rejeitavam o moralismo e o passado, e suas obras baseavam-se fortemente na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos do final do século XIX. Os primeiros futuristas europeus também exaltavam a guerra e a violência. O Futurismo desenvolveu-se em todas as artes e influenciou diversos artistas que depois fundaram outros movimentos modernistas. No primeiro manifesto futurista de 1909, o slogan era Les mots en liberté ("Liberdade para as palavras") e levava em consideração o design tipográfico da época, especialmente em jornais e na propaganda. Eles abandonavam toda distinção entre arte e design e abraçavam a propaganda como forma de comunicação. Foi um momento de exploração do lúdico, da linguagem vernácula, da quebra de hierarquia na tipografia tradicional, com uma predileção pelo uso de onomatopeias. Essas explorações tiveram grande repercussão no dadaísmo, no concretismo, na tipografia moderna, e no design gráfico pós-moderno. Surgiu na França; seus principais temas são as cores. A pintura futurista foi explicitada pelo cubismo e pela abstração, mas o uso de cores vivas e contrastes e a sobreposição das imagens pretendia dar a ideia de dinâmica, deformação e não- materialização 58


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por que passam os objetos e o espaço quando ocorre a ação. Para os artistas do futurismo os objetos não se concluem no contorno aparente e os seus aspectos interpenetram-se continuamente a um só tempo. Procura-se neste estilo expressar o movimento atual, registrando a velocidade descrita pelas figuras em movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em pintar um automóvel, mas captar a forma plástica da velocidade descrita por ele no espaço. Suas principais características são: Desvalorização da tradição e do moralismo; Valorização do desenvolvimento industrial e tecnológico; Propaganda como principal forma de comunicação; Uso de onomatopeias (palavras com sonoridade que imitam ruídos, vozes, sons de objetos) nas poesias; Poesias com uso de frases fragmentadas para passar a ideia de velocidade; Pinturas com uso de cores vivas e contrastes. Sobreposição de imagens, traços e pequenas deformações para passar a ideia de movimento e dinamismo.

AS ONOMATOPEIAS

Onomatopeia (falado pelo antigo grego "criar um nome", "fazer um nome" no sentido "afigurar um nome, afigurar um termo") é uma figura de linguagem na qual se reproduz um som com um fonema ou palavra. A forma adjetiva é onomatopaico. Ruídos, gritos, canto de animais, sons da natureza, barulho de máquinas, o timbre da voz humana fazem parte do universo das onomatopeias. Por 59


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exemplo, para os índios tupis tak e tatak significam dar estalo ou bater e tek é o som de algo quebrando. Geralmente, as onomatopeias são usadas em histórias em quadrinhos; muitas dessas onomatopeias são derivadas de verbos da língua inglesa. Atividade: Este trabalho deve ser feito individualmente. Por incrível que pareça, a s onomatopeias são uma figura de linguagem que cai muito no Enem, e muitos vestibulandos não sabem. Então, mãos à obra: peça-lhes para pesquisarem o máximo de onomatopeias e para também criarem as deles. Então, farão um trabalho em folha A4, que depois poderá ficar em um mural, exposto por algum tempo. Fica muito bonito. É bom incentivá-los a usar o máximo de cores, sempre. Afinal, a Arte Moderna é explosão de cores.

AULA Nº 26 POESIA FUTURISTA

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Atividade: Aqui estão alguns modelos desse tipo de poesia. Os alunos deverão criar seus próprios poemas, usando um determinado tema. Por exemplo, se a poesia for relacionada à música, eles podem escrevê-las em forma de nota musical, e assim por diante.

AULA Nº 27 A ARTE FUTURISTA

Para esta atividade, o melhor mesmo é usar colagem. Revistas velhas têm figuras fantásticas, que proporcionam materiais futuristas belíssimos. Mas, se eu posso ser bastante sincera, procure, você mesmo (a) pelas revistas. Os alunos definitivamente se esquecem de levar. Faça uma campanha entre seus colegas da escola, vizinhos e consiga revistas. Leve-as e distribua-as. Ou você correrá o risco de não poder dar sua aula. Experiência própria.

AULA Nº 28 O CONCRETISMO A busca dos artistas era incorporar a arte (música, poesia, artes plásticas) às estruturas matemáticas geométricas. A intenção deste movimento concreto era desvincular o mundo artístico do natural e distinguir forma de conteúdo.

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Para os concretistas a arte é autônoma e a sua forma remete às da realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais evidentes, a fim de mostrar que no mundo há uma realidade palpável, a qual pode ser observada de diferentes ângulos. Por volta de 1950, a concepção plástica da arte chega ao Brasil através do suíço Max Bill: artista, arquiteto, designer gráfico e de interiores. Bill é o responsável por popularizar as concepções da linguagem plástica no Brasil com a Exposição Nacional de Arte Concreta, em 1956. As características gerais do concretismo na literatura são: o banimento do verso, o aproveitamento do espaço do papel, a valorização do conteúdo sonoro e visual, a possibilidade de diversas leituras através de diferentes ângulos.

Este é um exemplo de poesia concreta. Mostre esta ideia aos alunos e peça-lhes para produzirem algo semelhante. Mas antes, seria bom que vocês debatessem e decidissem sobre algum problema social do momento para fazer um trabalho mais elaborado, mais completo. Bem interessante também é que se faça uma votação e se escolham pelo menos três melhores para que sejam feitas paródias delas. Fica muito interessante e vocês podem apresentar no dia da exposição para todo o colégio.

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AULA Nº 29 ARTE CONCRETISTA

Esta ideia é ótima e fica um trabalho muito engraçado, bem do jeito que adolescente gosta! Peçalhes para cortar olhos, bocas e narizes em revistas velhas e fazer uma montagem como esta.

UM POUCO MAIS DE ARTE CONCRETISTA

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AULA Nº 30 POP ART Pop art (ou Arte pop) é um movimento artístico surgido na década de 50 na Inglaterra, que alcançou sua maturidade na década de 60 em Nova York. O nome desta escola estético-artística coube ao crítico britânico Lawrence Alloway (1926 – 1990), sendo uma das primeiras e mais famosas imagens relacionadas ao estilo – que de alguma maneira se tornou paradigma deste –, a colagem de Richard Hamilton (1922 – 2011): O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?, de 1956. A Pop Art propunha que se admitisse a crise da arte que assolava o século XX; desta maneira pretendia demonstrar com suas obras a massificação da cultura popular capitalista. Procurava a estética das massas, tentando achar a definição do que seria a cultura pop, aproximando-se do que se costuma chamar de kitsch. Diz-se que a Pop art é o marco de passagem da modernidade para a pós-modernidade na cultura ocidental.

Oque Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes? Richard Hamilton

Olha que ideia interessante para os alunos trabalharem: irão fazer uma montagem completa em folha A4, inspirando-se nesta obra acima.

MAIS UMA BOA IDEIA:

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Para o final do ano, este trabalho é bem legal: cada aluno deverá tirar várias fotos de si mesmo e imprimi-las, fazendo uma montagem como esta. Quando fiz esse trabalho com meus alunos, nós fizemos um slide para passar na reunião de pais de final de ano. Eles adoraram! Outra ideia é fazer uma só foto e levá-la ao Fotoshop, colocando cores diversas. Fica muito bom também. Olha só: mais ou menos isto: Eles conseguem fazer, tranquilamente.

Bem... Até aqui, enquanto estávamos no primeiro ano, tínhamos bastante tempo para passearmos pela arte. Porém, a partir do segundo ano, quando os alunos já começam a fazer o Enem para se prepararem para os vestibulares, teremos que nos aprofundar na disciplina, com muita garra. Os alunos precisam entender que nem sempre vai dar para fazerem pinturas, colagens, desenhos, vídeos; mas vamos tentar suavizar um pouco essa etapa que vai durar dois anos. Teremos que iniciar um estudo muito minucioso porque atualmente estão caindo pelo menos cinco questões de Arte no Enem. Eles precisam estar afiados. Vamos, não mais passear, mas praticar uma maratona profissional pela arte a partir de agora. Então, é começar do começo, como eles diriam.

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2º ANO AULA Nº 01 QUANDO TUDO COMEÇOU Bem... Não Se sabe ao certo como a arte começou, mas particularmente, eu creio que a criação do universo seja o início de tudo. Basta olharmos para o céu à noite, ou para as árvores e flores e cores ao nosso redor, e veremos ARTE. Em tudo... Mas não vamos nos alongar em conjecturas. Vamos ao que interessa:

A ARTE RUPESTRE A Pré-História durou cerca de 500 mil anos, quando o ser humano, em constante transformação, começou a lascar, a polir e a fundir a pedra. Esse momento nosso foi dividido em três idades: * Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico; * Idade da Pedra Política ou Neolítico; * Idade dos Metais. A arte surgiu na segunda fase do Paleolítico, chamada de Paleolítico Superior, quando os primatas migravam de um lugar para outro, buscando frutas, caça e pesca. Abrigavam-se em cavernas para se protegerem das intempéries e dos grandes animais. Era nas paredes dessas cavernas que eles deixavam suas marcas. Faziam pinturas, desenhos, utilizando tudo de que dispunham: carvão, sangue, terra, pó de pedras, gordura, resinas vegetais. É lindo pensar nisso! Os primeiros desenhos eram feitos com as pontas dos dedos. Logo começaram a deixar a mão inteira. E então, começaram a surgir os animais e os “auto-retratos”. O naturalismo vem dos desenhos nas cavernas em que os animais apareciam no tamanho natural e exatamente como apareciam na natureza. Interessante é que eles usavam as cores em harmonia cromática (preto e vermelho, amarelo e preto, etc).

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Mas não eram somente as pinturas; eles já faziam escultura, e a mais antiga encontrada foi a Vênus de Willendorf. Eles preferiam, não se sabe ao certo por quê, retratar as figuras femininas. Acredita-se que eram representações de deusas, pelo fato de procriarem. A Vênus data de 25000 a.C. Entre 15.000 a 9000 a. C., as obras passaram ser policromáticas.

Eles adoravam as fofinhas!! No Neolítico, surgem representações de grupos de pessoas trabalhando, pelo menos é isso o que parece.

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AULA Nº 02 A MÚSICA NA PRÉ-HISTÓRIA A música nasceu com a natureza, ao considerarmos que seus elementos formais, som e ritmo, fazem parte do universo e, particularmente da estrutura humana. O homem pré-histórico descobriu os sons que o cercavam no ambiente e aprendeu a distinguir os timbres característicos da canção das ondas se quebrando na praia, da tempestade se aproximando e das vozes dos vários animais selvagens. E encantou-se com seu próprio instrumento musical - a voz. Mas a música pré-histórica não se configurou como arte: teria sido uma expansão impulsiva e instintiva do movimento sonoro ou apenas um expressivo meio de comunicação, sempre ligada às palavras, aos ritos e à dança. Não há registros que possam precisar o surgimento da música, mas acredita-se que ela tenha surgido sob a forma de dança em rituais sagrados, quando os nossos ancestrais cultuavam a natureza, talvez imitando os sons dos animais. Para isso, eles usavam ossos, bambus, troncos diversos, criando os primeiros instrumentos. Para homenagear os deuses e os mortos, eles pintavam o corpo, dançavam, compunham, faziam coreografias. Criatividade sobrava por aqueles tempos... Interessante como, desde sempre, o homem parecia saber que havia um ser ou seres a quem deviam respeito, não é?

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Legal demais é o fato de até hoje nós festejarmos muita coisa que vem de nossos ancenstrais. As danças folclóricas, que representam casamentos, guerras, súplicas, trabalho, enfim, são mostras do que já se fazia há milhares e milhares de anos. Sugiro que já a partir daqui você comece a avaliar seus alunos. Acho bom terem avaliações periódicas. Diga-lhes para separarem uma pasta onde possam arquivar todas as avaliações e as folhas impressas que forem recebendo durante o segundo e também o terceiro ano. Elas serão imprescindíveis para as provas do Enem. Posso deixar aqui algumas mostras de avaliações, mas você deve criar as suas também, de acordo com sua turma. Pegue pesado com eles, porque irão precisar de muito conhecimento nos vestibulares. Vamos às questões: Questão 01 – A religiosidade é um item de bastante relevância no estudo daarte na pré-história. Que alternativa abaixo marca CORRETAMENTE fatos queatestam esta realidade? a) ( ) As pinturas serviam de decoração das cavernas para os deuses. b) (X ) Os homens pintavam sob um forte caráter ritualístico. c) ( ) Era, sim, parte de um processo de magia para interferir na captura depessoas. d) ( ) Havia-se a intenção imediata do artista em criar uma arte decorativa ereligiosa. Questão 02 – Das produções artísticas do período Pré-histórico, a esculturase destaca assim como as pinturas, tendo suas características e estudos bemdirecionados, dando-nos maior margem de conhecimento sobre a vivênciadestes seres pensantes da nossa história. Quanto às características e o

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estudodestas esculturas, julgue os itens abaixo como (V) VERDADEIROS ou (F) FALSOS, e em seguida marque a alternativa que contém a sequência CORRETA: I. ( ) Fazem parte de suas características o ventre saltado e seiosvolumosos. II. ( ) Tanto nas pinturas quanto nas esculturas nota-se a ausência defiguras masculinas. III. ( ) Fazem parte de suas características as grandes nádegas e a cabeçasurgindo como um prolongamento do pescoço. IV. ( ) As características encontradas em esculturas como a Vênus deWillendorf, atestam a desvalorização do ser humano e dasensualidade feminina. a) F – F – F – F b) F – V – F – V c) V – F – V – F d) V – V – V –V Questão 03 – A técnica bastante usada pelos artistas pré-históricos através de pócolorido soprado por um canudo denomina-se: a) ( ) Cerca Grande. b) ( ) Mãos grandes. c) (X) Mãos em negativo. d) ( )Várzea Grande. Questão 04 - As primeiras expressões da arte eram muito simples. Consistiam em traçosfeitos nas paredes de argila das cavernas ou de técnicas diversificadas, mas tambémmuito simples. Quanto a estas características iniciais da arte rupestre, julgue os itens (V)VERDADEIRO ou (F) FALSO: I. (

) Uma das técnicas mais usadas e detectadas em várias partes do mundo comcaracterísticas

bastante semelhantes é a técnica Mãos em Negativo. II. ( ) Suas esculturas valorizam de forma explícita o corpo humano, sobretudo, omasculino como uma forma de ostentação do homem como direcionador dogrupo.

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III. (

) Os mais remotos indícios a respeito de grupos humanos culturalmente“desenvolvidos” da

cultura brasileira datam um período 6.000 a.C a 10.000 a.C. IV. ( ) Uma das obras em escultura mais fascinante deste período é a escultura daVênus Willendorf e a de Savinhano, onde suas características predominantessão: o ventre saltado e grandes nádegas como representação da fertilidadefeminina. 3. Assinale a alternativa com a sequência CORRETA obtida: a) V – V – V – V b) V – F – V – V c) F – F – F – F e) F – V – F – F TEXTO Podemos definir a pré-história como um período anterior aoaparecimento da escrita. Portanto, esse período é anterior a 4000 a.C, pois foipor volta deste ano que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Foiuma importante fase, pois o homem conseguiu vencer as barreiras impostaspela natureza e prosseguir com o desenvolvimento da humanidade na Terra. Oser humano foi desenvolvendo, aos poucos, soluções práticas para osproblemas cotidianos, com isso, inventando objetos e soluções a partir dasnecessidades. Ao mesmo tempo foi-se desenvolvendo uma cultura muitoimportante. Esse período pode ser dividido em três fases: Paleolítico,Mesolítico e Neolítico. Questão 05 - Segundo o período paleolítico e neolítico, julgue os itens aseguir em (C) CERTOS ou (E) ERRADOS: 1. ( E ) As obras mais surpreendentes do paleolítico são as imagenspintadas nos tetos das cavernas. 2. ( E ) No Neolítico, os artefatos em mármore carregavam um altorequinte técnico. 3. ( E ) No paleolítico acontece a mudança da caça para agricultura. 4. ( C ) As pinturas encontradas nas cavernas tinham comocaracterísticas: traços seguros e vigorosos, o sombreamento sutilmentecontrolado que confere volume e integridade as formas. 4. QUESTÃO 06 – De acordo com os estudos sobre a música pré-históricaassinale a alternativa correta: a) ( X ) Foram encontrados ossos com furos que têm uma certasemelhança com as flautas. 71


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b) ( ) As guitarras da época eram feitas com pedra e cabelos. c) ( ) No Brasil não foram encontrados materiais que podem serconsiderados instrumentos da época. d) ( ) Os tambores eram feitos de árvores finas. QUESTÃO 07 – Eram usados como pigmentos na arte pré-histórica: a) ( ) Tinta guache e sangue de animais. b) ( ) Cera e sumo de flores. c) ( X ) Sangue e carvão. d) ( ) Pedras e giz. QUESTÃO 08 – De acordo com os historiadores, a primeira manifestaçãoartística pré-histórica foi: a) ( ) Música. b) ( X ) Dança. c) ( ) Teatro. d) ( ) Artes Visuais. QUESTÃO 09 – As pinturas rupestres são: a) ( ) Pinturas em tela. b) ( ) Pinturas de animais. c) ( ) Pinturas sobre as cavernas. d) ( X ) Pinturas em paredes de caverna. QUESTÃO 10 – As primeiras expressões de arte eram: a) ( X ) Muito simples. b) ( ) Bastante complexas. c) ( ) Abstratas. d) ( ) Simples com motivos cristãos. 72


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AULA Nº 03 IDADE DOS METAIS O último período pré-histórico é a Idade dos Metais, quando as sociedades dão início à produção, transformação e a trabalhar elementos como o cobre, bronze e ferro. Durante o calcolítico surge a cultura megalítica, notável pelos monumentos de pedra (dólmens, menires e cromeleques), como o Stonehenge. Na Península Ibérica surgem as culturas de Los Millares e do vaso campaniforme, caracterizadas pelas figuras humanas com olhos de grande dimensão. São também notáveis os templos megalíticos de Malta. As culturas megalíticas das Ilhas Baleares apresentam monumentos característicos, como a naveta, um túmulo com a forma de uma pirâmide truncada e câmara funerária alingada; a taula e o talayot.

DÓLMENS

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MENIRES

TAULAS

Durante a Idade do Ferro, as culturas de Hallstatt (Áustria) e La Tène (Suiça) marcam as fases mais significativas na Europa. A cultura de Hallstatt desenvolveu-se entre os séculos V e IV a.C. A cerâmica era policromática, com decorações geométricas e apliques de ornamentos metálicos. La Tène desenvolveu-se no mesmo período, sendo também conhecida como Arte celta primitiva. A produção artística focou-se sobretudo em objetos de ferro, como espadas e lanças, e em bronze, como nos escudos profusamente decorados e em fíbulas, ao longo de diversos estágios evolutivos do estilo (La Tène I, II e III). A decoração foi influenciada pela arte Grega, Estrusca e Cita. 74


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Sugestão: Seus alunos poderão gostar de desenhar os monumentos de pedra, em grafite. Fica um trabalho muito bonito!

AULA Nº 04 ARTE DO EGITO A antiga civilização egípcia foi extremamente religiosa. Eles criam em outras vidas, após a morte. Por isso, seus costumes, cultura e acima de tudo, sua arte demonstram o forte caráter religioso e funesto, representando seus deuses, seus mortos, faraós, animais, cujas figuras ficavam pintadas ou gravadas nas paredes internas das pirâmides, ou esculpidas, ou ainda em papiros. Os papiros compunham a obra, trazendo explicações sobre os deuses, a nobreza e o cotidiano. Construções gigantescas de templos e pirâmides, nas montanhas, abrigavam objetos sagrados, sarcófagos, estatuetas e pinturas. A temática mortuária era de grande presença. A crença na vida após a morte motivava os egípcios a construírem tumbas, estatuetas, vasos e mastabas que representavam sua concepção do além-vida. As primeiras tumbas egípcias buscavam realizar uma reprodução fiel da residência de suas principais autoridades. Em contrapartida, as pessoas sem grande projeção eram enterradas em construções mais simples que, em certa medida, indicava o prestígio social do indivíduo. Após o governo de Tutancâmon, a arte egípcia passou a ganhar forte e clara conotação política. As construções, esculturas e pinturas passaram a servir de espaço para o registro dos grandes feitos 75


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empreendidos pelos faraós. Ao fim do Império, a civilização egípcia foi alvo de sucessivas invasões estrangeiras. Com isso, a hibridação com a perspectiva estética de outros povos acabou desestabilizando a presença de uma arte típica desse povo.

Entre as civilizações da Antiguidade, a egípcia foi a que mais desenvolveu tecnologias. Dominavam a escrita, a arte de mumificar, a Matemática e a Engenharia. Mais questões: ARTE EGÍPCIA Questão 01 – A Religião é fator predominante na cultura egípcia, o que é óbvio; reflete imediatamente na produção artística deste povo. Assinale a alternativa que indica uma característica dessa cultura: a) ( X ) Uma arte bastante padronizada, não dando margem a criatividade nem a imaginação pessoal. b) ( ) É uma arte predominante que valoriza a criatividade do artista. c) ( ) Ao observar uma obra já se define o autor, pois suas características estão expressas na obra. d) ( ) Uma arte bastante criativa dando ao artista uma liberdade de expressão. Questão 02 - “Essa lei determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil”. Assinale a alternativa CORRETA que contém o nome dessa lei: a) ( ) Lei da modernidade b) (X) Lei da frontalidade c) ( ) Lei da mortalidade 76


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d) ( ) Lei da lateralidade Questão 03 – As tumbas dos primeiros faraós eram réplicas de suas casas, onde inicialmente construções retangulares mais simples eram utilizadas para o sepultamento de pessoas com menor importância social. Assinale a alternativa CORRETA com o nome dado a estas construções mortuárias: a) ( ) Pirâmides b) (X) Mastabas c) ( ) Sarcófagos d) ( ) Catacumbas Questão 04 - Sendo a religião fator predominante na sociedade egípcia, o que consequentemente reflete sua produção artística cultural, julgue os itens (V) VERDADEIRO ou (F) FALSO quanto a esta característica marcante da cultura egípcia: I. ( ) A religião invade o Egito, interpretando o universo, justificando a organização social, mas no cenário administrativo político ela se faz ausente por manobras dos sacerdotes do império. II. ( ) Dessa forma a arte concretizou-se desde o início nas construções mortuárias e em estatuetas e vasos deixados junto aos mortos. III. ( ) São as Mastabas, construções de forma retangular, muito simples, que propiciam à sociedade egípcia base para a grandiosidade da pirâmide, que tinha funções de adoração aos deuses egípcios. IV. ( ) O argumento de maior relevância dentro do fator religião utilizado pelos que detinham o poder egípcio era a morte. Assinale a alternativa com a sequência CORRETA obtida: a) V – V – V – F b) V – F – V – V c) F – F – F – F d) F – V – F – V Questão 05 – Quanto à produção artística Egípcia julgue os itens a baixo com (V) VERDADEIRO ou (F) FALSO e em seguida marque a alternativa correspondente à sequência CORRETA: 77


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I. ( ) Extremamente voltada para a produção de imagens de deuses na expectativade recebimento de graças. II. ( ) Uma produção bastante livre, onde facilmente de detecta a característica decada artista. III. ( ) Sua produção sempre moldada pelo direcionamento religioso, não dandomargem a criação pessoal ou expressão própria do artista. IV. ( ) Das restrições impostas pelo processo político religioso, o de maior relevânciadenomina-se Lei da Frontalidade. a) V – V – V – V b) V – F – V – F c) F – F – V – V d) F – F – F – F TEXTO A antiga civilização egípcia era bastante complexa em sua organização social emuito rica em seu desenvolvimento cultural. Como havia a forte crença em uma vidadepois da vida, a arte voltava-se para esse aspecto da religiosidade.E tinha-se na figura do Faraó uma centralização e uma representação de todo o povo.Preservar o corpo do Faraó e dotá-lo de meios próprios para a segunda vida, era garantira todo o povo as mesmas possibilidades. O Faraó era mais do que um simplesgovernante. O Faraó englobava o próprio povo, seu destino e sua eternização. Questão 06 - Sobre a arte Egípcia, julgue os itens a seguir em (C) CERTOS ou (E)ERRADOS: 1. (E) A temática da arte egípcia era a vida, pois a arte era feita para os vivos. 2. (C) Embora fazendo parte de ritos fúnebres, as pinturas são cheias de vida. 3. (C) Na arte egípcia, existe a estilização nas figuras humanas, que sãorepresentadas com o rosto de perfil, o olho visto de frente e ombros também vistosde frente, quadris e pernas novamente de perfil. 4. (E) Os egípcios não acreditavam na imortalidade. Questão 07 – Os sarcófagos são: a- ( ) Pinturas. 78


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b- ( X ) Esculturas. c- ( ) Pirâmides. d- ( ) Construções arquitetônicas. Questão 08 – O Ká é o mesmo que: a- ( X ) Espírito. b- ( ) Múmia. c- ( ) Sarcófago. d- ( ) Morte. Questão 09 – As Pirâmides serviam para: a- ( ) Guardar dinheiro. b- ( X ) Guardar o corpo do faraó e suas riquezas. c- ( ) Guardar os espíritos. d- ( ) Moradia da população. Questão 10 – Sobre a pintura egípcia qual a alternativa correta: a- ( ) Os egípcios dominavam a técnica da perspectiva. b- ( ) Não havia pinturas no antigo Egito. c- ( ) Os egípcios trabalhavam com a Lei da Habilidade. d- ( X ) Nenhuma das alternativas.

AULA Nº 05 PERÍODO HELENÍSTICO É o período da história da Grécia Antiga e parte do Oriente Médio que vai de 336 a.C. (do início do reinado de Alexandre, o Grande, da Macedônia) até 30 a.C. (anexação do Egito, último reino helenístico, por Roma). 79


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Alexandre, o Grande, deu continuidade à política de expansão territorial de seu pai Felipe II. O Império Macedônico no período de Alexandre atingiu seu ponto máximo de conquistas territoriais. Abrangeu a Grécia, nordeste da África, Mesopotâmia, Anatólia até o rio Indo (na Índia). Portanto, gregos, persas, assírios e hindus foram conquistas pelos macedônicos. Alexandre, o Grande, foi criado dentro da cultura grega, pois havia sido educado por Aristóteles, um dos principais filósofos da Grécia Antiga. Ele também teve contato com a cultura oriental dos diversos povos que faziam parte do Império Macedônico. Esta fusão de aspectos culturais gregos e orientais é conhecida como Helenismo. Com a morte de Alexandre em 323 a.C. teve início o esfacelamento do Império Macedônico. O território foi fragmentado entre generais, enfraquecendo o poder. Aproveitando do enfraquecimento político-administrativo do que restava, Roma conquistou o Império Macedônico no Século I a.C. Características principais deste período: NAS ARTES PLÁSTICAS E ARQUITETURA As influências artísticas da cultura grega espalharam-se por todo Império Macedônico, influenciando artistas. O realismo e a temática voltada para o dramático foram as principais características deste período. Principais obras: Vitória de Samotrácia (escultura); Laocoonte e seus filhos (escultura em mármore); Altar de Pérgamo (estrutura arquitetônica dedicada a Zeus); Vênus de Milo (estátua de mármore).

NA FILOSOFIA Houve três importantes escolas filosóficas neste período: - Estoicismo: ética naturalista , visão unificada do mundo e lógica formal. Principais filósofos: Zenão de Cítio, Cleanto, Panécio de Rodes, Sêneca e Epicteto. 80


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- Epicurismo: busca da felicidade e da tranquilidade através do conhecimento do mundo (dos desejos, da morte, dos medos e dos deuses) e da moderação dos prazeres. Principal filósofo: Epicuro. - Ceticismo: a dúvida sobre as coisas do mundo é um dos principais preceitos do ceticismo. Principais filósofos: Pirro de Élis, Arcesilau e Carnéades.

NA LITERATURA Infelizmente, grande parte das obras deste período foi perdida. Mas podemos destacar alguns escritores helenísticos como, por exemplo: - Calímaco: mitógrafo, poeta e bibliotecário grego, escreveu poemas épicos, hinos e epigramas. - Teócrito: a simplicidade foi uma das principais características de seus poemas épicos e bucólicos. O termo helenismo foi usado pela primeira vez em meados do século XIX pelo historiador alemão Johann Gustav Droysen.

PINTURA E ESCULTURA

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AULA Nº 06 ARQUITETURA

A TRAGÉDIA CLÁSSICA

A mais antiga obra literária representada por atores em espaço especializado (o teatro) é um dos mais importantes gêneros literários legados pela Grécia Antiga. As condições religiosas, sociais e políticas que permitiram a emergência do gênero trágico podem ser situadas na segunda metade do século VI:

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a tragédia parece ter se desenvolvido a partir dos cantos corais apresentados nas festas religiosas em honra de Dionísio e atingiu o apogeu em Atenas entre 480 e 400, mais ou menos. Do século IV em diante, a tragédia entrou em franco declínio e só iria recuperar parte de seu antigo esplendor dois milênios depois — mas as obras de Shakespeare (1564/1616), de Racine (1639/1699) e de outros autores são, na realidade, formas evoluídas da tragédia. O gênero trágico, em sua forma mais pura, só subsiste na obra dos três grandes poetas atenienses – Ésquilo (525/456), Sófocles (496/405) e Eurípides (485/406). Da maioria dos outros poetas trágicos sabemos pouco mais que o nome, o título e/ou enredo de algumas tragédias. Das oitenta tragédias compostas por Ésquilo restam-nos, desgraçadamente, apenas sete; das cento e vinte de Sófocles, temos igualmente apenas sete; dentre as oitenta obras dramáticas de Eurípides, somente dezessete tragédias (e um drama satírico) sobreviveram. Dispomos também de numerosos fragmentos, conservados em pedaços danificados de pergaminhos e papiros e em citações de autores tardios. Graças ao meticuloso trabalho de incontáveis eruditos, foi possível reconstituir parcialmente o enredo de muitas tragédias e dramas satíricos; mas é como ler uma breve e incompleta nota de jornal sobre uma representação trágica, sem nunca vê-la... Muitas tragédias gregas têm sido encenadasem todo o mundo desde a Renascença e, em especial, nas últimas décadas do século XIX, início do teatro moderno. Em Siracusa, Itália, e na Grécia atual, por exemplo, todos os anos diversas tragédias são produzidas. Aqui no Brasil não se pode deixar de assinalar a encenação do Édipo Rei de Sófocles em 1967, sob a direção de Flávio Rangel (1934/1988)com os atores Paulo Autran (1922/2007) e Cleide Yáconis (1923/2013).

AULA Nº 07 ARTE ROMANA A arte romana se destacou no período que foi do século VIII a.C. ao século IV d.C. A arte da Roma Antiga foi fortemente influenciada pela cultura e pelas crenças gregas. Um exemplo disso é a própria mitologia romana, muito parecida com a mitologia grega. Foi através da arquitetura que a arte romana conseguiu maior expressão e significação histórica. Suas edificações eram grandiosas, fundamentadas em bases circulares e no emprego de colunas e arcos 83


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falsos para efeito de decoração. Os aquedutos, as entradas e as muralhas ainda hoje são vistos no continente europeu, demonstrando a imponência que traduziu, através dos tempos, a grandeza do que foi a civilização romana antiga.

Ponte sobre o rio Tibre, Itália

Os romanos preocuparam-se com o caráter funcional e prático de sua arquitetura. Houve, por isso, uma combinação harmônica entre a beleza e a utilidade nas mais variadas edificações romanas, como: teatros, basílicas, templos religiosos, palácios, estradas e pontes que interligaram as mais diversas regiões do império, facilitando o trânsito de pessoas e o tráfego de mercadorias para outras regiões.

Templo de Vesta, a deusa do fogo na mitologia romana

A escultura romana foi trabalhada através de retratos e estátuas, muitas vezes apresentando uma característica fúnebre. Os escultores romanos buscavam a reprodução mais fiel possível da realidade em suas obras e centravam-se nos aspectos psicológicos, ou seja, a obra evidenciava o caráter, a honra e a glória do retratado.

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Estátua de Augusto em Roma

AULA Nº 08 ARTE NA IDADE MÉDIA Durante a idade medieval (séculos V-XIV) a arte se caracterizou pela integração da pintura, escultura e arquitetura. Nesse período, a igreja católica exerceu forte controle sobre a produção científica e cultural concretizando uma ligação entre a produção artística com o cristianismo. Isto proporcionou a predominância dos temas religiosos nas artes plásticas, na literatura, na música, na arquitetura e no teatro. O imaginário dessa época esteve sempre voltado para o teocentrismo (Deus como centro de tudo). As artes que mais se destacaram na Idade Média foram as artes plásticas: arquitetura, pintura e escultura. Suas principais realizações foram as igrejas, podendo-se distinguir, nelas, dois estilos básicos: o românico e gótico.

ESTILO ROMÂNICO Este estilo prevaleceu na Europa no período da Alta Idade Média (entre os séculos XI e XIII).

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ARQUITETURA

A construção da época foi fundamentalmente religiosa, pois somente a Igreja cristã e as ordens religiosas possuíam fundos suficientes ou pelo menos a organização eficiente para arrecadá-los e financiar o erguimento de capelas, de igrejas e de mosteiros. Na arquitetura, principalmente de mosteiros e basílicas, prevaleceu o uso dos arcos de volta-perfeita e abóbadas (influências da arte romana). Os castelos seguiram um estilo voltado para o aspecto de defesa. As paredes eram grossas, quase sem reboco, e existiam poucas e pequenas janelas deixando seus interiores geralmente sombrios. Tanto as igrejas como os castelos passavam uma idéia de construções “pesadas”, voltadas para a defesa. Daí serem chamadas: fortalezas de Deus. As igrejas deveriam ser fortes e resistentes para barrarem a entrada das “forças do mal”, enquanto os castelos deveriam proteger as pessoas dos ataques inimigos durante as guerras. No final dos séculos XI e XII, na Europa, surge a arte românica cuja estrutura era semelhante às construções dos antigos romanos. As características mais significativas da arquitetura românica são: -

Abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;

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Pilares maciços que sustentavam as paredes espessas;

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Aberturas raras e estreitas usadas como janelas;

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Torres, que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada; e 86


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-

Arcos que são formados por 180 graus.

A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo o edifício mais conhecido do seu conjunto o campanário que começou a ser construído em 1.174. Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou porque, com o passar do tempo, o terreno cedeu.

Na Itália, diferente do resto da Europa, não apresenta formas pesadas, duras e primitivas.

PINTURA E ESCULTURA

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Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da arquitetura. A pintura românica desenvolveu-se, sobretudo nas grandes decorações murais, através da técnica do afresco, que originalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida. Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características essenciais da pintura românica foram a deformação e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de cores chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza. Na porta, a área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. Imitação de formas rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais. Mosaicos são pequenas pedras coloridas que colocadas lado a lado, vão formando o desenho. Usado desde a Antiguidade, veio do Oriente a técnica bizantina que utilizava o azul e dourado, para representar o próprio céu. No Ocidente foi utilizado principalmente nas igrejas.

AULA Nº 09 ESTILO GÓTICO O estilo gótico predominou na Europa no período da Baixa Idade Média (final do século XIII ao XV) e floresceu nos mais diversos países europeus, em inúmeras catedrais, que até hoje causam admiração pela beleza, elegância, delicadeza e engenharia perfeita. As construções (igrejas, mosteiros, castelos e catedrais) seguiram, no geral, algumas características em comum. O formato horizontal foi substituído pelo vertical, opção que fazia com que a construção estivesse mais próxima do céu. Os detalhes e elementos decorativos também foram muito usados. As paredes passaram a ser mais finas e de aspecto leve. As janelas apareciam em grande quantidade. As torres eram em formato de pirâmides. Os arcos de volta-quebrada e ogivas foram também recursos arquitetônicos utilizados.

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NA ARQUITETURA

Ao contrário da igreja românica, solidamente plantada na terra, a catedral gótica é um movimento em direção ao céu. Tanto no exterior como no interior, todas as linhas da construção apontam para o alto. Essa atração para cima é acentuada pelo uso de arcos pontudos (arcos ogivais), substituindo os arcos plenos do estilo românico. As abóbadas tornam-se mais leves que as do românico. Além disso, parte do seu peso é distribuída externamente, por meio de arcobotantes, apoiados em contrafortes. Com esta solução de engenharia, foi possível reduzir a espessura das paredes e colunas, abrir numerosas janelas e elevar o teto a alturas impressionantes. As paredes são rasgadas por imensos painéis de vidro (vitrais), que inundam de luz o interior, aumentando a sensação de amplidão no espaço interno. As alturas vertiginosas ressaltam a idéia da pequenez do homem, diante da grandeza de Deus. No exterior, as fachadas são quase sempre enquadradas por torres laterais, muito altas e arrematadas por flechas agudas. A tendência para o alto é reforçada por numerosas torrezinhas (pináculos), que terminam em flechas. Para se fazer uma idéia da aceitação do gótico, basta dizer que, só na França, 89


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entre 1170 e 1270, foram construídas mais de 400 igrejas e capelas neste estilo. Apesar do desprezo dos artistas do Renascimento, a arte gótica inventou soluções de arquitetura que só foram superadas no século XIX, com o uso do aço; e outras, só no século XX, pelo concreto armado. É ignorância ou preconceito chamar de atrasada uma sociedade capaz de realizar obras tão perfeitas. Alguns exemplos da arquitetura gótica encontram-se na França, nas catedrais de Notre-Dame de Reims, Notre-Dame de Paris, de Chartres, Saint-Chapelle de Paris, na Inglaterra, nas catedrais de Norwich, Lincoln e Westminster em Londres. São exemplos significativos também os palácios da Justiça e do Louvre em Paris e o palácio dos Papas, de Avinhão na França. Na Itália, os edifícios em estilo gótico são de autoria de artistas que anunciavam o Renascimento. Como a Igreja de São Francisco de Assis, a catedral de Santa Maria Del Fiore e o Palazzo Vechi, em Florença e os palácios comunais de Bolonha, Pistoia e Perúsia.

NA PINTURA

A finalidade primordial da pintura gótica era ensinar a criação divina e, num sentido mais didático, narrar as Escrituras para o maior número de pessoas, quase sempre analfabetas. Os temas eram religiosos, tirados da tradição bizantina. Além das histórias da Bíblia, representava-se também a vida dos santos e a iconografia de Cristo, particularmente a crucificação, capítulo central da teologia da Idade Média. Embora as pinturas fossem frequentemente substituídas pelos vitrais, são comuns as pinturas em painéis de madeira e sobre relevos. As figuras adquirem mais naturalidade, e o colorido é mais vivo. 90


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Os pintores do gótico elaboraram uma pintura carregada de simbolismo, a fim de tocar emocionalmente o observador. São também notáveis as pinturas em manuscritos (iluminuras). No final do período, surge a preocupação com a perspectiva, melhorando as proporções entre figuras próximas e afastadas.

AULA Nº 10 NA ESCULTURA

Em geral, a escultura gótica está integrada à arquitetura. A princípio, as estátuas eram alongadas e não possuíam qualquer movimento, com um acentuado predomínio da verticalidade, o que praticamente as fazia desaparecer. Eram estátuas-colunas. Aos poucos, ela foi-se libertando das rígidas formas românicas e adquirindo maior expressão,primeiramente, no rosto e, depois nos movimentos. Além dessa variação no tempo, há grande diferenciação de um lugar para o outro. Na fase final da Idade Média, as figuras já apresentam uma grande naturalidade. Os escultores buscavam dar um aspecto real e humano às figuras retratadas (anjos, santos e personagens bíblicos). A separação em relação à arquitetura torna-se um fato e as esculturas começam a se destacar como obras independentes. As roupas ficam mais pesadas e se multiplicam as dobras, que já não são lineares e rígidas, mas sim onduladas, expressivas e mais naturais.

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DANÇA E MÚSICA MEDIEVAL

Durante toda a Idade Média, a música profana fez parte da corte medieval. Servia para dançar, para animar o jantar, para se ouvir. Era indispensável em cerimônias civis, militares, feriados e outras ocasiões festivas com danças folclóricas, e também para animar os Cruzados quando partiam para a Terra Santa ou de júbilo, quando regressavam das suas campanhas. Os jograis pertenciam à outra classe de músicos. Eles recitavam, cantavam, tocavam, dançavam, faziam acrobacias e exibiam as habilidades de animais domesticados. Iam de terra em terra e, com as suas diversões, entretinham a nobreza e os ajuntamentos de pessoas nas praças públicas. Eram vistos como vagabundos e viviam à margem da sociedade, mas eram muito populares por trazerem as novidades e as notícias de outras terras. A dança de roda é seguramente o tipo coreográfico mais difundido na Europa e em todo o mundo. A sua simplicidade contribuiu decerto para isso: os dançadores formam uma roda, intercalando os do sexo masculino com os do feminino. Na fórmula mais difundida, dão as mãos uns aos outros, virados para o centro do círculo, evoluindo a roda no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. De vez em quando, nas ocasiões em que a música o sugere, param e batem palmas, para em seguida retomarem o movimento circular. Além da simplicidade, autores há que atribuem a sua divulgação ao valor mágico do círculo e da evolução em círculo. Seja como for, a roda é a mais primitiva forma de dança coletiva. O seu tipo medieval mais conhecido é a carole, que era seguramente cantada pelos dançadores, primeiro por um solista, a que respondiam depois todos os outros.

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No século XIV aparece entre os nobres, o Momo, um gênero de dança que serviu como base do futuro ballet-teatro. Era uma espécie de Carolas onde os participantes dançavam mascarados e disfarçados. No final da Idade Média a dança e a música tornaram-se parte de todos os acontecimentos festivos.

AULA Nº 11 VESTUÁRIO MEDIEVAL

As roupas e os sapatos da época eram bastante volumosos e escondiam quase inteiramente o corpo, especialmente o da mulher. As mais jovens até chegavam a revelar o colo, mas a Igreja sempre desaprovou os decotes. Pode-se dizer também que já existia moda, naquele tempo, com a introdução de novidades na forma de vestidos, chapéus, sapatos, joias, etc. O vestuário básico das mulheres incluía roupa de baixo, saia ou vestido longo, avental e mantos, além de chapéus com formas as mais variadas (imitando a agulha de uma torre, borboletas, toucas com longas tiras), bastante exagerados (em alguns locais foi preciso alterar a entrada das casas para que as damas e seus chapéus pudessem passar). Na época, cabelos presos identificavam a mulher casada, enquanto as solteiras usavam cabelos soltos. As cores mais usadas pelas mulheres eram o azul real, o bordô e o verde escuro. As mangas e as saias dos vestidos eram bufantes e compridas. As mais ricas usavam acessórios, como leques e joias.

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Para os homens, o vestuário se compunha de meias longas até a cintura, culotes, gibão (uma espécie de jaqueta curta), chapéus de diversos tamanhos e sapatos de pontas longas. Os tecidos variavam de acordo com a condição social dos cavaleiros, o clima, a ocasião e local e, nos dias de festa, por exemplo, usavam ricas vestimentas, confeccionadas com tecidos orientais, sedas, lã penteada e veludo. E festa é o que não faltava, o ano inteiro, nas feiras e nas datas religiosas e profanas da Europa Medieval. Tanto nos castelos quanto nas vilas, aldeias e cidades, em tempos de fartura, tudo era motivo para comer, beber e dançar, com fantasias, máscaras, procissões, muita alegria e até certos excessos. Os camponeses, apesar do sofrimento e da penúria, gostavam de festas, danças e músicas. Várias danças folclóricas europeias originam-se de festas e danças populares medievais. * Acho bom dar um descanso agora e pedir aos alunos que desenhem essas roupas. Seria interessante fazerem um álbum, ou ainda pendurar os trabalhos em uma espécie de varal para mostrar à toda a escola. Havendo um tempinho, dá para fazer até um desfile. Eles podem montar o look com roupas diversas, ou ainda produzi-las com TNT. Pode-se pensar até mesmo em um desfile beneficente, em que os convidados levem alimentos, roupas e brinquedos para doação.

AULA Nº 12 QUESTÕES SOBRE A ARTE DA IDADE MÉDIA 1- Quais foram as artes que mais se destacaram na Idade Média? R: As artes plásticas: arquitetura, pintura e escultura. 2- Quais foram suas principais realizações? R: As igrejas, podendo-se distinguir, nelas, dois estilos básicos: o românico e gótico. 3- Como é a escultura durante toda a Idade Média? R: Era dominada pelos princípios religiosos, não tinha por fim glorificar a figura humana, assim, não possuía expressão; quase ou nada de movimento. Era em geral talhada em baixo relevo, incorporada à fachada dos prédios ou às paredes. Não tinha proporção ao retratar as figuras humanas, sendo comum observá-las alongadas. 4- O que são as iluminuras?

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R: São pinturas de ornato, realizadas minuciosamente nos pergaminhos produzidos em conventos e abadias durante toda a Idade Média. As iluminuras podem apresentar-se nas letras capitulares, ilustrações e demais elementos decorativos desses manuscritos. 5- Por que se diz que a Arte medieval era convencional? R: Porque acatava as imposições da Igreja, ou seja, era circunscrita ao que determinava a fé, tanto nos temas quanto à forma de produção. Um determinado santo, por exemplo, São Pedro, deveria ser representado sempre, fidedignamente igual, sem alteração alguma (sequer de proporções), para que fosse sempre reconhecido pelos fiéis em qualquer lugar. 6- Quais são as características gerais do estilo gótico? R: Verticalismo, arco quebrado ou ogival, abóbada de arcos cruzados e o vitral. 7- O que significa o verticalismo na Arte gótica? R: Verticalismo significa que as construções têm alturas gigantescas (são maiores na vertical), reforçando o sentimento de pequenez do homem frente à magnificência do Celestial. 8- Que elemento da Arte gótica é responsável pelas paredes luminosas e coloridas? R: Os vitrais são responsáveis, pois substituíram a pintura mural, sendo compostos a começar de fragmentos de vidro colorido, formando a imagem ou imagens desejadas pelo artista. *Essa técnica só foi possível em razão do uso de pilastras ou feixes de colunas, e de uma série de suportes, como arcobotantes e contrafortes que substituíam os muros e paredes compactas e muros espessos das construções (substituídos pelos vitrais). Essa técnica também viabilizou que as construções tivessem proporções maiores, pois dividia e sustentava o peso de paredes e abóbadas pesadas. 9- Por que se diz que a Arte românica é uma Arte didática? R: Já que durante a Idade Média, o conhecimento era detido apenas pelo clero, ainda que boa parte deste fosse iletrada assim como a maioria absoluta da população (além do Latim como único idioma oficial da religião Católica), a Arte às paredes dos templos cristãos tinha por finalidade representar as passagens Bíblicas, proporcionando aos fiéis o ensinamento catequético. Assim, diz-se que a Arte no período Românico tinha motivos didáticos. 10- Explique o que é perspectiva hierárquica. 95


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R: Uma técnica de pintura onde se representa por ordem de tamanho das imagens o grau de importância do indivíduo. Quanto mais elevada sua posição, maior o tamanho de sua imagem em relação aos demais.

AULA Nº 13 O RENASCIMENTO O Renascimento foi um importante movimento de ordem artística, cultural e científica que se deflagrou na passagem da Idade Média para a Moderna. Em um quadro de sensíveis transformações que não mais correspondiam ao conjunto de valores apregoados pelo pensamento medieval, o Renascimento apresentou um novo conjunto de temas e interesses aos meios científicos e culturais de sua época. Ao contrário do que possa parecer, o Renascimento não pode ser visto como uma radical ruptura com o mundo medieval. A razão, de acordo com o pensamento da renascença, era uma manifestação do espírito humano que colocava o indivíduo mais próximo de Deus. Ao exercer sua capacidade de questionar o mundo, o homem simplesmente dava vazão a um dom concedido por Deus (neoplatonismo). Outro aspecto fundamental das obras renascentistas era o privilégio dado às ações humanas, ou humanismo. Tal característica representava-se na reprodução de situações do cotidiano e na rigorosa reprodução dos traços e formas humanas (naturalismo). Esse aspecto humanista inspirava-se em outro ponto-chave do Renascimento: o elogio às concepções artísticas da Antiguidade Clássica ou Classicismo. Essa valorização das ações humanas abriu um diálogo com a burguesia que floresceu desde a Baixa Idade Média. Suas ações pelo mundo, a circulação por diferentes espaços e seu ímpeto individualista ganharam atenção dos homens que viveram todo esse processo de transformação privilegiado pelo Renascimento. Ainda é interessante ressaltar que muitos burgueses, ao entusiasmarem-se com as temáticas do Renascimento, financiavam muitos artistas e cientistas surgidos entre os séculos XIV e XVI. Além disso, podemos ainda destacar a busca por prazeres (hedonismo) como outro aspecto fundamental que colocava o individualismo da modernidade em voga. A aproximação do Renascimento com a burguesia foi claramente percebida no interior das grandes cidades comerciais italianas do período. Gênova, Veneza, Milão, Florença e Roma eram grandes centros de comércio onde a intensa circulação de riquezas e ideias promoveram a ascensão de uma notória classe artística italiana. Até mesmo algumas famílias comerciantes da época, como os Médici e os Sforza, realizaram o mecenato, ou seja, o patrocínio às obras e estudos renascentistas. A profissionalização desses renascentistas foi responsável por um conjunto extenso de obras que acabou 96


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dividindo o movimento em três períodos: o Trecento, o Quatrocento e Cinquecento. Cada período abrangia respectivamente uma parte do período que vai do século XIV ao XVI. Durante o Trecento, podemos destacar o legado literário de Petrarca (“De África” e “Odes a Laura”) e Dante Alighieri (“Divina Comédia”), bem como as pinturas de Giotto di Bondoni (“O beijo de Judas”, “Juízo Final”, “A lamentação” e “Lamento ante Cristo Morto”).

Já no Quatrocento, com representantes dentro e fora da Itália, o Renascimento contou com a obra artística do italiano Leonardo da Vinci (Mona Lisa) e as críticas ácidas do escritor holandês Erasmo de Roterdã (Elogio à Loucura).

O TRECENTO No fim do século XII, ninguém tinha mais influência sobre o homem do que a Igreja. No âmbito artístico, esculturas e pinturas eram criadas com função didática: ensinar e promover os pensamentos cristãos. A arte clássica era considerada profana. Como a maioria da população era analfabeta, a arte visual permitia a contemplação das criações divinas e o acesso à história da Bíblia. O pensamento humanista e antropocêntrico começa a influenciar a criação artística somente no século XIV, período denominado Trecento. Inicia-se então a transposição da arte bizantina para a renascentista. A relação entre arte e ciência começa a modificar o modo de manifestação das artes em geral. A pintura, por exemplo, começa a se libertar das formas regulares e quase geométricas de representação. O comportamento humano começa a ser exibido em situações banais e cotidianas, rompendo com o caráter hierático da arte bizantina.

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Afresco da Capela Peruzzi (1320). Giotto di Bondone. Igreja de Santa Cruz, Florença (Itália).

O artista do Trecento, ainda visto como um artesão, aceitava qualquer tipo de encomenda para manter seu ateliê. Para a execução de uma obra representando o Antigo ou o Novo Testamento, o pintor ainda adotava regras na representação de personagens ou elementos, sendo que os mais importantes eram colocados ao centro da pintura, em tamanhos maiores. Giotto di Bondone (1266 – 1337) foi o principal expoente do Trecento e o primeiro a quebrar com tais regras, promovendo a ruptura com a imobilidade da pintura medieval, tornando o homem e seu cotidiano sua maior inspiração. O pintor e arquiteto italiano foi responsável por acrescentar às pinturas formas austeras e objetivas. Nascido na aldeia de Colle Vespignano, Giotto era pastor de ovelhas e costumava esboçar seus animais.

Capela Scrovegni, Pádua (Itália): o mais importante e conhecido trabalho de Giotto

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Interior da Capela Scrovegni: além de representações, mais de 35 afrescos compõem as paredes da capela.

AULA Nº 14 O QUATTROCENTO O chamado Quattrocento (século XV) vê o Renascimento atingir sua era dourada. O Humanismo amadurece e se espalha pela Europa. Leonardo Bruni inaugura a historiografia moderna e a ciência e a filosofia progridem. Ao mesmo tempo, um novo interesse pela história antiga levou humanistas a vasculharem as bibliotecas da Europa em busca de livros perdidos de autores como Platão, Cícero, Plínio, o Velho, e Vitrúvio. Sucintamente, a contribuição maior da pintura do Renascimento foi sua nova maneira de representar a natureza, através de domínio tal sobre a técnica pictórica e a perspectiva de ponto central, que foi capaz de criar uma eficiente ilusão de espaço tridimensional em uma superfície plana. Tal conquista significou um afastamento radical em relação ao sistema medieval de representação, com sua estaticidade, seu espaço sem profundidade e seu sistema de proporções simbólicas – onde os personagens maiores tinham maior importância numa escala que ia do homem até Deus – estabelecendo um novo parâmetro cujo fundamento era matemático, no que se pode ver um reflexo da popularização dos princípios filosóficos do racionalismo, antropocentrismo e do humanismo. A linguagem visual formulada pelos pintores renascentistas foi tão bem sucedida que permanece válida até hoje. O cânone greco-romano de proporções voltava a determinar a construção da figura humana; também voltava o cultivo do Belo tipicamente clássico. A pintura renascentista é, em essência, linear; o desenho 99


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era agora considerado o alicerce de todas as artes visuais e seu domínio, um pré-requisito para todo artista. Para tanto, foi de grande utilidade o estudo das esculturas e relevos da Antiguidade, que deram a base para o desenvolvimento de um grande repertório de temas e de gestos e posturas do corpo. Na construção da pintura, a linha convencionalmente constituía o elemento demonstrativo e lógico, e a cor indicava os estados afetivos ou qualidades específicas. Outro diferencial em relação à arte da Idade Média foi a introdução de maior dinamismo nas cenas e gestos, e a descoberta do sombreado, ou claro-escuro, como recurso plástico e mimético. No Quattrocento as representações da figura humana adquiriram solidez, majestade e poder, refletindo o sentimento de autoconfiança de uma sociedade que se tornava muito rica e complexa, com vários níveis sociais, de variada educação e referenciais, que dela participavam ativamente, formando um painel multifacetado de tendências e influências. Mas ao longo de quase todo o século, a arte revelaria o embate entre os derradeiros ecos do gótico espiritual e abstratoe as novas forças organizadoras, naturalistas e racionais do classicismo. Nesse sentido, depois de Giotto, o próximo marco evolutivo foi Masaccio, em cujas obras o homem tem um aspecto nitidamente enobrecido e cuja presença visual é decididamente concreta, com eficiente uso dos efeitos de volume e espaço tridimensional. Dele se disse que foi “o primeiro que soube pintar homens que realmente tocavam seus pés na terra”.

Masaccio

Junto com Florença, Veneza representa a vanguarda artística europeia no Quatrocento. Dispondo de um grupo de artistas ilustresque já fizera parte da vanguarda em anos anteriores, agora hesitava entre o apelo espiritual do gótico e o fascínio profano do classicismo, e perdia ímpeto. Mais adiante, na Alta Renascença, com Leonardo da Vinci, a técnica do óleo se refinou e penetrou no terreno do sugestivo, ao mesmo tempo em que aliava fortemente arte e ciência. Com Rafael, o sistema 100


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classicista de representação visual chegou a um apogeu, e revelou a doçura, a grandeza solene e a perfeita harmonia. Mas essa fase, de grande equilíbrio formal, não durou muito; logo seria transformada profundamente, dando lugar ao Maneirismo. Aqui, Michelangelo, coroando o processo de exaltação do homem, levou-o a uma nova dimensão, a do sobre-humano, abrindo-lhe também as portas do trágico e do patético. Com os maneiristas toda a noção de espaço foi então alterada, a perspectiva se fragmentou em múltiplos pontos de vista, e as proporções da figura humana foram distorcidas com finalidades expressivas ou meramente estéticas, formulando-se uma linguagem visual mais dinâmica, vibrátil, subjetiva, dramática e sofisticada. Pontormo, Veronese, Romano, Tintoretto, Bronzino, e Michelangelo em sua fase madura foram exemplos típicos do Maneirismo plenamente manifesto. Giorgio Vasari, um pintor e arquiteto maneirista de mérito secundário, também deve ser lembrado por sua importância como biógrafo e historiador da arte, um dos primeiros a reconhecer todo o ciclo renascentista como uma fase de renovação cultural e o primeiro a usar o termo “Renascimento” na bibliografia, em sua enciclopédica Le Vite de’ più Eccellenti Pittori, Scultori e Architettori, uma das fontes primárias para o estudo da vida e obra de muitos artistas do período.

Botticelli – O Nascimento de Vênus

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AULA Nº 15 A ALTA RENASCENÇA A Alta Renascença cronologicamente engloba os anos finais do Quattrocento e as primeiras décadas do Cinquecento, sendo delimitada aproximadamente pelas obras de maturidade de Leonardo da Vinci (a partir de 1480) e o Saque de Roma em 1527. Foi a fase de culminação do Renascimento, que se dissipou mal foi atingida, mas seu reconhecimento é importante porque ali se cristalizaram ideais que caracterizam todo o movimento renascentista: o humanismo, a noção de autonomia da arte, a emancipação do artista de sua condição de artesão e a equiparação ao cientista e ao erudito, a busca pela fidelidade à natureza, e o conceito de gênio, tão perfeitamente encarnado em Da Vinci, Rafael e Michelangelo. Se a passagem da Idade Média para a Idade Moderna não estava ainda completa, pelo menos estava assegurada sem retorno possível. Eventos como a descoberta da América e a Reforma Protestante, e técnicas como a imprensa de tipos móveis, transformaram a cultura e a visão de mundo dos europeus, ao mesmo tempo em que a atenção de toda a Europa se voltava para a Itália e seus progressos, com as grandes potências da França, Espanha e Alemanha desejando sua partilha e fazendo dela um campo de batalhas e pilhagens. Com as invasões que se seguiram,a arte italiana espalhou sua influência por uma vasta região do continente.

DA VINCI

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RAFAEL

MICHELANGELO

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O CINQUECENTO Na fase final do Renascimento, o movimento Cinquecento ganhou grandes proporções dominando várias regiões do continente europeu. Em Portugal pode-se destacar a literatura de Gil Vicente (Auto da Barca do Inferno) e Luís de Camões (Os Lusíadas). Na Alemanha, os quadros de Albercht Dürer (“Adão e Eva” e “Melancolia”) e Hans Holbein (“Cristo morto” e “A virgem do burgomestre Meyer”). A literatura francesa teve como seu grande representante François Rabelais (“Gargântua e Pantagruel”). No campo científico devemos destacar o rebuliço da teoria heliocêntrica defendida pelos estudiosos Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Giordano Bruno. Tal concepção abalou o monopólio dos saberes desde então controlados pela Igreja. Ao abrir o mundo à intervenção do homem, o Renascimento sugeriu uma mudança da posição a ser ocupada pelo homem no mundo. Ao longo dos séculos posteriores ao Renascimento, os valores por ele empreendidos vigoraram ainda por diversos campos da arte, da cultura e da ciência. Graças a essa preocupação em revelar o mundo, o Renascimento suscitou valores e questões que ainda se fizeram presentes em outros movimentos concebidos ao logo da história ocidental.

ALBERCHT DÜRER

Adão e Eva

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Melancolia

HANS HOLBEIN

Cristo Morto

A virgem e o menino com a família do Burgo mestre Meyer

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AULA Nº 16 QUESTÕES TEXTO O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização europeia que sedesenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana,ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo dasartes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal dohumanismo foi sem dúvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito doRenascimento. Questão 01 - Segundo a arte do Renascimento, julgue os itens a seguir em (C)CERTOS ou (E) ERRADOS: 1. (C) O termo Renascimento se refere ao resgate dos ideais da cultura grecoromana. 2. (E) No Renascimento ocorreu a valorização do divino e do sobrenatural. 3. (E) O artista renascentista teve a oportunidade de expressar suas idéias esentimentos sem estar submetido à igreja ou a outro poder. 4. (E) O Renascimento é marcado pela pressão da igreja junto à produção artística. Questão 02 - Ainda sobre o Renascimento, julgue os itens a seguir em (C) CERTOS ou(E) ERRADOS: 1. (C) A principal característica da arquitetura renascentista é o equilíbrio daslinhas, a organização matemática dos espaços e a presença de elementos daantiguidade clássica na decoração. 2. (C) No período renascentista predomina a tendência de uma interpretaçãocientífica da realidade e do mundo. 3. (E) A pintura renascentista nega qualquer característica do último período gótico. 4. (C) Nas artes plásticas acontecem estudos sobre a perspectiva segundoprincípios da matemática e da geometria. Questão 03 - Quanto às características do Renascimento analise e julgue os itensabaixo com (V) VERDADEIRO ou (F) FALSO e em seguida marque a alternativacorrespondente à sequência obtida. I. Na escultura renascentista o nu é totalmente abandonado. ( ) II. A posição do homem como o centro do mundo é retomada. ( ) 106


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III. É na arquitetura Renascentista que o interior é decorado com inspiração na arte daAntiguidade Clássica. ( ) IV. A pintura Renascentista acompanha os mesmos padrões da escultura citados no item1. ( ) a) V – F – V – F b) F – F – V – V c) V – V – F – V d) F – V – V – F Questão 04 - Desde que Roma adotou a religião cristã como religião oficial, o homemeuropeu viveu apenas para Deus e a arte servia como veículo para afirmar sua crença.No século XIV houve muito progresso na arte, na literatura e na ciência e o homemvoltou-se para si mesmo, recolocando-se como a criatura mais importante da terra. Vimosentão o Renascimento. Quanto às características do Renascimento assinale a únicaalternativa CORRETA: a) (X) Na escultura renascentista surge o nu, assim como no clássico grego. b) ( ) A posição do homem como o centro do mundo é visto pela primeira vez noRenascimento. c) ( ) É na arquitetura Renascentista que se decora o interior dos ambientes cominspiração na arte da Idade Média. d) ( ) A pintura Renascentista acompanha os mesmos padrões da escultura grega. TEXTO O Renascimento foi um movimento da História em que ocorreram muitosprogressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, quesuperaram a herança clássica. Questão 05 - Considerando o texto acima a respeito do Renascimento, julgue os itens em(C) para certos e (E) para errados: 1. ( E ) O texto diz que o Renascimento só contribuiu para o desenvolvimento humano nocampo das artes. 2. ( C) No Renascimento o ser humano se libertou dos fantasmas religiosos e teve aconvicção de que também tinha valor.

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3. (E ) No Renascimento a arte deixou de ser anônima e se tornou individual, ou seja, sóum artista poderia realizá-la. 4. ( C) A arte do Renascimento fez com que o observador a admirasse como um todo, ouseja, com um olhar geral sobre a obra. Questão 06 - Ainda sobre o Renascimento julgue os itens abaixo: 1. ( E ) O Renascimento é um movimento que teve origem na Bélgica. 2. ( C ) Perspectiva, uso do claro e escuro e realismo são características da pinturarenascentista. 3. ( E ) A técnica do claro-escuro consiste em pintar metade do quadro a luz do dia e aoutra metade à noite. 4. ( E ) Batalhas, torneios e cenas de caça são alguns dos temas da pintura renascentista. TEXTO Os elementos em comum do Renascimento foram a redescoberta da arte e da literatura da Grécia e de Roma, o estudo científico do corpo humano e do mundo natural e a intenção de reproduzir com realismo as formas da natureza. Uma das descobertas mais significativas foi o método de criar a ilusão de profundidade numa superfície plana, chamada perspectiva, que veio a ser a base da pintura europeia nos quinhentos anos seguintes. Este período foi chamado de Renascimento. QUESTÃO 07 - Sobre o Renascimento julgue os itens: 01 ( C) Antes do Renascimento a produção artística estava voltada para a igreja. 02 ( C) O Homem voltou-se para si mesmo, recolocando-se como a criatura mais importante da terra. 03 ( E ) O Renascimento existiu em toda a Europa menos na Itália. 04 ( E) Ele foi dividido em dois períodos sendo eles: o quatrocentismo e o quinhentismo. QUESTÃO 08 - A respeito do Renascimento, julgue os itens: 01 ( C ) Na pintura renascentista houve grande preocupação com a fidelidade anatômica. 02 ( C ) Na pintura renascentista personagens de outras épocas foram vestidos com roupas do século XV. 03 ( C ) A escultura renascentista possuía muito realismo em sua obra. 108


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04 ( C ) Na arquitetura renascentista os prédios passaram a ser decorados e inspirados na Antiguidade Clássica. QUESTÃO 09 – Além de pintor Leonardo da Vinci também foi: a- ( ) Geógrafo. b- ( X ) Músico. c- ( ) Diretor. d- ( ) Padre. QUESTÃO 10 – São obras de Da Vinci: a- ( ) Mona Lisa e Guernica. b- ( ) A Virgem dos Rochedos e O Grito. c- ( X ) Mona Lisa e A Virgem dos Rochedos. d- ( ) O Nascimento de Vênus e Mona Lisa. 1. Qual das alternativas abaixo apresenta características do Renascimento Cultural? A - Teocentrismo; valorização da cultura egípcia; valorização da religião; estética fora da realidade. B - Geocentrismo; valorização apenas de temas religiosos; influência do misticismo; estética monocromática. C - Temas não relacionados com a realidade; pobreza de cores nas pinturas; Teocentrismo; valorização de temas abstratos. D - Antropocentrismo; valorização da cultura greco-romana; valorização da Ciência e da razão; busca do conhecimento em várias áreas. 2. Vários artistas italianos se destacaram no Renascimento Cultural. Qual das alternativas abaixo apresenta nomes de artistas italianos renascentistas? A - Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Botticelli e Tintoretto. B - Pablo Picasso, Van Gogh, Galileu Galilei e Lucas Mantovanni. C - Pitágoras, Renoir, Portinari, Monet e Laurentino Schiatti. 109


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D - Lucas Mantovanni, Pablo Picasso, Monet, Girondinelli e Renoir. 3. Na Itália Renascentista quem eram os mecenas? A - Governantes que atuavam como artistas, fazendo esculturas e pinturas. B - Pintores que ajudavam financeiramente os burgueses da época. C - Burgueses e governantes que protegiam e patrocinavam financeiramente os artistas renascentistas. D - Religiosos que perseguiam os artistas que faziam obras de arte que criticavam os fundamentos da Igreja Católica. 4. Sobre Leonardo da Vinci, é verdadeiro afirmar que: A - Foi o mais importante escultor e poeta do Renascimento Italiano. B - Foi um importante pintor, escultor, cientista, engenheiro, escritor e físico do Renascimento. C - Foi um importante governante italiano que patrocinou vários artistas e cientistas do período renascentista. D - Foi um importante escultor e pintor italiano do Renascimento, cuja principal obra é Pietá. 5. Qual dos países abaixo é considerado o berço do Renascimento? A - França B - Itália C - Espanha D - Holanda Respostas das questões: 1. D | 2. A | 3. C | 4. B | 5. B

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AULA Nº 17 O BARROCO Barroco é o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América, antes de atingir, em uma forma modificada, as áreas protestantes e alguns pontos do Oriente. Considerado como o estilo correspondente ao absolutismo e à Contra-Reforma, distingue-se pelo esplendor exuberante. De certo modo o Barroco foi uma continuação natural do Renascimento, porque ambos os movimentos compartilharam de um profundo interesse pela arte da Antiguidade clássica, embora a interpretando diferentemente. Enquanto no Renascimento o tratamento das temáticas enfatizava qualidades de moderação, economia formal, austeridade, equilíbrio e harmonia, o tratamento barroco de temas idênticos mostrava maior dinamismo, contrastes mais fortes, maior dramaticidade, exuberância e realismo e uma tendência ao decorativo, além de manifestar uma tensão entre o gosto pela materialidade opulenta e as demandas de uma vida espiritual. Mas nem sempre essas características são bem evidentes ou se apresentam todas ao mesmo tempo. Houve uma grande variedade de abordagens que foram englobadas sob a denominação genérica de "arte barroca", com certas escolas mais próximas do classicismo renascentista e outras mais afastadas dele, o que tem gerado muita polêmica e pouco consenso na conceituação e caracterização do estilo. Para diversos pesquisadores o Barroco constitui não apenas um estilo artístico, mas todo um período histórico e um movimento sociocultural, onde se formularam novos modos de entender o mundo, o homem e Deus. As mudanças introduzidas pelo espírito barroco se originaram, pois, de um grande respeito pela autoridade da tradição clássica, e de um desejo de superá-la com a criação de obras originais, dentro de um contexto que já se havia modificado profundamente em relação ao período anterior. Desde o Renascimento a Itália se tornara o maior polo de atração de artistas em toda a Europa, e no início do século XVI, Roma, sede do Papado católico e capital dos Estados Pontifícios, se tornara o maior centro irradiador de influência artística, tendo a Igreja como o mais pródigo mecena. Mas desde lá, tendo passado por invasões dramáticas, como a que culminou no Saque de Roma de 1527, e sofrendo com agitação interna, a Itália havia perdido muito prestígio e força, ainda que continuasse a ser a maior referência na cultura europeia. A atmosfera otimista do Renascimento havia se desvanecido. Os progressos na filosofia, nas ciências e nas artes, o florescer do humanismo, não evitaram os ódios e guerras, e a fé no homem como imagem da Divindade e no mundo como um novo Éden em potencial - um modo recorrente no Renascimento - se deparava com o cinismo e a brutalidade 111


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da política, a vaidade do clero, a eterna opressão do povo, surgindo uma nova corrente cultural a que se deu o nome de Maneirismo - erudita, sofisticada, experimental, mas carregada de dúvidas e agitação, e dada a excentricidades e ao cultivo do bizarro.

Na religião, o poder papal teve de enfrentar a Reforma Protestante, um evento com amplas repercussões políticas e sociais, que pôs um fim à unidade do Cristianismo e solapou a influência católica sobre os assuntos seculares de toda a Europa, que antes era imensa. Além das diferenças de doutrina, onde se incluía a condenação do culto às imagens, os protestantes denunciaram o luxo excessivo dos templos e a corrupção do clero católico. Suas igrejas rapidamente se esvaziaram de estátuas e pinturas devocionais e de decoração. A reação católica foi orquestrada a partir da convocação do Concílio de Trento (1545-1563), o marco inicial da Contra-Reforma, numa tentativa de refrear a evasão de fiéis para o lado protestante e a perda de influência política da Igreja. Ao mesmo tempo em que fazia uma revisão na doutrina, estabelecendo uma nova abordagem do conceito de Deus, a Contra-Reforma tentou moralizar o clero e disciplinou a produção de arte sacra, buscando utilizá-la como instrumento de proselitismo. Longas guerras de religião seguiriam o cisma protestante nas décadas seguintes, devastando muitas regiões. Na economia, a abertura de novas rotas comerciais em vista das grandes navegações deixou a Itália fora do centro do comércio internacional, deslocando o eixo econômico para as nações do oeste europeu. Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Países Baixos eram as novas potências navais, cuja ascensão política era financiada pelas riquezas coloniais e o comércio em expansão. A arte desses países se beneficiou enormemente desse novo afluxo de riquezas. Murray Edelman, fazendo um balanço da arte deste período, disse que: "Os pintores e escritores maneiristas do século XVI eram menos "realistas" do que seus predecessores da Alta Renascença, mas eles reconheceram e ensinaram muito sobre como a vida pode se tornar motivo de perplexidade: através da sensualidade, do horror, do reconhecimento da vulnerabilidade, da melancolia, do lúdico, da ironia, da ambiguidade e da atenção a diversas situações sociais e naturais. Suas concepções tanto reforçaram como refletiram a preocupação com a qualidade da vida cotidiana, 112


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com o desejo de experimentar e inovar, e com outros impulsos de índole política... É possível que toda arte apresente esta postura, mas o Maneirismo a tornou especialmente visível".

Andrea Pozzo: Apoteose de Santo Inácio, teto da Igreja de Santo Inácio de Loyola, Roma

Vamos aproveitar esta obra e propor um trabalho bem legal: que tal fazermos um oratório no estilo barroco? Ficam lindos demais e eles poderão fazer uma bela exposição e até mesmo vendê-los. Eis alguns modelos feitos com material reciclado http://artesanatoquefaz.blogspot.com.br/2011/09/oratorio-feito-com-lata-de-sardinha.html:

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Jacob Jordaens: A família do artista, Museu do Prado

Antoine Coysevox: A Fama do Rei cavalgando Pégaso, originalmente no Parque de Marly, hoje no Louvre

A convocação do Concílio de Trento teve profundas consequências para a arte produzida na área de influência da Igreja Católica: a teologia assumiu o controle e impôs restrições às excentricidades maneiristas buscando reiterar a continuidade da tradição católica, recuperar o decoro na representação, criar uma arte mais compreensível pelo povo e homogeneizar o estilo. Desde então tudo devia ser submetido de antemão ao crivo dos censores, desde o tema, a forma de tratamento e até mesmo a escolha das cores e dos gestos dos personagens. Nesse processo a Ordem dos Jesuítas foi de especial importância. Afamados pelo seu refinado preparo intelectual, teológico e artístico, os jesuítas exerceram enorme influência na determinação dos rumos estéticos e ideológicos seguidos pela arte católica, estendendo sua presença para a América e o Oriente através de suas numerosas missões de evangelização. Também foram grandes responsáveis pela preservação da tradição do Humanismo renascentista, e, longe de serem conservadores como às vezes foram considerados, atuaram na vanguarda de arte da época e promoveram o maior movimento de revivalismo da filosofia do classicismo pagão desde aquele patrocinado por Lorenzo de' Medici no século XV. 114


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A orientação da Igreja agora era na direção de se produzir uma arte que pudesse cooptar a massa do povo, apelando para o sensacionalismo e uma emocionalidade intensa. O estilo produzido por este programa se provou desde logo ambíguo: pregava a fé, mas usava de todos os meios para a sensibilização sensorial do público. As imagens eram criadas com formas naturalistas como meio de serem imediatamente compreendidas pelo povo inculto, mas faziam uso de complexos recursos ilusionísticos e dramáticos, de efeito grandioso e teatral, para acentuar o apelo visual e emotivo e estimular a piedade e a devoção. Outro elemento de importância para a formação da estética barroca foi a consolidação das monarquias absolutistas, que através da arte procuraram consagrar os valores que defendiam. Os palácios reais passaram a ser construídos em escala monumental, a fim de exibir visivelmente o poder e a grandeza dos Estados centralizados, e o maior exemplo dessa tendência é o Palácio de Versalhes, erguido a mando de Luís XIV da França.

Por outro lado, nesta mesma época a burguesia começou a se afirmar como uma classe economicamente influente, e com isso passou a se educar e abrir um novo mercado consumidor de arte. Tendo preferências estéticas distintas da realeza, foi importante para a formação de certas escolas barrocas mais ligadas ao realismo. Por fim, outra força ativa foi um renovado interesse no mundo natural e uma gradativa ampliação dos horizontes culturais através da exploração do globo e do desenvolvimento da ciência, que trouxeram uma consciência da insignificância do homem em meio à vastidão do universo e da insuspeitada complexidade da natureza. O desenvolvimento da pintura de paisagem durante o Barroco foi um reflexo desses novos descobrimentos.

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Os séculos XVII-XVIII, período principal de vigência do Barroco, continuaram a ser marcados por numerosas mudanças na situação política europeia e pelo conflito constante. Foi assinalado que entre 1562 e 1721 a Europa como um todo não conheceu a paz senão em quatro anos. A maior guerra deste período foi a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que envolveu a Espanha, França, Suécia, Dinamarca, Países Baixos, Áustria, Polônia, Império Otomano e Sacro Império. De início, desencadeada pela disputa entre católicos e protestantes, logo repercutiu para o campo secular em questões dinásticas e nacionalistas. Segundo José Antonio Maravall, na cultura da época, o autoconhecimento, desejado desde o tempo de Sócrates, agora se revestia de um caráter tático, racional e utilitarista. E a partir do autoconhecimento e autodomínio, acreditava-se que se conheceria o íntimo de todos os homens, e se poderia dominar a natureza e o ambiente social com mais facilidade. Esse autoconhecimento possibilitava ainda que se fizessem previsões sobre tendências e comportamentos futuros, individuais e coletivos, aproveitando oportunidades e evitando desgraças.

Philippe de Champaigne: Vaidade, c. 1671. Museu de Tessé, Le Mans

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Nessa pesquisa do ser humano um papel importante foi desempenhado pela medicina, considerandose que se acreditava que as funções e aspecto do corpo refletiam condições da alma, e assim o estudo do corpo humano influenciou conceitos religiosos e morais, fazendo com que muitos doutores se sentissem habilitados a discorrer sobre economia, política e moralidade. Ao mesmo tempo, o estudo intensificado da anatomia humana e sua ampla divulgação em livros científicos e gravuras atraiu a atenção dos artistas, se multiplicaram representações do corpo morto em detalhe, e a descrição artística da morte e dos cadáveres e esqueletos foi usada para se meditar sobre os fins últimos da existência e da condição humana. O mesmo impulso científico alimentou o interesse pela psicologia e pela análise das emoções e motivações através da fisionomia física do indivíduo, considerada o espelho do seu estado de espírito, o que possibilitou a formulação de categorizações para os tipos caracterológicos.

Charles Le Brun: A apoteose de Luís XIV, 1677.

Usualmente, considera-se que termo "barroco" originalmente significaria "pérola irregular ou imperfeita", um termo cuja origem é obscura, pode derivar do português antigo, do espanhol, do árabe ou do francês. Segundo outras opiniões, porém, o termo tem origem em uma fórmula mnemotécnica usada pelos escolásticos para designar um dos modos do silogismo, o que daria ao termo um sentido pejorativo de raciocínio estranho, tortuoso, que confunde o falso com o verdadeiro. A palavra rapidamente ganhou circulação nas línguas francesa e italiana, mas nas artes plásticas, só foi usada no fim do período em questão, quando novos classicistas começaram a criticar excessos e irregularidades de um estilo já então visto como decadente e uma simples degeneração dos princípios clássicos. Na própria Itália em que nasceu, durante muito tempo foi considerado como o período em que a arte chegou ao seu nível mais baixo: pesada, artificial, de mau gosto e dada a extravagâncias e contorções injustificáveis e incompreensíveis. 117


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AULA Nº 18 O BARROCO NO BRASIL

O barroco teve grande importância no reforço dos valores religiosos disseminados no Brasil Colonial. No Brasil Colonial, a presença dos jesuítas teve grande importância no processo de disseminação do cristianismo católico no interior da colônia. Não por acaso – visando aperfeiçoar suas ações missionárias –, os jesuítas trouxeram da Europa as influências estéticas de cunho fortemente religioso que marcaram o estilo barroco. Na maioria das vezes, esse tipo de criação se manifestou na construção de igrejas e imagens religiosas que tomavam campo nos centros urbanos do país. Chegando ao Brasil, as construções de traço barroco se lançavam aos olhos de uma população mista formada por alfaiates, ambulantes, funcionários públicos, indígenas, escravos e vadios. Essa população, na maioria das vezes, só conseguia compreender o sentido dos valores religiosos afirmados

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pela catequese com a imponência de imagens ricas em que a complexa ornamentação pretendia reafirmar o caráter sagrado dos santos e templos religiosos.

De forma geral, as obras e construções barrocas eram fabricadas a partir do uso de pedra-sabão, barro cozido e madeira policromada ou dourada. Além disso, existiu uma visível preocupação em se reproduzir movimentos de conteúdo dramático, o uso de linhas curvas, a preferência por construções de porte grandioso e o uso de um impacto visual capaz de chamar atenção dos apreciadores. O barroco tentou exprimir uma religiosidade de princípio medieval com a sofisticação da arte renascentista.

Dentre os principais representantes dessa arte podemos destacar o escultor Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, e o pintor Manuel da Costa Ataíde. Ambos viveram o auge do barroco no Brasil, na passagem do século XVIII para o XIX, promovendo um estilo próprio que tendeu a eliminar alguns dos excessos perceptíveis nas obras que tinham maior aproximação com o barroco desenvolvido no Velho Mundo.

O valor educativo lançado à arte barroca é percebido na dinâmica dos elementos trabalhados em suas principais obras. A tensão entre o medieval e o renascentista pode ser observada no uso de imagens austeras combinadas com a sofisticação dos ornamentos. Paralelamente, os itens acessórios tinham um valor narrativo onde o observador poderia identificar um santo e sua história através do dragão de São Jorge; ou a chave dos céus carregada por São Pedro.

O aparecimento desses artistas no ambiente colonial indicava um período de relativa prosperidade material nas cidades e vilas que se enriqueciam graças aos recursos trazidos pela exploração do ouro, a partir do século XVIII. Em muitos casos, essa nova situação fazia com que mulatos e outras figuras marginalizadas do mundo colonial alcançassem prestígio ou um interessante meio de sustentação. Dessa maneira, podemos ver interessantes situações históricas por meio do desenvolvimento de tal arte no Brasil. Uma das mais intrigantes se remete à formação de um mercado consumidor dessa arte de caráter fortemente religioso. As irmandades, igrejas e particulares eram os principais consumidores das construções arquitetônicas e imagens barrocas. Atualmente, o barroco possui grande valor histórico e estético e tem a maioria de suas obras concentradas em regiões do interior mineiro e no Nordeste.

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ESCULTURA

Aleijadinho: Passo da Paixão, no estilo dos sacro montes, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas

Na escultura é de assinalar o desenvolvimento de um gênero de composição grupal chamado de "sacro monte", concebido pela Igreja e rapidamente difundido por outros países. Trata-se de um conjunto que reproduz a Paixão de Cristo ou outras cenas piedosas, com figuras policromas em atitudes realistas e dramáticas em um arranjo teatralizado, e destinadas a comover o público. Às vezes tais grupos eram confeccionados de forma a poderem ser movidos e transportados sobre carros em procissões, criando-se uma nova categoria escultórica, a das estátuas de roca em madeira. Para aumentar o efeito mimético muitas possuíam membros articulados, para que pudessem ser manipuladas como marionetes, assumindo uma gestualidade eficiente e evocativa, variável de acordo com o progresso da ação cênica. Recebiam roupagens que imitavam as de pessoas vivas, e pintura que se assemelhava à carne humana. E para maior ilusão, seus olhos podiam ser de vidro ou cristal, as cabeleiras naturais, as lágrimas de resina brilhante, os dentes e unhas de marfim ou osso, e a preciosidade do sangue das chagas dos mártires e do Cristo flagelado podia ser enfatizada com a aplicação de rubis. 120


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Nossa Senhora da Fé, sacristia da Catedral de Salvador

AULA Nº 19 PINTURA Uma das mais típicas modalidades de pintura do Barroco é a criação de grandes tetos pintados onde as paredes do templo parecem continuar para cima e se abrir para o céu, oferecendo a visão de uma epifania, onde santos, anjos e Cristo parecem descer entre nuvens e resplendores de glória. A técnica não era inteiramente nova e já havia sido praticada por outros como Correggio e Michelangelo no Maneirismo, mas o tratado de Pozzo se tornou canônico, sendo traduzido para várias línguas ocidentais, e até para o chinês. Enquanto que seus predecessores continham o céu num espaço mais limitado, Pozzo e seus seguidores buscaram deliberadamente uma impressão de infinitude.

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POZZO

Também típica da pintura barroca foi a corrente dedicada à exploração especialmente dramática dos contrastes de luz e sombra, a chamada escola Tenebrista. Seu nome deriva de tenebra (treva, em latim), e é uma radicalização do princípio do chiaroscuro. Teve precedentes na Renascença e se desenvolveu com maior força a partir da obra do italiano Michelangelo Merisi, dito Caravaggio, sendo praticada também por outros artistas da Espanha, Países Baixos e França. Como corrente estilística teve curta duração, mas em termos de técnica representou uma importante conquista, que foi incorporada à história da pintura ocidental. Por vezes o Tenebrismo é entendido como sinônimo de Caravaggismo, mas não são coisas idênticas. Os intensos contrastes de luz e sombra emprestam um aspecto monumental aos personagens, e embora exagerada, é uma iluminação que aumenta a sensação de realismo. Torna mais evidentes as expressões faciais, a musculatura adquire valores escultóricos, e se enfatizam o primeiro plano e o movimento. Ao mesmo tempo, a presença de grandes áreas enegrecidas dá mais importância à pesquisa cromática e ao espaço iluminado como elementos de composição com valor próprio.

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Também se tornaram comuns no Barroco a pintura de naturezas-mortas e interiores domésticos, refletindo a crescente influência dos gostos burgueses. Nos Países Baixos protestantes foram um dos traços distintivos do Barroco local, conhecido ali como a Era Dourada da pintura. Na época a região era uma das mais prósperas da Europa, e estando livre do controle católico pode manter uma tradição de liberdade de pensamento, dentro de uma organização política bastante democrática. Tinha a burguesia comerciante como sua classe social mais influente, a qual patrocinava uma pintura essencialmente secular, de caráter único no panorama barroco. Também se cultivou a pintura de paisagem, geralmente despojada de conteúdo narrativo ou dramático, ao contrário de outras regiões europeias, onde muitas vezes a paisagem foi produzida como um cenário para cenas históricas, alegóricas ou religiosas. Na Espanha o Barroco pictórico tingiu-se de um misticismo desconhecido em outras paragens, inspirado no dramatismo do Tenebrismo, já citado, e na obra de mestres como Francisco Pacheco e em particular El Greco, possivelmente o mais típico integrante da corrente mística.

Caravaggio: A crucificação de São Pedro, 1600-1601. Igreja de Santa Maria del Popolo, Roma

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Rembrandt: Lição de anatomia do Dr. Tulp, 1632. Mauritshuis, Haia

Tomás Yepes: Natureza-morta com aves e lebre, século XVII. Museu do Prado, Madrid

ARQUITETURA DO BARROCO A arquitetura barroca é caracterizada pela complexidade na construção do espaço e pela busca de efeitos impactantes e teatrais, uma preferência por plantas axiais ou centralizadas, pelo uso de contrastes entre cheios e vazios, entre formas convexas e côncavas, pela exploração de efeitos dramáticos de luz e sombra, e pela integração entre a arquitetura e a pintura, a escultura e as artes decorativas em geral. O exemplo precursor da arquitetura barroca geralmente é apontado na Igreja de Jesus em Roma, cujo projeto foi de Giacomo Vignola e a fachada e a cúpula de Giacomo della Porta. Vignola partiu de modelos clássicos estabelecidos pelo Renascimento, que por sua vez se inspiraram na tradição arquitetônica da Grécia e da Roma antigas. As diferenças introduzidas por ele foram a supressão do transepto, a ênfase na axialidade e o encurtamento da nave, e procurou obter uma acústica interna eficaz. A fachada se tornou um modelo para as gerações futuras de igrejas jesuítas, com pilastras duplas sustentando um frontão no primeiro nível, e um outro frontão, maior, coroando toda a composição. O interior era originalmente despojado, e seu aspecto atual é resultado de

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decorações no final do século XVII, destacando-se um grande painel pintado no teto com o recurso da arquitetura ilusionística.

AULA Nº 20 LITERATURA PARA O TEATRO

O envenenamento de Britannicus, ilustração de François Chauveau para a edição de 1675 da tragédia Britannicus, de Jean Racine

O drama barroco tipicamente usa motivos clássicos, mas tenta trazê-los para o mundo moderno, muitas vezes centrando a ação na figura do monarca. Ao contrário do drama clássico, onde o destino é uma das principais forças propulsoras da ação, um destino que é cego e contra o qual não há nada capaz de se opor, no drama barroco o interesse passa para as dificuldades inerentes ao exercício do poder, da vontade e da razão diante da realidade política corrupta, cruel e cínica e do descontrole das paixões, gerando uma perene e dolorosa tensão entre o desejo por um mundo harmonioso, belo e santificado e a impressão de que tudo se dirige para a catástrofe e a destruição, sem qualquer esperança para o homem. Para a expressão desses conflitos um recurso técnico comum é a alegoria, que transporta os fatos concretos para uma esfera mais abstrata e mais abrangente, possibilitando múltiplas interpretações e fazendo relacionamentos simultâneos entre vários níveis de realidade. Ainda que os personagens e os motivos tenham se multiplicado em relação ao Renascimento, no drama Barroco a ação é mantida mais coesa e ininterrupta por uma rede mais complexa de relacionamentos entre os seus agentes, conduzindo um desenvolvimento narrativo marcado pelas leis da causa e efeito, ainda que em seu curso a trama muitas vezes seja entremeada por surpresas e 125


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reviravoltas imprevistas, de qualquer forma encaixadas plausivelmente dentro dos limites da lógica. Outra diferença em relação ao período anterior é que os personagens já não são tipos fixos, com caracteres imutáveis e previsíveis. Antes um herói era sempre um herói, e suas ações sempre virtuosas; um bandido era sempre vil e suas intenções sempre obscuras e daninhas. No Barroco os personagens são mais humanos e contraditórios, suas personalidades apresentam áreas claras e escuras, e as mudanças nos comportamentos, humores e motivações podem ser abruptas e drásticas. Finalmente, a ação não é mais concebida como um arco perfeito, com um início, meio e fim nítidos, com um progressivo e calculado acúmulo de tensão que culmina num clímax final; os dramas barrocos podem iniciar com uma impressão de casualidade, como se o observador tivesse capturado uma cena de passagem e sido jogado para dentro da trama acidentalmente; tampouco os finais são sempre um clímax, e nas tragédias barrocas a morte do protagonista no final deixa de ser uma regra. Esses traços, contudo, são muito genéricos, e casos particulares podem apresentar estruturas e desenvolvimentos bastante diversos, como é típico de todo o Barroco.

LITERATURA BARROCA NO BRASIL A literatura barroca no Brasil foi introduzida pelos portugueses, quando não havia uma produção cultural significante no país. Por isso, refletindo a literatura portuguesa, a produção literária nesse período não é reconhecida como genuinamente nacional, mas um estilo absorvido e resultante do período colonial. Sua linguagem é rebuscada e ambígua. Caracteriza-se por utilizar largamente figuras de linguagem: metáfora, antítese, o paradoxo e a sinestesia. Nos séculos XVII e XVIII, ainda não havia no Brasil condições para o desenvolvimento de uma atividade literária propriamente dita. O imenso território era, na maior parte, despovoado. A vida social brasileira girava em torno de alguns pequenos núcleos urbanos e a vida cultural praticamente não existia. As pessoas letradas que viviam nas mesmas cidades reuniam-se para conversar e mostrar, uns aos outros, os textos que eventualmente tivessem escrito (poesias, artigos, ensaios etc.). Só no século XIX começou a formar-se um público leitor que possibilitou a continuidade da produção literária. Em vista dessa precariedade cultural da sociedade brasileira, seria exagero falar em movimento barroco no Brasil. O que temos, na verdade, são alguns escritores que, bebendo em fontes estrangeiras (geralmente autores portugueses e espanhóis), produzem aqui textos com características barrocas. Desses escritores merecem destaque Gregório de Matos, por suas poesias, e o padre Antônio Vieira, 126


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por seus sermões. Além deles, temos Bento Teixeira (1561-1600), autor do poema Prosopopéia, de 1601, que costuma ser considerado o marco inicial do Barroco brasileiro, Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), autor do livro Música do Parnaso, e Frei Itaparica. Gregório de Matos (1633-1696) é o maior nome da poesia barroca brasileira. Não teve nenhum livro publicado em vida. Depois de sua morte, os manuscritos encontrados foram sendo publicados em diferentes coletâneas, sem nenhum rigor crítico. O que chamamos de obra poética de Gregório de Matos é, na verdade, fruto de pesquisas nessas coletâneas, o que ainda deixa dúvida sobre a autenticidade de muitos textos que lhe são atribuídos. Suas poesias amorosas e religiosas, que revelam influência do barroco espanhol, despertaram inicialmente a atenção da crítica, mas hoje sua produção satírica, escrita em linguagem debochada e plena de termos de baixo calão, também vem sendo valorizada por representar um documento do ponto de vista sociológico e linguístico. Por suas críticas ferinas à sociedade baiana, Gregório de Matos recebeu o apelido de "Boca do Inferno". "Esse povo maldito..." [Fugindo da Bahia] "(...) Ausentei-me da Cidade Porque esse Povo maldito me pôs em guerra com todos e aqui vivo em paz comigo. Aqui os dias não me passam, porque o tempo fugitivo, por ver minha solidão, pára em meio do caminho. Graças a deus, que não vejo neste tão doce retiro

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hipócritas embusteiros2 velhacos entremetidos3 . Não me entram nesta palhoça visitadores prolixos4 , políticos enfadonhos5 , cerimoniosos vadios. (...)"

PADRE ANTÔNIO VIEIRA Antônio Vieira (1608-1697) escreveu muitos sermões, dentre os quais se destacam: Sermão da Sexagésima, em que discorre sobre a arte de pregar; Sermão de Santo António aos Peixes, em que trata da escravidão do indígena; Sermão do Mandato, em que fala do amor místico de Cristo; Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda, que proferiu por ocasião do cerco dos holandeses à cidade da Bahia. Deixou ainda uma grande quantidade de cartas, que são documentos importantes para o estudo da época em que viveu, e as obras História do futuro e Esperanças de Portugal, de cunho sebastianista, publicadas postumamente.

TEATRO O teatro barroco herdou os avanços renascentistas na construção de cenários com perspectivas ilusionísticas, o que estava ligado à revivescência da arquitetura clássica. Arquitetos como Vincenzo Scamozzi, Sebastiano Serlio, Bernardo Buontalenti e Baldassare Peruzzi haviam participado ativamente da concepção de cenários de impacto realista, seja através de painéis pintados, o que era mais comum, seja com construções realmente tridimensionais sobre os palcos, e pelo fim do século XVI a cenografia se tornara uma parte importante na representação teatral. À medida que os cenários móveis se tornavam mais complexos, da mesma forma evoluíam as casas teatrais, até então construções temporárias ou de proporções modestas. O primeiro grande teatro 128


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permanente fora erguido em Florença em meados do século XVI, e no século seguinte, vários outros apareceram. O primeiro proscênio permanente surgiu em 1618 no Teatro Farnese em Parma, sob a forma de uma derivação de um arco de triunfo. Fixos, limitavam a visão do público à regra da perspectiva central, que correspondia simbolicamente à visão do governante, um reflexo da ideologia absolutista. Também herança do Renascimento foram a presença amiudada de motivos clássicos e a concepção da ação numa unidade de tempo e espaço, que havia sido definida por Aristóteles na Grécia Antiga. O resultado dessa regra foi a narrativa se desenvolver em um único local num mesmo dia, forçando a ação dentro destes limites rígidos. Essencialmente artificial, este tipo de teatro só encontrou apreciadores entre a elite italiana. Contudo, à medida que o Barroco progredia, estes parâmetros foram paulatinamente sendo abandonados, enquanto que na Inglaterra e Espanha, por exemplo, a tradição dos mistérios e paixões medievais continuava viva. No fim do século XVI nasceu um dos gêneros teatrais mais importantes, a ópera, que foi concebida inicialmente como uma ressurreição do drama clássico grego, mas logo se desenvolveu para tornar-se a súmula de todas as artes, envolvendo representação, dança, música e um complexo aparato cênico para a produção de efeitos especiais. Também reservada de início às elites, logo se tornou apreciada pelo povo, fazendo imenso sucesso em quase toda a Europa.

MÚSICA O século XVII trouxe à música a revolução mais profunda desde aquela promovida pela Ars nova no século XIV, e talvez tão importante quanto a que foi implementada pela música moderna no século XX. É certo que tais mudanças não surgiram do nada e tiveram precursores, e demoraram anos até serem absorvidas em larga escala, mas em torno do ano 1600 se apresentaram obras que constituem verdadeiros marcos de passagem. Esse novo espírito requereu a criação de um vocabulário musical vastamente expandido e uma rápida evolução na técnica, especialmente a vocal. As origens do Barroco musical estão no contraste entre dois estilos nitidamente diferenciados, o chamado prima prattica, o estilo geral do século XVI, e o seconda prattica, derivado de inovações na música de teatro italiana. Na harmonia, outra área que sofreu mudança significativa, abandonaram-se os modos gregos ainda prevalentes no século anterior para adotar-se o sistema tonal, construído a partir de apenas duas escalas, a maior e a menor, que encontrou sua expressão mais típica na técnica do baixo contínuo. Além disso, instalou-se a primazia do texto e dos afetos sobre a forma e a sonoridade; o contraponto e os estilos polifônicos, especialmente na música sacra, sobreviveram, mas descartaram texturas 129


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intrincadas onde o texto se torna incompreensível, como ocorria no Renascimento; iniciou-se a teorização da performance com tratados e manuais para profissionais e amadores; foram introduzidas afinações temperadas e formas concertantes; o baixo e a melodia assumem um lugar destacado na construção das estruturas; a melodia buscou fontes populares e a dissonância passou a ser empregada como recurso expressivo; as vozes superior e inferior foram enfatizadas; às sonoridades interválicas sucederam as acórdicas, e escolas nacionais desenvolveram características idiossincráticas. Entretanto, assim como nas outras artes, o Barroco musical foi uma pletora de tendências distintas; George Buelow considera que a diversidade foi tão grande que o conceito perdeu relevância como definição de uma unidade estilística, mas reconhece que o termo se fixou na musicologia.

AULA Nº 21 QUESTÕES SOBRE O BARROCO 1. (UFRN) A obra de Gregório de Matos — autor que se destaca na literatura barroca brasileira — compreende a. poesia épico-amorosa e obras dramáticas. b. poesia satírica e contos burlescos. c. poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica. d. poesia confessional e autos religiosos. e. poesia lírica e teatro de costumes. Resposta: c 2. (Mack-SP) Assinale a alternativa incorreta: a. Julgada em bloco, a literatura brasileira do quinhentismo é uma típica manifestação barroca. b.

Na poesia de Gregório de Matos, percebe-se o dualismo barroco: mistura de religiosidade e

sensualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos e aspirações espirituais.

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c. A literatura no Brasil colonial é clássica, tendo nascido pela mão dos jesuítas, com uma intenção doutrinária. d. Com António Vieira, a estética barroca atinge o seu ponto alto em prosa no Brasil. e. Não se deve dizer que a literatura seiscentista brasileira seja inferior por ser barroca, mas sim que é uma literatura barroca de qualidade inferior, com exceções raras. Resposta: a 3. (Mack-SP) Ao Barroco brasileiro pertencem: a. Camões e Gil Vicente. b. Manoel B. Oliveira e Gregório de Matos. c. Sóror Mariana Alcoforado e Gregório de Matos. d. Gandavo e Camões. e. Gil Vicente e Manoel B. Oliveira. Resposta: b 4.(UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro: I. A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra. II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas. III. A oposição entre Reforma e Contra--Reforma expressa, no plano religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa. Quais estão corretas? a. Apenas I. b. Apenas II. 131


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c. Apenas III. d. Apenas l e III. e. I, II e III. Resposta: d 6. (UFRS) Com relação ao Barroco brasileiro, assinale a alternativa incorreta. a. Os Sermões, do padre António Vieira, elaborados numa linguagem conceptista, refletiram as preocupações do autor com problemas brasileiros da época,por exemplo, a escravidão. b. Os conflitos éticos vividos pelo homem do Barroco corresponderam, na forma literária ao uso exagerado de paradoxos e inversões sintáticas. c. A poesia barroca foi a confirmação, no plano estético, dos preceitos renascentistas de harmonia e equilíbrio, vigentes na Europa no século XVI, que chegaram ao Brasil no século XVII, adaptados, então, à realidade nacional. d. Um dos temas principais do Barroco é a efemeridade da vida, questão que foi tratada no dilema de viver o momento presente e, ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna. e. A escultura barroca teve no Brasil o nome de António Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que, no século XVII, elaborou uma arte de tema religioso com traços nacionais e populares, numa mescla representativa do Barroco. Resposta: c 7. (PUCC-SP) “Que falta nesta cidade? Verdade”. Que mais por sua desonra? Honra. Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta,

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Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha." Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos, a. o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia. b. o caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do gentio. c. o estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador. d. o caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta pecador. e. o estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia. Resposta: a 1. Quais são as três principais temáticas da poesia de Gregório de Matos? Resposta: A temática religiosa, a satírica e a amorosa. 2. Por qual motivo o poeta foi apelidado de “Boca do Inferno”? Resposta: Pois ele fazia poemas criticando e satirizando pessoas influentes da Bahia. 3. Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Antes, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, A abrandar-vos sobeja um só gemido: 133


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Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida já cobrada, Glória tal e prazer tão repentino Vos deu, como afirmais na Sacra História: Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino, Perder na vossa ovelha a vossa glória. Com base na leitura do poema A Jesus Cristo Nosso Senhor, responda: a) Qual a temática do poema? Resposta: A temática religiosa. b) Quais as antíteses presentes no poema? Resposta: Delinquido e perdoar, irar e abrandar, ofendido e lisonjeado, cobrar (no sentido de recobrar) e perder. c) Qual a principal contradição do poema? Resposta: A de que quanto mais o poeta comete pecados, mais o Senhor deve perdoá-lo para que Ele não perca a sua ovelha (o poeta). Quanto maior for o pecado cometido, tão maior deve ser o poder de Deus para perdoá-lo. d) Aponte a principal metáfora presente no poema. Resposta: O poeta como a ovelha desgarrada. 4. Cite dois eventos importantes ocorridos no Brasil ou em Portugal durante a vida de padre Antonio Vieira. Respostas: As Invasões Holandesas, no Brasil e a Restauração da Coroa contra a Espanha, em Portugal. 5. Qual a forma e o estilo privilegiados pelo Padre Vieira?

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Resposta: A forma em prosa, típica dos sermões, que são destinados ao púbico que assiste às missas, e o estilo conceptista. 6. O trigo que semeou o pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos corações dos homens. Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras são os corações duros e obstinados; e nestas seca-se a palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os corações inquietos e perturbados com a passagem e tropel das coisas do Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que atravessam, e todas passam; e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a desatendem ou a desprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou os homens de bom coração; e nestes prende e frutifica a palavra divina, com tanta fecundidade e abundância, que se colhem cento por um: Et fructum fecit centuplum. ... Do pregador como um semeador, das palavras de Deus como os grãos espalhados pelo semeador, do discurso como uma árvore e suas partes como os galhos dela, da palavra como um trovão e do céu como o mais antigo pregador que existiu no mundo. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, porque não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir. A partir da leitura do fragmento do texto O Sermão da Sexagésima, responda: a) Segundo o texto, quais são as circunstâncias dos pregadores que podem ser responsáveis pela não frutificação da palavra de Deus? A pessoa do pregador, seu o estilo, a matéria do sermão, a ciência e o tom de voz utilizado por ele. b) Ao final do sermão, quais as duas conclusões atingidas por Antonio Vieira? Resposta: 1. de que o problema para a não frutuficação da palavra de Deus está na má interpretação das Escrituras feitas pelos pregadores e 2. de que o ofício de pregador está em fazer o ouvinte sair descontente e inquieto consigo mesmo e não contente com o orador. 135


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c) Antonio Vieira se utiliza da “Parábola do Semeador” para exemplificar os principais pontos de seu sermão. Cite, com base na leitura do texto, alguns exemplos de comparação surgidos a partir da fábula. Do pregador como um semeador, das palavras de Deus como os grãos espalhados pelo semeador, do discurso como uma árvore e suas partes como os galhos dela, da palavra como um trovão e do céu como o mais antigo pregador que existiu no mundo. 1) Marque (V) VERDADEIRO ou (F) FALSO: 1. (

) O estilo barroco retomou os próprios princípios da arte da antiguidade grecorromana; e de

acordo com essa nova tendência, uma obra só seria perfeitamente bela na medida em que imitasse os artistas clássicos gregos. 2. ( ) Diante da Reforma Protestante a Igreja Católica logo se organizou contra. E assim a Arte Barroca serviu para revigorar seus princípios doutrinários. 3. ( ) Com o vigor barroco, os palácios barrocos se tornaram ambientes de encantamento, projetados para impressionar os visitantes com o poder e a glória do rei. 4. (

) O ideal humanista, a preocupação com o rigor científico e a composição equilibrada, são as

principais características da Arte Barroca. 2) Marque (V) VERDADEIRO ou (F) FALSO: 1. ( ) Os tons suaves e pastéis, o equilíbrio simétrico, a luz diagonal e a composição bidimensional fazem parte do estilo barroco. 2. ( ) Na representação barroca a figura humana, diversas vezes, aparece levemente geometrizada, revelando uma preocupação naturalista. 3. (

) Do ponto de vista pictórico, as obras barrocas apresentam uma iluminação basicamente

simétrica em relação a perspectiva linear utilizada. 4. ( ) Nas obras barrocas as cenas representadas envolvem-se num acentuado contraste de claroescuro, o que intensifica a expressão de sentimento. 3) Marque (V) VERDADEIRO ou (F) FALSO: 1. (

) O racionalismo tão buscado e desejado pelo Renascimento, tornou-se altamente secundário,

dando lugar as emoções dentro do estilo Barroco.

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2. ( ) As obras barrocas romperam o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou entre a arte e a ciência. 3. (

) A iluminação diagonal tão marcante na pintura barroca remete ao observador uma sensação

estática. 4. ( ) Considerada por diversos críticos uma arte requintada, aristocrática e convencional, o Barroco acabou tornando-se, com o passar do tempo, superficial. 4) Segundo a Arte Barroca, julgue os itens a seguir em (C) CERTOS ou (E) ERRADOS: 1. ( ) O Barroco foi um movimento contra reforma protestante. 2. ( ) No Barroco existe um predomínio das emoções e não o racionalismo renascentista. 3. ( ) O Barroco foi um movimento quase sem cor e formas. 4. ( ) Este movimento foi quase sem expressão nas artes plásticas. 5) Quanto à Pintura Barroca analise itens abaixo e em seguida marque a ÚNICA alternativa CORRETA. a) Na pintura, frequentemente uma luz incide diretamente sobre aquilo que o pintor quer valorizar na tela. b) As cores de tons azul e rosa são banidos da pintura. c) O artista Barroco está fortemente ligado ao misterioso e ao sobrenatural. d) Há uma tendência para a utilização da cor preta. 6) Quanto à arte do período Barroco assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Na pintura utilizava de uma técnica conhecida como claro e escuro. b) ( ) A expressão dramática e os gestos amplos não são marcas da escultura barroca. c) ( ) O dourado é banido da escultura como uma forma de entrega dos bens materiais. d) ( ) É na arquitetura barroca que surgem os arcos e cúpulas. 7) (UFPR) Sobre o Barroco, pode-se afirmar que a) foi uma forma de manifestação artística inspirada nos conceitos pagãos de Idade Média ea Antiguidade.

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b) fez uso da grandeza excessiva, do extravagante, do artificial, para expressar as concepções de mundo moderno. c) surgiu nos países anglo-saxões, no final do século XVII, e se espalhou por toda a Europa no século XVIII. d) impôs uma nítida diferenciação entre as formas artísticas, como a pintura, a escultura e a arquitetura. 8) (UNICAMP 2011) A arte colonial mineira seguia as proposições do Concílio de Trento (1545-1553), dando visibilidade ao catolicismo reformado. O artífice deveria representar passagens sacras. Não era, portanto, plenamente livre na definição dos traços e temas das obras. Sua função era criar, segundo os padrões da Igreja, as peças encomendadas pelas confrarias, grandes mecenas das artes em Minas Gerais. (Adaptado de Camila F. G. Santiago, “Traços europeus, cores mineiras: três pinturas coloniais inspiradas em uma gravura de Joaquim Carneiro da Silva”, em Junia Furtado (org.), Sons, formas, cores e movimentos na modernidade atlântica. Europa, América e África. São Paulo: Annablume, 2008, p. 385.) Considerando as informações do enunciado, a arte colonial mineira pode ser definida como a) renascentista, pois criava na colônia uma arte sacra própria do catolicismo reformado, resgatando os ideais clássicos, segundo os padrões do Concílio de Trento. b) barroca, já que seguia os preceitos da Contrarreforma. Era financiada e encomendada pelas confrarias e criada pelos artífices locais. c) escolástica, porque seguia as proposições do Concílio de Trento. Os artífices locais, financiados pela Igreja, apenas reproduziam as obras de arte sacra europeias. d) popular, por ser criada por artífices locais, que incluíam escravos, libertos, mulatos e brancos pobres que se colocavam sob a proteção das confrarias. Gabarito: 1) F-V-F-F 2) F-F-V-V 3) V-F-F-F 4) F-V-F-F 5) A

6) V-V-F-F 7) B 8) B

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AULA Nº 22 ACADEMICISMO O termo academicismo está ligado à existência das academias e da arte que foi produzida naquelas instituições. A primeira academia de arte foi a Academia de Desenho de Florença, criada em 1562, na Itália. Outras Academias surgiram depois em Roma e em Paris. As Academias instituem um ensino de arte « padronizado » baseado, sobretudo, nas aulas de desenho de observação, ou seja, a cópia do natural, no desenho de cópias de gesso de esculturas greco-romanas, integrando estudos de ciências como a geometria, anatomia e perspectiva, e de humanidades (história e filosofia). Com a academia o artista passa a ser mais valorizado. Rompe-se definitivamente com uma visão de arte como artesanato, o que acarreta uma mudança radical no seu status. Os artistas não são mais os artesãos medievais, mas sim teóricos e intelectuais. Além das atividades de ensino, as Academias vão ser responsáveis pela organização de exposições, concursos, prêmios, pinacotecas e coleções, o que significa o controle da atividade artística e a fixação rígida dos padrões de gosto baseados em um ideal de beleza que se firmou no período renascentista, que por sua vez, baseou-se nos padrões de beleza da Grécia Antiga. Arte Acadêmica é, então, a designação de um tipo de arte que corresponde aos princípios baseados na arte clássica, onde a beleza, a proporção, a unicidade, a harmonia e a semelhança com o real visível predominam. Este tipo de arte se impõe até o final do século XIX, quando os grandes artistas impressionistas e expressionistas, buscaram canais alternativos para mostrar suas obras, que traziam novas propostas filosóficas e estéticas e, portanto, enfrentavam grande resistência dos críticos de arte. No Brasil, a origem da Arte Acadêmica está ligada ao aparecimento da Academia Imperial de Belas Artes, fundada em 1826, nos moldes da Academia francesa de Belas Artes. As academias mantinham uma estreita relação com o poder político, sendo financiadas pelos monarcas, o que lhes conferia, de certa forma, certa ditadura estética. Esta chancela oficial das academias, associada à defesa intransigente de certos ideais artísticos e padrões de gosto definidos por prêmios e concursos como os Salões de Belas Artes - trazia consigo a recusa a mudanças, e a outras formas e concepções de arte que não aquela, reforçando o caráter conservador do academicismo.

CARACTERIZAM A ARTE TRADICIONAL OU ACADÊMICA: 1- O naturalismo: a construção de imagens que pareçam reais, que pareçam « fotografias » (lembrem-se que a fotografia propriamente dita só entrou no cenário no início do século XIX,

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mais precisamente em 1825), mostrando o virtuosismo do artista através da sua capacidade de representação dos objetos e cenas exatamente como eles são.

2- Obediência a regras de composição, utilização da perspectiva (profundidade), de recursos de claro/escuro (luz e sombra), busca da perfeição e da beleza. 3- Pinturas feitas dentro dos ateliês dos artistas. 4- Temas utilizados: cenas religiosas, paisagens, cenas mitológicas (greco-romanas), cenas heroicas (guerras e batalhas), cenas domésticas, retratos.

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AULA Nº 23 O ROCOCÓ O estilo rococó aparece na Europa do século XVIII e, tendo a França como seu principal precursor, se espalha em vários países do Velho Mundo e alcança algumas regiões das Américas, como o Brasil. Para muitos historiadores da arte, o rococó pode ser visto como um desdobramento do barroco em que vários artistas passam a valorizar o uso de linhas em formato de concha e a função decorativa que a arte poderia exercer. A expressão “rococó” tem origem na palavra francesa rocaille, que designava comumente uma maneira de se decorar os jardins através do uso de rochas e conchas. Chegando ao século XIX, o estilo rococó passa a ser utilizado também para definir outras manifestações desenvolvidas nos campos da arquitetura e das artes ornamentais. No ano de 1943, graças à pesquisa de Fiske Kimball, esse movimento deixa de ser visto como uma variante do barroco para assumir características próprias. Em geral, a substituição das cores vibrantes do barroco por tons rosa, verde-claro, estabelecem uma primeira diferenciação entre os dois estilos. Além disso, a originalidade do rococó é conferida no abandono das linhas retorcidas e pela utilização de linhas e formas mais leves e delicadas. Do ponto de vista histórico, essa transformação indicava o interesse burguês em alcançar o prazer e a graciosidade nas várias obras que eram encomendadas à classe artística da época.

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A primeira fase do rococó, compreendida entre 1690 e 1730, procura se afastar dos preceitos estéticos predominantes no reinado do rei Luís XIV para introduzir o uso de linhas soltas e curvas flexíveis. Nessa época podemos destacar os relevos e gravuras do artista Jean Beráin, os quadros de Jean-Antoine Watteau (1684 - 1721) e os projetos decorativos de Pierre Lepautre (1660 - 1744). De 1730 a 1770, o rococó amadurece com o surgimento de outros artistas que remodelam as casas da nobreza e da alta burguesia francesa. Nessa fase podemos destacar os trabalhos de Jacques de Lajoue II (1687 - 1761), Juste Aurèle Meissonnier (1695 - 1750) e Nicolas Pineau (1684 - 1754). Esse último artista se destaca pelo projeto de decoração do Hôtel Soubise, marcado por quadros, linhas, guirlandas, curvas e espelhos que tomam o olhar do observador em meio a tantos detalhes. A relação do rococó com a burguesia também pode ser vista em boa parte dos quadros que definem esse tipo de arte. Ao contrário da forte religiosidade barroca, a pintura desse estilo valoriza a representação de ambientes luxuosos, parques, jardins e temáticas de cunho mundano. As personagens populares perdem espaço para a representação dos membros da aristocracia. A jovialidade e a edificação do prazer, o tédio e a melancolia são os estados emocionais que geralmente contextualizam os quadros do rococó. A disseminação do rococó pela Europa foi responsável por variações que fugiram da tendência aristocrática que predominou neste estilo. Ao alcançar países como Portugal e Espanha, o rococó penetra a esfera religiosa. No que diz respeito à arquitetura, esse estilo não teve tanta predominância na França, mas vivenciou manifestações mais intensas na Baviera e em Portugal. No Brasil, o rococó teve sua presença no mobiliário do século XVIII e foi corriqueiramente chamado de “estilo Dom João V”.

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AULA Nº 24 NEOCLASSICISMO Movimento cultural europeu, do século XVIII e parte do século XIX, que defende a retomada da arte antiga, especialmente greco-romana, considerada modelo de equilíbrio, clareza e proporção. Este movimento, de grande expressão na escultura, pintura e arquitetura, recusa a arte imediatamente anterior - o barroco e o rococó, associada ao excesso, à desmedida e aos detalhes ornamentais. À sinuosidade dos estilos anteriores, o neoclassicismo opõe a definição e o rigor formal. Contra uma concepção de arte de atmosfera romântica, apoiada na imaginação e no virtuosismo individual, os neoclássicos defendem a supremacia da técnica e a necessidade do projeto a comandar a execução da obra, seja a tela ou o edifício. A isso se liga a defesa do ensino da arte por meio de regras comunicáveis, o que se efetiva nas academias de arte, valorizadas como locus da formação do artista. O entusiasmo pela arte antiga, a recuperação do espírito heroico e dos padrões decorativos da Grécia e Roma se beneficiam da pesquisa arqueológica (das descobertas das cidades de Herculano em 1738 e Pompeia em 1748) e da obra dos alemães radicados na Itália, o pintor Anton Raphael Mengs (1728 1779) e o historiador da arte e arqueólogo Joachim Johann Winckelmann (1717 - 1768), principal teórico do neoclassicismo. Na pintura, o epicentro do neoclassicismo desloca-se para a França. Ali, diante da Revolução Francesa, o modelo clássico adquire sentido ético e moral, associando-se a alterações na visão do mundo social, flagrantes na vida cotidiana, na simplificação dos padrões decorativos e na forma despojada dos trajes. A busca de um ideal estético da Antiguidade vem acompanhada da retomada de ideais de justiça e civismo, como mostram as telas do pintor Jacques-Louis David (1748 - 1825), que exercita seu estilo a partir de suas estadas na Itália em 1774 e 1784 e do exemplo dos pintores franceses de Nicolas Poussin (1594 - 1665) e Claude Lorrain (1600-1682). A dicção austera das composições de David - ao mesmo tempo simples e grandiloquentes - despidas de ornamentos e detalhes irrelevantes, nas quais as cores são circunscritas pelos traços firmes do contorno, tornar-se-á sua marca característica. Nos dois momentos, a França encena os modelos da Roma Republicana e da Roma Imperial, tanto na arte quanto na vida social, pela recusa do estilo aristocrático anterior.

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A Revolução Francesa, a proeminência da burguesia e o início da Revolução Industrial na Inglaterra modificam radicalmente a posição do artista na sociedade. A arte passa a responder a necessidades sociais e econômicas. A construção de edifícios públicos - escolas, hospitais, museus, mercados, cárceres etc. - e as intervenções no traçado das cidades evidenciam a exigência de racionalidade que a arquitetura e a urbanística, nova ciência da cidade, almejam. A defesa da racionalização dos espaços é anunciada por arquitetos como Étienne-Louis Boullée (1728 - 1799) e Claude-Nicolas Ledoux (1736 - 1806), que traduzem os anseios napoleônicos de transformar arquiteturas e estruturas sociais, com ênfase na função das edificações.

Tal ideário origina, paradoxalmente, projetos e construções "visionárias", como os edifícios em forma de esfera (Casa dos Guardas Campestres, 1780, de Ledoux). Após a revolução, a arquitetura neoclássica teve papel destacado na formação do estilo burguês imperial, presente, entre outros, na Rua de Rivoli e no Arc du Carrousel em Paris. Reverberações do neoclassicismo se observam em toda a Europa. Todas as nações e cidades, afirma o historiador italiano Giulio Carlo Argan, têm uma fase neoclássica, relacionada à vontade de reformas e de planejamento racional correspondentes às transformações sociais em curso. As dificuldades de aclimatação do modelo neoclássico no Brasil vêm sendo apontadas pelos estudiosos, por meio de análises das obras de Nicolas Taunay (1755 - 1830) e Debret (1768 - 1848), entre outros.

Nicolas Taunay

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Debret

Na arquitetura, a antiga Alfândega, hoje Casa França-Brasil, e o Solar Grandjean de Montigny, atualmente pertencente à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC/RJ, constituem exemplos de construção neoclássica no país.

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AULA Nº 25 O REALISMO

O Realismo surge em meio ao fracasso da Revolução Francesa e de seus ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. A sociedade se dividia entre a classe operária e a burguesia. Logo mais tarde, em 1848, os comunistas Marx e Engels publicam o Manifesto que faz apologias à classe operária. Uma realidade oposta ao que a sociedade tinha vivido até aquele momento surgia com o progresso tecnológico: o avanço da energia elétrica, as novas máquinas que facilitavam a vida, como o carro, por exemplo. Entre as correntes filosóficas, destacam-se: o Positivismo, o Determinismo, o Evolucionismo e o Marxismo.

REALISMO NO BRASIL Na segunda metade do século XIX, o Brasil passou por mudanças políticas e sociais marcantes. O tráfico de escravos foi extinto e a abolição da escravatura ocorreu em 1888. A falta da mão-de-obra escrava foi substituída pelo trabalho dos imigrantes europeus. 146


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Por causa do preconceito e da qualificação europeia para o trabalho assalariado, o negro foi marginalizado socialmente. A economia açucareira estava em decadência, enquanto o eixo econômico deslocava-se para o Rio de Janeiro, devido ao crescimento do comércio cafeeiro nessa região. A evolução na indústria trouxe tecnologia às empreitadas do governo: a primeira estrada de ferro foi construída em 1954 (ligava o Porto de Mauá à raiz da Serra da Estrela) e logo depois, a Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1889 foi proclamada a República pelo partido burguês Republicano Paulista (PRP), com a posse do primeiro presidente, o marechal Deodoro da Fonseca. Em meio às questões sociais, econômicas e políticas pelas quais o Brasil passava, a literatura reagia contra as propostas românticas com o surgimento do Realismo sob influência do positivismo. O positivismo, chegado da França, era uma corrente filosófica que tinha como fundamento analisar a realidade. Logo, as produções literárias do Realismo no Brasil, como o próprio nome já diz, estão voltadas à realidade brasileira. Podemos apontar algumas características da literatura realista em oposição à romântica: os cenários (focados em centros urbanos); a natureza não mais vista como reflexo dos sentimentos, mas dando vazão ao ambiente social; o amor visto de maneira irônica, sem exaltações, o casamento realizado para fins de ascensão social; o trabalho como parte da vida cotidiana das personagens. O Realismo no Brasil pode ser dividido entre as produções em prosa e poesia, nas quais se destacam os autores: Aluísio Azevedo, Raul Pompéia e Machado de Assis. Contudo, o pensamento filosófico que exerce mais influência no surgimento do Realismo é o Positivismo, o qual analisa a realidade através das observações e das constatações racionais. Dessa forma, a produção literária no Realismo surge com temas que norteiam os princípios do Positivismo. São características desse período: a reprodução da realidade observada; a objetividade no compromisso com a verdade (o autor é imparcial), personagens baseadas em indivíduos comuns (não há idealização da figura humana); as condições sociais e culturais das personagens são expostas; lei da causalidade (toda ação tem uma reação); linguagem de fácil entendimento; contemporaneidade (exposição do presente) e a preocupação em mostrar personagens nos aspectos reais, até mesmo de miséria (não há idealização da realidade).

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A literatura realista surge na França com a publicação de Madame Bovary de Gustave Flaubert, e no Brasil com Memórias póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis, em 1881.

AULA Nº 26 O MODERNISMO

O modernismo foi um movimento literário e artístico do início do séc. XX, cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação constante e, principalmente, a independência cultural do país. Apesar da força do movimento literário modernista, a base deste movimento se encontra nas artes plásticas, com destaque para a pintura. No Brasil, este movimento possui como marco simbólico a Semana de Arte Moderna, realizada em 1922, na cidade de São Paulo, devido ao Centenário da Independência. No entanto, devemos lembrar que o modernismo já se mostrava presente muito antes do movimento de 1922. As primeiras mudanças na cultura brasileira que tenderam para o modernismo datam de 1913 com as obras do pintor Lasar Segall; e no ano de 1917, a pintora Anita Malfatti , recém-chegada da Europa, provoca uma renovação artística com a exposição de seus quadros. A este período chamamos de PréModernismo (1902-1922), no qual se destacam literariamente, Lima Barreto, Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos; nesse período ainda podemos notar certa influência de movimentos anteriores como realismo/naturalismo, parnasianismo e simbolismo. 148


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A partir de 1922, com a Semana de Arte Moderna tem início o que chamamos de Primeira Fase do Modernismo ou Fase Heroica (1922-1930), esta fase caracteriza-se por um maior compromisso dos artistas com a renovação estética que se beneficia pelas estreitas relações com as vanguardas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo, etc.), na literatura há a criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional, transformando a forma como até então se escrevia; algumas dessas mudanças são: a Liberdade Formal (utilização do verso livre, quase abandono das formas fixas – como o soneto, a fala coloquial, ausência de pontuação, etc.), a valorização do cotidiano, a reescritura de textos do passado, e diversas outras; este período caracteriza-se também pela formação de grupos do movimento modernista: Pau-Brasil, Antropófago, Verde-Amarelo, Grupo de Porto Alegre e Grupo Modernista-Regionalista de Recife. Na década de 30, temos o início do período conhecido como Segunda Fase do Modernismo ou Fase de Consolidação (1930-1945), que é caracterizado pelo predomínio da prosa de ficção. A partir deste período, os ideais difundidos em 1922 se espalham e se normalizam, os esforços anteriores para redefinir a linguagem artística se une a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade. Temos ainda a Terceira Fase do Modernismo (1945- até 1960); alguns estudiosos consideram a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-Modernista, no entanto, as fontes utilizadas para a confecção deste artigo, tratam como Terceira Fase do Modernismo o período compreendido entre 1945 e 1960 e como Tendências Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje. Nesta terceira fase, a prosa dá sequência às três tendências observadas no período anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação formal; na poesia temos a permanência de poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e a criação de um grupo de escritores que se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma poesia mais equilibrada e séria, sendo chamados de neoparnasianos. Principais representantes do Pré-Modernismo e do Modernismo no Brasil: Pintura: Anita Malfatti, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Candido Portinari, Rego Monteiro, Alfredo Volpi; Literatura: Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Alcântara Machado, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Carlos D. de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Morais, Murilo Mendes, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, José Lins do Rego, Thiago de Mello, Ledo Ivo, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Clarice 149


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Lispector, Guimarães Rosa, Olavo Bilac, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Raul Bopp, Graça Aranha, Murilo Leite, Mário Quintana, Jorge Amado, Érico Veríssimo. ESCRITORES DO MODERNISMO E SUAS OBRAS Música: Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos e Guiomar de Novais Escultura: Victor Brecheret Teatro: Benedito Ruy Barbosa, Nelson Rodrigues Arquitetura: Lúcio Costa, Oscar Niemayer

AULA Nº 27 IMPRESSIONISMO

Surgido na França em 1874, o Impressionismo foi um movimento artístico que passou a explorar, de forma conjunta, a intensidade das cores e a sensibilidade do artista. A denominação “impressionismo” 150


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foi dada após a declaração pejorativa do crítico de arte francês Louis Leroy ao ver a tela “Impression du Soleil Levant”, de Monet, um dos principais artistas do movimento.

Impression du Soleil Levant- Monet

Os impressionistas buscavam retratar em suas obras os efeitos da luz do sol sobre a natureza, por isso, quase sempre pintavam ao ar livre. A ênfase, portanto, era dada na capacidade da luz solar em modificar todas as cores de um ambiente, assim, a retratação de uma imagem mais de uma vez, porém em horários e luminosidades diferentes, era algo normal. O impressionismo explora os contrastes e a claridade das cores, resplandecendo a ideia de felicidade e harmonia. Para os impressionistas, os objetos deveriam ser retratados como se estivessem totalmente iluminados pelo sol, valorizando as cores da natureza. Além disso, as figuras não deveriam ter contornos nítidos e o preto jamais poderia ser utilizado; até as sombras deveriam ser luminosas e coloridas. Os principais artistas impressionistas foram Monet, Manet, Renoir, Camile Pissaro, Alfred Sisley, Vincent Van Gogh, Degas, Cézanne, Caillebotte, Mary Cassatt, Boudin, Morisot, etc. No Brasil, o representante máximo do impressionismo foi Eliseu Visconti, o qual teve contato com a obra dos impressionistas e soube transformar as características do movimento conforme a cor e a atmosfera luminosa do nosso país.

QUESTÕES 01. Só não notamos a presença do Impressionismo quando o autor: a) retrata a verdade de um dado momento, justapondo idéias várias; b) dá mais ênfase às emoções sentimentos e atitudes individuais do que aos fatos em si; c) usa uma linguagem expressiva, suprimindo conjunções e liberando as frases; 151


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d) procura retratar fielmente a realidade, detendo-se em minuciosa descrição; e) inventa e interpreta uma paisagem imprecisa. 02. Assinale o que não se refere ao Impressionismo: a) é considerado um produto do Realismo-Naturalismo, no seu início, e do Simbolismo no outro extremo; b) o mais importante é o instantâneo e único, tal como aparece ao olho do observador; c) não relatar os objetos, mas sim as sensações e emoções que despertam; d) transfere o registro das reações externas para o das relações internas, isto é, das impressões despertadas no espírito pelo contato com as coisas, cenas, paisagens ou pessoas; e) reproduz a realidade de maneira impessoal, minuciosa. As questões de números 03 a 05 referem-se ao texto seguinte:

EU, O INTERNATO E O DIRETOR Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar o pulso ao homem, não só as condecorações gritavamlhe do peito como uma couraça de grilos: Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio. Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei – o autocrata excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público; o olhar fulgurante, sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes – era a educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das consciências limpas – era a educação mora. A própria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não veem os côvados de Golias?!... Retorça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios alvos, torneadas a capricho, cobrindo os lábios, fecho de prata sobre o silêncio de ouro, que tão belamente impunha como o retraimento fecundo do seu espírito teremos esboçado moralmente, materialmente, o perfil do ilustre diretor. Em suma, um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha: a obsessão da própria estátua. Como tardasse a estátua, Aristarco inteiramente satisfazia-se com a afluência dos estudantes ricos para o seu instituto. 03. Assinale a afirmativa que não serve como característica do Impressionismo:

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a) Não as coisas, mas a sensações das coisas. b) O artista procura captar o momento. Estio profundamente sensorial. c) O que interessa é a relação interna provocada na mente do artista. d) O momento vivido é expresso tal como é visto num momento dado. e) Predomínio da denotação. 04. Indique a letra onde não se vê característica de estilo impressionista e, por conseguinte, não se nota no texto: a) Valorização da cor. b) Predomínio das sensações. c) Metáforas e comparações em profusão. d) Riqueza de imagens. e) Uso de aliterações, assonâncias, coliterações. 05. Assinale no texto a passagem onde melhor se elucida o Impressionismo: a) “Não só as condecorações gritavam-lhe do peito como uma couraça de grilos: Ateneu, Ateneu!” b) “Aristarco todo era um anúncio”. c) “Os gestos calmos, soberanos, eram de um rei – autocrata excelso dos silabários.” d) “O olhar fulgurante sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês.” e) “Reforça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios avos.” As questões de números 06 a 10 referem-se ao mesmo texto: EU, O INTERNATO E O DIRETOR Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar o pulso ao homem, não só as condecorações gritavamlhe do peito como uma couraça de grilos: Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio. Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei – o autocrata excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público; o olhar fulgurante, sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, 153


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penetrando de luz as almas circunstantes – era a educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das consciências limpas – era a educação mora. A própria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não veem os côvados de Golias?!... Retorça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios alvos, torneadas a capricho, cobrindo os lábios, fecho de prata sobre o silencio de ouro, que tão belamente impunha como o retraimento fecundo do seu espírito teremos esboçado moralmente, materialmente, o perfil do ilustre diretor. Em suma, um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha: a obsessão da própria estátua. Como tardasse a estátua, Aristarco inteiramente satisfazia-se com a afluência dos estudantes ricos para o seu instituto. 06. O escritor impressionista parte da observação visual externa e projeta a sua visão interna da coisa descrita. Mostre onde isso não ocorre: a) “Aristarco era um anúncio.” b) “O olhar... era a educação da inteligência.” c) "O queixo... era a educação mora.” d) “A própria estátua... aqui está um grande homem.” e) “Reforça-se... um par de bigodes... O perfil do ilustre diretor.” 07. Uma característica do Impressionismo de Raul Pompéia está em ver as coisas apenas de um ângulo: o da caricatura, com alguma dose de ironia. Nas descrições de Aristarco, onde não vemos esta nota: a) “Autocrata excelso dos silabários.” b) “O olhar fulgurante.” c) “Aqui está um grande homem.” d) “Não veem os côvados de Golias?!” e) “Como tardasse a estátua...” 08. Onde o autor melhor descreve Aristarco, levando-se em conta a ideia que o autor quer dar ao leito da personagem? a) “Aristaco todo era um anúncio.” 154


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b) “Os gestos... Eram de um rei.” c) “A pausa hierática do andar.” d) “Não veem os côvados de Golias?!” e) “A obsessão da própria estátua.” 09. O autor, descrevendo Aristarco, elegeu o plano: a) metafórico; b) metanímico; c) anafórico; d) paralelístico; e) hiperbólico. 10. Assinale a letra onde se notam os nomes dos representantes máximos do Impressionismo brasileiro, além de Raul Pompéia: a) Tasso da Silveira, Aluísio Azevedo. b) Guimarães Rosa, Cecília Meireles. c) Graça Aranha, Adelino Magalhães. d) Mário de Andrade, João Cabral de Melo Neto. e) Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida. Gabarito: 01. D

02. E

03. E

04. E05. D

06. E

07. B

08. A09. E

10. C

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AULA Nº 28 PÓS-IMPRESSIONISMO

Pós-impressionismo designa-se por um grupo de artistas e de movimentos diversos que seguiram suas tendências para encontrar novos caminhos para a pintura. Estes acentuaram a pintura nos seus valores específicos – a cor e bidimensionalidade.Chamam-se genericamente pós-impressionistas aos artistas que não mais representavam fielmente os preceitos originais do Impressionismo, ainda que não tenham se afastado muito dele ou estejam agrupados formalmente em novos grupos. Tiveram a sua origem no impressionismo mas se insurgiram contra ele devido a sua superficialidade ilusionista da análise à realidade. Pós-impressionismo é o nome que se dá a diferentes estilos e tendências artísticas cuja origem encontra-se no Impressionismo, tanto como uma reação contrária a ele como visando um desenvolvimento maior da escola. A maiorias dos artistas considerados pós-impressionistas participaram das exibições impressionistas, mas acabaram por tomar outros rumos na realização de sua arte. A forma das pinturas, o tratamento das cores ou a linha podiam ser objetos de discordância com os impressionistas. Como o nome já menciona, o Pós-impressionismo foi a expressão utilizada para definir a pintura e, posteriormente, a escultura no final do Impressionismo, por volta de 1885, marcando também o início

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do Cubismo, já no início do século XX. A maioria de seus artistas iniciou-se como Impressionista, partindo daí para diversas tendências distintas.

PINTURA Na pintura, o mais velho dos Pós-Impressionistas foi Paul Cézanne (1839-1906), com obras fortemente estruturadas, utilizando formas geométricas bastante simples, desrespeitando a natureza e a realidade. Especializando-se em fazer “naturezas-mortas”, Cézanne buscou trazer à vista o que é permanente, estando aquém do que pode ser acidental. Entre suas obras destacam-se Fruteira, Copo e Maçãs, no qual a preocupação com o “sólido e durável” era sua temática.

Um dos pós-impressionistas mais famosos é, sem dúvida, Vincent Willem Van Gogh (1853-1890), que dentro do impressionismo não tinha liberação artística suficiente para melhor exprimir suas emoções. Durante sua juventude foi pregador religioso, tomando-se pintor por volta dos trinta anos. Sua vida com a pintura foi dividida em quatro fases: iniciando na Holanda, seus quadros possuíam os contrastes de claro-escuro; em Paris, como Impressionista, suas angústias manifestavam-se em suas obras; em Arles, ao sul da França, conseguiu libertar-se do Naturalismo, transformando o estilo em um colorido abstrato; e, após várias crises nervosas, transferiu-se para Anvers, uma cidade tranquila ao norte da França, onde em três meses conseguiu pintar cerca de oitenta quadros, destacando-se dentre eles Trigal com Corvos.

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ESCULTURA A grande maioria da escultura pós-impressionista foi influenciada por Auguste Rodin. Os escultores conseguiram criar figuras harmoniosas num total equilíbrio com o ambiente. Um dos artistas que mais se destacou neste período foi Aristide Maillol, admirador da escultura grega primitiva, usava figuras femininas nuas como um símbolo da vitória e misturava em suas peças a emoção com a sobriedade.

ARQUITETURA A arquitetura não foi uma manifestação artística muito desenvolvida no pós-impressionismo. Podemos dizer que somente após o término da Primeira Guerra Mundial a influência do expressionismo manifestou-se na arquitetura, antes de os edifícios e construções se tornarem simples e com grau de funcionalidade de acordo com o novo estilo moderno da época. Dentre as realizações, destaca-se a Torre Eintein, em Potsdam, obra de Erich Mendelsohn.

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O pós-impressionismo surgiu em oposição à máquina fotográfica, que surgiu no século XX tomando o lugar dos artistas, que, na tentativa de recuperar o espaço perdido para a máquina, começaram a desenvolver novas técnicas de pintura como o cubismo, o pontilhado entre outros.

AULA Nº 29 EXPRESSIONISMO

Acima de tudo, o Expressionismo é uma tendência permanente e universal da arte, como manifestação exterior de uma necessidade interna. Relaciona-se diretamente com o subjetivo, expresso por temas dramáticos e obsessivos. Manifesta-se no século XX em várias vanguardas, como o Fauvismo, o Expressionismo Alemão - A Ponte/Die Brücke, O Cavaleiro Azul/ Der Blaue Reiter, A Tempestade/ Der Sturm, Grupo Novembro/ 159


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November Gruppe, Nova Objetividade/ Neue Sachlichkeit; o Expressionismo Flamengo - LaethemSaint-Martin, Dada, Pintura Metafísica e Surrealismo. No pós-guerra, o Expressionismo emerge através do Expressionismo Abstrato, com o Action Painting e, recentemente, na pós-modernidade, com o neo-expressionismo. No contexto estilístico, as linhas e as cores expressam as emoções em lugar de representar o mundo exterior. A linha é emocional, deformadora, nervosa, angulosa. A cor contém alto grau expressivo, com ênfase no uso de cores contrastantes e puras. O Expressionismo é a arte do instinto. Trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, "expressando" sentimentos humanos. Utilizando cores patéticas, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento. Predominância dos valores emocionais sobre os intelectuais. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: Pesquisa no domínio psicológico Cores resplandecentes, vibrantes, fundidas ou separadas Dinamismo improvisado, abrupto, inesperado Pasta grossa, martelada, áspera Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando ou provocando explosões Preferência pelo patético, trágico e sombrio

OBSERVAÇÃO Alguns historiadores determinam para esses pintores o movimento "Pós Impressionista". Os pintores não queriam destruir os efeitos impressionistas, mas queriam levá-los mais longe. Os três primeiros pintores abaixo estão incluídos nessa designação.

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PRINCIPAIS ARTISTAS

GAUGUIN Depois de passar a infância no Peru, Gauguin voltou com os pais para a França, mais precisamente para Orléans. Em 1887 entrou para a marinha e mais tarde trabalhou na bolsa de valores. Aos 35 anos tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens e boemia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Sua obra, longe de poder ser enquadrada em algum movimento, foi tão singular como a de seus amigos Van Gogh ou Cézanne. Apesar disso, é verdade que teve seguidores e que pode ser considerado o fundador do grupo Navis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a pintura como filosofia de vida. Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo Amarelo.

As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente.No ano de 1891, o pintor parte para o Taiti, em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas. Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique.

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Jovens Taitianas com Flores de Manga.

CÉZANNE Sua tendência em converter os elementos naturais em figuras geométricas - como cilindros, cones e esferas - acentua-se cada vez mais, de tal forma que se torna impossível para ele recriar a realidade segundo "impressões" captadas pelos sentidos.

Castelo de Médan Madame Cézanne

VAN GOGH Empenhou-se profundamente em recriar a beleza dos seres humanos e da natureza através da cor, que para ele era o elemento fundamental da pintura. Foi uma pessoa solitária. Interessou-se pelo trabalho de Gauguim, principalmente pela sua decisão de simplificar as formas dos seres, reduzir os efeitos de luz e usar zonas de cores bem definidas. Em 1888, deixou Paris e foi para Arles, cidade do sul da França, onde passou a pintar ao ar livre. 162


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O sol intenso da região mediterrânea interferiu em sua pintura, e ele libertou-se completamente de qualquer naturalismo no emprego das cores, declarando-se um colorista arbitrário. Apaixonou-se então pelas cores intensas e puras, sem nenhuma matização, pois elas tinham para ele a função de representar emoções. Entretanto ele passou por várias crises nervosas e, depois de internações e tratamentos médicos, dirigiu-se, em maio de 1890, para Anvers, uma cidade tranquila ao norte da França. Nessa época, em três meses apenas, pintou cerca de oitenta telas com cores fortes e retorcidas. Em julho do mesmo ano, ele suicidou-se, deixando uma obra plástica composta por 879 pinturas, 1756 desenhos e dez gravuras. Enquanto viveu não foi reconhecido pelo público nem pelo críticos, que não souberam ver em sua obra os primeiros passos em direção à arte moderna, nem compreender o esforço para libertar a beleza dos seres por meio de uma explosão de cores.

Trigal com Corvos Café à Noite.

Kairouan - August Macke

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Ansiedade - Edvard Munch

TOULOUSE-LAUTREC Pintava temas pertencentes à vida noturna de Paris, e também foi responsável pelos cartazes das artistas que se apresentavam no Moulin Rouge. Boêmio, morreu jovem.

Ivette Guilbert que Saúda o Público.

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EDVARD MUNCH Foi um dos primeiros artistas doséculo XX que conseguiu conceder às cores um valor simbólico e subjetivo, longe das representações realistas. Seus quadros exerceram grande influência nos artistas do grupo Die Brücke, que conheciam e admiravam sua obra. Nascido em Loten, Noruega, Munch iniciou sua formação na cidade de Oslo, no ateliê do pintor Krogh. Realizou uma viagem a Paris, na qual conheceu Gauguin, Toulouse-Lautrec e Van Gogh. Em seu regresso, foi convidado a participar da exposição da Associação de Berlim. Numa segunda viagem a Paris, começou a se especializar em gravações e litografias, realizando trabalhos para a Ópera. Em pouco tempo pode se apresentar no Salão dos Independentes. A partir de 1907, morou na Alemanha, onde, além de exposições, realizou cenários. Passou seus últimos anos em Oslo, na Noruega. Uma de suas obras mais importantes é O Grito (1889). O Grito é um exemplo dos temas que sensibilizaram os artistas ligados a essa tendência. Nela a figura humana não apresenta sua linhas reais mas contorce-se sob o efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte, conduzem o olhar do observador para a boca da figura que se abre num grito perturbador.

O Grito

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Damas-Edvard Munch

KIRCHNER Foi um dos fundadores do grupo de pintura expressionista Die Brücke. Influenciado pelo cubismo e fauvismo, o pintor alemão deu formas geométricas às cores e despojou-as de sua função decorativa por meio de contrastes agressivos, com o fim de manifestar sua verdadeira visão da realidade. Tendo concluído seus estudos de arquitetura na cidade de Dresden, Kirchner continuou sua formação na cidade de Munique. Pouco tempo depois reuniu-se com os pintores Heckel e Schmidt-Rottluf em Berlim, com os quais, motivados pela leitura de Nietzsche, fundou o grupo Die Brücke (A Ponte, numa referência à frase do escritor: "...a ponte que conduz ao super-homem").

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Veio então a época em que os pintores se reuniam numa casa de veraneio em Moritzburg e se dedicavam apenas ao que mais lhes interessava: pintar. Dessa época são os quadros mais ousados de paisagens e nus, bem como cenas circenses e de variedades. Em 1914 Kirchner foi convocado para a guerra, e um ano depois tentou o suicídio. Quando suas mãos se recuperaram do ferimento, voltou a pintar ao ar livre, em sua casa ao pé dos Alpes. Quando finalmente sua contribuição para a arte alemã foi reconhecida, foi nomeado membro da academia de Berlim, em 1931, para seis anos mais tarde, durante o nazismo, ver sua obra ser destruída e desprestigiada pelos órgãos de censura. Kirchner tentou mostrar em toda a sua produção pictórica uma realidade de pesadelo e decadência. Sensivelmente influenciado pelos desastres da guerra, seus quadros se transformaram num amontoado neurótico de cores contrastantes e agressivas, produto de uma profunda tristeza.No final de 1938 o pintor pôs fim à própria vida. Suas obras mais importantes estão dispersas pelos museus de arte moderna mais importantes da Alemanha.

Sick Woman- Kirchner

PAUL KLEE Considerado um dos artistas mais originais do movimento expressionista. Convencido de que a realidade artística era totalmente diferente da observada na natureza, este pintor dedicou-se durante toda a sua carreira a buscar o ponto de encontro entre realidade e espírito. A exemplo de Kandinski, Klee estudou com o mestre Von Stuck em Munique. Depois de uma viagem pela Itália, entrou em contato com os pintores da Nova Associação de Artistas e finalmente uniu-se ao grupo de artistas do Der Blaue Reiter. 167


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Em 1912 viajou para Paris, onde se encontrou com Delaunay, que seria de vital importância para suas obras posteriores. Klee escreveu: "A cor, como a forma, pode expressar ritmo e movimento". Mas a grande descoberta ocorreria dois anos depois, em sua primeira viagem a Túnis. As formas cúbicas da arquitetura e os graciosos arabescos na terracota deixaram sua marca na obra do pintor. Iniciou uma fase de grande produtividade, com quadros de caráter quase surrealista, criados, segundo o pintor, em cima de "matéria e sonhos". Entre eles merecem ser mencionados Anatomia de Afrodite, Demônios, Flores Noturnas e Villa R. Depois de lutar durante dois anos na Primeira Guerra, Klee juntou-se em 1924 ao grupo Die vier Blauen, mas antes apresentou suas obras em Paris, na primeira exposição dos surrealistas. Paralelamente, começou a trabalhar como professor em Dusseldorf e mais tarde na escola da Bauhaus em Weimar. Em 1933, Klee emigrou para a Suíça. Sua última exposição em vida aconteceu em Basiléia, em 1940. Além de sua obra pictórica, Klee deixou vários trabalhos escritos que resumem seu pensamento artístico.

Pequeno Porto - Paul Klee

AMADEO MODIGLIANI Iniciou sua formação como pintor no ateliê de Micheli, em Livorno, sua cidade natal. Em 1902 entrou na Academia de Florença e um ano mais tarde na de Veneza. Três anos depois mudou-se para Paris, onde teve aulas na academia de Colarossi. Nessa cidade travou conhecimento com os pintores Utrillo, Picasso e Braque.

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Em 1908 participou do Salão dos Independentes e lá conheceu Juan Gris e Brancusi. Produziu então suas primeiras esculturas motivado pelas peças de arte africana chegadas à França das colônias. Esse aspecto de máscara foi uma das constantes nos seus retratos e nus sensuais. Modigliani teve em comum com os cubistas e expressionistas o distanciamento das academias, a revalorização da cor e o estudo das formas puras. Sua visão tão subjetiva dos seres humanos e a emotividade de suas cores o aproximam mais do reduzido grupo de expressionistas franceses, composto por Rouault e Soutine. Apesar disso, pode-se muito bem dizer que sua obra, elegante, recatada e ao mesmo tempo misteriosa, pertence, juntamente com a dos mestres Cézanne e Van Gogh, para citar alguns, à dos gênios solitários.

Young Girl Seated- Modigliani

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AULA Nº 30 SURREALISMO

O movimento surrealista nasceu no início do século XX, em Paris, fruto das teses de Sigmund Freud, criador da Psicanálise, e do contexto político indefinido que marcou este período, especialmente a década de 20. O Surrealismo questionava as crenças culturais então vigentes na Europa, bem como a postura humana, vulnerável frente a uma realidade cada vez mais difícil de compreender e dominar.

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Pintura de Vladimir Kush

Esta escola artística e literária se insinua no interior dos movimentos de vanguarda modernistas, englobando antigos adeptos do Dadaísmo – linhagem cultural nascida em Zurique, em 1916, que primava pela irracionalidade, pela censura a toda atitude moderada e era marcada por uma descrença total e um negativismo radical. A teoria freudiana tem um grande peso na constituição do ideário surrealista, que valoriza acima de tudo o desempenho da esfera do inconsciente no processo da criação. O surrealismo procura expressar a ausência de racionalidade humana e as manifestações do subconsciente. Além dos dadaístas, ele se inspira também na arte metafísica de Giorgio de Chirico. Os surrealistas deslizam pelas águas mágicas da irrealidade, desprezando a realidade concreta e mergulhando na esfera da absoluta liberdade de expressão, movida pela energia que emana da psique. Eles almejam alcançar justamente o espaço no qual o homem se libera de toda a repressão exercida pela Razão escapando, assim, do controle constante do Ego. Os adeptos do Surrealismo se valem dos mesmos instrumentos que a Psicanálise, o método da livre associação e a investigação profunda dos impulsos oníricos, embora se esforcem para adaptar este manancial de recursos aos seus próprios fins. Desta forma eles objetivavam retratar o espaço descoberto por Freud no interior da mente humana, o inconsciente, através da abstração ou de imagens simbólicas. 171


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O marco oficial da instituição deste movimento é o lançamento do Manifesto do Surrealismo, em outubro de 1924, por André Breton, que também o subscreveu. Este documento tinha o propósito de criar uma nova expressão artística acessível através do resgate das emoções e do impulso humano.

A persistência da Memória (Salvador Dali - 1931)

Isto só seria viável a partir do momento em que cada ser conquistasse o conhecimento de si mesmo, para então atingir o momento crítico no qual o interior e o exterior se revelam completamente coerentes diante da percepção humana. Ao mesmo tempo em que o Surrealismo pregava, como os dadaístas, a demolição do corpo social, ele propunha a gestação de uma nova sociedade, sustentada sobre outros alicerces. O Surrealismo – expressão que foi apresentada inicialmente pelo poeta cubista Guillaume Apolinaire, em 1917 – contava em suas fileiras com nomes famosos como os de Max Ernst, René Magritte e Salvador Dalí, nas artes plásticas; André Breton, no campo da literatura; e Buñuel, no cinema. Eles lançam, em 1929, o Segundo Manifesto Surrealista, publicando ao mesmo tempo o periódico O Surrealismo a Serviço da Revolução. Na década de 30 esta escola se expande e inspira vários outros movimentos, tanto no continente europeu quanto no americano. No Brasil ela se torna uma das várias vertentes absorvidas pelo Modernismo.

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3º ANO Aqui nós iremos falar um pouco sobre alguns movimentos artísticos, mas como o tempo é pouco para tantas aulas, vamos nos ater mesmo é no Enem. Afinal, é através do Enem que nossos alunos irão ter condição de ingressar em uma boa faculdade Federal. Vamos rever alguns movimentos em razão de terrem caído mais de uma vez nas questões das provas. Vamos tentar falar a linguagem que o Enem exige.

AULA Nº 01 CONHEÇA AS CINCO COMPETÊNCIAS AVALIADAS NO ENEM O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) consiste em quatro provas e uma redação. E em todo o exame, além das disciplinas em si, existe uma série de habilidades que são avaliadas. Ou seja, independentemente da matéria que está sendo cobrada (Matemática, Português ou História, por exemplo), o Enem avalia cinco competências principais em todas as suas provas. É EXTREMAMENTE IMPORTANTE QUE SE CONHEÇAM ESSAS COMPETÊNCIAS! As cinco competências principais, comuns a todas as disciplinas avaliadas no Enem, são chamadas de Eixos Cognitivos e são publicadas todos os anos no Edital do Enem. São elas: COMPETÊNCIA 1: Dominar linguagens (DL) Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola ou inglesa. COMPETÊNCIA 2: Compreender fenômenos (CF) Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas. COMPETÊNCIA 3: Enfrentar situações-problema (SP) Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações problema. COMPETÊNCIA 4: Construir argumentação (CA) 173


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Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente. COMPETÊNCIA 5: Elaborar propostas (EP) Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural. Essas cinco competências são avaliadas nas quatro áreas de conhecimento do Enem (Ciências Humanas e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e Matemática, Códigos e suas Tecnologias) e também na Redação.

NA ARTE Esta é a competência de número quatro: Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade. Arte é vida; é alma. É o algo a mais que o ser humano sempre necessitou para se completar. O homem precisa da arte para expressar seus desejos, seus anseios. A maneira de isso acontecer precisa ser de forma subjetiva. É necessário que nos relacionemos com a Arte, para aprendermos conosco mesmos a conhecer nosso interior. Temos que entender que a arte é um saber cultural coletivo que gera significado e que integra a organização do mundo e da própria identidade. Habilidade 12 - Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho, da produção dos artistas em seus meios culturais. O artista expressa o seu tempo, através do que ele vê. Habilidade 13 – Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos. Habilidade 14 – Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações da vários grupos sociais.

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AULA Nº 02 ENTENDENDO A ARTE Vamos começar a pensar exatamente da forma como o Enem quer que façamos:

PENSANDO SOBRE O TEMA Você já viu alguma imagem e ficou na dúvida se ela era ou não uma obra de arte? Quais foram as imagens? Como você faria para distinguir a imagem de um cartaz de filme de cinema ou de uma tela pintada como sendo arte? Você sabe o que é arte e para quê ela serve?

DEFINIÇÃO DE ARTE O termo arte vem do latim “ars” que significa “arranjo”, “habilidade”. O mundo da arte é concreto e vivo,podendo ser produzido, apreciado e compreendido. Através da experiência artística o ser humano desenvolve sua imaginação e criação aprendendo a conviver com seus semelhantes, respeitando as diferenças e sabendo modificar sua realidade. A arte é uma das primeiras manifestações da humanidade como forma de o ser humano marcar sua presença criando objetos e formas (pintura nas cavernas, templos religiosos, roupas, quadros, filmes etc) que representam sua vivência no mundo, comunicando e expressando suas idéias, sentimentos e sensações para os outros. Desta maneira, quando o ser humano faz arte, ele cria um objeto artístico que não precisa nos mostrar exatamente como as coisas são no mundo natural ou vivido e sim, como as coisas podem ser, de acordo com a sua visão. A função da arte e o seu valor, portanto, não estão no retrato fiel da realidade, mas sim, na representação simbólica do mundo humano. Dentre os possíveis e variados conceitos que a arte pode ter podemos sintetizá-los do seguinte modo: A arte é uma experiência humana de conhecimento estético que transmite e expressa idéias e emoções na forma de um objeto artístico (desenho, pintura, escultura, arquitetura, teatro, música, dança etc) e que possui em si o seu próprio valor.

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Portanto, para apreciarmos a arte é necessário aprender sobre ela. Aprender a observar, a analisar, a refletir, a criticar e a emitir opiniões fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e modos diferentes de fazer arte.

ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA EXISTIR A ARTE Para existir a arte são necessários três elementos: O ARTISTA O OBSERVADOR A OBRA DE ARTE O primeiro elemento é o artista, aquele que cria a obra, partindo do seu conhecimento concreto, abstrato e individual transmitindo e expressando suas idéias, sentimentos, emoções em um objeto artístico (pintura, escultura, desenho etc) que simbolize esses conceitos. Para criar a obra o artista necessita conhecer e experimentar os materiais com que trabalha, quais as técnicas que melhor se encaixam à sua proposta de arte e como expor seu conhecimento de maneira formal no objeto artístico. O outro elemento é o observador, que faz parte do público que tem o contato com a obra, partindo num caminho inverso ao do artista – observa a obra para chegar ao conhecimento de mundo que ela contém. Para isso, o observador precisa de sensibilidade, disponibilidade para entendêla e algum conhecimento de História e História da Arte, assim poderá entender o contexto em que a obra foi produzida e fazer relação com o seu próprio contexto. Por fim, a obra de arte ou o objeto artístico, faz parte de todo o processo, indo da criação do artista até o entendimento e apreciação do observador. A obra de arte guarda um fim em si mesma, sem precisar de um complemento ou “tradução” desde que isso não faça parte da proposta do artista.

*Minha Sugestão é que se façam grupos de debate a respeito dos tópicos estudados. O Enem quer saber como o jovem pode contribuir para a melhoria da sociedade e, na Arte, isto é muito mais cobrado, uma vez que esta é capaz de transformar o ser humano. Seus alunos precisam ir criando ideias que dizem respeito ao social, porque isso ajudá-los-á até mesmo na Redação. 176


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AULA Nº 03 FUNÇÕES DA ARTE Cada sociedade vê a arte de um modo diferente, segundo a sua função. Nas sociedades indígenas e africanas originais a arte não era separada do convívio do dia-a-dia, mas presente nas vestimentas, nas pinturas, nos artefatos, na relação com o natural e o sobrenatural, onde cada membro da comunidade podia exercer uma função artística. Somente no séc. XX a arte foi reconhecida e valorizada por si, como objeto que possibilita uma experiência de conhecimento estético. Ao longo da história da arte podemos distinguir três funções principais para a arte: a PRAGMÁTICA ou UTILITÁRIA; a NATURALISTA; a FORMALISTA.

FUNÇÃO PRAGMÁTICA OU UTILITÁRIA A arte serve como meio para se alcançar um fim não-artístico, não sendo valorizada por si mesma, mas pela sua finalidade. Segundo este ponto de vista a arte pode estar a serviço para finalidades pedagógicas, religiosas, políticas ou sociais. Não interessa aqui se a obra tem ou não qualidade estética, mas se a obra cumpre seu papel social de atingir a finalidade a que ela se prestou.

FUNÇÃO NATURALISTA O que interessa é a representação da realidade ou da imaginação o mais natural possível para que o conteúdo possa ser identificado e compreendido pelo observador. A obra de arte naturalista mostra uma realidade que está fora dela, retratando objetos, pessoas ou lugares. 177


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Para a função naturalista o que importa é a correta representação (perfeição da técnica) para que possamos reconhecer a imagem retratada; a qualidade de representar o assunto por inteiro; e o poder de transmitir de maneira convincente o assunto para o observador.

FUNÇÃO FORMALISTA Atribui maior qualidade na forma de apresentação da obra preocupando-se com seus significados e motivos estéticos. A função formalista trabalha com os princípios que determinam a organização da imagem – os elementos e a composição da imagem. Com o formalismo nas obras, o estudo e entendimento da arte passaram a ter um caráter menos ligado às duas funções anteriores importando-se mais em transmitir e expressar idéias e emoções através de objetos artísticos. Foi só a partir do séc. XX que a função formalista predominou nas produções artísticas através da arte moderna, com novas propostas de criação. O conceito de arte que temos hoje em dia é derivado desta função. As obras de arte, especialmente as visuais, possuem duas tendências diferentes na forma de apresentação de uma obra: a figurativa e a abstrata. ARTE FIGURATIVA OUFIGURATIVISMO - Retrata e expressa a figura de um lugar, objeto, pessoa ou situação de forma que possa ser identificado, reconhecido. Abrange desde a figuração realista, parecida com o real até a estilizada (não tão próximo do real; apenas sugere). O figurativismo segue regras e padrões de representação da imagem retratada.

ARTE ABSTRATA OU ABSTRACIONISMO -É um termo genérico utilizado para classificar toda forma de arte que se utiliza somente de formas, cores ou texturas, sem retratar nenhuma figura, rompendo com a figuração, com a representação naturalista da realidade. Podemos classificar o abstracionismo em duas tendências básicas: a geométrica e a informal.

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QUESTÕES 1. A partir do que foi estudado, qual foi o seu entendimento sobre a ARTE? (resposta pessoal) 2. Quais são os elementos necessários para existir a arte? 3. Quais são as funções da arte? Explique cada uma delas. 4. O que é Arte Figurativa? 5. O que é Arte Abstrata? * Pode explorar bastante este material. É tema recorrente de vestibulares e do Enem.

AULA Nº 04 ELEMENTOS BÁSICOS DA LINGUAGEM VISUAL Linguagem visual é todo tipo de comunicação que se dá através de imagens e símbolos. Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, são a matéria-prima de toda informação visual. Entretanto, esses elementos, isolados, não representam nada, não têm significados preestabelecidos, nada definem antes de entrarem num contexto formal. De acordo com o estudo de vários autores, podem-se identificar como principais elementos visuais: o ponto, a linha, a forma, o plano, a textura, e a cor.

A LINHA É A EXPRESSIVIDADE: a) Introdução: A expressividade e o ritmo da linha são uma questão de associação de idéias. Por se tratar de um meio de expressão plástica, nem sempre sugerirão as mesmas coisas para quem as observa. As linhas traçadas sobre o papel constituem uma linguagem plástica de expressão e esta expressividade pode ser determinada pela relação com as coisas reais que conhecemos. Por exemplo: dizemos que a linha curva expressa movimentos curtos por que ela nos faz recordar objetos ou coisas que, ao se moverem, nos dão essa sensação, como as ondas do mar, uma serpente se rastejando pelo chão, uma bola, etc.

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Vamos ver alguns exemplos:

- A Linha reta na posição horizontal, tem significado de plano, estático. Ela nos dá sensação de amplitude, de espaço, convida-nos ao descanso, proporciona quietude e paz.

-

A linha reta na posição vertical, tem significado de movimento, de altura, lembra-nos uma árvore,

um homem em pé.

-

A linha reta na posição inclinada, é uma linha em fuga. Ela se desloca na posição de seu ângulo.

Expressa vitalidade, movimento, instabilidade.

- A linha curva, exprime alegria, animação. O sorriso se expressa sempre por uma linha curva com as

extremidades para cima.

- As linhas onduladas, nos dão idéia de movimento, ritmo, graça.

- As linhas quebradas, ou poligonais nos dão a idéia de força, agressividade, tensão. 180


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- As linhas mistas são representadas por um conjunto de retas e curvas. Transmitem dinamismo e confusão, movimento.

Há diversos trabalhos bem interessantes que se pode fazer utilizando-se os diversos tipos de linhas. Sugira trabalhos abstratos usando uma ou mais linhas, com muita cor:

AULA Nº 05 TEORIAS DA ARTE As teorias da arte têm por objetivo explicar a natureza da obra de arte em geral. Alguns críticos consideram essa tarefa inevitavelmente fadada ao fracasso. Segundo eles, a arte é um fenômeno demasiado diversificado para que possa ser encontrada uma essência comum a todas as suas manifestações, o que equivale a dizer que não podemos encontrar condições necessárias e suficientes para a sua identificação, ou seja, condições que uma vez presentes nos garantam que estamos diante de obras de arte.

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No que se segue quero expor e discutir brevemente algumas teorias mais influentes acerca da natureza da arte em algumas de suas variantes, em busca do que possa parecer mais esclarecedor. 1. REPRESENTACIONALISMO O representacionalismo é a mais antiga concepção sobre a natureza da arte, sugerindo que a sua função é a de representar alguma coisa. Platão e Aristóteles concebiam a arte como imitação ou mímese, ou seja, uma representação naturalista da realidade. Assim, a pintura imita a natureza, o drama imita a ação humana. Essa concepção já era problemática na antiguidade. A música instrumental, por exemplo, não parece imitar coisa alguma. E a pintura moderna tornou essa concepção ainda menos plausível. Um quadro que intenta copiar a realidade é chamado pejorativamente de Trompe D'oeil e geralmente visto como alguma coisa sem valor estético. Esse juízo não pode ser generalizado. A série dos auto-retratos de Rembrandt, nos quais ele honesta e corajosamente retrata a sua própria decadência, são obras de arte. Mas grande parte da pintura, da literatura, quase toda a música, não são certamente cópias literais de coisa alguma. 2. FORMALISMO Segundo as teorias formalistas, o que caracteriza a obra de arte é a sua forma e não o seu caráter representativo. Um paradigma do formalismo é a teoria proposta por Clive Bell em 1914 com o objetivo de defender o neo-impressionismo de pintores como Paul Cézanne. Para Bell o que caracteriza as artes plásticas e talvez a música é a presença da forma significante. O conceito de forma significante é simples, não podendo ser definido. Mas na pintura ele resulta da combinação de formas, linhas e cores. Considere, por exemplo, a Composição em Vermelho, Amarelo e Azul de Mondrian. O que faz a singularidade dessa pintura é a inesperada harmonia entre as cores puras, as formas e dimensões de seus retângulos, o que deve constituir uma forma significante. Característico da forma significante é que ela produz uma emoção estética em pessoas com sensibilidade para a arte. 3. TEORIA INSTITUCIONAL A teoria institucional da arte surgiu na década de sessenta, tendo sido sustentada por George Dickie. Essa teoria enfatiza a importância da comunidade de conhecedores de arte na 182


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definição e ampliação dos limites daquilo que pode ser chamado de arte. Dickie define a obra de arte como um artefato que possui um conjunto de aspectos que lhe conferem o status de candidato à apreciação das pessoas da instituição do mundo da arte. A importância disso pode ser ilustrada pela obra de Alfred Wallis. Wallis era um marinheiro que nada entendia de arte e que aos 70 anos, após a morte da esposa, decidiu pintar barcos na madeira para afugentar a solidão. Casualmente, dois pintores de passagem pelo lugar gostaram de suas telas e o descobriram como artista. Como resultado as obras de Wallis podem ser hoje vistas em vários museus ingleses. Como disse um crítico, Wallis tornou-se um artista sem sequer saber que era. 4. COLLINGWOOD E A TEORIA DA ARTE COMO EXPRESSÃO Segundo as teorias expressivistas, a arte é expressão de emoções. As teorias expressivistas da arte são mais novas, embora sinais dela já pudessem ser encontrados na antiguidade, como na teoria aristotélica da função catártica da obra de arte como purgação das emoções. Para os expressivistas a arte é para o mundo interior das emoções como a ciência para o mundo exterior. A ciência tem como objeto eventos físicos enquanto a arte tem como objeto as emoções humanas que ela exprime. Uma versão ingênua da teoria expressivista é tipicamente atribuída a Leon Tolstoy. Primeiro o artista precisa ter um sentimento: Tolstoy foi à guerra e voltou cheio de sentimentos. Ele produz então uma obra de arte destinada a expressá-los, digamos, Guerra e Paz. Por sua vez, a obra evoca no leitor os mesmos sentimentos que o artista teve ao passar pela guerra. O esquema é simples: emoções no artista, obra de arte nas mesmas emoções no auditório. A obra de arte é apenas um veículo de transmissão de emoções. Essa versão do expressivismo é ingênua porque não é capaz de distinguir a obra de arte de qualquer coisa que transmita um sentimento. Uma notícia de jornal sobre a guerra pode ter profundo efeito emocional, mas isso não a torna uma obra de arte. Se uma pessoa está se afogando em um rio e grita por socorro, ela expressa um sentimento de desespero pela asfixia, enquanto a pessoa que o ouve entende muito bem o que ela está sentindo. Mas isso não faz de seus gritos obras de arte!

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AULA Nº 06 ÁREAS DE CONHECIMENTO DA ARTE É importante lembrar que na disciplina de Arte temos quatro áreas de conhecimento: as artes visuais, a dança, a música e o teatro. O aluno precisa saber identificar os movimentos artísticos, as características da composição da obra, o período histórico em que ela aconteceu, como e por quê aconteceu cada movimento. Na dança, é necessário que ele identifique os gêneros da dança, como por exemplo, a dança folclórica, que tem caído em provas do Enem. Na música, o aluno precisa entender os elementos formadores do som, como o timbre, intensidade, altura, densidade, duração, como se organizam esses sons, que é a melodia, o ritmo, harmonia, gêneros musicais, como o samba, o rock, o jazz. Quais são os instrumentos usados para esses gêneros, bem como período e contexto histórico em que determinada música está inserida. No teatro, saber identificar os gêneros teatrais, entre tragédia e comédia. Organização do texto cênico, entender como é composto o teatro, os elementos que o compõem: personagens, figurino, iluminação. As técnicas teatrias, como por exemplo, o teatro do oprimido, o teatro de sombras, etc. VAMOS ESTUDAR UM POUCO SOBRE A DANÇA. Trataremos do conteúdo de dança, iniciando pela dança clássica, passando pela dança moderna, até chegarmos à dança contemporânea. A dança é a mais antiga das artes. Toda as civilizações possuíram algum tipo de dança. Mas antigamente, a dança era uma forma de comunicação entre os povos e seus deuses. Dançar e viver se mesclavam; um dependia do outro. Com o passar do tempo, a dança passa a significar poder, indo para as cortes com o propósito de entretenimento. Foi no reinado do rei Luis XIV que a dança teve o seu apogeu.Foi nesta época que surgiram os primeiros dançarinos profissionais, os primeiros mestres de dança, bem como o primeiro sistema de ensino de dança, os primeiros códigos de movimento. Aos poucos, os bailarinos foram passando da corte e dos salões para os palcos.

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BALÉ CLÁSSICO

O balé clássico foi criado para significar e enaltecer a leveza do corpo humano, para negar a lei da gravidade e fazer com que os bailarinos parecessem voar. Em 1905 foi lançada a “A Morte do Cisne”, em que a bailarina representa as últimas horas de um cisne. Esta obra foi tirada do poema. Os movimentos são sempre leves, os braços da bailarina sempre longilíneos e se movimentando e esta o tempo todo em sapatilha de ponta, uma tecnologia criada à epoca para dar a sensação de se estar fora do chão. Isadora Duncan foi uma bailarina que não se sentiu à vontade com a rigidez dos padrões estéticos da dança clássica. Sentia que aquele tipo de dança não representava sua vida. Ela queria dançar o que vinha de dentro de sua alma. Tirou as sapatilhas dos pés e começou a dançar com mais liberdade. O império da dança clássica seguiu durante anos com normas e códigos préestabelecidos, posições e regras para o uso do corpo, vestimentas, enredos, trilha sonora e cenários, representando a estética social. Porém, com o passar dos anos essas regras e normas já não mais satisfaziam e novos conceitos começam a surguir, questionando o corpo e trazendo a DANÇA MODERNA.

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Os corpos já buscavam outras posições e representações bem diferentes do balé clássico. Um dos primeiros números de dança moderna foi “A Mesa Verde”. O coreógrafo Kurt Joss lança um vídeo em que os bailarinos, em uma mesa verde usam máscaras, movimentos com adereço totalmente desconhecidos do balé clássico. Era uma espécie de dança-teatro. Houve uma grande ruptura dos padrões clássicos. Os pés, já sem sapatilhas; o corpo aceitava a lei da gravidade em quedas torções. O tronco era constantemente descentralizado, as posições buscavam desafiar a verticalidade do balé, mas tudo seguia uma técnica organizada.

AULA Nº 07 DANÇA CONTEMPORÂNEA

A dança contemporânea não segue nenhum padrão estético específico. É uma mistura de técnicas de dança, de estéticas apropriadas, de várias linguagens, onde tudo pode acontecer. A dança contemporânea é a manifestação da nossa sociedade atual, onde o conceito de belo não está mais inatingível como quando foi criado o conceito do virtuosismo acadêmico, e sim, nos olhos de quem vê. O que é belo depende da experiência estética de cada um. E nesse contexto, a dança é inundada por tudo e por nada. Não precisa ser extremamente técnica para ser bela. Não precisa negar nem afirmar nada. Pode ser leve, ser torto. Um corpo é belo e é capaz de comunicar e dançar toda a potencialidade aproveitada e toda a sua individualidade. O bailarino, agora, passa de intérprete para intérprete criador. O coreógrafo é um diretor de cena. Ele agora soma com os bailarinos tudo o que vai acontecer e dirige as cenas. A despreocupação, a

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improvisação, as técnicas de composição coreográficas são usadas para criar a perfomance da dança contemporânea. Há uma mistura de vários significados e várias possibilidades. A dança acompanha a tradição da sociedade onde vivemos. A arte reflete o potencial cultural das pessoas que ali convivem.

DANÇA FOLCLÓRICA

O tema das danças folclóricas também é recorrente nas questões do Enem. Veja algumas: 1- O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho conhecê-la, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007.

As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, é obra de um povo que a cria, recria e a perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira: A. O Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social, morte e ressurreição. B. A Quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as colheitas e a fogueira. C. O Congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através de música, cantos e dança. 187


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D. o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma de espetáculo. E. O Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história nos desfiles. Resolução Letra D: A dança é considerada uma manifestação folclórica quando retrata a cultura de uma determinada região. Dentre as opções, o Balé não é uma dança folclórica brasileira, pois é uma dança que pode contar qualquer história em forma de espetáculo. 2- Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des cheveliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo. CASCUDO. L.C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramentos. 1976.

As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por:

A- Possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região. B- Abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação. C- Apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo também, considerada dança-espetáculo. D- Necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem. 188


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E- Acontecer em salões e festas e ser influenciada por diversos gêneros musicais. Resolução: A quadrilha pode ser considerada uma dança folclórica porque ela carrega tradições e costumes de determinados povos ou regiões. Segundo o texto, a dança quadrilha teve origem nos salões franceses, sendo posteriormente difundida por toda a Europa e chegando também ao Brasil. Aqui, porém, perdeu-se o caráter aristocrático e a quadrilha ganhou popularidade, sofrendo adaptações regionais. 1.(ENEM/2009) Os melhores críticos da cultura brasileira trataram-na sempre no plural, isto é, enfatizando a coexistência no Brasil de diversas culturas. Arthur Ramos distingue as culturas não europeias (indígenas, negras) das europeias (portuguesa, italiana, alemã, etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de Brasis sulinos, a cada um deles correspondendo uma cultura específica. MORAIS, F. O Brasil na visão do artista: o país e sua cultura. São Paulo: Sudameris, 2003.

Considerando a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários Brasis, a opção em que a obra mostrada representa a arte brasileira de origem negro-africana é:

2.(ENEM/2010) O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significados. Dançar a cultura de outras regiões é conhecê-la, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007.

As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, é obra de um povo que a cria, recria e 189


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a perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira: a) o Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social, morte e ressurreição. b) a Quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as colheitas e a fogueira. c) o Congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através de música, cantos e dança. d) o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma de espetáculo. e) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história nos desfiles. 3.(ENEM/2009) O artesanato traz as marcas de cada cultura e, desse modo, atesta a ligação do homem com o meio social em que vive. Os artefatos são produzidos manualmente e costumam revelar uma integração entre homem e meio ambiente, identificável no tipo de matéria-prima utilizada. Pela matéria-prima (o barro) utilizada e pelos tipos humanos representados, em qual região do Brasil o artefato acima foi produzido?

a) Sul. b) Norte. c) Sudeste. d) Nordeste. e) Centro-Oeste.

4.(ENEM/2007) Não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. Há muito mais, contido 190


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nas tradições, no folclore, nos saberes, nas línguas, nas festas e em diversos outros aspectos e manifestações transmitidos oral ou gestualmente, recriados coletivamente e modificados ao longo do tempo. A essa porção intangível da herança cultural dos povos dá-se o nome de patrimônio cultural imaterial. Internet: <www.unesco.org.br>.

Qual das figuras abaixo retrata patrimônio imaterial da cultura de um povo?

5.(ENEM/2008) - A linguagem utilizada pelos chineses há milhares de anos é repleta de símbolos, os ideogramas, que revelam parte da história desse povo. Os ideogramas primitivos são quase um desenho dos objetos representados. Naturalmente, esses desenhos alteraram-se com o tempo, como ilustra a seguinte evolução do ideograma, que significa cavalo e em que estão representados cabeça, cascos e cauda do animal.

Considerando o processo mencionado acima, escolha a sequência que poderia representar a evolução do ideograma chinês para a palavra luta.

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6 (ENEM/2008) Os signos visuais, como meios de comunicação, são classificados em categorias de acordo com seus significados. A categoria denominada indício corresponde aos signos visuais que têm origem em formas ou situações naturais ou casuais, as quais, devido à ocorrência em circunstâncias idênticas, muitas vezes repetidas, indicam algo e adquirem significado. Por exemplo, nuvens negras indicam tempestade. Com base nesse conceito, escolha a opção que representa um signo da categoria dos indícios.

Gabarito: 1A - 2D - 3D - 4C - 5B - 6B

AULA Nº 08

ARTE CONTEMPORÂNEA É a arte do nosso tempo. Marcada pela quebra de padrões, pela liberdade total de criar, representar e propor situações e também pela pesquisa e uso das novas tecnologias (vídeo, holografia, som, computador, etc.). A arte contemporânea se aproxima da vida. Nela, tudo pode ser incorporado. O expectador é provocado e convidado às mais variadas reflexões sobre a arte e sobre a vida. 192


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A arte se integra à própria vida. Beleza, feiúra, ironia, política, percepções, sensações, sucata, lixo, e até o próprio corpo, tudo pode ser material artístico. Ainda na década de 60 surge a Arte Conceitual, cuja arte passa a questionar a própria função da arte. O suporte da arte passa a ser a idéia, o conceito. Em oposição à arte conceitual, na Arte Formal (principalmente a abstração geométrica) os artistas aprofundam as pesquisas dos elementos visuais iniciadas pelos pintores modernos. A arte é plural e permite uma multiplicidade nunca antes vista neste campo. As instalações imperam nas exposições contemporâneas. A arte não precisa mais ser eterna, nem é feita para perdurar. O efêmero, o momento e a passagem do tempo marcam boa parte das obras contemporâneas. A pesquisa e o uso de materiais variados e inusitados estão presentes nas obras. Na Arte Contemporânea há exploração de todos os sentidos, não só da visão, mas também o tato, paladar e audição, exigindo do público, muitas vezes, uma participação ativa para que a obra se realize. Mudaram os tempos, mudou a arte e sua função. Não esqueçamos que a arte é histórica, e cada vez mais política e provocativa; porém, sempre original e criativa. Vejamos alguns conceitos que se transformam na arte da contemporaneidade, no que diz respeito: 1- AO PÚBLICO Na arte contemporânea, o espectador deixa de ser um contemplador passivo do estético para se tornar um agente participante, um leitor ativo de mensagens. Muitas vezes a obra só se realiza na sua presença e com a sua participação. Sensibilizar o espectador é, então, menos importante do que fazê-lo refletir. 2- AO ARTISTA Este, além de ser um criador, passa a ser um propositor de ideias e/ou experiências, um manipulador de signos. 3- À ORIGINALIDADE E À AUTORIA A apropriação de objetos do cotidiano questiona o conceito de originalidade. A terceirização de etapas de construção da obra questiona o conceito de autoria. 4- ÀS RELAÇÕES ENTRE AS OBRAS E O TEMPO

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Obras efêmeras são criadas, fazendo-nos pensar sobre o conceito de obra-prima, que “dura para sempre”. Obras que se consomem no tempo, como as performances, permanecem apenas nos registros (fotografias, vídeos, etc.) e estes tomam o seu lugar como agentes nos espaços expositivos. A obra pode deixar de ser um objeto autônomo, resultado de um trabalho terminado, para se tornar um processo em desenvolvimento, inacabado por sua própria natureza (work in progress).

AULA Nº 09 Arte Conceitual

A Arte Conceitual é aquela que considera a ideia, o conceito, como obra. O importante não é o resultado do processo artístico, mas o processo em si, a ideia que a obra encerra. Surgiu como vanguarda artística no final da década de 1960 na Europa e nos Estados Unidos. Esta é a época do movimento hippie, dos protestos contra a guerra do Vietnan e das grandes contestações sociais, como o feminismo, o homossexualismo e as questões ambientais. A arte buscava chocar, protestar, instigando o espectador a refletir sobre o papel da arte na sociedade e da arte como mercadoria. A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento, como objeto. As idéias de Marcel Duchamp foram de uma enorme importância paraos artistas conceituais. Ao questionar a arte através de seus ready-mades, Duchamp tornou-se o grande precursor da Arte Conceitual.

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Já que as ideias são o mais importante para a arte conceitual, não há exigência de que a obra artística seja construída pelas mãos do artista. Ele pode, muitas vezes, delegar o trabalho físico para outra pessoa que tenha habilidade técnica. O que importaé a invenção da obra, o conceito, que é elaborado antes de sua materialização. A arte conceitual utiliza diversas linguagens como a fotografia, o vídeo e a própria linguagem verbal oral ou escrita, sendo muitas obras conceituais constituídas somente do texto linguístico.

Joseph Kosuth (*Ohio 1945)

Um importante artista da arte conceitual é Joseph Kosuth. Em sua instalação “Uma e três Cadeiras” ele expõe uma cadeira comum de madeira. Na parede do lado esquerdo da cadeira, ele cola uma fotografia dela em tamanho natural e do lado direito, o verbete do dicionário explicando o que é uma cadeira (substantivo feminino, assento com costas para uma pessoa, pode ser de palha, madeira, metal, plástico...).

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O que Kosuth quer dizer com essa instalação é que o conceito é superior ao objeto em si ou sua representação imagética (a fotografia), já que o significado de uma cadeira abrange toda e qualquer cadeira no planeta e a cadeira “real” é apenas um exemplo individual do seu conceito. A fotografia representa apenas uma cadeira ou cadeiras de uma só espécie e simboliza a pintura na História da Arte. Desta forma Kosuth critica a representação da realidade na arte e coloca a questão do conceito em primeiro plano. Segundo ele, “Ser um artista hoje significa questionar a natureza da arte”. E esta é, em última instância, a principal ideia da arte conceitual.

NOVAS LINGUAGENS Na arte da contemporaneidade, novas linguagens artísticas são desenvolvidas (instalação, vídeo arte, vídeo-instalação, assemblage, performance, body-art, arte digital, etc.), de acordo com a incorporação das novas tecnologias e de novas formas de pensar. Vejamos mais detalhadamente algumas dessas novas linguagens:

INSTALAÇÃO

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É a partir da década de 60 que o termo “instalação”, que até então significava a montagem (a instalação) de uma exposição, passa a nomear essa operação artística em que o espaço, o entorno, torna-se parte constituinte da obra. A instalação como linguagem artística se popularizou na década de 70, designando ambientes construídos e ocupados por objetos diversos, podendo estimular outros sentidos além da visão, como olfato, tato e audição. A instalação nos traz algumas questões, como: Quando se trata de instalações no tempo/espaço definido de um museu ou espaço público aberto, podemos nos perguntar sobre o que resta de uma obra quando for desmontada? Ou ainda: é legítimo remontar uma instalação em lugar diverso do proposto inicialmente e que transformações isto traria para a obra? * Como atividade, que tal sugerir que eles façam uma obra contemporânea na própria sala de aula, usando da “instalação”. Seria bem interessante sugerir algum tema, como Química, por exemplo. Seria uma exposição com duração de uma ou duas semanas. Na hora do recreio, os outros alunos podem ir visitá-la. Pode ser feita também no pátio da escola. Veja esta possibilidade.

AULA Nº 10 PERFORMANCE

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Assim como a instalação, a performance é um termo que muda de sentido ao se tornar uma linguagem artística das artes visuais. Os saraus futuristas e os eventos dadaístas e surrealistas são os precursores do que viria a ser nomeado na década de 70 como performance,incluindo os “hapennings”, as “ações” e a “body art”. Performance é, então, uma forma de arte que pode combinar elementos do teatro, da música, da dança e das artes visuais. Situa-se no limite entre o teatro e as artes plásticas, onde o artista funciona como uma escultura viva, “interpretando” sua mensagem. Tipo de obra efêmera, a performance muitas vezes se perde no tempo pela inexistência de registros, mas como obra do instante ou do desenrolar de um processo pode, de certo modo, perdurar no tempo pela documentação fotográfica, por vídeos e filmes que perenizam o gesto fugaz. Assim, para o espectador, a performance é sempre uma visualização da consciência do tempo e, mesmo que haja registros, as percepções táteis, corporais e manipulatórias são limitadas pelas imagens fotográficas ou videográficas. Essa associação com a fotografia e outras mídias eletrônicas traz mais uma questão na contemporaneidade:

Cildo Meirelles- Exposição Arte/Cidade, 1997, SP

“Os trilhos avançam através de uma área desativada e erma, cortando a cidade como uma chaga. Abandonados, deixados à margem da circulação, estes lugares são palco de uma ocupação provisória, de pessoas de passagem, em busca de esconderijo. 198


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Tornaram-se focos de tráfico e assaltos. Inscrições alertando forasteiros ou relatando cenas de agressão só acrescentam mais uma camada de violência às paredes. Ao cobrir as paredes do que restou de uma sala da Matarazzo com 7.000 seringas, Cildo Meirelles não está apenas aludindo às transações que se fazem por ali, mas amplificando o sofrimento que se afligiu aos lugares e às pessoas. As seringas, espetadas uma após a outra em paredes e pisos, formam um tapete que recobre tudo. A beleza resultante do líquido vermelho, destacado da parede, sangue e sublimação estética, é convulsiva”. Se vamos a um museu e vemos as fotos de uma performance realizada há alguns anos por umartista, que limites há entre obra e registro nesta situação, se este ocupa o lugar da obra e é a única forma de termos acesso à sua percepção? Essa “presença ausente” é o que caracteriza especialmente as performances, que dependem dos registros para se perpetuarem no tempo, contradizendo assim, sua própria estrutura fugaz. Mas a contradição não é um problema para a arte contemporânea, ela é, ao contrário, bem vinda, pois é parte da vida. A arte contemporânea suporta a coexistência de idéias e conceitos díspares; é parte de sua proposta a convivência com conceitos contraditórios, não havendo a necessidade de se optar por um ou outro para a legitimação de cada um. Dois artistas que marcaram presença nas décadas de 60 e 70 no Brasil com propostas artísticas experimentais foram Lygia Clark e Hélio Oiticica.

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VIDEOARTE

Linguagem artística que faz uso das imagens eletrônicas, rompendo com os padrões estéticos estabelecidos pelas narrativas da televisão e do cinema. No Brasil, o início da videoarte data do princípio da década de 70, em plena ditadura, quando a ficção estava em alta na TV e a videoarte surge como uma linguagem de contracultura, desmascarando uma realidade sufocante. Como exemplo podemos citar o ato do artista Paulo Herkenhoff de engolir páginas de jornal cujo texto fora adulterado pela censura vigente. Esta ação simbólica foi captada pela câmera em tempo real, sem cortes, em filmagem direta, onde as falhas são significativamente incorporadas à narrativa.

ARTE ELETRÔNICA

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O acesso dos artistas ao computador lhes deu a oportunidade de explorar as possibilidades dessa tecnologia como um meio de expressão, criando uma nova linguagem artística. Com o início da internet na década de 90 surge o primeiro site que apresenta uma linguagem visual artística na web; ele se apropria dos códigos de Html e imagens, propõe a interação com o internauta, onde um link leva a uma outra composição imagética, num movimento automático, guiado ao acaso. A internet oferece ao artista o acesso a um público mais amplo e menos especializado. A utilização diária do computador pela pessoa comum trouxe reflexões filosóficas sobre essa nova forma de estar no mundo. O conceito de Telepresença é um exemplo disso. Segundo Ronaldo Lemos: “Duas pessoas, uma em Nova York e outra em Tóquio se falavam pelo Skype. Quando terminaram a conversa nenhum deles desligou. O assunto acabou, mas eles resolveram não desligar. Então, um ouvia o outro abrindo um armário, espirrando do outro lado, teclando... A grande característica da internet é a nova relação temporal e espacial que se estabelece. A rede nos traz uma nova concepção de presença não corpórea, que nos dá a possibilidade, ou melhor, o poder de controlar o espaço, o tempo e o corpo. A telepresença reflete uma sociedade em rede e o caráter global das novas relações. Alguns trabalhos artísticos em meios como a internet exploram essa experiência presencial a distância.” Seguindo este pensamento, a arte dos novos meios seria uma resposta dos artistas à revolução das tecnologias da informação e a digitalização dos modelos culturais. A internet disponibiliza uma hiper abundância de imagens, sons e textos, que aliados à dupla função Ctrl C - Ctrl V, abre possibilidades de novas apropriações e combinações. É importante, porém, percebermos que as novas tecnologias são recursos que podem ser utilizados para o desenvolvimento de linguagens artísticas. Mas a tecnologia não é arte por si só. Para uma tecnologia se tornar arte é preciso que esteja inserida no processo de desenvolvimento da linguagem de um artista. Alguns sinônimos para esta nova tendência são: arte digital, arte eletrônica, arte multimídia, arte interativa, que se multiplicam em muitas possibilidades: software art, gam e art, Web art, internet art, site-specific.

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AULA Nº 11 OBJETOS ENCONTRADOS (OBJET TROUVÉ)

São objetos cotidianos colados em telas ou utilizados em assemblages ou instalações. A técnica foi inicialmente utilizada pelos cubistas, por volta de 1911, que incorporavam papéis impressos, palhas de encosto de cadeira, etc., em suas colagens. O artista brasileiro Artur Bispo do Rosário (*Sergipe 1909 ou 1911, +Rio de Janeiro 1989) colava “objetos encontrados”numa superfície plana. Seu trabalho tem forte conteúdo autobiográfico. Por conta de sua doença mental ele foi interno da Colônia Juliano Moreira no Rio de Janeiro por mais de 50 anos, onde colecionou objetos utilizados no dia a dia do hospital psiquiátrico, utilizando-os em suas obras, como por exemplo, xícaras de alumínio já desgastadas pelo uso, coladas sobre uma placa de madeira. Numa outra assemblage, Biso colou vários chinelos usados sobre a madeira. Bispotambém bordou mantos, que desenhava e escrevia com os fios que desfiava de seu próprio uniforme! Contava histórias de viagens (ele havia sido marinheiro), desenhava os navios, paisagens e pessoas. Bispo deixou vasta obra que pode hoje ser vista em seu antigo quarto/atelier na própria Colônia Juliano Moreira e em museus no Brasil e no exterior.

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ARTE AMBIENTAL (LAND ART)

A Arte Ambiental é exposta ao ar livre, aproveitando o ambiente externo, das ruas e a natureza. O artista Walter de Maria realiza a obra “O Campo de Luz” em 1977. O artista colocou 100 para-raios no deserto de Quemados no Novo México, EUA. A obra acontece nos dias de tempestade. Os espectadores têm que assinar um termo de responsabilidade, isentando o artista de culpa, caso sejam eletrocutados. Além das instalações, das performances, da vídeoarte e da arte eletrônica, outras linguagens e outros termos surgem para definir novas poéticas, como internet art, holografia, xerografia, vídeoinstalação, work in progress, site-specific, etc. * Este termos são muito interessantes. Peça a seus alunos que pesquise, em grupo cada um deles e que apresentem para a turma. Eu sempre opto por trabalhos em power point, quando possível. Legal também, já que estamostrabalhando com tecnologia, que eles gravem uma espécie de documentário para explicar cada um dos termos. Fica um trabalho excelente, que voc ês podem utilizar no final de ano, nas comemorações da escola. Os nomes vêm para designar as coisas e os fenômenos, logo, se estes se transformam e se ampliam, os nomes se transformam e se ampliam também. O importante é percebermos que as diversas técnicas ou as novas tecnologias são procedimentos que envolvem a utilização de materiais e recursos, sendo, portanto, meios que podem ser utilizados para o desenvolvimento de linguagens artísticas, mas não o são por si só. Para uma tecnologia se tornar uma linguagem artística é preciso que esteja inserida em um processo que envolve o desenvolvimento de uma linguagem. E este processo é de responsabilidade do artista. Os artistas estão sempre atentos aos novos meios 203


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e tecnologias que podem ser utilizados para que eles desenvolvam novas linguagens artísticas, são eles que fazem um simples objeto ou um material qualquer se transformar em uma obra de arte.

AULA Nº 12 ASSEMBLAGE

O termo assemblage é incorporado às artes em 1953, cunhado pelo pintor e gravador francês Jean Dubuffet (1901-1985) para fazer referência a trabalhos que, segundo ele, "vão além das colagens". O princípio que orienta a feitura de assemblages é a "estética da acumulação": todo e qualquer tipo de material pode ser incorporado à obra de arte. O trabalho artístico visa romper definitivamente as fronteiras entre arte e vida cotidiana; ruptura já ensaiada pelo dadaísmo, sobretudo pelo ready-made de Marcel Duchamp (1887-1968) e pelas obras Merz (1919), de Kurt Schwitters (1887-1948). A ideia forte que ancora as assemblages diz respeito à concepção de que os objetos díspares reunidos na obra, ainda que produzam um novo conjunto, não perdem o sentido original. Menos que síntese, trata-se de justaposição de elementos, em que é possível identificar cada peça no interior do conjunto mais amplo. A referência de Dubuffet às colagens não é casual. Nas artes visuais, a prática de articulação de materiais diversos numa só obra leva a esse procedimento técnico específico, que se incorpora à arte do século XX com o cubismo de Pablo Picasso (1881-1973) e Georges Braque (18821963). Ao abrigar no espaço do quadro elementos retirados da realidade - pedaços de jornal, 204


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papéis de todo tipo, tecidos, madeiras, objetos etc. -, a colagem liberta o artista de certas limitações da superfície. A pintura passa a ser concebida como construção sobre um suporte, o que pode dificultar o estabelecimento de fronteiras rígidas entre pintura e escultura. Em 1961, a exposição The art of Assemblage, realizada no Museum of Modern Art de Nova York, reúne não apenas obras de Dubuffet, mas também as combine paintings de Robert Rauschenberg (1925-2008) e a junk sculpture, e isso leva a pensar que a assemblage como procedimento passe a ser utilizada nas décadas de 1950 e 1960, na Europa e nos Estados Unidos, por artistas muito diferentes entre si. Na obra de Dubuffet, a ênfase recai sobre a matéria, desde as Texturologias, produzidas em fins da década de 1950, que se caracterizam, como o título indica, pelas texturas experimentadas com cores e materiais diversos. Na sequência, o artista caminha na direção das assemblages pela incorporação de materiais não artísticos nas telas: areia, gesso, asas de borboleta, resíduo industrial etc. Na Itália, Alberto Burri (1915-1995), autor de pinturas e colagens, volta-se na década de 1950 para pesquisas semelhantes, explorando as potencialidades expressivas da matéria com resultados distintos. Os trabalhos são fruto do ato de soldar, costurar e colar sacos, madeiras, papéis queimados, paus, latas e plásticos (Saco, 1953, Combustões, 1957, e Ferros, 1958). Suas pesquisas com lixo e sucata prefiguram a arte junk norte-americana e a arte povera italiana. Na Espanha, a "pintura matérica" realizada por Antoni Tápies (1923-2012), no mesmo período, utiliza cimento, argila, pó de mármore, materiais de refugo (restos de papel, barbante e tecidos), partes de móveis velhos etc. Sua crença nas possibilidades abertas pelo uso artístico de materiais cotidianos encontra-se explicitada no ensaio Nada É Louco (1970). Nos Estados Unidos, Rauschenberg denomina combine paintings as assemblages que começa a ensaiar em 1951 pela aplicação de diversos materiais sobre a tela, sobretudo papéis e materiais planos. A partir de 1953, o leque de elementos utilizado se amplia (Bed, 1955, e Canyon, 1959). A abertura da pesquisa com materiais remete às influências do músico John Cage, com quem aprende a assimilar informações díspares do entorno, das cidades e da vida cotidiana. As combine paintings de Rauschenberg propõem múltiplas associações e leituras na medida em que não há temas predeterminados ou sentidos últimos que organizem os conjuntos. Nessa medida, estão muito distantes dos experimentos surrealistas, que usam a justaposição de materiais pela livre associação como chave de acesso ao inconsciente. 205


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As chamadas junk sculptures - que vêm à luz por meio dos trabalhos pioneiros de David Smith (1906-1965) - fazem uso de refugo industrial, sucatas e materiais descartados de todo tipo, o que já havia sido testado pelas esculturas de Pablo Picasso e Julio González (1876-1942). Os conjuntos evocam o ambiente caótico das cidades, o fluxo desordenado das ruas dos grandes centros, por exemplo, H.A.W.K (1959), de John Chamberlain (1927), construído com carcaças de automóveis, ou os trabalhos de Ettore Colla (1899-1968), que realiza suas obras com componentes de máquinas, sucatas e objetos quebrados, ou ainda as obras de Mark di Suvero (1933), com resíduos industriais (Mohican, 1967). Podem-se lembrar também as "acumulações junk" de Jim Dine (1935), combinando pinturas e ferramentas variadas (Five Feet of Colorful Tools, 1962) e as máquinas de Jean Tinguely (1925-1991), entre elas, Homenagem a Nova York: Obra de Arte que Se Autoconstrói e Se Autodestrói (1960), feita com fragmentos de máquinas, pedaços de bicicleta, piano vertical etc. Na Inglaterra, as esculturas de Anthony Caro (1924), da década de 1960, executadas com vigas, tubulações de alumínio, placas de aço etc., seguem as trilhas abertas pela obra de D. Smith. Assemblages foram também realizadas no interior do chamado Novo Realismo da década de 1960, que tem como princípio a utilização de imagens triviais do imaginário da sociedade de massas e objetos de uso cotidiano (cartazes publicitários, imagens cinematográficas, fotos de revistas, plásticos, luzes néon etc.), trabalhados com base na ideia de bricolagem. Destacamse os nomes de Arman (1928), conhecido por suas assemblages de objetos descartados (Arteriosclerose, 1961, e Acumulação de Bules Partidos, 1964) e Domenico Rotella (1918), que trabalha com cartazes publicitários rasgados (O Asfalto na Noite, 1962). No Brasil, é possível localizar procedimentos próximos ao da assemblage em alguns trabalhos de Wesley Duke Lee (1931-2010), Nelson Leirner (1932) e Rubens Gerchman (1942-2008) como O Rei do Mau Gosto (1966) - com tecido, vidro, asas de borboleta e tinta acrílica - Rochelle Costi (1961) Toalha, Vegetais Mofados e Toalha, Flores Mortas (ambos de 1997) - e Leda Catunda (1961), Jardim das Vacas (1988) e Camisetas (1989).

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* Acho que vale a pena incentivar seus alunos a fazerem um trabalho de assemblage. É muito intressante este tipo de arte. Eles podem juntar o que quiserem e colar em uma tábua, ou quem sabe ateé uma tela mesmo. Se os materiais utilizados não forem muito pesados, até um papelão mais groso serve. Vale tudo neste trabalho! E claro, vale uma exposição, ainda que seja nos corredores da escola.

AULA Nº 13 COMPARANDO A ARTE MODERNA COM A ARTE CONTEMPORÂNEA Agora vamos olhar comparativamente para os movimentos modernos e contemporâneos na arte: - Se a obra moderna faz de seu objeto principal a materialidade da cor e da forma, a obra contemporânea faz de si mesma, um objeto, a arte-objeto. -

Se a Arte Moderna propõe uma revolução no universo das sensações e da forma, a Arte

Contemporânea a propõe no campo das ideias, abrangendo esferas não artísticas como a política, o corpo, a sexualidade, a filosofia, a ética e demais interfaces estabelecidas pela produção cultural de nossos dias. - Enquanto a Arte Moderna ressalta a autonomia da obra de arte, separando-a da vida real, a Contemporânea contextualiza a obra, aproximando-a da vida e do seu contexto social. - Com a Arte Contemporânea o espectador está definitivamente banido do seu lugar demero contemplador da arte; ele é intimado a participar, a pensar, a penetrar no universo de criação. - A Arte Contemporânea extrapola os limites anteriores, criando novas e infinitas linguagens e meios expressivos para a arte.

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- Enquanto a arte moderna nega a arte do passado, a arte contemporânea não acredita que o passado seja algo de que é preciso se libertar, ou que tudo tenha que ser completamente diferente. Ao contrário, pretende que o passado esteja disponível para qualquer uso que os artistas queiram lhe dar. Podemos concluir, a partir do que vimos acima, que são bastante complexas as transformações propostas tanto pela modernidade como pela contemporaneidade na arte. Mas é importante que percebamos que os movimentos nascem uns dos outros, desenvolvem-se uns a partir dos outros e de seus contextos. E, é importante destacar, se revisitam continuamente. Como diz o historiador da arte Giulio Argan, “em arte há mudança, sem progresso”. O pensamento de Argan questiona o conceito de evolução linear associada à idéia de progresso. Ressalta o movimento de ir e vir dos movimentos artísticos, o aspecto cíclico e consequentemente interligado entre os diversos momentos da história da arte e seus movimentos estéticos e filosóficos. Por isso, você vai ver em algumas obras contemporâneas, citações ou reminiscências de obras modernas e acadêmicas, assim como vai ver também, em obras modernas, antecipações de aspectos encontrados na Arte Contemporânea. Mas é fundamental lembrarmos que, assim como a arte moderna não pode ser analisada sob o ponto de vista da arte acadêmica, a arte contemporânea não pode ser pensada, estudada e compreendida da mesma maneira que a arte moderna. Não podemos analisar um tipo de arte a partir de parâmetros de outro tipo de arte. Cada movimento artístico deve ser analisado de acordo com o seu contexto e a partir dele. Concluindo, lembremo-nos sempre que uma obra de arte não é um ponto final, que condensa concepções e preceitos; ela implica em um processo iniciador, o ponto de partida para se repensar e refletir a arte e a vida.

AULA Nº 14 ARTE CLÁSSICA Os gregos iniciaram essa história de beleza clássica, porque eles tinham uma visão sobre a idealização da perfeição, da beleza que transcendesse ao natural, ao mundo. Para eles, a arte era um meio de encontrar essa beleza ideal. Em suas obras, era isso o que eles transmitiam: a beleza ideal, perfeita. No chamado “Século de Péricles”, deu-se o apogeu da arte clássica, em Atenas. O Discóbolo de Myron é a escultura que marca esta fase.

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Veem-se os músculos, as feições de forma muito nítidas, deixando clara a importância do homem naquele período. Para os gregos, àquela época, o homem era o centro de tudo. Mesmo quando deuses são representados nas artes, eles surgem com feições, com corpos humanos. Após o período clássico, a cultura grega mistura-se com outras culturas, de outros países, em razão das invasões, dos conflitos que havia na época. Dá-se o que se chamou de período Helenístico. A ideia de beleza sobre-humana desaparece e os gregos passam a representar o homem como um ser real, com todas as imperfeições a que tinha direito. No Império Romano, tempos mais tarde, precisamente no século de Augusto, a cultura clássica volta e aí, aparecem as figuras dos grandes imperadores romanos, como seres perfeitos, onipotentes. Os imperadores mandavam esculpir seus bustos e os espalhavam por toda a Roma para mostrar seu poder, semelhante ao poder dos deuses. Porém, logo após o Século de Augusto, as pessoas voltam-se a um período mais prático, buscando novamente a realidade dentro da arte. Durante a Idade Média, temos uma avalanche de representações cristãs. A arte passa a enfatizar o divino, o sobrenatural, e neste momento, o clássico desaparece; o foco agora é a representação do divino. Esses valores humanistas voltam na época do Renascimento, que tem seu apogeu em 1500, quando encontramos os grandes exemplos dessa arte clássica, chamada renascentista, que exalta novamente o homem como o centro de tudo. Michelangelo esculpe aquela que seria o marco da escultura renascentista: David.

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Michelangelo esculpiu David com conhecimento de causa, isto é, ele era anatomista; dissecava corpos para conhecer seu funcionamento. Assim, nesta escultura, os detalhes são impressionantemente perfeitos - matematicamente projetados. Porém, David não é real; é a busca do ideal de perfeição; algo que se sobrepõe ao real. Com quase cinco metros de altura sobre o pedestal, a cabeça de David acaba sendo maior que o resto do corpo, a fim de que ela, pela distância de quem vê a escultura por baixo, não fique muito pequena. Michelangelo calculou o tamanho que a cabeça deveria ter para que fosse vista em tamanho natural. O termo Renascimento diz respeito ao renascer de uma cultura, de uma filosofia, de uma civilização toda. A filosofia greco-romana volta a ser discutida nas esculturas, nas pinturas. A igreja começa a desaparecer, dando lugar a temas relacionados à Grécia e a Roma Antiga, a mitologia, a filosofia e à ciência. A pintura na Capela Sistina, feita por Michelangelo, mostra essa mistura do sagrado com a anatomia humana, com a ciência. A fé e a razão se misturam nessa época e esta é a grande potência do Renascimento.

A perspectiva tem um avanço visual muito grande. Como exemplo, os trabalhos de Leonardo da Vinci. A Monalisa é uma pintura onde se vê luz e sombra, novamente o contraste, além de uma naturalidade 210


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na expressão do rosto, uma naturalidade que ultrapassa a noção do que é real, do que é humano. Ao trabalhar este quadro, da Vinci usou uma regra matemática chamada Divina proporção, em que identificou todos os pontos para enquadrar com total perfeição o rosto da Monalisa, a fim de obter uma construção harmônica matematicamente com as outras partes do corpo. Ao fundo, vê-se uma paisagem em perspectiva, também uma relação matemática. O uso da técnica do esfumato perfeito torna a Monalisa o quadro mais famoso do mundo, além do fato de ela representar uma mulher comum, não uma santa ou uma deusa.

Há quem diga que da Vinci prometeu o céu para o mundo das artes, mas quem realmente o entregou foi Rafael Sanzio. Seu estilo é totalmente diferente do estilo de da Vinci. Rafael é a simbologia máxima do que é a arte clássica. Ele pegou todos os ideais da Grécia Antiga e usou em sua arte, que transcende a tudo o que é de mais belo. Muitas escolas mais tarde iriam copiá-lo. Rafael acabou se tornando o mote para as academias de arte em que se ensinava a arte clássica. Quem quer aprender sobre esse estilo de arte, deve buscar nas obras de Rafael Sanzio a inspiração, pois em suas obras estão contidos todos os elementos de uma arte clássica, como as linhas de contorno que envolvem as figuras por ele desenhadas, como se a protegendo de se misturar com outro elemento do quadro. Todos os corpos são trabalhados matematicamente, dentro de proporções vistas como o ideal. Cada figura de Rafael em suas obras tem um local definido e claro. Seus elementos nunca se misturam, inclusive o fundo, que é pintado como uma figura alegórica, que está ali apenas para ilustrar o quadro, sem tirar o foco principal. Outra característica é que os quadros de Rafael são fechados em si, quer dizer, o que precisou ser apresentado, foi. Não há uma ideia de um espaço imaginário, algo que “vasa”, que sobra. O quadro se completa. A iluminação também é um traço bem característico de Sanzio. É uma luz divina, que ilumina a todos os elementos do quadro. Há, nas obras de Rafael uma predominância do Classicismo dentro do Renascimento. 211


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Madona Sistina, de Rafael Sanzio

AULA Nº 15 A ARTE ANTI-CLÁSSICA A Arte Clássica foi combatida pela chamada Anti-clássica, ou Arte Barroca. O Barroco foi o movimento que surgiu depois da Arte Clássica, combatendo os ideais clássicos, mostrando outra maneira de se ver a beleza, outra forma de ver o mundo, que apesar de ser uma maneira idealizada, é uma idealização voltada, não mais para a razão, mas para a emoção. Rubens, um artista barroco é um exemplo de como as questões anti-clássicas são colocadas nesse período.

Sagrada família com cesto- Rubens

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As figuras agora não têm mais as linhas de contorno; elas se misturam com o fundo e umas com as outras. O desenho já não é mais tão valorizado. Neste momento, as cores, as tintas são o foco. Não mais uma multiplicidade dos elementos, onde cada um tem seu local. Os corpos estão colados uns aos outros. O fundo já não é mais algo tão deslocado da pintura. Há uma interação entre figura e fundo. Além disso, não há uma pose parada. São elementos que se movimentam, pessoas espontaneamente colocadas na pintura, como se estivesse em um momento casual. O foco de luz do Barroco ilumina apenas algumas partes de figuras ou de objetos, enquanto a maior parte do quadro fica na penumbra. No universo da arte, sempre iremos encontrar o combate entre o que é clássico e o que é anti-clássico. O Barroco dá origem a outro movimento, cujo caráter se apresenta mais leviano e mais decorativo, que recebeu o nome de Rococó, que se desenvolveu principalmente na França, entre o final do século XVIII até 1830. Este movimento será combatido por outro, novamente encabeçado pelos ideais clássicos, o Neo-classicismo. Este movimento associou os ideais clássicos da Grécia e Roma antiga aos conceitos Filosofia do Iluminismo, mantendo uma relação forte com a Revolução Francesa. Os ideais são reorganizados, dando uma ênfase muito grande aos feitos heroicos e também ao ensino da arte. Neste período há um aumento, uma difusão muito grande de escolas de arte, que vão ensinar a arte clássica – as academias de belas artes – copiando as obras de Rafael Sanzio, principal fonte de inspiração. A beleza expressada agora é a beleza nobre, de batalhas; uma exaltação aos grandes guerreiros, reis, generais, imperadores, conquistadores.

Napoleão - Jacques- Louis Davids

Quando a corte portuguesa vem para o Brasil, em 1808, traz consigo a arte Neo-clássica. D. João abriu diversas escolas de artes e cultura com o intuito de civilizar o povo brasileiro; então, em 1816 aconteceu a Missão Artística Francesa, que trouxe alguns artistas franceses neo-clássicos para o Rio de Janeiro, para que ensinassem pintura, escultura e arquitetura na Escola Imperial de Ciências, Artes e

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Ofícios, que somente dez anos mais tarde seria fundada, desta vez com o nome de Academia Imperial de Belas Artes. Entre esses artistas, Jean- Baptiste Debret se destacava. Era o mais famoso, o que dominava mais a essência do academicismo. Debret encantou-se com as belezas do Brasil e saiu pelo país retratando nossas paisagens, costumes, tanto das cidades como das selvas, matas. Ao voltar para a Europa, lanço um livro com todas as imagens que havia feito, chamado A Viagem Pitoresca pelo Brasil.

Entrudo- Debret

Os valores, os ideais de representação perfeita do ser humano, da natureza, inspirados na Grécia Antiga vêm desde o século V a.C. e chegam até o final de 1800 aqui no Brasil. Logo depois, vem a Arte Moderna, que vai combater esses ideais.

AULA Nº 16 A ARTE MODERNA Apesar de esse movimento ter o nome de moderno, ele “já era”, quer dizer, acabou há tempos. Às vezes nós não nos damos conta disso e acabamos por chamar a arte que surge em nossos dias de Moderna. Estamos no período contemporâneo da arte; que isto fique bem claro para os alunos. A Arte Moderna permaneceu até meados de 1960, mas a partir daí, as temáticas, as obras, os trabalhos artísticos e culturais começaram a mudar drasticamente, dando um fim ao Modernismo. Assim, as obras atuais não são modernas, apesar da palavra. O Modernismo não tem uma data de nascimento; não tem um começo. Ele foi se instalando aos poucos, até atingir o ponto de ser considerado um movimento artístico.

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Um dos primeiros artistas desse movimento é Manet (não Monet). Manet foi um dos primeiros a se dar conta de que o quadro não precisa ter a obrigatoriedade de transmitir uma perspectiva perfeita, uma volumetria bem acabada. Ele começa a desafiar o belo da arte clássica, irreal, utópico. Manet começa a trabalhar temas que eram considerados tabus, como os submundos das cidades, o cotidiano das pessoas comuns e até mesmo temas que chocavam a opinião pública.

Olympia- Manet

Nesta obra, por exemplo, ele retrata uma prostituta em pose de deusa, de Vênus. Ela que já havia sido retratada no Renascimento, com toda a perfeição, agora representa uma prostituta nua, desafiando o observador, como se dissesse: Eu sou moderna, sou prostitua e você tem que aceitar isto. O Modernismo é assim: arte como objeto de novas ideias, não somente de admiração, como antes, mas de transformação das próprias ideias, dos conceitos arraigados. Manet será um incentivo, a coragem para outros artistas a desafiarem os conceitos clássicos. A arte começa a enterrar tudo o que era clássico, antigo e passa a buscar coisas novas. A fotografia traz um advento muito mais ocasional, mais espontâneo. A relação da máquina fotográfica com a luz solar artificial acaba por espantar diversos artistas, que se auto-denominarão impressionistas. E agora, sim, surge a figura de Monet.

Impressão Nascer do Sol- Monet

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Monet é o criador do movimento Impressionista. As luzes, o reflexo da luz, a aplicação das cores primárias diretamente no quadro, que será todo marcado por pinceladas. Um quadro impressionista, visto de perto, parece um amontoado de borrões de tinta; a imagem só se forma quando o espectador se afasta da obra. O Impressionismo afasta totalmente a arte do sentido clássico definitivamente. Agora a valorização é a do instante, da luz, da cor encontrada na luminosidade. Monet vai inspirar diversos outros artistas, como Renoir, Degas, que trabalhará a luz artificial, locais fechados como teatros, representando bailarinas, óperas, num mundo moderno, cultural, vibrante. O Modernismo estará ligado à modernização das cidades, das pessoas. É uma visão atual dos fatos, do que acontece no momento na sociedade. Dentro do Impressionismo, houve vários artistas que, apesar de se interessarem, de terem aprendido, experimentado a técnica impressionista, não se deram por satisfeitos; queriam mais. Não bastava para eles uma arte que representasse a cidade através da luz solar. Um exemplo desses artistas é Van Gogh.

Noite Estrelada- Van Gogh

Van Gogh queria muito mais da arte. Para ele, a arte, muito mais do que representar luz e sombra, deveria representar sentimentos, emoções, através das pinceladas, da cor, da gama de cores utilizadas no Impressionismo. Para Van Gogh, a obra de arte é um meio expressivo, onde ele pode colocar todos os demônios interiores, através das suas pinceladas. Ele busca emocionar o observador, não com o tema, mas com a forma com que ele trabalha aquele tema. Outro artista é Paul Cézanne, que trabalha com as imagens geometrizadas, simplificadas pela forma geométrica. Além dele, surge também Paul Gauguin, que pretende transmitir sensações de quente, frio, vibrante, movimentado, através das cores, dos matizes que ele aplica no quadro. Este grupo de artistas será chamado de pós-impressionistas. Eles abrem caminho, deixam ideias inovadoras para serem seguidas pelo que seria chamado de vanguarda europeia. As vanguardas europeias vão representar o apogeu, a explosão da Arte Moderna. 216


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A partir daí, o mundo passa por uma série de avanços científicos, tecnológicos, industriais e também culturais, como por exemplo, a invenção do cinema, a consolidação da fotografia como obra de arte. Surgem grandes personalidades da ciência, trazendo ao mundo revelações que mudariam tudo o que se sabia a respeito de quem somos, de onde viemos. Einstein traz-nos a Teoria da Relatividade, Freud vem dizendo que não nos conhecemos, falando sobre o nosso inconsciente, desenvolvendo diversas teorias e teses sobre o ser humano. Neste momento, o ser humano passa a olhar a vida de outra forma. Surge o automóvel, o avião, que começam a diminuir as distâncias entre os povos. Rádio, telefone, velocidade, informações, e novas ideias surgem como avalanche e o homem acompanha a velocidade e passa a ser mais rápido também. Esse período artístico dá-se em 1905. O homem começa, então, a debater sobre o que vem a ser a Arte e qual a sua função no mundo. A arte passa a ser vista como um meio de comunicação capaz de transmitir ideias, conceitos, filosofias e visões de mundo. O Fovismo foi o primeiro movimento a seguir essa linha. Matisse foi um dos idealizadores.

Dança- Matisse

Os fovistas veem a arte como um meio de expressão através das cores. Eles querem mostrar que as cores são capazes de transmitir os sentimentos, as emoções. Eles absorvem as ideias de Gauguin e as trabalham dentro da pintura, sempre utilizando muitas cores, cada vez mais expressivas, mais chamativas. Logo depois do fovismo, surge outro movimento de vanguarda chamado de expressionismo, consolidando-se aproximadamente por volta de 1908. Kandinsky foi um dos grandes idealizadores do Expressionismo, que vai trabalhar as cores e as formas dentro do quadro, com um caráter bastante expressivo. Os expressionistas acreditavam nas mesmas coisas que Van Gogh; na verdade, é um movimento que se ergueu sobre as ideias de Van Gogh, da arte como expressão do sentimento, uma arte debatedora do inconsciente humano.

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O Expressionismo se dividiu em dois grupos. De um lado, o grupo de Kandinsky, o Cavaleiro Azul, um grupo com uma visão mais pessimista a respeito do mundo. É neste grupo que nasce a arte abstrata. O outro é o Grupo da Ponte, baseados nas ideias de Nietzsche. O líder desse grupo foi Kirchner. A ideia que eles tinham sobre a arte é que esta é uma ponte, que liga um mundo ruim a um mundo melhor. No universo das vanguardas europeias temos também a vanguarda feita por Pablo Picasso.

Les Demoiselles d'Avignon – Picasso

Esta obra representa um grupo de prostitutas da cidade de Avignon, de um prostíbulo que Picasso havia frequentado durante a juventude. É uma representação cubista. Esta vanguarda tinha o intuito de mostrar uma realidade de uma maneira fragmentada, quebrada e encaixada em formas geométricas. O principal foco de discussão de Picasso era a geometrização do mundo, associada a múltiplos pontos de vista, como se o observador pudesse ver o mesmo objeto de vários ângulos diferentes ao mesmo tempo. Cézanne buscava em suas obras a relativização do tempo; como se a obra mostrasse o mesmo objeto em diversas posições ao mesmo tempo. Neste ponto ele se encontra com a teoria da relatividade, de Einstein, alémde trabalhar com a matemática e a geometria. Junto com Braque, Picasso divide os louros da fama pelo trabalho Cubista que desenvolveu. O movimento mais agressivo de arte durante as vanguardas europeias é o Futurismo - este movimento a partir das ideias de Marinetti, que verbalizou em um discurso suas ideias. O Futurismo é um movimento baseado na máquina, na velocidade, um movimento que amava tudo o que fosse novo. Os futuristas rejeitam tudo o que é passado. Dentro de seu manifesto, eles pretendem destruir tudo o que fosse de antigo. O Futurismo incentiva que se destrua, física e psicologicamente, tudo o que fosse

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clássico. Os futuristas declaram seu amor à guerra. A pintura futurista mostra o radicalismo de suas ideias. É um movimento que busca a arte sempre à frente de seu tempo, sempre no futuro.

Dinamismo de um Cão na Coleira - Giacomo Balla

É muito comum observar nos quadros futuristas imagens borradas, demonstrando movimento, como no exemplo acima. Isso será visto em quadros de trens, máquinas de guerra, carros, e tudo o mais que esteja envolvido com tecnologia e movimento, com o ir avante, o movimentar-se. Em se tratando do movimento mais questionador, mais irônico, mais sarcástico das vanguardas europeias, temos o Dadaísmo.

A Fonte - Marcel Duchamp

O Dadaísmo é um movimento extremamente questionador. Marcel Duchanp faz o espectador pensar: por que o artista considerou um mictório como obra de arte? E é exatamente isto o que o artista dadaísta quer: o questionamento, a provocação. O espectador precisa pensar sobre a arte, sobre sua função, seus objetivos. A proposta do Dadaísmo é questionar a racionalidade que não conseguiu aplacar a ira da guerra. Este movimento situa-se entre o final da Primeira Guerra Mundial e o início da segunda. 219


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Um mundo tão racional, tão para frente, tão no futuro, tão evoluído, começara a se matar, a exterminar-se... O Dadaísmo coloca essas questões em pauta na sua arte, associado à loucura. Na verdade, a beleza da arte dadaísta é exatamente esses questionamentos. Para eles, o questionamento é a arte; a arte é a questão, e não as respostas.

AULA Nº 17 SURREALISMO A ausência de lógica levantada pelos dadaístas segue no movimento Surrealista, porém, no Surrealismo os artistas não desejam saber o que é a arte, mas: O que é o ser humano? O que ele pensa? As obras surrealistas irão envolver o inconsciente, o subconsciente, os nossos desejos, nossas aspirações, tristezas, alegrias, angústias. O Surrealismo surge na década de 1920 e é encabeçado por André Breton; é ele quem desenvolve toda a ideia do movimento, mas o artista que mais se destaca é Salvador Dalí.

A Persistência da Memória-Salvador Dalí

Dalí foi o artista que mais produziu. Produzia filmes, peças de teatro e, claro, muitos quadros.Mas apesar disso, ele chegou a ser expulso do movimento surrealista por ser acusado de suas obras não estarem de acordo com o movimento. Isso se deu porque o surrealismo tendia a criticar o cristianismo, a religião em geral, e Salvador Dalí era um católico muito fervoroso, muito religioso e acabou entrando em conflito com André Breton, o que levou a sua expulsou do movimento.

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O Surrealismo vai mostrar uma realidade muito distorcida, baseada nos sonhos, nas simbologias, nas ideias de Freud, que empresta suas teorias psicanalistas aos quadros. Alguns dos artistas surrealistas deixavam seu subconsciente livre para criar, inclusive, chegavam a usar drogas para que pudessem “voar” com mais liberdade, ficavam durantedias sem dormir, para que a cabeça ficasse mais desligada. Buscavam fugir do consciente para que o subconsciente pudesse aflorar. Joan Miró é outro nome que trabalha muito o recurso da pintura automática, em que apenas o subconsciente manda na obra de arte. Vamos fazer uma atividade: Peça aos alunos que fechem os olhos e risquem com um lápis em uma folha, livremente. Depois de alguns segundos, que podem ser marcados com uma música relaxante, peça-lhes que abram os olhos e vejam o que conseguiram formar. Depois, irão colorir os espaços com liberdade também. Esse exercício pode ser variado com tipos de músicas diferentes: rock, clássica, jazz, samba, enfim... Não se esqueça de pedir-lhes que deem um título à obra.

Estrela solitária num sol ao anoitecer

AULA Nº 18 ARTE ABSTRATA Durante a vanguarda, o tema, a figura dentro da obra de arte sempre acabou tendo uma relevância menor, se comparados com os meios de produção. Por exemplo, dentro do Cubismo, é muito mais importante a forma como o Cubismo foi executado, do que a própria obra em si. No fovismo também 221


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acontece isso e essa tendência de deixara figura de lado foi se intensificando cada vez mais até que alguns artistas vão começar a tirar realmente a figura de dentro do quadro e compreender que o conjunto de cores, linhas e formas seriam capazes de criar uma obra de arte, um sentimento, uma expressão. Um dos pioneiros da arte abstrata é Wassily Kandinsky.

Amarelo, Vermelho e Azul

Kandinsky abandona totalmente a figura. Em seus quadros não se vê apenas um objeto, mas diversos, dependendo de quem o olhe. Na verdade, nada do que se pensar das obras de Kandinsky será o que verdadeiramente estas representam, porque se trata de linhas, retas, quadrados, cores, manchas de cor. Para ele, uma obra de arte não necessitava de uma figura para passar uma emoção, uma expressão. Segundo este artista, a obra de arte traz em si um potencial espiritual, quando é feita através dos elementos básicos: cores, linhas e pontos. Kandinsky busca em suas obras retirar a espiritualidade, numa visão totalmente metafísica, em que se insere a simbologia das cores e os efeitos desta sobre o observador, o que será muito importante para o desenvolvimento e a consolidação da obra de arte abstrata dentro das vanguardas europeias e principalmente na arte pós Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos. A arte abstrata tem uma longa história, que se inicia no Expressionismo e vai avançando nos diversos movimentos. Surge Malevich, dentro do suprematismo russo, que produz quadros com grandes planos de cor, poucas formas geométricas. É uma obra de arte mais sóbria, mais intelectual.

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Mais tarde surge Mondrian, que reduziu seus quadros a linhas retas, pretas e cinzas, planos brancos, azuis, vermelhos e amarelos. Para ele, o quadro deveria representar uma beleza universal através desses elementos universais, básicos do desenho.

Esse avanço da abstração vai chegar até os Estados Unidos, principalmente do pós guerra, que aparece muiito no trabalho de Pollock.

Após a Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos a arte e acultura em geral vão ganhar um desenvolvimento muito grande. Neste momento, este país já é a elite mundial, já é o centro do mundo, mas culturalmente, não tem grande destaque, não tem uma vida interior que chame a atenção de outros países. Assim, o governo americano começa a investir no ramo das artes para incentivar grandes artistas; em princípio, os artistas clássicos, mas logo os artistas modernos começam a ganhar ênfase artística dentro da sociedade norte-americana. 223


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Pollock se destaca com sua arte abstrata, conhecida como expressionismo abstrato, quem tem muito emcomum com o expressionismo de Kandinsky, da Europa, porém, com uma visão totalmente nova da arte abstrata. Ele vê o quadro como um lugar para mostrara ação do artista, para mostrar o movimento do artista, para mostrar a ligação cinestésica entre oartista e a obra de arte. Pollockdeseja que o observador veja a sua dança sobre a obra que produz, quando derrama sua tinta sobre a tela. Esse processo artístico que Pollock desenvolve nos Estados Unidos é chamado de pintura de ação(action paint). Era um amante do jazz, e como este ritmo, Pollock também usa de improviso em sua arte, tentando encaixar cada plano de cor, como se o quadro fosse um objeto único, pintando da mesma forma todos os espaços, como um todo. Este processo que trabalha a superfície como um todo é chamado de all over, e é muito utilizado no expressionismo abstrato, na corrente action paint. Como outro estilo de pintura dentro do expressonismo abstrato ainda temos a pintura de campo de cor.

Risco Assumido- Rotcko

Esse estilo trabalha o estático. Enquanto a action paint trabalha o movimento na obra de arte, a pintura de campo de cor trabalha a meditação sobre a obra de arte. Os artistas da action paint procuram a dança, o movimento e os artistas do campo de cor irão procurar a calma, a meditação, a contemplação. Rotcko, um dos grandes artistas dessa pintura, vai filosofar sobre as cores que ele utiliza, as transparências que ele traz em sua obra, e vai pensar muito no jeito que esta obra será apresentada ao espectador. O que ele esperava era que oespacetador tivesse uma experiênica metafísica com sua obra. Para ele, as cores de sua obra deveriam abraçar o espectador, as transparências deveriam dar ao espectador o que ele desejasse buscar na obra. Seu quadrro deveria ser uma janela para um outro mundo; um mundo de espíritos, que transcende o mundo real, onde há apenas as caracerísticas do sentimento.Rotcko queria que seu quadro significasse uma experiência transcedental, através da meditação, da contemplação, da calma. 224


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AULA Nº 19 O MODERNISMO BRASILEIRO O Modernismo brasileiro começou em São Paulo no início do século XX, por volta de 1900. São Paulo estava em grande desenvolvimento com o plantio do café. A cidade enriqueceu muito rapidamente nesta época, atraindo uma elite cultural, o que fazia com que a cidade necessitasse de uma cultura moderna, inovada; nada que lembrasse a arte clássica, antiga. O Rio de Janeiro estava impregnado pelo Classicismo da Academia Imperial de Belas Artes e, apesar de ser a capital e ser bem maior que São Paulo, não se mostrou tão aberta ao novo. O Modernismo brasileiro segue as vertentes, principalmente das vanguardas europeias – fovismo, cubismo, expressionismo e futurismo. Este chegou ao Brasil em 1912, através do manifesto futurista escrito por Filippo Tommaso Marinett. Aqui, no Brasil, quem teve acesso primeiramente a esse manifesto foi Oswald de Andrade, que já começou a debater esse manifesto e a querer adaptá-lo à cultura brasileira. A ideia era só uma: jogar fora o passado cultural e adentrar no novo. Oswald queria enterrar a herança colonizadora e fazer algo que fosse genuinamente brasileiro. Em 1913, outra influência chega ao Brasil, trazendo com mais força as vanguardas europeias: a exposição de Lasar Segall.

O Morro Vermelho- Lasar Segall

Lasar Segall, em 1913, faz uma exposição no Brasil, onde apresenta o Expressionismo. Apaixonou-se pelo país, por suas cores, suas raças, sua natureza e logo veio residir aqui. Naturalizou-se brasileiro, casando-se com uma brasileira. Suas pinturas, nesta fase, destacam as características do povo brasileiro. 225


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No primeiro momento, Lasar Segall foi muito importante por ter sido o únicocontato com a arte de vanguarda, a arte modernista europeia. Quatro anos depois, em 1917, aconteceu a exposição de Anita Malfatti, que arrebatou muitos espectadores e criou muita polêmica aqui no país.

A Boba- Anita Malfatti

Anita Malfatti era de uma família abastada e havia estudado na Europa e nos Estados Unidos, como vários artistas que haviam fugido da Primeira Guerra Mundial. Malfatti teve um contato muito grande com o fovismo, a vanguarda da cor, com o Expressionismo, a vanguarda dos sentimentos e emoções através dos traços, de tintas e cores e também com o Cubismo, que é a geometrização da forma. Anita tenta, em seu trabalho, sintetizar todos esses elementos ao mesmo tempo. A recepção que Anita recebeu não foi das melhores. Monteiro Lobato escreve uma crítica difamandoa, acusando-a, inclusive de ter problemas mentais, por ela olhar para a natureza e a representar daquela forma. Um tio de Anita, que havia patrocinado a exposição, ao chegar ao Brasil, acaba por retirar das paredes vários quadros, com sua bengala, raivosamente. Um grande burburinho é criado em torno da obra de Anita Malfatti, o que acabou se tornando bom para a artista porque, com tantas críticas negativas, seu nome estava sendo falado em todos os lugares. Muitos artistas, que também buscavam algo novo, viram na figura de Anita o começo de tudo o que eles queriam e começaram a “segui-la”. Anita, ao invés de desistir, em razão da crítica, ela mostrou-se uma mulher à frente do seu tempo e começou a conquistar seguidores que ajudaram na consolidação do Modernismo no Brasil, que mais tarde realizariam a Semana de Arte Moderna, em 1922. Um dos artistas fundamentais para essa Semana foi o escultor Victor Brecheret. 226


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AULA Nº 20 VICTOR BRECHERET

Cabeça de Cristo- Victor Brecheret

Victor Brecheret voltou para o Brasil em 1920 e entrou em contato com o grupo que circundava Anita Malfatti. Entre eles estava Di Cavalcanti, que muito se entusiasmou ao ver o trabalho moderno de Brecheret. Mário de Andrade, ao ver o Cristo de trancinhas emocionou-se. É dito que o livro deste autor, A Pauliceia Desvairada, foi inspirada no Cristo inteiramente moderno de Brecheret. 

Pela importância deste trabalho para a arte basileira, eu sugiro uma releitura. Convide seus alunos a fazerem um desenho, ou uma colagem, ou quem sabe, uma escultura de argila, em que eles retratem Cristo. Da forma como eles imaginam que Cristo seria. Dê-lhes toda a liberdade para poderem expressar o que quiserem.

AULA Nº 21 SEMANA DE ARTE MODERNA Neste trio, Anita Malfatti, Victor Brecheret e Di Cavalcanti, está o embrião da Semana de Arte Moderna de 1922. A Semana de Arte Moderna veio mostrar realmente que a arte moderna havia definitivamente começado. Apesar de o movimento já ter se iniciado com Anita Malfatti, em 1917, era necessário algo que fizesse com que fosse contado o tempo, que começasse efetivamente o Modernismo. O

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movimento foi planejado para os dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. O grande idealizador da Semana de Arte Moderna foi Di Cavalcanti.

O Samba- Di Cavalcanti

Di queria, acima de tudo, ver o Brasil competindo com a arte europeia; queria mostrar a arte genuinamente brasileira, que fosse totalmente contra a arte clássica. Alugaram o Teatro Municipal de São Paulo e promoveram esse evento para dar o pontapé inicial ao movimento. Uma semana antes do movimento, havia tido um terremoto na cidade de São Paulo, o queacabou sendo de grande importância para a divulgação do evento. Ao se falar sobre o movimento, dizia-se que São Paulo iria tremer novamente, mas agora, tremeria com a cultura nova que estava surgindo. Seriam abaladas as estruturas do belo, da moral, da arte. A grande palavra era FUTURISMO. Todos os artistas envolvidos eram futuristas. No recibo de pagamento de aluguel do teatro vinha descrito: Semana de Arte Futurista de São Paulo. Porém, em razão de evitarem um mal entendido, resolveram colocar no folder de apresentação Semana de Arte Moderna, porque acreditavam que as pessoas pudessem confundir futurismo com algo relacionado à ciência. A Semana foi dividida em três dias temáticos: o primeiro dia ficou voltado para as artes plásticas, a pintura e a escultura; o segundo para a literatura e a poesia e o terceio dia para a música, e aí, destacamos o grande Villa Lobos. Nas artes plásticas, os principais nomes, os três que iniciaram a ideia da Semana: Malfatti, Brecheret Di Cavalcanti. Na Literatura, muitos poemas de Osvald de Andrade, Menotti Dell Pitcchia, Mário de Andrade. 228


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Carlos Drumond de Andrade também possui um papel importante na Semana, escrevendo artigos de jornais, uma vez que ainda não escrevia livros. Manoel Bandeira era carioca, mas participou simbolicamente, porque ele enviou um poema moderno para participar. Ele não quis participar da Semana porque a via como uma afronta aos valores clássicos e ele se considerava um classicista. Enviou, mesmo assim, o poema Sapos,que foi “coachado” pelas pessoas enquanto alguém tentava declamá-lo. A Semana foi bastante complicada. Vaias aconteciam o tempo todo. Foi uma semana marcada pelos escândalos. As pessoas iam ao Teatro, não para ver a arte, mas para brigar, criar tumultos, chingar. Muitas obras apresentadas na Semana de Arte Moderna foram rejeitadas. Mas os modernistas queriam mesmo era incomodar, desafiar com o moderno. Eles queriam tirar as pessoas do lugar-comum em que se encontravam. Eles queriam acabar de vez com o Classicismo. Deveria ser a derrubada da arte velha e o nascimento da arte nova. Os artistas que participaram da Semana foram para a Europa para estudar, especializar-se mais e, quando voltaram, em 1924, quizeram dar continuidade aos trabalhos da Semana de Arte Moderna de 1922 e então, temos a inclusão de uma artista muito importante para o Modernismo Brasileiro, que foi Tarsila do Amaral. Ela estava em Paris, na data da Semana e não compareceu ao evento.

A Cuca- Tarsila do Amaral

Tarsila, junto com Oswald de Andrade e os demais modernistas dão seguimento ao movimento modernista e ela começa a se destacar como uma das principais artistas e uma grande ativista do movimento brasileiro. Todos os movimentos posteriores são praticameteencabeçados por ela. O primeiro desses movimentos é o Movimento Pau-Brasil, que busca mostrar o Brasil em seu aspecto urbano, através de prédios, estradas de ferro, num cubismo simplificado, e o Brasil orgânico, com suas 229


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matas, selvas – um Brasil de contrastes. Tarsila mostraessa dualidade do Brail: o urbanoe o rural, sempre em forma cubista.

Estrada de Ferro- Tarsila do Amaral

Um segundo movimento, o verde-amarelista, vem para criticaro Pau-Brasil. Esse movimento foi fundado por Plínio Salgado, que possuía um visão muito mais ufanista do Brasil. Ele considerava que o movimento pau-brasilera afrancesado. Para ele, uma arte brasileira deveria ter bases totalmente voltadas para o Brasil – o selvagem, o indígena, as tribos. Plínio Salgado defendia, inclusive a mudança do idioma do Português para o tupi-guarani. Durante um tempo, este conflito fica apagado, mas em 1928 ele volta, quando Tarsila e Oswald dão origem a outro movimento, chamado Movimento Antropofágico. Este movimento nasceu graças ao quadro chamado Abaporu

Aba- Homem Poru- Canibal O homem canibal, que se alimenta da carne humana. 230


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Os índios canibais só se alimentavam de homens fortes, corajosos, para poderem “herdar” essa força. A visão filosófica deste quadro seria simbolizar as vertentes europeias, que seriam digeridas, aproveitando-se o melhor delas, transformando esse melhor em arte pura brasileira, totalmente remoldada dentro dos padrões brasileiros. Esta vertente foi o que ficou afixada na Arte Moderna Brasileira; o movimento antropofágico foi muito importnte. O tropicalismo, mais tarde, assume que também pega a cultura estrangeira e transforma em cultura brasileira.

AULA Nº 22 ARTE CÊNICA INTRODUÇÃO AO TEATRO

O teatro é o lugar onde um grupo de pessoas assiste a outro grupo de pessoas que representam. Os que representam são chamados de atores e o local onde desempenham sua função é chamado palco. O público ou espectadores são aqueles que assistem à representação e a plateia é o local onde ficam acomodados. Os atores que estão no palco interpretam papéis e personagens, ou seja, "representam" ou tornam presentes os gestos e ações de outras pessoas, de animais, ou até de objetos.

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TEATRO COMO UMA ARTE

No teatro, é interessante saber, estão presentes as mais diversas modalidades artísticas: música, dança, desenho, pintura, literatura, escultura, expressão corporal, maquiagem. O teatro e os profissionais que nele atuam (diretor, ator, atriz), bem como os elementos que a ele pertencem (cenário, figurino, trilha sonora, iluminação), oferecem-nos a oportunidade de conhecer e confrontar culturas em momentos históricos distintos, possibilitando a ampliação dos nossos conhecimentos e do nosso repertório artístico. Esses elementos, entretanto, só terão significado se você souber decodificar as expressões faciais, os gestos, as ações, os cenários, o fundo musical, os figurinos. No teatro, os atores representam ou interpretam papéis comunicando as ideias por meio do diálogo entre palco e plateia. Papel é o personagem representado pelo ator, e palco ou espaço cênico é o local onde os atores trabalham, atuando, representando, fazendo-se passar por outra pessoa.

TEATRO GREGO O teatro nasceu, mais ou menos, no século VI a.C na velha Grécia. A consolidação do teatro, enquanto espetáculo, na Grécia Antiga deu-se em função das manifestações em homenagem ao deus do vinho, Dionísio. A cada nova safra de uva, era realizada uma festa em agradecimento ao deus, através de procissões. Com o passar do tempo, essas procissões, que eram conhecidas como "Ditirambos", foram ficando cada vez mais elaboradas, e surgiram os “diretores de coro” (os organizadores das procissões). 232


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Nas procissões, os participantes se embriagavam, cantavam, dançavam e apresentavam diversas cenas das peripécias de Dionísio. Em procissões urbanas, reuniam-se aproximadamente vinte mil pessoas, enquanto que em procissões de localidades rurais (procissões campestres), as festas eram menores. O primeiro diretor de coro foi Téspis, que foi convidado pelo tirano Préstato para dirigir a procissão de Atenas. Téspis desenvolveu o uso de máscaras para representar, pois em razão do grande número de participantes, era impossível todos escutarem os relatos, porém podiam visualizar o sentimento da cena pelas máscaras.

FIGURA O "Coro" era composto pelos narradores da história, que através de representação, canções e danças, relatavam as histórias do personagem. Ele era o intermediário entre o ator e a plateia, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona, além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o “Corifeu”, que era um representante do coro que se comunicava com a plateia. Em uma dessas procissões, Téspis inovou ao subir em um "tablado" (Thymele - altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro (hypócrites). Em razão disso, surgiram os diálogos e Téspis tornou-se o primeiro ator grego. O teatro da tragédia passou para a comédia, que foram os gêneros básicos do Teatro Grego. Viveu a proibição da Igreja no início da Era Cristã, e se tornoumambembe, sendo apresentado em praças e feiras por saltimbancos. Depois a Igreja passou a dedicar maior atenção ao teatro e surgiram peças de caráter litúrgico, marcando o período do teatro sagrado ou teatro de mistérios, ou farsa. Com a Renascença foi eletizado, pois só era apresentado em palácios, para um pequeno público, constituído por elementos da nobreza. Nessa época, surgiu a preocupação com os cenários e grandes mestres da pintura foram convidados para confeccioná-los. MONTAGEM DE UMA PEÇA TEATRAL O sucesso de uma peça teatral depende do trabalho conjunto de várias pessoas, começando pelo diretor até o simples mister da camareira. A EQUIPE ARTÍSTICA a) Diretor: planifica o espetáculo, ensaia os atores, orienta as cenas, etc. b) Ator: a pessoa que representa c) Cenarista ou cenógrafo: encarregado dos cenários 233


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d) Figurinista e) Maquiador A EQUIPE TÉCNICA a) Contra – regra: o sucesso de uma peça teatral depende muito do contra-regra, pois sua função é a de fiscalizar todos os elementos que compõem o espetáculo. b) Iluminador c) Sonoplasta d)Maquinista: encarregado pela armação dos cenários, pelas mudanças de cena, abertura e fechamento da cortina. A EQUIPE AUXILIAR a) Camareira b) Zelador FASES DA MONTAGEM DE UMA PEÇA Uma peça, antes de ser apresentada ao público, passa por diversas fases que chamamos de fases de montagem de uma peça teatral. A primeira fase de uma montagem teatral é a interpretação oral. Nesta fase a leitura da peça deve ser repetida várias vezes, para que os atores percebam o sentido de cada palavra e a intenção do autor. A segunda fase é a atuação em cena. Nesta fase o diretor se preocupa com a expressão corporal, procurando aperfeiçoar os gestos e a movimentação dos atores no palco, dentro dos limites dos cenários. Esta fase é conhecida como marcação da peça. A terceira e última fase é a do ensaio geral. Neste ensaio, os cenários, os figurinos, a sonoplastia e a iluminação deverão estar como se fosse o dia da estreia. Este é o momento de se corrigirem as últimas falhas de interpretação e de montagem.

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AULA Nº 23

MÚSICA Antes de tudo, a música é a arte dos sons. O vento que assobia, o som de gotas de chuvas caindo sobre um telhado de zinco, o trovão que amedronta, o barulho do escapamento do carro... Tudo isso são sons. Para que essa matéria-prima se transforme em música, é preciso que a inteligência e a sensibilidade humanas se reinventem. O ser humano organiza os sons, dando-lhes um ritmo, regulando sua duração e sua intensidade, combinando-os em infinitas variações e, assim, faz arte e cria música. * Sugiro um belíssimo filme, que mostra exatamente esta face da música: O Som do Coração. Peçalhes que assistam e depois que redijam um texto crítico a respeito do filme. MÚSICA NA ANTIGUIDADE A história da música começa na Pré-História. Certamente, é difícil explicar como tudo começou, mas, através de estudos realizados, chegou-se à conclusão de que provavelmente, o homem da Pré-História começou a fazer música por meio de gritos, batendo pés, palmas, coisas e até fazendo apitos confeccionados há cerca de 20 mil anos com pedaço de chifre ou de ossos. É bem provável que tenham sido usados para imitar o canto dos pássaros.

Quando se estuda História Antiga, constata-se nas grandes civilizações (Egito, Grécia e Roma) a presença de uma imensa variedade de instrumentos musicais. No Egito, a música era tão importante que muitas mulheres que tocavam instrumentos eram sepultadas próximo dos túmulos reais. A música era incluída em todas as partes da vida. Nos templos, havia cerimônias; os músicos tocavam flautas e sistros (espécie de guizos). Já o exército usava instrumentos de prata e de bronze, como as trombetas. 235


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GREGOS: A palavra música vem do grego mousike, em homenagem às nove musas que eram as deusas da inspiração. Os gregos faziam festa em homenagem ao deus Dionísio e a tantos outros, sempre com acompanhamento musical. Os gregos pintavam cenas de música nos vasos. Os principais instrumentos eram a harpa ou lira, a qual chamavam de cítara. Em Atenas havia anualmente uma competição de canto. Na praça, cantavam-se um hino: o ditirambo. Na ocasião, as pessoas vestiam trajes especiais. ROMA: Os romanos, assim como os gregos, usavam música nas peças de teatro. As lutas de gladiadores também eram acompanhados por músicas próprias para a ocasião. Os romanos tocavam trombetas, flautas, pratos e tambores. As pessoas ricas realizavam concertos nas vilas. Os cantores eram muito bem pagos. O imperador Nero cantava e tocava citara. FORMAÇÃO DA MÚSICA BRASILEIRA: Influência Indígena, Africana e Portuguesa. A MÚSICA NO BRASIL ANTES DO DESCOBRIMENTO: A música brasileira, inicia-se com a existência dos índios. As tribos indígenas utilizam a música em seus rituais, nos casamentos, em festividades, etc. O DESCOBRIMENTO: Com a vinda de Cabral e a catequese realizada pelos jesuítas, os índios aprenderam a tocar instrumentos europeus (órgão, flauta, etc) em lugar dos primitivos (chocalhos, flauta de osso, etc.). O que chamamos hoje de música brasileira, seja popular ou erudita é, por suas raízes, luso-africana. OS NEGROS E A MÚSICA: Os africanos cantam e dançam em todas as atividades da vida: ao nascer e ao morrer, quando casam, trabalham ou guerreiam e, sobretudo, quando há cerimônias religiosas. Para o negro africano, as máscaras, as esculturas, a decoração, a música e a dança são meios de comunicação, de promoção e de identificação da tribo, e de ligação com diversas divindades. A maior contribuição à arte negra, no Brasil, foi para a música, com instrumentos e ritmos (samba, batuque, etc.) e na formação do sincretismo religioso (umbanda, candomblé, etc.). Em 1549, o ensino da música alastrou-se pelo litoral do país, organizado pelos jesuítas. Na formação da arte brasileira temos a influência da arte indígena, da arte negra e da arte portuguesa.

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Outros povos tiveram ainda influência em nossa música: espanhóis (durante o domínio espanhol), franceses, holandeses. Veja, agora, a contribuição que a música brasileira recebeu das três raças: ÍNDIO: Ritmo discursivo; som nasal; danças e bailados; instrumentos (chocalho). NEGRO: Riqueza rítmica própria; danças (dramáticas); instrumentos (ganzá, atabaque, etc.) PORTUGUÊS: Moda, fado; danças (roda infantil, caninha-verde, danças dramáticas); instrumentos (guitarra ou violão, cavaquinho, flauta, etc.)

BOSSA NOVA E O PROTESTO MUSICAL

A BOSSA-NOVA: No final dos anos 1950 e início dos anos 1960, um movimento musical, que foi chamado bossa-nova, teve uma significativa participação dos estudantes universitários. Mais tarde surgiu outro grande movimento inovador de nossa música popular, o tropicalismo, no final dos anos 1960, trazendo uma nova estética, um novo gosto musical. Entre esses dois movimentos, surge um outro, chamado jovem guarda, com influências do rock´n´roll, cujo público eram de jovens e adolescentes, e tendo Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléia como líderes. Estes três movimentos seguiram paralelamente, porém, com características distintas. A bossa-nova, com influências do samba e do jazz, traz novas batidas no violão, arranjos musicais mais elaborados, voz mais intimista, uso de linguagem simples. Ela surge na classe média carioca e vai ter apoio nos meios de comunicação em São Paulo, que reconhecem os valores deste novo estilo musical. João Gilberto, violonista, cantor e compositor, cantando Chega de Saudade, Desafinado, teve como companheiros neste movimento o maestro e compositor Antônio Carlos Jobim, o ex-diplomata e poeta Vinícius de Moraes, Baden Powell, Francis Hime, Ronaldo Bôscoli, Roberto Menescal, Sílvia Teles, Johnny Alf, entre outros. 237


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Em sua segunda fase, a bossa-nova vai explorar temas políticos e sociais, com canções de protesto contra o subdesenvolvimento, a exploração no trabalho e a favor da reforma agrária. É quando aparecem shows como Opinião, Arena conta Zumbi, Liberdade, Liberdade. João do Vale, Sérgio Ricardo, Carlos Lyra, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Chico Buarque, Geraldo Vandré, Edu Lobo lideraram essa tendência. A bossa-nova ultrapassou os limites nacionais devido à sua qualidade musical, obtendo o reconhecimento dos norte-americanos. Em um show apresentado no Carnegie Hall, nos Estados Unidos, João Gilberto e Antônio Carlos Jobim conquistaram o público e os músicos de vanguarda do jazz americano. O TROPICALISMO

O tropicalismo trouxe novas ideias musicais no final dos anos 1960, tendo como característica mais marcante a antropofagia, isto é, incorporava e assimilava vários elementos de outras áreas da cultura, nacional ou internacional. O tropicalismo integrou elementos da música de vanguarda vindos de setores diferentes da chamada música erudita e rompeu com a forma tradicional de fazer música. Os principais expoentes deste movimento foram Gilberto Gil e Caetano Veloso, líderes do movimento. Tom Zé, Gal Costa, Maria Bethânia, e também os arranjadores oriundos da música erudita de vanguarda, Rogério Duprat, Júlio Medaglia e Damiano Cozzella. As músicas tropicalistas incorporaram guitarra elétrica, samba de roda, bolero urbano, repente nordestino, música de vanguarda e outros elementos mais.

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AULA Nº 24 ARTE BRASILEIRA CONCEITO: A arte é a manifestação dos sentimentos humanos por meio de imagens e símbolos. Os sentimentos manifestam-se por meio da palavra escrita ou falada, pela pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, música, dança, fotografia, decoração, mobiliário, etc. Na formação da arte brasileira temos a influência da arte indígena, da arte negra e da arte portuguesa. 1. PINTURA CORPORAL

A pintura corporal servia para distinguir as classes em que se subdividia a sociedade indígena. Eram utilizados: o vermelho e o amarelo do urucum; o azul do jenipapo; o preto do pó de carvão. As cores eram fixadas com seiva de babaçu. A aplicação das cores era realizada com os dedos, com estiletes de palha ou madeira. Para pintar os rostos, utilizavam carimbos feitos de barro ou madeira. 2. ARTE PLUMÁRIA

As penas são usadas na ornamentação do corpo e podem servir para: a) Desenhos corporais: penas coladas sobre uma camada de resina, cobrindo o corpo, do tronco até os joelhos; b)Artefatos confeccionados com penas: eram confeccionados para serem usados em rituais e também para adornar colares, cocares, mantos, etc. 3. ARTE DE PEDRA 239


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Os índios faziam instrumentos de pedras que eram utilizados para a caça, rituais e adornos. Ex.: machados, esculturas de aves, peixes ou mamíferos. 3. CERÂMICA

Era ornamental, ritual e utilitária. Os índios faziam do barro cuias, vasos zoomórficos (nas extremidades aparecem a cabeça e a cauda de um animal), chocalhos, etc. Utilizavam para isso a argila, dando-lhe polimento com a folha de uma árvore. Recobrem a argila com uma mistura de urucum, barro e água, para levá-Ia ao forno. Depois de cozidas, as peças são cobertas com urucum e óleo de picuí e pintados. Aplicam fuligem na parte interna. 4. TRANÇADOS

Os índios fazem cestos de palha, trançados em espiral ou teia. Misturam palha clara a palha tingida. As esteiras de palha são utilizadas como leito para recobrir as cabanas ou proteger alimentos.

A INFLUÊNCIA DOS NEGROS NAS ARTES 240


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O negro urbano veio a ser o que há de mais vigoroso e belo na cultura popular brasileira. Com base nela é que se estrutura o nosso Carnaval, o culto de Iemanjá, a capoeira e inumeráveis manifestações culturais. Mas o negro aproveita cada oportunidade que lhe é dada para expressar o seu valor. Isso ocorre em todos os campos em que não se exige escolaridade. É o caso da música popular, do futebol e de numerosas formas menos visíveis de competição e de expressão. O negro veio a ser, por isso, apesar de todas as vicissitudes que enfrenta, o componente mais criativo da cultura brasileira e aquele que junto com os índios mais singulariza o nosso povo.

A ARTE AFRICANA (NEGRA)

A raça negra, a mais escravizada do mundo, apesar de arrancada de sua terra, nunca perdeu sua altivez espiritual e conservou sua extraordinária criatividade artística. Os africanos cantam e dançam em todas as vicissitudes da vida: ao nascer e ao morrer; quando casam, trabalham ou guerreiam e, sobretudo, quando há cerimônias religiosas. Para o negro africano, as máscaras, as esculturas, a decoração, a música e a dança, são meios de comunicação, de promoção e de identificação da tribo, e de ligação com diversas divindades. A maior contribuição à arte negra, no Brasil foi para a música, com instrumentos e ritmos (samba, batuque), e na formação do sincretismo religioso (umbanda, candomblé, etc.). 241


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AULA Nº 25 A FOTOGRAFIA

Sebastião Salgado

Há muitos anos, as pessoas que queriam ter um retrato encomendavam uma pintura, um desenho ou uma escultura a um artista. A pessoa retratada tinha de ficar parada muitas horas, posando para o artista, que precisava ter muita habilidade para conseguir a semelhança. Hoje em dia, graças à fotografia, é muito simples fazer um retrato. Mas as fotografias não servem apenas para fazer retratos. Vivemos rodeados de imagens fotográficas. Algumas aparecem em jormais e revistas e servem para informar sobre acontecimentos de muitos lugares do mundo ou são utilizadas como ilustração, para completar o que dizem os textos. É muito frequente encontrar nos anúncios publicitários, em grandes cartazes ou nas revistas. E também são muitas as pessoas que utilizam a fotografia para fazer obras de arte. As fotos servem para recordar as pessoas queridas, os lugares que visitamos, as coisas que fizemos durante uma viagem..Também são úteis as fotos históricas, que nos permitem ver como eram as pessoas, os objetos e os lugares de outros tempos.

COMO AS FOTOGRAFIAS SÃO FEITAS A palavra “Fotografia” vem do grego e significa “desenho de luz”. Chama-se assim porque as imagens são conseguidas utilizando-se luz e alguns materiais especiais, como um rolo de filme para fotos e papel fotográfico, que se torna mais escuro com a luz. Para fazer uma foto necessita-se, em primeiro lugar, de uma máquina fotográfica. Apesar de existirem muitos tipos, por dentro todas são parecidas. Por exemplo, todas as câmeras têm lentes, que servem para dirigir os raios de luz que passam pelo orifício e para proporcionar imagens mais nítidas. Além

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disso, há mecanismos que servem para medir a quantidade de luz que queremos que passe através do orifício da câmera ou para enfocar as imagens. Vejamos, como um exemplo, os passos necessários para podermos fazer uma fotografia. Suponhamos que queremos tirar uma foto do pátio do colégio. A primeira coisa a fazer é por o filme dentro da câmera. O pátio do colégio deve impressionar o filme, ou seja, fazer incidir luz sobre ele. Por isso, a seguir, devemos enfocá-lo com a câmera e “disparar”, apertando o botão. Para que a imagem do pátio apareça no filme, é preciso levá-lo para revelar. Para revelar o filme, utilizam-se produtos químicos que fazem mais rápido o escurecimento das zonas onde incidiu a luz e que fixam as imagens para evitar que continuem escurecendo. Tanto a revelação como a aplicação do fixador devem ser feitas totalmente no escuro. Como se consegue que o negativo tenha de novo a aparência do pátio, com as luzes e as sombras iguais às do pátio real? É preciso que o positivo, que se faz passando a imagem do pátio do filme para o pátio do papel fotográfico. Isso deve ser feito em um quarto escuro e utiliza-se papel fotográfico, que é um papel sensível à luz, como o filme.

A LINGUAGEM FOTOGRÁFICA Embora as fotografias pareçam semelhantes à realidade, nunca são iguais a ela. Por isso, permitem que a pessoa que faz a fotografia possa se expressar de várias maneiras, utilizando diferentes recursos. O primeiro recurso de que se dispõe é a escolha do que vai ser fotografado, ou seja, o enquadramento. Mediante o enquadramento, a pessoa que tira a fotografia presta atenção a uma parte do que está vendo, e essa é a imagem que a sua câmera registrará. Imagens poderão ser bastante diferentes. Por exemplo, uma poderia fotografar a árvore toda e a outra só um galho, ou uma folha. Também é possível intervir no tamanho das coisas fotografadas. Para isso pode-se usar a escala de planos, que consiste em fazer com que o objeto ou a pessoa que vamos fotografar ocupe toda a imagem ou só uma parte dela.

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O ponto de vista também pode ser utilizado nas fotografias para fazer com que as coisas pareçam maiores ou menores do que são. Esse recurso se chama angulação. Se fotografarmos algo olhando de baixo, parecerá maior e mais importante. Se fotografarmos de cima, parecerá que o estamos denominando e ficará menor do que é na realidade.

AULA Nº 26 MÚSICA ELETRÔNICA

Concerto de Jean Michel Jarre, artista de música eletrônica, no La Défense em 14 de julho de 1990 A Música eletrônica é toda música criada ou modificada através do uso de equipamentos e instrumentos electrônicos, tais como sintetizadores, gravadores digitais, computadores ou softwares de composição.

Os softwares são desenvolvidos de forma a facilitar a criação. Por sua história, passou de uma vertente da música erudita (fruto do trabalho de compositores visionários) a um elemento da música popular, primeiramente bastante relacionado ao rock e posteriormente discernindo-se como um gênero musical próprio (principalmente relacionado com a música popular nos sub-estilos considerados dançantes tais como o techno, acid, house,trance e drum 'n' bass, desenvolvidos a partir do auge da música discono final da década de 1970). Atualmente existem várias ramificações do estilo, tanto eruditas como populares. 244


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Originalmente relutada por ter sua tecnologia evoluída muito mais rapidamente que sua estética, só passou a ter princípios e tradição após a Segunda Guerra Mundial, com o trabalho de franceses namúsica concreta e de alemães na Elektronische Musik. obs.: É importante salientar que, por definição, música eletrônica é toda música criada através do uso de equipamentos e instrumentos eletrônicos. Entretanto, a partir da grande popularização da música eletrônica dançante a partir da década de 1980, esta passou a ser conhecida pelo público geral pela denominação simples de música eletrônica, o que prevalece até hoje.

DÉCADA DE 1850 A 1940: OS PRIMEIROS ARTISTAS E EQUIPAMENTOS A habilidade de gravar sons é absolutamente necessária para a produção de música eletrônica, e é certamente bastante útil. O primeiro precursor do fonógrafofoi inventado em 1857 quando Leon Scott gravou pela primeira vez impressões de som em cilindros revestidos em carbono. Duas décadas depois, em 1878, Thomas A. Edison patenteou o fonógrafo, que utilizava cilindros similarmente ao dispositivo de Scott. Apesar do mecanismo ter se mantido inalterado por um tempo, Emile Berliner desenvolveu o fonógrafo em disco em 1897. Data de 1897 o mais antigo instrumento musical electroacústico. Foi uma invenção de Thaddeus Cahill, conhecida comodinamofone ou telarmônio. A máquina consistia num dínamo elétrico, associado a indutores electromagnéticos capaz de produzir diferentes frequências sonoras. Estes sinais eram comandados por um teclado e um painel de controles e difundidos pela linha telefônica, cujos terminais estavam equipados com amplificadores acústicos, colocados em locais públicos. Veio a verificar-se que a emissão musical interferia com as chamadas telefônicas, o que era insustentável. O instrumento tinha a capacidade de sintetizar sons com os timbres desejados, por sobreposição de parciais harmônicos. O sistema que permitia este desempenho tornava a máquina extremamente complexa e de dimensões gigantescas. O compositor Ferrucio Busoni mostrou interesse pela invenção, potencialmente geradora de novos conceitos harmônicos, não tendo no entanto apoiado diretamente o projeto. A tecnologia foi posteriormente usada para o desenvolvimento doórgão Hammond.

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Entre 1901 e 1910, Cahill desenvolveu três versões maiores e mais complexas que o original – a primeira pesando sete toneladas, e a última, acima de duzentas. Com a queda do interesse público, em 1912 a empresa de Cahill estava falida.

Um modelo das Ondas Martenot

O TEREMIM E O MOVIMENTO FUTURISTA Com o final da Primeira Guerra Mundial, os primeiros avanços foram no sentido de tornar os equipamentos mais econômicos e compactos. Uma dessas invenções foi o teremim, desprovido de teclado, munido de dois detectores de movimento que controlavam o volume e a altura do som a partir do movimento livre das mãos do executante. Um outro exemplo de instrumento é o Ondas Martenot, inventado em 1928 por Maurice Martenot e usado em obras como "Turangalîla" e "Trois Petites Liturgies" de Olivier Messiaen. Mais tarde surgiram instrumentos polifônicos como o Givelet e o órgão Hammond, cujos potenciais foram imediatamente reconhecidos e explorados. O Givelet tinha a capacidade de ser programado, o que foi mais tarde largamente ultrapassado pelos sintetizadores e pelos computadores que viriam a surgir cerca de 25 anos mais tarde. Produzido por Laurens Hammond a partir da fundação de sua empresa em 1929, o órgão Hammond era baseado nos princípios do telarmônio junto com outras tecnologias como as primeiras unidades de reverberação. O movimento futurista, iniciado na Itália pelo poeta Filippo Marinetti, rapidamente expandiu-se pela Europa, na defesa da liberdade da expressão artística, que se revelou na música pela utilização de técnicas de produção sonora não convencionais até então, dando-se valor ao que é considerado "barulho". Luigi Russolo propôs, na década de 1910, emThe Art of Noises, a composição musical a partir de fontes sonoras do meio ambiente, na busca da variedade infinita dos ruídos. O efeito prático desta proposta foi a construção de instrumentos produtores de ruído como o Intonarumori. O primeiro concerto da série The Art of Noises ocorreu em 21 de abril de 1914, e em junho concertos similares ocorreram em Paris.

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Uma fita cassete usada em magnetofones

NOVOS EQUIPAMENTOS MAGNÉTICOS Darius Milhaud e Percy Grainger utilizaram a capacidade de gravação e reprodução em vinil para deformar sons gravados através da variação da velocidade de leitura. Hindemith interessou-se especialmente pela capacidade de reproduzir os sons dos instrumentos acústicos electronicamente, ideia que Varèse conseguiu contornar. Na década de 1930, os principais avanços foram nos sistemas de gravação. Depois de tentado um sistema de gravação óptica, revelou-se mais vantajosa a gravação em suporte magnético. O maior avanço ocorreu na Alemanha em 1935, com a invenção do magnetofone, que utilizava fitas plásticas impregnadas de partículas de ferro. A fita magnética não permitia, no entanto, a visualização por meio de gráficos do som, desvantagem que teve pouca importância. Até 1945, as principais linhas de desenvolvimento foram na concepção do som musical, no interesse pelos princípios da acústica, que permitiram o avanço no campo da música electrônica.

DÉCADA DE 1940 E 1950: MÚSICA CONCRETA E ELEKTRONISCHE MUSIK A Segunda Guerra Mundial forçou o desenvolvimento tecnológico a vários níveis que, cessado o fogo, revelou-se determinante no progresso da música electrônica. O clima de reconstrução econômica proporcionou incentivos de várias instituições, sobretudo das emissoras de rádio, que dispunham de estúdios bem equipados. Em 1946, o ENIAC foi inventado, o primeiro computador no sentido moderno da palavra. Em Paris e Colônia estabeleceram-se duas diferentes correntes na música electroacústica que duraram toda a segunda metade do século XX: respectivamente a corrente damúsica concreta e a Elektronische Musik. A partir do fim da década de 1950 o termo música eletroacústica começa a ser adotado. Ele designa a música de instrumentos acústicos gravados, cujas gravações podem ser manipuladas, combinadas, montadas e superpostas. 247


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ERASE-RECORD-REPLAY A tecnologia erase-record-replay, desenvolvida inicialmente para a produção de eco, foi aí explorada de outras formas, na criação de loops, por exemplo. Outra das características importantes na obra é a utilização da espacialização, através da colocação de altifalantes de forma conveniente no espaço de execução.

Outros

compositores,

tais

como

Brün,

Hambräus,

Heiss,

Kagel, Koenig, Ligeti e Pousseur contribuíram para a extensa produção do estúdio de Colônia. Estes criadores do electronische musikconstituíram a face oposta à corrente francesa da música concreta, complementando-se no desenvolvimento da electroacústica até meados da década de 1960.

MÚSICA COMPUTACIONAL Surge o conceito da música computacional, gerada ou composta com o auxílio de um computador. É também um ramo de estudo que examina tanto a teoria quanto à aplicação de tecnologias na área de música. Muito do trabalho nessa área está na relação entre a teoria musical e a matemática. A primeira composição de computador foi gerada na Austrália porGeoff Hill no computador CSIRAC . Posteriormente, Lejaren Hiller usou um computador na década de 1950 para produzir trabalhos que eram então executados por músicos convencionais. Ele é o compositor da Suite Illiac (1956), a primeira inteiramente automática e programada. O trabalho de Max Mathews nos Laboratórios Bell resultaram no influenteprograma de computador MUSIC I. Pierre Barbaud, que já havia proposto em 1950 a introdução da matemática na composição musical, fundou o grupo de música algorítmica em 1958 junto com Roger Blanchard.13

EXPANSÃO MUNDIAL A partir da década de 1950, diversos grupos de pesquisa desse novo ramo de música fomentado por franceses e alemães estavam sendo abertos pelo mundo. O laboratório de música experimental da Universidade de Colúmbia, Estados Unidos (1953), o estúdio experimental de Herman Scherchen na Suíça (1954), um estúdio de música experimental noJapão (1954), o Studio di Fonologia da italiana RAI (1955), um estúdio de música experimental na Polônia (1957). A intensificação das pesquisas resultou em novos instrumentos, como um sintetizador controlado por uma fita de papel perfurado, começando a era dos sintetizadores.

DÉCADA DE 1960 E 1970: SINTETIZADORES PESSOAIS E A MÚSICA POPULAR 248


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Minimoog Voyager, um sintetizadoranalógico

Devido à complexidade em compor com um sintetizador ou computador, a maioria dos compositores continuava a explorar a música eletrônica usando omúsica concreta ainda na década de 1960. Mas como tal estilo não era gracioso, alguns compositores iniciaram pesquisas para melhorar a tecnologia nesse sentido, levando a três times independentes buscando o desenvolvimento do primeiro sintetizador pessoal. O primeiro desses sintetizadores foi o Buchla, aparecido em 1963, produto do trabalho do compositor Morton Subotnick. Outro sintetizador foi o criado porRobert Moog, sendo o primeiro a usar um teclado ao estilo de piano. Em1964, Moog convidou o compositor Herb Deutsch para visitar seu estúdio emTrumansburg. Moog já havia encontrado-se com Deutsch um ano antes, ouvido sua música, e decidido seguir a sugestão do compositor para a construção de módulos para música eletrônica.

ADOÇÃO PELA MÚSICA POPULAR Apesar de a música eletrônica ter começado nas ramificações da composição clássica, após alguns anos ela foi adotada pela cultura popular. Um dos primeiros exemplos é o tema para televisão do seriado Doctor Who composto por Delia Derbyshire, em 1963. No final da década de 1960 Wendy Carlos popularizou a música de sintetizador com os dois notáveis álbuns, Switched-On Bach e The Well-Tempered Synthesizer, que reproduziram peças de J. S. Bach usando o Moog. O equipamento gerava somente um nota por vez, então, para gerar a composição, Carlos teve que sobrepor as gravações em um amplo trabalho de estúdio. As primeiras máquinas também eram bastante instáveis, e perdiam a afinação com facilidade. Apesar disso, muitos músicos como Keith Emerson do Emerson Lake and Palmer começaram a usar os equipamentos, inclusive em turnê. O teremim, que é extremamente difícil de ser executado, foi também usado na música popular. O teremim elétrico foi usado em "Good Vibrations" do The Beach Boys. Já os Beatles usaram o mellotron em "Strawberry Fields Forever" e o pedal de volume em "Yes It Is".

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O Kraftwerk em concerto

Assim que a tecnologia evoluiu e os sintetizadores tornaram-se mais baratos, foram sendo adotados por várias bandas de rock,17 tais como The Silver Apples e Pink Floyd, usando os equipamentos como substitutos ao órgão.

DÉCADA DE 1980 A 2000: A MÚSICA ELETRÔNICA PARA O GRANDE PÚBLICO

Conectores MIDI em um aparelho eletrônico

No final da década de 1970 e início da década de 1980 houve grande interesse na inovação em instrumentos de música eletrônica, amplamente pela substituição dos sintetizadores analógicos por versões digitais, além dos primeiros samplers. Na época os samplers eram, tal qual os primeiros sintetizadores, espaçosos e caros, mas em meados da década de 1980 foram desenvolvidos para tornarem-se mais disponíveis aos músicos.

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Um Roland TR-808

Cultura da discoteca, uma das precursoras da música eletrônica dançante

MÚSICA ELETRÔNICA DANÇANTE O estilo passou então de uma mera ferramenta para os músicos diversificarem e desenvolverem novos sons e timbres musicais apoiando-se em outros estilos musicais para ganhar uma cena própria. Com o sucesso da música disco, que atingiu seu auge entre 1977 e 1979, em parte devido ao filme de 1977 "Saturday Night Fever", a década de 1980 e décadas seguintes na música eletrônica foram marcadas pelo surgimento da música eletrônica dançante, levando ao desenvolvimento de novas ramificações como o techno, o house e o trance. A música eletrônica torna-se a partir de então, além de um estilo musical, um estilo de vida marcado pelas raves (eventos sociais de elevação de consciência baseados em música eletrônica) e pelos DJs (músicos que utilizam instrumentos musicais eletrônicos para executar composições). A composição eletrônica pode seriar ritmos mais rápidos e precisos que os criados pela percussão tradicional, além de oferecer a possibilidade de misturas e adição de outros elementos como instrumentos musicais tradicionais e vocais. O estilo desenvolveu-se de tamanha maneira a tornar-se comercialmente acessível que mesmo artistas pop chegaram a compor usando o estilo, como nos álbuns Believe da cantora Cher, Ray of Light da cantora Madonna e Fever da Cantora Kylie 251


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Minogue. Destaque para a canção Blue Monday, que foi lançada em 1983 pela banda inglesa New Order e se tornou a canção chave para o desenvolvimento da música eletrônica em geral.

Rave em Belo Horizonte, 2006

ACID HOUSE! - O SURGIMENTO DAS RAVES A partir de 1988, sob a alcunha Acid House, originou-se um movimento contracultural em plena Europa convoluta e em meio ao fim do Socialismo, o desmantelamento da URSS, a reunião da Alemanha, que pregava atitude amistosa e tolerante em contraponto ao pessimismo dark dos anos 80. A base sonora era fundamentalmente eletrônica e rítmica. Mesmo com a reações negativas da mídia, sobretudo pelo fato de os inúmeros eventos serem ilegais por causa das drogas, o estilo foi se desenvolvendo, e o gênero musical se transformou em movimento. A partir do final da década de 1990 o termo caiu em desuso pelos seus participantes na Europa devido à massificação e desvirtualização do uso. Um elemento importante para o desenvolvimento da música eletrônica dançante foi o desenvolvimento das raves. Tais festas de música eletrônica começaram como uma reação às tendências da música popular, a cultura de casas noturnas e o rádio comercial. Seu objetivo primordial era a interação entre pessoas e elevação da consciência (uma fuga da realidade) através de diversas formas de arte. Fomentadas primeiramente no Reino Unido e Alemanha, se expandiram para o mundo todo (em muitos casos a estética primordial, baseada na novidade da sonoridade eletrônica, foi substituída por eventos puramente comerciais). A VALIDADE DO MOVIMENTO MUSICAL Desde o final dos anos 70 - e mais acentuadamente nos anos 80 - houve certa discórdia sobre a validade da música eletrônica. Havia inclusive o temor de que as novas máquinas tornassem obsoletos os empregos dos músicos convencionais. Um certo boicote à música sintetizada foi ensaiado na primeira metade dos anos 80.

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Entretanto, o uso dos sintetizadores apenas incorporava uma novidade: a programação. Num ineditismo sem precedentes, era possível pré-configurar radicalmente o comportamento da máquina ao longo do tempo, além de poder controlar eletronicamente uma ampla gama de sons e efeitos - o que jamais poderia ser feito individualmente por meios tradicionais - numa interação que ia da execução mecânica tradicional à geração de sons por algoritmo matemático. Mas a concepção musical, a

parte

criativa,

sempre

pertenceu

invariavelmente

à

mente

do

músico,

sendo

o sintetizador um instrumento musical como qualquer outro.

AULA Nº 27 ARTE URBANA

Arte Urbana ou street art é a expressão que se refere a manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público. A arte urbana engloba todo o tipo de arte expressada na rua e normalmente descreve o trabalho de pessoas que desenvolveram um modo de expressão artística mediante o uso de diversas técnicas alternativas como moldes, pôsteres, adesivos, murais e grafite. Entre as mais importantes há o movimento hip hop que traz também essas formas artísticas. Em geral traz uma nova forma de comunicação através de texto, conteúdo e opinião social. A história do Grafite no Brasil surgiu na década de 70, precisamente na cidade de São Paulo, época conturbada da história do Brasil, silenciada pela censura com a chegada dos militares no poder. 253


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Paralelamente ao movimento que despontava em Nova Iorque, o grafite surge no cenário da metrópole brasileira como uma arte transgressora, a linguagem da rua, da marginalidade, que não pede licença e que grita nas paredes da cidade os incômodos de uma geração. A partir disso, a arte de grafitar se transforma num importante veículo de comunicação urbano, corroborando, de alguma maneira, a existência de outras vozes, de outros sujeitos históricos e ativos que participam da cidade. A partir disso, importante ressaltar que o grafite, inicialmente, foi uma arte caracterizada pela autoria anônima, em que o grafiteiro ou "writer" transformava a cidade num importante suporte de comunicação artística sem delimitação de espaço, mensagem ou mensageiro. Portanto, o que importava naquele momento, era a arte em si e não o nome de seu autor. Por esse motivo, os ditos "cânones" são retirados de sua posição central e imperativa para dar lugar a uma arte de todos e para todos; arte da rua, na rua e para a rua; arte da cidade, na cidade e para a cidade: o grafite. Nesse sentido, a arte se funde com a vida do cidadão da metrópole através do movimento mútuo de transformação e de identificação de seus sujeitos Assim, desde a década de 70 no Brasil, os grafiteiros se apropriaram do espaço público a fim de transmitirem mensagens de cunho político, social, cultural, humanitário e, sobretudo, artístico. Assim, a arte nesse momento, passa a ser não somente vista dentro dos museus ou dos centros culturais, mas, sobretudo, nas paredes das ruas, nos túneis, nos prédios da cidade. Com efeito, o grafite é definido mais que uma linguagem artística; torna-se um importante instrumento de protesto e de transgressão dos valores estabelecidos; em outras palavras, nasce uma nova forma de ocupação do espaço urbano e da percepção artística. De acordo com Celia Maria Antonacci Ramos, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, a arte do grafite é acima de tudo, a arte da cidade e do público que nela vive:

"Grafite: grande canal de comunicação, sem conexão com fibra ótica ou cabo elétrico, mas conectado diretamente com a cidade, com o público, com o aqui e agora. O grafite está na cidade, no espaço público, não tem proprietário nem vigia. Na carona dos grafites há sempre os rabiscos aleatórios, as mensagens de amor, as pichações políticas e os anúncios publicitários. Os grafites criados nos “udigrúdi” das cidades levaram o ocidente a presenciar pública e anonimamente o 254


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questionamento de muitos de seus valores estabelecidos, entre eles o da ocupação dos espaços da cidade e o da apresentação e valoração da arte. Se uma nova forma de política emerge desse contexto com ela uma nova forma comunicação e de arte." Sem espanto, a arte do grafite, possibilitou a comunicação entre todos os moradores da cidade, a união de muitas culturas que coexistem; em outras palavras, permitiu a fusão entre o centro e a periferia. No Brasil, essa arte disseminou-se rapidamente pelo país e, hoje em dia, segundo estudiosos do tema, o grafite brasileiro é considerado um dos melhores do mundo. Alguns nomes de destaque no cenário nacional e internacional são: Eduardo Kobra, Alex Hornest, Alessandro Vallauri, Ramon Martins, Gustavo e Otávio Pandolfo (os gêmeos).

AULA Nº 28 CINEMA

Cinema (do grego: κίνημα - kinema "movimento") é a técnica e a arte de fixar e de reproduzir imagens que suscitam impressão de movimento, assim como a indústria que produz estas imagens. As obras cinematográficas (mais conhecidas como filmes) são produzidas através da gravação de imagens do mundo com câmeras adequadas, ou pela sua criação utilizando-se técnicas de animação ou efeitos visuais específicos. Os filmes são assim constituídos por uma série de imagens impressas em determinado suporte, alinhadas em sequência, chamadas fotogramas. Quando essas imagens são projetadas de forma rápida e sucessiva, o espectador tem a ilusão de observar movimento. A cintilação entre os fotogramas não é apercebida devido a um efeito conhecido como persistência da visão: o olho humano retém uma 255


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imagem durante uma fração de segundo após a sua fonte ter saído do campo da visão. O espectador tem assim a ilusão de movimento, devido a um efeito psicológico chamado movimento beta. O cinema é um artefato cultural criado por determinadas culturas que nele se refletem e que, por sua vez, as afetam. É uma arte poderosa, é fonte de entretenimento popular e, destinando-se a educar ou doutrinar, pode tornar-se um método eficaz de influenciar os cidadãos. É a imagem animada que confere aos filmes o seu poder de comunicação universal. Dada a grande diversidade de línguas existentes, é pela dublagem (dobragem) ou pelas legendas, que traduzem o diálogonoutras línguas, que os filmes se tornaram mundialmente populares. A origem da palavra "cinema" deve-se à circunstância de ter sido o cinematógrafo o primeiro equipamento utilizado para filmar e projetar. Por metonímia, a palavra também se refere à sala onde são projetadas obras cinematográficas. O uso da película para a produção de filmes encontra-se em recessão. O cinema digital está em plena expansão desde meados da primeira década do séc. XXI, tanto na tomada de vistas como na projeção. O digital permite, além disso, que os filmes circulem fora dos circuitos tradicionais de distribuição, entre particulares e instituições. A invenção da fotografia, e sobretudo a da fotografia animada, foram momentos cruciais para o desenvolvimento, não só das artes, como da ciência, em particular no campo da antropologia visual. O cinema existe graças à invenção do cinematógrafo, inventado pelos Irmãos Lumière no fim do século XIX. Em 28 de dezembro de 1895, na cave do Grand Café, em Paris, realizaram os dois engenhosos irmãos a primeira exibição pública e paga da arte do cinema: uma série de dez filmes, com duração de 40 a 50 segundos cada (os primeiros rolos de película tinham apenas quinze metros de comprimento). Os filmes até hoje mais conhecidos desta primeira sessão chamavam-se "A saída dos operários da Fábrica Lumière" e "A chegada do trem à Estação Ciotat", cujos títulos exprimem bem o seu conteúdo. Apesar de também existirem notícias de projeções um pouco anteriores, de outros inventores (como os irmãos Max e Emil Skladanowsky, na Alemanha), a sessão dos Lumière é aceita pela grande maioria da literatura cinematográfica como o marco inicial da nova arte. O cinema expandiu-se a partir de então pela França, por toda a Europa e Estados Unidos, por intermédio de cinegrafistas enviados pelos irmãos Lumière para captar imagens pelo mundo afora. Nesta mesma época, um certo mágico ilusionista, chamado Georges Méliès, dono de um teatro nas vizinhanças do local da primeira exibição dos Lumière, quis comprar um cinematógrafo para o utilizar em seus espetáculos. Os Lumière não quiseram vender-lhe o aparelho: o pai dos irmãos inventores 256


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argumentava que o cinematógrafo tinha unicamente finalidade científica e que o mágico teria, por certo, prejuízo se gastasse dinheiro com a máquina para fazer entretenimento. Frustrado, Méliès conseguiu, no entanto, adquirir um aparelho semelhante na Inglaterra, fabricado por Robert William Paul, tornando-se assim o primeiro grande produtor de filmes de ficção, com narrativas sedutoras e truques aliciantes, destinados ao grande público: os primeiros efeitos especiais da história do cinema. Foi ele o criador da fantasia na produção e realização de filmes. Logo depois, nas duas primeiras décadas do século XX, o diretor estadunidense David W. Griffith, um dos pioneiros de Hollywood, realizou filmes que o levaram a ser considerado pela historiografia cinematográfica o grande responsável pelo desenvolvimento e pela consolidação da linguagem do cinema, como arte independente, apesar das polêmicas ideológicas em que se envolveu. Foi ele o primeiro a fazer filmes em que se utilizou a montagem e em que certos movimentos de câmera foram usados com maestria, estabelecendo assim os parâmetros da linguagem cinematográfica, que a partir de então se universalizou. Destaque para "Intolerância", admirado até hoje por cineastas e cinéfilos de todo o mundo. Seguidamente, certos agentes do Construtivismo russo, Dziga Vertov no documentário e Sergei Eisenstein na ficção, deram uma importante e decisiva contribuição para o desenvolvimento das técnicas narrativas e de montagem no cinema. Em suma, os irmãos Lumière e Meliès deram origem a dois gêneros fundamentais de cinema: o cinema documental e o cinema de ficção. Como forma de registrar acontecimentos ou de narrar histórias, o cinema é considerado uma arte, denominada sétima arte, desde a publicação, em 1911, do Manifesto das Sete Artes do teórico italiano Ricciotto Canudo. Capturando imagens e som para efeitos de comunicação, o cinema também é mídia. Desde a sua origem que é arte e comércio. A indústria cinematográfica cedo se transforma em negócio lucrativo em países como a Índia e os Estados Unidos, respetivamente os maiores produtores em número de filmes por ano e o que possui a maior economia cinematográfica, tanto no mercado interno quanto no volume de exportações. No suporte em película, a projeção de imagens estáticas em sequência para criar a ilusão de movimento terá de ser de no mínimo 16 fotogramas (quadros) por segundo, para que o cérebro humano não detecte que são simples imagens isoladas. Desde 1929, juntamente com a universalização do cinema sonoro, as projeções cinematográficas no mundo inteiro foram padronizadas em 24 quadros por segundo. O cinema digital alterou este padrão. Em vídeo digital é comum o uso de 25 frames (fotogramas) por segundo e de 30 nos EUA. 257


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AULA Nº 29 ARTE NAIF (PRIMITIVA)

Também denominada de Arte Primitiva Moderna, que pode ser interpretada como um tipo de arte simples, desenvolvida por artistas sem preparo e conhecimento das técnicas acadêmicas, é considerada uma arte com elementos sem conteúdo. O termo inglês Naif pode ser traduzido como ingênuo e inocente, por isso a compreensão simplista. A falta de técnica não retraiu o desenvolvimento desta arte, que recebeu grande destaque, ao ser valorizada por apreciadores da estética e pessoas comuns. A característica da Arte Naif é o déficit de qualidade formal. Os desenhos e grafias não possuem acabamento adequado, com traços sem perspectiva e visível deficiência na aplicação de cores, texturas e sombras. A estética desta arte pode ser definida como sem compromisso com a arte real, pois mistura cores sem estudo detalhado de combinações e as linhas possuem traços sempre figurativos e bidimensionais. Arte Naif é a arte sem escola ou aprendizado técnico. O artista parte de suas experiências próprias e as expõe de uma forma simples e espontânea. Esta estética não pode ser enquadrada em tendências modernistas, sobretudo na arte popular, pois foge a regra. Ao analisar a construção deste tipo de arte, 258


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é possível verificar que o artista utiliza experiências pessoais, oriundas de sua convivência com o meio e cultura geral, sendo assim, há uma pequena esfera cultural embutida na Arte Naif. Mesmo assim, estudiosos deste conceito, a comparam a um tipo de arte primitiva e infantil, sem sofisticação ou requinte sistemático. Afirma-se que este tipo de arte possui liberdade estética e pode ser resumida como uma arte livre de convenções. Críticos dizem que em termos gerais, a Arte Naif é concebida por artistas que pintam com a alma, diferente da arte desenvolvida por artistas acadêmicos, que pintam apenas com o cérebro, não expressando sentimento. O ícone da Arte Naif é Henri Rousseau, pintor especialista em cores, considerado por muitos como precursor da corrente e principal artista. Henri não possuía educação geral, nem tampouco conhecimento em arte ou pintura. Ao levar a público, sua primeira obra denominada "Um dia de carnaval", no Salão dos Independentes, o artista foi severamente criticado por ignorar princípios básicos de geometria e perspectiva. A obra retratava paisagens selvagens mescladas a um emaranhado de tramas, as quais remetem a sonhos e sentimentos do artista. Mas seu reconhecimento só se fez valer no século XX, após ser admirado por Pablo Picasso, Guillaume Apollinaire, Robert Delaunay e Alfred Jarry, além de renomados intelectuais. Relatos comprovam que sua obra foi reconhecida na França (Paris) e através de sua obra, a Arte Naif influenciou e embasou a corrente estética do Surrealismo de Salvador Dali, no ano de 1972.

Para mim, a Arte Naif é tão maravilhosa, que acho que vale a pena dar mais uma aliviada em tanta teoria e solicitar aos alunos que façam uma releitura de uma delas. Se preferirem, poderão escolher outra obra, pesquisando na internet.

AULA Nº 30 PROJETO A partir daqui, se houver tempo, é hora de assisitr a bons filmes a respeito da arte. Além de ser uma fonte inesgotável de arte e cultura, temos maravilhosas produções e é muito importante que seus alunos conheçam alguns. Uma ideia interessante é um projeto de filmes, comentados. Seus alunos deverão trabalhar em grupos e cada um dos grupos irá assisitir a um ou mais filmes, fazendo a edição, anotando comentários a 259


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respeito de direção, imagem, fotorafia, elenco, entre outros. Poderão marcar um momento fora do horário das aulas e toda a escola poderá ser convidada. Seus alunos podem cobrar um precinho baixo para terem um dinheirinho a mais para as festas de formatura. Podem vender pipoca, refrigerante... Aliás, este é um projeto que pode muito bem ser realizado durante todo o ano letivo ou pelo menos, no segundo semestre; isto, claro, sem prejudicar os momentos de estudo. Abaixo, a lista de alguns clássicos, separados por movimento artístico. Estes filmes poderão ser vistos, também, e isto é bem interessante, durante as aulas a que eles se referem. Claro que dentro de sala não dá, mas uma ideia interessante é que eles assitam em casa e façam uma resenha, por exemplo, ou um resumo.

FILMOGRAFIA

PRÉ HISTÓRIA A GUERRA DO FOGO, 1981, direção de Jean Jacques Annaud. História romanceada da descoberta do fogo. Muito interessante pela ambientação e pelas caracterizações humanas. 125 min.

EGITO EGITO EM BUSCA DA ETERNIDADE, 1983, produção da National Geograph. Ótima produção sobre antiga civilização egípcia e os esforços atuais para a sua recuperação e preservação. 60 min.

GRÉCIA ULISSES, 1955, direção Carlo Ponti. Adaptação da Odisséia, trata de algumas história do herói Ulisses após a Guerra de Tróia. 104 min. 260


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ELECTRA, 1962, direção Michael Cacoyannis. Após descobrir que seu pai foi assassinado pelo amante de sua mãe, Electra planeja uma vingança. Destaque: Famosa tragédia grega baseada em peça de Eurípedes, em que Electra acaba matando a mãe com a ajuda do irmão Orestes. Irene Papas interpreta Electra - a atriz também integra o elenco de "Zorba, O Grego", dirigido por Michael Cocayannis. Indicado ao Oscar de filme estrangeiro. Premiado no Festival de Cannes (FRA) na categoria melhor adaptação.113 min

ROMA A QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO, 1964, direção de Antony Mann. Filme épico que conta, com imprecisões históricas, o início da decadência do Império Romano. 153 min.

BEN-HUR, 1959, direção Cecil B. de Mille. Aventura épica ambientada no início da era cristã que conta as lutas de Ben-Hur para libertar Jerusalém do domínio romano, 211 min.

SPARTACUS, 1960, direção de Stanley Kubrick. Super produção baseada no romance histórico de Howard Fast sobre a revolta de escravos liderada por Spartacus em 73 a.C. 190 min. ASTERIX E A SURPRESA DE CÉSAR, 1984. HQ do herói gaulês, Asterix e Obelix ingressam na Legião Romana para salvar a bela jovem e o noivo.90 min.

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GLADIADOR, 2000, direção de Ridley Scott. Transformado em escravo pelo corrupto e incestuoso herdeiro do trono, o general romano Maximus, torna-se um gladiador. Seu poder na arena acaba por levá-lo a Roma, ao Coliseu e a um corrupto de vingança com o novo imperador. 155 min.

SATIRICON, direção Frederico Fellini. Cenários e fotografias exeburantes contando uma história fragmentada da Roma Antiga.129 min

IDADE MÉDIA IVANHOÉ, O VINGADOR DO REI, 1952. O cavaleiro medieval Ivanhoé enfrenta os inimigos do Rei Ricardo Coração de Leão. 106 min.

EL CID, 1961. História do legendário cavaleiro cristão que enfrenta os invasores mouros na Espanha. 184 min.

EM NOME DE DEUS, direção Clive Donner Amor à primeira vista que se desdobra em adoração irreverente e inconsequente, entre um mestre de teologia com votos de castidade e uma bela mulher erudita da aristocracia do século XII. Uma história de amor e lealdade, paixão e desafio e uma espantosa e terrível vingança.

O NOME DA ROSA, direção Jean-Jacques Annaud, baseado no romance de Umberto Eco No ano 1327, representantes da Ordem Franciscana e a Delegação Papal se reúnem num monastério Beneditino para uma conferência. Mas a missão deles é subtamente ofuscada por uma série de assassinatos. Utilizando sua brilhante capacidade de dedução, o monge Franciscano Willian de Baskerville, auxiliado pelo seu noviço Adso de Melk, emprenha-se para desvendar o mistério.O monastério é visitado pelo seu antigo desafeto, o Inquisidor Bernardo Gui, que está determinado a 262


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erradicar a heresia através da tortura. Mas à medida que Bernardo Gui se prepara para acender a fogueira da Inquisição, Willian e Adso voltam à biblioteca labirintesca e descobrem uma extraordinária verdade. 130 min.

SENHOR DA GUERRA, 1965. As relações de poder na Idade Média se revelam nesta história, ambientada no Norte da França, que fala sobre um cavaleiro a serviço do Duque da Normandia. 123 min.

O INCRÍVEL EXÉRCITO DE BRANCALEONE, 1965, direção de Mário Monicelli. Ótima sátira sobre a Idade Média e cavaleiros medievais. 90 min.

O SÉTIMO SELO, 1957, Ingmar Bergman Neste conto moral um cavaleiro medieval, de volta das Cruzadas, joga xadrez com a morte. Carregado de belas e gélidas imagens em preto e branco, derivadas dos afrescos religiosos da Idade Média.

RENASCIMENTO AGONIA E ÊXTASE, 1965. Baseado no romance de Irving Stone. Conta os conflitos entre o artista renascentista Michelângelo e o seu protetor, o Papa Júlio II. 140 min.

GIORDANO BRUNO, 1973. Filme biográfico sobre um dos percursores da ciência moderna, o filósofo, astrônomo e matemático Giordano Bruno, queimado vivo pela Inquisição. Bela e real reconstituição da época. 123 min.

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1492 - A CONQUISTA DO PARAÍSO, direção Ridley Scott O filme trata das duas primeiras viagens que se tornaram um marco na vida desse almirante e nos leva a terceira e última etapa da deslumbrante aventura. Bravura, cegueira, triunfo, desespero e a arrogância do Velho Mundo, em contraste à inocência do Novo Mundo, sucedem nesta ordem, uma história por poder e paixão. 150 min.

BARROCO CARAVAGGIO, Inglaterra, 1986 O filme reproduz as imagens barrocas dos quadros de Caravaggio e usa o jogo de luz e sombra e as antíteses do artista para compor as cenas. A trama é um equilíbrio entre o belo e o feio, o rico e o pobre, o gênio e o louco, o religioso e o profano e preserva os temas de cunho barroco. Direção: Derek Jarman Elenco: Noam Almaz; Dawn Archibald; Sean Bean. Duração: 88 minutos

CARAVAGGIO, Inglaterra, 2007 O longa mostra a vida tumultuada e cheia de aventuras de Michelangelo Merisi, chamado por muitos de Imortal Caravaggio, um homem que desafiou a visão do mundo, imposta pelos pintores renascentistas. Um provocador que escandalizou instituições e que viu sua queda se iniciar após um envolvimento com uma prostituta. Direção: Angelo Longoni Elenco: Alessio Boni, Elena Sofia Ricci e Jordi Mollà. Duração: 150 minutos

O PODER DA ARTE: CARAVAGGIO, BBC-Power of Art: Caravaggio, Inglaterra, 2006 Trata-se de uma série de televisão produzida pela BBC de Londres. São oito capítulos que narram a virada crítica da carreira de Caravaggio, Bernini, David, Rembrandt, Turner, Van Gogh, Picasso e Rothko.

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Direção: Mark Harrison, Carl Hindmarch Elenco: Simon Schama, Adam Cole, Sandra Evans. Duração: 50 minutos

SÉCULO XVIII BARRY LYNDON, 1975, direção Stanley Kubrick. Belo filme que mostra a vida inglesa no século XVIII. Soldado sem escrúpulos convocado para a guerra envolve-se em diversas falcatruas e depois enfrenta uma tragédia. 183 min.

LIGAÇÕES PERIGOSAS, 1988, direção Stephen Frears França, 1788. A Marquesa de Merteuil (Glenn Close) precisa de um favor do seu ex-amante, o Visconde de Valmont (John Malkovich), pois seu ex-marido está planejando se casar com uma jovem virgem e ela deseja que o Marquês, que é conhecido por sua vida devassa e suas conquistas amorosas, a seduza antes do dia do casamento. No entanto, ele tem outros planos, pois planeja conquistar uma bela mulher casada (Michelle Pfeiffer), que sempre se mostrou fiel ao marido e é religiosa. A Marquesa exige então uma prova escrita dos seus encontros amorosos e, se ele conseguir tal façanha, ela lhe promete como recompensa passarem uma noite juntos. Mas os jogos de sedução fogem do controle e os resultados são bem mais trágicos do que se podia imaginar. 120 min

AMADEUS, 1984, direção Milos Forman Após tentar se suicidar, Salieri (F. Murray Abraham) confessa a um padre que foi o responsável pela morte de Mozart (Tom Hulce) e relata como conheceu, conviveu e passou a odiar Mozart, que era um jovem irreverente, mas compunha como se sua música tivesse sido abençoada por Deus. 158 min

ROMANTISMO GOYA, direção Carlos Saura Aos 82 anos, o pintor Francisco de Goya vive no exílio com a última de suas amantes, Leocadia. Reconstruindo os principais acontecimentos de sua vida para sua filha caçula, ele se lembra dos tempos 265


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em que era jovem e ambicioso, e lutou para conquistar seu espaço na corte do rei Carlos IV, em meio a intrigas palacianas, seduções e mentiras. Lembra-se, também, de seu único amor verdadeiro, a duquesa de Alba, cuja vida foi interrompida por uma dose de veneno. Goya, artista genial, que em momento algum abandonou a preocupação pelo seu país e pelo seu povo. A era de luz e cor da corte Bourbon abre caminho para o mesmo. Goya que, aos 46 anos, ficou surdo, um fato que gerou importante reviravolta em seu trabalho. Enquanto ficava claro na Espanha que os dias de absolutismo, sob as novas pressões do Iluminismo, chegava ao fim. Goya descobre um novo mundo criativo em suas pinturas soturnas e seus chamados caprichos.

SÉCULO XX 2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO, 1968, Stanley Kubrick. Uma saga estelar e filosófica que iria influenciar toda a ficção científica produzida no futuro. E mais: que parece ter sido produzida no futuro, graças à atualidade de seu tema e de sua concepção visual. O computador falante HAL 9000 é elevado à categoria dos grandes personagens do cinema, um ser feito de chips mas triturado por dilemas existenciais.

APOCALYPSE NOW, 1979, Francis Ford Copolla O diretor rodou este épico moderno nas Filipinas, ao custo da própria saúde. Foram 40 milhões de dólares gastos com helicópteros, bombardeios napalm e um elenco em que Marlon Brando, sem cabelo, pesado, imerso nas sombras, recita T.S.Eliot. A loucura da guerra do Vietnã - e de todas as guerras -, no seu retrato mais cruel (inspirado no livro Coração das Trevas, de Joseph Conrad). Demorou cinco anos de filmagens infernais.

CIDADÃO KANE, 1941, Orson Welles. O cinema se divide em antes e depois deste filme. A história do magnata da empresa Charles Foster Kane é contada pelo diretor com a câmera posicionada em ângulos inéditos, cenários desolados refletidos na profundidade dos espelhos e uma narrativa em flashbacks, distribuídas em diversos pontos de vista. Mostra que há tantas maneiras de buscar a verdade quanto esta tem de se ocultar.

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1900, 1976, direção de Bernardo Bertolucci. A história de uma rica família italiana serve para mostrar a Itália do início do século, a crise dos anos 20 e 30 e a ascensão do fascismo na Itália. 239 min.

ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO, direção Peter Cohen Este filme lembra que chamar a Hitler de artista medíocre não elimina os estragos provocados pela sua estratégia de conquista universal. O veio artístico do arquiteto da destruição tinha grandes pretensões e queria dar uma dimensão absoluta à sua megalomania. Hitler queria ser o senhor do universo sem descuidar de nenhum detalhe da coreografia que levava as massas à histeria coletiva a cada demonstração. O nazismo tinha como um dos seus princípios fundamentais a missão de embelezar o mundo. Nem que, para tanto, destruísse todo o mundo.

TEMPOS MODERNOS, 1936, direção Charles Chaplin. Obra prima do cinema mudo, durante a depressão (1929). Carlitos trabalha numa grande indústria. Chaplin procura denunciar o caráter desumano do trabalho industrial mecanizado, da tecnologia e da marginalização de setores da sociedade. 88 min.

O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA, 1972, direção de Luis Buñuel. Obra prima surrelista extremamente crítica. Seis burgueses se reúnem para jantar, mas são impedidos por acontecimentos espantosos. 105 min.

BASQUIAT - TRAÇOS DE UMA VIDA, 1996, direção Julian Schnabel. Filho de pai haitiano e mãe porto-riquenha, Basquiat revela seu talento como grafiteiro. É assediado por marchands, até cair nas graças do pai da Pop-Art, Andy Warhol. OS AMORES DE PICASSO, 1996, direção James Ivory. Conta a vida de Picasso sob a ótica de uma de suas muitas mulheres. 123 min.

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NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS, 1999, direção Marcelo Masagão País de Origem: Brasil. Duração: 73min. Sob a trilha sonora primorosa de Wim Mertens, a dualidade criação-destruição e a banalização da morte no decorrer do século mais violento da história percorrem um mosaico de centenas de imagens de arquivo extraídas de reportagens de TV, fotos antigas, filmes e clássicos do cinema. O instinto de destruição que fascinou Freud é o fio condutor de uma montagem que funde imagens a palavras, fatos históricos a uma ficção deslavada, que inventa nomes e vivências para os indivíduos sem nome que também fizeram a história. Este filme conduz o olhar pelos contrastes do século, pelos artistas, pensadores e indivíduos anônimos que construíram sua riqueza, e pelos personagens sombrios que reproduziram sua miséria. As únicas cenas captadas pelo diretor são realizadas em um cemitério, cuja inscrição do pórtico dá nome ao filme e encerra sua essência: a mortalidade como condição esquecida nos desvãos da história.

ENCOURAÇADO POTEMKIN, direção Sergei Eisenstein Cineasta soviético, dirigiu filmes que retratam as transformações políticas e sociais ocorridas na Rússia após a Revolução de 1917. O filme se passa na Rússia. Um poderoso navio de guerra, o couraçado Potemkin, da frota do czar Nicolau II, é o palco de uma rebelião que fará parte da história. Cansados de comer carne podre, sofrerem castigos físicos e não terem direito a nada, os marinheiros revoltamse contra os oficiais e assumem o controle da embarcação, unindo-se à rebelião dos operários e soldados, que em terra firme lutavam pelo ideal socialista. Este filme de Eisenstein, realizado em 1925, é uma metáfora da própria Revolução Russa, que por muito tempo foi cultuada nos círculos de esquerda. Sua riqueza técnica revolucionou a linguagem do cinema. Uma sequência antológica é aquela em que os soldados avançam para conter a multidão, e um disparo atinge uma jovem mãe, que segurava um carrinho de bebê; a mulher cai, morta, e o carrinho avança, desgovernado, pelos degraus de uma longa escadaria, rumo à morte. Esta cena foi citada em "Os Intocáveis" (1986), de Brian DePalma. Uma curiosidade: a pronúncia correta do termo Potemkin, em russo, é "Potiônkin".

FESTA DE BABETE, 1988, direção Gabriel Axel Dá lições em várias formas da Arte.

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MORTE EM VENEZA, 1971, direção Luchino Visconti Com música de Mahler e perfeita recriação de época. Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, o famoso compositor Gustav von Aschenbach (Dirk Bogarde) passa as férias de verão na praia do Lido, em Veneza. O ambiente aristocrático e decadente vira palco de um acontecimento inesperado e trágico quando ele conhece o adolescente Tadzio (Björn Andrésen). O compositor acredita ter encontrado a imagem perfeita da beleza e se apaixona, num processo doloroso que o leva a rever sua vida. Adaptação da obra homônima de Thomas Mann, o maior escritor alemão do século XX.131 min

SEDE DE VIVER, 1956, direção Vincent Minneli Um adaptação brilhante da biografia Vincent Van Gogh (Kirk Douglas) escrita por Irving Stone. Van Gogh é o arquétipo do gênio artístico atormentado, cuja magnificência da obra contrasta com uma existência infeliz e amargurada que haveria de conduzi-lo ao suicídio. Anthony Quinn ganhou o Oscar pela sua interpretação de Paul Gauguin, outro gênio da pintura amigo de Van Gogh.Duração: 122 minutos

CAMILLE CLAUDEL, 1988, direção Bruno Nuytten Com Isabelle Adjani e Gérard Depardieu. Grande reflexão sobre o poder devastador da arte perante a fragilidade humana. A escultora Camille, irmã do poeta Paul Claudel, possui um relacionamento de 15 anos com Rodin, primeiramente seu professor e mais tarde seu amante. Camille passa por muitos sofrimentos, que a levam à loucura. Um filme muito interessante se atentarmos para o machismo existente na personalidade de Rodin

ÉPOCA DA INOCÊNCIA, 1993, direção Martin Scorsese Nesta adaptação do romance homônimo de Edith Wharton, escritora premiada com o Pulitzer, Scorsese experimenta o drama romântico e retrata a Nova York de 1870 e a sociedade de então, marcada pela nobreza de costumes ingleses. Um advogado (Daniel Day-Lewis) está de casamento marcado com uma jovem (Winona Ryder) da aristocracia local, quando uma condessa (Michelle Pfeiffer), prima de sua noiva, volta da Europa após separar-se do marido. As idéias dela chocam a

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tradicional sociedade americana e, ao tentar defendê-la, o advogado se apaixona por ela e é correspondido.130 min

LIMITE, 1931, direção Mário Peixoto Música: Satie, Debussy, Borodin, Ravel, Stravinski, Cesar Franck, Villa Lobos, Prokofiev. Três personagens, um homem e duas mulheres estão num barco, em alto mar. Esgotados, param de remar, abandonando-se à própria sorte e relembram o passado. As cenas revolucionárias são motivo de estudo por parte de diretores nacionais e internacionais.110 min

THE WALL, 1982, direção Alan Parker As fantasias delirantes de um superstar do rock, que enlouquece lentamente em um quarto de hotel. Retrata a geração Pós-Segunda Guerra, com alguns desenhos animados no meio do filme.95 min

MEU TIO, 1958, direção Jacques Tati O filme é uma crítica de Jacques Tati ao excesso de preocupação com bens materiais. Mousieur Hulot se atrapalha com o futurismo exagerado da casa do cunhado, mas conquista o sobrinho com seu estilo desligado e simples. Retrata de forma leve a geração do Pós-Segunda Guerra.126 min

BILLY ELIOT, 2000, direção Stephen Daldry Billy Elliot (Jamie Bell) é um garoto de 11 anos que vive numa pequena cidade da Inglaterra, onde o principal meio de sustento são as minas da cidade. Obrigado pelo pai a treinar boxe, Billy fica fascinado com a magia do balé, com o qual tem contato através de aulas de dança clássica que são realizadas na mesma academia onde pratica boxe. Incentivado pela professora de balé (Julie Walters), que vê em Billy um talento nato para a dança, ele resolve então pendurar as luvas de boxe e se dedicar de corpo e alma à dança, mesmo tendo que enfrentar a contrariedade de seu irmão e seu pai à sua nova atividade.111 min

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CARMEM, 1983, direção Carlos Saura Antonio busca desesperadamente aquela que poderá ser a 'Carmen' do balé tirado da novela de Merimée e da Ópera de Bizet. O relacionamento com o grupo de Antonio é difícil para a jovem Carmen, mais por causa de Cristina, que sonha com aquele papel. Antonio explica-lhe que a personagem pedia uma mulher mais jovem e ainda mais bela do que ela, ainda que Cristina seja a melhor bailarina. Carmen é muito bonita e atraente e conquistará Antonio nesta ficção do balé que se desenrolará entremeada com a história de amor na vida real.108 min

TANGO, 1998, direção Carlos Saura Musical e documentário do veterano cineasta espanhol Carlos Saura, na mesma linha de 'Sevillanas' (1992) e 'Flamenco' (1995). Depois de ser abandonado pela mulher (Cecilia Narova), o cineasta argentino Mario Suarez (Miguel Ángel Sola) 'mergulha' na produção de um filme na periferia de Buenos Aires. Planeja rodar o filme 'definitivo' sobre o gênero. As dificuldades surgem quando ele se envolve com uma dançarina do elenco e quando tenta introduzir temas políticos. A trilha com o tango 'clássico' é mesclada com a música de Lalo Schifrin. A bela fotografia é de Vittorio Storaro, um dos maiores fotógrafos em atividade, antigo colaborador de Francis Ford Coppola e Bernardo Bertolucci.105 min

QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOLF, 1996, direção Mike Nichols George (Richard Burton), um professor universitário, e Martha (Elizabeth Taylor), sua esposa que é também filha do reitor, recebem no final da noite Nick (George Segal), um jovem professor, e Honey (Sandy Dennis), sua mulher. À medida que a noite avança, as confissões entre os quatro se tornam mais ácidas e a verdade se torna algo muito deprimente.129 min

SONATA DE OUTONO, 1978, direção Ingmar Bergman Ingrid Bergman interpreta uma mãe que depois de abandonar sua família pela carreira musical, tenta uma reconciliação com sua filha mais velha (Liv Ullman), numa noite de revelações dolorosas. O gênio da fotografia, Sven Nykvist, abrilhantou mais este belo filme sobre abnegação da alma humana; onde temos os dois ícones do cinema sueco, pela única vez juntos - "Ingrid Bergman e Ingmar". Obra-prima histórica e maravilhosa.92 min 271


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BLADE RUNNER, 1982, direção Ridley Scott O "cult movie" da ficção científica ficou ainda mais fantástico mostrando uma chocante visão do futuro. Por volta do ano 2000, o planeta Terra está em total decadência. Os poucos habitantes vivem aglomerados em gigantescos arranha-céus.A engenharia genética se tornou uma das maiores indústrias criando os replicantes, criaturas dotadas de extraordinária força e inteligência, praticamente indistinguíveis dos humanos. Nesta nova versão, surpreendentes revelações em torno do romance entre Deckard (Harrison Ford) e Rachel (Sean Young). Qual será a verdadeira origem do Caçador de Andróides?117 min

O NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO, 1915, direção D.W.Griffitch. Um dos maiores épicos da história do cinema e o primeiro longa-metragem americano. As batalhas da Guerra Civil ainda impressionam pelo realismo, com a orquestração magistral de uma multidão de figurantes. A Ku Klu Klan é glorificada de tal forma que dificultou a exibição de filme na televisão e no cinema nos anos subsequentes. Mas Griffitch libertou a câmera de seus grilhões, inventando a nova linguagem de uma nova arte.

A VIDA É BELA, 1997, direção Roberto Benigni Na Itália dos anos 40, Guido (Roberto Benigni) é levado para um campo de concentração nazista e tem que usar sua imaginação para fazer seu pequeno filho acreditar que estão participando de uma grande brincadeira, com o intuito de protegê-lo do terror e da violência que os cercam.

MONDIGLIANI - PAIXÃO PELA VIDA, 2004, direção Mick Davis Ele revolucionou o mundo das artes como um cometa, dançando sobre as mesas, embriagado de paixão pela vida. Inspirado pelo amor e consumido pela obcessão. Ele é o famoso pintor italiano Amadeo Mondigliani um gênio criativo que viveu e absorveu a charmosa Paris do início do século 20 com uma incontrolável atração pela beleza. Sempre com a mesma intensidade, o judeu Mondigliani amou a católica Jeanne Hebuterne e odiou o genial Pablo Picasso. Entre os diálogos que ocorrem entre Mondigliani e Picasso, um deles realmente ocorreu, quando Picasso pergunta a Mondigliani "Sabe qual é a diferença entre Picasso e Mondigliani?". Mondigliani responde receoso que não. E Picasso, sorrindo zombateiramente, fala "O sucesso!". De certo modo o que Picasso fazia era provocar até à loucura os pintores que ele considerava potencialmente bons, para que, movidos pelo ódio a ele, pudessem ir 272


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mais longe em suas habilidades. A raiva, sabia Picasso, sempre foi o motor mais poderoso para impulsionar o gênio humano. Existem alguns erros históricos, como por exemplo, Mondigliani não morreu de espancamento, mas de meningite tuberculosa, no ano de 1920, não em 1929, e também nunca pediu Jeanne em casamento.

FRIDA, 2002, direção Julie Taymor De sua relação complexa e duradoura com seu mentor e marido, Diego Rivera, passando por seu controverso e ilícito caso com Leon Trotsky e seus provocantes envolvimentos românticos com outras mulheres. Frida Kahlo levou uma vida intensa e sem limites como uma revolucionária política, artística e sexual. O filme retrata a história da vida que Frida Kahlo compartilhou abertamente e sem medos com Diego Rivea.

FILMES BRASILEIROS CENTRAL DO BRASIL, 1998, direção Walter Salles Jr. Mulher, que escreve cartas para analfabetos na Central do Brasil, ajuda menino, após sua mãe ser atropelada, a tentar encontrar o pai que nunca conheceu, no interior do Nordeste. Prêmio de Melhor Atriz e Melhor Filme no Festival de Berlim e vencedor do Globo do Ouro e indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. 112 min.

TIRADENTES, direção Geraldo Vietri A trajetória de Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, na luta contra os colonizadores portugueses, a Inconfidência Mineira e o enforcamento do homem que assumiu a liderança de um dos mais importantes movimentos libertários do Brasil.

INDEPENDÊNCIA OU MORTE, direção Carlos Coimbra As circunstâncias que levaram D. Pedro I a proclamar a independência do Brasil, as intrigas palacianas e o escândalo causado pela paixão do imperador por uma mulher do povo.

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DESCOBRIMENTO DO BRASIL, direção Humberto Mauro A carta de Pero Vaz de Caminha serve como pano de fundo para a narrativa de viagem de Pedro Álvares Cabral, do Tejo ao Brasil, culminando com a realização da primeira missa no Novo Mundo.

POLICARPO QUARESMA - HERÓI DO BRASIL, direção Paulo Thiago No Rio da virada do século, major, visionário e idealista luta para implementar mirabolantes ideias, que ele acredita serem capazes de criar uma grande nação. Adaptação do clássico "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto.

LAMARCA, direção Sérgio Rezende Crônica dos últimos dois anos na vida do capitão do exército que, nos anos de ditadura, desertou das forças armadas, e passou a fazer oposição, tornando-se um dos mais destacados líderes da luta armada.

PRA FRENTE BRASIL, direção Roberto Farias Pacato cidadão de classe média é confundido com um ativista político, preso e torturado por agentes federais durante a euforia do milagre econômico brasileiro e da Copa do Mundo de 70. Prêmio de Melhor Filme no Festival de Gramado.

CARLOTA JOAQUINA, direção Carla Camuratti Aos 10 anos, a infanta espanhola Carlota Joaquina é prometida a D. João VI de Portugal. É o início de uma trajetória de brigas, infidelidade e rusgas pelo poder, que levam o casal, após herdar o trono, ao Brasil, para fugir do avanço das tropas napoleônicas.

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O QUATRILHO, direção Walter Salles Jr. A saga da imigração italiana no Sul do Brasil, entre 1910 e 1930, na história de dois casais, Ângelo e Teresa e Pierina e Massimo. A tradição de valores é rompida quando Pierina e Ângelo se apaixonam e fogem, deixando tudo para trás. Baseado no romance de José Clemente Pozenato. Indicado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

O PAGADOR DE PROMESSAS, direção Anselmo Duarte Zé do Burro (Leonardo Villar) e sua mulher Rosa (Glória Menezes) vivem em uma pequena propriedade a 42 quilômetros de Salvador. Um dia, o burro de estimação de Zé é atingido por um raio e ele acaba indo a um terreiro de candomblé, onde faz uma promessa a Santa Bárbara para salvar o animal. Com o restabelecimento do bicho, Zé põe-se a cumprir a promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão Bonitão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba. Bem... Então é isto. Vamos agora a algumas dicas básicas em relação ao Enem para não ficar dúvida alguma.

O ENEM COSTUMA APRESENTAR ILUSTRAÇÕES, CHARGES E ARTES PLÁSTICAS Diferentes formas de expressão podem aparecer na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.

Muitas vezes, o candidato nem se dá conta, mas está utilizando os conhecimentos das aulas de artes ao responder questões do Enem. Isso acontece quando é preciso interpretar ilustrações, charges e, claro, obras de arte.

Essas abordagens aparecem na prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. A relação entre artes e assuntos de literatura, filosofia e história que costuma aparecer na prova se dá pelo fato de que a arte está diretamente relacionada à vida e à forma como a sociedade se reconhece.

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Além disso, ao estudar os períodos artísticos, o aluno está também fazendo uma recapitulação histórica, seja do mundo ou de seu país.

– Saber identificar um período artístico exige do aluno conhecimento histórico sobre as fases da arte, suas principais manifestações e contribuições sociais. A compreensão do percurso histórico da arte favorece ao aluno uma reflexão sobre o hoje, passando a ser mais fácil perceber as mudanças ocorridas. O valor cultural de um país depende do seu reconhecimento. Sem sabermos do passado, não há como compreendermos o presente – orienta Rafaela.

Exemplo 1

A obra Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso, apresenta os horrores da guerra, retratando o bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica em 26 de abril de 1937 por aviões alemães que apoiavam o ditador Francisco Franco.

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Exemplo 2

A obra A Estudante, de Anita Malfatti, na qual a pintora faz uso de certa deformação moderada, procurando fugir de modelos clássicos. Isso porque o Brasil da época de 1915 ainda acreditava que o Neoclassicismo fosse a melhor forma artística. Será a exposição de Anita Malfatti que mudará o rumo da arte brasileira abrindo caminho para a Semana de Arte Moderna de 1922.

O QUE JÁ CAIU 1998 a 2009 - Questões sobre Van Gogh (pós-impressionista), Pablo Picasso (cubismo), Tarsila do Amaral, Cândido Portinari e Anita Malfatti (Modernismo Brasileiro).

2010 - Questões sobre Andy Warhol (Pop Art), Leonardo da Vinci (Renascimento), Pablo Picasso (Cubismo), Salvador Dalí (Surrealismo), Claude Monet (Impressionismo), Anita Malfatti (Modernismo Brasileiro).

2011 - Arte Urbana, Arte Pré-Histórica, Arte Conceitual e Pablo Picasso (Guernica — Cubismo).

2012 – Pablo Picasso (Cubismo), Aleijadinho (Barroco Brasileiro), Rafael Sanzio (Renascimento), Heitor dos Prazeres (Arte Popular), Marc Chagall, Oscar Niemeyer.

DICAS 277


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– Os períodos artísticos têm grande vínculo com fatores históricos e sociais da época em que se consolidam. Por isso, para interpretar uma pintura, é importante situá-la no tempo e no espaço.

– Ao identificar a época, o estudante deve buscar referências do período. No início do século 20, por exemplo, surgiram as vanguardas europeias, influenciadas pela máquina e pela guerra.

– O uso de símbolos e signos induzem a compreensão de elementos ocultos na obra. Para isso, o aluno deve ficar atento a alguns fatores, entre eles: período artístico da obra e seu contexto épico.

Saber interpretar e relacionar imagens a contexto em que foram produzidas é fundamental para ir bem no exame. Frequentes nas provas do Enem, charges, cartuns, quadrinhos, ilustrações e tirinhas acabam não tendo graça nenhuma em um momento tenso. Incluí-los está entre os objetivos dos avaliadores ao buscar sempre levar o cotidiano, por lúdico que seja, à sequência de perguntas que definirá os próximos passos na vida de milhões de estudantes. Muitas vezes, as imagens motivam interpretações para as questões, isso quando não formam a questão em si. Personagens que marcaram a infância de muitos voltam para mostrar que, mais do que divertir, convidam à reflexão. Crianças como Calvin e Mafalda e animais como Garfield e Snoopy apresentam, em sua inocência, dilemas complexos, questionamentos sociais importantes, críticas contundentes. As tirinhas estão entre as preferidas da banca do Enem. Folhear um caderno com questões de Linguagens, por exemplo, é encontrar, a cada uma ou duas páginas, alguma referência gráfica motivando perguntas. – Todas as situações de avaliação no Enem estruturam-se de modo a verificar se o participante é capaz de ler e de interpretar textos de linguagem verbal, visual e enunciados.

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Assim, as imagens se fazem presente em praticamente todos os temas. Para compreendê-las, é necessário reconhecer as funções que desempenham, a mensagem transmitida pelos artistas, a ligação entre figuras e texto. Para testar sua capacidade de interpretação, é exigido dos candidatos que entendam o sentido dos recursos visuais (quando vêm sozinhos) ou identifiquem a relação de significado entre imagens e palavras (quando são apresentadas no mesmo enunciado). – Uma coisa é saber ler; outra é saber interpretar. Uma criança de cinco anos consegue decifrar palavras, mas não vai ser capaz de ler Machado de Assis. O Enem exige isto: que o leitor demonstre esse nível mais alto de conhecimento. Se são uma constante dentro de qualquer uma das provas, é em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias que as imagens ganham maior destaque. No mais abrangente dos testes, as artes também marcam presença. O candidato deve estar rpeparado para interpretar e explicar quadros de pintores famosos, além de compreender o contexto histórico em que foram concebidos. – A prova deixa clara a necessidade de interpretação para o aluno, que é importante em todas as disciplinas. Em 2011, por exemplo, foi cobrada uma análise do quadro Guernica, em que era preciso perceber seu tom monocromático e como os elementos plásticos mostram o horror da guerra. O Enem procura mostrar que não é apenas no texto literário que se exploram os recursos de construção de sentido. – Avaliação de tabelas e pesquisas, conhecimento dos diferentes níveis e funções de linguagem, cruzamento de informações escritas e linguagens gráficas, como pinturas, esculturas, fotografias, arquiteturas, publicidades... Tudo pode ser cobrado no exame. O candidato precisa sempre fazer uma análise cuidadosa da imagem que lhe é apresentada. Para fazer a análise crítica das imagens, como pede a prova, o indicado é sempre levado a se basear no enunciado da própria questão. Afinal, há diversas interpretações para cada peça artística, então é importante entender o que está sendo pedido antes de partir para a leitura visual.

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5 PASSOS PARA INTERPRETAR IMAGENS E TEXTOS 1) identifique e selecione os elementos relevantes 2) organize ideias sobre os recursos textuais e visuais 3) estabeleça relações entre eles 4) interprete a mensagem geral da imagem 5) entenda se as hipóteses apresentadas nas alternativas se aplicam ou não. QUADROS -Períodos artísticos têm relação com fatores históricos e sociais de suas épocas. Para interpretar uma pintura, compreenda quando ela foi produzida. -É importante entender os movimentos e seus equivalentes em outras artes, relacionando, por exemplo, obras de artistas plásticosdo modernismo brasileiro e das vanguardas europeias, como Pablo Picasso, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Cândido Portinari. CHARGES -As provas do Enem nunca deixam de cobrar interpretação de texto em charges, que misturam humor e crítica, geralmente acompanhadas de linguagem coloquial e duplo sentido. -Tais imagens costumam estar relacionadas a acontecimentos do cotidiano, então, quem está bem informado sobre fatos recentes sai na frente. TIRINHAS -O exame pede que o aluno mostre ter entendido a piada e encontre uma alternativa que a explica, o que pode gerar confusão na interpretação entre humor e crítica.

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-É fundamental prestar tanta atenção aos diálogos quanto ao desenho: não raramente, os elementos gráficos dão o tom adequado para entendero que está escrito. COMO ANALISAR IMAGENS NO ENEM -Faça perguntas: qual o assunto da charge? O que ela representa? O texto faz referência a ela ou pede uma interpretação mais profunda? Há possibilidades diversas de entendê-la? - Analise cada detalhe: no caso de tirinhas e desenhos em geral, os recursos gráficos são muito poucos, então cada palavra, cada traço é importante – e pode definir pistas para a resposta correta. - Entenda seu contexto: compreender o período histórico em que um quadro foi produzido ajuda a contextualizá-lo. O significado da obra geralmente está ligado à época em que ela foi produzida. -Concentre-se no enunciado: há diversas interpretações possíveis para cada imagem, e o que está sendo especificamente cobrado deve ser detalhado na pergunta. A questão define a análise a ser feita.

ALGUMAS QUESTÕES SÓ PARA RELEMBRAR

ARTE EGÍPCIA 1. Em 2001, a cidade de São Paulo foi palco da exposição pioneira "A Arte no Egito no Tempo dos Faraós". Pela primeira vez foram expostas no Brasil 56 peças da milenar civilização do Egito Antigo, trazidas diretamente do acervo do Museu do Louvre, de Paris. Assim, os brasileiros tiveram oportunidade de visualizar um panorama de 3.000 anos de arte de uma das primeiras civilizações da história. Considere as seguintes afirmativas sobre o Egito Antigo, sua história e sua religião: I. Inserido no contexto do Modo de Produção Asiático, o Egito antigo conviveu com as outras civilizações localizadas nas proximidades do Mediterrâneo Oriental consideradas as primeiras da história, como as que se desenvolveram na Mesopotâmia e na Palestina, além de fenícios e persas.

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II. A religião egípcia, como todas as outras religiões antigas, caracteriza-se pelo monoteísmo, apresentando Deus como um ser com os vícios e virtudes dos homens, porém, muito mais sábio e com a magia que o torna muito mais poderoso. III. O estudo da história egípcia nos tempos modernos começou com a descoberta da pedra de Rosetta e a interpretação dos hieróglifos pelo historiador francês Jean François Champollion (1790-1832), que em 1826 pediu ao rei Carlos X, da França, para começar uma coleção de antiguidades egípcias no Louvre, que hoje conta com mais de 60 mil itens. Das afirmativas acima, pode-se dizer que: a) apenas I está correta. b) apenas II está correta. c) apenas III está correta. d) I e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 2. O Antigo Egito é conhecido pela grandeza de sua arte e arquitetura representadas pelas pirâmides. Sua religião é estudada por historiadores, arqueólogos, antropólogos, místicos entre muitos outros. Sobre a religião egípcia podemos afirmar: a) O rei era definido como o centro de todas as coisas, no Egito; somente durante o reinado de Amenófis IV, a nação viveu sob o politeísmo. b) O rei se definia literalmente como o centro de todas as coisas, inclusive, dos países estrangeiros; somente durante o reinado de Amenófis III, o Egito viveu sob o monoteísmo. c) O rei se definia literalmente como o centro de todas as coisas, inclusive, dos países estrangeiros; somente durante o reinado de Amenófis IV, o Egito viveu sob o monoteísmo. d) O rei se posicionava como centro do mundo natural, inclusive dos países estrangeiros, mas, durante o reinado de Amenófis IV, o Egito laicizou-se do Estado. e) O rei se definia literalmente apenas como dirigente de todas as coisas, inclusive dos países estrangeiros, devidamente escolhido por seus súditos. Somente, durante o reinado de Amenófis IV, o Egito viveu sob o politeísmo. 282


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3. A morte sempre esteve no contexto das representações dos povos desde a antiguidade até a Idade Contemporânea. As visões e atitudes diante da morte podem ser percebidas pelo homem, em cada momento da história. Nesse sentido, pode-se afirmar que: a) quando um faraó egípcio morria, ele não era julgado no Tribunal de Osíris. Pelo poder acumulado, estes faraós já tinham entrada garantida no reino dos céus ou no reino do além. b) eram comuns, tanto no Egito como na Europa medieval, as práticas de embalsamamento dos corpos dos Faraós e sacerdotes. c) segundo a religião do Egito, quando alguém morria era julgado pelo tribunal de Osíris. Lá, seu coração era colocado em uma parte da balança e, na outra, uma pluma de avestruz de Maát, representando a justiça. A pesagem era registrada pelo escriba dos deuses, o deus Thot. Se a balança se equilibrasse, o morto era conduzido, por Osíris, para o além. d) Na Idade Média tratou-se da morte não como um rito de passagem para a morada definitiva da alma, a derradeira peregrinação do homem-viajante medieval, mas como o momento de ressurreição para a vida eterna. 4. Aos egípcios devemos uma herança rica em cultura, ciência e religiosidade: eram habilidosos cirurgiões e sabiam relacionar as doenças com as causa naturais; criaram as operações aritméticas e inventaram o sistema decimal e o ábaco. Sobre os egípcios, é correto afirmar também que: a) foram conhecidos pelas construções de navios, que os levaram a conquistar as rotas comerciais para o Ocidente, devido a sua posição geográfica, perto do mar Mediterrâneo. b) deixaram, além dos hieróglifos, outros dois sistemas de escrita: o hierático, empregado para fins práticos, e o demótico, uma forma simplificada e popular do hierático. c) praticaram o sacrifício humano como forma de obter chuvas e boas colheitas, haja vista o território onde se desenvolveram ser desértico. d) fizeram o uso da escrita cuneiforme, que inicialmente foi utilizada para designar objetos concretos e depois ganhou maior complexidade. e) usaram as pirâmides para fins práticos, como, por exemplo, a observação astronômica. 283


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5. Analise a imagem:

É correto afirmar que a imagem representa: a) uma cena do cotidiano dos hititas, na pesagem de mercadorias comercializadas com o povo egípcio. b) acontecimentos do sonho de Moisés, de libertação do povo hebreu, quando era prisioneiro do faraó egípcio. c) o início do mundo para os antigos egípcios, quando Nut, deusa do céu e das estrelas, anuncia sua vitória diante de Chu, deus do Ar. d) o livro dos mortos dos egípcios, com Osíris à direita e Anúbis ao centro, pesando o coração de um morto para avaliar sua vida. 6. A pintura egípcia pode ser caracterizada como uma arte que: a) definiu os valores passageiros e transitórios como forma de representação privilegiada. b) concebeu as imagens como modelo de conduta, utilizando-as em rituais profanos. c) adornou os palácios como forma de representação pública do poder político. d) valorizou a originalidade na criação artística como possibilidade de experimentação de novos estilos. e) elegeu os valores eternos, presentes nos monumentos funerários, como objeto de representação. 7. Sobre a arte egípcia, é incorreto afirmar: a) As grandes manifestações da arquitetura egípcia foram os magníficos templos religiosos, as pirâmides, os hipogeus e as mastabas.

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b) Na pintura, as figuras eram representadas com os olhos e os ombros em perfil, embora com restante do corpo de frente. c) A escultura egípcia obedecia a uma orientação predominantemente religiosa. Eram numerosas as estátuas esculpidas com a finalidade de ficar dentro de túmulos. A escultura egípcia atingiu seu desenvolvimento máximo com os sarcófagos, esculpidos em pedra ou madeira. d) A cultura egípcia foi profundamente marcada pela religião e pela supremacia política do faraó. Esses dois elementos exerceram grande influência nas artes (arquitetura, escultura, pintura, literatura) e na atividade científica. e) A gradação, a mistura de tonalidades, o claro-escuro não eram utilizados. 8. Sobre o Antigo Egito, assinale a(s) alternativa(s) correta(s): 1 - A religiosidade egípcia tinha, como sua principal característica, o monoteísmo antropozoomórfico. 2 - A formação da sociedade e a economia egípcia estavam intimamente vinculadas às cheias e vazantes periódicas dos rios Tigre e Eufrates. 3 - A produção artística era predominantemente de inspiração religiosa. 4 - A preocupação com os mortos fez com que os egípcios construíssem túmulos duradouros como as Mastabas e os Hipogeus, lugares onde eram sepultados nobres e sacerdotes ilustres. 5 - A economia era controlada pelo faraó, dono nominal da maioria das terras, sendo a agricultura a principal atividade econômica que, de modo geral, estava voltada para suprir as necessidades da população. 9. A arquitetura dos templos do Antigo Egito apresentava entre suas características: a) a utilização de tijolos de argila queimada na construção de colunas e paredes; b) o seu reduzido tamanho, por serem apenas moradia da divindade; c) a inexistência de telhados, uma vez que quase não ocorriam chuvas durante todo o ano; d) a ausência de esculturas, uma vez que os preceitos religiosos de então não permitiam a representação da figura humana; e) a excessiva grandeza em suas dimensões e solidez na construção, com emprego intensivo de pedra como matéria-prima. 285


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10. As manifestações religiosas da cultura egípcia caracterizaram-se por uma estreita relação com a natureza. Por isso: a) os deuses assumiram formas de animais ou de forças da natureza; b) os templos obedeciam às linhas ditadas pelas formas naturais, impedindo a criatividade dos artistas; c) todos os mortos eram colocados em sarcófagos e guardados nas pirâmides para serem protegidos contra a ira divina da natureza; d) as esculturas humanas não possuíam feições definidas pelo temor de ofender aos deuses da natureza; e) a astronomia foi pouco desenvolvida em virtude do misticismo que cercava os estudos dos astros. 11. Observe e compare as imagens seguintes:

a) Cite uma diferença na forma de representação do corpo humano numa e noutra escultura. b) Explique a importância da escrita para o Estado egípcio na época dos faraós e a dos jogos olímpicos para as cidades gregas do século VIII a.C. ao V a.C. 12. Considerando a escrita egípcia, é correto afirmar que: a) a utilização de recursos decorativos favoreceu a escrita em virtude de facilitar a compreensão popular; b) os sinais apresentados constituíam um aperfeiçoamento da arte profana como forma de expressão; c) a diversidade de sinais utilizados tornava complexa a representação do que se queria exprimir; 286


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d) a diversidade de sinais utilizados na escrita resultou de uma imposição religiosa; e) os desenhos elaborados representavam uma simplificação da escrita hierática. 13. Em relação à arte do Egito Antigo, assinale a alternativa correta: a) Visava à valorização individual do artista. b) Manifestava as ideias estéticas com representações da natureza, evitando a representação da figura humana. c) Estava destinada à glorificação do faraó e à representação da vida de além-túmulo. d) Aproveitava os hieróglifos como ornamentação. e) Era uma arte abstrata de difícil interpretação. 14. “Essa lei determinava que o tronco da pessoa fosse representado sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil”. Assinale a alternativa CORRETA que contém o nome dessa lei: a) Lei da modernidade b) Lei da frontalidade c) Lei da mortalidade d) Lei da lateralidade 15. Na Antiguidade, a busca pela superação das dificuldades naturais acontece ao mesmo tempo em que são criadas manifestações culturais que visam simbolizar o conteúdo dessa luta. Nas manifestações artísticas dessa época, julgue verdadeiro (V) ou falso (F): ( ) a predominância de obras arquitetônicas religiosas, marcadas pela grandiosidade. ( ) de uma maneira geral, a inexistência de trabalhos de pintura, destacando-se apenas algumas obras religiosas no Egito. (

) a expressiva presença das construções da arquitetura grega, que buscavam a harmonia e o

equilíbrio.

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(

) a originalidade da arte romana, expressa em suas esculturas majestosas e seus palácios

monumentais. ( ) a ausência de construções relacionadas com aspectos não-religiosos.

ARTE GREGA 16. Observe e compare os monumentos.

O elemento comum às construções apresentadas constitui: a) um esforço de ostentação perdulária, de demonstração de hegemonia e de poder de grandes impérios unificados. b) uma expressão simbólica das concepções religiosas da Antiguidade, que se estenderam até os dias atuais. c) um aspecto da arquitetura monumental que se opõe à concepção do homem como medida de todas as coisas. d) um princípio arquitetônico estrutural modificado ao longo da história por concepções religiosas, políticas e artísticas. e) uma comprovação do predomínio dos valores estéticos sobre os religiosos, políticos e sociais. 17. Em relação à arte grega, assinale a(s) alternativa(s) correta(s):

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01) Os escultores gregos do período arcaico tinham uma predileção por representar o corpo humano em posições simetricamente equilibradas. 02) A escultura grega, tanto do período arcaico quanto dos períodos posteriores, prezava pela simetria estática, eliminando qualquer tipo de dinamismo ou ideia de movimento. 03) Os escultores gregos tiveram predileção pelo mármore como matéria-prima principal, sendo muito difícil encontrar esculturas em outros materiais como o bronze. 04) Diferentemente da arte egípcia, que tinha uma conotação religiosa, a arte grega não estava submetida a fortes convenções, o que permitiu sua evolução mais livremente. 05) A pintura em cerâmica grega pode ser caracterizada em duas fases: a primeira, em que as figuras são representadas em negro; e a segunda, em que as figuras têm a coloração natural do barro, geralmente chamada de fase vermelha. 18. Leia: “Uma das principais expressões da arte grega, o teatro, tem suas origens ligadas às Dionisíacas, festas em homenagem a Dionísio, deus do vinho.” (Myriam Mota e Patrícia Braick, História das Cavernas ao Terceiro Milênio, 2002. p. 65.) Dois gêneros clássicos do teatro grego originaram-se destes festivais, são eles: A - melodrama e tragédia B - drama e pantomima C - tragédia e drama D - vaudeville e comédia E - tragédia e comédia 19. A cultura grega contribuiu diretamente na inauguração de várias manifestações artísticas, filosóficas e científicas. Também marcou a origem da Mitologia, que buscava a explicação para as principais questões da existência humana, da natureza e da sociedade. Sobre a história política da Grécia, na Antiguidade Clássica, pode-se dizer que esta se caracterizou: A - pela alternativa de dinastia hegemônica.

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B - por uma federação estável, que era regida de forma ditatorial. C - por uma organização imperial. D - pela existência de cidades-estados que atuavam, politicamente, como unidades autônomas. E - por uma organização teocrática. 20. Muito do que se conhece sobre os primórdios da civilização grega deve-se à obra literária atribuída a Homero. Um dos eventos mais marcantes desse período foi a Guerra de Troia cuja motivação primária: A - Foi a disputa pelas rotas comerciais entre a península do Peloponeso e os povos micênicos, opondo as esquadras de Ulisses e Agamenon. B - Deveu-se a invasão troiana nas colônias gregas da Ásia Menor por Ulisses, provocando a reação de Aquiles, rei da Tessália. C - Foi o rapto feito por Páris, filho de Príamo, rei de Troia, da jovem Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, motivando a reação deste último. D - Derivou das disputas pela hegemonia da Grécia entre as principais cidades-estados, lideradas por Ulisses, Aquiles e Paris. E - Foi a constituição de uma aliança militar entre Esparta e Troia, visando restringir a expansão Ateniense na região. 21. O filme 300, que fez grande sucesso nos cinemas de todo o mundo em 2007, tematiza uma das batalhas mais importantes das Guerras Médicas. Tal evento pode ser caracterizado como um conflito que: A - foi causado pelo processo de expansão territorial do império persa, que ambicionava expandir seus domínios sobre os gregos. B - enfraqueceu as cidades-Estado gregas e persas, facilitando o domínio macedônico sobre a região. C - culminou no domínio dos gregos sobre os persas e no florescimento cultural de Esparta. D - marcou o processo de unificação entre medas e persas, garantindo a sua supremacia econômica na região da Mesopotâmia. 290


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22. Verdadeiros fundadores da filosofia, os pensadores “pré-socráticos” inauguraram, a partir do século VI a.C., uma nova atitude mental ante a realidade material, substituindo, progressivamente, as elaborações de cunho mitológico por especulações de caráter científico-filosófico. A propósito desse importante momento da história da filosofia, são feitas as seguintes afirmações: I) Segundo a tradição, Tales de Mileto foi o primeiro filósofo a tratar a questão da origem e transformação de todas as coisas. Para ele, “a água era o princípio de tudo”. II) Atribui-se a Pitágoras de Samos (e a seus seguidores) a ideia de que “todas as coisas são como os números”, ou seja, de que todo o mundo – inclusive a alma – se forma segundo uma estrutura harmoniosa. III) Os atomistas (Leucipo de Mileto e Demócrito de Abdera) afirmavam ser toda a matéria formada por átomos, ou seja, pó “partículas minúsculas, eternas e indivisíveis”, que, em movimento, se chocavam entre si, provocando assim o nascimento, a mudança e aniquilamento de todas as coisas. Assinale: A - se apenas I é correta. B - se apenas II é correta. C - se apenas III é correta. D - se apenas I e II são corretas. E - se I, II e III são corretas. 23. A sociedade grega criou seus mitos e deuses, mas também elaborou um pensamento filosófico que expressava sua preocupação com a verdade e a ética. Além de Aristóteles, Platão e Sócrates, muitos pensadores merecem ser citados e discutidos, como os sofistas, que: A - formularam princípios éticos, revolucionários para a época e de grande significado para o pensamento de Platão. B - defenderam a liberdade de expressão, embora estivessem ligados à aristocracia ateniense, contrária à ampliação da cidadania.

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C - construíram reflexões sobre o comportamento humano que serviram de base para Aristóteles pensar a sua metafísica. D - criticaram a existência de verdades absolutas, afirmando ser o homem a medida de todas as coisas. E - ajudaram a consolidar o pensamento conservador grego, reafirmando a importância da mitologia. 24. Leia o texto abaixo: As figuras escavadas em pedra nos mármores de Elgin, que circundavam o Parthenon, encorajavam as esperanças dos atenienses. Assim batizadas em honra do nobre inglês que as levou para Roma no século XIX, elas podem ser apreciadas hoje no Museu Britânico. Nos mármores estão esculpidas cenas em honra da fundação de Atenas e aos seus deuses. Celebrava-se o triunfo da civilização sobre o barbarismo. (Adaptado de Richard Sennett, A pedra e a carne. O Corpo e a Cidade na civilização Ocidental. Rio de Janeiro: Record. 2003. p. 37.) a) Explique o que significa "bárbaro" na Atenas Clássica. b) Segundo o texto, o que o Parthenon e seus mármores significavam? c) Explique por que a apropriação desses mármores pelos ingleses se dá no século XIX. 25. Na antiguidade clássica greco-romana, os cidadãos participavam ativamente da vida pública, social, religiosa e militar, sempre exercendo as funções de comando e liderança. Em relação a esse fato, assinale a alternativa incorreta: A - A era helenística marcou a transição da civilização grega para a romana. B - O cristianismo conseguiu se converter em religião oficial do Estado somente no ano mil. C - As olimpíadas foram criadas pelos gregos, como forma de homenagem à sua divindade suprema, Zeus. D - Na sociedade espartana, a rigorosa disciplina e a educação militarizada tinham claros objetivos políticos. E - A exemplo do Coliseu, os anfiteatros romanos foram cenários de festas e espetáculos, vulgarizados na prática do pão e circo. 26. Os poemas homéricos são fontes históricas para se conhecerem os primeiros tempos da cultura e da sociedade grega. 292


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No chamado período homérico: A - a sociedade grega tinha na religião sua grande base de poder; B - os gregos conservaram formas de governo sem intervenção da religião; C - essa sociedade viveu as primeiras experiências democráticas; D - observa-se uma grande atuação dos principais filósofos gregos; E - os gregos valorizaram o pacifismo e o teatro épico de Aristófanes. 27. A arte grega construiu espaço significativo na história do mundo ocidental. Sobre esta arte, podese afirmar que: A - privilegiou a pintura e a música, inspirando os artistas do tempo medieval e do renascimento; B - teve, na arquitetura, obras de destaque, em que um dos princípios básicos era a harmonia das formas; C - se destacou com originalidade, na música da antiguidade, influenciando depois os grandes artistas modernistas; D - se preocupou em seguir os ensinamentos realistas de Platão – o filósofo maior da cultura grega que se dedicou ao estudo da estética; E - não teve penetração na vida cotidiana das grandes cidades gregas, sendo apenas admirada pelas escolas elitizadas. 28. O teatro trouxe expressões artísticas importantes para a formação do povo grego, as quais repercutiram historicamente no mundo ocidental. As tragédias gregas tinham, assim, notável força dramática e: A - possuíam grande conteúdo ético, embora fossem distantes das manifestações religiosas; B - tiveram repercussões na construção da filosofia e na cultura; C - se restringiam às grandes ações dos mitos ligados às elites; D – não expressavam momentos de conflito dos homens com a sua existência; E - são iguais às tragédias modernas, explorando a ironia e o humor. 293


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29. Leia abaixo: “(...) Os homens comuns desaparecem com a morte, no terrível esquecimento do Hades tornam-se anônimos, sem-nome. Somente o indivíduo heroico, aceitando enfrentar a morte na flor de sua juventude, vê seu nome perpetuar-se gloriosamente de geração em geração. Sua figura singular fica para sempre inscrita na vida comum...” (VERNANT, Jean Pierre. L’individu, la mort, l’amour: soi-même et l’autre en Grèce ancienne. Paris: Gallimard, 1989. p. 217.) Assinale a alternativa correta quanto à construção da imagem do guerreiro na Grécia Antiga: A - As epopeias eram narrativas da vida de indivíduos comuns durante o período homérico. B - A Ilíada e a Odisseia foram as narrativas que consolidaram o ideal de guerreiro. C - A Ilíada é a narrativa que desconstruiu a idealização do guerreiro. D - Para os gregos a imortalidade era conquistada através das ações cotidianas.' E - A morte dos deuses do Olimpo era uma forma de perpetuar a imagem dos guerreiros. 30. Entre os legados dos gregos da Antiguidade Clássica que se mantêm na vida contemporânea, podemos citar: A - a concepção de democracia com a participação do voto universal; B - a promoção do espírito de confraternização por intermédio do esporte e de jogos; C - a idealização e a valorização do trabalho manual em todas suas dimensões; D - os valores artísticos como expressão do mundo religioso e cristão; E - os planejamentos urbanísticos segundo padrões das cidades-acrópoles. 31. Para entender a História, é importante buscar meios, a fim de explicá-la e poder compreender melhor as relações sociais e os mistérios do mundo. Na Antiguidade, a filosofia grega muito contribuiu para a reflexão e, mesmo nos dias atuais, sua produção tem acentuado destaque no pensamento ocidental. Com relação à contribuição dos filósofos gregos, podemos afirmar que: A - as teorias de Platão sedimentaram as bases do idealismo, pois defendiam o relativismo político e se contrapunham aos ensinamentos de Sócrates; 294


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B - as reflexões dos sofistas causaram grande impacto na sociedade da época, com seu relativismo e seus questionamentos sobre a existência da verdade; C - a filosofia de Aristóteles sintetizou o pensamento do mundo antigo, contribuindo para afirmar a possibilidade do relativismo e a necessidade de certezas absolutas; D - as reflexões de Sócrates sobre a ética e a virtude não foram sistematizadas e eram totalmente contrárias às reflexões de Aristóteles; E - a compreensão que os pré-socráticos tinham da formação do universo pouco significou para o pensamento filosófico, sobretudo as teorias de Demócrito e Parmênides. 32. Observe a afirmativa abaixo: O legado da Grécia à filosofia ocidental é a filosofia ocidental. (Bernard Williams. In: Finley M. I. O legado da Grécia, 1998.) A afirmação baseia-se no fato de que: A - a filosofia moderna ocidental, apesar de ter deixado o pensamento filosófico grego para trás, recupera como princípio básico o legado mítico dos helenos; B - os filósofos gregos foram lidos pelos romanos, depois negados pela tradição romântica medieval e, posteriormente, recuperados por iluministas, como Voltaire e Diderot; C - os gregos foram os criadores de quase todos os campos importantes do conhecimento filosófico, como a metafísica, a lógica, a ética e a filosofia política; D - os sofistas, como Sócrates e Platão, responsáveis pela produção de obras no campo da mitologia, consolidaram os princípios da filosofia ocidental moderna; E - a metafísica de Platão tem estruturado, até hoje, as bases conceituais e filosóficas do pensamento científico e tecnológico contemporâneo ocidental. 33. O período helenístico foi marcado por grandes transformações na civilização grega. Entre suas características, podemos destacar: A - O desenvolvimento de correntes filosóficas que, diante do esvaziamento das atividades políticas das cidades-Estado, faziam do problema ético o centro de suas preocupações visando, principalmente, o aprimoramento interior do ser humano. 295


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B - Um completo afastamento da cultura grega com relação às tradições orientais, decorrente, sobretudo, das rivalidades com os persas e da postura depreciativa que considerava bárbaros todos os povos que não falavam o seu idioma. C - A manutenção da autonomia das cidades-Estado, a essa altura articuladas primeiro na Liga de Delos, sob o comando de Atenas e, posteriormente, sob a Liga do Peloponeso, liderada por Esparta. D - A difusão da religião islâmica na região da Macedônia, terra natal de Felipe II, conquistador das cidades-Estado gregas. E - O apogeu da cultura helênica representado, principalmente, pelo florescimento da filosofia e do teatro e o estabelecimento da democracia ateniense. 34. Considere o fragmento abaixo: “... na Grécia Arcaica, o aedo (isto é, poeta cantor) representava o máximo poder da comunicação. Toda visão do mundo e consciência de sua propria história é, para os gregos, conservada e transmitida pelo canto do poeta.” Dois importantes nomes que correspondem à descrição de poeta a que o texto se refere são: A - Tucídides e Heródoto; B - Platão e Heráclito; C - Pitágoras e Ulisses; D - Homero e Hesíodo; E - Aquiles e Teseu. 35. Os poemas atribuídos a Homero – a Ilíada e a Odisséia – falam, respectivamente: A - das histórias de Zeus, rei dos deuses gregos, e do herói Teseu, que matou o Minotauro; B - da sociedade ateniense e da sociedade espartana; C - da Eclésia, o órgão mais importante da democracia ateniense, e do Areópago, o tribunal mais antigo de Atenas; D - da guerra de Troia e da viagem de Ulisses; E - da Lei das Doze Tábuas e do cavalo de Troia. 296


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36. A herança grega constitui uma das bases do pensamento ocidental. Enumere os parênteses conforme a correspondência adequada e, depois, aponte a alternativa que contém a sequência correta: 01) Historiador, narra a história da Guerra do Peloponeso. 02) Orador, opôs-se aos planos de Filipe da Macedônia com relação à Grécia. 03) Filósofo, divulgou a máxima: “Conhece a ti mesmo”. 04) Médico, é considerado o Pai da Medicina. 05) Sábio grego, ensinava que tudo na natureza derivava de um elemento básico – a água. ( ) Sócrates ( ) Hipócrates ( ) Tales de Mileto ( ) Tucídides ( ) Demóstenes A - 3, 5, 2, 1, 4 B - 3, 4, 5, 1, 2 C - 3, 4, 5, 2, 1 D - 5, 4, 3, 1, 2 E - 3, 5, 1, 4, 2 37. Sobre a religião dos gregos, podemos afirmar que: I. Era uma religião antropomórfica, ou seja, os deuses, além da forma, tinham direitos e virtudes humanos. II. Era grande o número de deuses, que mais se assemelhavam aos heróis lendários. III. Era uma religião prática, cujos seguidores pediam ajuda para a atividade e não para a salvação de sua alma. 297


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IV. Não havia dogmas. A - Todas as afirmativas estão corretas. B - Somente a alternativa I está correta. C - As afirmativas I e II estão corretas. D - As afirmativas II e IV estão corretas. E - Nda. 38. Escreveram peças para teatro, durante o Século de Péricles (V a.C.): A - Homero, Tucídides, Heródoto e Xenofonte; B - Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes; C - Sócrates, Protágoras, Platão e Aristófanes; D - Eratóstenes, Arquimedes, Euclides e Pitágoras; E - Píndaro, Alceu, Safo e Hesíodo. 39. A civilização grega atingiu extraordinário desenvolvimento. Os ideais gregos de liberdade e a crença na capacidade criadora do homem têm permanente significado. Acerca do imenso e diversificado legado cultural grego, é correto afirmar que: A - a importância dos jogos olímpicos limitava-se aos esportes; B - a democracia espartana era representativa; C - a escultura helênica, embora desligada da religião, valorizava o corpo humano; D - os atenienses valorizavam o ócio e desprezavam os negócios; E - poemas, com narrações sobre aventuras épicas, são importantes para a compreensão do período homérico. 40. A filosofia ocidental. Um de seus filósofos nada escreveu; sua doutrina só chegou até nós através de seus discípulos. Suas máximas são “Só sei que nada sei” “Conhece-te a ti mesmo”. Foi condenado à morte, acusado de corromper a juventude.

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Esse filósofo foi: A - Aristóteles; B - Heródoto; C - Platão; D - Sócrates; E - Xenofonte. 41. Considere a afirmativa abaixo: Através da filosofia, os gregos instituíram para o Ocidente europeu as bases e os princípios fundamentais do que chamamos razão, racionalidade, ciência, ética, política, técnica, arte. (Marilena Chauí . Convite à Filosofia.) Com base nessa afirmação, assinale a alternativa correta: A - através dos mitos, os gregos antigos procuravam explicar a origem do mundo e dos fenômenos naturais. Aos poucos, estas explicações foram sendo substituídas por categorias lógicas e racionais; B - filósofos gregos procuravam respostas para as questões sobre a origem do mundo. Estes fazem parte da segunda fase da filosofia grega, conhecida como pré-socrática ou cosmológica; C - no final do século X a.C., teve início a segunda fase da filosofia grega, conhecida como socrática ou antropológica. Neste período, os filósofos passaram a se preocupar também com os problemas relacionados ao indivíduo e à organização da humanidade; D - Sócrates foi um dos filósofos mais procurados na Grécia Antiga, por ajudar as pessoas, resolvendo ele mesmo seus problemas seus problemas, levando-as a encontrarem suas próprias respostas. Por incentivar o raciocínio, foi perseguido pelas autoridades atenienses, julgado e condenado à morte; E - a filosofia na Grécia teve ainda no século IV a.C. a sua segunda fase: a sistemática. Aristóteles, discípulo de Platão, é o principal representante desse período.

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ARTE ROMANA 42. A grandiosidade do Império Romano criava muitos problemas administrativos e conflitos de poder, dificultando a ação dos seus governantes. Na arte, os romanos seguiram soluções práticas para facilitar sua vida urbana. A arquitetura romana, por exemplo, foi: A - marcada pela influência dos etruscos apenas no uso da abóbada. B - definida pelas influências grega e egípcia, o que resultou em construções grandiosas em homenagem aos deuses. C - marcada pela utilização de pedras e tijolos, utilizados em grandes edifícios públicos. D - suntuosa nas construções públicas, que eram de grande originalidade para a época. E - baseada no uso exclusivo do arco, graças à influência dos mesopotâmicos. 43. Analise as afirmações a seguir: I. A Igreja Cristã, perseguida pelos romanos, transformou-se na instituição religiosa oficial do Império Romano, a partir do século IV d.C. II. Inspiradas na cultura grega, a mitologia, a religião e as artes romanas consagraram uma unidade que caracterizou o mundo ocidental grecoromano. III. Controlando um império de proporções gigantescas, os romanos criaram e mantiveram um exército forte e bem treinado, além de uma estrutura jurídica ampla e eficiente. IV. A República Romana se caracterizou por um governo centralizado e monárquico em que os imperadores controlavam toda a política, fechando instituições como o Senado. V. A economia romana era totalmente voltada ao comércio com o Oriente. A agricultura era desenvolvida nas províncias do Império Romano, sendo que elas produziam somente o que ele desejasse e determinasse. A alternativa que contém todas as afirmações corretas é: A - I – II – IV – V B - I – II – V 300


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C - II – III – IV D - III – IV – V E - I – II – III 44. Assinale verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmações sobre o desenvolvimento tecnológico das sociedades da Antiguidade. 1. ( ) A prática da agricultura, além de permitir aumentar a produção de alimentos, impulsionou inovações em diversos campos do conhecimento, como os sistemas de escrita, a matemática e a astronomia, com a utilização de calendários para organizar a vida social, religiosa e produtiva nas diversas estações. 2. (

) As civilizações do Crescente Fértil aprimoraram conhecimentos para garantir o emprego

adequado do solo, empregaram sistemas de irrigação para melhor aproveitar as águas dos rios, promoveram o conveniente armazenamento das safras, além de alcançarem notáveis avanços na arquitetura e engenharia com a construção de templos religiosos e funerários monumentais. 3. (

) Mesmo sem terem desenvolvido grandes conhecimentos no campo da matemática e das

ciências da natureza – como a biologia, a física e a cosmologia – as polis ou cidades-estados da Grécia antiga notabilizaram-se por legarem ao mundo posterior a filosofia e a democracia, concretizando os princípios de justiça social, igualdade política e cidadania para todos seus habitantes, independente de serem estrangeiros, escravos, mulheres, iletrados ou pobres. 4. ( ) O Império Romano, além de aprimorar a tecnologia da guerra para expandir suas conquistas militares, efetivou avanços significativos na arquitetura e na engenharia com a construção de estradas, portos, aquedutos, termas, circos, mercados, edifícios públicos e redes de esgoto e de água para as cidades. A sequência correta é: A - V - F - V - F. B - F - F - F - V. C - V - V - V - V. D - F - F - V - F. E - V - V - F - V. 301


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45. O Império Romano constituiu-se como um dos mais importantes da Antiguidade, tanto pela área de sua abrangência quanto pelas heranças culturais deixadas para a posteridade do mundo ocidental, nas áreas de conhecimento e nos diversos campos de atividades. Acerca do exposto, todas as alternativas estão corretas, exceto: A - Na Palestina, alvo de conflitos interétnicos que estão na ordem do dia, surgiu o cristianismo, que se tornou a religião oficial do Império Romano. B - O Direito Romano dividia-se em dois ramos fundamentais, o Direito Público e Direito Privado, classificação ainda usada na atualidade. C - O termo mecenato, usado até os dias atuais, referia-se à proteção do estado romano para as instituições de crédito que promoviam obras sociais. D - Abóbadas, arcos e cúpulas, freqüentemente utilizados em obras da arquitetura moderna, eram de uso comum no estilo funcional das construções romanas. E - As terminologias científicas utilizadas internacionalmente para a denominação de insetos, animais, doenças e medicamentos derivam, em grande parte, do latim. 46. A civilização romana exerceu uma definida influência sobre as sociedades ulteriores. Assinale a afirmação correta: A - A ciência do Direito foi utilizada na Idade Média e na Época Contemporânea; países europeus incorporaram parte dela em seus códigos. B - A arquitetura foi conservada nas igrejas luteranas. C - A literatura romana influenciou o surgimento do Iluminismo. D - A escultura romana do tempo de Péricles foi lembrada nas estátuas e colunas da Europa Medieval. E - Nda. 47. Leia: Os Romanos mostraram-se extraordinariamente inventivos no domínio do urbanismo. As "cidades novas", construídas durante a época imperial, muitas vezes a partir de acampamentos militares, espalharam a ordem romana até aos confins do Império. Esta concepção de cidade planejada,

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edificada com uma finalidade muito concreta e, por vezes, quase simultaneamente em cada uma das suas partes, só a voltaremos a encontrar no século XX. (UPJOHN et al., p. 48) Com base na análise do texto e nos conhecimentos sobre a arquitetura na Antiguidade Oriental e na Clássica, pode-se afirmar: 1 - A arquitetura romana concentrou-se na construção de edifícios com finalidade religiosa, descuidando-se das obras de infra-estrutura e de atendimento às necessidades das populações urbanas. 2 - As cidades romanas do Período Imperial obedeciam a modelos urbanísticos voltados para "finalidade muito concreta", enquanto as cidades-estado da Grécia e da Fenícia funcionavam para atender ao conjunto de ações necessárias ao exercício da vida social. 3 - A sobrevivência, até os dias atuais, de templos e palácios construídos pelos gregos e pelos egípcios decorre do uso de materiais resistentes e da aplicação de princípios arquitetônicos científicos conhecidos na época, fazendo-os resistir à ação do tempo e dos homens. 4 - A sobrevivência, até os dias atuais, de templos e palácios construídos pelos gregos e pelos egípcios decorre do uso de materiais resistentes e da aplicação de princípios arquitetônicos científicos conhecidos na época, fazendo-os resistir à ação do tempo e dos homens. 5 - A arquitetura romana expressava o caráter burocrático e pragmático da cultura dominante, enquanto a arquitetura grega se voltava para a representação dos elementos que fundamentavam sua mitologia e sua concepção de mundo. 48. Os impérios da Antiguidade conseguiram dominar extensas áreas territoriais com força militar e negociações políticas. A grandeza dos romanos é sempre ressaltada, quando se refere ao domínio de outros povos. Os romanos: A - construíram um império baseado apenas na sua expressiva força militar, decorrente de um numeroso e combativo exército; B - dominaram toda península Ibérica, não conseguindo derrotar povos de outras regiões da Europa; C - conseguiram construir uma complexa administração para manter seu império, com feitos administrativos seguidos pela cultura ocidental;

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D - fracassaram na tentativa de dominar os gregos que resistiram nas lutas realizadas no Mar Mediterrâneo; E - não se preocuparam com a cultura dos outros povos, mantendo sua identidade cultural e religiosa, basicamente ocidental. 49. A civilização ocidental contemporânea apresenta traços marcantes que revelam o legado cultural da civilização romana. Indique e comente: a) O idioma usado pelos romanos - o latim - que deu origem às chamadas línguas polilatinas, e o Direito Romano, que constituiu a base da legislação ocidental b) O idioma usado pelos romanos - o latim - que deu origem às chamadas línguas neolatinas, e o Direito Romano, que constituiu a base da legislação ocidental c) O idioma usado pelos romanos - o italiano - que deu origem às chamadas línguas neolatinas, e o Direito Romano, que constituiu a base da legislação ocidental d) n.d.a. 50. Observe a imagem abaixo:

O Templo da Concórdia foi construído no sul da Sicília, no século V a.C., e é um marco da: a) arte românica, caracterizada pelos arcos de meia volta e pela inspiração religiosa politeísta.b) arquitetura clássica, imposta pelos macedônios à ilha no processo de helenização empreendido por Alexandre, o Grande.

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c) arte etrusca, oriunda do norte da península itálica e desenvolvida no Mediterrâneo durante o período de hegemonia romana. d) arquitetura dórica, levada à ilha pelos gregos na expansão e colonização mediterrânea da chamada Magna Grécia. e) arte gótica, marcada pela verticalização das construções e pela sugestão de ascese dos homens ao reino dos céus. GABARITO: 1. D

2. C

15. VFVFF

3. C

4. B

16. D 17. 25

5. D 18. E

6. E 19. D

7. B

8. 28

9. E

10. A12. C 13. C

20. C 21. A22. E 23. D25. B 26. A 27. B 28. B

29. B 30. B 31. B

32. C

33. A 34.D 35. D 36. C 37. A38. B 39. E 40. D

42. C

45. C

46. A

43. E

44. E

47. 30

14. B

48. C49. B

40. D

41. A

50. D

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Bem... Chegamos ao final! É claro que a arte é um assunto que nunca tem fim. O que fizemos aqui foi resumir ao máximo para que você consiga se situar melhor com seus alunos, tendo um guia para seguir. Eu sei que todo professor de arte é um ser criativo, e sei que você vai conseguir transformar este material em algo seu, com sua maneira de lecionar, seu jeito de mostrar aos alunos que a arte está presente em nossa vida, e é necessária para que tenhamos uma história. Seja você, sempre! Mostre que tipo de professor você é. Crie, invente, tente sempre! E muito obrigada por partilharmos desses preciosos momentos! Espero que tenha gostado e que o Arte Fácil – Ensino Médio tenha alcançado suas expectativas. Que Deus o (a) abençoe!

Cátia Barbosa A autora

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