SLOANE Você não pode dizer a alguém para não morrer só porque é véspera de Natal. Eu deveria saber. Eu já tentei duas vezes e não funcionou em nenhuma delas. St. Peter tem tido movimento sem trégua desde que comecei meu turno 36 horas atrás, e não parece que as coisas vão se acalmar em breve. Zeth vai me matar. Eu, supostamente, deveria estar em casa cerca de 12 horas atrás, mas o ferimento de bala, a overdose de álcool e as vítimas de uma briga de bar continuam a me prender aqui. Agora eu e Mikey, o interno, estamos com uma maca do lado de fora do hospital, esperando pelo segundo acidente de carro da noite e meu corpo está zumbindo. Está perto da meia-noite. Eu deveria estar exausta, mas a adrenalina, que está me ajudando a agir e pensar rápido no andar de trauma, me mantém tensa e acordada. — Você acha que vai parar de nevar em breve? — Mikey pergunta. — Eu deveria dirigir até Snoqualmie Pass1 quando sair daqui. Nesste ritmo, as estradas vão estar fechadas. — Odeio dar as más notícias, amigo, mas as estradas já estão fechadas. — Eu bato nas cotas de Mikey, dando a ele o meu melhor olhar consolador. Eu os ouvi hoje à noite mais cedo lendo no rádio que fica na estação das enfermeiras a lista de bloqueios e estradas fechadas, esperando ofegante para ver se a estrada que dá acesso à minha própria ainda estaria aberta. Agradecidamente, ela está. Azar para Mikey, no entanto. Ele tem uma sorte de merda. — Ahhh, porra, cara. Toda minha família já está lá. Eu vou comer o feijão cozido com torrada do jantar de Natal amanhã. Sozinho.
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Região montanhosa a 45 Km de Seattle, aproximadamente. ~1~
— Melhor se acostumar com isso. Ser um médico geralmente significa não ter Natal. Ou Páscoa. Ou Ação de Graças. Ou o seu aniversário. Basicamente, você não tem nada. — Perfeito. — Mikey diz em um amuo mal-humorado enquanto nós esperamos e os gordos e grandes flocos de neve continuam caindo silenciosamente ao nosso redor. É como se estivéssemos presos dentro de um globo de neve; tudo está tão imóvel. Pelo menos até que eu vejo piscando as luzes da ambulância que vem rasgando a estrada em nossa direção. — Aqui vamos nós. Entrando. — Dou um olhar sobre o ombro bem na hora em que Oliver Massey corre para fora do prédio atrás de mim, grandes nuvens de fumaça saindo com a sua respiração. Ele está puxando um par de luvas de borracha, os olhos semicerrados na estrada, procurando pela ambulância. — Desculpe, mas perdi o garoto que eu estava fechando. Levou um tempo para estabilizá-lo. O que nós temos? — Dois pacientes, — Mikey diz. — Mulher, início dos trinta, com potencial ferimento na coluna e grande perda de sangue. Além dela, um dos bombeiros que responderam ao chamado. Ele estava deslizando pela janela do passageiro do carro que a outra paciente estava presa. O poste de luz em que ela bateu caiu em cima do veículo. Ele tem um ferimento da cabeça, perna quebrada e possível hemorragia interna. — Ah. Certo, bem, eu acho que isso explica o caminhão dos bombeiros estão, — Oliver diz. E lá está, há um caminhão de bombeiros trazendo a ambulância, todas as luzes acesas e sirenes estridentes ecoando na noite. Os dois veículos de atendimento de emergência param no estacionamento, o caminhão de bombeiros fica do lado de fora do lote de desembarque enquanto que a ambulância estaciona bem em frente à porta.
~2~
Oliver e Mikey correm com a maca em direção aos pacientes enquanto eu me apresso para ir falar com a paramédica que está pulando da parte de trás da ambulância.
— Deveria haver outra
ambulância. Onde está nosso segundo paciente? — A caminho. As estradas estão uma loucura. Tivemos sorte que nós chegamos aqui sãos e salvos. — Quem você tem aí? — Alex Massey, tenente do posto de bombeiros 63. Ele estava acordado quando o levantamos, mas perdeu a consciência logo depois. Ele está sistólico. Pressão arterial no chão. Injetamos dopamina no caminho. — Certo, melhor nos movermos rápido então. Precisamos descobrir como ele está por dentro. Oliver e Mikey já estão correndo com a maca com o bombeiro ferido para dentro do St. Peter. O rosto de Oliver está pálido, branco como um lençol. — Preciso que você assuma isso, Sloane, — ele me diz. — Não posso, estou na área de trauma essa noite. Preciso vigiar a emergência... — Sloane, você está assumindo essa porra. Eu preciso de você. Preciso de você. — Olly... — É o meu irmão, Sloane. É a porra do meu irmão.
******
~3~
Consegui que Dr. Tarney ficasse com o trauma no meu lugar para que eu pudesse assumir a outra situação. De jeito nenhum Oliver deveria operar seu próprio irmão – isso vai contra todas as regras do hospital – mas não há como impedi-lo. Quando a Diretora fica sabendo que Alexis Massey precisa de atenção médica, ele já está a recebendo. Nós
estamos
lutando
para
achar
a
fonte
da
extensa
hemorragia interna de Alex, quando a Diretora entra abruptamente na sala de operação, uma máscara cirúrgica cobrindo seu rosto. — Dr. Massey? Dr. Massey, você precisa se afastar do paciente agora mesmo, — ela diz calmamente. Mas Oliver está trabalhando como um homem possuído, no entanto. Não há nenhuma maneira que ele vá se afastar. — Receio que as coisas estejam meio críticas aqui nesse momento, Diretora. Você terá que me desculpar se eu declinar. — Dr. Massey, eu já estou pronta. Posso pegar o seu lugar. Você precisa sair. Agora. Oliver olha para mim, me fazendo silenciosamente a pergunta – eu cubro as suas costas? Eu aceno. Alguns médicos desmoronariam em situações como essa, mas não Olly. Ele está galvanizado, trabalhando metodicamente. Ele não mostra nenhum sinal de comprometimento emocional. Se ele estivesse, eu seria a primeira pessoa a concordar com a Diretora. Dessa maneira, eu digo — Ele consegue fazer isso, Diretora. Dr. Massey está atualmente segurando um sangramento arterial. Se ele sair... — Eu posso pegá-lo. Oliver. Estou falando sério. Não é assim que nós trabalhamos. Oliver franze a testa, ainda totalmente focado no seu trabalho. — Você é a melhor cirurgiã cardiotorácica neste hospital? — Sua voz é totalmente estável. A Diretora não diz nada. ~4~
— Porque, da última vez que eu verifiquei, você era a melhor cirurgiã pediátrica neste hospital e eu acabei de ser promovido a coordenador
do
meu
departamento.
Que
por
acaso
é
cirurgia
cardiotorácica. — Oliver. — Eu tenho isso sob controle, Diretora. Agora, se você me desculpar, tenho que me concentrar em não deixar que o coração do meu irmão se rasgue. A Diretora me dá um olhar severo – eu ainda não fui perdoada pela merda louca em que fui pega dois meses atrás, e me aliar a um Oliver desobediente não vai me ajudar em nada. — Certo, — ela estala. — Mas eu vou estar observando cada movimento que você fizer. — A Diretora bufa exasperadamente e sai da sala, batendo no botão de saída com seu cotovelo para manter o local estéril. Oliver levanta o olhar para mim uma vez que ela se foi. — Obrigado. — Só o salve, ok. Eu vou estar trabalhando em turnos extras com os pacientes com DST por te ajudar com isso. — Eu devo ter perdido a cabeça. Não balance o barco: isso é o que eu digo a mim mesma cada vez que coloco um pé pelas portas do hospital, e o que acabei de fazer? Balançando o maldito barco. Quase virando o maldito barco. — Ela está lá em cima? — Oliver pergunta enquanto seus olhos se arremessam para cima em direção ao observatório2. Olho para cima bem a tempo de ver a Diretora abrindo a porta da caixa de vidro acima de nós. A máscara cirúrgica se foi, o que me permite ver toda a sua expressão facial – quão verdadeiramente furiosa ela está. Ela olha para mim quando se senta próximo a... Ela se senta próximo a Zeth.
É uma sala fechada, separada por um vidro, que fica em um nível mais alto que a sala de cirurgia e serve de observatório para médicos e, principalmente, estudantes. 2
~5~
— Porra. — Eu sussurro baixinho. Que diabos ele está fazendo aqui? — Ahhh, merda. Sloane, algo não está certo. Eu pensei que tinha segurado o fluxo, mas há mais sangue agora. Não está vindo do coração. Nós precisamos encontrar. Zeth é esquecido. O observatório poderia muito bem não existir quando eu fixo cada grama de concentração no problema em minhas mãos. Oliver e eu mantemos nossas cabeças abaixadas enquanto trabalhamos em uníssono, parte de uma máquina bem lubrificada, enquanto tentamos encontrar a fonte do sangramento de Alex. Ela acaba por estar na parte de baixo do seu intestino. Não é uma causa usual para tanto sangue, especialmente se infiltrando na cavidade torácica, mas o dano é grave. Nós ressecamos uma boa parte do baixo intestino de Alex, lutando para salvar cada milímetro que podemos. Alex é um bombeiro. Eu não o conheço, mas posso garantir que ele não quer uma bolsa de colostomia. As horas passam. Nós conseguimos preservar o suficiente do intestino para evitar ter que instalar a bolsa imediatamente, mas só o tempo dirá o que vai acontecer. Se Alex desenvolver uma infecção e o tecido não sarar, teremos que revisitar essa ideia. Oliver está bamboleando em seus pés enquanto fechamos o seu irmão. Eu estou bem, cabeça limpa e alerta, até que nós costuramos Alex e as enfermeiras o levam. Exaustão me bate como uma parede de tijolos na cara assim que as responsabilidades com o meu paciente acabam, no entanto. Sinto-me bêbada quando Oliver e eu tiramos as luvas cirúrgicas e máscaras e as jogamos nos cestos de lixo de material contaminado. Fora da sala de cirurgia, Oliver se perde. Sua compostura o abandona enquanto ele desliza pela parede e começa a chorar. — Oh meu Deus. Olly, ele vai ficar bem. Você fez um bom trabalho. Ei, não se ~6~
preocupe. — Eu me agacho e enrolo meus braços ao redor dele, abraçando-o enquanto seu corpo treme. Eu sei que essa reação não é por medo com a segurança de Alex. O cara deve estar bem, nada de horrível vai acontecer. É somente o choque. A pressão de ter que se segurar por tantas horas está cobrando pedágio. — Obrigado. Obrigado. Eu não teria confiado em ninguém mais, — Oliver diz, tomando uma respiração profunda. — Porra, isso é estúpido. — Ele limpa suas lágrimas com as costas das mãos e então fica de pé. Seu rosto se avermelha um pouco quando ele olhar por cima do meu ombro. — Acho que eu já monopolizei o bastante do seu tempo, Romera. Parece que você precisava estar em outro lugar. Zeth está inclinado contra a parede do corredor, suas mãos nos bolsos, nos olhando. Ele olha para seus pés quando vê que foi pego. — Sim, eu jurei que estaria em casa no Natal, — eu digo. — Então você deveria ir. — Oliver me dá um gentil empurrão nas costas. Eu realmente deveria. Zeth nunca quebrou uma promessa que fez para mim. Tenho o objetivo de honrar as minhas promessas também. — Se algo acontecer, você sabe que pode me ligar imediatamente, — digo a Oliver. — Eu sei. — Ok. Vejo você em dois dias, Ol. — Me viro para ir para o corredor, mas ele me chama, parando-me antes que eu alcance Zeth. — Ei, Romera? — Sim? Ele me dá um sorriso fraco e sem entusiasmo. — Feliz Natal, certo?
~7~
— Feliz Natal, Ol.
~8~
ZETH
Ela parece como se estivesse pronta para desmaiar. Eu acho que vou ter que pegá-la quando ela entra em colapso contra mim, seu rosto pressionado no meu peito, mas não preciso. Ela só está cansada e se apoia em mim. Enrolo meus braços ao redor dela de qualquer maneira, porque é para isso que estou aqui. Sempre. Estar lá para ela se apoiar será meu primeiro trabalho agora e até o dia em que eu morrer, e cara, eu tenho um sério caso de trabalho satisfatório. — Você está bem? — Eu respiro em seu cabelo. Ela acena, grunhindo algo inaudível na minha jaqueta de couro. Beijo o topo da sua cabeça, ajeitando as mechas que escaparam do seu rabo de cavalo. — Vou te levar para casa agora, garota irritada. Você tem algo a dizer sobre isso? Ela olha para mim, seus olhos já fechando, e me dá um sorriso preguiçoso. — Eu agradeceria a Deus por isso. Ela cai no sono no carro, sua testa pressionada contra o vidro frio da janela do passageiro, e eu não posso evitar, porra. A cada oportunidade possível, me encontro olhando para ela com o canto do meu olho. Preciso ter certeza que o milagre que é essa mulher é real. Vi isso pela primeira vez no complexo de Julio, quando Carnie trouxe Alexis e a deitou sobre a mesa. Sloane foi uma força da natureza, imparável e totalmente focada em uma única coisa enquanto trabalhava no corpo quebrado da sua irmã. Ela salvou a vida de Alexis quando ela teria morrido de outra maneira, com toda certeza. Observá-la naquela vez tirou meu fôlego. A mesma coisa aconteceu essa noite, vendo-a trabalhar no cara na mesa de operações. Ela não hesitou. Ela não parou e ela não desistiu nem ~9~
uma vez. Nem quando a Diretora do hospital, sentada perto de mim, começou a xingar como um marinheiro quando o cara teve não apenas uma parada cardíaca, mas duas. Minha garota irritada é uma heroína do caralho. O Hummer feio que Rebel deixou para trás conosco em Seattle luta para subir a estrada estreita e ventosa até nossa casa quando deixamos a cidade. Neve cobre tudo – a estrada, as árvores, as montanhas distantes. Todo o mundo parece ser branco sob os faróis do carro enquanto eu nos levo para o calor de casa. Ela ainda está dormindo quando eu paro do lado de fora. Não tenho coragem de acordá-la, então tiro minha jaqueta e a coloca sobre ela
enquanto
a
levanto
do
carro
e
a
carrego
para
dentro
cuidadosamente. O fogo já se apagou, mas Ernie ainda está deitado em uma bolinha em frente às cinzas. Ele ergue a cabeça quando nós entramos, mas não late. Que terrível cão de guarda do caralho. Eu acho que nós já aceitamos o fato de que é mais provável que Ernie ignore um invasor do que o ataque. Passo com Sloane pelos preparativos esquecidos que eu tinha feito para surpreendê-la quando ela chegasse em casa, indo direto para as escadas que levam ao quarto. A dispo e com tanto cuidado quanto posso, passo a ponta dos dedos em seus seios intumescidos – me processe, eu não sou a porra de um santo – e depois a acomodo sob as cobertas, guerreando comigo mesmo. Quero acordá-la e fodê-la. Também quero que ela esteja totalmente de mente sã da próxima vez que a gente trepar, então eu posso manter meu pau dentro das calças. Hospital St. Peter do caralho. O lugar está determinado a arruinar minha vida sexual. Em vez de perturbar seu sono, deixo Sloane em seus sonhos e desço as escadas para o primeiro andar. A mesa está exatamente como eu a deixei, exceto que agora a comida está fria e as velas estão todas derretidas. Eu cozinhei para ela? Claro que não, porra. Mas seria ~ 10 ~
melhor você acreditar que eu tentei e quando isso não deu certo, encomendei sua comida tailandesa favorita. O Pad tailandês parece uma bagunça congelada no prato agora. Pego tudo e jogo no lixo, meio que feliz por ela não ter feito isso. Eu tinha sido impulsivo. Ia fazer uma coisa imprudente e agora estou um pouco aliviado que as coisas não funcionaram do jeito que planejei. Depois de ver Sloane no hospital hoje à noite, a última coisa que ela precisa é de mim agindo como um adolescente apaixonado, fazendo ligações precipitadas e desregulando a sua merda. Ela precisa de foco. Ela precisa se concentrar em ser a melhor que ela puder no seu trabalho. Não quero ficar no caminho disso. Não mais uma vez. Seguro minha jaqueta de couro, pegando do bolso o presente que planejei dar a ela esta noite. Fecho minha mão ao redor disso, balançando minha cabeça, imaginando que diabos eu estava pensando. O presente vai para o fundo de uma gaveta atrás de uma pilha de papeis, e eu tiro isso da cabeça. Digo a mim mesmo para fazer isso. Mas quando vou dormir, minha mão descansando pesada no quadril de Sloane, eu tenho um sonho. Não é um sonho sobre lutar no escuro ou com minha mãe chorando no banco da frente do carro. É um sonho com algo muito mais doce.
~ 11 ~
SLOANE Houve um tempo em que meu namorado não dormiria na mesma
cama
que
eu.
Ainda
há
noites
em
que
ele
está
particularmente inquieto e eu vou acordar para descobrir que ele se foi, mas esta manhã eu sei que ele ainda está comigo. Eu sei por causa do peso do seu braço sobre mim e me sinto como se estivesse pregada ao colchão. Eu nem sequer tento me mover. Não é como se eu pudesse. Eu me sinto presa. No entanto, me sinto segura, então por que quereria escapar? Fecho meus olhos e me permito ficar à deriva, ouvindo os sons abafados da neve deslizando do telhado junto com o som da respiração estável de Zeth. Isso é como o Paraíso parece. No momento em que o amanhecer se rompe, posso sentir que ele está acordando. Ele não se mexe ou fecha seu aperto ao meu redor. O ritmo da sua respiração continua o mesmo. Estou repentinamente ciente que ele está lá, sua consciência presente ao lado da minha, enquanto antes não estava. Depois de um longo tempo, ele rola sua cabeça pelo travesseiro para poder dar um beijo no meu ombro. — Feliz Natal, Dra. Romera, — ele me diz, sua voz rouca de sono. — Feliz Natal para você também. — Eu me esquivo para trás, a bunda primeiro, mas primeiro me aninho na curva do seu corpo e ele solta um gemido sonolento. — Continue fazendo isso e você vai ter problemas para caminhar pelo resto da semana.
~ 12 ~
— Tenho alguns dias de folga. — Eu mordo meu lábio, tentando esconder o sorriso em minha voz. — Caminhar é superestimado, de qualquer maneira. — Ah é? — Ele se inclina para baixo e beija meu ombro de novo, mas dessa vez provocando minha pele com seus dentes, me mordendo suavemente. Seu braço desliza pela minha cintura, me segurando. — Michael está chegando essa manhã. Vou telefonar e dizer para que ele não se incomode. — Não se atreva. É Natal e ele ficou em Seattle para te ajudar com a academia. Nós somos sua família aqui. Ele vai passar o dia de Natal conosco. Zeth rosna coisas inarticuladas no meu pescoço. Eu acho que alguma delas pode ter algo a ver com Rebel sendo um imbecil e não cuidando da sua própria família. Quando a respiração quente de Zeth roçou na minha pele, suas mãos roçaram outras partes do meu corpo. Rapidamente dedos seguros viajaram para baixo pelo meu estômago, passando pelo meu quadril, onde ele suavemente provocou minha coxa e o local entre as minhas pernas. — Separe-as para mim, — ele grunhe, baixo e profundo na minha orelha. Eu não tenho problemas em ouvi-lo dessa vez. Abro minhas pernas ao seu primeiro pedido, não precisando que ele diga mais do que uma vez. Zeth faz um agradável som de aprovação no fundo da sua garganta. Suas mãos continuam sua jornada pelo meu corpo, dessa vez fazendo um desvio entre as minhas coxas, para cima, então a ponta dos seus dedos pastam contra o fino material da minha calcinha. — Você está pronta para o seu presente de Natal, Sloane? Como se ele precisasse perguntar. Minha respiração já está rápida, meu pulso correndo à toda velocidade. Eu aceno rapidamente, enrolando minha mão ao redor do seu antebraço, incentivando-o a fazer isso – tocar meu ponto hipersensível entre as pernas onde parece que cada terminação nervosa do meu corpo se origina. — Depende do que
~ 13 ~
você tem para, — eu digo. — E se você está planejando me fazer implorar por isso. Zeth está totalmente acordado agora. Posso dizer pela maneira como seus músculos estão tensos, seu corpo endurecendo contra o meu. Todo ele. Posso sentir sua rígida ereção pressionando contra a minha bunda. — Você nunca terá que me implorar pelo que estou prestes a te dar, garota irritada. Comporte-se mal o suficiente e você pode tê-lo sempre que quiser. Espere aqui. Ele pula fora da cama, jogando as cobertas de lado, então uma corrente de ar gelado me atinge nas costas. Está frio do lado de fora do nosso pequeno casulo de cobertas e eu imediatamente sinto falta da pele quente dele na minha. Ele caminha descalço pelo quarto, os músculos das suas costas movendo-se lindamente enquanto ele caminha. Sua bunda nua – ele se recusa a dormir vestido, mesmo que estejamos no auge do inverno – é a definição de perfeição. Ele dá uma risada malvada quando puxa... Quando ele puxa do fundo do armário a sua mochila preta. Meu coração começa a bater contra minha caixa torácica como se estivesse tentando sair. — O que você está fazendo? — Eu pergunto cautelosamente. Quando ele se vira, Zeth está trabalhando seu punho para cima e para baixo na sua ereção, sorrindo sombriamente. — O que parece que eu estou fazendo? Não me preocupo em responder a ele. Eu me levanto, meio que considerando pular da cama e fazer uma pausa nisso. Sinto-me assim – uma trilha de adrenalina correndo pelo meu corpo cada vez que eu vejo essa maldita mochila descansando ali no fundo do nosso armário. Eu sempre me impeço de abri-la e também sempre me impeço de sair correndo. — Você foi uma boa garota esse ano, Sloane? — Zeth troveja, fazendo seu caminha em direção à cama. Em direção a mim. — Ou você foi... Má? ~ 14 ~
Cubro minha boca com meus dedos, segurando a respiração. — Qual a resposta certa aqui? Tenho a sensação de que não há uma. Um sorriso moderadamente sinistro se espalha pelo rosto do meu namorado. Ele alcançou a cama agora. Ele está baixando a mochila até seu pé, se movendo com cautela enquanto segura a alça e começa lentamente a abrir o zíper... — Isso não importa, na verdade, — ele diz. — Você irá ter o mesmo tratamento de qualquer maneira. Feche seus olhos. Nós jogamos esse jogo da galinha3, onde eu finjo que sou mais corajosa do que ele pensa que eu sou, e eu faço de primeira tudo que ele me pede. Hoje está muito mais difícil de obedecer, no entanto. Estou um pouco perturbada por seja lá o que ele vai puxar para fora da mochila essa manhã. — Sloane? — Zeth inclina a cabeça para um lado, levantando uma sobrancelha. Eu fecho os olhos, meu pulso latejando em cada parte do meu corpo quando a cama afunda e ele sobe sobre ela. — Abra sua boca, garota irritada, — ele sussurra. Eu faço isso. Posso provar o seu gosto salgado quando ele me provoca com a ponta do seu pênis sobre os meus lábios. Sobre a ponta da minha língua. Isso... Isso é algo com o qual posso lidar bem feliz. Jogo minha cabeça para frente, pronta para levá-lo todo na minha boca, mas Zeth agarra um punhado do meu cabeço e me puxa para trás. — Ah ah ah. Você ainda não merece isso. — Caralho... — Eu mordo a necessidade de dizer algo ruim a ele. Zeth curva-se sobre mim, puxando meu lábio inferior com seus dentes. — Que boca suja.
3
É um modelo de jogo de conflito para dois participantes em teoria dos jogos. O princípio do jogo é que, enquanto cada jogador não deve se render ao outro, coisas horríveis acontecem enquanto eles não se rendem. O termo “galinha” (chicken, no original) é usado em uma conotação que quer dizer “covarde” – no caso, o primeiro a se render. ~ 15 ~
Há um milhão de comentário que eu poderia devolver a ele, mas eu o conheço. Ele está com um humor de jogador e eu não quero irritálo. Eu engasgo, vacilando com a deliciosa dor dos seus dentes puxando a minha carne, sua mão puxando meu cabelo. Ele se afasta um segundo depois e então eu sinto a ferroada dura e fria do aço contra a pele dos meus pulsos. Algemas. Zeth prende minhas mãos sobre minha cabeça, fazendo sons apreciativos enquanto afasta as cobertas do meu corpo, revelando meus seios nus. O frio já não importa mais. Tudo que importa é o que Zeth vai puxar da mochila a seguir. Ele não me faz esperar muito. O resto das cobertas são jogadas no chão e então sou somente eu algemada na cabeceira da cama, vulnerável e à mostra, enquanto ele se posiciona sobre mim. — Você quer isso, garota irritada? — Ele sussurra, sua respiração quente e rápida contra minha bochecha. Eu aceno com a cabeça enquanto luto com a necessidade de abrir meus olhos. Isso é parte do jogo, no entanto. Se eu abri-los, terei o desobedecido. Se eu resistir e mantê-los fechados, terei feito como me foi dito. Esses dias, metade do jogo é esperando para descobrir se eu vou receber dor ou prazer. Eu já desisti de fingir que prefiro o segundo. Eu sempre me divido entre os dois, querendo o delírio do prazer sobre mim, mas também a furiosa picada da dor acendendo meu corpo e me trazendo à vida. É quase como se eu não pudesse ter um sem o outro agora. Quase pulo para fora da minha pele quando Zeth pressiona agora frio e duro contra o interior da minha perna. — Preciso que você fique de costas para mim, — ele me diz. — Seja uma boa garota e fique de joelhos. Agora. Eu me viro, meus pulsos torcendo um pouco com as algemas enterradas na minha pele. ~ 16 ~
— Bom. Agora separe essas pernas para mim. E se incline para baixo. Calor flui por mim, meio por vergonha, meio por antecipação. Eu não tenho absolutamente nenhuma razão para estar envergonhada. Zeth já explorou cada parte do meu corpo, de cada ângulo possível, mas me expor a ele desse jeito é sempre um pequeno confronto. Ele murmura enquanto passa suas mãos sobre a minha bunda e se abaixa indo para frente, para que sua língua possa correr pelo meu núcleo, lambendo minha buceta. — Tão. Doce. Pra. Caralho, — ele rosna. Ele ama me chupar e o faz desde o nosso primeiro encontro. Meu corpo está tremendo com o tenso prazer da sua língua trabalhando sobre mim quando ele decide que eu já tive o bastante. Zeth se endireita e se inclina para mim, descansando seu pênis contra as minhas nádegas. — Esses olhos ainda estão fechados, garota irritada? — Ele troveja no meu ouvido. — Sim, — eu choramingo. — Boa garota. Que boa garota. — Ele está se movendo então, deslizando algo frio e sólido no interior da minha perna de novo. Isso começa a vibrar quando ele empurra contra a entrada da minha buceta. — Se prepare, — ele me diz. — Você vai se sentir muito... Preenchida. Ele desliza seja lá o que for que tem na mão – um vibrador, deve ser – mais, mais, mais para dentro de mim até que o cabo disso pressiona contra o meu clitóris. A intensidade das vibrações aumenta, enviando uma onda de prazer sobre a minha pele. — Oh... Meu... Deus. — Nós não terminamos ainda, —
Zeth diz. Eu entendo
imediatamente depois o que ele planejou. Ele impulsiona seus quadris ~ 17 ~
contra a minha bunda, a ponta do seu pênis deslizando entre minhas nádegas, e eu puxo uma respiração afiada e nervosa. Eu não fiz isso antes. Não com algo já dentro de mim. — Confia em mim, — Zeth pergunta, empurrando um pouco maus duro. Tento
acalmar
o
trovão
no
meu
coração,
completamente
conflituoso pelo começo de um orgasmo crescendo dentro de mim e a perspectiva de como vou lidar com o que ele está prestes a fazer. — Sim. Sim, eu confio em você, — eu exalo, tentando me preparar. Uma respiração profunda não é o bastante, no entanto. O calor escaldante da dor que se lança por mim quando Zeth empurra lentamente dentro do meu cu é quase esmagador. Agarro-me à cabeceira da cama, as algemas se enterrando mais fundo na minha pele, e eu me preparo contra a sensação que tudo consome. Ele não está nem sequer perto de entrar todo em mim quando ele para, inclinando-se sobre o meu corpo para trabalhar o vibrador dentro da minha buceta, sua outra mão trabalhando meu clitóris. — Relaxe. Respira, Sloane. — Ele beija meu ombro, lambendo minha pele, gemendo quando eu aperto e tenciono ao redor dele. — Você diz quando. Você está no controle. Não me sinto muito no controle na minha atual posição, amarrada à cama e com o seu pênis me empalando, mas eu sei que ele não está mentindo para mim. Posso não me sentir no controle, mas posso fazer isso parar a qualquer momento. É só eu dizer a palavra e isso estará acabado. Mas... Eu não quero que acabe. Porque, debaixo da dor e do calor escaldante... Isso é muito bom. — Lentamente, — eu sussurro. — Só... Vá devagar. E assim ele faz. Milímetro por milímetro, Zeth cuidadosamente começa a balançar contra mim, facilitando seu caminho para dentro. Com cada movimento do seu corpo contra o meu, meus músculos ~ 18 ~
perdem sua tensão. Não demora muito para que eu esteja me movendo com ele, inclinando meus quadris para trás, testando os limites do que eu posso tomar aqui. — Porra. Você é perfeita pra caralho, — Zeth geme. — Isso está me matando. Eu só quero te foder tão duro. Enterrar o meu pau dento de você até que as minhas bolas estejam batendo nesse teu cuzinho apertado. — Então... Então faça isso. — Eu sei que vou viver na ponta de uma faca, me arrependendo e glorificando por essas palavras assim que elas saem da minha boca, mas ainda assim as digo. Zeth faz que um som carnal e inarticulado enquanto ele se inclina sobre mim e então se empurra para dentro. Ele está tremendo, seu corpo vibrando contra o meu enquanto ele me fode. Eu nunca pensei que seria possível gozar assim, mas sinto a construção no meu interior mesmo agora. Os pequenos pulsos de prazer disparados através de mim por causa do vibrador são intensificados cem vezes pelo som do prazer de Zeth queimando através de mim. Isso me empurra sobre a borda. Puxo meus braços e pernas quando meu orgasmo me rasga como uma bala disparada de uma arma. Os dedos de Zeth se enterram na minha bunda, suas unhas rasgando a pele enquanto ele chega ao clímax junto comigo. Posso senti-lo pulsando dentro de mim, me reivindicando como dele. Nenhum de nós pode respirar, falar ou se mover quando isso acaba. Zeth pressiona sua testa nas minhas costas, lutando para encher seus pulmões, até que eu não posso mais aguentá-lo dentro de mim e me contorço. Eu me afundo na cama, minhas mãos ainda presas sobre minha cabeça, e Zeth trabalha para me libertar. — Você achar que os vizinhos escutaram? — ele pergunta sem fôlego. — Amigo, se eu tivesse vizinhos, eles já teriam chamado a polícia há muito tempo. — Meu corpo parece completamente esticado e ~ 19 ~
dolorido da melhor das maneiras possível. Eu caio sobre ele, minha cabeça em seu peito, minha mão sobre o seu coração – ainda está galopando dentro da sua caixa torácica. — Você vai ter um ataque cardíaco um dia desses, — eu brinco. Zeth ri, deslizando uma mão para cima e para baixo das minhas costas suadas e pegajosas. — Se eu tiver, não me ressuscite, garota irritada. Esse seria o melhor jeito do caralho de morrer.
FIM
~ 20 ~