rincípia "Trazendo a ciência ao seu dia-a-dia"
Campo Grande - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
9ª edição - 2013
Com et a I SON ( p a g . 6 )
5 An os da Casa da Ci ên ci a ( pag. 2 )
Pr ojet o Li xo Z er o Con sci ên ci a am bi en t al , soci al e r eci cl agem ( p á g . 5 )
Cu l t u r a N ER D ( p á g . 3 )
Cidade Universitária - Caixa Postal 549 - CEP: 79070-900 Fone: (0xx67) 3345-7031 - Fax: (0xx67) 3345-7513 Email: jornalprincipia@gmail.com Campo Grande, MS - Brasil
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Casa da Ciência ‐ 5 Anos de História
Como o desejo de um grupo de professores de divulgar a ciência, a necessidade de um espaço científico não formal em nossa cidade e muito trabalho em equipe fizeram com que você lesse esse jornal? Pode parecer estranho, mas é verdade! No ano de 2005 a Superintendente de Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Sonia Jin, solicitou um projeto de construção do primeiro Centro de Ciência do estado, para promover a divulgação científica e popularização da ciência, o que coincidiu com um projeto que o Prof. Dr. Hamilton Perez Soares Corrêa, na época colaborador da Física, já tinha a intenção de realizar. Foram dois anos de muito trabalho para que se conseguissem os recursos necessários para a realização do programa, mas, finalmente, no ano de 2007, nasceu o programa de extensão Casa da Ciência de Campo Grande. Inicialmente as atividades do programa eram realizadas em uma sala cedida pela professora da Química Marcia Helena Rizzo da Matta. Lá aconteciam reuniões com os monitores e professores das escolas públicas e as demais atividades. Os primeiros projetos a serem criados foram o Clube de Astronomia Carl Sagan e o Jornal Principia, os quais estavam muito relacionados, pois o Jornal tinha como assunto principal a astronomia, relatando e divulgando as atividades do Clube, assim como questões ligadas à cidadania e conscientização ambiental.
Posteriormente, surgiu o Telecentro, que passou a realizar suas atividades em outra sala da Química. O projeto surgiu com um grande propósito: a inclusão digital e, com esse obtetivo, ainda são ministrados cursos sobre diversos temas da área da informática em geral.
Pouco tempo depois quem veio com tudo foi o Espaço Oficina, uma iniciativa das monitoras do programa que tinham como objetivo a utilização de materiais descartados para a produção de brinquedos ludo-científicos. O projeto iniciou seu trabalho em parceria com o PET Química, que realiza a entrega de cestas básicas e também um “sopão” feito por eles, no bairro Nova Lima.
Assim, o Espaço Oficina levava os brinquedos para as crianças, ensinava como se fazia e despertava a conscientização ambiental. O último projeto a ser desenvolvido naquela época, o Cine Ciência, que ainda continua ativo, possuiu vários formatos, pois deu origem a uma espécie de cineclube, onde filmes de curta metragem eram exibidos, e então, após assistirem ao filme, era feita uma discussão acerca daquele tema abordado. Em certo momento, surgiu a ideia de transformar essa atividade, trazendo alguém para discutir sobre um assunto específico e, por que não, fazer isso tomando tereré? E foi assim que surgiu o Tereré Filosófico.
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Esses foram os cinco projetos que nasceram juntos com a Casa da Ciência, os quais serviram de base para o programa em si, e também para o surgimento de novos projetos, visto que atualmente mais de 10 deles estão ativos. Um grande passo para a Casa foi a adesão do projeto Anarco Pedagógico Atemporais, de Aquidauana, o qual trabalha com professores e alunos da rede pública, realizando trilhas nas belas paisagens da região, produzindo o conhecimento do próprio meio, mas com um diferencial: trabalhando a educação ambiental no próprio meio-ambiente, na prática. A parceria do Anarco com o Clube de Astronomia e com o Espaço Oficina, levou, desde 2011, às expedições Anarco Espaciais, que consistem em três atividades: oficina de brinquedos na comunidade quilombola, na aldeia indígena ou nos assentamentos; observação do céu noturno com o Clube; trilha interpretativa com o Anarco. A Casa da Ciência acredita muito nas parcerias com outros projetos e iniciativas, como aconteceu com o PET Química, o PET Saúde e o Anarco. Em 2013 a expectativa não é diferente, estamos abertos e ansiosos para novas parcerias, como por exemplo o projeto Memórias do Futuro e o Centro de Cultura Espaço Imaginário, que têm proporcionado uma troca de experiências http://www.casadaciencia.ufms.br/; extremamente rica, já no primeiro semestre do ano. A Casa da http://cacarlsagan.blogspot.com.br/; Ciência é um espaço de educação não formal voltado para a http://jornalprincipia.blogspot.com.br/; divulgação científica e educação e consciência social. Caso você http://tererefilosofico.blogspot.com.br/; tenha interesse em fazer parte desse programa, não hesite em http://anarcopedagogicoatemporais.blogspot.com.br/. nos procurar nos seguintes contatos:
Cultura Nerd Quem foi que disse que quadrinho é coisa de criança? Em Bando de Dois o leitor é transportado para o árido e sangrento agreste dos cangaceiros. Do quadrinista Danilo Beyruth (Astronauta: Magnetar e Necronauta), Bando de Dois é um quadrinho que envolve mistério, aventura e violência, com um toque irônico de comédia em sua crítica ao modo de vida do antigo nordeste, permeado por religião e misticismo. Publicado em 2010 pela Zarabatana Books, Bando de Dois é o vencedor do troféu HQMIX de 2011: Melhor desenhista, melhor roterista e melhor edição especial nacional. Vale conferir mais essa produção brasileira.
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Você sabe o que é Teoria Crítica? Por Edilson Júnior A Teoria Crítica surge na Alemanha, durante a década de 30. A Escola de Frankfurt e uma sociedade marcada por vontades revolucionárias e importantes mudanças históricas compõem o cenário de surgimento dessa Teoria. Como o próprio nome diz, o pensamento crítico está presente em todos os aspectos teóricos, livre de doutrinas, que objetivam a emancipação do pensamento e a autoconsciência social crítica. Diversos autores compuseram a formação desse pensamento filosófico, dentre eles: Max Horkheimer, Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. Vindos de diferentes origens intelectuais, demonstraram as decepções dos pensadores de seus tempos, usando de Kant, Hegel e Marx como os filósofos centrais das suas discussões e também buscando no conhecimento mais recente fontes para discussão, como na psicanálise freudiana.
Os acontecimentos históricos foram de extrema importância na formação dessa teoria, pois fatos como a vitória do nazismo e a violência que ocorria na Alemanha ajudaram a compor o caráter de desilusão e necessidade de emancipação presente no tema. Outro traço importante é a maneira como a teoria é apresentada, pois seu conhecimento aparecia em artigos de jornais e cartazes publicitários, buscando meios mais influentes do que o convencional livro. Na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, são desenvolvidos alguns estudos sobre Teoria Crítica. No curso de psicologia, existe o grupo de estudos da Prof. Drª Branca Maria de Meneses, que pesquisa o tema “Relações afetivas no trabalho” usando a Teoria Crítica como alicerce para o seu desenvolvimento, as reuniões acontecem nas sextas feiras no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, próximo ao antigo DEA. As reuniões geralmente não são abertas, mas quem quiser conhecer, mande um email para edilsonjuniorlwst@gmail.com para participar como convidado.
Rachel Carson, O meio ambiente agradece!
Por Andreza Souza Lemos e Michel Lorãn
Muitos não sabem ou nunca nem ouviram falar, mas nosso planeta deve muito a Rachel Louise Carson. Zoóloga, bióloga e escritora americana, foi uma das pioneiras da conscientização de que os homens e os animais estão em interação constante com o meio em que vivem. No ano de 1945 propôs um artigo falando sobre testes que estavam sendo feitos com o DDT (o mais poderoso pesticida que o mundo já conheceu), porém a ideia foi rejeitada, a ponto de ser considerada heresia aos olhos das academias. Insatisfeita com a resposta, decidiu escrever um livro, que foi chamado de Silent Spring, uma referência ao silêncio dos pássaros mortos pela contaminação dos agrotóxicos. O livro foi lançado em 1962, tendo demorado quatro anos para ser escrito, e seu lançamento foi um estopim. Deu forma a um grandioso movimento social que alterou o curso da história, tornando-se o principal impulsionador do movimento global sobre o ambiente. A grande polêmica movida pelo livro é que, além de expor os perigos do DDT, questionava
abertamente a confiança cega da humanidade no progresso tecnológico. Dessa forma, o livro ajudou a abrir espaço para o movimento ambientalista que se seguiu. A maior contribuição de Silent Spring foi a conscientização pública de que a natureza é vulnerável à intervenção humana. Poucas pessoas até então se preocupavam com problemas de conservação ou com as espécies que estavam sendo extintas. Mas o alerta de Rachel Carson era assustador demais para ser ignorado: a contaminação de alimentos (chegou a ser detectada a presença de DDT até no leite humano), os riscos de câncer, de alteração genética, a morte de espécies inteiras... Pela primeira vez, a necessidade de regulamentar a produção industrial de modo a proteger o meio ambiente se tornou necessária e imprescindível. Como prova da grande contribuição do livro para a humanidade, foi indicado como um dos 25 maiores livros de ciência de todos os tempos pelos editores da Discover Magazine.
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Lixo Zero UFMS A produção de húmus (adubo orgânico) tornou-se foco do projeto. Os resíduos orgânicos derivados da jardinagem do câmpus universitário são submetidos ao processo de compostagem (em composteiras localizadas na própria universidade). Parte do adubo é aplicada nos jardins da universidade, outra parte é comercializada com a comunidade em geral.
Em março de 1999 nascia um dos projetos mais inovadores da UFMS, que visava não apenas a consciência ambiental, mas também a consciência social. O projeto Lixo Zero, que foi criado pelo técnico administrativo Alberto Pontes Filho, nasceu da necessidade de dar uso a toda a papelada que estava sendo substituída pelos computadores. Após trocar informações com professores dos cursos de Biologia e Engenharia Ambiental, o senhor Alberto já tinha informação suficiente para dar início às atividades. A princípio o objetivo do projeto era coletar papéis e embalagens longa-vida apenas no câmpus da universidade. Todo esse trabalho contou com a ajuda de docentes, técnicos administrativos, discentes, jardineiros e, principalmente, de um grupo de jovens portadores de deficiências atendidos pela APAE, que tinham a oportunidade de fazer seu primeiro estágio, uma grande contribuição para a formação profissional e socialização. A parceria da PREAE também foi essencial para a implantação do projeto. Com os materiais recolhidos, a equipe do Lixo Zero confeccionava cadernos que eram doados às instituições de ensino carentes, mais de 10.000 cadernos foram oferecidos a diversas escolas. O restante dos materiais era encaminhado para a reciclagem onde tinha destinos variados. Com o crescimento do projeto, a coleta se estendeu para fora da universidade. Empresas que queriam descartar materiais recicláveis entravam em contato com o Sr. Alberto, que ia pessoalmente participar das coletas. No ano de 2006, com a criação da “Coleta seletiva solidária” (decreto 5.940/06), que determina que a coleta/separação de resíduos de instituições federais seja feita apenas por associações e cooperativas de catadores de lixo, o projeto mudou o curso de suas atividades.
Alguns assistentes enviados pela APAE ainda trabalham na UFMS, outros foram encaminhados ao mercado de trabalho e hoje têm empregos fixos em supermercados, frigoríficos, entre outras empresas. O projeto Lixo Zero foi um grande passo para a UFMS. Ações pioneiras como a do Sr. Alberto devem ser valorizadas e, mais que isso, devem servir como um exemplo para as gerações futuras. Cuidar do meio-ambiente é uma obrigação de todos, principalmente em um estado com uma riqueza natural tão grande quanto Mato Grosso do Sul.
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Novo cometa causa agitação entre terrestres: será ou não o espetáculo do século? Por Heloise do Nascimento Calça Acadêmica deFísica emonitora doClubedeAstronomia Carl Sagan.
Em 21 de Setembro de 2012, uma dupla de astrônomos amadores, Vitali Nevski e Artyom Novichonok, utilizando o observatório da ISON (International Scientific Optical Network), miraram na Constelação de Câncer e notaram algo novo: alguma coisa se movia rápido demais para fazer parte daquele cenário. Depois da divulgação das coordenadas do objeto observado, outras pessoas ao redor do mundo passaram a acompanhar a movimentação do elemento. Três dias depois, a União Astronômica Internacional (IAU, sigla em inglês) reconheceu oficialmente o objeto como um cometa, que foi nomeado de C/2012 S1 (ISON) em homenagem ao centro russo.
E. Guido, G. Sostero, N. Howes - Remanzacco Observatory, Italy
Rebuliço – O ISON está causando um alvoroço entre os que gostam de Astronomia porque algumas projeções indicam que a magnitude dele será de -13, se ele sobreviver. Mas esse é um número pequeno, certo? Não na escala de magnitudes para indicar o brilho dos objetos celestes, que é utilizada pelos astrônomos: quanto menor o número, maior o brilho. Por exemplo, a Lua Cheia tem magnitude -12,7 e Vênus, o planeta mais brilhante do Sistema Solar, -4,8. Pode ser que quando o ISON passar pela Terra ele gere um espetáculo comparável – se não superior – ao do Ikeya-Seki (1965), o mais brilhante desde 1935, com magnitude -10.
Maynard Pittendreigh - Cometa Ikeya-Seki (1965)
Dick Locke - Lua e Vênus (2007)
Porém, essas são expectativas otimistas, a previsão do brilho de um cometa é difícil, não dá para predizer como se comportará durante seu caminho. De fato, há a probabilidade de que o ISON nos proporcione um show superior aos dos grandes cometas vistos no século 20. Mas também existe a possibilidade de que ele seja expulso do próprio espetáculo: quando estiver no periélio (momento em que um astro se encontra, em sua órbita, mais próximo do Sol), a radiação intensa pode destruir o cometa, pois sua estrutura interna não é conhecida – se tem bolsões de gás com monóxido de carbono, por exemplo - e o progressivo aumento de temperatura durante a aproximação do Sol pode provocar explosões e fragmentar a rocha gelada. Ainda, como já ocorreu antes, a interferência de outra força gravitacional pode fazer com que o cometa se desfaça em vários pedaços muito antes de chegar perto da Terra ou do Sol. Foi o que aconteceu em 1994, quando Shoemaker-Levy 9 foi puxado pela gravidade de Júpiter e se rompeu em 21 pedaços, que depois colidiram com o maior planeta do nosso sistema.
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74 Se o ISON sobreviver à aproximação do Sol e seguia sem ser perturbado em seu caminho, os astrônomos esperam que ele seja observável a olho nu por dois meses, entre novembro de 2013 a janeiro de 2014. Pela trajetória calculada, o hemisfério norte terá um panorama mais privilegiado, mas o cometa também será observável do hemisfério sul. Quem tiver acesso a um telescópio amador conseguirá acompanhar a jornada do cometa já a partir de agosto desse ano, pois o ISON estará a uns 450 milhões de quilômetros do Sol. Daí já será possível ter uma melhor dimensão do quão brilhante o cometa poderá ser, já que no interior do núcleo alguma atividade de vaporização deve se iniciar por causa da radiação recebida a essa distância. Papel e caneta na mão – Um cometa como o ISON, além da beleza que pode exibir, representa a oportunidade de os cientistas estudarem um material originário literalmente dos primórdios do Sistema Solar.
NASA, ESA, J.-Y. Li (Planetary Science Institute), and the Hubble Comet ISON
Estudar a composição desse material, seja nas observações por telescópio, seja por fotografias obtidas por sondas espaciais, pode permitir um contato com compostos que, de outra forma, permaneceriam completamente fora do nosso alcance. Para se ter uma noção, nos anos 70 foi lançada uma sonda espacial pela NASA com a finalidade de ir o mais longe possível. Após mais de 30 anos de viagem rumo ao exterior do Sistema Solar, a Voyager é hoje o objeto enviado da Terra mais distante no espaço. Mesmo assim, o ISON vem de uma distância pelo menos 500 vezes maior, que é à distância da Nuvem de Oort. Imaging Science Team
Akira Fujii - Cometa McNaught (2007)
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Casa da Ciência 2013 Quer ficar por dentro das atividades e parcerias da Casa da Ciência de Campo Grande? Acesse nosso blog! Lá você encontrará vídeos, fotos, reportagens, links interessantes e muito mais. Este ano, a primeira atividade realizada fora da nossa cidade morena foi a participação no primeiro anarco evento de 2013, no distrito de Piraputanga, mais especificamente na Furna dos Baianos. Nosso último destino foi a aldeia Guarani-Kaiwoá Amambai, marcando a nova parceria com o JIGA (Jovens Indígenas Guarani-Kaiowá em ação) e o projeto Memórias do Futuro. Para saber mais acesse www.jornalprincipia.blogspot.com.br
Ciranda – Aldeia Amambai
Oficina de arqueologia - Primeiro anarco encontro 2013
Caça‐Palavras
Casa da Ciência coor de n a dor a ge r a l: Dorot éia de F. Bozano ge st or a : I sabela P. Cavalcant e coor de n a dor de ca pa cit a çã o: Ham ilt on Perez S. Corrêa
PREAE M in ist é r io da Ciê n cia e Te cn ologia
Pr ó- r e it or ia de Ex t e n sã o, Cu lt u r a e Assu n t os Est u da n t is
Jornal Principia or ga n iza çã o: Bruna Rodolfo de Alm eida Giovana Pagano Collat o Renan Aryel Fernandes da Silva Ham ilt on Perez S. Corrêa Heloise do Nascim ent o Calça cola bor a çã o: Albert o Pont es Filho Andreza Souza Lem os Edilson Marques Jr. Michel Lorãn Mariana Sayuri Tibana Bast os r e visã o: I sabela P. Cavalcant e