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EVOLUÇÃO do parto

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INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

Desde o inicio dos tempos entre o grupo de mamíferos, é necessário um parto para gerar uma vida, seja ela humana ou animal, é algo do qual as mulheres já nascem sabendo, é instinto, é natural, é o ciclo da vida terrena, o corpo humano é sábio em todos os sentidos, basta olhar para ele, ouvir o que ele tem a dizer, e acima de tudo, respeitar o que ele sente. No ciclo da vida, o corpo feminino abriga um embrião por longos meses, enquanto essa vida vai criando forma, então surge o momento único, esperado, e por muitas mulheres tão sonhado, ato do qual pode tornar-se um grande pesadelo quando há falta de informação e o desrespeito alheio, passando a enxergar esse momento não como algo próprio da natureza, mas sim como algo mecânico, como se o corpo humano fosse apenas uma máquina industrial para reprodução. Na linha do tempo, existem várias formas de encarar o parto. Na Europa, durante e após a Idade Média o parto era ditado pela igreja católica, onde a dor do parto era um castigo dado à mulher, como penitência. O termo parto normal era tratado com mais naturalidade do que visto hoje em dia, sendo muito comum o parto ser realizado na própria residência por mulheres que eram chamadas apenas no momento do trabalho de parto, cujo nome ficou conhecido como “parteiras” ou “comadres”. O parto consistia em dar à luz na posição de cócoras, sentada ou em pé, posição da qual a parturiente recebia ajuda de acordo com a situação, para tornar mais fácil o nascimento natural. As parteiras eram consideradas de confiança pelas mulheres, podendo realizar até atos cirúrgicos e também batizar o recém nascido, quando ele estava entre a vida e a morte, por não dar tempo de chegar até a igreja, sendo que naquela época o batismo era crucial. Muitas vezes as parteiras eram consideradas bruxas, por obter conhecimentos, que eram passados de geração em geração. Foi a partir do Séc. XV que os homens começaram a assumir o controle sobre o parto, trazendo a medicina para esse ato.

Durante os séculos XVIII e XIX a medicina obstétrica consolidou o uso de um aparelho chamado Fórceps, material obstétrico utilizado para extrair o bebê em determinadas condições que poderiam e ainda hoje podem resultar em perigo para a mãe ou para o bebê. (Criado por Peter Chamberlen ainda no séc. XVI). Com isso, predominando a posição horizontal para o momento do parto, torna essa posição mais favorável para o profissional e nem sempre para a gestante. Com a chegada do médico parteiro, as parteiras começaram a perder espaço na hora do parto, criando conflitos entre a classe médica e a classe de parteiras. As gestantes também passam a ter suas mudanças na cena do parto, agora ao invés de serem vistas pela igreja católica, como culpadas e por esse motivo sentirem as dores do parto como punição, passam agora a serem vistas como vítimas.

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“Um homem –Parteira”. Caricatura ironizando a condição que dividia o médico/homem da mulher/parteira, simbolizando a disputa obstétrica pela execução do parto na Europa entre o século XVIII e XIX. Pintura de S. W. Fores, Londres, 1793. Fonte: The Wellcome Library,no. 16968i

Em meados do séc. XX o parto passa a ser direcionado totalmente pelo médico, onde a mulher tinha suas pernas amarradas, perdendo assim o controle do seu corpo e de suas dores. O médico torna-se uma figura predominante no parto, monitorando e acelerando o ato fisiológico. Apesar do parto cesárea ser visto na história desde a antiguidade, muitos escritores alegam ser a origem do nome em homenagem a Júlio César, que foi retirado da barriga de sua mãe através de um corte abdominal, porém outros escritores alegam ter vindo do deus grego romano Asclépio considerado o deus da cura e da medicina, o seu símbolo é usado até hoje como o símbolo da medicina. O parto cesárea começou a ter mais ênfase na historia a partir do séc. XX, até então esse método era utilizado apenas em caso de risco.

Fig. Cajado do deus grego romano Asclépio Simbolo da medicina ate os dias atuais. Fonte: Scielo (2002)

Com o tempo isso tornou-se algo mais recorrente, sendo visto pela sociedade como algo mais seguro do que o parto natural, por sua vez gerou uma inversão no sentido do parto natural, sendo visto agora como um momento de pânico e dor, essa sensação de terror pré-parto ou até mesmo pós-parto, se dá por vários fatores podendo ser nitidamente visto até os dias atuais. Podem ser citados como agravantes o ambiente frio, não somente em questão de espaço físico, mas também dado a questão psicológica, ambiente hostil, desconfortável, local remetendo a sofrimento e não ao prazer de gerar uma vida. O não acompanhamento de uma pessoa escolhida pelo paciente, também colaborou para um não aproveitamento na hora do parto, sendo ele cesárea ou natural, se vendo em uma situação totalmente sozinha, rodeada apenas por “estranhos” fez com que esse momento fosse visto ainda mais como um momento de terror. Nesse cenário foi praticado por muitos anos o abuso obstétrico, aproveitando de um momento vulnerável gravídico para atos como agressão verbal, atendimento desumanizado, negligência médica, humilhação, intervenções cirúrgicas desnecessárias e sem o consentimento da mãe. Infelizmente esses casos eram e são mais frequentes nas pacientes atendidas pelo sistema único de saúde SUS, onde por sua vez trata-se geralmente de uma classe economicamente e socialmente mais carente, que muitas vezes não possuem acesso ao conhecimento, então não reclamam a violência obstétrica, pois não conhecem o poder do seu corpo e a importância do parto natural tanto para a mãe como para o recém nascido, como consta em muitos estudos médicos científicos atuais.

Foi somente em Abril de 2005 que houve alteração na LEI Nº 11.108 concedendo à parturiente o direito de ter um acompanhante no trabalho de parto, parto e pós-parto imediato,.

Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pósparto imediato.. Lei Nº 11,108 - JusBrasl

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