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Humanização no parto

Humanizar, vem do sentido de valorizar a vida humana como um todo, sem distinção de classe racial, social ou econômica, entendendo que cada pessoa, é dotado de vontade própria, fazendo necessário o seu respeito e entendimento, fornecendo um bom atendimento tanto para a mãe quanto para o bebê. Esse ato, vem desde as coisas mais simples, como cuidado, zelo, proteção, deixar a paciente falar e ser ouvida, ter a opção de expor suas vontade e se fazer feita (desde que sem riscos para mãe e para o recém nascido) fazendo com que a paciente volte a ter o seu papel como protagonista dessa cena, podendo participar de cada momento do seu parto, e tendo a certeza que está sendo cuidada e respeitada. A Rede Cegonha é um programa do Ministério da Saúde que tem por objetivo cuidar e assegurar o direito e o cuidado da parturiente.

Art. 1°A Rede Cegonha, instituída no âmbito do SistemaÚnicode Saúde, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizadaàgravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis, denominada Rede Cegonha. (PORTARIA Nº 1.459, DE 24 DE JUNHO DE 2011)

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Esse programa vem garantir que esses cuidados sejam respeitados dentro do ambiente hospitalar e nas CPN, mostrando a importância dos cuidados com a parturiente em todos os sentidos, como o aleitamento materno, o ato de ter seu recém nascido no quarto consigo e a presença de um acompanhante nesse momento.

Melhoria na qualidade no pré natal Humanização

Boas práticas de segurança na atenção ao parto

Respeito a diversidade cultura, ética e social Realização dos direitos humano

Também através desse incentivo foi assegurado o direito de ser realizado um parto natural sem a presença de um médico, podendo ser realizado por enfermeira obstétrica ou por uma obstetriz, com a opção de ser realizado tanto em um ambiente hospitalar, como em uma Casa de Parto, assegurando também o direito de ter uma doula que é uma profissional especializada em serviços com gestante, acompanhando no momento do parto, estando ali para fornecer um bom condicionamento físico e emocional.

A doula também é porta voz da gestante por conhecer suas vontades e desejos para a hora do parto, é de escolha da paciente e não exclui um acompanhante de sua escolha, sendo assim a paciente poderá contar com os dois no momento do parto. A OMS (Organização Mundial da Saúde) portaria nº 569/2000, vem apoiar e incentivar o parto humanizado, declarando ir contra a medicalização em excesso sem necessidade, incentivando o atendimento digno e de qualidade, a importância do pré-natal e a garantia de realização de exames básicos, o direito ao pai do recém nascido poder visitar sem restrições de horário, o incentivo ao parto verticalizado, como visto que já era praticado no passado, mostrando que é uma das posições mais adequadas por diminuir as dores do parto, contando com a ajuda da mãe para o nascimento do seu filho. Não é dispensado todo o avanço e a competência da ciência, voltando com práticas antigas e desprezando o avanço realizado até os dias atuais, mas que a ciência nesse momento seja uma aliada e não protagonista, que esteja a favor da mãe e do bebê. Outra análise feita é a questão da importância do aleitamento materno, ato que precisa ser trabalhado e explicado para a mãe desde o inicio do pré-natal, pois esse momento é importante tanto psicologicamente, quanto fisiologicamente, pois o leite materno é a melhor composição para a digestão do bebê, sendo a melhor fonte de nutrientes e fonte poderosa contra infecção. Para a mãe esse momento é crucial, pois é um momento de amor e troca de carinho entre ela e o bebê, é nesse momento que é liberado ocitocina, também conhecido como hormônio do amor, é ele que é responsável pela sensação de prazer e afeto. A importância do pré-natal na vida da parturiente é crucial, pois não é só o momento do parto, seja ele cesárea ou normal, que necessita ter uma humanização e atingir um bom resultado no final, é essencial que o trabalho seja iniciado literalmente, sendo explicado e orientado em todos os procedimentos necessários, pois é nessa fase que inicia o período de preparo fisiológico e psicológico. Entre vários cuidados que são necessários nessa etapa, um deles é a explicação dos vários tipos de parto que podem vier a ocorrer, salientando que o parto cesárea em hipótese alguma é algo ruim, mas ele

deve ser realizado com sabedoria e no momento que realmente houver necessidade, por se tratar de uma cirurgia como qualquer outra. Atualmente, a falta de informações, faz com que o numero de cesáreas no país se torne algo alarmante, segundo a OMS a taxa ideal de cesariana deve ser de 10% a 15%. O Brasil tem as maiores taxas de cesariana do mundo, chegando a 55,4% em 2016, sendo muitas delas fora de contexto e sem risco para mãe e para o recém nascido. Em 2018 São Paulo registrou uma taxa de 58,6%, taxa que por sua vez ultrapassa e muito o estipulado como ideal pelo OMS, analisando os dados foi declarado pela Recomendação nº038 de 2019 pelo conselho de saúde que 88% realizado em setores privados.

cCnsiderandoque o Brasil se encontra em um cenário de intensa medicalização do processo do nascimento, com 98% dos partos realizados em hospitais e que, de acordo com estudos científicos, pautados em informações sobre o parto cesariano, indicam não existirem evidências de que cesáreas em mulheres ou bebês que não necessitem dessa cirurgia, tragam algum benefício; considerando que a realização de cesarianas desnecessárias expõe a mulher a três vezes mais o risco de morte por parto. Fonte: Plenário do conselho nacional de saúde Fazendo análise com os dados

do SINASC (Sistema de informação de nascidos vivos) foi possível observar que em Maio de 2017, na cidade de São Carlos, foram realizados 310 partos cesáreas e

Parto cesárea São Carlos - SP- 2016/2019

Janeiro Feverei ro Março Cesárea 2016 219 208 283 Cesárea 2017 276 233 288 Cesárea 2018 240 202 262 Cesárea 2019 235 254 227 Abril

85 243 260 218 Maio

82 310 218 250 Junho

84 270 228 210 Julho Agosto Setem bro Outubr o Novem bro Dezem bro 165 259 219 222 191 208 248 251 216 216 206 189 211 228 210 201 235 199 201 204 221 183 186 240

Gráfico realizado pela autora Fonte: SINASC

Parto normal São Carlos –SP 2016/2019

Janeir o Fevere iro Março Normal vaginal 2016 86 81 92 Normal vaginal 2017 103 87 82 Nomal vaginal 2018 147 165 144 Normal vaginal 2019 134 116 124 Abril

79 94 139 123 Maio Junho Julho

82 117 147 117 73 94 129 103 63 118 127 103 Agost Setem Outub Nove o bro ro mbro 83 72 88 81 124 96 120 115 137 113 115 123 105 93 108 92 Deze mbro 88 126 109 111

Gráfico realizado pela autora Fonte: SINASC

no mesmo mês, foram registrados 117 partos normais, podendo obter a confirmação de que o parto cesárea é o método mais utilizado na cidade, assim como no resto do país. Em 2019 o mês de fevereiro mostrou o maior índice de parto cesárea registrando 254 partos, no mesmo mês foram realizados 116 partos normais. Comparando ao mês de maio de 2017 houve uma queda na quantidade de cesáreas, mas ainda assim o número continua se mostrando bem alto. Mesmo com a luta para a chegada de informação dos benefícios do parto normal para a mãe e para o recém nascido, ainda é possível ver a discrepância entre os métodos escolhidos para o parto. Com isso podemos identificar a ausência de um local especifico para a realização de parto normal com segurança, respeito, qualidade, e segurança, levando em conta e seguindo a lei que assegura. É através desse pensamento que surgem algumas casas de parto no Brasil, no estado de São Paulo podemos contar com duas casas de parto renomadas, a Casa Angela na zona sul de São Paulo e a Casa Sapopemba na zona leste, entre várias outras casas espalhadas pelo país. Nas cidades do interior, não contamos com nenhuma casa especializada nesse serviço, sendo apenas encontrada a referência a doulas ou enfermeiras obstétricas, que acompanham as pacientes no trabalho de parto, que é realizado na própria residência da paciente.

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