o corpo é que fala intervenções na rodoviária do plano piloto de brasília
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o corpo é que fala intervenções na rodoviária do plano piloto de brasília aluna renata b.neves orientadora rossana delpino banca emília stenzel e fatah _projeto de diplomação 2/2016
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O documento aqui apresentado é o produto final da disciplina de Diplomação em Projeto, desenvolvido na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Projeto desenvolvido por Renata B.Neves sob orientação de Rossana Delpino Brasília, dezembro de 2016 4
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agradecimentos Um muito obrigada a todos que cruzaram a minha jornada durante essa graduação, especialmente a meu parceiro querido, meus amigos, meus professores e minha família. Agradeço ainda, às professoras Emília e Fatah, essenciais no desenvolvimento deste projeto, e sobretudo à Rossana, minha orientadora, por me lembrar sempre que arquitetura é um campo complexo e sensível, aberto a novas narrativas.
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o corpo
introdução
a cidade
sumário
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rodoviĂĄria do plano piloto
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intervençþes urbanas
corpo-cidade
introdução Constituindo-se como um espaço de urbanidade aflorada, escolhi a Rodoviária do Plano Piloto de Brasília como sítio. O conteúdo apresentado aborda um estudo aproximado sobre o espaço e o processo acerca desse local e se desdobra em cinco capítulos que abrangem a cidade, o corpo, a Rodoviária e as intervenções urbanas. Os registros coletados deixam claros os rastros de uma cidade cuja rigidez de seu planejamento original é quebrada por seu centro, tão ativo e diversificado, apesar de marginalizado e esquecido. As intervenções propostas foram desenvolvidas devido aos temas introduzidos neste processo e a busca incansável de enfrentar os desafios do projeto através da transdiciplinaridade e da aceitação sobre as narrativas tão particulares e íntimas que cada um de nós carrega sobre a cidade e seus elementos.
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Questiono: É possível, através da arte, medir a rede de sentidos transmitida a partir da arquitetura? Ou seria através da arquitetura que medimos o valor dos sentidos transmitidos a partir da arte? A materialização projetual apresentada não objetiva revitalizar o espaço da Rodoviária ou condicionar respostas fechadas sobre como atuar sobre o lugar. Busca-se ampliar o campo de investigação a respeito da potencialidade das intervenções efêmeras de caráter artístico sobre o espaço urbano, bem como suas implicações sobre um espaçotempo conformado para o cotidiano apressado e duro.
Palavra-chaves Corpo, intervenção urbana, paisagem, arquitetura, arte, memória.
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a cidade 12
e dadi 13
Ilustração de Karina Puente arquivo modificado pela autora 14
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Ilustração de Karina Puente arquivo modificado pela autora 16
o que é a cidade? “A cidade não se revela em todos os seus segredos, por mais atento que seja o olhar de quem a observa. Ela é uma invenção humana, resultado de inúmeras aventuras, território das múltiplas travessias da cultura. (…) ela arquiteta o visível e o invisível.” Gilberto Freyre
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relação entre a cidade e as pessoas: “Ninguém consegue viver (n)a cidade sem interpretá-la. (…) pois não se pode viver na cidade sem criar intimidades com suas ruas, becos, momentos, cheiros, vitrines, pessoas. Os registros ficam inscritos nas esquinas dos nossos corpos, nas vacilações dos nossos desejos.” Gilberto Freyre
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Ilustração de Karina Puente arquivo modificado pela autora
quem habita a cidade: “Silêncios e ruídos, dos mais anônimos habitantes ou dos mais arrogantes proprietários. (…) habitantes, e visitantes, ao praticarem seus espaços, ao inverterem e produzirem sentidos ao traçado urbano além daquele definido pelos urbanistas, delineiam fronteiras, abrem caminhos, permitem trocas não apenas materiais, mas também de sonhos, temores e expectativas.” Gilberto Freyre
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o corpo 20
o pro 21
fotografia, animal locomotion, plate 535, Eadweard Muybridge, 1887 arquivo pessoal da autora 22
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peformance, nostalgia do corpo-corpo coletivo de Lygia Clark arquivo modificado pela autora 24
o que é o corpo? É um organismo vivo. É instrumento para o movimento, um meio para deslocamento. É lugar de sensações e emoções. Através dele, expandimos nosso conhecimento do mundo.
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como o corpo responde As pessoas se movimentam de diversas maneiras e ao mesmo tempo, em padrþes constantes de comportamento. Alguns caminham lentamente, outros correm apressados; uns seguem e outros pausam, admiram uma vitrine ou conversam na calçada. Ao observar o movimento corporal, percebe-se no cotidiano mensagens informadas pelos corpos.
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peformance, os parangolés, Hélio Oiticica, 1964 arquivo modificado pela autora
o diálogo entre o corpo e a cidade Os movimentos do corpo desenham uma arquitetura viva nos espaços. O diálogo acontece na experiência sensorial no espaço e de maneira simultânea: o corpo habita a cidade, se movimenta, é prática cotidiana, e deixa rastro. Essa relação serve como suporte para qualificar o espaço urbano.
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corpocidade 28
- opro e dadi 29
fotogragia de Ren Hang arquivo modificado pela autora 30
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instalação, corpos presentes, Antony Gormley arquivo modificado pela autora 32
fenomenologia “É o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, resumem-se em definir essências: a essência da percepção, a essência da consciência, por exemplo. Mas é também uma filosofia que repõe as essências na existência, e não pensa que se possa compreender o homem e o mundo de outra maneira senão a partir de sua ‘facticidade’”. Merleau-Ponty
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a cidade líquida As páginas seguintes introduzem os principais termos segundo a obra Walkscapes, de Francesco Careri. A primeira, Cidade Líquida, pode ser definida pelas seguintes palavras: “Um líquido em que se formam espontaneamente os espaços de alhures, um arquipélago urbano a ser navegado indo à deriva. Uma cidade em que os espaços do estar são ilhas do grande mar formado pelo espaço do ir”.
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instalação, corpos presentes, Antony Gormley imagem de autor desconhecido, modificada pela autora 35
experiência urbana “Foi caminhando que o homem começou a construir a paisagem natural que o circundava”. Franscesco Careri Caminhar e observar. Eu experiencio o lugar e observo os que se deslocam e repousam. A ação de percorrer um espaço, ou atravessá-lo, decorre da necessidade espontânea de mover-se. O caminhar é uma prática estética capaz de descrever e modificar os espaços da cidade. É uma maneira de ver a paisagem.
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imagem descritiva fonte: http://www.style-research.eu/wordpress/wp-content/uploads/2013/11/wp01.jpg
percurso Essa ação acontece em três atos: 1. Ação do caminhar (travessia); 2. Linha que atravessa o espaço (objeto arquitetônico); 3. Relato sobre o espaço (estrutura narrativa).
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transurbância Entende-se como modo de andar. É atravessar os territórios urbanos suprimidos ou marginalizados, pouco conhecidos. Refere-se ao tipo de travessia de lugares em transformação, às margens da cidade tradicional. Compreende a relação entre percurso e arquitetura da paisagem.
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instalação no central park, the gates, Christo e Jeanne Claude arquivo modificado pela autora
deambulação Pode ser definida como um modo lúdico de caminhar, se desorientar, capaz de revelar as áreas inconscientes e esquecidas da cidade.
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mapa psicogeogrรกfico, Guy Debord e Asger Jorn arquivo modificado pela autora 40
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memรณrias, Guy Debord e Asger Jorn arquivo modificado pela autora 42
os situacionistas “Arquitetura é o meio mais simples de articular o tempo e o espaço para modelar a realidade, fazer sonhar. Não se trata apenas de articulaçao e modulação plástica, expressão de uma beleza passageira. Mas de uma modulação influenciadora, que se inscreve na eterna curva do desejo humano e do progresso na realização dos desejos. a arquitetura será um modo com o qual modificar as concepções atuais de tempo e espaço. Será um meio de conhecimento e meio de ação” Ivain Gilles
Os Situacionistas, grupo ativista fundado pelo francês Guy-Ernest Debord, abordaram a relação entre arte, arquitetura e urbanismo através de investigações sobre o cotidiano e sua dimensão estética. Em oposição ao funcionalismo moderno, a metodologia do grupo era a de observar e experienciar a cidade. A partir de suas práticas urbanas, provocavam questionamentos e construíam novas situações. Preceitos principais: a deriva, apreensão do espaço urbano.
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psicogeografia,
o tempo urbano Os situacionistas apontam a dualidade entre a cidade lúdica e a cidade burguesa. Consequentemente, tratam do tempo lúdico em oposição ao tempo útil. Eles defendem uma cidade lúdica, espontânea. Defendem o perder tempo, o tempo não utilitarista, o tempo do ócio e do lazer. Procuram no cotidiano os desejos latentes das pessoas. A intenção é atender a esses desejos com novos estímulos, construindo novas situações como espaços de liberdade.
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memórias, Guy Debord e Asger Jorn arquivo modificado pela autora
mapa psicogeográfico “Estudo dos efeitos precisos do meio geográfico, conscientemente organizado ou não, que atuam no comportamento afetivo dos indivíduos” Franscesco Careri São investigações feitas a partir da experiência pessoal nos lugares, fragmentados ou não. Segundo o autor, a cidade representa uma paisagem mental constituída por meio de buracos, onde partes inteiras são esquecidas, ou propositalmente suprimidas, para que as infinitas cidades possíveis se formem no vazio. 45
rodoviรกria do plano
piloto 46
- odor airรกiv o nalp od
otolip 47
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rodoviรกria
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fotografia, Janine Moraes arquivo modificado pela autora 50
a rodoviária e sua memória: “Invés daquele centro cosmopolita requintado que eu tinha elaborado, a rodoviária tinha sido ocupada pela população periférica, a população daqueles candangos que trabalham em Brasília. Era o ponto de convergência, onde eles desembarcavam e havia então esse traço de união, era um traço de união entre a população burguesa, burocrata com a população obreira e que vivia na periferia”. (...) Foi o Brasil de verdade, o lastro popular que tomou conta da área. Isso deu uma força enorme à Capital, me fez feliz de ter contribuído involuntariamente para essa realização.” Lúcio Costa
Mesmo após 56 anos de sua construção, a rodoviária mantém o seu caráter de centro urbano, onde coexistem dualidades: lugar do aqui e agora, do esquecimento e do reconhecimento, da ação do dia-adia e de sua desmaterialização. Pousando sutilmente no coração da cidade, a edificação da rodoviária e sua plataforma materializam mais que os deslocamentos possíveis por seu eixo viário. Oscilando entre o vazio de seus espaços e a efervescência de quem os habita, abriga pessoas de narrativas variadas e dá abertura para a construção de novas reconfigurações.
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contexto urbano: Numa cidade organizada por um plano cartesiano dividido em quatro escalas (Monumental, Residencial, Gregária e Bucólica) e sistematizada por eixos e setores, é na conexão promovida pela Rodoviária e seu entorno próximo que se enxerga com clareza a quebra dessa racionalidade. Situada no cruzamento dos eixos monumental e rodoviário, e implantada em três níveis, a Rodoviária e sua plataforma dão continuidade às vias destinadas aos automóveis e também aos trajetos percorridos pelos pedestres. A Rodoviária é a segunda casa para muitos brasileiros, é lugar de chegadas e partidas, é infraestrutura urbana chave para a composição do tecido urbano do Plano Piloto da cidade.
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edifĂcios principais: 1.teatro nacional 2.biclioteca nacional 3.museu nacional 4.catedral 5.ministĂŠrios 6.congresso nacional
7.conjunto nacional 8.conic 7.conjunto nacional 8.conic 9.torre de tv
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experiência urbana Diante do estudo apresentado até aqui, desenvolvo as minhas análises a partir de um olhar mais íntimo e sensível para com a Rodoviária. Admito o percurso como ato estético: caminhar e observar. Inicio, assim, uma das tentativas de aproximação com a Rodoviária e a compreensão da dinâmica de seu espaço. O lugar recebe todo dia um grande número de pessoas que vem das cidades do entorno do Plano Piloto para trabalhar. Além desse público, há também os moradores de rua, os comerciantes informais e as demais pessoas que usam a Rodoviária como passagem para o Setor de Diversões ou qualquer outro lugar. No primeiro contato, o choque com o fluxo intenso de pessoas que atravessam o lugar. Depois, já me chamam a atenção aqueles que utilizam o espaço como um abrigo para descansar. Caminhando, mapeio o meu percurso e registro esse trajeto formado principalmente pelas minhas sensações, por escrito e por fotografia. A partir dessa metodologia atenta e sistemática, percebo os padrões e as repetições realizados pelos usuários da Rodoviária, a pontencialidade dos vazios do lugar. O corpo é que fala e evidencia que, mesmo na ausência de equipamentos urbanos, a Rodoviária pulsa. Seus brasileiros ressignificam os elementos físicos do espaço e criam novas situações - momentos de pausa, demandas de um cotidiano exaustivo e mecanizado, ausente de estímulos adequados para o perder tempo. 54
nív el s
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pessoas
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pilar
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plano de vidro
acessos
configuração espacial e os seus elementos arquitetônicos A edificação da Rodoviária pode ser compreendida como um volume aberto preenchido por diversos elementos físicos, como: plano de cada nível, pilares, acessos, lojas centrais, quiosques, planos verticais de vidro, bancos, totem e pessoas. Os elementos físicos aqui são ressignificados, seu uso vai além da função mecanizada, preestabelecida para eles. Na ausência de equipamentos urbanos adequados aos usuários e na presença de necessários momentos de pausa, os pilares sustentam uma laje, ao passo que também servem de apoio para o descanso das pessoas. Cada elemento é relevante e torna a edificação um organismo vivo. lojas centrais
. quiosque
totem
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configuração espacial e seus integrantes Abaixo, pequeno esquema sobre o perfil de quem habita a rodoviária e por onde caminham.
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rodoviรกria e seu cotidiano arquivo pessoal da autora 60
a apropriação espacial e o espaço da pausa Sigo o registro e mapeio os corpos de quem usa a rodoviária como um grande abrigo. A cada travessia, uma redescoberta e, junto, a certeza de que o caminhar do outro também se revela nos rastros deixados e em seu movimento corporal. O corpo ocupa o espaço e o seu percurso segue repetidamente a sequência: caminhar, permanecer, apropriar e ressignificar funções. O mapeamento do corpo traduz desejos e conduz a minha atuação como arquiteta. Devo qualificar o espaço através de elementos lúdicos que estimulem o uso do corpo e permitam o movimento do descanso. As imagens seguintes são parte desse mapeamento e gravam não só o corpo, mas também qual elemento físico é ressignificado.
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elemento físico: pilar
elemento físico: escada
elemento físico: mureta
elemento físico: guarda-corpo 62
elemento físico: plano de vidro
elemento físico: parede
elemento físico: chão
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fotografia, rodoviária do plano piloto fonte: Arquivo Público de Brasília 64
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mapa psicogeogrรกfico plataforma superior - rodoviรกria
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experiência urbana Parte II: O registro do caminhar e das análises do sítio continuam através do meu mapeamento íntimo, agora voltado ao contexto urbano fora da edificação da Rodoviária. O entorno próximo é marcado também por repetições: numa área ampla e vazia, rastros são deixados pelo fluxo ainda intenso de pessoas que passam todos os dias pelo lugar e há sutis momentos de descanso que preenchem a monotonia dessa imensidão.
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mapa psicogeogrรกfico plataforma inferior - rodoviรกria
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a apropriação espacial e o espaço da pausa e da travessia Parte II: Continuação do processo de registro dos usos principais do entorno do lugar. Sigo observando e mapeando sistematicamente: quando pausam? como se movimentam? Aqui identifico também um padrão de usos e ritmação conformados pelo maior fluxo de pessoas atravessando o lugar e se apropriando de seus elementos físicos quando decidem parar. Registro também a relação da cidade versus as pessoas.
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travessias da rodoviรกria arquivo pessoal da autora 71
elemento físico: mureta
elemento físico: chão
elemento físico: paredão
elemento físico: rasgo de concreto 72
elemento físico: mureta
elemento físico: chão
elemento físico: grelha de ventilação
elemento físico: árvores 73
intervenção urbana 74
-retni -nev oãç a nabru 75
pedidos perdidos na rodoviรกria arquivo pessoal da autora 76
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intervenção s.f. Ato de exercer influência em determinada situação na tentativa de alterar o seu resultado; interferência. Ação de expressar, de modo escrito ou artístico, um ponto de vista, acrescentando argumentos ou idéias. Sinônimos mediação, assistência, interferência.
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intervenção, Carl Andre arquivo modificado pela autora 79
intervenção As intervenções aqui propostas correspondem às análises coletadas sobre a Rodoviária e suas potencialidades, bem como à relação que o lugar estabelece com quem o habita - para passagem ou permanência. Considerando a cidade como um conjunto materializado por pessoas que dividem os mesmos espaços e símbolos e, apesar de a enxergarem de maneiras diferentes, percorrem uma mesma paisagem, o projeto se desenvolve como equipamento urbano flexível, aberto às diferentes interpretações e necessidades de seus usuários.
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instalação em Chicago: rede, yellow and blue, Orly Genger arquivo pessoal da autora
possiblidades de projeto A intervenção urbana em questão se configura como objeto intermediador entre o indivíduo e sua memória afetiva; o indivíduo e seus desejos; o indivíduo e novas situações. O projeto se formaliza em três intervenções independentes, particulares, mas que seguem os seguintes eixos: 1. Equipamento urbano 2. Elemento lúdico 3. Suporte contemplativo As intervenções se concretizam como resultado da interação entre o objeto criado e o movimento da pessoa que as utiliza. 81
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programa flexível De caráter efêmero, as intervenções qualificam a permanência e a travessia do espaço, aceitando as atividades já existentes do lugar, porém acrescentando novos acontecimentos. O projeto incentiva os momentos de pausa e convida a pessoa a se conectar a lembranças íntimas, propondo possibilidades de tempo-espaço distintas.
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programa flexível A partir da situação atual, definem-se novos movimentos possíveis para o corpo de acordo com as intervenções propostas. Assim, desenvolvem-se as atividades do tempo lúdico, efêmero e apropriado para o uso público.
mapeamento [situação existente] +estático
mapeamento [situação proposta] +dinâmico
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instalação, Carl Andre arquivo modificado pela autora 86
referências projetuais Como base formal e transdisciplinar, tenho como principais referências artistas plásticos que usam as instalações como suporte matriz para intermediar o diálogo entre o objeto (obra) e o indivíduo que o permeia. A partir da análise das obras acima, verifica-se que as intervenções evoluem em desdobramentos de blocos regulares e dos planos horizontal e vertical. Artistas referentes: Carl Andre e Jésus Rafael Soto.
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instalação, uncarved blocks, Carl Andre arquivo de autor desconhecido
desdobramentos do projeto Aspectos positivos: 1. Variação de uma mesma geometria; 2. Repetição de um elemento; 3. Uso de um plano base: horizontal no chão; 4. Orientação horizontal e vertical; 5. Objeto penetra suavemente o espaço; 6. Relação entre instalação x paisagem: mutável; 7. Relação entre instalação x paisagem: impactante.
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instalação, cuts, Carl Andre arquivo de autor desconhecido
finalidade Reconquistar a experiência do espaço vivido e da paisagem. Operação: 1. Adição de objetos; 2. Adição de superfície base; 3. Subtração de elementos; 4. Uso flexível/variável.
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desdobramentos do projeto Aspectos positivos: 1. Repetição de um elemento; 2. Recurso sensorial: tátil, visual, sonoro; 3. Uso de cores; 4. Relação entre instalação x paisagem: impactante.
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instalação, Jesus Rafael Soto arquivo de autor desconhecido
finalidade Reconquistar a experiência do indivíduo ou coletivo com a paisagem. Criar interatividade. Operação: 1. Adição de objetos; 2. Suporte + estrutura vertical; 3. Suporte + estrutura horizontal; 4. Estrutura temporária; 5. Elementos temporários; 6. Uso flexível.
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evolução do projeto Intervenção desenvolvida a partir da estrutura horizontal e vertical como suporte para elementos que variam conforme o uso.
intervenção: escalas P modulação e configurações múltiplas
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intervenção: escalas M modulação e configurações múltiplas 92
estratégias de projeto A intervenção tem como desafio ocupar lugares de pouco e muito fluxo, incentivando o uso do corpo a partir de suportes urbanos que levem mais conforto e estímulo aos usuários do lugar.
o conjunto da intervenção: escalas P, M modulação e configurações múltiplas
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estratégias de projeto Onde atuar? No interior da edificação da Rodoviária. A partir do mapeamento feito, agir em lugares existentes para descanso. Agir nos vazios com pontencial.
1. plano de vidro
2. pilares
intervenção escala P espaços de permanência
. 1. nível superior
2. mezanino
intervenção escala M espaços de permanência e de passagem 94
3. guarda-corpo
4. paredes
3. nível inferior
4. transição entre mezanino e outros níveis
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estratégias de projeto Como atuar? Por meio de elementos lúdicos variáveis; através de suportes urbano efêmeros e de módulos independentes, como ilustram as imagens abaixo.
3. escadas
intervenção escala P espaços de permanência
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intervenção escala M espaços de permanência
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intervenção escala M espaço de permanência: estrutura principal para suporte de usos variados 98
instalação imagem produzida em conjunto com a Isabela Dutra
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evolução do projeto Expansão da intervenção para fora da edificação da rodoviária. A partir das análises realizadas, criam-se outras duas intervenções principais como suporte urbano que, mais do que isso, ofereçam imersão e contato contemplativo entre obra e espectador. Aliando espaço físico com a rede virtual, o projeto materializa sensações, abrindo lugar para o indivíduo se reconectar com sua memória afetiva. Este suporte sensível se faz necessário, uma vez que estabelecemos como ponto chave a Rodoviária, em sua condição de centro de deslocamentos e de lugar associado a afetos e histórias de pertencimento das pessoas.
1. balão direção congresso nacional
2. balão direção torre de tv
intervenção escala G
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intervenção escala G espaço de travessia e permanência: uso interativo/imersivo
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estratégias de projeto Onde atuar? No exterior da edificação da Rodoviária. A partir do mapeamento feito, agir em lugares existentes de travessia constante, mas com potencialidade para o momento da pausa. Agir nos vazios com pontencial.
implantação paisagismo e acessibilidade
corte aa . implantação da intervenção dos Cubos 106
estratégias de projeto Como atuar? Através de suportes urbanos efêmeros, formados pelo elemento físico da intervenção aliado à tecnologia de mídia arte. O usuário instala o aplicativo em seu celular e pode acessar categorias variadas – permitindo, assim, a troca de experiências a partir de projeções nas faces do cubo.
tipos de interação mediados pelo celular
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instalação imagem produzida em conjunto com a Isabela Dutra
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intervenção n.3 Onde atuar? No exterior da edificação da Rodoviária - sentido Congresso Nacional. Zona de fluxo de passagem intensa e carência de espaço adequado para a pausa.
implantação paisagismo e acessibilidade
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estratégias de projeto Como atuar? A partir de modulações e configurações múltiplas. Um mesmo elemento físico se desdobra em diferentes funções: elemento contemplativo, equipamento urbano etc. Essa intervenção acontece em fragmentos que se complementam durante o próprio percurso. Ao longo do trajeto, cenas do entorno vão se revelando em conjunto com os corpos em movimento que conformam aquela cena.
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estratégias de projeto Como atuar? Nesta intervenção, o cubo vai se fragmentando e, com ele, o movimento e a descoberta também. Procuro agir surpreendendo o pedestre durante seu percurso com sequências de imagens sendo formadas ao longo do trajeto. Fotografias impressas que talvez os remetam ao próprio corpo e às suas próprias descobertas.
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instalação imagem produzida em conjunto com a Isabela Dutra 115
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Bibliografia CARERI, Francesco. Walkscapes, o Caminhar Como Prática Estética. São Paulo: GG Brasil, 2013 FREYRE, Gilberto. Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife. Recife: Global, 2007 PEDROSA, Mário. Arquitetura Ensaios Críticos. São Paulo: Cosac Naify, 2015 AUGÉ, Marc. Não Lugares: Introdução a uma antropologia da supermodernidade. São Paulo: Papitus, 1994
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