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SALVADOR, SÁBADO, 6 DE SETEMBRO DE 2014
Heróis que valem milhões
Primeira revista em quadrinhos do Super-Homem é vendida por milhões de dólares em um leilão na internet
RENATA FREIRE
H
á 86 anos, o Super-Homem fez sua estreia. Pela idade do homem de aço, dá para chamá-lo de vovô. A primeira vez que o herói mostrou seus superpoderes nos quadrinhos foi em 1938, na revista Action Comics nº 1. Ela é considerada tão importante para os fãs que recentemente foi leiloada por 7,3 milhões de dólares. Com esse valor, daria para comprar 933 mil revistinhas do Super-Homem e quase dois milhões de gibis da Turma da Mônica. Contam por aí que restam pouco mais de 10 destes exemplares pelo mundo e poucos estão em
bom estado de conservação. Por isso, a Action Comics nº 1 teria atingido um valor tão alto. O especialista em quadrinhos Waldomiro Vergueiro explicou que algumas HQs, como a do Super-Homem, tornaram-se raras porque esse tipo de literatura era perseguida na década de 1940. Alguns pais consideravam que os temas das histórias (guerras e criminalidade, por exemplo) não eram apropriados para o público infantil. “Muitos quadrinhos foram queimados para que as crianças não tivessem acesso a eles. Ao contrário de hoje, eles não eram considerados educativos”, disse Waldomiro.
As eras dos quadrinhos Não se sabe ao certo quem foi o inventor dos quadrinhos. O americano Richard Outcault, com o gibi Yellow Kid, de 1895, costuma ser o nome mais citado quando se fala nos primórdios das HQs. Mas o sucesso dessas revistas se espalhou mesmo nas décadas de 1920 e 1930, quando os jovens ainda não tinham televisão. “O quadrinho foi o primeiro produto que pensava na criança como consumidor final. As
revistas também eram muito baratas, por isso um menino podia ir à banca e voltar com várias delas”, explicou Waldomiro. Por aqui, o primeiro quadrinho publicado foi o Tico-Tico, em 1905, contou Álvaro Moya, autor do livro HQs no Brasil. A revista Gibi, que trazia uma coletânea de narrativas de super-heróis estrangeiros, também fez sucesso. É por isso que, até hoje, as histórias em quadrinhos são chamadas de “gibis”.
Ilustrações: Reprodução
Capas da Action Comics, nº 1, primeira HQ do Super-Homem, e da brasileira Gibi. E, abaixo, a pioneira The Yellow Kid
Nas telonas
Nos últimos anos, os super-heróis estão em alta nas telas dos cinemas. As adaptações das HQs têm sido adoradas pelo público. O ilustrador Álvaro de Moya explicou que, para conhecer os quadrinhos de verdade, é preciso ler os exemplares. “O universo dos personagens tem coisas muito mais fantásticas do que o que é mostrado nos filmes”, disse o artista.