Santo Amaro: Qualificando Espaços para a Vida Pública

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Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

SANTO AMARO: QUALIFICANDO ESPAÇOS PARA A VIDA PÚBLICA

Renata Portella Orientação: Eugênio Queiroga


Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação na Publicação Serviço Técnico de Biblioteca Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Portella, Renata Crivelli Renata Crivelli Portella; orientador Eugênio Fernandes Queiroga. - São Paulo, 2018. 120p. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 1. Espaços Livres. 2. Lugar. 3. Espaço Público. 4. Santo Amaro. I. Queiroga, Eugênio Fernandes, orient. II. Título.

Elaborada eletronicamente através do formulário disponível em: <http://www.fau.usp.br/fichacatalografica/>



Resumo O trabalho propõe a articulação de espaços livres de edificação em um eixo localizado no coração de Santo Amaro. A intervenção pressupõe a leitura deste eixo, que liga a Catedral de Santo Amaro à Biblioteca Prestes Maia, como um sistema de Espaços Livres e pretende também ser um canal de discussão sobre lugares e a apropriação do espaço público. Palavras-chave: sistema de espaços livres; lugares; espaços públicos; Santo Amaro.


Abstract This final work propounds to articulate open spaces on an axis located in a vital area of Santo Amaro. The intervention assumes this axis, which connects the Santo Amaro Cathedral to the Prestes Maia Library, as an open space system and intends to be a conduit for discussion about places and appropriation of public spaces. Key-words: open spaces system; places; public spaces; Santo Amaro.


AGRADECIMENTOS Como o orientador deste trabalho disse várias vezes, não se deve levar o TFG a sério demais. Concordo com ele, mas é difícil não querer que o TFG reflita todo um sentimento de gratidão por essa jornada.


Agradeço, antes de tudo, à minha mãe, Magda, por ser o alicerce mais firme e que toda pessoa deveria ter e que acumula funções para que eu consiga ser eu mesma. E ao meu avô, Paschoal, por ter sido isso pra ela. Agradeço ao orientador deste trabalho, Eugênio Queiroga, por ter me concedido o prazer de trabalhar com ele e ter sido um orientador preciso, inspirador, provocador e compreensivo. Agradeço ao Leonardo Loyolla, por todas as consultorias técnico-científicas e pelas não técnico-científicas, bem como pela oportunidade de aprender sendo sua monitora. Agradeço à Karina Leitão, pela orientação e pelo apoio incondicional que me ofereceu e que oferece a todos os alunos dessa faculdade. Agradeço aos meus FAUmigos, que compartilharam de toda as angústias e felicidades que esta jornada da graduação teve. Obrigada pela presença em cada momento, por discordarem de mim e por fazer o melhor de mim desabrochar. Agradeço aos meus amigos da vida, que me lembravam constantemente de onde eu vim, quem eu sou e que existe vida fora da FAU. Agradeço aos meus colegas de trabalho da Poli, que me deram a oportunidade de aprender com a prática, seja da profissão ou das imprevisibilidades da vida. Obrigada pela liberdade que me proporcionaram ao longo desses dois anos. Agradeço à Clotilde, Rubinho e suas funcionárias, que me concederam valiosa ajuda ao compartilharem sua vivência como comerciantes no Largo 13.

Foto: Rafael Bezerra

Agradeço a cada parte que compõe o todo que culminou neste trabalho: cada professor, funcionário e colega de faculdade. Em especial, agradeço à Daniel Lousada, Fabiana Romano, Fernanda Pitombo, Gabriel Verbena, Gabriela Pedroso, Heloisa Valarini, Jessica Luchesi, Johny Takehara, Júlia Hirakawa, Louise Skeet, Mariana Teixeira e Rafael Bezerra pelas contribuições específicas com este trabalho. Certamente não teria chegado até onde chegou sem vocês. E, por fim, agradeço à minha grande amiga Debora (Kumagai), que aceitou dividir essa aventura por Santo Amaro comigo.


SUMÁRIO

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TEORIA

LEITURA E LEVANTAMENTOS

Introdução_12 Espaço e Lugar_14 O Espaço Público_17 Passagem e Permanência_19 Demandas, Práticas e Potências_20 Sistema de Espaços Livres_21

Contexto Histórico_24 Visitas e Percepções_40 Levantamentos_48 Projetos Existentes_92 Referências_94


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04

PROJETO

CONSIDERAÇÕES FINAIS_134

Diretrizes e Partido_101 Largo Treze de Maio_106 Praça Floriano Peixoto_114 Praça Salim Farah Maluf_122 Praça do Mural e Biblioteca Prestes Maia_128

BIBLIOGRAFIA_136


Foto: Debora Kumagai


01 TEORIA

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01 INTRODUÇÃO O objeto central de estudo do amplo campo da arquitetura é o espaço. Independentemente da especialidade, é necessário na atuação ter segurança de que as intervenções propostas tenham um mínimo de qualidade, para que estas sejam realmente apropriadas pelas pessoas e então poderem ser consideradas bem-sucedidas. Após a realização e utilização por um certo período de tempo do espaço projetado é de certa forma mais simples de se conferir os êxitos ou falhas, tanto de raciocínio como de execução, dado que os usuários já terão bagagem para nos contar sobre a sua experiência naquele espaço.

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Contudo, o arquiteto e urbanista deve ser hábil para fazer esta avaliação na etapa de projeto, para que se evitem erros básicos, fracassos e até mesmo desperdício, seja de tempo e recursos. Pessoalmente, acredito que o tempo de atuação seja um fator que permita ao profissional ter mais confiança no ato de projetar, porém nem sempre isto está diretamente relacionado com a qualidade do projeto. Partindo do pressuposto de que a sensibilidade do arquiteto na observação de demandas, práticas e potências é a essência que garante o sucesso de um espaço projetado que inicio a construção deste trabalho. Identificar demandas, práticas e potências não está relacionado apenas com ler um briefing, mas sim saber ler o espaço enquanto elemento importante na constituição de uma sociedade e ter a percepção de como intervir no espaço pode interferir significativamente na vida daqueles que o utilizam. É importante ressaltar que este discurso não está pressupondo a arquitetura enquanto ciência maior e o arquiteto tendo autoridade para ditar o que deve ocorrer, mas sim propor que o arquiteto se coloque como um articulador de mudanças e ressaltar a importância da sua ação, conjuntamente com outras especialidades. Portanto, o arquiteto é capaz, ao compreender o contexto em que sua intervenção está colocada e imaginar possíveis apropriações para a sua intervenção, de envolver as pessoas e oferecer um espaço de qualidade. E o quão bem o arquiteto consegue articular este entendimento com os desejos das pessoas, filtrando a partir do seu conhecimento técnico as proposições, resultaria em um conjunto de sensações positivas para os usuários.

Foto: Renata Portella

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Para o espaço público esta premissa parece ainda mais válida, se considerarmos que no espaço público não deveriam se considerar requisitos particulares de uma amostra reduzida de pessoas e a restrição de utilização, mas sim o todo e suas especificidades culturais, com os quais seja possível para a população se identificar e se apropriar – criando assim conexões entre as pessoas e o espaço –, garantindo a possibilidade de utilização universal. Como utilização universal entende-se não somente a questão de acessibilidade, mas também o uso comum e uso público. Assim, pode-se concluir que o papel da arquitetura seja permitir a significação dos espaços pelas pessoas. Espaços significados foram chamados por diversos autores de lugares, criando assim uma diferenciação semântica dos dois termos no campo acadêmico da arquitetura. É possível encontrar trabalhos que discorrem sobre não-lugares e placemaking, que dialogam com esta proposta. Este trabalho, então, terá como objetivo geral entender o papel da arquitetura na criação e reafirmação de lugares, entendendo conceitos relacionados e métodos considerados apropriados para esta construção de lugares.


ESPAÇO E LUGAR A definição de lugar vem da sua contraposição à ideia de espaço – não que os dois conceitos sejam contrastantes, mas o entendimento de um é facilitado pelo entendimento do outro. Espaço é o meio físico e social onde os seres estão inseridos. Para Yi-Fu Tuan, a ideia de espaço dá-se pela capacidade de movimento1, ou seja, uma pessoa ao mover-se descobre e define o espaço. Já Milton Santos considera que o espaço [geográfico] é “um conjunto indissociável de sistema de objetos e de sistema de ações”2. Para ele, simplificadamente, o espaço que entendemos como distância é a relação entre dois objetos. Portanto, mais do que uma medida, a forma como as pessoas se relacionam com estes objetos, por meio de ações, também constitui o espaço. Ambos sistemas de objetos e de ações estão sujeitos ao tempo e sociedade em que estão inseridos. Assim, pode-se dizer que o espaço proposto por Tuan simplificado com relação ao proposto por Santos, pois apesar de ambos considerarem ações na definição de espaço, Tuan se limita a ação de mover-se, enquanto para Santos qualquer ação define o espaço, e estas ações têm sempre uma razão social. Para Tuan, que considera o espaço a capacidade de movimento, os lugares são a pausa neste movimento3. De acordo com o autor, a pausa é a chave para o entendimento do lugar: quando se interrompe o movimento, que para ele é um estado de libertação, possibilita-se uma apreensão muito mais profunda e íntima do espaço em questão. Na permanência4, é possível experienciar o espaço, conhecê-lo de uma forma particular e dotá-lo de valor5. De certa maneira, Santos contempla essa TUAN, 1983, p.14. SANTOS, 2004, p.225. 3 TUAN, 1983, p.153. 4 TUAN, 1983, p.155. 1 2

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visão de experienciação e permanência quando fala sobre os homens lentos6, onde disserta sobre o fato de as pessoas mais pobres, por não terem tanta mobilidade, acabam por criar uma relação muito mais profunda com os lugares onde vivem. Isso se extrapola também para o par cidade-campo. É possível então afirmar que, em uma generalização, quanto maior a riqueza, maior o número de espaços conhecidos, portanto menor o tempo gasto em cada espaço e, por consequência, menor a territorialização, e vice-versa. É claro que outros fatores, como por exemplo a abertura do indivíduo para esta apreensão e seu conhecimento geral prévio também tem influência na territorialização, entretanto é possível manter esta hipótese. Aqui, percebe-se a principal diferença entre a concepção de lugar para ambos os autores. Tuan isola o conceito de questões satélite para conseguir ter uma visão mais focada sobre o que seria um lugar. Porém, durante os capítulos de seu livro, Tuan vai salpicando algumas temáticas que poderiam interferir na forma como se compreende e se apropria do espaço, como a nacionalidade. Portanto, um fator importante a ser considerado são as influências que cada autor considera na percepção do espaço pelas pessoas. Para Tuan, o indivíduo aprende sobre o espaço de forma passiva, por meio dos sentidos, e “cria a partir dele”7 e tem como principais influências a cultura no qual está inserido, fatores biológicos e a amplitude da experiência e do conhecimento individual8. Para Santos, a sociedade também se mostra como fator de influência relevante, contudo o autor também considera o grupo social no qual o indivíduo está inserido9, as relações entre as pessoas que convivem naquele espaço10 e a relação entre o lugar e o mundo globalizado e a sua inserção na rede mundial11. Pode-se entender então que existe um gradiente de particularidade e universalidade onde cada lugar se insere com relação aos indivíduos.

TUAN, 1983, p.4.

SANTOS, 2004, p.225. TUAN, 1983, p.10. 8 TUAN, 1983, p.6. 9 SANTOS, 2004, p.323.

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SANTOS, 2004, p.319. SANTOS, 2004, p.314.


Neste contexto, pode-se dizer que Carlos se aproxima mais da definição de Santos, ainda que não exponha tão pontualmente os conceitos como Santos. “Portanto, a partir do corpo, mas superado o corpo e a materialidade do espaço, contempla a cultura, bem como uma forma de consciência sobre a atividade realizada. Desse modo, a cidade, como prática social, é espaço-tempo da ação que funda a vida humana em sua objetividade/subjetividade, superando-a como simples campo de experiência”12. Na sua visão, o corpo é um mediador das experiências do espaço, mas ele se comporta de forma específica à uma determinada dimensão social13. Ainda com a ideia de lugar e experienciação em pauta, outros autores também tangem a questão. Pallasmaa, por exemplo, foca na questão do corpo com o objetivo de incentivar a pluralidade sensorial na arquitetura. Ele não descarta questões culturais e de visão de mundo, contudo reitera a importância do que chama de identidade perceptiva e de como o corpo e o meio de experimentar o espaço continuamente14. “Eu confronto a cidade com o meu corpo, minhas pernas mediam o comprimento da cidade e a largura da praça, meus olhos fixos inconscientemente projetam meu corpo na fachada da catedral, onde eu perambulo sobre molduras e curvas, sentindo o tamanho de recuos e projeções; meu peso encontra a massa da porta da catedral e minha mão agarra a maçaneta enquanto mergulha na escuridão do interior. Eu me experimento na cidade; a cidade existe por meio de minha experiência corporal. A cidade e meu corpo se complementam e se afirmam. Eu moro na cidade e a cidade mora em mim.”15

CARLOS, 2014, p.475. CARLOS, 2014, p.474. 14 PALLASMAA, 2011, p.38. 15 PALLASMAA, 2011, p.38. 12 13

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Com este conceitual teórico, chega-se à conclusão de que o espaço é um meio físico e torna-se lugar a partir do indivíduo. Portanto, lugar pode ser definido como o espaço dotado de valor, sendo este criado a partir da experiência daquele que se apropria deste, considerando a sua complexidade enquanto indivíduo e enquanto parte de grupos sociais. Ao se intervir em um espaço, é necessário considerar esta complexidade, especialmente se for um espaço público.


Yi-Fu Tuan

Milton Santos

Geografia Humanista

Geografia Crítica

_capacidade de movimento

_sistema de objetos e ações

_pausa, permanência

_tempo

_experienciação

_territorialização

_intimidade

_particular e universal

Passividade

Atividade


“A desvalorização dos espaços públicos leva à carência de locais que permitam os encontros com pessoas diferentes e diminui a sociabilidade e o desenvolvimento cultural da população.”3

O ESPAÇO PÚBLICO O espaço público entra nesse contexto como o lugar onde é possível a interação de diferentes indivíduos e em diferentes esferas da vida, onde não deveria haver limitações de acesso e uso. Como colocado por Carlos: “O espaço público é o lugar da reunião em ato, do encontro, da proximidade entre membros de uma determinada sociedade, sem o qual o discurso e a ação, como momento de decisão em conjunto, não seria possível. É a centralidade que marca e delineia a vida, e dá sentido a ela. É o lugar das trocas sociais de todos os tipos, incluindo aquele que envolve a palavra, o discurso que aponta e define a ação coletiva como embate e luta; identidade e diferença. É o espaço da manifestação que se constitui como forma de ação política e, como tal, não separada das conjunturas que a produzem. É também o lugar da troca mercantil, do diálogo que ela impõe, das suas regras. É aquele que reúne os diferentes sem motivos definidos, pelo simples fato de existirem.” 1

Nesta concepção, o espaço público é onde se dá a esfera pública e grande parte da esfera social. É neste lugar público onde se constituem referências, se constroem identidades e se sustenta memórias2. É então importante ter clareza dos fatores que são importantes para entender a identidade de um lugar público específico. Uma análise fragmentada, que considera apenas algumas variáveis pode ser prejudicial no entendimento do espaço para uma intervenção. É claro que é difícil para um arquiteto determinar tudo o que interfere na formação de um lugar, principalmente quando este não é de seu uso cotidiano, mas é possível levantar algumas influências dada a prática e a compreensão do espaço com a observação de contextos. 1 2

CARLOS, 2014, p.476. CARLOS, 2014, p.475.

Isto nos leva a relembrar a ideia de imagem da cidade proposta por Lynch. Para ele, não apenas o ambiente físico é parte vital da compreensão do todo, mas também todos os elementos móveis, inclusive o próprio observador. Um lugar com uma boa imageabilidade passa uma sensação de segurança emocional a quem se apropria dele: “He can establish an harmonious relationship between himself and the outside world”4. Considerando a definição de espaço público, esta segurança emocional deve ser partilhada por todos os seus usuários. Este é um dos desafios da criação de lugares públicos, pois quanto mais reduzido o número de pessoas para quem se projeta, mais próximo fica o projeto por conta da personalização. Em um espaço onde se deseja que todos possam usufruir, como é o espaço público, a personalização é uma característica excludente, que passa valores não desejáveis e contrários ao conceito de bem público. “The observer himself should play an active role in perceiving the world and have a creative part in developing his image. He should have the power of change that image to fit changing needs. An environment which is ordered in precise and final detail may inhibit ney patterns of activity. A landscape whose every rock tells a story may make difficult the creation of fresh stories. Although this may not seem to be a critical issue in our present urban chaos, yet it indicates that what we seek is not a final but an open-ended order, capable of continuous further development”5

Assim, uma estratégia adequada para a criação de lugares públicos é equilibrar a intervenção com a possibilidade de se modificar o uso quando for necessário, tornar o espaço dinâmico. 3 4

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DEMUTH, 2016, p.86. LYNCH, 1960, p.4.

5

LYNCH, 1960, p.6.


Desta forma, é possível caracterizar o lugar público como: _dinâmico: todos os elementos não fixos constituem o lugar, portanto o lugar público é composto por esta complexidade, não se limitando nele mesmo; _não excludente: o lugar público não deve ter barreiras para que as pessoas se apropriem dele, ou seja, as pessoas dever sentir que podem usufruir daquele espaço; _significante: por ser público, o lugar carrega simbolismos importantes para pra uma sociedade que o contém.

Lugar Público _dinâmico

_não excludente; complexo

_tem significado

_não se limita nele mesmo


PASSAGEM E PERMANÊNCIA

de profundo lastro vernáculo, mas que ainda enfrenta dificuldade em ser entendido como modelo de vitalidade urbana e de promoção de justiça social.”3

Para este trabalho, pode-se dividir de forma simples os espaços públicos entre vias e praças. Na categoria de vias encontramse principalmente ruas, ruas de pedestres, ruas sem saída, travessas e avenidas. Para balizar as escolhas projetuais foi importante pensar nas ações de passagem e permanência, seus atores e as suas ações específicas. Apesar de ruas e praças se sobreporem muitas vezes com relação a estas ações, por serem ambas espaços de uso público, é possível distinguir ambas sendo a praça o lugar para estar e a rua para o passar.

Espaços de permanência podem ter critérios mais complexos para serem projetados, pois levam também em consideração fatores que levam as pessoas a terem vontade de parar e estar e um determinado lugar. A pausa pode surgir de uma necessidade, como para amarrar o sapato, ou de um impulso, vindo de um interesse em um espaço em particular, seja pela beleza, pela atividade, pela referência simbólica.

“Morfologicamente a praça, via de regra, se distingue da rua por suas proporções mais alargadas. Quanto ao uso, a praça não visa tanto a circulação longitudinal quanto o sistema viário, permitindo, com freqüência, apropriações mais amplas e diversificadas.”1

Considerando o contexto de Santo Amaro, existe espaço potencial para todos estes tipos de permanências. Há pontos que se relacionam com a história e a identidade do local e há a necessidade de gentilezas urbanas. Também há potencialidades com relação à estética e a promoção de atividades em espaços públicos, considerando a quantidade de equipamentos educacionais e culturais no entorno próximo.

Como já mencionado anteriormente, essa distinção é fluida. Ruas podem conter espaços de estar e praças também podem servir de passagem. As ruas de pedestres, por exemplo, pelo fato de não permitirem a passagem de veículos motorizados, propiciam uma maior variedade de ações de permanência. Um banco e outros mobiliários em uma calçada já faz com que uma rua possa ser usada das duas maneiras. Segundo Fajardo, caminhar é uma ação básica do corpo e, no que tange este trabalho, é um aspecto fundamental da organização urbana. Considerar a forma como as pessoas caminham seria em sua visão uma forma de garantir a vitalidade urbana2. “O ato de caminhar é a ação que promove um rol de valores e características especiais de paisagem e desenho urbanas,

1

QUEIROGA, 2002, p.58.

2

19

FAJARDO, 2007, p.105.

3

FAJARDO, 2007, p.109.


determinado espaço que não são necessariamente visíveis aos olhos de quem tem apenas parte dessas informações. Portanto, refletir criticamente sobre as informações levantadas é, além de conversas com os usuários do local, uma das formas mais eficazes de se determinar potenciais usos para o lugar.

DEMANDAS, PRÁTICAS E POTÊNCIAS Como dito anteriormente, o arquiteto deve ser aquele que consegue observar demandas, práticas e potências dos espaços. Estes itens se referem à diferentes tipos de formas de se apreender o espaço e, em uma visão prática, apontar proposições coerentes. É importante ressaltar que o jogo entra diferentes escalas é essencial para a efetividade da proposição Demandas: É a forma mais direta de se obter informações sobre o que se deseja para um determinado espaço. Seja por meio de pergunta aos usuários frequentes e comunidade local ou até mesmo por procurar o que a legislação urbanística aponta como ideal. Para este trabalho, a avaliação de demandas foi feita por meio de conversas com atores, revisão da legislação urbana, visitas de campo e levantamento sistemático de informações demográficas, ambientais e de uso. Práticas: Muitas vezes o que se espera para um espaço não vai de encontro com o que efetivamente ocorre nele. A importância de se observar as práticas de um espaço é entender qual é o papel deste nas relações entre indivíduos, para a sociedade e para o ambiente no sentido mais amplo da palavra. As práticas revelam mais sobre um espaço do que efetivamente o que é dito sobre ele. Para identificar e entender as dinâmicas atuais foram refitas visitas de campo e conversas com atores. Potências: Talvez este seja o item de maior refinamento técnico e sensível. Para avaliar a potência de um espaço levase em consideração toda e qualquer informação sobre este, desde elementos físicos até fatores sociais. A interação, o jogo entre estes elementos pode sugerir usos e funções para um

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SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES O conceito de sistema não é simples de se compreender. Está ligado ao conceito de sistema expresso por Edgar Morin, ou seja, “exprime ao mesmo tempo unidade, multiplicidade, totalidade, diversidade, organização e complexidade”1. Resumidamente, os Sistemas de Espaços Livres (SEL) urbanos, portanto, podem ser compreendidos como “os elementos e as relações que organizam e estruturam o conjunto de todos os espaços livres de um determinado recorte urbano”2. Assim, os SELs não se limitam à espaços verdes, áreas permeáveis ou impermeáveis, espaços públicos ou privados.

Faz-se então necessário colocar que a busca por uma unidade estética dentro do recorte não se dá pela necessidade de criar um SEL, mas sim fazer com que as pessoas possam perceber mais facilmente as relações entre os espaços livres. Caso estejam abertas para este tipo de percepção, as pessoas poderão se questionar sobre o porquê de determinados espaços – e não outros – tem características semelhantes. Caso contrário, elas poderão usufruir de um espaço ambientalmente agradável, o que já é desejável. Em suma, para o exercício projetual deste trabalho, portanto, parte do pressuposto que definir o recorte é definir o SEL urbano que se dejeja ser apreendiso pelas pessoas, por meio de uma unificação estética.

Desta forma, a intenção da proposta deste trabalho não é criar um SEL, pois este já está dado e está em constante mudança. O que se define aqui é um recorte em escala local, levando em conta o pedrestre, para se fazer uma proposição. A intenção é criar uma linguagem projetual que unifique este recorte. Importante dizer que o SEL urbano não se define também por uma linguagem: “As características estéticas e formais são atributos culturais dos espaços que constituem o SEL urbano. É importante atingir determinado grau de qualidade espacial e eficiência para que o desempenho tanto ambiental quanto social e funcional do SEL seja relevante para a esfera pública (...).”3

1 2

MACEDO et al, 2018, p.17. MACEDO at al, 2018, p.17.

3

MACEDO et al, 2018, p.18.

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Foto: Debora Kumagai


02 LEITURA E LEVANTAMENTOS

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02 CONTEXTO HISTÓRICO A história ocidental de Santo Amaro remonta até o início da colonização portuguesa no território brasileiro. A região onde se encontra o distrito, entre os rios Jurubatuba e Guarapiranga, era habitada pelos índios Guaianases1 e era formada por matas cerradas ao longo destes rios, campinas acima de um relevo brando e até mesmo áreas de aspecto de sertão2.

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“Ali foi se desenvolvendo a catequese, e ergueu-se uma capelinha. O casal João Paes e Suzana Rodrigues doou uma pequena imagem de madeira, que representava Santo Amaro (discípulo de São Bento e padroeiro dos agricultores), para ali ser venerada. O nome logo se estendeu a toda à região, que ficou conhecida como Santo Amaro.”3

A aldeia foi fundada pelo Padre José de Anchieta em 12 de agosto de 1560. Com o erguimento de uma pequena capela pelos catequizadores portugueses em 1686, deu-se início a relação entre os europeus e os indígenas. Esta capela é o centro de onde o desenho urbano de Santo Amaro terá como referência. A integração entre as duas culturas foi consolidada com Pedro Dias, irmão leigo da Companhia de Jesus que se desligou de seus votos para casar-se com a índia Terebé, segunda filha do cacique Tibiriçá e rebatizada como Maria da Grã, a pedido do líder dos Guaianases. Do estabelecimento do casal no aldeamento indígena de Virapuera descenderam três santamarenses dos mais conhecidos: Borba Gato, Padre Belchior de Pontes e Paulo Eiró4.

No século XVIII os rios já não eram mais tão utilizadas. Portanto, em 1737 é expedida a Ordem Régia n°212, que estabelecia a realização de uma estrada que conectasse Santo Amaro à recém-nomeada cidade de São Paulo, como parte de uma regularização dos caminhos por terra que ligavam a capital aos povoados do entorno7. Assim, se estabelecia a Estrada de Santo Amaro, hoje Avenida de principal importância para a conexão com a Zona Sul da cidade e uma das primeiras vias a marcar o centro de Santo Amaro de hoje como um centro de fato. Nesta época ainda não era muita a população, 880 mulheres e 890 homens8. É interessante salientar que Berardi descreve a atividade de mercadores ambulantes durante esse período, que passavam de porta em porta vendendo os mais variados produtos9. Há relatos de que se formaram quilombos próximos na região, próximo ao córrego da Traição. A paisagem da área na época era, segundo o relato de Manoel da Fonseca, prosaica:

A cidade colonial era vazia, com a maior parte da população se dedicando à produção agrícola nos sítios e em alguns poucos engenhos5. A terra ainda é concedida por capitães mor, portanto os proprietários eram basicamente portugueses. Apesar da simplicidade, a importância das Bandeiras em São Paulo, agora sede da Capitania de São Vicente, proporcionou que Santo Amaro se tornasse paróquia, na qual o primeiro vigário foi o Padre Belchior de Pontes6. Neste mesmo século XVII nascia o bandeirante Manuel Borba Gato, que apesar de não mais retornar para essa terra, pelas busca por ouro e pedras preciosas, ganhou uma estátua em sua homenagem, feita em 1961 por Júlio Guerra.

“Hê bairro aprazível por natureza, em huma campina de tal sorte levantada que, não perdendo o título de vargem, dá bastante matéria para os olhos se divertirem. Hê cortada de um famoso rio, sobre o qual por dois lugares formaram seus moradores duas formosas pontes, as quais ainda que não imitem na perpetuidade as da Europa, por serem de madeira, imitão quanto he possível a perfeição da arte. Cobrem-se suas margens de arvoredo de tal sorte levantado, que servindo de lhe impedir bastantemente os raios do sol e produzir frutas, com que se alimentam seus peixes, não impedem, antes recream a vista de quem por curiosa atenção os considera.”10

Foto: Renata Portella BERARDI, 1981, p.21. Idem, p.24. 3 Idem, p.27.

Idem, p.27-28. Idem, p.29. 6 Idem, p.27.

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8 9

25

Idem, p.40. Idem, p.49. Idem, p.44.

10

Idem, p.41.


No século XIX Santo Amaro se tornou colônia Alemã, escolhida por sua localização e a atividade agrícola. Segundo Berardi, 129 colonos que formavam 94 famílias se instalaram na freguesia11, aumentando a quantidade da produção agrícola, introduzindo novos gêneros – a batata, por exemplo – e começando outras atividades profissionais. Contudo, muitos alemães deixaram as terras para irem para outros lugares e os que ficaram se misturam ao da terra de forma a não deixarem uma presença cultural significativa12, fazendo com que Santo Amaro permanecesse com características semelhantes à chegada dos imigrantes. Em 1832, Santo Amaro é elevada de Freguesia à Vila e o anúncio foi comemorado com festa em locais públicos e privados (ver citação). Até o ano seguinte, quando foi construída a Casa de Câmara (hoje a Casa de Cultura), as reuniões eram feitas em um cômodo da Igreja Matriz, cedido pelo padre. “Ao longo das ruas principais foram fincados festivos gerivás. De um lado a outro, atravessando o caminho, estenderam-se fios, pendentes dos quais o vento agitava bandeirolas de cor. Na embocadura das ruas ergueram-se arcos de bambus, ostentando, ao alto, na ponta de fios, balouçantes ao vento, lanterninhas coloridas. No páteo da igreja havia uma iluminação profusa feita de laranjas. Essas laranjas, após descascadas, eram esvaziadas do miolo e cheias de azeite com mecha grossa. Depois, às dezenas, eram presas a tabuas que os festeiros fixavam sobre a porta da igreja e nos lugares centrais. Nas casas, os proprietários tinham estendido pelas janelas as suas colchas de Damasco, que só saíam da cômoda por ocasião de festas de Santo Amaro ou do Espírito Santo; nos batentes, penduravam-se lanternas de vidro em cujo interior ardia um coto de vela de sebo. No páteo, em diversos pontos, flamejavam fachos de resina.”13

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Idem, p.54. BERARDI, 1981, p.57.

13

Em 1869 se encontra a primeira descrição dos limites da Vila. Começa a configurar-se a estrutura do arruamento principal que até hoje permanece O centro era formado pela Igreja Matriz e pelo Largo do Jôgo da Bola - hoje Largo Treze de Maio14, para onde convergem as vias principais. Na esquina da Matriz com a Rua Direita (hoje o calçadão da Rua Capitão Tiago Luz) havia a loja do seu Adolfo, frequentada pelos mais diversos moradores, cuja variedade de produtos se assemelha às lojas atuais. “Tinha de tudo: joias de ouro, baralhos, óculos, chumbo, ferro, sapatos, aço, espingardas, remédios, ferragem, papelaria, pólvora, fazenda, roupas feitas, armarinhos”15. Outro fator importante da época foi a construção da ferrovia que ligava a Vila Mariana à Santo Amaro, fortalecendo ainda mais as relações com a capital. “Santo Amaro, humilde e risonho arraial de casinhas baixas, pintadas de cores vivas e quase todas da mesma altura, com poucas ruas largas de terra batida, e duas grandes praças, parecendo as aldeolas da Sicília. Vivia como segregada do mundo, mas a abertura da linha de trens a vapor transformou o local em passeio muito em moda: nos dias festivos ali acorrem numerosas pessoas, desejosas de lhe respirar as belas auras e de vagar pelos campos vizinhos do humilde vilarejo, digno de acatamento histórico por ser um dos primeiros eretos em São Paulo.” 16

No final do século, são contabilizados 6259 habitantes na vila. Berardi destrincha alguns dados demográficos, como 64 eleitores, 57 escravos e 75 filhos de mulheres escravas. Além disso, comenta as aparições de estrangeiros, que vinham influenciados pelos primeiros alemães. “Constavam 23 italianos, 11 portugueses, 32 alemães e 15 africanos”17.

Idem, p.58-59.

14 15

26

Idem, p.53. Idem, p.61.

16, 17

Idem, p.84-85.


Santa Isabel

Santana de Parnaíba

Já no século XX, Santo Amaro começa a ter sua paisagem modificada. Novos edifícios públicos foram inaugurados, como a Santa Casa, o Grupo Escolar e o Teatro Pindorama, assim como a Igreja Matriz passou por reformas. Em 1900, foi inaugurada a linha de bonde que saía da Praça da Sé até o Largo Treze, o que influenciou a urbanização dos bairros por onde passava18. O bonde foi um importante elemento de conexão entre os dois municípios até o seu desativamento em 196819. Foi construída a Represa Guarapiranga, que atraiu atividades recreativas. Como consequência da seca de 1924, foram construídas a Represa Billings e uma estrada de rodagem, hoje a Avenida Washington Luís. A vida urbana, mesmo que ainda tímida comparada à Capital, parecia mais ativa.

São Paulo Mogi das Cruzes

Santo Amaro

0

10

20

30

50 km

Santa Isabel

“O jardim público, na Praça Floriano Peixoto, era a delícia da criançada. As copas das árvores juntavam-se, fazendo sombra gostosa em tempo de calor. Ainda não havia flores ou canteiros: só tufos de capim, até que alguém viesse tocá-lo. E moitas de flor-denoiva, onde as meninas brincavam de “sala de visitas” e “anelzinho”.

Santana de Parnaíba

Mogi das Cruzes Salesópolis

São Paulo Cotia

As árvores eram tão velhas que não se podiam abarcar os troncos com os braços rodeando. Serviam de “piques” na brincadeira de pegador e esconde-esconde. Muitas foram derrubadas para se fazer um jardim mais moderno. Vieram alamedas calçadas por pedriscos, bancos com anúncios comerciais, um coreto, onde a banda tocava aos domingos à noite, e um cartaz: “Não pise na grama”. As crianças tiveram então de ir brincar em outro lugar.”20

Santo Amaro

Itapecerica

0

Em 1935, apenas três anos após as comemorações do centenário, Santo Amaro foi anexada à São Paulo21 (ver mapas). O Decreto 6983 expedido pelo interventor federal Armando

10

20

30

50 km

Santa Isabel Juqueri

Mapas de modificação dos limites de Santo Amaro, até a sua anexação ao municípo de São Paulo. De cima para baixo, os mapas correspondem respectivamente aos anos de 1833, 1877 e 1935.

Santana de Parnaíba

Guarulhos

Guararema

São Paulo

Salesópolis

Mogi das Cruzes Cotia

18 19

Idem, p.95. Idem, p.96.

20 21

Idem, p.101-103. Idem, p.105.

São Bernardo do Campo

Itapecerica

0

10

20

30

50 km


Sales de Oliveira foi recebido com inconformidade, então foram feitas tentativas de restabelecer a autonomia da cidade, sem sucesso, até que esta autonomia deixou de fazer sentido22. Após a anexação, Santo Amaro começa a ser analisado do ponto de vista da capital, ou seja, de acordo com as funções que desempenha em conjunto com a cidade de São Paulo. Com o crescimento da população na capital e a valorização e consequente aumento de preços para se viver no centro, Santo Amaro e toda a Zona Sul se tornaram ótimas opções para novos moradores e indústrias se estabelecerem. Portanto, as chácaras e sítios foram loteadas e deram início aos bairros que hoje são conhecidos. Contudo, o adensamento que se intensificou em toda a região Sul não foi tão expressiva na centralidade do Largo Treze de Maio, dada a sua característica comercial intensa. O comércio caracteriza-se por diversos artigos a preços populares e diferentes prestadores de serviço. Das indústrias que chegaram à Santo Amaro, Berardi cita como as mais numerosas as que lidavam com minerais não metálicos, metalúrgicas, mecânicas, materiais elétricos e comunicações, materiais de transportes, mobiliários, papel e papelão, borracha, couro e peles, químicas, matéria plástica, produtos alimentícios. “A paisagem urbana tornou-se então cheia de inesperados contrastes: favorecido pelo terreno tabular, o traçado das novas ruas era uniforme, entremeado de praças, com quarteirões retangulares. Os nomes das ruas obedeciam a certo critério: aqui, os vereadores de Santo Amaro (Chácara Santo Amaro), ali, os poetas.”23

Dentre os imigrantes internacionais, a região serviu como abrigo para diversos grupos étnicos - russos, húngaros, ingleses, americanos, portugueses, sírios, turcos, judeus,

22

Idem, p.108.

23

Idem, p.114.

espanhóis, japoneses - ainda assim, prevaleceram os alemães e italianos24, mas com poucas marcas. Hoje existem os Haitianos, que trabalham informalmente como camelôs. Já entre os migrantes brasileiros são destacados por Berardi os mineiros e, principalmente, os nordestinos25, que se fazem presentes principalmente pelas Casas do Norte. A ocupação nordestina na Zona Sul é marcante, mas especialmente pela quantidade – afinal, é considerado reduto nordestino em São Paulo. Apesar disso, as marcas desta presença são tímidas. Atualmente, as únicas pistas sobre esta ocupação é a Biblioteca Pública Belmonte. Esta biblioteca tem partes de sua fachadas desenhos típicos do Cordel feitos por um artista nordestino. A escolha por estes desenhos se dá pela temática de cultura popular da Biblioteca, que absorve as raízes nordestinas também em eventos temáticos. A atividade comercial ainda é forte na região, principalmente por conta de sua característica centralizadora que foi se intensificando ao longo do tempo – os caminhos para a Zona Sul que passam quase que obrigatóriamente por lá e a concentração de serviços públicos e particulares. O comércio permanece com grande variedade e tem ainda importância regional, ainda que a expansão do metrô possibilite o deslocamento de pessoas para outras regiões comerciais e o comércio de bairro tenha se extendido à regiões mais afastadas. O Terminal Santo Amaro é uma evidência da importância da região como ponte entre a Zona Sul e a cidade. Fora as linhas com final fora dele e as linhas que passam em avenidas próximas, o Terminal comporta 62 linhas de ônibus, sendo onze noturnas. Tais linhas conectam Santo Amaro à cinco Zonas da cidade de acordo com a divisão de áreas de atuação dos ônibus da cidade de São Paulo. Destacam-se as Zonas Extremo Sul e Sudoeste, com 42% e 29% das linhas destinadas à elas, respectivamente.

24

28

Idem, p.111.

25

Idem, p.114.


Tabela de linhas de ônibus diurnas partindo do Terminal Santo Amaro. FONTE: SPTRANS

CÓDIGO

NOME DA LINHA

1

476A-10

TERM. STO. AMARO - IPIRANGA

PREFEITURA REGIONAL ZONA DE DESTINO Nº ZD Ipiranga

Sudeste

2

5111-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PQ. D. PEDRO II

Centro

0

3

5154-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PRINC. ISABEL

Centro

0

4

527R-10

TERM. STO. AMARO - VL. IMPÉRIO

Cidade Ademar

Sul

6

5

5300-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PQ. D. PEDRO II

Centro

0

6

546L-10

TERM. STO. AMARO - JD. LUSO

Cidade Ademar

Sul

6

5

7

546T-10

TERM. STO. AMARO - VL. GUACURI

Cidade Ademar

Sul

6

8

576C-10

TERM. STO. AMARO - METRÔ JABAQUARA

Jabaquara

Sul

6

9

6000-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PARELHEIROS

Parelheiros

Sul

6

10

6001-10

TERM. STO. AMARO - TERM. CAPELINHA

Campo Limpo

Sudoeste

7

11

6007-10

TERM. STO. AMARO - TERM. CAPELINHA

Campo Limpo

Sudoeste

7

12

6008-10

TERM. STO. AMARO - JD. PLANALTO

Sapopemba

Sudeste

5

13

6013-10

TERM. STO. AMARO - JD. NAKAMURA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

14

6014-10

TERM. STO. AMARO - TERM. JD. JACIRA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

15

6026-10

TERM. STO. AMARO - JD. ICARAÍ

Capela do Socorro

Sul

6

16

6026-31

TERM. STO. AMARO - JD. ICARAÍ

Capela do Socorro

Sul

6

17

6027-10

TERM. STO. AMARO - JD. GRAUNA

Capela do Socorro

Sul

6

18

6028-10

TERM. STO. AMARO - RIVIERA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

Sul

6

19

6030-10

TERM. STO. AMARO - UNISA-CAMPUS 1

Capela do Socorro

20

6043-10

TERM. STO. AMARO - JD. CAPELINHA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

21

6044-10

TERM. STO. AMARO - JD. D. JOSÉ

Campo Limpo

Sudoeste

7

22

6062-51

TERM. STO. AMARO - JD. CASTRO ALVES

Capela do Socorro

Sul

6

23

6069-10

TERM. STO. AMARO - JD. SÃO BERNARDO

Capela do Socorro

Sul

6

24

6071-10

TERM. STO. AMARO - JD. ORION

Capela do Socorro

Sul

6

25

6076-10

TERM. STO. AMARO - JD. PROGRESSO

Capela do Socorro

Sul

6

26

6076-41

TERM. STO. AMARO - JD. SATÉLITE II

Capela do Socorro

Sul

6

27

6091-10

TERM. STO. AMARO - VARGEM GRANDE

Parelheiros

Sul

6

28

6091-21

TERM. STO. AMARO - JD. SILVEIRA

Parelheiros

Sul

6

29

6091-51

TERM. STO. AMARO - COLÔNIA

Parelheiros

Sul

6

30

6200-10

TERM. STO. AMARO - TERM. BANDEIRA

Centro

0

31

6258-10

TERM. STO. AMARO - JD. SÃO FRANCISCO

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

32

637P-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PINHEIROS

Pinheiros

Centro

0

33

637R-11

TERM. STO. AMARO - JD. ARACATI

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

34

637V-10

TERM. STO. AMARO - PQ. AMÉRICA

Capela do Socorro

Sul

6

35

6500-10

TERM. STO. AMARO - TERM. BANDEIRA

Centro

0

36

669A-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PRINC. ISABEL

Centro

0

Centro

0

37

675L-10

TERM. STO. AMARO - METRÔ STA. CRUZ

Vila Mariana

38

675N-10

TERM. STO. AMARO - METRÔ ANA ROSA

Vila Mariana

Centro

0

39

695H-10

TERM. STO. AMARO - JD. HERPLIN

Capela do Socorro

Sul

6

40

6960-10

TERM. STO. AMARO - TERM. VARGINHA

Capela do Socorro

Sul

6

41

6970-10

TERM. STO. AMARO - TERM. GRAJAÚ

Capela do Socorro

Sul

6

42

7014-10

TERM. STO. AMARO - E T. ÁGUA ESPRAIADA

Pinheiros

Sudoeste

7

43

7016-10

TERM. STO. AMARO - JD. ÂNGELA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

44

7016-21

TERM. STO. AMARO - VL. STA. LÚCIA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

45

7022-10

TERM. STO. AMARO - JD. CAIÇARA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

46

7023-10

TERM. STO. AMARO - JD. NAKAMURA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

Centro

0

47

709M-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PINHEIROS

Pinheiros

48

7245-10

TERM. STO. AMARO - HOSP. DAS CLÍNICAS

Centro

0

49

737A-10

TERM. STO. AMARO - TERM. JD. ÂNGELA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

50

7550-10

TERM. STO. AMARO - METRÔ STA. CECÍLIA

Centro

0

TERM. STO. AMARO - TERM. CAMPO LIMPO

Campo Limpo

Oeste

8

TERM. STO. AMARO - TERM. GRAJAÚ

Capela do Socorro

Sul

6

51 52

807A-10 N602-11



Tabela de linhas de ônibus noturnas partindo do Terminal Santo Amaro. FONTE: SPTRANS

CÓDIGO

NOME DA LINHA

PREFEITURA REGIONAL ZONA DE DESTINO Nº ZD

1 50 2 51

476A-10 7550-10 5111-10 807A-10

TERM. TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- IPIRANGA METRÔ STA. CECÍLIA TERM. D. PEDRO TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- TERM. TERM. PQ. CAMPO LIMPOII

Ipiranga Sé Sé Campo Limpo

Sudeste Centro Centro Oeste

05 80

5154-10 N602-11 527R-10 N631-11

TERM. TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- TERM. TERM. PRINC. GRAJAÚISABEL TERM. STO. AMARO VL. IMPÉRIO TERM. STO. AMARO - TERM. GRAJAÚ

Sé Capela do Socorro Cidade Ademar Capela do Socorro

Centro Sul Sul Sul

60 66

5 54 6 55

5300-10 N632-11 546L-10 N634-11

TERM. D. PEDRO II TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- TERM. TERM. PQ. GRAJAÚ TERM. TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- JD. JD. LUSO LUSO

7 56 8 57

546T-10 N640-11 576C-10 N701-11

TERM. GUACURI TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- VL. ELDORADO TERM. STO. AMARO METRÔ JABAQUARA TERM. STO. AMARO - TERM. PQ. D. PEDRO II

Sul Sul Sul Centro

66 06

9 58 10 59 11 60

6000-10 N702-11 6001-10 N703-11

TERM. TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- TERM. TERM. PARELHEIROS PQ. D. PEDRO II TERM. TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- TERM. TERM. CAPELINHA JD. ÂNGELA

Parelheiros Sé Campo Limpo M'Boi Mirim

Sul Centro

06

6007-10 N704-11 6008-10 N705-11

TERM. STO. AMARO - TERM. CAPELINHA TERM. PLANALTO TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- JD. TERM. PINHEIROS

Campo Limpo Sapopemba Pinheiros

Sudoeste Sudoeste Sudoeste Sudeste Centro

77 7 15

6013-10 N731-11 6014-10

TERM. NAKAMURA TERM. STO. STO. AMARO AMARO -- JD. TERM. CAPELINHA TERM. STO. AMARO - TERM. JD. JACIRA

M'Boi CampoMirim Limpo M'Boi Mirim

Sudoeste Sudoeste Sudoeste

77 7

6026-10

TERM. STO. AMARO - JD. ICARAÍ

Capela do Socorro

Sul

6

3 52 4 53

12 61 13 62 14 15

Fotos de algumas pinturas da exposição 1552 - 2019: 467 anos do Bairro-Planeta, pintados por Algacir da Rocha Ferreira.

Sé Capela do Socorro Cidade Ademar Cidade Ademar Cidade Ademar Cidade Ademar Jabaquara Sé

Centro Sul Sul Sul

60 66

16

6026-31

TERM. STO. AMARO - JD. ICARAÍ

Capela do Socorro

Sul

6

17

6027-10

TERM. STO. AMARO - JD. GRAUNA

Capela do Socorro

Sul

6

18

6028-10

TERM. STO. AMARO - RIVIERA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

19

6030-10

TERM. STO. AMARO - UNISA-CAMPUS 1

Capela do Socorro

Sul

6

Campo3% Limpo 2%

Sudoeste

7

Capela do Socorro

TERM. STO. AMARO - JD. SÃO29% BERNARDO

Sul

6

Capela do Socorro

Sul Sul

20

6043-10

Porcentagem de Destinos porSudoeste Zonas TERM. STO. AMARO - JD. CAPELINHA M'Boi Mirim

21

6044-10

TERM. STO. AMARO - JD. D. JOSÉ

22

6062-51

TERM. STO. AMARO - JD. CASTRO ALVES

23

6069-10

42%

7

6

24

6071-10

TERM. STO. AMARO - JD. ORION

Capela do Socorro

25

6076-10

TERM. STO. AMARO - JD. PROGRESSO

Capela do Socorro

Sul

6

26

6076-41

TERM. STO. AMARO - JD. SATÉLITE II

Capela do Socorro

Sul

6

27

6091-10

TERM. STO. AMARO - VARGEM GRANDE

Parelheiros

Sul

6

28

6091-21

TERM. STO. AMARO - JD. SILVEIRA

Parelheiros

Sul

6

Sul

6

6

29

6091-51

TERM. STO. AMARO - COLÔNIA

Parelheiros

30

6200-10

TERM. STO. AMARO - TERM. BANDEIRA

Centro

31

6258-10

TERM. STO. AMARO - JD. SÃO FRANCISCO

M'Boi Mirim

Sudoeste

32

637P-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PINHEIROS

Pinheiros

Centro

33

637R-11

TERM. STO. AMARO - JD. ARACATI

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

34

637V-10

TERM. STO. AMARO - PQ. AMÉRICA

Sul

6

35

6500-10

24% TERM. STO. AMARO - TERM. BANDEIRA

Capela do Socorro

0 7 LEGENDA 0

Acima, à esquerda: Largo 13 de Maio na Década de 30.

Centro

0

36

669A-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PRINC. ISABEL

Centro

0

37

675L-10

TERM. STO. AMARO - METRÔ STA. CRUZ

Vila Mariana

Centro

0

Acima, à direita: Igreja Matriz em 1935.

38

675N-10

TERM. STO. AMARO - METRÔ ANA ROSA

Vila Mariana

Centro

0

Abaixo, à esquerda: o bonde em 1959.

39

695H-10

TERM. STO. AMARO - JD. HERPLIN

Capela do Socorro

Sul

6

40

6960-10

TERM. STO. AMARO - TERM. VARGINHA

Abaixo, à direita: Rua Capitão Thiago Luz na década de 30.

41

6970-10

TERM. STO. AMARO - TERM. GRAJAÚ

Capela do Socorro

Sul

6

42

7014-10

TERM. STO. AMARO - E T. ÁGUA ESPRAIADA

Pinheiros

Sudoeste

7

43

7016-10

TERM. STO. AMARO - JD. ÂNGELA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

44

7016-21

TERM. STO. AMARO - VL. STA. LÚCIA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

45

7022-10

TERM. STO. AMARO - JD. CAIÇARA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

46

7023-10

TERM. STO. AMARO - JD. NAKAMURA

M'Boi Mirim

Sudoeste

7

47

709M-10

TERM. STO. AMARO - TERM. PINHEIROS

Pinheiros

Centro

0

TERM. STO. AMARO - HOSP. DAS CLÍNICAS

Centro

0

48

7245-10

31

Extremo Su Sudoeste Centro Sudeste Oeste

Gráfico 1: Destino das linhas do Terminal Santo Amaro. Capela do Socorro Sul 6 FONTE:SPTRANS



0

10

20

30

50 km


Mapa de Variação da Densidade de Empregos (emp/ha) entre as Pesquisas Origem e Destino de 1997 e 2007. É perceptível o crescimento da oferta de emprego na Prefeitura Regional de Santo Amaro, comparável às regiões centrais da metrópole. Importante preceber que as regiões com acesso direto ao Terminal Santo Amaro não tiveram um aumento tão expressivo. FONTE: Andreína Nigrelo / OD 2007

34


Mapa de Variação da Densidade Populacional (h/ha) entre as Pesquisas Origem e Destino de 1997 e 2007. Diferentemente do que acontece com a oferta de empregos, a densidade populacional da Prefeitura Regional de Santo Amaro tem variação negativa. Este dado pode ser um reflexo do tipo de ocupação habitacional produzido no centro expandido, que replica a verticalização sem o adensamento populacional. FONTE: Andreína Nigrelo / OD 2007

35


Renata Crivelli Portella Andreína Nigrello

8010419

63

13 56 62

59

57

10

58 26 25

A

9 7

6

8 21

49

24 Mapa das Zonas de Origem de Viagens Motorizadas - Geral

22

Santo Amaro (8) é destacado como um dos onze principais destinos de viagens nda Região metropolitana, recebendo pessoas de diversas outras regiões, em especial da Zona Sul do Município. FONTE: OD 2007 Produzido durante a disciplina AUP0555 - Elementos de Planejamento de Transportes, em 2017

0


32

3 14

15

5

17

19

20

16

18

43 45

44

9

48

Linhas de Desejo menos de 30.000 viagens 30.001 a 50.000 viagens 50.001 a 70.000 viagens 70.001 a 90.000 viagens mais de 90.001 viagens

10

20

30

50 km

Pontos de Destino

5 8 9 14 16 32 43 44 48 56 58

Tatuapé Santo Amaro Pinheiros Penha Itaquera Guarulhos São Caetano Santo André São Bernardo do Campo Barueri Osasco


Renata Crivelli Portella AndreĂ­na Nigrello

8010419

11

13

12 56 57

10

58 26 25

A

9 7

A

6

8 21

49

24 22 Mapa das Principais Linhas de Desejo da RMSP FONTE: OD 2007 Neste mapa, pode-se ver alĂŠm das cinco principais origens das viagens para Santo Amaro (8), que recebe pessoas de todas as regiĂľes adjacentes e do centro. Produzido durante a disciplina AUP0555 - Elementos de Planejamento de Transportes, em 2017


32

3 14

15 16

5 17 19

20

18

43 44

45

9

48

Linhas de Desejo 30.001 a 50.000 viagens 50.001 a 70.000 viagens 70.001 a 90.000 viagens mais de 90.001 viagens

0

10

20

30

50 km


por ali e isso faz sentido, se pensar que naquela área em direção ao centro existe maior pressão imobiliária.

VISITAS E PERCEPÇÕES DIÁRIO DE VISITAS DIA 1 SEXTA-FEIRA, 13/07, 12:00-14:00

Hoje fui fazer a primeira visita ao Largo 13 como arquiteta. Peguei o 6414-10, que faz um caminho um pouco diferente do usual, e desci no último ponto da Avenida Santo Amaro. Caminhei até a estação Adolfo Pinheiro para encontrar com minha amiga que também está fazendo TFG na área, Debora. Frequentei a área de Santo Amaro por um período da vida, principalmente durante o ensino médio. Fiz um semestre de inglês numa escola na região, juntamente com um colega de escola, Alexandre. Chegamos a caminhar por lá depois das aulas e foi ele que me apresentou alguns lugares, como a Biblioteca Prestes Maia. A maioria dos meus amigos da escola moravam na Zona Sul e, alguns deles, moravam inclusive a quarteirões do Largo 13, como a Nathalia. A última vez que passei pelo bairro foi para ir com meu namorado, Daniel, fazer um exame, em maio deste ano. Foi a primeira vez que usei o metrô para ir pra lá e, assim que saímos, notei que já não reconhecia o lugar. Hoje percebi mais lotes vazios e construções acontecendo, tanto de prédios comerciais quanto residenciais, principalmente perto da estação Adolfo Pinheiro. Aquelas frentes de quarteirões foram totalmente desapropriadas para a construção do metrô e agora já apareceram alguns comércios em volta, como mercadinhos e lojinhas pequenas, mas ainda tem pelo menos três lotes tampados. Apareceram alguns edifícios comerciais

40

Ao caminharmos em direção ao Largo, a densidade de pessoas e comércios populares começou a aumentar. O ruído do trânsito foi sobreposto por sons de propagandas de lojas, vendedores ambulantes tentando atrair clientela e murmúrio de pessoas. Fiquei com a impressão que as calçadas diminuíram, pois já não cabiam todas as pessoas nela mesmo não estando tão cheio. As pessoas andam encolhidas, tentando encontrar um caminho por entre os ambulantes, o mobiliário urbano e os outros transeuntes, apertando suas sacolas contra o corpo. Tive meu tênis quase arrancado do meu pé duas vezes e em um momento fiquei a centímetros de ser soterrada por sapatos de uma vitrine que estava sendo arrumada quase que na calçada. Andar ali fazendo levantamento parece um tanto complicado: andando normalmente e indo para os cantos para poder escrever já ouvi reclamações de pessoas que estavam agindo em outro ritmo. O próprio passeio é bem irregular e não apenas por falta de manutenção: por conta do leito carroçável mais alto, a calçada ou tem um formato de V ou tem um nível mais alto para as paradas de ônibus. A proximidade com tanta gente diferente pode ser considerada desconfortável, mas logo alguma vitrine chamava atenção (o capitalismo tem poder). Isso gera conflito nos passeios estreitos entre os passantes e os potenciais clientes. Algumas ruas são apenas para passagem de pedestres, o que facilita um pouco. Porém estas também cedem lugares para camelôs, feirinhas, compradores de ouro, pessoas fazendo pesquisas e oferecendo planos de saúde ou oportunidade de negócios não muito confiáveis e todo o tipo de gente. As ruas menos movimentadas apresentam diferente questões, sejam elas de pedestres ou com veículos. As vielas com trânsito apenas de pedestre são vulneráveis para alguns tipos de comércio. Certas lojas não conseguem se manter e fecham as portas. As que continuam são lojas de produtos mais


específicos, como eletrodomésticos, e lojas mais clássicas e que tem mais de uma unidade na região, como o Lojão do Brás. Já as ruas mais estreitas onde trafegam também os veículos, VUCs estacionam para fazer o abastecimento de lojas, inclusive as das ruas principais. É melhor estacionar em ruas adjacentes e levar os produtos com um carrinho do que parar na Adolfo Pinheiro. A Praça Floriano Peixoto é uma incógnita. Uma praça cercada por grades, com acesso por pequenos portões de ferro. Com direito a pregação, bem cara de centro da cidade. É estranho como só tem homens na Praça. Será que se ela não fosse trancada, teriam mais mulheres se apropriando daquele espaço? Os sentidos foram levemente sobrecarregados. Além de muito barulho, tem muita música tocando. Dentro de lojas, nas ruas, em carros de som passando. Muito funk, sertanejo, gospel e os últimos lançamentos do pop. O olfato, como na maior parte das vezes, identificou apenas cheiros ruins na muvuca, com destaque para o cheiro de xixi nas ruas de pedestres e o cheiro do camarão sendo vendido na rua. E como não poderia deixar de ser diferente, muitos esbarrões e algumas pisadas foi o tato que apreendi. Mas o que chama a atenção é como é difícil se entender como indivíduo no meio da quantidade de informações. O momento em que realmente pude aproveitar a paisagem foi na passarela do Terminal, quando olhei em direção à Catedral de Santo Amaro, ligeiramente elevada pela topografia. Debora tirou até foto.

Santo Amaro em dois momentos: pintura de Algacir da Rocha Ferreira representando a mesma perspectiva em zoom da vista do Terminal. A pintura mostra a paisagem na Década de 30 e a foto é de 2018.


DIA 2 SEGUNDA-FEIRA, 16/07, 08:30-10:30

Hoje peguei o 6450-10 -Terminal Capelinha, que faz um caminho mais direto até o Largo. Acordei mais cedo para fazer a visita em um outro horário. O que não faltam lá são opções para comprar alguma coisa para comer ou beber, o que foi muito conveniente. Notou-se um movimento incipiente, tanto por parte das pessoas como por parte das lojas. Algumas portas estavam ainda fechadas, mesmo não sendo exatamente tão cedo. Queria saber se essas lojas ficam então abertas até mais tarde. Até o número de ambulantes não era o mesmo e aumentou durante a manhã até a hora que fomos embora. Mais uma experiência de vida para riscar da lista: vi um “rapa” acontecendo ao vivo. Mesmo já tendo frequentado a região e também a 25 de Março e o Brás, foi a primeira vez que vi ambulantes rapidamente fechando suas lonas, astutamente acopladas à cordas que unem as pontas da lona transformando-a em uma trouxona (que descobri serem chamadas de pára-quedas), com a corda servindo ainda como alça para carregar por cima dos ombros. Por conta do horário, não haviam muitos ambulantes, então devo dizer que foi uma dose ótima de experienciação para começar. Debora e eu pulamos para dentro de uma loja, mas não sem antes ficarmos paradas no meio da calçada até entender o que estava ocorrendo. Passou rapidamente o furdunço e podemos perceber o quanto as pessoas lá se conhecem, pois um moço sentado em um caixote de feira perguntou a um ambulante que retornava se haviam pegado alguém, e este prontamente respondeu que [os policiais] tinham abordado um deles, mas que já havia sido liberado. É a rede de solidariedade entre aqueles que frequentam e precisam daquele lugar.

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Depois de perceber o movimento do Largo em si, fomos andar por uma parte ainda não tão explorada por nós na visita anterior: o eixo demarcado como ZEPEC pelo zoneamento da cidade. Descendo do Largo 13 até a Avenida João Dias, esta conexão passa pelo fervor do centro comercial e calçadão e segue por pontos culturais menos povoados, como a Biblioteca Prestes Maia (antigamente nomeada como Kennedy, obrigada Alexandre) e a Casa de Cultura de Santo Amaro. Estranho foi notar como estes lugares estão subutilizados. A Casa de Cultura parecia fechada e apenas pude ler à distância um mural com as atividades da semana. A Biblioteca tem um acervo grande e vários andares, mas basicamente três estão sendo realmente utilizados. Tem também um pequeno teatro no subsolo.


DIA 3 TERÇA-FEIRA, 17/07, 14:00-16:30

Neste dia fui ao Largo novamente com o 6414-10 e, na companhia de uma amiga, Mariana, fomos às compras. Separei alguns itens que precisava para comprar especialmente lá. Dessa forma, descemos do ônibus e já encontrei duas lojas que vendiam uma das coisas que precisava: toalhas. Foram bem fáceis e encontram-se várias lojas, com produtos de diferentes qualidades e bem em conta. Foi rápido e sem rodeios. Depois subimos o calçadão em direção ao Largo e logo vi a Ikesaki, loja de produtos de beleza e higiene pessoal, e vi os olhinhos da minha amiga pedindo para entrar. É uma daquelas lojas em que você sempre precisa alguma coisa dela e, se não, você deseja. Entramos e acabei lembrando de um produto que havíamos comentado no dia anterior, encontrei ali e resolvi compra-lo (junto com mais quatro outras coisas). Lá dentro fui lembrando de várias coisinhas que queria e poucas deixei de encontrar, que não estariam no meio popular. Saímos da loja e andamos pelo calçadão. Lá vimos umas banquinhas de chinelos de couro, mas os preços estavam inflacionados. Mas é interessante que ambulantes já tenham maquininha de cartão. Depois entramos em uma clássica loja de quinquilharias, pois estava à procura de um presente para um chá de bebê que fosse criativo. Encontrei algo rapidamente e por um preço muito bom: uma dupla de abajures em forma de lua e estrela. Como estavam na prateleira de exposição, os vendedores testaram e viram se havia outra unidade no estoque. Infelizmente não tinha,mas havia outra loja da mesma franquia do outro lado do Largo e fui para lá checar. Saí com os presentes comprados.

Quadro ilustrando o edifício da Casa de Cultura de Santo Amaro.

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O item mais pesado da minha lista era um maiô. Apesar de confiante de encontrar alguma coisa, não havia reparado em lojas que vendessem esse tipo de roupa especificamente por lá, então já havia pensado em alternativas. Ao sair da loja de bugigangas, qual foi a minha surpresa de a loja imediatamente ao lado vender maiôs? E mais: no estilo que precisava. Na hora a vendedora já me sugeriu o melhor tamanho, pude provar e saí em menos de quinze minutos saí da loja. Pessoalmente, achei que o preço não fazia jus à fama de comércio popular do Largo, mas a experiência dos vendedores e a dinâmica das lojas permitem que as pessoas possam comprar com rapidez. Fiquei com a impressão de estar em uma 25 de Março mais concentrada. Tem uma grande variedade de serviços, algumas vezes mais de uma unidade da mesma loja e bastante concorrência em alguns tipos de comércio. Além disso, também foi possível perceber a presença de outros tipos de loja de rede, como a Marisa, Riachuelo e Ponto Frio, que se estabeleceram na região para tentar atrair os consumidores já existentes, o que é um fenômeno clássico de aparição de comércio onde já existe comércio, mas de uma forma contrária à lógica de lojas âncoras de shoppings centers. Outro ponto a se salientar e a presença de divulgação de serviços em todo a região. Você é parado para lhe oferecerem serviços de advocacia, cursos de supletivo, planos de saúde, empréstimos, exame de vista gratuito na compra de lente e armação e até mesmo emprego. É bem claro o dinamismo do local, é estranho pensar que em um determinado horário tudo feche e todos se dissipem.


acredito que seja mais pela inexperiência desta que escreve o texto. Só consegui identificar uma quando li a palavra “Norte”, pois todas me pareciam apenas açougues convencionais. Enfim lá dentro, olhei tudo o que se vendia ali e resolvi comprar uma rapadura e uma manteiga de garrafa.

DIA 4 QUINTA-FEIRA, 19/07, 14:00-16:30

Sem tanta programação, voltei novamente ao largo com a Júlia, desta vez com o 6400-10-Terminal João Dias, e desci entre a Biblioteca Prestes Maia e Casa de Cultura. Para minha surpresa, a Casa de Cultura estava aberta e pude entrar para conhecer. Em meio de alguns quadros, mapas e pessoas fazendo alongamentos, o segurança foi muito gentil em me explicar como funcionava aquele espaço. Me contou do teor das atividades, do movimento que diminuiu em comparação com o ano anterior e da não relação com a Biblioteca e a outra Casa de Cultura que fica na Praça Floriano Peixoto. Fiquei me perguntando se a cultura nordestina que se ouve dizer que está aqui presente não vai além do Mural dos Romeiros. E se não vai, por que isso acontece? Subindo em direção ao Largo, quando chegamos na Praça Floriano Peixoto vejo um mural com desenhos inspirados em xilogravura como na Literatura de Cordel em uma parede do que na minha cabeça era a EMEI Borba Gato. Mas ao me aproximar para tirar fotos, fui surpreendida por uma segunda biblioteca pública. E a minha surpresa foi ainda maior quando entrei na Biblioteca Belmonte e soube que a temática dela é Cultura Popular. Ao conversar com a responsável pela montagem da sala, a Dona Dorinha, ela nos conta a história da biblioteca, da sala temática e de cada objeto que compõe o cenário. É como se aquela biblioteca funcionasse como um museu do que aquela região representa ou representou. Ali dentro encontrei o que esperava que fosse encontrar mais fora. Apesar de querer me perder naquele pequeno espaço, o lado de fora é o que me interessa. Depois de darmos uma passadinha na Ikesaki novamente, saímos em busca de uma Casa do Norte para escavar nos sabores a presença cultural da região. Por incrível que pareça, não foi tão fácil encontrar uma dessas, mas

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Além disso, andamos um pouco pelas ruas e a todo momento alguém oferecia alguma coisa, alguns moços que faziam propaganda de óticas inclusive insistiam muito em passar as vantagens que ofereciam – só por que uso óculos? Aliás, minha mãe comentou que a família de uma irmã do meu avô tem uma ótica lá. Na verdade, quando fui parar para olhar de fato, encontrei algumas unidades desta ótica em poucos minutos andando. Fico me perguntando qual é a tática de venda para tantas lojas iguais perto uma da outra – talvez os clientes comprem por exaustão.


Acima: quadros dentro da biblioteca, representando o busto de pessoas que trabalhavam na biblioteca ou na regiĂŁo. Ao Lado: pintura da fachada da biblioteca, feita no estilo de Cordel por um artista nordestino.


DIA 5 SEGUNDA-FEIRA, 20/08, 10:00-12:00

Após quase um mês sem estar realmente na região, fui até uma unidade das Óticas Menezes, a da Rua Senador José Bonifácio. Falei com o proprietário, o Rubens, e com as duas funcionárias da loja. Ficou explicado o mistério de múltiplas lojas próximas: cada uma é herança dos três filhos (Cláudio, Clóvis e Clotilde) do seu Ataíde, o fundador da loja. As primeiras lojas surgiram nos anos 60, vendendo também jóias e relógios. É um negócio típico de família, já que Rubens é esposo de Clotilde e seu filho mais velho, Denis, também participa do negócio. Além das outras unidades da própria franquia, a concorrência é grande: Ótica Júlia, Ótica Luz, Casa das Alianças, Ótica GG, entre outras um pouco mais afastadas e de redes famosas. Mesmo com a concorrência, o que mais afetou o movimento da loja foi a abertura de óticas em regiões periféricas da Zona Sul, mas a fidelidade mantém alguns fregueses. Uma estratégia bem comum para atrair clientes são os plaqueiros: pessoas com placas distribuindo panfletos e comunicando aos passantes as incríveis condições da ótica que os emprega. Para ganhar sua comissão, eles vão atrás de pessoas que já usam óculos e, principalmente, pegam consumidores saindo de outras óticas. Esta unidade não tem estoque, como muitas lojas da região, conta apenas com um pequeno depósito para armazenar o que não cabe na vitrine, principalmente relógios. Rubens me conta que os vendedores das fábricas passam em várias lojas para ver as encomendas e trazem todas juntas no mesmo frete, em um VUC e distribuídos com carrinhos. Rubens contou que anteriormente os ambulantes criavam duas fileiras no calçadão, ocupando a passagem de pessoas. Sempre que eram impedidos de trabalhar pela prefeitura voltavam em questão de dias. Na visão de Rubens, os lojistas se incomodavam

bastante, mas não interferiam por medo. Ele relatou como alguns ladrões agiam, envolvendo ambulantes que também não podiam reagir. Na gestão do prefeito Kassab houve uma retirada violenta dos ambulantes por parte da prefeitura. Hoje em dia, atuam com barracas os ambulantes permissionados, que fazem trabalhos artesanais. Irregularmente agem ambulantes com lonas e carrinhos de mão, para fugirem rapidamente da visão da polícia. Rubens vem de carro e almoça em casa. Como o movimento caiu bastante, ele almoça e rapidamente volta para que as funcionárias saiam para comer. Já as funcionárias chegam de transporte público. Conversei mais com a Giovana, que me disse vir de metrô. Ela varia entre trazer marmita e comer fora no almoço, mas no resto do tempo livre gosta de passear pelas redondezas. Apesar disso, não acha fácil se locomover pelas ruas: fala das calçadas estreitas para a quantidade de pessoas. Além disso, não encontra muitos locais para relaxar, tendo que ir até o Sesc Santo Amaro para para poder passar o tempo. Quando saí das Óticas Menezes, fui direto descobrir o que havia no edifício da Praça Salim Farah Maluf, cercado por um muro muito alto. Em minhas pesquisas online, encontrei o CCM - Centro de Cidadania da Mulher, que atua no acolhimento de mulheres em situação de violência, ofertando atendimentos de defensoria pública, atendimento psicológico e oficinas diversas. Porém descobri que desde o ano passado o espaço também abriga o CTA - Centro de Testagem e Aconselhamento. O CTA atua no diagnóstico e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e foi realocado para lá durante o mandato do prefeito Dória. Ambos os equipamentos são difíceis de serem visualizados por quem está fora e não tem atuação ou relação direta com a praça que os abriga, mas prestam serviços de suma importância para a população. Como lidar com esta situação? Movê-los para perto e derrubar o edifício? Demolir apenas o muro e integrar o edifício existente com a praça? Ou projetar um novo edifício que tenha uma melhor integração com a praça?

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DIA 6 SEXTA-FEIRA, 31/08, 14:00-17:00 POUPATEMPO

Meus amigos já sabem que estou fazendo trabalho em Santo Amaro e de vez em quando já me convidam para ir até lá fazer companhia e aproveitar a viagem para ver detalhes para o TFG. Dessa vez, minha amiga Mariana me chamou para acompanhála ao Poupatempo para pegar a carta de motorista definitiva. Além de compartilhar esse momento único na vida dela, pude confirmar que o Poupatempo é um atrativo importante para a região. Mesmo nas calçadas apertadas do caminho mais tradicional partindo da Praça Floriano Peixoto, ambulantes e panfleteiros compartilham o espaço com as muitas atarefadas pessoas que vão utilizar o serviço do espaço.

principalmente com relação às praças. As grades ao redor da Praça Floriano Peixoto são realmente um desconvite ao uso da praça. Os canteiros são resultado do recorte dos caminhos, contudo a colocação das grades e a extensão do calçadão faz com que o desenho pareça aleatório. Em uma das pontas há um rebaixo que possivelmente parece ter sido pensado para ter água, porém hoje tem grama e um totem, como um marco do que foi a cidade. Já Praça Salim Farah Maluf não tem uma apropriação real. Acredito que parte seja pelo seu desenho e cobertura vegetal, mas principalmente pelos pontos finais de ônibus no seu entorno, pela falta de mobiliário realmente útil e pela desconexão com a praça principal ao lado. Sobre a Praça da Biblioteca Prestes Maia, há um desenho e cobertura vegetal interessantes, porém não marcantes e poucas pessoas se apropriam da praça em si. Então continua não sendo interessante.

Mesmo o edifício tendo uma relação consideravelmente amigável com as pessoas, oferecendo uma praça com sombra e espaço para sentar na sua entrada, está espremido entre construções que se relacionam com o espaço público de maneira tradicional (construções no alinhamento que aproveitam o máximo do terreno) e não há copas de árvore fazendo sombra no passeio. Após a visita ao Poupatempo, fomos tirar fotos para o TFG. A intenção era tirar fotos das fachadas para tentar fazer uma montagem fotográfica do eixo de trabalho, o que não se mostrou tão fácil como pensava – como será percebido mais a frente, a ideia foi abortada. Para não ter tantas deformações, era necessário tirar muitas fotos e alguns pontos são muito caóticos para isso: muitos ônibus e interferências para tirar as fotos. Alguns pontos também são muito estreitos para conseguir capturar em altura os edifícios, mesmo os mais baixos. Consegui tirar fotos o suficiente para um teste inicial. Apesar disso, pude conhecer um pouco mais da região,

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TOPOGRAFIA E HIDROGRAFIA

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A partir do mapa topográfico e hidrográfico é possível ver a várzea do Rio Pinheros e o aumento da altura à Nordeste. A topografia vai aumentando de forma consideravelmente suave, sendo uma questão para a acessibilidade apenas em locais específicos. No geral, as distâncias são vencidas com relativa facilidade pelos pedestres.

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DENSIDADE DEMOGRÁFICA O mapa de densidade demográfica mostra uma concentração de menos de 92 habitantes por hectare em grande parte do centro de Santo Amaro. Este dado pode ser fruto de um baixo uso da área para moradia ou a pouca densidade construtiva. Posteriormente, será possível ler na análise que ambas as teorias estão corretas, se complementando.

LEGENDA em hab/ha

Até 92 de 92 a 146 de 146 a 207 de 207 a 351 Acima de 351 FONTE: Geosampa / Censo 2010

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USO DO SOLO É perceptível a concentração de comércios, convergindo para o Largo Treze. Esta concentração acompanha o desenho urbano que destaca o Largo como o centro do antigo município. Conforme se afasta do Largo, começam aparecer outros tipos de uso de lotes, inclusive áreas mistas e residenciais. Também é possivel ver os resquícios de áreas industriais, que remontam o uso do início do século passado.

LEGENDA Comércio Habitação Uso misto Estacionamento Equipamento Indústria FONTE: Google Street View/ Pesquisa de campo

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EQUIPAMENTOS Aqui foi feita uma classificação dos equipamentos existentes. Foi encontrada uma variedade grande de tipos de equipamentos, além de alguns equipamentos específicos da cidade, como o Poupatempo. Esta quantidade e variedade de equipamentos indica a vantagem de se adensar a região.

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Catedral Santo Amaro Estação Terminal Santo Amaro - Linhas 5 Lilás e 9 Esmeralda UNIFESP Centro Esportivo Joerg Bruder SESC Santo Amaro Universidade Nove de Julho E.E. Paulo Eiro Escola Senai Ary Torres E.E. Profa. Maria Petronila Limeira dos Milagres Monteiro Centro de Atenção Psicossocial Adulto III – Largo Treze Poupatempo Hospital Next Santo Amaro CEI Santo Amaro Biblioteca Municipal Belmonte EMEI Borba Gato Associação Cultural Corrente Libertadora Centro de Cidadania da Mulher - CTA IST/AIDS Santo Amaro Paço Cultural Júlio Guerra Prefeitura Regional Santo Amaro E.E. Prof. Alberto Conte Hospital da Luz – Un. Avançada Barão do Rio Branco Centro de Cidadania LGBT – Zona Sul Casa de Cultura Santo Amaro – Manoel Cardoso de Mendonça Biblioteca Pref. Prestes Maia – Teatro Leopoldo Fróes Cartório da 246ª Zona Eleitoral Centro de Atendimento ao Contribuinte – Receita Federal 11ª Delegacia de Polícia Colégio Paralelo NURAP - Núcleo de Aprendizagem Profissional e Assistência Social SENAC Largo Treze E.M.E.F.M. Prof. Lineu Prestes Base da Polícia Militar UBS Santo Amaro Escola de Educação Infantil e Berçário Doce Poly Subprefeitura de Santo Amaro Colégio Práxis Estação Adolfo Pinheiro – Linha 5 Lilás Hospital Santa Casa de Misericórdia Hospital Regional Sul – Pronto Atendimento e Ambulatório Universidade Estácio Santo Amaro Universidade Santo Amaro UNISA – Campus II Escola Particular Fadelito Colégio Anglo 21 Mercado Municipal: Sacolão Santo Amaro Previdência Social Cursinho da Poli Santo Amaro Colégio Adventista de Santo Amaro 50ª Junta do Serviço Militar Paideia Associação Cultural E.M.E.F. Carlos de Andrade Rizzini Estação Socorro – Linha 9 Esmeralda Centro Educacional Infantil Luz e Lápis Policia Militar do Estado São Paulo - 4ª Cia do Primeiro Batalhão Colégio São Jerônimo Centro de Atenção Psicossocial Infantil II Santo Amaro Hospital Regional Sul – Pronto Socorro Posto Policial

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ZONEAMENTO

LEGENDA ZER ZEU ZEU_p ZC ZM ZEM ZEMP ZDE ZOE ZECOR ZEPAM ZEIS 3 AC Praรงas e Canteiros FONTE: Geosampa / Censo 2010

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LEGENDA

De acordo com o Plano Diretor Estratégico de 2016, a área estudada está dividida em diversas zonas, de acordo com o LEGENDA uso que se pretende para cada porção do espaço. Dentre as LEGENDA classificações que aparecem ZER com mais frequência, ressalto aqui a ZEU e ZEUP, ZC e ZEM. ZERZEU ZEUZEU_p ZEUs e ZEUPs “Zonas Eixo de Estruturação ZC da Transformação Urbana são ZEU_p porções do território em que se pretende promover usos ZC ZM com densidades demográfica e residenciais e não residenciais construtiva altas e promover ZM ZEMa qualificação paisagística e dos espaços públicos de modo articulado ao sistema de transporte ZEMZEMP público coletivo” (Gestão Urbana). ZEMP ZDE Sendo assim, tem-se ZDE na área de estudo a ZEU e a ZEUP, ambas ZOE zonas inseridas na Macrozona de Estruturação e Qualificação ZOEZECOR Urbana definida do Plano Diretor Estratégico, sendo que o que as diferencia é o fatoZECOR deZEPAM na ZEUP o decreto ativador do eixo ainda não foi publicado. LEGENDA ZEPAM ZEIS 3 ZER Segundo o excerto doZEIS siteAC Gestão Urbana, os locais demarcados 3 como ZEUZEU ou ZEUP são então próximos à eixos de transporte AC Praçaspara e Canteiros público coletivo e tem incentivo aumento de população. ZEU_p FONTE: / Censo 2010 PraçasGeosampa e Canteiros ZC ZC FONTE: Geosampa / Censo 2010 “Zonas deZM Centralidades são porções do território localizadas fora dos eixos de estruturação da transformação urbana destinadasZEM à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros ZEMP regionais ou de bairros, em que se pretende promover majoritariamente os usos não residenciais, com ZDE densidades construtiva e demográfica médias e promover a qualificação ZOE paisagística e dos espaços públicos” (Gestão Urbana). ZECOR ZEPAM ZEIS 3 AC Praças e Canteiros

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ZEM ZEM “Zona Eixo ZEMP de Estruturação da Transformação Metropolitana são porções do território inseridas na Macroárea de ZDE Estruturação Metropolitana, destinadas a promover usos residenciaisZOE e não residenciais com densidades demográficas e construtivas altas, bem como a qualificação paisagística e dos ZECOR espaços públicos, de modo articulado ao sistema de transporte coletivo e com infraestrutura urbana de caráter metropolitano” ZEPAM (Gestão Urbana). A ZEM também está dentro dos Territórios de ZEIS 3 Transformação, assim como a ZEU e ZEUP. AC Praças e Canteiros FONTE: Geosampa / Censo 2010

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ZONEAMENTO

ZER Segundo a classificação do PDE, a ZC que aparece na região é ZEU classificada como de importância regional, reforçando o que os estudos da ZEU_p Pesquisa OD mostra. É uma classificação que entra como Território ZC de Qualificação, ou seja, além da diversificação dos usos, a manutenção do uso atual é considerada importante. ZM


Coeficiente de Aproveitamento

Transformação

Qualficação

Preservação

ZEU_u ZEUP_u ZEM ZEMP ZC ZCOR_1 ZCOR_2 ZM_u ZEIS_3 ZDE_2 ZER_1 ZEPAM

Taxa de Ocupação

CA mín CA básico CA máximo até 500m² 0,5 1 4 0,85 0,5 1 2 0,85 0,5 1 2 (d) 0,85 0,5 1 2 (e) 0,85 0,3 1 2 0,85 0,05 1 1 0,5 0,05 1 1 0,5 0,3 1 2 0,85 0,5 1 4 (g) 0,85 0,5 1 2 0,7 0,05 1 1 0,5 NA 0,1 0,1 0,1

maior ou igual 500m² 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,5 0,5 0,7 0,7 0,7 0,5 0,1

Gabarito máximo

Cota Parte

NA 28 28 28 48 10 10 28 NA 28 10 10

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GABARITO MÁX: 28m

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CA 4 TO 0,7

CA 0,5 TO 0,5

CA 1 TO 0,5

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CA 0,5 TO 0,3

CA 1 TO 0,3

CA 2 TO 0,3


ZEIS 3 “As Zonas Especiais de Interesse Social são porções do território destinadas, predominantemente, à moradia digna para a população da baixa renda por intermédio de melhorias urbanísticas, recuperação ambiental e regularização fundiária de assentamentos precários e irregulares, bem como à provisão de novas Habitações de Interesse Social – HIS e Habitações de Mercado Popular – HMP a serem dotadas de equipamentos sociais, infraestruturas, áreas verdes e comércios e serviços locais, situadas na zona urbana” (Gestão Urbana).

Área demarcada como ZEIS 3 no eixo escolhido: é ocupada por galpões abandonados, uma Agência dos Correios e o Cartório da 246ª Zona Eleitoral.

As ZEIS 3, especificamente, pretendem atingir estes objetivos por ocupar imóveis ociosos e deteriorados, em locais onde tem boa oferta de infra-estrutura. No eixo, a área demarcada como ZEIS 3 está em um trecho com um comércio bem menos pujante. A ideia é que recuar e aumentar um pouco o gabarito da edificação, mantendo os comércios e serviços existentes no téreo.


ZEPEC “Zonas Especiais de Preservação Cultural são porções do território destinadas à preservação, valorização e salvaguarda dos bens de valor histórico, artístico, arquitetônico, arqueológico e paisagístico” (Gestão Urbana). As áreas escolhidas para serem preservadas são classificadas como patrimônio cultural. No caso do eixo escolhido, o CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) decretou o tombamento do Eixo Histórico de Santo Amaro, em 2002, cujo perímetro é delimitado pelo Largo Treze e a Biblioteca Prestes Maia. Neste eixo ocorria, e ainda ocorre, no primeiro sábado do mês de maio a Romaria, peregrinação católica com destino à cidade de Pirapora, no Interior do estado. Apesar da relevância do Eixo Histórico para a população, o tombamento influencia na capacidade de transformação, indo em desencontro com a classificação do Zoneamento. O que se propõe então é que se identifique no trecho as áreas com maior potencial para a intensificação do uso habitacional de forma delicada, que não tenha um impacto negativo sobre a ZEPEC. O adensamento populacional e construtuivo será estimulado, portanto, em áreas adjacentes ao eixo.

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ESPAÇOS CONSTRUÍDOS E ESPAÇOS LIVRES

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TRANSPORTE Nesta visão mais aproximada das estruturas de transporte, é possível de parceber que a região está relativamente bem servida de diferentes modais de transporte. A proximidade com o Terminal Santo Amaro faz com que boa parte das vias da área tenham circulação de ônibus. Como antes mencionado, a conexão da Linha 5 - Lilás faz com que se aumentem as possibilidades de locomoção até a área. Existe também uma potencialidade de ampliação da malha de ciclovia.

LEGENDA Terminal de ônibus Estação de metrô/trem Metrovia - Linha 5 Lilás Ferrovia - Linha 9 Esmeralda Corredor de ônibus Faixa exclusiva Linhas de ônibus Ciclovia Calçadão Ponto de ônibus FONTE: Geosampa

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HIERARQUIA VIÁRIA A área de estudo está localizada próxima a três vias arteriais importantes: Avenida João Dias, Avenida Adolfo Pinheiro e Avenida Washington Luís, além de estar próxima à Marginal Pinheiros. As três vias arteriais cortam a área em uma direção similar, o que faz com que a Marginal Pinheiros seja uma importante via de articulação entre elas.

Av. Padre José

LEGENDA Vias coletoras Vias arteriais Vias expressas Estações de metrô/trem/ônibus FONTE: Pesquisa de campo

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500

1000

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Av. João Dias

Av. Adolfo Pinheiro

é Maria

Av. Washington Luís

Marginal Pinheiros


ESCOLHA DO RECORTE A escolha pelo Largo Treze se deu por diferentes aspectos. Primeiramente, a região de Santo Amaro é um local que tem, pessoalmente, o equilíbrio entre o conhecido e o desconhecido: apesar de ter alguma vivência da região ao me deslocar para lá, ainda assim não é um lugar que conheço intimamente. Acredito que esta é uma característica positiva para o ensaio propositivo deste trabalho, pois já tenho uma ideia do que encontrarei na área – não apenas é baseada em conhecimento teórico ou achismos – e ainda assim tenho um distanciamento, com o qual poderei ser surpreendida com práticas e demandas do espaço e das pessoas que o frequentam diariamente. Além da minha relação com a área, o Largo Treze e arredores são interessantes por si só. É uma centralidade de comércio popular e de serviços importante para a região Sul do município de São Paulo, sendo um dos pontos de destino com grande demanda de viagens motorizadas, seja de veículos particulares ou coletivos1. Somado a isso, é ponto de passagem de grande demanda, por conta da proximidade com o Terminal de Ônibus de Santo Amaro (inaugurado em 1987) e a estação Santo Amaro da Linha 9-Esmeralda da CPTM (inaugurado em 1986). Mais recentemente, foram inauguradas estações pertencentes à Linha 5-Lilás do Metrô que se relacionam diretamente com o Largo Treze, sendo uma delas inclusive locada a uma quadra do Largo. A recente conexão da Linha 5-Lilás com as Linhas 1-Azul e 2-Verde afetará diretamente a dinâmica de passagem pela área. Segundo a mesma pesquisa OD, Santo Amaro também se configura como uma das áreas com maior oferta de empregos da cidade1.

1

ORIGEM E DESTINO, 2007

Mapa dos Arredores da Estação Largo 13 da Linha 5-Lilás.

70


71


Falando mais especificamente da definição do recorte de trabalho, um dos fatores que despertou o interesse pela área foi a classificação do eixo específico como ZEPEC, como já foi explicado anteriormente. Apesar da calissificação, não é visível no trecho qualquer menção aos romeiros e a importância daquele espaço em específico para a região, apenas o mural de Julio Guerra locado em uma área sem um movimento intenso de pessoas. Considerando que essa importância é realmente relevante, promover a disponibilização desta informação de uma forma mais apreensível pela população dentro deste contexto cotidiano pareceu um desafio válido para o exercício de projeto. O polígono onde se insere a ZEPEC tem nas suas pontas dois equipamentos urbanos relevantes: a Catedral de Santo Amaro e a Biblioteca Prestes Maia. Ao longo do eixo também são encontrados diferentes equipamentos públicos que facilitam a leitura deste eixo e tem o potencial de promover de forma mais intensa o fluxo de pessoas. Este eixo, por conta destas características acima citadas, tem força para ser definido como o recorte de projeto deste trabalho. Desta forma, serão aplicadas aqui as discussões anteriores sobre os SELs urbanos. Outros levantamentos numa escala aproximada foram definidos, de acordo com o recorte definido ao lado, e serão apresentados a seguir.

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VIAS E PRAÇAS PRINCIPAIS PRAÇA MARCOS MANZINI Avenida Joã

o Dias

PRAÇA DR. FRANCISCO F LOPES

ilveira

PRAÇA SALIM FARAH MALUF

s da S

l Carlo

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R. Ca pitão

PRAÇA FLORIANO PEIXOTO

Tiago Luz

R. Paulo

Av en ida

Ad olf oP

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Eiró

LARGO TREZE DE MAIO

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“NOLLI” O mapa de áres construídas teve uma aproximação e teve os espaços públicos, independente do tipo de uso, destacados, como o mapa de Nolli propõe. A diferença para o Nolli tradicional é que não há as informações precisas das plantas do térreo destes edifícios, dado de grande importância para o conceito no mapa de Nolli. Então, para destacar estes edifícios, foi retirado o preenchimento das edificações públicas, deixando apenas o contorno em preto. É interessante verificar a potencialidade do eixo como um SEL urbano mais perceptível às pessoas, dada a força da presença de edifícios públicos culturais e históricos. Os edifícios públicos aqui podem funcionar como âncoras, bem como em em grandes conjuntos comerciais, para atrair pessoas e fazer com que percorram todo eixo.

LEGENDA Edifício Particular Edifício Público de Acesso Controlado FONTE: Campo

0

100

250

500

ESCALA 1:5000

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A

C

B


G

E

H

A

Camelôs.

B

Passeio da Adolfo Pinheiro.

C

Rua de pedestres lateral.

D

Altar polêmico.

E

Casa do Norte e os Nordestinos.

F

Desnível do estacionamento.

G

Rua de pedestres atás da Catedral.

H

Rua de pedestres atás da Catedral.

Fotos: Renata Portella

D

F


G

I

K

J


M

O

I

Moço fazendo propaganda.

J

Fios e a leitura da paisagem.

K

Travessia da Adolfo Pinheiro.

L

Calçadão da Capião Tiago Luz.

M

Rua mais calma.

N

Parte inóspita.

O

Reforma recente das calçadas.

Fotos: Renata Portella

L

N


P

R

Q


T

V

P

Rua atrás da Praça.

Q

Vista da Prefeitura Regional.

R

Canteiros das Figueiras como banco.

S

Permissionados no calçadão.

T

Pregação.

U

Presença Haitiana.

V

Rebaixo no piso.

Fotos: Renata Portella

S

U


V

A

C

B


E

G

A

Muro grafitado.

B

Calçada com produtos.

C

Visão geral da Praça.

D

Ônibus bloqueando a visão + CCM.

E

Muro alto do CTA.

F

Barraquinhas.

G

Vista desobstruída do comércio.

Fotos: Renata Portella

D

F


H

K

I

J

L


M

O

H

Mural dos Romeiros.

I

Jardim externo ao casarão.

J

Vista da rua mostrando as praças.

K

Carros usados em frente ao casarão.

L

Escala da Biblioteca Prestes Maia.

M

Vista de dentro da Biblioteca;

N

Entrada da biblioteca e outro mural.

O

Foto aérea em exposição.

Foto original: Lutchello Produtora

Fotos: Renata Portella

N


ALTURA DAS EDIFICAÇÕES As edificações lindeiras ao eixo escolhido são em sua maioria baixas, térreas de até 4m de altura. É possivel perceber alguns edifícios maiores, porém são esparços. O adensamento da área prevê um aumento de gabarito que não condiz com as especificações da ZEPEC. Portanto, qualquer intervenção que modifique o gabarito das edificações dentro do eixo deve ser feita de forma pontual e delicada, pois irá causar impacto na percepção da paisagem.

LEGENDA Até 4m de 4 a 7m de 7 a 10m de 10 a 20m Acima de 20 FONTE: CESAD / Mapa Digital da Cidade

0

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250

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ESCALA 1:5000

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VEGETAÇÃO E ÁREAS PERMEÁVEIS Aqui foram considerada não somente a vegetação adulta existente, mas também a projeção de como a vegetação mais recente vai ficar após seu desenvolvimento. Em alguns pontos, como na Praça Salin Farah Maluf, as palmeiras e árvores plantadas ainda são novas e considerá-las desta forma não dará a real composição da paisagem.

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INTENSIDADE DE SOMBRAS Neste mapa está sintetizada a intensidade de sombreamento por vegetação percebidas durante as visitas de campo. Observa-se que as vias transversais ao eixo escolhido são consideravelmente áridas. Esta característica é possivelmente oriunda de transformações urbanas com ênfase no deslocamento de veículos automotores, pois mesmo as vias de menor porte de mesma característica também apresentam vegetação difusa. Já dentro do eixo, as áreas sombreadas por vegetção concentram-se em áreas mais abertas do eixo, como largos e praças. O calçadão é consideravelmente árido, tendo árvores apenas na junção com a Praça Floriano Peixoto. Na área mais ao norte, onde as edificações estão mais próximas, há um plantio recente de Ipês, o que dará certo sombreamento quando estiverem crescidos, ainda que difuso.

LEGENDA Pouco Sombreado Médio Sombreado Muito Sombreado FONTE: Campo

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QUANTIDADE DE PESSOAS Neste mapa estão destacadas as áreas de maior presença de pessoas ao longo do eixo. Aqui esta presença é lida tanto por passagem quanto por permanência das pessoas, retiradas também das visitas à campo. É perceptível a concentração de pessoas no calçadão comercial, justamente por esta característica. Além do comércio atrair consumidores, atrai por consequência os ambulantes. A Praça Floriano Peixoto é o espaço livre de edificação que se destaca com relação à presença de pessoas. Independente de sua qualidade enquanto projeto, é onde as pessoas podem descansar das compras debaixo da sombra das árvores. As outras áreas livres não tem a mesma apropriação, por não haver um atrativo para as pessoas estarem lá.

LEGENDA Muitas pessoas Intermediário Poucas pessoas FONTE: Campo

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FLUXOS Este mapa apresenta os principais fluxos de pedestres e veículos no eixo, em concordância com o mapa anterior. Interessante notar que as Praças Floriano Peixoto e Salim Farah Maluf não tem um grande fluxo diagonal definido, por motivos distintos. A Praça Floriano Peixoto é gradeada e, mesmo com as múltiplas entradas disponíveis, o fluxo diagonal é prejudicado. Já a Praça Salim Farah Maluf não tem nenhum atrativo que incite as pessoas a andar dentro da praça.

LEGENDA Fluxo de Pedestres Fluxo de Veículos FONTE: Campo

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CONFLITOS Este mapa sintetiza os principais conflitos encontrados no eixo, sejam eles perceptivos, sensoriais ou de uso. O principal destaque para a percepção são lugares onde a falta de movimento de pessoas resulta em uma sensação de insegurança. Os principais conflitos sensoriais, além da aridez já vista anteriormente, então relacionados com locais barulhentos e mal-cheirosos. O barulho provém não apenas da presença das pessoas, mas também de sons de lojas, do tráfego de veículos e de propagandas nas ruas. Já os cheiros ruins vem de locais inóspitos usados por pessoas para urinar e da venda informal de camarão nas ruas. Já os conflitos de uso são usos semelhantes muito próximos, gradis que não permitem a apropriação das pessoas e os locais onde os camelôs e os permissionados atuam. LEGENDA Barulho Cheiro Ruim Camelôs Permissionados Cercas Supérfulas Medo FONTE: Campo

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LEGENDA Fluxo de Pedestres Fluxo de Veículos FONTE: Campo

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PROJETOS EXISTENTES Projeto Centro Aberto Segundo informações de funcionários da Prefeitura de São Paulo, o Largo 13 está selecionado para a possível terceira fase do projeto Centro Aberto. Este projeto, moldado em 2013, tem como pressuposto a transformação de estruturas já existentes no espaço público em áreas centrais do município para ampliar sua apropriação, aumentando o público (lê-se grupos sociais) atendido e a faixa temporal de utilização, oferecendo insumos que possam diversificar os seus usos. A princípio, foram realizadas experiências piloto, com um caráter próximo ao proposto pelo urbanismo tático, no Largo São Francisco/Praça do Ouvidor Pacheco e Silva e no Largo Paissandu/Avenida São João. Para se fazer o projeto piloto foram feitos levantamentos para identificar as potencialidades de mudança. Depois de implantado, os efeitos das intervenções são avaliados para possibilitar mudanças permanentes, olhando tanto pela perspectiva da cidade quanto do usuário. No plano do projeto também ficam claras as prioridades estratégicas: proteção e priorização de pedestres e ciclistas, suporte a permanência e novos usos e atividades. É interessante salientar que não apenas é pensada em uma intervenção apenas arquitetônica, mas também de uso, propondo atividades que possam clarear as possibilidades de utilização do espaço público. Programação de usos alternativos para o Largo São Fancisco do projeto Centro Aberto. FOTO: PMSP

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Ao lado, acima: Largo do Paissandu. Ao lado, abaixo: Largo São Fancisco. FOTOS: PMSP


A

B

C

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E


F

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F

I

H

A

Valla Park - Suécia, 2017

B

The Chain Effect - China, 2018

C

Circling the Avenue - Israel, 2017

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Morelondon - Inglaterra, 2007

E

Fengming Mountain Park - China, 2013

F

Parque Burle Marx - Brasil, 1995

G

Emissário Submarino - Brasil, 2008

H

Novartis Headquarters - Suíça, 2014

I

The Chain Effect - Xangai, China, 2018


_COBERTURA LEVE _RELAÇÃO COM O ENTORNO _FLEXIBILIDADE DE USO A

_ESTÉTICA _RELAÇÃO COM O ENTORNO

_INTERVENÇÃO NAS TRAVESSIAS _VALORIZAÇÃO DO CAMINHAR _INTERVENÇÃO EM ETAPAS B

C

_CANALETA / INTERAÇÃO COM A ÁGUA _VALORIZAÇÃO DO CAMINHAR _DESENHO ACESSÍVEL D _COBERTURA LEVE

_FLEXIBILIDADE DE USO _BANCOS FLEXÍVEIS _CANTEIROS INTEGRADOS COM OS BANCOS _HIERARQUIZAÇÃO DE CAMINHOS _ESTÉTICA

E


_SOLUÇÃO DE DRENAGEM _ESTÉTICA _FLEXIBILIDADE DE USO _ESTÉTICA _RELAÇÃO COM O ENTORNO

_BANCOS FLEXÍVEIS

G

_INTERAÇÃO COM A ÁGUA

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_FLEXIBILIDADE DE USO

F

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A

Valla Park - Suécia, 2017

B

The Chain Effect - China, 2018

C

Circling the Avenue - Israel, 2017

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Morelondon - Inglaterra, 2007

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Fengming Mountain Park - China, 2013

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Parque Burle Marx - Brasil, 1995

G

Emissário Submarino - Brasil, 2008

H

Novartis Headquarters - Suíça, 2014

I

The Chain Effect - Xangai, China, 2018


caminhabilidade infraestrutura

LUGAR

patrimĂ´nio drenagem acessibilidade Foto: Debora Kumagai


03 PROJETO Como mostra o diagrama ao lado, o conceito de lugar trás consigo diversas outraws discussões. Quando se entra na etapa de projeto, ainda outras aparecem e se fazem importantes. Contudo, todas as abordagens tocadas no projeto tem como objetivo a transformação do espaço em lugar.

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03 POR QUE PROJETAR? Para este trabalho, o exercício propositivo tem a importância de articular elementos observados e conhecidos para atingir o objetivo desejado com o estudo teórico. Durante as leituras bibliográficas, houve incentivo concomitantemente à necessidade de especializar os conhecimentos adquiridos, não apenas com o objetivo de aplicar este conhecimento, mas também para poder colocar um olhar crítico sobre essa literatura.

100


DIRETRIZES E PARTIDO A proposta de intervir no Largo Treze e arredores é trazer gentilezas urbanas que possam influenciar a relação das pessoas com o espaço em si, permitindo que os usos atuais sejam reforçados quando interessante e que outras apropriações sejam possíveis. Para tal, foram definidas algumas diretrizes.

DIRETRIZES Flexibilidade Seguindo o que foi discutido, a personalização de espaços pode ser motivo de degradação, seja por considerar usuários específicos demais ou na proposição de áreas ou mobiliário limitantes. Portanto, o projeto em questão tentará prever apropriações variadas para um mesmo espaço, imaginando e prevendo alguns usos possíveis e projetando de forma a não desincentivar que as pessoas se utilizem do espaço de maneira diferente do previsto. Refletir a cultura local A proposta pretende que sejam incentivados elementos característicos do tipo de apropriação atual, para fortalecer o sentido de lugar e, consequentemente, influenciar o tipo de urbanização futura. Mesmo considerando acertada a maior parte das classificações do zoneamento para o desenvolvimento futuro da cidade, pode-se lidar com os parâmetros construtivos de forma a gerar ou não uma urbanidade onde o espaço público seja valorizado. Assim, esta proposta terá como objetivo tentar garantir a valorização da vida na esfera pública, criando uma urbanidade gentil nos espaços públicos de uso comum.

Etapas de projeto Considerando o Centro Aberto e a sua forma de aplicação de projeto, que é simpática à situação do Largo 13 e arredores, serão pensadas em duas etapas de execução: o projeto piloto, que faz uso de elementos menos definitivos para analisar a aceitação do projeto, e o projeto final, considerando que a recepção das intervenções seja positiva. Visibilidade e Acessibilidade Mesmo com projeto, espaços nem sempre são utilizados pelas pessoas ou porque suas possibilidades não são visíveis ou as pessoas não se sentem confortáveis para se apropriarem dele. Existem algumas maneiras para minimizar estes efeitos que são estudadas durante o curso de arquitetura e urbanismo, como processos participativos. Com o conflito interno de se propor uma intervenção dessas e reunir pessoas para participar de um projeto do porte proposto, mas sem perder de vista a importância da questão, conversar com pessoas que usam o espaço é uma parte fundamental para se concretizar o exercício de projeto.

Foto: Debora Kumagai

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PARTIDO As grandes avenidas como dado de projeto Algumas vias arteriais de fluxo intenso, inclusive de transporte público coletivo, perpassam a área de projeto. Por mais que seja tentador colocar os veículos passando por outro caminho, é um tanto ilusório considerar que isto ocorra, levando em consideração a escala da centralidade do Largo Treze e adjacências, a dependência do transporte por ônibus para a Zona Sul e o impacto que a baixa de movimento de veículos possa causar na vitalidade da área. Com isso, parece incabível no momento desviar o número de linhas de ônibus existentes e também tecnicamente incerto propor um rebaixo para vias. Portanto, opta-se por trabalhar com as grandes vias como dados de projeto, principalmente as Avenidas Adolfo Pinheiro e João Dias, melhorando a sua transposição de maneira delicada e pontual, pensando na exequibilidade das intervenções. Travessias Propõe-se que a melhoria das travessias, sejam elas de avenidas ou de ruas locais, tenham seu uso e potencial avaliado para que possam ser sugeridas modificações, seja na sua posição como na sua forma. Em alguns casos, as faixas de pedestres não precisam ser apenas uma sinalização de segurança viária, mas também podem funcionar como elementos de conexão entre pontos importantes. Principalmente nas avenidas, o alargamento das faixas, além de não ter impacto direto no trânsito de veículos, melhora o fluxo de pedestres. Retirada de grades supérfluas Ao redor de algumas áreas de uso público estratégicas para o projeto existem grades que não incentivam o uso desses espaços, criando uma sensação de desarmonia. A eliminação total ou parcial das grades se faz necessária para criar a unidade entre os espaços e permitir uma apropriação ampla.

Pontos finais e terminais de ônibus Apesar da grande capacidade do Terminal Santo Amaro, muitas linhas ainda tem pontos finais fora de sua delimitação, interferindo assim na apreensão do espaço pelas pessoas. O que se propõe é que estas linhas sejam revistas, seja sendo absorvidas pelo Terminal Santo Amaro ou sendo rearranjadas como circulares quando possível, parando apenas no seu ponto de origem. Inserção de mobiliário urbano versátil Aqui, o mobiliário e outras estruturas serão empregados como elemento para melhorar a qualidade das apropriações atuais do espaço pelas pessoas. Por exemplo, para um consumidor que carregue muitas sacolas e precise parar para se ajeitar ou descansar, um banco serviria muito bem a ambos os propósitos. Além disso, um mesmo objeto pode ser versátil a ponto de ser utilizado para outros fins. A materialidade do mobiliário deve sim pensar na sua manutenção e durabilidade, contudo também foi pensado que este mobiliário seja visualmente atraente. Acesso e paradas de abastecimento Visto que parte das lojas recebem seus suprimentos por meio de caminhões tipo vuc e em muitos pontos estes têm dificuldade de acesso às lojas, a intenção é criar espaços onde se possa fazer este serviço de forma a minimizar os impactos dos veículos na apreensão da paisagem das pessoas e de facilitar a distribuição por meio de carrinhos. Estes espaços de parada podem também ser integrados com a coleta de lixo dos estabelecimentos com acesso pelo calçadão. Extensão da ciclofaixa A criação de uma ciclofaixa na área permitirá uma nova maneira de se chegar à região, o que é desejável para dinamizar e diversificar as formas como as áreas livres são apropriadas, além dos benefícios da bicicleta em outros aspectos.

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Manutenção das fachadas ativas No eixo escolhido, é intensa a presença de fachadas ativas. Considerando a possibilidade de adensamento populacional e a presença de habitação, é importante estabelecer a manutenção de elementos de vitalidade urbana. Assim, onde houver a construção de habitação, seja ela no eixo em si ou no entorno imediato, é interessante manter atividades comerciais e equipamentos existentes no térreo. Áreas de parada de VUCs Propõe-se que sejam criadas ou mantidas áreas de carga e descarga de produtos para o comércio, que chegam por meio de VUCs (Veículos Urbanos de Carga). Mapa de Localização Considerando a quantidade de equipamentos e serviços públicos no entorno próximo, seria interessante que houvessem totens ou mapas informativos da localização de pontos importantes, não apenas nas plataformas de acesso ao metrô. Proposição de atividades Em alguns espaços, juntamente com a intervenção projetual, é necessária a proposição de diferentes usos para o espaço livre, aos moldes do Projeto Centro Aberto. Em momentos nos quais o eixo se esvasia, como no entardecer e aos domingo, por exemplo, este tipo de programação participativa ativa o espaço público e pode ser um fator decisivo para a ocupação do espaço por moradores locais, incentivando o uso misto. Enterro de fiação A fiação, como na maior parte da cidade, tem um impacto grande na paisagem do local. A quantidade de fios é alta e impede muitas vezes que as pessoas possam ler placas e letreiros. Bem como no centro de São Paulo, a proposta e enterrar a fiação.

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EIXO

CANALETA

PERPENDICULAR AO EIXO

CATEDRAL PERPENDICULAR À CATEDRAL

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Piso dos caminhos principais:

Piso dos caminhos secundários:

Pedra Portuguesa Branca

Pedra Portuguesa Amarela

PISO

TAMPA DE PEDRA

REVESTIMENTO Detalhe - Canaleta Descoberta Escala 1:5

IMPERMEABILIZAÇÃO CONCRETO

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Detalhe - Canaleta Coberta Escala 1:5


Largo Treze de Maio Para a área do Largo, dividido pela Avenida Adolfo Pinheiro, foi pensada em uma longa faixa de pedestres que permita um cruzamento mais fluido pelos pedestres por permitir uma diagonal entre os dois calçadões. A travessia proposta tem 30m de largura e vence quatro feixas de circulação de veículos reajustada em alguns pontos para 12,5m. Foi proposto também o plantio de pau-ferros na calçada lateral da Catedral, para possibilitar sombreamento sem perder a visualização da fachada do edifício. Já na entrada da Catedral não foi proposto novo plantio, para que a se possa permanecer com a vista da Catedral do mezanino do Terminal de ônibus. Nesta área inicia-se a canaleta que usa a água para conectar todos os cinco espaços levantados. Aqui é o único ponto onde há uma inversão na declividade do eixo, portanto a continuidade da canaleta será feita com a cobertura em pedra, o que ainda permite a drenagem (representada pelo pontilhado vermelho). A área de propriedade da Catedral foi reduzida para que a lateral do Largo seja de uso público. Ainda sobre a água, a separação da igreja e da praça se dá aproveitando um desnível e a vegetação já existentes para criar um espelho d’água. O desnível também será enfatizado por Russélias plantadas nos canteiros superiores. Quanto a vegetação, optou-se por permanescer ao máximo com as árvores e palmeiras originais. No canteiro ao lado da entrada da igreja, serão plantadas Oliveiras, que remetem ao cenário católico que foi realocado para dentro da igreja. No mais, foram abertos novos caminhos, que respeitam as entradas das lojass e a acessibilidade, e foram distribuídos bancos, que são os elementos da primeira etapa de projeto.

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CORTE AA Situação

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2,5

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CORTE AA Proposta

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PLANTA 0

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Praça Floriano Peixoto Nesta praça, como a vegetação alta já é abundante e está em boas condições, optou-se por trabalhar com poucas adições de árvores. A maior interveção foram nos canteiros, para criar um desenho mais coeso com a linguagem do projeto, usando as linhas de referência. Foi pensada em uma área de armazenamento de água no local onde já existe um desnível atualmente. Esta área é rasa, com 25cm de profundidade, para que as pessoas possam molhar os pés ou se apropriar da forma que acharem mais interessante. Outro detalhe é o fundo preenchido com pedras, para remeter às beiras de rios. Ainda importante ressaltar o formato em rampa, que permite que o volume de água retido possa variar conforme os períodos de estiagem. Ao redor deste espaço diferentes tipos de piso são colocados, para que as pessoas possam se acomodar como quiserem. Nesta praça, devido ao grande fluxo de pessoas, foi previsto um sanitário público. O sanitário fica próximo ao calçadão e pode ser acessado tanto por este lado como pelo lado da praça. Este sanitário também tem uma parte acessivel para pessoas com necessidades especiais e um depósito, que servirá para guardar possíveis mobiliários móveis para uso na praça.

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CORTE CC Situação

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2,5

ESCALA 1:200

CORTE CC Proposta

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PLANTA 0

5

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Croqui dos tipos de bancos inseridos por todo o projeto.

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CORTE DD Situação

0

2,5

ESCALA 1:200

CORTE DD Proposta

5

10


Praça Salim Farah Maluf Aqui a intervenção é mais pesada, dado o abandono atual. O edifício onde se encontra o CCM e o CTA foi retirado da praça e estes usos foram realocados. Isto permitiu uma conexão maior entre esta praça e a Floriano Peixoto. A primeira etapa de projeto teria a pintura do asfalto entre a Biblioteca e a Praça, para indicar o compartilhamento do leito carroçável. Em uma segunda etapa o piso poderia ser nivelado, contudo o desenho no asfalto pode ser um elemento de identidade, que conecta as pessoas ao lugar, por isso mantevese este no desenho como parte do projeto final. Também na primeira etapa seria proposta uma cobertura. Supondo a cobertura sendo aprovada pelas pessoas, previuse um pergolado que corta a Praça em quase que todo o seu comprimento. Este pergolado seria feito pórticos em perfis metálicos, com ritmo variado entre os pórticos, para criar áreas onde se perceba mais o pergolado e áreas mais abertas. O pédireito é de 4m, para que não se perca a visão do outro lado da praça. um dos lados dos pórticos terá a viga extendida para que se crie uma cobertura lateral, prevendo que se possa usar a cobertura e não atrapalhar o fluxo embraixo do pergolado. O pergolado é interrompido para que se crie um espaço aberto onde seja possível ser o centro de confraternizações e eventos. Ao final da cobertura, há dois jardins de chuva que absorvem o possível excesso de água que corre na canaleta. A canaleta aqui passa pela lateral do pergolado, se afastando e se aproximando. Há também uma área ao lado do pergolado com areia e circundada por troncos cortados. Do outro lado há também um piso elevado, no mesmo nível do pergolado. Estes espaços podem servir como referência, para encontros, para aguardar entrar na escola, para brincar, descansar...

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CORTE BB Situação

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CORTE BB Proposta

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PLANTA 0

5

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Praça do Mural e Biblioteca Prestes Maia Após uma rua onde as calçadas foram alargadas, inserida uma ciclofaixa e diretrizes definidas para a área de ZEIS, chega-se à Praça do Mural dos Romeiros, do artista Júlio Guerra. Esta se conecta à Praça da Biblioteca Prestes Maia por meio de uma faixa de pedestre alargada, como no Largo Treze, e tambem pelo plantio de árvores Pau-Ferro à leste das praças. Aqui a intervenção é mais sutil, pois foi percebido que a maior influência na pouca apropriação desses espaços é principalmente por pouca ou nenhuma conexão com as atividades ao redor. Propõe-se então que a Biblioteca e o CCM que foi transferido para cá da Praça Salim Farah Maluf - possam utilizar estes espaços para suas atividades ou eventos. Também foi selecionada a rua lateral do CCM como uma rua compartilhada, dado que sua ligação com a malha viária é redundante. O caminho principal da Praça da Biblioteca foi reiterado com o piso de pedra portuguesa e com a canaleta. Já os caminhos transversais foram revestidos com a cor amarela da mesma pedra, bem como em frente ao Mural. No primeiro caso, a outra cor indica os caminhos secundários, já no segundo, destaca a presença do Mural. O corte ao lado mostra a Rua Tenente Coronel Carlos da Silva Araújo, a rua do eixo na altura da área demarcada como ZEIS 3.

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CORTE AA Situação

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CORTE AA Proposta

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PLANTA 0

5

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04 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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04 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho não tem a pretenção de ser o fim da discussão sobre lugares ou ser a proposta definitiva para o Largo Treze. O esforço foi de criar uma intervenção que permita uma apropriação ampla do espaço livre público de Santo Amaro, esta é uma das possíveis interpretações possíveis para se olhar para um projeto deste tipo.

Foto: Renata Portella

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Vendo o processo como um todo, foi importante visitar a área de projeto várias vezes e em momentos diferentes. Cada uma das vezes descobri coisas novas e possivelmente descobrirei outras em próximas visitas. O espaço não é estático, então mesmo que seja possível entender tudo sobre um determinado lugar, existirão outros momentos que necessitarão de diferentes abordagens e diretrizes e outras pessoas que irão se apropriar deste lugar. Projetar um espaço livre de edificação é complexo por lidar com essas questões. Pode-se chegar a um resultado sem personalidade por desconhecimento das especificidades do lugar, mas ao mesmo tempo pode-se personalizar o lugar a ponto de não permitir que seja apropriado de outra maneira. Outra parte importante deste processo foram as leituras intercaladas com as visitas. Conforme são compreendidos os textos propostos, a forma como se olha ou enxerga um determinado espaço é pode ser ampliada. Começa-se a ser mais fácil de perceber aspectos que antes eram mais abstratos ou até mesmo desconsiderados. Mas tão importante quanto pestar atenção a novos aspectos, é pereber quais são os impactos destes impacto no cotidiano das pessoas.

Não há uma conclusão exata sobre o que faz um espaço ser um lugar. Existem muitas variáveis subjetivas e até mesmo individuais. Também é relevante pensar no recorte de estudo do tema, pois, como bem visto no início deste caderno, os próprios geógrafos tem abordagens diferentes sobre como olhar para este tema. É possível fazer um recorte como Tuan e analisar de um ponto de vista mais biológico e de experienciação individual ou, na outra ponta do expectro, enxergar o recorte de Santos que fala do papel no mundo globalizado. Contudo é possível falar assertivamente sobre algumas características. Em minha visão, o corpo é o meio com o qual nos apropriamos do espaço e a nossa formação, cultura e posição em grupos sociais filtram como se dá a interpretação da informação apreendida pelo corpo. Por isso, as pessoas, bem como os outros elementos móveis do espaço, são fundamentais na nossa apropriação espacial. Os vínculos que criamos com os outros também dotam o espaço de valor. O estudo da apropriação do lugar público não se finda aqui, apenas é uma pausa.

Algo que poderia ser interessante para ser realizado seria um processo participativo mais complexo, com oficinas com diferentes atores do espaço, para verificar o quão inclusiva ou ampla seria a proposta.

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BIBLIOGRAFIA Principal BERARDI, Maria Helena Petrillo. Santo Amaro. Série: História dos bairros de São Paulo, vol. 4. 2ª ed.. Divisão do Arquivo Histórico do Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Paulo. São Paulo: abril de 1981. CARLOS, A. F. A. O poder do corpo no espaço público: o urbano como privação e o direito à cidade. GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo v.18 n.2 p. 472-486, 2014. Disponível em: https://goo.gl/i8U2on. Acesso em 06/08/2018 DEMUTH, Mariana Campos. Pessoas na Cidade. Trabalho Final de Graduação – FAUUSP. São Paulo, 2016. Disponível em: https://goo. gl/u1V55M. Acesso em: 03/2018. FAJARDO, Washington. Caminhabilidade e Vitalidade Urbana. In: ANDRADE, Victor, e LINKE, Clarisse Cunha (Orgs). Cidades de Pedestres: a caminhabilidade no Brasil e no mundo. 1ª edição. Rio de Janeiro: Babilônia Cultural Editorial, 2017. GESTÃO URBANA. Plano Diretor Estratégico. Lei nº 16.050/14. Disponível em: https://goo.gl/7HJG9Y. Acesso em: 05/2018. GLOBAL DESIGNING CITIES INITIATIVE; NACTO. Global Street Design Guide. Island Press, 2016.

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Complementar

Artigos e Notícias

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KOHLSDORF, Maria Elaine. A Apreensão da Forma da Cidade. Brasília: UNB, 1996. MARRESE, Daniella Aburad. O Medo Mora Dentro. Trabalho Final de Graduação – FAUUSP. São Paulo, 2017. Disponível em: https://goo. gl/8TnbDs. Acesso em: 01/2018. RUFFATO, Luiz. Eles Eram Muitos Cavalos. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. VALARINI, Heloísa. Francisco 2337 - Complexo residencial multifamiliar. Trabalho Final de Graduação – FAUUSP. São Paulo: 2018.

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OLIVEIRA, Gabriel Verbena e. Prática Urbana: Skate - Tensões do capitalismo e usos do espaço urbano. Trabalho de Graduação Integrado – FFLCH. São Paulo: 2018.

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Referências de Projeto Beiqijia Technology Business District Martha Schwartz Partners Beijing, China - 2016 FONTE: https://goo.gl/exwLyv Circling the Avenue BO Amir Avenue, Hadera, Israel - 2017 FONTE: https://goo.gl/zEg37k Fengming Mountain Park Martha Schwartz Partners Chongqing, China - 2013 FONTE: https://goo.gl/3Wbbaz

Parque Burle Marx Burle Marx + KRAF (Rosa Kliass) Panamby, São Paulo, Brasil - 1995 Visita em: 11 de Novembro de 2018 Fotos: Rafael Bezerra Valla Park 02LANDSKAP Vallastaden, Linköping, Sweden - 2017 FONTE: https://goo.gl/zBtFRf

Monumento comemorativo dos 100 Anos da Imigração Japonesa Tomie Ohtake Emissário Submarino, Santos, Brasil - 2008 Visita em: 15 de Setembro de 2018 Foto: Daniel Lousada Morelondon, London Borough of Southwark Townshend Landscape Architects Londres, Inglaterra - 2007 FONTE: https://goo.gl/NA2k4u Novartis Headquarters, Forum 1 Courtyard Peter Walker Partners Basel, Switzerland - 2004 FONTE: https://goo.gl/rTkaGq

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