Das Coisas Que Não Saem Nos Jornais

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DAS COISAS QUE NÃO SAEM NOS JORNAIS renata stort


Este livro não tem cadernos de esportes ou classificados. Ele tem: eu, você e a vida que segue no cotidiano das pequenas possibilidades despercebidas. É tão instante que não cabe na estante. Ele nasceu do nada!


Para Ana Carol ThomĂŠ que me ensina todos os dias que amar ĂŠ natural





Para Ana Carol ThomĂŠ que me ensina todos os dias que amar ĂŠ natural




UGA RO AL A R A B E R JOÃO D M VISTA PA O O X C O A R S CA IPÊ











silêncio silêncio silên o i c cio silê n cio silêncio ncio silê o silên s il ê n ic cio c c i s o n i i n l o ê ê ê n l n l s il ê si cio s si sil ncio ilênci êncio silêncio o silên ê cio silêncio cio sil o silên s i lê n c io ic c i n ên lêncio silêncio si o silêncio silêncio silê o sil io si ci o silênci lêncio s c i n c n ê n ê l l i o il ê si sil ncio lêncio silênc silênci êncio silêncio s io sil o silê ê si n c io ênci sil cio cio n o ê n l silênci ê o silêncio si sil


Ao chegar para dar aulas em Qosqo Maki, uma escola dormitório localizada em Cusco, no Peru, eu tinha uma certeza: vou aprender muito. Após duas semanas ali, eu já tinha outra percepção: não temos certeza de nada! Durante uma conversa com um jovem de 16 anos que tocava flauta peruana nos ônibus em troca de algumas moedas tive uma grande lição sobre o silêncio quando lhe perguntei como era dormir nas ruas. Juan, que já vivia nas ruas desde os 8 anos de idade, se levantou do banco em que estávamos sentados na praça, olhou a sua volta e depois de alguns segundos em silêncio, me respondeu em voz baixa fechando os olhos “na rua você não dorme, na rua você apenas se deita”. Por medo? Voltei a perguntar. Ele se sentou, e enquanto pegava sua flauta de bambu da bolsa respondeu “Nunca sabemos para onde vão nossos silêncios quando não sabemos explicar de onde vem a dor que sentimos. POR ISSO ME DEITO NO SILÊNCIO PARA NÃO ADORMECER DE DOR”. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Eu precisava aprender sobre silêncios. E enquanto uma lágrima gorda escorria pelo meu rosto, ele tocou uma melodia suave e depois finalizou: Viver nas ruas é como se eu fosse um barco; a rua fosse o mar e o silêncio o vento que empurra tudo sem direção.















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