Introdução
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uando comecei a refletir sobre a possibilidade de escrever um livro sobre articulação empreendedora, uma das primeiras palavras que me vieram à cabeça foi colaboração. Em minhas andanças para fazer apresentações e participar de atividades relacionadas ao empreendedorismo, tenho falado para muitas pessoas e ouvido muita gente disposta a arregaçar as mangas para viabilizar um projeto: há sempre um forte desejo realizador, porém percebo que há também uma espécie de compasso de espera, uma expectativa pelo estímulo decisivo para partir para a ação empreendedora. Na maioria das vezes, essa potencialidade mantida em latência parece ser resultado de um universo de dúvidas e temores que começa com a pergunta: será que eu sou um empreendedor? A questão é geralmente seguida de outra: o que significa ser um empreendedor? Nessa primeira década do século XXI, essas questões básicas, e até certo ponto pessoais, parecem assumir proporções agigantadas e mais complexas, pois se mesclam ao cenário de uma sociedade sob o impacto – ainda não totalmente assimilado – de mais uma radical e profunda revolução tecnológica, que traz como uma de suas principais consequências as
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novas mídias sociais*. Frente a esse novo mundo, no qual milhões de pessoas interagem simultânea e instantaneamente, o espírito do empreendedor reage com uma inquietude contraditória: possui certo receio em relação às ferramentas tecnológicas ainda desconhecidas e, ao mesmo tempo, quer saber como utilizá-las em favor de seu projeto empreendedor. E, então, surge a terceira pergunta: o que preciso saber sobre as novas mídias sociais para empreender? Nessas conversas do dia a dia, ao ouvir com frequência crescente essas perguntas encadeadas, surgiu também em mim uma inquietude: como posso colaborar? Como posso contribuir para que mais pessoas façam a escolha consciente de empreender? Como oferecer uma visão estimulante do processo empreendedor, e, ao mesmo tempo, desmitificar – pelo menos um pouco – esse novo cenário tecnológico que, por vezes, parece tão veloz e assustador? Minhas respostas tomaram o formato deste livro. Quando terminar a leitura, espero que você esteja elaborando novas reflexões, argumentos e ações sobre empreendedorismo e articulação social, que em muito ajudarão seu desenvolvimento pessoal e profissional. No primeiro capítulo, em uma tentativa de apresentar conceitos sobre o processo empreendedor, optei por abordar o tema empregando a forma de perguntas e respostas. Procurei reproduzir, total ou parcialmente, algumas das conversas que tive em muitas ocasiões nas quais as pessoas manifestaram abertamente suas dúvidas e seus temores mais comuns. Para iniciar esse diálogo com você, tento ser contrário ao clichê que diz que empreender é sinônimo de abrir um negócio próprio. Não é: ser empreendedor é expressar a capacidade de articular recursos para concretizar propósitos. Essa atitude empreendedora pode ser aplicada aos negócios, mas não se limita à dimensão econômica. Por isso, pode ser assumida por um funcionário que está dentro da empresa em que trabalha, pelo empreende-
* Optei por me basear na definição de Kaplan e Haenlein para o significado de mídias sociais: “um grupo de aplicações para internet construídas com base nos fundamentos ideológicos e tecnológicos da web 2.0, e que permitem a criação e troca de Conteúdo Gerado pelo Utilizador (UGC)”.
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dor corporativo, ou no desenvolvimento de iniciativas no terceiro setor, sem nem sequer visar lucro, pelo empreendedor social. Com essa ampliação do conceito de empreendedorismo, no Capítulo 2, utilizando exemplos não só dos negócios, mas também dos esportes e das áreas artística e de responsabilidade social, apresento o processo de criação que alicerça um novo projeto. Partindo de um número quase ilimitado de ideias, a pessoa torna-se capaz de construir e focar sua visão empreendedora, que é o que gera a energia necessária para a articulação e para a mobilização dos recursos voltados à concretização do projeto. Mas, antes de se colocar em ação, o empreendedor precisa passar pela etapa de avaliação da oportunidade e da viabilidade da iniciativa. Só aí ele terá em mente – e em mãos – um projeto empreendedor. No Capítulo 3, abordo a atitude empreendedora como um diferencial competitivo capaz de responder às novas demandas da sociedade contemporânea. O perfil empreendedor reúne um conjunto de características comportamentais; potencialmente, cada um de nós nasce com essas qualidades, mas, ao longo da vida, é preciso desenvolvê-las e aprimorá-las, tirando-as da latência e transformando-as em energia realizadora. Por isso, o conhecimento desses referenciais do comportamento empreendedor possibilita que a pessoa invista mais tempo e dedicação, em especial naquelas características em que se sente mais frágil. Esses são os pontos a serem melhorados que cada um pode transformar em fortalezas. Estabelecer relacionamentos interpessoais de qualidade é uma das mais importantes características comportamentais do empreendedor, porque as palavras-chave para a realização de um projeto são conhecimento e colaboração. A dificuldade de comunicação e o isolamento podem comprometer o andamento de um projeto e gerar problemas de difícil solução. Dessa forma, no Capítulo 4 enfatizo os conceitos e o funcionamento das redes sociais. Vamos nos aprofundar juntos nesse tema. Porém, considero importante esclarecer um ponto desde já: as redes sociais na web são a reprodução (com a amplificação dos efeitos positivos ou negativos) de um comportamento existente – desde sempre – em nossa sociedade real e humana.
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Finalmente, todo o Capítulo 5 é dedicado à discussão de como utilizar as novas mídias sociais no planejamento e na execução de um projeto empreendedor, seja pessoal, para os negócios ou mesmo para alavancar a própria carreira. O objetivo é mostrar como as novas tecnologias da informação podem potencializar a capacidade empreendedora de articular e mobilizar recursos por intermédio do uso das redes de contato e de relacionamento, e, se essa for a meta específica de seu projeto, ganhar dinheiro com isso. Por último, uma observação: especialmente nas últimas duas décadas, a nova revolução tecnológica tem inundado-nos com uma quantidade avassaladora de informações. Ficamos todos com a sensação constante de estar sempre atrasados e desinformados. Temos nos submetido ao que chamo de hiperinfodose, um excesso mítico e nada produtivo de informação, que gera estresse e paralisia empreendedora. Por isso, a proposta deste livro é apresentar um painel atualizado de conceitos sobre três pontos-chave: empreendedorismo, redes sociais e novas mídias sociais, na tentativa de colaborar para que você realize conexões empreendedoras e (re)assuma o papel de protagonista de seu projeto. Se eu conseguir lhe oferecer minha colaboração para isso, considero atingido o objetivo deste livro. Boa leitura!
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