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O que é o CCEA O Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA) é uma rede de projetos interligada a outros projetos em rede, que mantêm, ao mesmo tempo, as conexões e a autonomia. Tem como missão o empoderamento de pessoas e coletivos na superação de suas vulnerabilidades, para que se tornem protagonistas na construção de uma vida digna e de um mundo mais solidário e sustentável. Fundada em 1998, é uma associação sem fins econômicos, sem fins lucrativos, de caráter filantrópico, com atuação nas áreas assistencial social, de garantia de direitos, cultural e esportiva, no âmbito do Estado de Santa Catarina, com sede e foro em Florianópolis.
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um enorme desafio uma competente e original solução
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que fazer quando uma comunidade tem muitas crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e risco social, boa parte envolvida com o tráfico de drogas? E quando 23 deles estão listados para morrer? O Centro Cultural Escrava Anastácia respondeu a esse desafio com um projeto que foi reconhecido como a melhor
iniciativa social do Estado de Santa Catarina no ano de 2013, ganhando o Prêmio ANU, promovido pela Central Única das Favelas (Cufa). O projeto também foi apresentado em uma palestra no Congresso Internacional de Sportmeet, realizado em Pisa, e na Conferência sobre Esporte Educação, na Universidade de Florença, ambas na Itália, em abril de 2014.
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marcados para morrer
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m 2007, o Centro Cultural Escrava Anastácia foi chamado por pessoas da comunidade da região do Monte Cristo, uma das mais violentas da Grande Florianópolis, para tentar salvar adolescentes ameaçados de morte. Graças a um programa inovador, denominado Procurando Caminho, foi possível salvar a maioria e reintegrá-los a um projeto de vida que inclui estudo e aprendizado profissional. Os adolescentes, à época, consideravam a escola, no Morro do Mocotó, no Centro de Florianópolis, o lugar mais seguro para demonstrarem a sua força. Circulavam pelo pátio armados, apavorando professores, alunos e a direção da escola. Dos 23 marcados para morrer, três foram assassinados logo nos primeiros meses de atividade do projeto. Dois continuaram envolvidos com a criminalidade e cumpriram medidas socioeducativas de restrição de liberdade. E os 18 restantes voltaram a estudar e buscaram por conta própria outros cursos de qualificação profissional, além de tornarem-se articuladores em suas comunidades, ajudando outro(a) s adolescentes a participarem de
atividades de esporte de aventura para, a partir daí, encontrarem outras alternativas de vida – outros caminhos. A ousadia de dar preferência às (aos) adolescentes de maior vulnerabilidade social está na própria origem do projeto. Nele, o jovem é protagonista, participa do processo, não é um ator passivo. O projeto quebrou o estigma da polícia, da comunidade, da sociedade e até o dos próprios jovens, devido ao prévio comprometimento com o narcotráfico. Participam do projeto jovens e adolescentes de 14 a 29 anos, em situação de vulnerabilidade social, econômica, moradores das comunidades do Morro do Mocotó (Florianópolis) e bairro Monte Alegre (Camboriu), cidade vizinha ao maior balneário catarinense, sem discriminação de gênero ou etnia. A prioridade é para as famílias de baixa renda (abaixo de dois salários mínimos). Também são priorizados aquele(a)s que cumprem medida socioeducativa, os que se encontram comprometidos com o tráfico diretamente ou por histórico familiar, e aqueles que apresentam baixo desempenho escolar.
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adrenalina, um dos segredos
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d o l e s c e n t e s já vivem numa enorme adrenalina, maior ainda quando estão envolvidos em situação de risco. O que fazer para atrair e manter jovens com esse perfil numa atividade educativa? A resposta foi a de proporcionar, inicialmente, contato com esportes que envolvem grandes doses de emoção e adrenalina, como surfe, rafting, canoísmo, rapel e arvorismo, ou menos convencionais e em permanente contato com a natureza, como stand-up paddle, trilhas e slackline. As atividades são desenvolvidas com o apoio de escolas de surfe e empresas que atuam com esses esportes. Além do esporte aventura, são realizadas atividades esportivas comunitárias, como futebol, vôlei, basquete, jogos, danças ou brincadeiras, reforçando a identidade cultural.
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esporte, aventura, educação e formação para uma vida digna
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o foco inicial para pouco mais de duas dezenas de adolescentes, a ação ampliou-se e hoje atende cerca de 200 jovens/ano. Os adolescentes são atraídos pela adrenalina e pela curiosidade da prática de esportes mais radicais, de aventura. Com isso, mudam hábitos e comportamentos. Por exemplo, passam a dormir mais cedo e se alimentar melhor, para dar conta da prática do esporte no dia seguinte. Entre 2007 e 2013, um total de 1.407 adolescentes e jovens em situação de risco social foram atendidos e constatou-se a redução da mortalidade. O retorno à escola foi de 80%, com posterior ingresso no mundo do trabalho Com a abertura de novas perspectivas, voltam a se interessar por concluir os estudos, fazer seus documentos, se preparar para outras possibilidades de profissionalização. A própria escola, que antes tinha medo, ao perceber a mudança de atitudes, passa a contar com a participação desses jovens na mediação de
conflitos, frequentes entre o corpo docente e estudantes. Os eixos do projeto, em torno dos quais se trabalha, são a prática do esporte educacional, o fortalecimento de vínculos na interação com a família, a escola e a comunidade, e a preparação e capacitação para inserção no mundo do trabalho. A carga horária do projeto inicia com maior intensidade nas atividades esportivas e gradativamente se desloca para a preparação do(a)s atendido(a)s à inserção no mundo do trabalho, por meio de oficinas formativas. Elas geram oportunidades de relacionamento em novos espaços e com novas práticas, abrindo possibilidades e motivações que a escola não traz. Isso gera mudanças de atitudes e comportamentos, com mais respeito e autoestima, ampliando a percepção do leque profissional a que cada adolescente pode ter acesso, saindo da mera repetição da profissionalização em serviços gerais ou como auxiliares não qualificados.
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O fortalecimento da convivência familiar e comunitária ocorrer por meio de ações protagonizadas por adolescentes do projeto com a participação da comunidade, em datas comemorativas, atividades de lazer, eventos artísticos e culturais, que complementam as atividades cotidianas. Com esse trabalho, o CCEA formou uma equipe multidisciplinar, que além de atuar nos projetos da entidade, compartilha sua metodologia com instituições públicas e privadas, de abrangência estadual e nacional, por meio de atividades formadoras. Assim como o CCEA procura trabalhar através de redes, no projeto Procurando Caminho busca-se o trabalho e articulação com as políticas públicas, por meio de redes integradas num mesmo objetivo. Para que um adolescente supere a situação de vulnerabilidade social vivenciada é necessário interagir com as políticas públicas para a efetivação dos direitos e o protagonismo de adolescentes, famílias e comunidades.
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a ousadia de juntar desejos e necessidades
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sucesso do projeto está, principalmente, na capacidade de junção dos desejos desse(a)s adolescentes, por meio de atividades que proporcionem emoção, risco e aventura, com as necessidades de educação e oportunidades para uma vida digna. Pelo modelo exitoso que possui, o projeto, como explicita o próprio nome, tem a ousadia de suscitar novos caminhos para adolescentes estigmatizados pela polícia, por sua própria comunidade, pela sociedade e, muitas vezes, por eles mesmos, devido ao comprometimento com o narcotráfico. Como parte dos resultados do projeto, constatou-se o retorno do(a)s adolescentes à escola, a reestruturação dos vínculos com a família e com a comunidade, e a formação pessoal e cidadã, ampliando as possibilidades de inserção no mundo do trabalho.
Igor Morais Furtado. 17 anos. Comunidade Vila União, Vargem do Bom Jesus, Florianópolis/SC. Auxiliar Administrativo Jovem Aprendiz na empresa Koerich.
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Igor
Projeto mudou a minha vida “Sou o caçula de três irmão. O primeiro morreu num acidente de moto e deixou um filho especial que minha mãe criava sozinha. Na casa, moravam minha mãe, meu irmão do meio, eu e meu sobrinho. Minha mãe trabalhava como faxineira e ganhava menos de 500 reais por mês. Meu irmão do meio foi preso por traficar e comecei a traficar com 13 anos para ajudar em casa, porque eu não tinha idade para trabalhar em empresa e ninguém me dava serviço por eu ser da comunidade. Até sair da comunidade era difícil, porque eu me sentia seguro ali na única realidade que eu conheci. Meu sobrinho veio a falecer devido a complicações de sua deficiência e minha mãe sofria cada vez mais. Eu queria ser um orgulho para ela, mas não tinha nenhuma perspectiva de futuro. Minha rotina era a esquina e eu sabia que poderia acabar como meus irmãos e isso eu não queria. Então, em 2013, o Procurando Caminho chegou na minha comunidade e logo fui convidado a participar. Pela primeira vez
tive esperança de ter uma chance na vida. Logo de cara curti as atividades porque a adrenalina dos esportes me estimulava a estar no projeto. Outra coisa nova foi poder sair da comunidade para conhecer outros lugare. Eu não fazia ideia que Florianópolis era tão grande e que tinha várias comunidades como a minha. Com as saídas para praticar esportes eu vi um mundo que eu não conhecia. Em seguida, voltei a estudar porque era a condição para entrar para o Programa Jovem Aprendiz, do CCEA. Quando vi, já estava empregado como auxiliar administrativo na empresa Koerich. Minha maior alegria é acordar às seis da manhã, lavar o rosto e ir trabalhar. Eu achei que isso jamais aconteceria. Graças ao esporte eu mudei de vida e tenho planos. Quero estudar mais e trabalhar sempre, porque isso enche minha mãe de orgulho. Ainda pratico rapel e não imagino mais a minha vida sem o esporte, afinal o Procurando Caminho mudou a minha vida.”
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seja um apoiador seja um patrocinador
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e você ou a sua empresa desejam apoiar um projeto que tem por foco contribuir para que adolescentes encontrem alternativas para o tráfico e a criminalidade, venha fazer parte do Procurando Caminho, eleito como a melhor iniciativa social de Santa Catarina em 2013. Por meio da prática do esporte aventura, da educação integral, da formação e inserção no mundo do trabalho, o projeto possibilita o fortalecimento da convivência familiar e comunitária,
o retorno e/ou permanência de adolescentes e jovens na escola, e contribui para a ampliação de horizontes, abrindo novos caminhos para uma vida digna.
Resultados para as empresas! Empresas apoiadoras e patrocinadores terão o nome estampado em vários materiais, como por exemplo, em banners, no site, no Relatório Social (anual) e folheterias produzidas pelo CCEA.
doações Podem ser feitas através de www2.ccea.org.br/doacao ou Banco do Brasil Agência 5420-8 Conta-corrente 339.911-7
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Centro Cultural Escrava Anastácia Rua Pref. Tolentino de Carvalho, 1 - Balneário - 88075-530 - Florianópolis SC Tel./Fax: 3228.5356 - CNPJ 02.573.208/0001-25 gestor@ccea.org.br - www.ccea.org.br Instituição de utilidade pública - Federal: Portaria 1331/06 - Estadual: Lei 11163/99 - Municipal: Lei 5403/98 Registros Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente - CMDCA 049/2005 Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS 069/00 Conselho Nacional de Assistência Social - CNAS R0059/2006 Diretoria Eriberto Meurer Darcy Vitória de Brito Carmem Izabel Pereira Sinzato Camilo Buss Araújo Kristian da Silva Raupp João Ferreira de Souza Pe. Vilson Groh
- Presidente - Vice-Presidente - Secretária - Segundo Secretário - Tesoureiro - Segundo Tesoureiro - Presidente de Honra
Conselho Fiscal Ana Lúcia de Brito - Titulares Edson Araújo Maria Lúcia Rogério Locks Edelvan Jesus da Conceição - Suplentes Roberta Caringi Raupp Tarcisio Osório Ferreira C o o rd e n a ç ã o d a E q u i p e E x e c u t i v a Ivone Maria Perassa - Coordenação Geral Nadir Esperança Azibeiro - Coordenação Político Pedagógica Natália Berns Abreu - Coordenação Administrativa N e s ta e d i ç ão Celso Vicenzi Natália Abreu Renato Rizzaro Acervo CCEA
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