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Espanha Sector da Energia – Breve Apontamento Fevereiro 2010
aicep Portugal Global Espanha – Sector da Energia / Breve Apontamento (Fevereiro 2010)
Breve Apontamento sobre o Sector da Energia em Espanha Em Outubro de 2009, 50% da electricidade consumida em Espanha procedia de fontes renováveis. Pouco a pouco, os moinhos de vento e os painéis fotovoltaicos foram povoando a geografia espanhola. A energia de fontes eólicas e fotovoltaicas, por lei tem prioridade no momento em que entra no sistema de distribuição, relativamente à que é produzida por outras fontes (excepto as nucleares), como nomeadamente do carvão ou do gás.
Em 2009, se ao incremento de consumo verde, se juntar a queda acumulada da procura de energia eléctrica em Espanha de 4.6%, provocada pela crise e pela diminuição de consumo no sector industrial, criam-se condições para que as grandes empresas do sector repensem as suas estratégias e planos de negócios futuros. Assim, grandes empresas como Endesa, Iberdrola, Gas Natural-Unión Fenosa, HC Energía e outros grupos industriais como Acciona, ACS, Abengoa ou Fomento de Construcciones y Contratas (FCC), vão-se envolvendo no mercado energético e renovável espanhol sempre atentos à sua diversificação geográfica a nível internacional.
Apesar de que as energias renováveis podem ser consideradas “caras”, que em determinados momentos podem provocar “bolhas” especulativas ou fomentar a pressão administrativa pelos diversos decretos-lei aplicáveis e alterações de regulamentos, recebendo múltiplas críticas pelas bonificações e subvenções energéticas, ninguém duvida do seu futuro como suporte angular para combater o desemprego e a crise económica que nos atinge. A diversificação de mercados e a cooperação internacional nesta matéria, podem ser determinantes. Nesse sentido, a colaboração entre empresas portuguesas e espanholas pode proporcionar sinergias muito interessantes para ambos os países.
A procura de energia eléctrica baixou 4,6% - pela primeira vez a eólica produziu mais que o carvão
A procura peninsular de energia eléctrica em 2009 foi de 251.305 GWh, 4,6% inferior à de 2008. Esta descida representa a primeira taxa negativa anual na série de registos que a Rede Eléctrica espanhola tem vindo a realizar sobre a evolução da procura desde 1985.
Esta queda da procura foi o resultado da acumulação de taxas negativas registadas em todos os meses do ano, embora se apreciem dois períodos diferenciados: um de forte declínio até Abril com a maior descida (11,8%), a partir do qual se iniciou um segundo período em que as quedas foram mais moderadas, até se atingir, em Dezembro, uma taxa negativa de 2,3%.
Os valores máximos da procura de potência média horária e de energia diária foram atingidos em 13 de Janeiro, com 44.440 MW e 886 GWh, respectivamente.
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Máximos de produção eólica
A energia eólica superou, em várias ocasiões, os anteriores máximos históricos de potência instantânea de energia horária e de energia diária. Em 8 de Novembro passado registaram-se novos máximos históricos de produção eólica: 11.620 MW de potência instantânea, 11.429 MWh de produção horária e 251.543 MWh de produção diária, que representam 44,9% da procura eléctrica desse dia.
Do mesmo modo, em Novembro produziu-se um máximo mensal de energia eólica, que cobriu 22,7% da procura desse mês, superando pela primeira vez a nuclear (19,5%).
A potência instalada aumentou mais de 2.600 MW
A potência instalada no sistema peninsular aumentou 2.682 MW durante 2009, atingindo um total de 93.215 MW, o que pressupõe um incremento de 3% relativamente ao ano anterior.
A maior parte desta nova potência provém dos novos parques eólicos, que acrescentaram 2.576 MW à potência instalada, alcançando um total de 18.119 MW em finais de 2009, e dos ciclos combinados, com 568 MW. Pelo contrário, fecharam dois grupos de fuel com uma potência conjunta de 474 MW.
Fonte: IDAE- Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía (Ministerio de Industria, Turismo y Comercio)
Cobertura da procura anual
Quanto à cobertura da procura há que destacar que, pela primeira vez, a energia eólica contribuiu com 13% (11% em 2008), superando a do carvão, que cobriu apenas 12% da mesma, ao reduzir a sua produção em 25,8%.
Ao mesmo tempo, o aumento do peso das energias renováveis viu-se reflectido nos 26% da cobertura da procura, frente aos 24% em 2008. Dentro deste tipo de energias, a energia solar contribuiu com 3%.
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A diminuição do consumo eléctrico e o incremento das energias renováveis por um lado, bem como uma menor produção dos grupos de carvão por outro, contribuíram para a reduzir em 15,5% as emissões de CO2 do sector eléctrico relativamente a 2008, prevendo-se que se atinja 74,5 milhões de toneladas este ano. Evolução da Produção de Energia por Regime
Fonte: Red Eléctrica de España www.ree.es
Quanto ao balanço de produção, 2009 caracterizou-se por uma descida generalizada de quase todas as tecnologias que compõem o regime ordinário, cuja produção diminuiu 12,7% relativamente ao ano anterior, absorvendo toda a diminuição da procura. Pelo contrário, o regime especial aumentou a sua produção em 18,3 %.
Sistemas extra-peninsulares
Nos sistemas extra-peninsulares a procura de energia alcançou 15.569 GWh em 2009, 1,9% inferior à do ano anterior. Nas Canárias a descida foi de 2,1% e nas Baleares de 1,9%. Pelo contrário, Ceuta e Melilla registaram crescimentos de 1,8% e 1,5% respectivamente. Saldo exportador nos programas de intercâmbio Pelo sexto ano consecutivo, o saldo dos intercâmbios internacionais resultou exportador, com 8.398 GWh, 23,9% inferior a 2008. Esta descida deveu-se à redução das exportações em 11% bem como ao incremento do volume de importações em 13,2%. Saldo de intercâmbios internacionais em 2009: França
1.766 GWh
Portugal
-5.239 GWh
Andorra
-295 GWh
Marrocos
-4.630 GWh
Total
-8.398 GWh
(Nota: os valores negativos representam um saldo exportador, enquanto que os positivos correspondem aos saldos importadores).
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Rede de transporte peninsular
A rede de transporte aumentou 439 km em 2009, o que significa que a rede peninsular alcançou 35.073 km de circuitos no final do ano. Também entraram ao serviço 3.400 MVA de capacidade de transformação.
Plano de Energias Renováveis 2011-2020 (Previsão)
Espanha prevê que, em 2020, a participação das renováveis represente 22,7% do total da energia final produzida, correspondendo 42,3% da produção eléctrica.
Prevê-se que, em 2020, a participação das energias renováveis no consumo final bruto de energia em Espanha, seja de 22,7%, quase três pontos acima do objectivo obrigatório fixado pela União Europeia para os estados membros, enquanto que a participação das renováveis na produção de energia eléctrica alcançará 42,3%, pelo que Espanha superará igualmente o objectivo fixado pela UE neste âmbito (40%).
O Plano espanhol de Energias Renováveis 2011-2020
O Plano de Acção Nacional de Energias Renováveis 2011-2020, encontra-se actualmente em processo de elaboração, pelo que, tanto o cenário como os objectivos para cada uma das tecnologias renováveis durante este período, podem ser objecto de revisão.
Para a elaboração do mapa energético para 2020, teve-se em conta a evolução do consumo de energia em Espanha, a subida do preço do petróleo relativamente à década dos anos noventa, e a intensificação substancial dos planos de poupança e eficiência energética. As principais conclusões da informação notificada à Comissão Europeia, são as seguintes: •
Numa primeira estimativa, a participação das energias renováveis no consumo final bruto de energia seria de 22,7% em 2020 - face a um objectivo de 20% para Espanha para esse ano equivalente a excedentes de energia renovável de, aproximadamente, 2,7 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep).
•
Como estimativa intermédia, prevê-se que, em 2012, a participação das energias renováveis seja de 15,5% (face aos 11,0% previstos na trajectória indicativa) e, em 2016, de 18,8% (face aos 13,8% previstos).
•
O maior desenvolvimento das fontes renováveis em Espanha corresponde às áreas de produção eléctrica, com uma previsão de 42,3% na contribuição das energias renováveis para a produção bruta de electricidade em 2020.
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Consumo espanhol de E.Renováveis e a sua contribuição para a Energia Final (Metodologia Comissão Europeia) CONSUMO FINAL DE ENERGIAS RENOVÁVEIS (eM ktep)
2008
2012
2016
2020
Energias renováveis para produção eléctrica
5.342
8.477
10.682
13.495
Energias renováveis para aquecimento/refrigeração
3.633
3.955
4.740
5.618
601
2.073
2.786
3.500
Total de renováveis em ktep
9.576
14.504
18.208
22.613
Total de renováveis segundo Directiva
10.687
14.505
17.983
22.382
2008
2012
2016
2020
101.918
93.321
95.826
98.677
10.5%
15.5%
18.8%
22.7%
Energias renováveis no transporte
CONSUMO DE ENERGIA FINAL (em ktep) Consumo de energia bruta final % Energias Renováveis / Energia Final
Fonte: IDAE- Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía (Ministerio de Industria, Turismo y Comercio)
Espanha notifica, na informação enviada a Bruxelas, que considera indispensável um maior desenvolvimento das inter conexões eléctricas de Espanha com o sistema eléctrico europeu.
Aprovação do Governo para Novos Projectos
O Governo espanhol entende que a melhor maneira de garantir o desenvolvimento das energias renováveis “é garantir que o seu progresso se faça de forma contínua e ordenada, através de uma normativa que assegure a sua evolução de forma razoável e assumível”. Assim, em Novembro de 2009, aprovaram-se mais de 8.000 novos MW de energias renováveis até 2013. A sua distribuição anual será conforme quadro seguinte:
Distribuição Anual de Energias Renováveis em MW 2009*
2010*
2011*
2012*
2013*
1.864
1.855
1.700
1.700
--
Termoeléctrica
350
500
500
500
540
Fotovoltaica
473
500
484
532
Mini-hidroeléctrica
112
30
30
30
--
Biomassa
65
150
150
150
--
2.864
3.035
2.864
2.912
540
Eólica
Total *Previsões
Fonte: elaboração Aicep Barcelona
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Espanha, segundo confirmam as estatísticas, é um dos maiores produtores de energia solar térmica e eólica do mundo. O objectivo do Governo espanhol é incrementar em 37% a produção de energias renováveis em três anos.
Este plano permitirá atingir praticamente 6.000 MW de energia eólica e 2.440 MW de energia termosolar neste período, proporcionando assim ao consumidor um acesso prioritário a estas energias, em detrimento do uso dos combustíveis fósseis e do petróleo.
Neste sentido, é importante assinalar que, dos 2.000 MW de energia previstos para produzir nos novos parques de energia solar que estão a ser construídos no mundo actualmente, 89% serão de produção espanhola, especialmente de empresas como Iberdrola e Acciona. Após a sua implantação nos EUA em Setembro de 2008, a Iberdrola converteu-se no segundo produtor eólico neste país. Por outro lado, a Acciona possui cinco parques eólicos operativos em território dos EUA e os seus projectos em desenvolvimento rondam os 1.000 MW.
É também necessário ter presente que, em 2010, serão negociadas novas bonificações para o sector. Bonificações que, no sector eólico, por exemplo, têm vindo a reduzir nos últimos anos, à medida que esta indústria se foi tornando competitiva. As fotovoltaicas, por exemplo, temem uma descida das bonificações auferidas, que pode rondar os 25%. Neste sentido, todas as entidades patronais do sector Pro-termosolar, a “Asociación Empresarial Eólica (AEE)”, a “Asociación de la Industria Fotovoltaica (ASIF)” e a “Asociación de Productores de Energías Renovables (APPA)”, afirmam a necessidade de um pacto de Estado sobre a Energía, para o desenvolvimento económico e sustentável deste sector em Espanha.
Apesar do percurso não se apresentar fácil, o interesse em desenvolver o sector renovável é indiscutível, como o demonstra, por exemplo, o novo plano eólico apresentado recentemente pelo Governo da “Generalitat” da Catalunha. Esta região autónoma (com 653 MW actualmente em serviço), multiplicará por cinco a potência instalada em cinco anos, criando entre 15 e 18 novos parques eólicos no seu território até 2015.
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