Boletim do Sínodo 08

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Boletim do Sínodo

Edição nº 08 | 1º/3/2019 | Informativo produzido pela Assessoria de Imprensa da REPAM-Brasil e Comissão Episcopal Especial para Amazônia/CEA

DURANTE SEMINÁRIO, DIVULGADA A DATA DO SÍNODO PARA A AMAZÔNIA A data do Sínodo Especial para a Amazônia foi divulgada pela Secretaria do Sínodo na manhã do dia 25 de fevereiro, após encontro do papa Francisco com os representantes da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM, que participavam do Seminário de Estudos Pré-Sinodal.

“A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos comunica que o Santo Padre Francisco convocou a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica de domingo 6 a domingo 27 de outubro de 2019, para refletir sobre o tema ‘Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’”. Seminário Entre os dias 25 e 27 de fevereiro foi realizado o Seminário de Estudos sobre o Sínodo para a Amazônia, com o tema “Rumo ao Sínodo Especial para a Amazônia: dimensão regional e universal”. Em entrevista à jornalista Cristiane Murray, do Vatican News, o presdidente da REPAM, cardeal Cláudio Hummes, ressaltou o desejo do papa de “fundamentar bem cientificamente, teologicamente, biblicamente e culturalmente”, as reflexões e apontamentos colhidos no período de escutas sinodais. “Creio que será um bom contributo e também universaliza cada vez mais o próprio Sínodo, que deve ser também universal, mas em primeiro lugar diretamente para a Pan-amazônia, e tem sua repercussão universal”. O secretário do Sínodo, cardeal Lorenzo Baldisseri, também concedeu entrevista sobre a proposta do evento: “O seminário em questão é uma das muitas iniciativas que a Secretaria Geral do

Sínodo dos Bispos está realizando para preparar adequadamente o Sínodo Especial sobre a Amazônia, que terá lugar em Roma em outubro próximo”, afirmou. Baldisseri também sinalizou que “o Sínodo, como sabemos, é em si mesmo uma Assembleia eclesial, que trata de questões relacionadas à evangelização e à presença da Igreja no mundo; não é um evento político”. Tendo a Amazônia como o foco do caminho do Sínodo, a assembleia deve abordar questões que interessam também outras áreas do planeta, de acordo com cardeal italiano: “Basta pensar, por exemplo, nas questões ecológicas na Bacia do Congo, nas florestas tropicais do Pacífico asiático, da bacia Aquífera Guarani. Por essas razões, no Seminário estão interligadas a dimensão regional e universal, dando em primeiro lugar a palavra a quem é proveniente do território amazônico, que conhece por experiência direta, e depois ouvindo também outras vozes, chamadas a completar as perspectivas emergentes”. Eram 15 pessoas participando do evento tendo como origem o Brasil, entre brasileiros e estrangeiros que atuam no país, como o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/ CNBB, cardeal Sergio da Rocha, e a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil/CRB, irmã Maria Inês Ribeiro.


AMAZÔNIA: NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA E PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL

Edição nº 08

A AMAZÔNIA ECOA PARA TODA A IGREJA Durante o Seminário de Estudos sobre o Sínodo, a temática Pan-Amazônica tomou dimensões universais, indicando também a possiblidade das reflexões sobre uma área específica serem aplicáveis em outro território. Com pronunciamentos e entrevistas, foi possível aos participantes do Brasil partilharem as grandes riquezas e desafios, os gritos e sonhos que emanam do território amazônico. Confira alguns trechos que podem traduzir um pouco do que foi debatido no Seminário, em Roma.

“A compreensão da Terra como Casa Comum deveria oferecer a base para políticas globais de controle do aquecimento global, das mudanças climáticas, da preservação das florestas, do cuidado da casa comum e o limite para a economia de mercado. Tenho suspeitas de que nem os economistas globais, nem os políticos nacionais serão capazes de fazer isso. Mas tenho certeza que os povos da floresta, os povos originários, com a proposta do “bem-viver” e as comunidades dos discípulos de Jesus, com a proposta do Reino de Deus, junto com outros aliados que sabem que a Amazônia é criação de Deus, serão capazes. Isso pode parecer um sonho, mas são os sonhos que alimentam as utopias. Nós sonhamos com a utopia do Reino anunciado por Jesus”.

“Se a natureza sofre quando é destruída, imagina o ser humano, que hoje é visto dentro desse capital, as pessoas são vistas como mercadorias. É dentro dessa visão, dessa mercantilização da vida, que nós temos que nos preocupar de olhar o ser humano como ser humano e nós da Amazônia trazermos para a nossa Igreja, para o Sínodo, este clamor e este desespero de tantas pessoas que hoje são tratadas como mercadoria barata. Nós não podemos nos calar diante dessa barbaridade, dessa grande mazela que é o tráfico de pessoas, principalmente quando é para fins de exploração sexual, para a retirada de órgãos, para a escravidão e outras modalidades como é a venda e adoção ilegal de crianças.

“Belém e Manaus, essas verdadeiras metrópoles, são um desafio imenso, porque são uma mescla de pessoas, situações e culturas que precisam ser levadas em conta com uma grande fidelidade à nossa história, às nossas raízes especialmente indígenas, com os desafios que nós temos ligados à terra, à violência, e saber que tudo converge para estas grandes cidades”. - Dom Alberto Taveira

“Espera-se que o evento seja um kairos para a Igreja em sua missão evangelizadora e um momento de grande atenção e reflexão para toda a humanidade sobre a “Casa Comum” e a ecologia integral, da qual fala o Santo Padre”, afirmou em entrevista o secretário-geral do Sínodo”.

- Dom Evaristo Pascoal Spengler

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- Irmã Marie Henriqueta Cavalcante

- Cardeal Lorenzo Baldisseri


AMAZÔNIA: NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA E PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL

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SÍNODO EM DESTAQUE EVENTO ECLESIAL E PROFÉTICO

O Sínodo para a Amazônia ganhou destaque no mês de fevereiro nos jornais brasileiros e os bispos puderam destacar a importância deste evento eclesial em defesa da vida na Amazônia, que busca novos caminhos para a atuação da Igreja na região e para a ecologia integral, proposta pelo papa Francisco na encílica Laudato Si’, publicada em 2015. Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, lembrou que o Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia é uma iniciativa para que a Igreja compreenda sua missão evangelizadora naquela região do mundo: “é um evento, uma celebração da Igreja e para a Igreja”. Dom Leonardo esclareceu em vídeo: “da Igreja para a Igreja envolve toda a questão da Pan-Amazônia: os povos, o meio ambiente. Toda essa realidade, certamente será abordada. O Santo Padre, no entanto, deseja que encontremos novos caminhos para a evangelização, para a Pan-Amazônia”. Dom Leonardo pediu ainda que os brasileiros e as populações dos outros oito países que integram a região da Pan-Amazônia rezem pela boa realização do Sínodo. O arcebispo de Manaus e membro da Comissão para a Amazônia da CNBB, dom Sérgio Castriani, escreveu o artigo “O Sínodo que incomoda”. No texto, afirma o quanto “este Sínodo está sendo um sinal de esperança para o nosso povo, sobretudo aqueles que nunca são ouvidos”. Comentando o processo de preparação e as reações em torno do Sínodo Especial para a Pan-Amazônia, o arcebispo ressaltou que falar sobre o cuidado com o meio ambiente “não é um

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atentado contra à soberania nacional, mas é colocar nossa pátria na vanguarda da defesa da vida no planeta”. Ele também explicou: “A preocupação de todos é a evangelização e a maior demanda é que se pensa na Eucaristia, que não pode ser celebrada por falta de ministros. São preocupações que vem de longe. A estas se juntam à preocupação com a Casa Comum, numa Ecologia Integral. E neste aspecto os povos originários tem muito a nos ensinar. Também os ribeirinhos adquiriram a arte de viver e conviver na floresta”. Outro destaque de pronunciamento dos bispos foi a fala do presidente da REPAM, cardeal Cláudio Hummes, que ainda em novembro de 2018, afastou temores em relação ao sínodo: “Há certos temores, até do Estado, da política brasileira e dos outros países. Mas ali não precisa ter temor nenhum, porque a Igreja não está querendo de forma nenhuma promover ali uma nova nação, um novo país, não. A Igreja fica como está, mas temos que saber trabalhar e estarmos interligados, respeitando as diferenças”, afirmou dom Cláudio. O bispo de Marabá/PA, dom Vital Cipollini, chamou atenção para os interesses econômicos em torno da realidade amazônica: “A Amazônia possui uma riqueza em águas, nascentes, ouro, minério, diamantes, florestas, animais, de modo que as grandes empresas do Brasil e do mundo desejam explorá-las sem levar em conta os povos nativos, os povos indígenas, os quilombolas, os ribeirinhos, os pescadores, as mulheres, os trabalhadores do campo e da cidade”.


AMAZÔNIA: NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA E PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL

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SÍNODO EM AÇÃO SÍNTESE

PRÓ-SÍNODO

Entre os dias 11 e 18 de fevereiro, em Brasília/DF, assessores da REPAM e membros do Conselho Pré-Sinodal realizaram a síntese do material produzido durante os eventos de escuta do Sínodo para a Amazônia. A atividade ocorreu em três etapas: primeiro com o material do Brasil, seguido do enviado pelos comitês da Pan-Amazônia e, na sequência, o trabalho com os especialistas convidados para colaborar no processo sinodal. Ofereceu a metodologia para sistematização do material o professor Joaquim Alberto Silva e a analista Raquel Pulita Andrade Siilva.

As reflexões sobre o Sínodo para a Amazônia não estão restritas à região Pan-Amazônica. Na diocese de São José dos Campos/SP, a Comissão Socioambiental prepara, para setembro, o evento “Pró Sínodo da Amazônia”. A iniciativa tem como objetivo possibilitar que a diocese de São José dos Campos conheça o Sínodo da Amazônia, reafirmando a sua missão e defesa deste território e de seus povos, por meio do entendimento da ecologia integral, para a construção de uma Igreja com o rosto amazônico.

DIRETORES DAS POM

JUVENTUDE EM DOM ELISEU

O Sínodo para a Amazônia foi apresentado aos participantes da Assembleia Continental das Pontifícias Obras Missionárias, no dia 20 de fevereiro, em Brasília/DF. A diretora executiva da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil, irmã Maria Irene Lopes dos Santos, abordou a mobilização promovida na região Amazônica em vista do Sínodo de outubro de 2019, além o trabalho realizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB e pela REPAM-Brasil. “Mesmo os diretores que não são da Amazônia estão interessados em saber do processo, em discutir o assunto do Sínodo”, salientou a religiosa.

Na diocese de Bragança/PA, a juventude da paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Dom Eliseu/PA, participou de roda de conversa sobre o Sínodo para a Amazônia. Foram 43 jovens reunidos nesse momento assessorado pelo representante da REPAM Juventudes Mailson da Nóbrega. Na ocasião, partilharam suas opiniões sobre o desmatamento, a poluição de rios, a postura da Igreja nas questões sociais e, principalmente, sobre os últimos desastres socioambientais que ocorreram no Brasil, como os rompimentos de barragens de rejeitos de mineração em Mariana/ MG e Brumadinho/MG.

ASSOCIAÇÃO DOS JESUÍTAS O cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo/SP e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM, participou nos dias 3 a 4 de fevereiro, no Rio de Janeiro/RJ, do Fórum de Preparação da Associação das Universidades Confiadas à Companhia de Jesus na América Latina (AUSJAL), evento cuja finalidade foi elaborar um documento para ajudar a guiar as reflexões do Sínodo para a Amazônia.

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SÍNODO NA PAN-AMAZÔNIA Entre os dias 2 e 4 de fevereiro, ocorreu encontro Pan-Amazônico dos Povos Indígenas, em Letícia (Colômbia), na perspectiva do Sínodo para a Amazônia. Estiveram presentes mais de 80 representantes indígenas e missionários de seis países e de 24 povos. Na análise de conjutura realizada no evento, foram destacadas as ameaças que sofrem os povos originários em seus territórios e as consequências de perdas geradas por estas invasões e pelos grandes projetos. À Igreja, afirmaram que é necessário mudar a linguagem e a mentalidade, “descobrir o que une os povos indígenas e a Igreja católica, entender que a Igreja não deve lutar para evangelizar, deve lutar por nossos direitos”, como afirmou uma jovem indígena. O Centro Amazônico de Antropologia e Aplicação Prática, instituição que coordena as atividades da REPAM no Peru, esteve presente da Assembleia Vicarial de Yurimaguas, realizada entre os dias 18 e 23 de fevereiro. A participação no evento foi oportunidade para informar sobre as assembleias pré-sinodais já realizadas e outros aspectos sobre o Sínodo para a Amazônia e sua implicação direta na região. Os cerca de 100 religiosos presentes no evento puderam saber mais sobre o trabalho desenvolvido pela REPAM.

Também no Peru, o Centro Amazônico de Antropologia e Aplicação Prática recebeu, no dia 9 de fevereiro, o “Diálogo de mulheres amazônicas rumo ao Sínodo”. Mulheres da região amazônica peruana e integrantes dos povos asháninka, shipibo-konibo, yine, amahuaca e yagua refletiram sobre as preocupações e problemáticas que enfrentam como a Igreja católica deve responder a elas. Machismo, discriminação, tráfico de pessoas, exploração do trabalho, gravidez precoce, contaminação, perda da identidade cultural, despejo dos territórios ancestrais estão no dia a dia de muitas mulheres amazônicas e foram objeto de debate durante o encontro.

ACESSE O SITE OFICIAL DO SÍNODO PARA A AMAZÔNIA:

www.sinodoamazonico.va

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