AMAZÔNIA: NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA E PARA UMA ECOLOGIA INTEGRAL
Edição nº 05
Boletim do Sínodo
20/12/2018 Informativo produzido pela Assessoria de Imprensa da REPAM-Brasil e Comissão Episcopal Especial para Amazônia/CEA
REPAM REALIZA MAIS DE 100 ATIVIDADES NA PREPARAÇÃO PARA O SÍNODO A Igreja na Amazônia já chega na reta final da preparação para o Sínodo Pan-amazônico, convocado pelo papa Francisco para ser realizado em outubro de 2019. Durante todo o segundo semestre de 2018, uma intensa movimentação de atividades foi promovida para ouvir das comunidades os clamores dos povos e da floresta. Ao todo, mais de 100 escutas sinodais mobilizaram os 6 regionais que compõem a Pan-Amazônia.
Até o mês de dezembro de 2018, já foram realizadas, no Brasil, 19 assembleias territoriais, que são os encontros de escuta promovidos pela REPAM-Brasil, em parceria com regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB, dioceses, prelazias ou organismos da Igreja. Outras duas assembleias ainda estão previstas. Todos os estados da Amazônia Legal já receberam estes encontros.
Para o arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM, cardeal Cláudio Hummes, este processo é uma “alegria” e uma “grande oportunidade” para os agentes envolvidos no processo em vista da Assembleia Sinodal. Em mensagem dirigida aos membros dos comitês locais e assessores, o presidente da REPAM ressaltou a felicidade com a forma que tem sido manifestado o interesse na participação no processo sinodal.
Outras atividades que fizeram parte deste processo foram as Rodas de Conversa. Estes encontros menores atingiram 57 grupos em toda a Amazônia brasileira. Foram escutados diversos atores, como comunidades indígenas, agentes de pastoral, conselhos, congregações religiosas, ribeirinhos e extrativistas.
“Vocês que estão ali, no dia a dia, no trabalho, e tendo a alegria de se encontrar com o povo, com os indígenas, com o povo ribeirinho, esse povo muitas vezes esquecido, sofrido, abandonado, injustiçado, explorado. Vocês estão tendo essa grande oportunidade de estar aí, juntos, e este povo podendo sentir que, através de vocês, a Igreja quer escutá-los, seus sonhos, sofrimentos, reinvindicações”, destacou o cardeal.
Considerando toda a Pan-Amazônia, são cerca de 120 eventos relacionados à preparação ao Sínodo, entre assembleias e rodas de conversas realizadas e/ou programadas na Bolívia, no Brasil, na Colômbia, no Equador, na Guiana, em Honduras (fora da Pan-Amazônia, mas reunindo uma das entidades fundadoras da REPAM), no Peru e na Venezuela.
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Edição Nº 05
NORTE 3 PROMOVE ESCUTAS EM PALMAS E MIRACEMA
A Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM no regional Norte 3 finalizou, no dia 12 de novembro, uma série de escutas em vista do Sínodo Especial para a Amazônia. Essas escutas foram realizadas na diocese de Miracema/TO e na arquidiocese de Palmas/TO. As três regiões episcopais de Palmas (São Pedro, São João, e São Paulo) acolheram as escutas, que contaram com a participação do clero e das lideranças pastorais representantes de paróquias que as integram, reunido no total 70 participantes. A diocese de Miracema fez a escuta com as forças vivas da diocese, durante a sua Reunião de Avaliação e Planejamento Pastoral, esta realizada anualmente com as comunidades de suas regiões pastorais. Estiveram presentes 110 pessoas. Nas duas Igrejas particulares, foram garantidas as Rodas de Conversas como metodologia participativa. Irmã Maria Eugenia Ribeiro Silveira, secretária da REPAM Norte 3, observou alguns frutos colhidos nestas escutas. “A Laudato Si e a REPAM têm se tornado referenciais para se refletir e se buscar novos caminhos para a evangelização .
e para a ecologia integral. Talvez este tem sido o mais importante fruto por serem dois ‘olhares’ tão importantes a darmos nesse processo de pertencimento a uma Igreja amazônica”, relatou. A religiosa também aponta o crescente “diálogo com as lideranças e forças vivas locais” e aplicação do questionário do Documento Preparatório para o Sínodo de acordo com as realidades nas quais os encontros de escuta são realizados. Outro encontro em vista do sínodo no âmbito do regional Norte 3 foi promovido no seminário Interdiocesano, localizado em Palmas. Os seminaristas da Filosofia foram o público escolhido para a partilha, em cumprimento a uma das metas acordadas com os bispos do regional, tendo em vista a inclusão do processo sinodal na formação dos vocacionados ao ministério sacerdotal.
Com informações da Repam Norte 3
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SECRETÁRIO DO SÍNODO PARTICIPA DE REUNIÃO COM BISPOS DA PAN-AMAZÔNIA O cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, esteve em Manaus/AM nos dias 14 e 15 de novembro em reunião com o conselho pré-sinodal, a Rede Eclesial PanAmazônica/REPAM e bispos da região para avaliar o processo de preparação do Sínodo convocado pelo papa Francisco para outubro de 2019. Participaram do encontro bispos de Brasil, Peru, Equador, Bolívia, Colômbia, Argentina e Guiana. A reunião contou, ainda, com as presenças do arcebispo de Huancayo, no Peru, e vice-presidente da REPAM, cardeal Pedro Barreto; da secretária executiva da REPAM-Brasil, irmã Maria Irene Lopes dos Santos, de assessores da rede e de representantes de agências internacionais de desenvolvimento. A presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil/CRB, irmã Maria Inês Ribeiro, também esteve presente. “O processo sinodal tem sido um kairós para toda a Igreja e uma oportunidade para conhecer mais o bioma Amazônia e seus povos”, afirmou o cardeal Lorenzo Baldisseri no comunicado da segunda reunião da Secretaria geral do Sínodo dos Bispos com a Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM. A reunião teve como ponto de partida a provocação enviada como guia para o encontro, baseada no compartilhamento da trajetória com os povos amazônicos até aqui e sugestões para aprimoramento das reflexões do sínodo, cujo tema é “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Os avanços mais significativos no processo de consulta sinodal, as dificuldades que se apresentam e os horizontes “que se abrem” 3
foram apresnetados pelos bispos. O encontro foi, também, oportunidade para partilha e avaliação do caminho em preparação para o Sínodo. A delegação do Brasil foi a maior entre os participantes, com nove bispos, duas religiosas, duas leigas e três padres entre brasileiros e estrangeiros que atuam no país. Os bispos do Brasil participantes da atividade: dom Sérgio Castriani, arcebispo de Manaus; dom Antônio Ribeiro, bispo auxiliar de Belém/PA; dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira/AM; dom José Belisário da Silva, arcebispo de São Luís do Maranhão; dom Neri José Tondello, bispo de Juína/MT; dom Philip Dickmans, bispo de Miracema/TO; dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho/RO; dom Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo/MA; e dom Erwin Krautler, bispo emérito do Xingu e vice-presidente da REPAM-Brasil. Dina Guerra, Márcia Maria de Oliveira (REPAM), padre Raimundo Possidônio (Belém/PA), padre Justino Sarmento (Manaus/AM) e padre Paulo Suess (São Paulo/SP) completam a lista. O cardeal Lorenzo Baldisseri falou em comunicado oficial do processo de preparação para esta Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos convocada pelo papa Francisco no passado e ressaltou o forte apoio “pelo testemunho e o magistério” de Francisco, “que insiste numa Igreja sinodal onde acontece o diálogo e a escuta mútua dos Bispos com representantes da Igreja e do Povo de Deus”. Confira o comunicado na íntegra:
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COMUNICADO DA 2ª REUNIÃO DA SECRETARIA GERAL DO SÍNODO DOS BISPOS COM A REPAM .
Convocados por sua Eminência Lorenzo Cardeal Baldisseri, Secretário Geral do Sínodo, nos reunimos nos dias 14 e 15 de novembro na cidade de Manaus – AM/ Brasil, Bispos delegados de diferentes países que compõem o território da panamazônia: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Antilhas, todos os delegados são membros da Rede Eclesial Panamazônica-REPAM, rede que pertence ao Conselho Episcopal Latino-Americano – CELAM, bem como convidados/as representantes da Confederação dos Religiosos e Religiosas da América Latina e Caribe-CLAR, agências parcerias e a equipe de expertos do Sínodo. Nesta reunião, damos continuidade ao processo sinodal iniciado em janeiro de 2018, em Puerto Maldonado – Peru, por ocasião da visita do Papa Francisco, na qual aconteceu a primeira reunião com a REPAM, e depois da 1ª Reunião do Conselho Pré-Sinodal em Roma em abril deste ano, na qual foi aprovado o Documento Preparatório do Sínodo, “Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”. Este Documento Preparatório foi enviado a todas as jurisdições eclesiásticas de todo território Pan-Amazônico para seu estudo e para orientar o processo de ESCUTA através do questionário dirigido ao Povo de Deus na Pan-Amazônia que vem mobilizando a Igreja, as comunidades, paróquias, vicariatos apostólicos, prelazias e dioceses, culminando com as assembleias territoriais nos regionais e animando todo o Processo Sinodal que conta com importante atuação e orientação metodológica da REPAM. A reunião também tem como objetivo avaliar o caminho percorrido nas assembleias territoriais pré-sinodais, para compartilhar os avanços que foram dados, e encaminhar os desafios que surgem ao longo do caminho para buscar juntos o modo de proceder daqui para frente. Por isso agradecemos a oportunidade de fazer parte desta caminhada em conjunto. Conclui-se que o processo sinodal tem sido um kairós para toda a Igreja e uma oportunidade para conhecer mais o bioma Amazônia e seus povos, para reconhecer suas lutas, resistências e para confirmar a caminhada da Igreja cada vez mais profética e comprometida com a causa do Reino de Deus nessa região. Caminhamos nesse processo sinodal em circunstâncias muito especiais e fortemente apoiados pelo testemunho e o magistério do Papa Francisco, que insiste numa Igreja sinodal onde acontece o diálogo e a escuta mútua dos Bispos com representantes da Igreja e do Povo de Deus.
Lorenzo Cardeal Baldisseri Secretário Geral
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SÍNODO E REPAM MOTIVAM ENCONTROS NAS DIOCESES DA AMAZÔNIA Em Cametá/PA, foi promovida a Roda de Conversas Saberes e Sabores Amazônicos, na qual foi possível fechar uma série de reflexões conjunturais sobre a região e aspectos históricos que marcaram a vida dos povos. A atividade fez parte da programação da reunião do Conselho Pastoral da diocese, realizado nos dias 9 e 10 de novembro. Com a apresentação da proposta de trabalho da REPAM, os participantes do Conselho de Pastoral ficaram muito animados em continuar suas ações agora abraçados e caminhando junto da REPAM. Em Porto Velho/RO, vários agentes de Pastoral estiveram reunidos para a sistematização da escuta realizada na arquidiocese para o Sínodo Especial para a Amazônia. O encontro foi no sábado, 10.
O momento reservado à preparação para o Sínodo Especial para a Amazônia, marcado para outubro do próximo ano, tem sido oportunidade de encontros e de fortalecimento do trabalho da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAM-Brasil. As dioceses amazônicas, suas lideranças e povos que nelas residem estão fortalecendo a união em torno de pautas comuns na defesa da vida e da criação, oportunidade também para maior articulação no trabalho da REPAM.
No mesmo dia, na diocese de Rio Branco, o Conselho Diocesano de Pastoral fez reflexões sobre o Sínodo e os participantes responderam às questões propostas no documento preparatório. O encontro teve a participação do bispo local, dom Joaquín Pertiñez Fernández. Na zona norte da capital do Amapá, as Comunidades Eclesiais de Base/CEBs reuniram-se, neste domingo, em preparação para o Sínodo e também para um Encontrão das CEBs.
POVOS DO XINGÚ REFLETEM SOBRE O SÍNODO Povos Indígenas, ribeirinhos, extrativistas, agricultores familiares e movimentos sociais.
quilombolas,
“Vimos denunciar as invasões nas terras indígenas, a retirada ilegal de madeira por madeireiros e fazendeiros, as queimadas, a poluição das águas, a morte de peixes e animais silvestres promovida pelas empresas mineradoras, hidrelétricas e garimpos ilegais”, escreveram os participantes na moção de denúncia e solidariedade.
As ameaças e violações aos direitos dos povos indígenas do Sul do Pará mais uma vez tiveram destaque no clamor de seus representantes. Durante o Encontro dos Povos do Xingu, realizado em Altamira/PA, entre os dias 15 e 17 de novembro, foi feita a reflexão para contribuir no processo do Sínodo para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco para outubro de 2019, e aprovada uma Moção de denúncia e solidariedade aos povos indígenas “impactados pelos grandes projetos como hidrelétricas e mineradoras”. Participaram do encontro o bispo da prelazia do Xingu, dom João Muniz Alves, o bispo emérito, dom Erwin Kräutler, padres, religiosas e religiosos, cristãos leigos e leigas, representantes dos
Os participantes também exigem “medidas urgentes” da parte dos poderes constituídos na garantia dos direitos conquistados na Constituição Federal de 1988. Preocupados, sobremaneira, com os povos indígenas isolados, cujos territórios são ameaçados, expressaram solidariedade e reafirmaram o “compromisso com a defesa da vida na Amazônia”. “Queremos apresentar ao Sínodo dos Bispos a situação dramática que os Povos Indígenas e comunidades tradicionais estão vivendo na Região do Xingu”, encerram a carta. Na atividade de escuta em vista do Sínodo para a Amazônia, assessorada por Daniel Seidel, assessor da Rede Eclesial PanAmazônica/REPAM-Brasil, foram apontadas ameaças nas realidades sociais, políticas, econômica, ambientais e de pastoral. Os presentes também destacaram as contribuições do bioma, dos povos e da Igreja no cuidado com a casa comum.
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VIDA RELIGIOSA PARTICIPA DE ESCUTA PARA O SÍNODO CARTA DA VIDA RELIGIOSA CONSAGRADA DO BRASIL “Vocês têm uma grande história a construir ponham os olhos no futuro” (VC 110).
Somos mulheres e homens consagrados (as) a serviço da VIDA na Pan-Amazônia, reunidos no período de 16 a 18 de Novembro na cidade de Manaus, para a Assembleia de ESCUTA DA VRC em preparação ao Sínodo especial para Amazônia que acontecerá em outubro de 2019. Enviadas e enviados pelas 6 regionais da Conferência dos Religiosos do Brasil -CRB que compõem a Amazônia Brasileira, trouxemos para compartilhar o clamor, os sonhos e esperanças dos Povos mais vulnerabilizados indígenas, ribeirinhos, seringueiros, comunidades tradicionais, pequenos agricultores, povos da floresta e da cidade e com eles, o “grito” da Mãe terra ferida e ameaçada pelos megaprojetos do agronegócio, mineração, hidroelétricas, hidrovias, etc. “Nos comprometemos plasmar com nosso ‘ser’, um novo jeito de ser Igreja – uma Igreja com rosto Amazônico”, afirmaram religiosas e religiosos reunidos em Manaus/AM, entre os dias 16 e 18 de novembro, na Assembleia de Escuta da Vida Religiosa Consagrada em preparação ao Sínodo para a Amazônia. Em carta preparada durante o encontro, os participantes enviados das seis instâncias regionais da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) na Amazônia (Manaus, Porto Velho, Belém, Cuiabá, Palmas e São Luís), contaram sobre os momentos nos quais puderam “compartilhar o clamor, os sonhos e esperanças dos Povos mais vulnerabilizados indígenas, ribeirinhos, seringueiros, comunidades tradicionais, pequenos agricultores, povos da floresta e da cidade e com eles, o ‘grito’ da Mãe terra ferida e ameaçada pelos megaprojetos do agronegócio, mineração, hidroelétricas, hidrovias”. O compromisso com uma Igreja de rosto amazônico tem como fonte o convite da Ecologia Integral, proposto pelo papa Francisco na encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da Casa Comum. Religiosos e religiosas também afirmaram estar “juntos nesse caminho sinodal, pois, acreditamos que a Vida Religiosa Consagrada é sinal de esperança e profecia onde a VIDA clama, naqueles lugares onde ninguém quer ir, somos corpo, afeto, aconchego de uma Igreja Mãe”. O padre salesiano Justino Sarmento, do povo Tuyuka e membro do Conselho Pré-Sinodal, considerou a assembleia um momento muito especial para tornar visível “uma experiência marcante” em vista do sínodo: ação missionária realizada pelos consagrados e consagradas na Amazônia. “Porque são elas e eles que estão na linha de frente. Onde existem pessoas mais necessitadas, aí estão as religiosas, principalmente, tanto no interior, quanto nas grandes cidades, nas periferias. Por isso é importante que o sínodo leve muito em conta as contribuições da vida religiosa”, considera.
Envolvidas e envolvidos pela mística do cuidado do outro e da Casa Comum, bebemos da fonte da Ecologia Integral expressa na Carta Encíclica Laudato Si’ e nos comprometemos plasmar com nosso “ser”, um novo jeito de ser Igreja – uma Igreja com rosto Amazônico. Ao responder à pergunta provocativa “Que sínodo nós queremos?” procuramos contribuir com reflexões e propostas que deram asas aos nossos sonhos e colocaram nossos pés em marcha, SIM! Estamos juntos nesse caminho sinodal, pois, acreditamos que a Vida Religiosa Consagrada é sinal de esperança e profecia onde a VIDA clama, naqueles lugares onde ninguém quer ir, somos corpo, afeto, aconchego de uma Igreja Mãe. Acreditamos que o sopro da Divina Ruah suscitará no coração de nossa Igreja novos caminhos e o ardor missionário de Maria, moverá nossos pés a sair às pressas ao encontro vida que clama, por uma presença de Igreja Samaritana e Solidaria. É com esse Espírito que conclamamos a VRC a colocar-se a caminho do Sínodo, pois na soma das diferenças somos diversidade e comunhão, somos vida consagrada a serviço de Cristo, da Igreja e da humanidade. Manaus, 18 de novembro de 2018.
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DIOCESE DE MACAPÁ NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SÍNODO
Lideranças das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), pastorais, movimentos, novas comunidades e outros organismos da diocese de Macapá/AP mergulharam no Rio Sinodal. `No dia 25 de novembro, centenas de pessoas estiveram reunidas no Centro Diocesano de Pastorais para Assembleia Territorial da diocese com o objetivo de oferecer sua contribuição para o Sínodo para a Amazônia. A metáfora inspirada nas águas do rio Amazonas, que banham a capital amapaense, é do professor Benedito Alcântara, membro da Escola Diocesana de Fé e Cidadania e do Comitê local da Rede Eclesial Pan-Amazônica/REPAMBrasil. No rio sinodal, uma barca agregou e conquistou pessoas no processo de estudo da cartilha preparada localmente a partir do Documento Preparatório sinodal que culminou no encontro do último domingo. “Quem assumiu, mergulhou, entrou no rio, foi fazendo as suas preparações, foi dando suas contribuições, foi fazendo este processo bonito”, conta Bené Alcântara, como é conhecido. Esta construção coletiva teve várias instâncias e ocasiões de participação,
desde os grupos, as paróquias, até chegar às regiões da capital e ao interior. “Foi um processo construído com várias mãos, vários pés, vários joelhos, porque teve muita mística, oração e espiritualidade, vários corações, que foram entusiasmados para ver acontecer. Quando o papa disse em Puerto Maldonado, ‘o Sínodo começou’. Este povo acreditou e fez acontecer”, alegrase Alcântara. A Assembleia foi oportunidade para socialização das sínteses dos encontros preparatórios, destacando as riquezas ambientais, culturais e eclesiais da caminhada da Igreja no Amapá e na região das ilhas do Pará, como os municípios de Gurupá, Breves e Afuá. Várias atividades marcaram este dia de celebração com a presença do bispo diocesano, dom Pedro José Conti. Missa, caminhada, almoço partilhado e festival foram momentos marcantes deste encontro. Oscar Filho, da Pastoral da Comunicação de Macapá, partilhou as riquezas destacadas na Assembleia Territorial de Macapá: Ambientais Foram destacados os corais, as reservas ecológicas, a água doce do nosso imenso rio Amazonas – que banha a frente da capital Macapá -, nossos lagos, igarapés e tantos rios, o extrativismo vegetal: madeira nobre, minério, a fauna a flora, os pontos turísticos e tantas outras riquezas ambientais que temos.
Sociais Dentro das riquezas sociais, foram mostradas a diversidade de povos: indígenas e ribeirinhos, caboclos, quilombolas, migrantes. Também todas as nossas organizações sindicais, cooperativas, associações e projetos sociais. Culturais O Ciclo do Marabaixo, que é o folclore do nosso Amapá, com mais de 200 anos; as manifestações quilombolas e indígenas; também festas centenárias, como São Tiago, o Ciclo do Batuque e do Marabás também. As festas dos produtos da terra, os chamados festivais que realizamos aqui como o do abacaxi, açaí, mandioca, cupuaçu, camarão, também peixes, a nossa culinária e o nosso artesanato. Eclesiais As assembleias que são realizadas, todos nossos encontros; as CEBs, que favorecem a presença e o protagonismo de leigos e leigas, religiosos consagrados e consagradas; as várias pastorais, com ênfase para as Pastorais Sociais e a Cáritas, que contribui com a proteção e a defesa da vida com projetos de geração de renda, de empreendedorismo, de oportunidades também para tantos grupos que precisam buscar essas alternativas; e, principalmente, a Pastoral da Terra, que tem a luta pela terra como dom de Deus para todos, já que o agronegócio está chegando aqui no Amapá, ameaçando agricultores e agricultoras. E uma Igreja que busca anunciar sempre e em toda parte os princípios morais e pronunciar-se a respeito também de situações que ameaçam a vida na nossa realidade amazônica do Amapá e Ilhas do Pará.
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PREOCUPAÇÕES, DENÚNCIAS E COMPROMISSOS NO ENCONTRO DE BACIAS
Foi realizado em Miracema/TO, no Centro de Treinamento de Lideranças da diocese, o Encontro de Bacias TocantinsAraguaia. Motivada pela REPAM-Brasil, a atividade, que contou com mais de 100 pessoas, reuniu povos indígenas, ribeirinhos, quebradeiras de coco e representantes das diversas comunidades dessa região.
por causa do avanço do agronegócio na região”, disse o jovem indígena.
A origem desse encontro, de acordo com Moema Miranda, assessora da REPAM-Brasil, é o reconhecimento de que na Amazônia as águas e os povos são parte da mesma vida. “Desde o início da Rede, foi identificado como as bacias são caminhos de vida, e são caminhos de como nós, como Igreja, no momento de repensar uma nova Igreja na Amazônia, deveríamos fortalecer, ampliar as redes, as ações e as articulações”, explicou Moema. O principal sentido de um encontro de bacias, como esse, de acordo com a assessora, “é identificar com clareza quais são as ameaças que os povos diversos e plurais estão sofrendo, mas quais são, também, os vieses de força e sobrevivência. Então, esse é um encontro de articulação da Igreja com o que já está nos territórios em defesa da vida”.
O encontro foi também uma oportunidade de escuta dos povos, no caminho de preparação ao Sínodo para a Amazônia. De acordo com Moema Miranda, ainda que o cenário de 2019 se apresente como desafiador para os povos amazônicos, principalmente as populações tradicionais, o Sínodo em 2019, é um sinal do Espírito. “Temos confiança de que esse encontro acontecendo na ambiência do Sínodo, ele fortalece os mesmos princípios e os mesmos valores”, enfatizou Moema. “Todos nós estamos muito preocupados com o ano de 2019, que será muito desafiador. O Papa Francisco foi inspirado pelo Espírito Santo, quando chamou o Sínodo para outubro de 2019, porque ele pode ser um momento de uma grande Boa Nova para nós que estamos enfrentando as dificuldades do ano que vem. E qual é a Boa Nova? É de que os povos unidos e unidos ao rio, unidos à terra, eles têm a força e a possibilidade de disputar um futuro de vida para todos nós”, concluiu a assessora da REPAM-Brasil.
As bacias do Tocantins e do Araguaia cortam praticamente todo o regional Norte 3 da CNBB. De acordo com dom Phillip Eduard Roger Dickmans, bispo da diocese de Miracema, anfitriã do encontro, a atividade foi uma oportunidade de reflexão. “São dois braços cheios de água, que dão muita vida, mas que podem ser cortados a qualquer momento”, afirmou o bispo.
De acordo com Pe. Dário Bossi, assessor da REPAM-Brasil e um dos articuladores do encontro, a atividade superou as expectativas. “O número de pessoas e comunidades representadas ultrapassou o que esperávamos e as discussões realizadas contribuíram, e muito, para se articular e pensar alternativas para a região”, destacou Bossi.
Para Wagner Katami, do povo Krahô Kanela, do município de Lagoa da Confusão/TO, entre os desafios enfrentados pelo seu povo está a demarcação do território e o avanço do agronegócio. “De uma área de 31 mil hectares, apenas 7 mil foram demarcados. Em segundo lugar vem a proteção das nossas matas e rios, que estão praticamente mortos,
Para Dom Giovane Pereira, bispo de Tocantinópolis, faltava uma escuta mais ampliada dos povos e comunidades no regional norte 3 e o Encontro de Bacias supriu essa necessidade. “Saímos sensibilizados com a escuta realizada aqui de que precisamos ser uma Igreja mais comprometida com as águas, os povos e os territórios, uma Igreja que não seja indiferente”, pontuou o bispo.
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NOROESTE NO CAMINHO DO SÍNODO
Entre os dias 30 de novembro e 02 de dezembro, foi realizada em Porto Velho/RO a roda de conversa com os povos do regional Noroeste da CNBB para escuta do Sínodo para a Amazônia. Participaram do encontro mais de 70 pessoas, representantes de grupos e movimentos dos povos da região: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, seringueiros, movimento atingidos por barragens, movimento dos trabalhadores sem Terra, movimento dos pequenos agricultores, juventudes, mulheres marginalizadas, mulheres afrodescendentes, CIMI e CPT. Na abertura do encontro, durante a acolhida e apresentação, os participantes falaram de suas principais pautas e lutas vividas nos últimos anos. Conflitos de terra e a luta pela garantia do território foram as principais pautas levantadas pelos movimentos. O grupo representa a diversidade de mobilizações presentes no regional Noroeste e as diversas frentes de atuação dos movimentos. Para Maria Petronila Neto, da Comissão Pastoral da Terra/CPT, uma das organizadoras da atividade, o grupo é bastante diverso, o que pode contribuir para uma escuta bem plural. “O objetivo principal desse encontro, como escutatória do sínodo para a Amazônia, é justamente unir todos os povos aí para criar espaço para que os povos possam falar de si, nessa expectativa do sínodo
para a Amazônia, nesses novos caminhos para a evangelização, enfim, o que esses povos esperam da Igreja aqui da Amazônia”, completou Petronila. Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho e secretário da REPAM-Brasil, o encontro tem origem na necessidade de conjugar a esperança e os sonho dos pobres atingidos pela ganância da destruição da casa comum, seja dos grandes projetos, seja também pelo avanço do agronegócio, seja pela mineração, seja pela ocupação das terras, a violência contra os povos indígenas, sem-terra, a violência contra as mulheres marginalizadas. “A Igreja de Porto velho pensou em reunir essas pessoas, essas entidades, e juntos, com todos esses rostos, realizar esses dias de diálogos, de escuta e de partilha, onde não queremos apenas responder às perguntas que o documento do Sínodo nos oferece, mas acalentar os sonhos, as esperanças e a certeza de que temos uma grande responsabilidade nessa hora, em relação à Amazônia”, destacou Dom Roque. A roda de conversa, realizada no Centro de Formação da Arquidiocese de Porto Velho, contou com a presença de representantes da Arquidiocese de Porto Velho e das dioceses de Ji-Paraná, Humaitá e Guajará Mirim.
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REGIONAL NORTE 1 APONTA SONHOS DE NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA NA AMAZÔNIA
Os sonhos e desejos dos povos, lideranças, do corpo eclesial na Amazônia estão sendo revelados e partilhados no processo de preparação do Sínodo para a Amazônia. Os novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral nascem da escuta. O regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB realizou, entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro, a sua Assembleia Pré-sinodal. Na ocasião, concluiu um processo que gerou 34 relatórios a partir das escutas nas dioceses e comunidades. O encontro aconteceu em Manaus/AM e contou com uma carta enviada pelo secretário geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri, para quem o trabalho que antecede o Sínodo Pan-Amazônico, marcado para outubro de 2019, ajuda todo o território da Amazônia a participar ativamente da preparação do sínodo, cujo objetivo é a evangelização dos povos dos territórios amazônicos, com especial atenção aos povos indígenas. Toda a escuta foi realizada utilizando o método VER, DISCERNIR E AGIR, e enviada à comissão por meio de relatórios, totalizando 34 (até o momento da assembleia territorial) sendo dez de comunidades e paróquias, cinco de povos indígenas, nove de organizações pastorais regionais, nove das igrejas locais e um da assembleia do Regional Norte 1 ocorrida em setembro deste ano. A equipe formada por padre Zenildo Lima, irmã Rose Bertoldo e padre Luis Modino foi incumbida de coordenar a sistematização dos relatórios. Os documentos tiveram como base o Documento Preparatório para o Sínodo, estruturado no método VER, Participe do nosso Boletim! Envie notícias para o e-mail: comunicacao@repam.org.br ou pelo Whatsapp: 61-98595.5278 Essa publicação tem o apoio de Fastenopfer.
DISCERNIR E AGIR. Até a realização da assembleia, foram dez comunidades e paróquias, cinco grupos de povos indígenas, nove organizações pastorais regionais, e as nove igrejas locais que enviaram relatório à equipe responsável. Também foi objeto de trabalho o relatório oferecido pela assembleia do Regional Norte 1, ocorrida em setembro deste ano. Irmã Rose Bertoldo, que é do comitê local da REPAM-Brasil no regional, destaca três pontos apontados pelos participantes da assembleia: a valorização dos povos indígenas, considerando a riqueza cultural e o cuidado da natureza; as violências “principalmente contra a natureza, mas sobretudo, contra os povos indígenas”; e a valorização da mulher na Igreja, que tem um “rosto feminino”. “Queremos que as propostas aqui oficializadas sejam encaminhadas para um novo ciclo de análise que vai servir de material para a elaboração do instrumento de trabalho, um novo texto que vai ajudar os bispos na realização do sínodo em outubro do próximo ano. Quero agradecer a todas as comunidades, paróquias e áreas missionárias, dioceses e prelazias, todos que participaram desse processo que continua para o bem da Amazônia, em uma ecologia integral, no cuidado com a criação, sobretudo com as comunidades e povos originários e todas as pessoas que residem nesta belíssima e grande região que compreende também oito países”, destacou o bispo de Roraima e presidente do regional Norte 1 da CNBB, dom Mario Antônio da Silva.