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MAIO/2014

Mães no batente são maioria no ABC Ritmo da indústria Cirurgia para Cambuci aguça automotiva reduzir estômago novos paladares e acende alerta lota consultórios empreendedorismo


Editorial

Maio/2014

Jornalistas e editores responsáveis: Airton Resende - Mtb 16.372 airton@reporterdiario.com.br Maria do Socorro Diogo - Mtb 16.283 msdiogo@reporterdiario.com.br Reportagem: Leandro Amaral leandroamaral.jornalista@gmail.com Luan Siqueira luan@reporterdiario.com.br Tiago Oliveira tiago@reporterdiario.com.br Brenno Souza brenno@reporterdiario.com.br Caio Soares caio@reporterdiario.com.br Ivana Andrade ivana@reporterdiario.com.br Diagramação: Flória Napoli Projeto gráfico: Rubens Justo

Fatos que marcaram a região durante o regime militar agora podem ser elucidados nas sete cidades

É hora de esclarecer A s memórias dos tempos de ditadura se reavivaram por todo Brasil, inclusive no ABC. Os fatos que marcaram a região durante o regime militar - entre 1964 e 1985, vão ser elucidados na política dos sete municípios, por meio da instalação de comissões da verdade. Diadema, Mauá, Santo André e Ribeirão Pires aprovaram a empreitada nos últimos meses. A agenda visa colher o depoimento de vítimas que padeceram com a onda de perseguições no período de antidemocracia. Política à parte, estamos em maio e o mês é de homenagem às mães. Em razão disso, ou melhor do Dia das Mães, 11 de maio, a expectativa do comércio em relação às vendas é de crescimento de 11% em relação à mesma data do ano passado. O percentual é superior ao projetado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) de apenas 3%. Os gastos com presentes devem movimentar R$ 131 milhões no ABC, 8% a mais que em 2013, segundo Pesquisa de Intenção de Compras realizada pelo Observatório Econômico da Faculdade de Administração e Economia, da Universidade Metodista, em São Bernardo. Da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, vem outra notícia boa: para a mulher trabalhadora, o filho deixou de ser empecilho na aposta da carreira. No ABC, quase 60% das mães integraram a População Economicamente

da Região (PEA) em 2013. O percentual é superior ao registrado no Brasil no mesmo ano de 55%, conforme levantamento do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Já a taxa de mães desocupadas foi de 42% no ABC contra 45% no País. A Revista RD Ideias traz, também nesta edição, a preocupação dos sindicalistas metalúrgicos em relação aos rumos da economia e desempenho do setor automobilístico, que enfrenta dificuldades e vem adotando medidas de redução de custos em função da queda nas vendas e aumento dos estoques. Entre as ações das montadoras estão férias coletivas, demissões e suspensões temporárias dos contratos trabalhistas. Outros assuntos são destaques deste mês. Revelamos os planos do novo presidente eleito no Clube Atlético Aramaçan, Eduardo Selio Mendes; a popularização da gastroplastia, conhecida como redução de estômago e outras apurações. Boa leitura.

Fotos: Banco de Dados RD, Bruno Bocchini, Diego Barros, Osmar Bustos, Pedro Diogo, Peter Suzano, Rodrigo Lima, Tânia Rêgo e Divulgação. Capa: Cláudia e Helena, foto particular Departamento Comercial: Claudia Polimeni comercial@reporterdiario.com.br Tecnologia: André Resende resende@gmail.com Suporte operacional: Pedro Diogo Endereço: Rua Álvares de Azevedo, 210 Conjuntos 41/42 - Centro Santo André - SP - CEP 09020-140 Tels.: 11 4436-3965 - 4427-7800 Internet: www.reporterdiario.com.br www.twitter .com/reporterdiario É proibida a reprodução do conteúdo sem prévia autorização por escrito dos editores. A Revista RD Ideias não se responsabiliza pelos conceitos e informações emitidos nos artigos de terceiros.

Tiragem auditada por:

Airton Resende Diretor do Jornal Repórter Diário

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Artigo

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Economia brasileira entra em estado de alerta N

dos impostos, como o IPI, o crédito além de mais o dia 22 de abril o Banco Central divulgou o caro está mais escasso, o mercado restringiu seu boletim Focus e os números foram alarmantes, consumo e, como consequência, as vendas caíram, com projeção do mercado para a inflação subindo de aumentando a pressão do desemprego, num ciclo 6,47% para 6,51% de uma semana para a outra. Cada vicioso e extremamente perigoso. vez que os especialistas revisam o cenário, a meta de O nome da solução para quebrar este ciclo vicioso inflação aumenta alguns pontos o que leva a um progse chama choque de competitividade: a indústria nacionóstico bastante negativo. nal e toda cadeia produtiva brasileira precisa ser pauta Para que tenhamos uma ideia do quão grave é a situprioritária do governo, através de medidas que as toração do País, podemos avaliar a taxa de juros básica de nem mais competitiva. O governo poderia chegar a uma nações como o México e Peru, variando de 3,5% a 4% conclusão definitiva, por exemplo, de que diminuir ima.a., enquanto no Brasil a taxa está em 11% com viés de posto significa, além de aumento de competitividade, alta. O Brasil só não está pior que a Argentina ou a Veneaumento no giro da economia. Prova disso se deu com a zuela, que passam por crises institucionais seríssimas. redução do IPI para o setor automotivo, da linha branca De acordo com a maioria dos economistas do mercado, e de material de construção que o governo federal precisa ser elevou as vendas e não teve immais rigoroso com a meta de pacto negativo na receita goverinflação, além de serem necesnamental. sárias políticas urgentes para Investimentos em infraestruo controle de gastos. A dívida tura bem como reforma em propública, que já é alta, continua cessos e sistemas burocráticos crescendo, principalmente, também são fatores relevantes com gastos desenfreados para para destravar a economia e refinanciar a máquina pública. tomar os investimentos produtiA partir do momento em vos (e não os especulativos) tão que países com menor ponecessários no Brasil. tencial de crescimento que o No CIESP SBC, nossa direnosso crescem mais, e aí des- Montadoras enfrentam queda nas vendas toria, em conjunto com todo Conselho Diretor, tem taque para o Paraguai que tem adotado uma novíssima e lutado por melhores condições de competitividade da moderna postura junto a empreendedores locais e prinindústria da cidade. cipalmente brasileiros, é sinal de que existe algo muito Por fim, destaque à Copa do Mundo, um evento granerrado com a economia nacional. dioso, mas infelizmente envolto a uma série de polêmiEm São Bernardo e toda região do ABC, temos uma cas e que sensibiliza uma das maiores, senão a maior das forte base industrial ancorada na cadeia automotiva, paixões nacionais - o futebol. Mas este evento não pode que envolve montadoras e o setor de autopeças, que tirar o foco das questões econômicas gravíssimas que sofre com uma queda significativa em suas vendas, seja temos passado e também do importantíssimo momento para o mercado interno e externo, e neste caso destadas eleições em nível federal e estadual. Isto sim definique negativo especial para a Argentina, que é hoje prará os rumos de nosso Brasil. A você que está desempreticamente o único país que importa (ou importava) augado ou com medo de perder o emprego, preocupe-se tomóveis produzidos no Brasil, mas que vive uma crise com a economia e as eleições, pois não será a Copa do financeira e institucional. Mundo que irá melhorar ou garantir seu emprego. A questão da competitividade da indústria brasileira tem como principal ofensor motivos externos à empresa, pois a capacidade da indústria nacional em desenvolvimento, processos e produtividade, não deve a nenhuma indústria do mundo sendo o principal problema existente, fatores como a carga de impostos, os custos da péssima infraestrutura do País. Nossas empresas não estão conseguindo ampliar o mercado, Hitoshi Hyodo é diretor titular pois no fim das contas, nosso produto acaba perdendo do CIESP SBC e presidente do competitividade por preço. Conselho Consultivo do SESI/ Enquanto isso, o governo retomou o aumento SENAI e do DEPAR SBC 3


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Indice

2 Editorial - É hora de esclarecer 3 Artigo - Economia brasileira em alerta - Hitoshi Hyodo 5 Política - PT foi criado para não ser igual aos outros, diz Lula 6 Política - Eleição em outubro será mais disputada da história do Brasil 8 Radar - Auditoria vira novela em São Bernardo 9 Política - ABC foca Comissão da Verdade 10 Trabalho - Pautas do 1º de maio emperram 11 Trabalho - Do velho PBX ao chat e bina 13 Economia - Ritmo do setor automobilístico preocupa sindicalistas 15 Artigo - O veneno está apenas na dose 16 Saúde - Ténicas de redução do estômago avançam no combate à obesidade 18 Comportamento - Mães do ABC têm novo perfil 20 Gastronomia - Chefs fazem arte com cambuci 23 Educação - Em nova sede, ETEC de Mauá vai ampliar cursos 24 Social - Presidente eleito quer McDonald’s no Aramaçan 26 Esportes - Nicolas Zanellato é promessa do tênis 27 Esportes - Minotauro afirma que não para por causa da derrota 28 Esportes - Figurinhas da Copa viram febre 29 Cinema - Praia do Futuro chega às telas 30 Cultura - Produção infantojuvenil ganha força na região 31 Cultura - Música clássica dá asas à MPB

Figurinhas da Copa viram febre em Santo André

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Política

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Lula quer intensificação de diálogo entre militantes e jovens

PT foi criado para não ser igual aos outros, diz Lula

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a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, elogiou o homenageado. “Depois de colocar o ABC no mapa do Brasil, o senhor colocou o Brasil no mapa-múndi.” Por sua vez, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), prometeu a Lula que a cidade “vai se vestir” de verde e amarelo para a Copa do Mundo. “O Brasil foi recolocado no cenário mundial e voltou a ser respeitado. Hoje, quando se fala Brasil se fala no nome de Luiz Inácio Lula da Silva.” Antes do fim de seu discurso, o prefeito chamou o précandidato a governador de São Paulo, Alexandre Padilha (PT), de “o melhor ministro da Saúde da história do País”. O prefeito pediu ainda um título de cidadão honorário para Padilha, mas depois foi avisado que o ex-ministro já o tem.

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a militantes que o PT foi criado para ser diferente das demais siglas e não para o enriquecimento de seus integrantes. “O PT foi criado para não ser igual aos outros. Nós não fomos eleitos para tirar proveito pessoal”, afirmou. A declaração ocorre dias após Lula dizer que o julgamento do mensalão foi ‘80% político e 20% jurídico”. Lula pediu que os militantes intensifiquem o diálogo com a juventude para mostrar as realizações do governo. “Está faltando acreditar em nós mesmos”, afirmou. Lula recebeu no último dia 30 o título de cidadão andreense concedido pela Câmara Municipal de Santo André. O evento contou com participação do ex- ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. Padilha, alías, foi ovacionado quando anunciado no microfone pelo prefeito andreense Carlos Grana. Lula disse ainda que a conquista da realização da Copa do Mundo no Brasil foi um momento extraordinário para o país. “A Copa do Mundo é um momento de encontro de civilizações. O Brasil tem que ter orgulho de se mostrar ao mundo como é”, afirmou.

Volta Lula - Durante o evento foi possível ouvir gritos isolados de Volta Lula e comoção com o vídeo mostrando a história do ex-presidente. Muitos correligionários já apostam que Lula será novamente o candidato. O evento reuniu prefeitos como, além de Grana, Luiz Marinho (São Bernardo), Paulo Pinheiro (São Caetano) e Gabriel Maranhão (Rio Grande da Serra). Além deles, estiveram os três deputados federais petistas da região, parlamentares estaduais, sindicalistas e povo.

Ministra - Em discurso durante a cerimônia de concessão do título de cidadão ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 5


Política

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No Brasil, serão 140 milhões de eleitores aptos ao voto dos 200 milhões de habitantes

Eleição em outubro será a mais disputada da história do Brasil “O eleitor amadureceu e o jovem quer participar”, destaca o professor da Unicamp Roberto Romanno

Em caso da seleção de Luiz Felipe Scolari levantar a taça, Dilma Rousseff tende a se beneficiar

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cinco meses para a eleição geral e o eleitor começa a ser bombardeado por alguns nomes que estarão presentes nas urnas. No dia 5 de outubro, os brasileiros quites com a Justiça Eleitoral votarão cinco vezes para escolher deputado federal, deputado estadual, senador, governador e presidente, que tomarão posse dia 1º de janeiro de 2015. Se necessário, no caso de nenhum candidato conseguir 50% dos votos mais um, no dia 5 de outubro, a Justiça deflagrará o segundo turno, cuja realização será em 26 de outubro, último domingo do mês. No Brasil, serão 140 milhões de eleitores aptos ao voto dos 200 milhões de habitantes. Nas sete cidades do ABC serão quase 2 milhões. Segundo especialistas, a eleição de outubro deve ser a mais disputada da história. “A partir da onda de protestos que tomou conta do País em junho passado, tudo pode acontecer. O eleitor amadureceu e o jovem, principalmente, quer participar”, destaca o professor de Ética do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas, Roberto Romanno. Uma das preocupações é justamente com o número de eleitores que comparecerão às urnas, mas não votarão em um candidato. A hipótese é anularem ou registrarem o sufrágio em branco, ou até mesmo se absterem. Normalmente, este índice é de 20%. Neste ano, segundo previsões, pode passar dos 30%. Incógnita da Copa - Ainda segundo Romanno, como a

Copa do Mundo ocorrerá no Brasil, mesmo sem o País chegar a final, a maior parte da população estará antenada no torneio mundial. Sendo assim, como a competição termina em meados de julho, as duas primeiras semanas de campanha eleitoral estarão comprometidas. “É menos tempo para os candidatos apresentarem suas ideias e para o eleitor conhecer a plataforma de cada um”, destaca Romanno. Se o Brasil for campeão, os efeitos da Copa poderão ser ainda mais prolongados, assim como uma decepção poderá marcar uma discussão mais ampla. Em cada um dos cenários, muda o favoritismo do discurso vencedor. Em caso de a seleção de Luiz Felipe Scolari levantar a taça, Dilma Rousseff tende a se beneficiar. Caso contrário, os opositores poderão surfar no insucesso da Copa.

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Histórico - Em 2002, quando o Brasil venceu a Copa, o então candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso - José Serra (PSDB) -, não venceu a eleição. Em 2006, o Brasil perdeu a Copa nas quartas de final para a França. Mesmo com a derrota, o candidato à reeleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva, venceu a disputa. Porém, as duas edições citadas não ocorreram no Brasil. A edição realizada aqui foi em 1950 e não deixa saudade. Pelo contrário, deixa frustração. Na ocasião, o Brasil perdeu a final para o Uruguai em pleno Maracanã (RJ).


Maio/2014

Fique de olho no voto proporcional do candidato

Sendo assim, uma coligação que tenha recebido 400 mil votos tem direito a quatro vagas, as quais serão preenchidas pelos quatro candidatos mais votados da coligação, na ordem de votação. Mesmo que o quarto colocado desta coligação tenha recebido apenas um voto, ele está eleito. Em contrapartida, se outra legenda conseguiu 99 mil votos e o seu candidato mais votado tenha conseguido 90 mil destes votos, este não estará eleito, pois o partido não alcançou o quociente eleitoral que, neste exemplo, é de 100 mil votos.

Para ser eleito deputado federal ou estadual em outubro, além de obter votos para si, o candidato também depende dos votos que serão dados ao partido ou à coligação a que pertence. Ao contrário dos cargos majoritários, cujo eleito é o mais votado, no caso dos parlamentares, a vitória depende do cálculo do quociente eleitoral e partidário. Deputados e vereadores - Para participar da distribuição das vagas na Câmara dos Deputados ou em alguma Assembleia Legislativa, o partido ou coligação precisa alcançar o quociente eleitoral, que é o resultado da divisão do número de votos válidos no pleito (todos os votos contabilizados excluídos brancos e nulos) pelo total de lugares a preencher em cada Parlamento. Feito o cálculo do quociente eleitoral, é realizado o cálculo do quociente partidário, que determinará a quantidade de vagas que cada partido ou coligação terá assegurada. Para chegar ao quociente partidário, divide-se o número de votos que cada partido/coligação obteve pelo quociente eleitoral. Quanto mais votos as legendas conseguirem, maior será o número de cargos destinados a elas. Os cargos devem ser preenchidos pelos candidatos mais votados de partido ou coligação, até o número apontado pelo quociente partidário. Exemplos - Suponha que a quantidade de votos válidos de uma eleição para deputado federal em determinado Estado chegue a 1 milhão e o número de cadeiras seja 10. O quociente eleitoral será 100 mil, resultado da divisão. Isso significa que, a cada 100 mil votos, o partido ou coligação garante uma cadeira na Câmara.

Quociente eleitoral dita regra O cálculo para vereador também é feito dessa forma. Nas eleições municipais de 2012, mesmo recebendo apenas um voto, Juvina Camargo Duarte conquistou uma cadeira na Câmara de Vereadores de Lajeado do Bugre (RS). A candidata foi eleita suplente, mas assumiu o cargo no lugar do vereador Everaldo da Silva, que desistiu do cargo. Em junho de 2012, Sirlei Brisida, que também obteve só um voto, foi empossada como vereadora na cidade de Medianeira (PR). Em 2008, Sirlei foi eleita suplente , mas assumiu o cargo no lugar de Edir Josmar Moreira, cassado por infidelidade partidária. No ABC também não faltam exemplos. Em 2008, o vereador candidato à reeleição em Santo André, Luiz Zacarias, obteve quase 9 mil votos. Apesar de ser o candidato mais votado nas urnas, não conquistou uma cadeira devido ao quociente eleitoral - ou falta dele.

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Luiz Zacarias, obteve quase 9 mil votos. Apesar de ser o candidato mais votado nas urnas, em 2008, não conquistou uma cadeira devido ao quociente eleitoral


Radar

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Auditoria vira novela na Câmara de São Bernardo Quem acompanha os bastidores da Câmara de São Bernardo já aposta que o caso da tentativa de emplacar uma auditoria para apurar os gastos com a obra do novo prédio da Casa não

vai vingar. Por outro lado, fora da política, a aposta do Judiciário é outra. Dizem que o fio da meada poderá ser justamente a empresa Contracon. O tempo dirá quem levará a melhor.

Tumulto na política de São Caetano Segundo informações de bastidor, o ex-vereador Gilberto Costa, atualmente presidente municipal do PEN, está em conversas para aproximar-se da gestão do prefeito de São Caetano Paulo Pinheiro (PMDB). O intuito seria conter o ímpeto oposicionista do ex-parlamentar e, se ele não conquistar uma cadeira como deputado federal, aloca-lo no primeiro escalão municipal.

Governo Grana ganha tempo do MP O governo Carlos Grana (PT) ganhou mais três meses para apresentar uma solução para o Tancão da Morte. A área, no Parque Guaraciaba, em Santo André, já foi palco de dezenas de mortes por afogamento. O caso mais recente aconteceu no final de janeiro, quando cinco jovens de Mauá morreram no local. Inicialmente o governo teria 90 dias, mas o prazo foi dilatado.

PT tenta renascer em Ribeirão Longe do comando da prefeitura e com Maria Inês longe dos holofotes, o PT estuda qual a melhor estratégia para se tornar novamente competitivo na cidade. Uma das estratégias é entrar no governo Saulo Benevides (PMDB), postular uma vice em 2016 para chegar forte na eleição de 2020. A outra visa trilhar o penoso caminho da oposição sistemática. Maranhão pavimenta reeleição em Rio Grande Apoiado pelo então prefeito Adler Kiko Teixeira, o à época secretário de Obras, Gabriel Maranhão (PSDB), conquistou a prefeitura em Rio Grande. O objetivo é fazer um mandato de realizações que o coloque em condições favoráveis para a tentativa da reeleição em 2016. Se acontecer como planejado, o ex-prefeito Kiko teria o caminho livre para construir uma candidatura em Ribeirão Pires.

Paulo Eugênio e Átila disputam em Mauá Os dois ex-integrantes do primeiro escalão da prefeitura de Mauá vão protagonizar a disputa pelo voto entre os governistas na eleição de outubro. Nos bastidores, tanto o petista Paulo Eugênio quanto Jacomussi, do PCdoB, são cotados com chance de assegurarem as cadeiras na Assembléia Legislativa. Vai ser aguardar para ver o desfecho deste embate eleitoral.

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Água da Sabesp em conta duplicada Alguns moradores de Diadema receberão a cobrança duplicada da conta de água. O fato, segundo fontes do governo, foi fruto de um erro na operacionalização na logísitca de entrega. Desde o mês de março, a Sabesp é gestora da água, após assumir a função da Saned, que foi absorvida devido a uma dívida exorbitante. A promessa, segundo o prefeito Lauro Michels (PV ) é de melhorias na gestão.


Política

Maio/2014

Cida Ferrreira (PMDB)

Zé Dourado (PSDB)

Manoel Maninho (PT)

Wagner Rubinelli PT)

Cícero Martinha, sindicalista

Comissão da Verdade avança O

Acorda ABC mira 2014 com agenda ampla

s fatos que marcaram a região durante o regime militar - entre 1964 e 1985, sobre os quais recaíam dúvidas e mistérios, agora podem ser elucidados na política dos sete municípios. A população e o Legislativo de cada cidade absorveram os apelos de busca por respostas. A iniciativa prevê a instalação de comissões da verdade municipais. Diadema, Mauá, Santo André e Ribeirão Pires aprovaram a empreitada nos últimos meses. A agenda visa colher o depoimento de pessoas que padeceram com a onda de perseguições no período de antidemocracia. Diadema foi a primeira cidade a deliberar o grupo de parlamentares para coletar depoimentos dos perseguidos. O trabalho acontece em parceria com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Defensoria Pública e Amaa (Associação dos Metalúrgicos Anistiados do ABC). O objetivo da presidente do grupo, vereadora Lilian Cabrera (PT), é ouvir o maior número de pessoas. A comissão trabalha na relação dos depoentes. Por questão de segurança, algumas oitivas não serão públicas. Cida Ferreira (PMDB) é a relatora. Os outros membros são Reinaldo Meira (PR), Zé Dourado (PSDB) e o presidente da Casa, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT). Em Mauá, a Comissão da Verdade foi aprovada no final de 2013. O vereador Wagner Rubinelli (PT) explicou que o trabalho na cidade não vai anular a atuação da sociedade civil. “O grupo quer contribuir na coleta de depoimentos para tentar corrigir possíveis erros no passado. Mauá foi uma das cidades que mais sofreram no regime”, disse. O município era acompanhado de perto pelos militares pela atuação da AP (Ação Popular) no jardim Zaíra. O movimento, nascido dentro da Igreja Católica em busca de melhorias na comunidade, rendeu diversas prisões e até mesmo morte de Olavo Hansen e Raimundo Eduardo da Silva. Mauá também serviu de abrigo para o ativista Herbert José de Souza, o Betinho. Diferentemente do que ocorre em Diadema, a comissão em Mauá não prevê a participação direta da sociedade civil. A ideia de Rubinelli é realizar audiências públicas para obter a contribuição dos militantes. Santo André também terá agendas para ouvir a população. O Memorial da Resistência foi montado neste ano pelo município. Centro de Memória - Quem deu o pontapé inicial na região foi o Acorda ABC, ligado ao Centro de Memória do Grande ABC. O projeto é financiado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá. Cido Faria, coordenador do movimento, ressalta a falta de interesse dos vereadores desde que o projeto foi lançado, no começo do ano. “Como nosso trabalho tomou corpo com ajuda da mídia criou-se um fato político sobre isso. Fizemos o seminário Brasil e Chile e nenhum parlamentar apareceu”, destaca. O presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Firmino, o Martinha, destaca a importância da ação. “Só quem viveu o período de repressão sabe o quanto foi sofrido e quantos constrangimentos passaram impunes. Nada melhor do que elucidar os fatos, mesmo décadas depois, para tentar reparar algumas injustiças”, comenta.

O Acorda ABC mirou os objetivos para este ano. O golpe militar completou 50 anos recentemente. Cido Faria ainda articula com Santo André a realização de um seminário que reúna o maior número de lideranças, inclusive da América Latina que enfrentaram a ditadura militar. No ano passado, o primeiro seminário do projeto reuniu quatro chilenos em Santo André para debater a colaboração entre Brasil e Chile na década de 1970. O evento reuniu cerca de 250 pessoas. Nacional - A Comissão Nacional da Verdade (CNV) ofereceu à Polícia Civil do Rio a cessão de peritos para auxiliar nas investigações sobre a morte do coronel reformado do Exército, Paulo Malhães. O militar faleceu dia 25 de abril, no sítio onde morava em Nova Iguaçu, cidade na Baixada Fluminense. “Não temos motivos para desconfiar da polícia do Rio, que considera, a princípio, se tratar de um crime comum. Achamos o caso suspeitíssimo, mas não cabe fazer juízo de valor nesse momento. A morte de Juscelino Kubitscheck (ex-presidente da República, morto em acidente rodoviário em 1976) também era e foi só um acidente”, disse o integrante da CNV José Paulo Cavalcanti.

No ano passado, seminário reuniu chilenos em Santo André para debater a colaboração entre Brasil e Chile 9


Trabalho

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Ao longo da história, as reinvidicações dos trabalhadores se intensificam no País

Pautas do 1º de maio emperram O

Dia do Trabalho é o principal momento do ano em que as duas maiores centrais sindicais do País – CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical –, fazem um balanço sobre avanços e retrocessos da pauta de reivindicações históricas dos trabalhadores. Foi assim novamente neste ano, nas festas realizadas pelas duas centrais na capital paulista, no Vale do Anhangabaú e na praça Campo de Bagatelle. Uma análise sobre algumas das principais demandas mostra, no entanto, que itens considerados essenciais pelos sindicatos se repetem sem sair do papel. A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais é um exemplo. Desde 1988, quando ocorreu a última diminuição, houve apenas avanços tímidos. Presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima avalia porque a discussão sobre o tema não evolui na velocidade ideal. “Eu tenho a impressão que não há vontade política do Congresso e dos governos, e não tem um envolvimento da sociedade com esses temas”, afirma o sindicalista. Para Lima, a impressão que dá é que a redução da jornada quem quer são somente os sindicalistas. Quando a sociedade perceber que com a redução vai ter mais tempo para lazer, para estudar e se informar o processo avança. Este envolvimento não foi feito ainda, parece uma coisa somente das centrais sindicais. Enquanto isso acontecer, não vai ter redução de jornada de trabalho”. A última redução de jornada no Brasil (de 48 para 44 horas semanais) ocorreu com a criação da nova Constituição, em 1988. A redução para 40 horas está prevista na PEC

231/95, cujo relator é o deputado Vicentinho (PT), hoje líder do PT na Câmara Federal. Com a iminência de criação de CPIs no Congresso, Copa do Mundo e eleições o mais provável que a votação em plenário não ocorra em 2014 e seja discutida somente na próxima legislatura.

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Fator previdenciário - A redução da jornada de trabalho é a principal reivindicação dos trabalhadores, mas não é a única demanda. Outro exemplo é o fim do fator previdenciário – mais um item de pauta dos sindicatos que não vai virar realidade tão cedo. O motivo é simples: o governo federal não quer. Qualquer movimentação mais forte no Congresso com objetivo de acabar com o fator previdenciário seria barrada pelo Palácio do Planalto. Criado em 1999 no início do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, o fator reduz o valor da aposentadoria de quem para de trabalhar cedo. O cálculo leva em conta a idade do segurado, a expectativa de vida e o tempo de contribuição. Os presidentes Lula e Dilma mantiveram a iniciativa criada por FHC, ignorando a reivindicação das centrais sindicais. Coordenador dos sindicatos da Força Sindical no ABC, José Braz da Silva, o Fofão, aponta o Congresso como principal entrave à discussão desse tema. “O Fator Previdenciário provoca muitas perdas para o trabalhador, isso tem que mudar. Mas temos poucos deputados que defendem a classe trabalhadora. O fim do fator não interessa para a maioria dos parlamentares”, acredita Fofão.


Maio/2014

Linda Gangrieri, uma das primeiras telefonistas de Santo André

Do velho PBX ao chat e bina D

deu a manusear o equipamento de PBX - sigla em inglêsde Private Branch Exchange, que significa troca automática de ramais privados. O sistema operacional era manual. “Eu encaixava os pinos e girava uma pequena manivela para transferir as ligações. Os números de telefones tinham apenas três dígitos. Portanto, era fácil decorá-los”, enfatiza. Com voz suave, Linda atendia as ligações. “Por favor, para qual número deseja falar? A expressão curta e direta era determinada pelos superiores, uma maneira de se economizar tempo, propiciar mais agilidade aos serviços prestados. Quando se tratava de ligação para fora de São Paulo, era feito o aprazamento - chamada na qual o usuário de origem determinava a hora que desejava que a ligação fosse completada. Para tanto, a pessoa informava a cidade desejada e aguardava 24 horas ou até alguns dias até que a conexão fosse agendada entre as redes telefônicas. “Quem não tinha telefone em casa, se dirigia pessoalmente à CTB para fazer a chamada, cuja ligação era cobrada na própria empresa”, relembra a ex-telefonista. Com o passar dos anos, Linda foi se especializou e se destacou no ambiente de trabalho. Cumpria jornada diária de 8 horas. “Eu sentia orgulho do que eu fazia. Por diversas vezes, fiz ligações para prefeitos, políticos e padres da região do ABC. Discrição era tudo. Ficava a par de diversos assuntos, mas todos ficavam em segredo. Por isso, a chefia confiava em mim”, afirma.

a invenção do telefone pelo escocês Alexander Graham Bell, em 1876, até os dias atuais, os avanços tecnológicos em telecomunicações foram gigantes. O antigo sistema manual de ligações deu lugar ao automático. Em meio às transformações, as telefonistas sobreviveram e passaram de simples intermediadoras de chamadas a cartão de visitas das empresas, que utilizam até chat e aparelhos com bina. Do passado para o presente, Linda Gangrieri Ingarano relembra sua trajetória profissional em Santo André. Aos 94 anos, se emociona ao falar da carreira de telefonista nas décadas de 1930 e 1940, quando poucas famílias tradicionais e com alto poder aquisitivo tinham um aparelho de telefone em casa. À frente do tempo, Linda lutou contra o preconceito e enfrentou a família para entrar no mercado de trabalho e ganhar independência financeira. Na época, a mulher não podia trabalhar fora. “Eu, a caçula da casa, e minhas duas irmãs fomos proibidas de trabalhar por nosso pai. Só nossos dois irmãos tinham o direito. Mas, não desisti da ideia”, conta. Determinada e persistente, Linda convenceu os familiares que iria ajudar nas despesas da casa se tivesse ocupação fora. Dessa forma, aos 18 anos, conseguiu o primeiro emprego na Companhia Telefônica Brasileira (CTB). Era 1938. “Eu havia quebrado um tabu. Assim como os homens, as mulheres precisavam trabalhar”, ressalta. Sem curso específico, a descendente de italianos apren11


Profissão

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Após seis anos, a andreense deixou a CTB para trabalhar como telefonista na Rhodia (antiga Rhodiaseta), que ganhou seu primeiro número de telefone em 24 de janeiro de 1944. A primeira central telefônica da empresa francesa funcionava no centro de Santo André e era operada por Linda. “Foi muita alegria. Eu que recebia 150 cruzeiros mensais passei a ganhar 500 cruzeiros, mais abono de 100 cruzeiros no novo emprego”, afirma. As ligações telefônicas demoravam entre dois e quatro minutos para serem completadas. Quando realizadas para outros Estados, a espera era de um dia. Para a França, levavam dois dias no mínimo. “Eu chegava a fazer de 80 a 100 chamadas por dia somente no período da manhã. Por isso era preciso agilidade”, explica. Telefonista, esposa e mãe de dois filhos, Linda ainda arrumava tempo para aulas de canto e piano. “Fui muito feliz, respeitada e valorizada”, diz saudosa.

presa. Então, temos de passar a melhor imagem”, conclui. Lígia Leite Pompeu endossa a opinião de Maria. Há oito anos telefonista da Coop – Cooperativa de Consumo, em Santo André, recebe diariamente inúmeras chamadas de cooperados, fornecedores e colaboradores. Além disso, chega a fazer de 30 a 60 ligações externas. Em uma sala isolada, Lígia opera um PABX com 250 ramais. “O equipamento possui até bina e tarifador de ligações”, afirma. Sobre a profissão, a telefonista diz que é importante, também, se atualizar e participar de treinamentos da empresa. Para realizar o trabalho, Lígia utiliza um headset na cabeça, conjunto de fone de ouvido com controle de volume e microfone acoplado para uso em microcomputadores multimídia. Usado também para telemarketing, o sistema libera as mãos para outras tarefas. Cenário - Lígia e Madalena fazem parte das 1,5 mil telefonistas que atuam hoje no ABC. Com predominância feminina - 75% do total – o contingente possui o piso salarial da categoria no Estado de R$ 1.135,00, desde 1º de março deste ano. O mercado de trabalho para telefonista é amplo, porém o futuro é incerto, segundo Mauro Cava de Britto, diretor regional do Sintetel (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações no Estado de São Paulo). “As empresas de pequeno porte têm substituído as telefonistas por sistemas digitais com os modelos DDR - Discagem Direta a Ramal, que disponibiliza ramais que funcionam como linha direta personalizada, sem operador”, explica o sindicalista. A boa notícia é que as empresas tradicionais de grande porte preservam e apostam na capacitação das telefonistas. “Com isso, há telefonistas que conversam com clientes até por meio de chat”, diz. Brito afirma que esta profissional se tornou cartão de visita de algumas empresas.

Telefonistas acompanham evolução tecnológica Para Maria Madalena Lacerda, telefonista há quase 15 anos, em São Bernardo, a substituição do antigo sistema manual do PBX pelo automático PABX facilitou o trabalho. “Os aparelhos antigos eram difíceis de serem operados. Era necessário retirar e colocar fios a todo momento. As centrais agora oferecem série de serviços que facilitam o nosso dia a dia, como chamadas em espera”, diz. Maria, que trabalha no call center da Atento Brasil, em São Bernardo, diz que para se ter êxito na profissão é preciso paciência e saber ouvir e compreender as necessidades dos clientes. Além disso, ser ágil e ter um tom de voz não arrogante e agressivo. “Nós representamos a em-

Lígia Pompeu chega a fazer 30 a 60 ligações externas por dia 12


Economia

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Trabalhadores são alvo das montadoras em fase turbulenta

Ritmo na área automotiva preocupa sindicalistas Wagner Santana confirma crise no setor

Paulo Cayres defende empregos

Aparecido Inácio teme futuro

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m meio às turbulências do cenário econômico, com alta de juros, projeção de inflação acima do teto, retração das exportações e vendas internas de veículos, pátios lotados, os rumos do setor automobilístico são preocupantes. Enquanto se espera uma retomada a partir do segundo semestre, as opiniões sobre o quadro atual se divergem. Enquanto o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC está bastante preocupado com o encolhimento da produção, o Conselho Regional de Economia considera a crise passageira. Para o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC , Wagner Santana, a crise no setor é real. “Prova disso são as relações paralisadas com a Argentina, um fato importante, pois houve redução drástica na venda de veículos. Além disso, o volume de produção não está sendo atingido e é motivo de preocupação”, afirma. No primeiro semestre, foram exportados 75 mil produtos, o que representa retração de 32,7% na comparação com igual período do ano passado, em razão do comércio com o país vizinho. Já o licenciamento de autoveículos teve queda de 15,2% nos três primeiros meses deste ano em relação com o trimestre de 2013, passando de 283,9 mil comercializados para 240,8 mil unidades, segundo balanço

da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea). Santana espera que a crise seja resolvida o mais breve possível, porque já reflete nos setores que integram a cadeia produtiva, como plásticos e autopeças. Acrescenta que as atenções estão voltadas ao trabalhador, diante das medidas adotadas pelas montadoras. A Volkswagen, que já concedeu férias coletivas duas vezes em 2014, colocou cerca de 900 operários da fábrica de São Bernardo em lay-off (licença remunerada), além de 400 que trabalham na unidade de São José dos Pinhais (PR). O processo, que teve início no último dia 5, terá duração de cinco meses. Apesar das dificuldades, o secretário-geral se diz otimista em relação ao segundo semestre. No mês passado, representantes do sindicato participaram de reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que propôs analise de medidas efetivas de melhorias para o setor de caminhões, automóveis e comerciais leves. “Vamos aguardar as medidas do governo”, diz.

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Chineses na contramão - Já o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, não define o momento atual como crise. Explica que há questões pontuais, as quais vêm se repetindo ao longo


Economia

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Para Leonel Tinoco, clima é desfarorável

Volume de produção não é atingido

Conselho Regional de Economia diz que a crise é passageira

da história. “É preciso cuidado ao falar sobre o assunto. Se houvesse crise, as montadoras de fora viriam para o País? Seria uma contradição. Empresas chinesas estão anunciando a chegada ao Brasil”, afirma. No entanto, Cayres não descarta os problemas enfrentados pelo setor, que atingem diretamente os trabalhadores. Explica que, em meio à competitividade, as empresas com dificuldades passam por readequação e enxugam o quadro de trabalhadores. “Não concordamos com isso, pois as demissões também oneram. O pior de tudo é que os empregados demitidos em período de instabilidade econômica não são recontratados com a retomada do boom”, lamenta. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, a situação atual é preocupante e caminha para crise. “O que se espera é que a situação se normalize dentro de 5 meses, tempo necessário para a readequação do mercado. Caso isso não aconteça, a coisa vai ficar feia”, calcula. Sobre as alternativas adotadas pelas empresas em relação aos trabalhadores, como férias coletivas, Silva sugere criatividade conjunta entre as duas partes. “Isso evitaria uma situação dolorosa aos funcionários”. Acrescenta que já há rumores sobre outro Programa de Demissão Voluntária (PDV ), na General Motors. cuja data não foi definida ainda. Segundo o sindicalista, a GM não conseguiu atingir a meta de 600 trabalhadores no último PDV, aberto em março deste ano. Apenas 348 pessoas aderiram ao programa.

Para o economista, Leonel Tinoco, delegado do Conselho Regional de Economia (Corecon) no ABC o ambiente não é favorável e a recuperação do setor automobilístico não deve ocorrer de imediato. No entanto, diz que a crise é cíclica em função de variáveis, entre elas o preço dos veículos. “Com a obrigatoriedade de freios ABS e airbags, os automóveis ficaram mais caros, gerando custos para as empresas, que são repassados aos compradores”, analisa. Outro fator preponderante, segundo o economista é a inflação, que está próxima da meta para este ano, e deve ultrapassar o teto de 6,5%. Destaca ainda a elevação da Selic - taxa básica de juros pelo Banco Central a 11% ao ano, cujos reflexos no financiamento de bens duráveis são significativos. Tinoco explica também que o consumidor está mais consciente em relação ao endividamento. “Mesmo com as facilidades oferecidas pelo mercado, não compra carro”, diz. Para Tinoco, o crédito está mais seletivo e prazos de financiamentos menores. O economista chamou atenção para a questão das exportações de carros, cuja queda já ultrapassa 30%. “Essa retração é fruto das medidas restritivas adotadas pela Argentina, que é um mercado importante. Acredito que quando a situação for regularizada, as coisas comecem a melhorar. Mas, a promessa era resolver o problema até abril, o que não aconteceu”.

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Artigo

O veneno está apenas na dose C

om a chegada do outono e proximidade do inverno é comum que apareçam os sintomas de algumas doenças bem características desse período. São conhecidas como doenças sazonais que têm forte relação com a diminuição da temperatura e a baixa umidade do ar. Um dos problemas é que nessa época as pessoas tendem a permanecer em ambientes fechados, com pouca circulação de ar e incidência de raios solares. A prática propicia o acúmulo de vírus e bactérias nos ambientes, podendo aumentar os casos de infecção por doenças, como a gripe. A dica é sempre que entrar em um local com grande quantidade de pessoas, como salas de aula, ônibus ou igrejas, procure ficar próximo de portas ou janelas e mantê-las abertas. Em casa, mesmo nos dias mais frios, é muito importante que as janelas sejam abertas diariamente e, principalmente, que haja incidência do sol. Outro grande problema que encontramos nesse período é o fenômeno conhecido como inversão térmica, típico dos dias mais frios, quando surge uma camada de ar frio bem próximo da superfície da terra, que retém as partículas de poluição e dificulta a dispersão. Por esse motivo acabam surgindo ainda mais casos de problemas de saúde respiratórios, circulatórios e cardíacos decorrentes da exposição aos poluentes. Pesquisa realizada em Santo André, pela Faculdade de Medicina da USP, mostrou que o aumento da poluição atmosférica está relacionado ao aumento da pressão arterial de controladores de tráfego, pessoas diretamente expostas à poluição diariamente. Com todos esses problemas comuns nessa época do ano, é também esperado um aumento no consumo de medicamentos por uma prática conhecida como automedicação, principalmente de antialérgicos e descongestionantes nasais. Segundo dados de 2010 do Sinitox (Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas), foram registrados mais de 24 mil casos de intoxicação por medicamentos no Brasil e 67 casos de óbitos decorrentes dessas intoxicações. Em 2009, a Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, proibiu a exposição direta desses medicamentos isentos de prescrição em gôndolas de farmácias e drogarias com o intuito de inibir essa prática de automedicação entre a população, fazendo com que houvesse uma orientação farmacêutica antes da venda. Mas, infelizmente, em 2011 por pressão das grandes redes varejistas de medicamentos, outra resolução do mesmo órgão foi aprovada e voltou atrás com a decisão.

Trouxe novamente esses medicamentos para o lado de fora do balcão das farmácias e drogarias, podendo atualmente ser vendidos sem nenhum tipo de restrição. Portanto, antes de tomar algum medicamento, procure sempre se informar com um farmacêutico. Alguns desses medicamentos de venda livre, sem receita médica, apresentam sérios efeitos adversos. Podem causar reações alérgicas ou até mesmo mascarar infecções ou outros problemas de saúde mais graves. Prática muito comum entre a população em geral é fazer mistura de antigripais, com chás e outros medicamentos em busca de alívio mais rápido aos sintomas, o que pode levar a intoxicações hepáticas especialmente quando se ingere altas doses de um analgésico e antitérmico muito consumido, o Paracetamol. É muito importante que as pessoas entendam que medicamento não é um produto qualquer, que deve ser usado com sabedoria e consciência para aproveitar ao máximo seus benefícios e minimizar ao máximo seus riscos. Como já dizia Paracelso, no século XIV, “a diferença entre um remédio e um veneno está apenas na dose”. Com relação especial à gripe, pessoas que fazem parte do grupo de risco, mais vulneráveis a contrair a doença, devem também tomar a vacina disponibilizada pelo Ministério da Saúde nas unidades básicas de saúde. A vacina é considerada segura e não causa efeitos colaterais. O mais importante nesse período que antecede as baixas temperaturas do inverno é estar com a saúde em dia, se alimentando corretamente com uma dieta balanceada rica em frutas e hortaliças que possuem vitaminas que fortalecem nosso sistema imunológico, e também manter a prática de atividades físicas com frequência para estar sempre preparado para enfrentar qualquer problema de saúde oportuno que possa surgir.

Cristina Vidal é farmacêutica, mestre em Ciências da Saúde, professora de Farmácia da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS) e responsável técnica pela FarmaUSCS. 15


Saúde

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Técnicas de redução do estômago avançam no combate à obesidade N

Valquíria Moraes, pesava 106 quilos e agora pesa 55

ver. Adquiri novos hábitos e recuperei minha autoestima”, diz. Como estímulo a outras pessoas, Valquiria criou o blog - Escrevendo uma nova história. De acordo com o cirurgião do aparelho digestivo, Marcelo Salem, coordenador do Centro de Cirurgia Avançada, a técnica é indicada para quem precisa emagrecer pouco. A perda de peso vai de 30% a 60%, dependendo do caso. Das 4 mil cirurgias realizadas pelo médico, 1,5 mil foram Sleeves. O restante é pela Bypass Gástrico, a mais realizada no mundo. A técnica é recomendada a pacientes obesos com doenças metabólicas. A perda de peso varia entre 40% e 80%. O estômago é reduzido para 50 ml, e é ligado diretamente ao intestino delgado ( jejuno). Ao contrário da gastrectomia vertical, não há absorção dos nutrientes. Com isso, os pacientes têm de tomar suplementos vitamínicos o resto da vida. Há também o Duodenal Switch - que promove menor restrição à ingestão dos alimentos, porém, maior redução do intestino e, consequentemente, da absorção – e, ainda, a Banda Gástrica ou Laparoscópica. Trata-se de colocação de anel inflável e regulável de silicone ao redor da parte inicial do estômago, diminuindo sua capacidade. “Como o índice de deslocamento do anel é grande, quase não é feita no Brasil”, ressalta Salem.

o Brasil, onde mais da metade da população está acima do peso e quase 17% obesa, de acordo com o Ministério da Saúde, a gastroplastia tem sido grande aliada na redução dos quilos indesejados e incentivo para vida saudável. A comerciante Valquíria Moraes é testemunha dos benefícios da intervenção cirúrgica, conhecida como cirurgia bariátrica ou redução do estômago. Na luta contra a balança, desde 11 anos de idade, Valquiria fez dietas, leu livros sobre emagrecimento e tentou de tudo para voltar a ter o corpo normal. Nessas tentativas, se deparou com o efeito sanfona, ato de engordar e emagrecer repetidas vezes. Em 2010, com 106 quilos, decidiu reduzir o estômago, e escolheu como técnica a gastrectomia vertical (Sleeve), tipo mais recente de gastroplastia. Por meio deste procedimento, o estômago é reduzido e passa a ter cerca de 120 ml em forma de tubo. Entre as vantagens está a redução de grelina, hormônio responsável pela fome. “Escolhi esta técnica também porque não mexe no intestino, os alimentos continuam sendo absorvidos”, explica a comerciante. Hoje, após 4 anos de cirurgia, Valquíria está com 55 quilos. Satisfeita com os resultados, diz que faria tudo de novo. “Minhas calças deixaram de ter numeração para ter letras XX e GG. Atualmente, uso manequim 40. Agora, é vida nova. Como entre 130 g e 150 g, apenas para sobrevi-

Gastrectomia vertical (Sleeve)

Fonte: SBCBM

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A obesidade possui diversas causas, como sedentarismo, ansiedade, compulsão alimentara e problemas emocionais. Sobre o perfil dos pacientes, Salem afirma que 65% são mulheres com idades de 30 a 50 anos. O médico diz que houve um grande avanço em relação à gastroplastia e o grande salto é que as instituições da área passaram a não olhar somente para o peso, mas para as doenças relacionadas à obesidade.

salta que a obesidade é a maior epidemia não infecciosa que o mundo enfrenta atualmente, uma preocupação. Acredita que o trabalho de redução, controle e prevenção da doença só vai funcionar se todos se conscientizarem da importância do papel de cada um no resultado de todo o País. “Neste sentido, a atuação da família e das escolas é fundamental”, enfatiza. Ramos lembra que a gastroplastia no Brasil está regulamentada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e Agência Nacional de Saúde (ANS), que juntos estabelecem as condições de cobertura para os planos de saúde. Sobre os procedimentos no SUS (Sistema Único de Saúde, afirma que o problema fica por conta do número de serviços para a realização das cirurgias, que é inferior ao desejável diante da grande demanda reprimida.

Cirurgia é feita com critérios Segundo Salem, a cirurgia bariátrica é feita com base em critérios médicos e não fins estéticos. Primeiro, há identificação da necessidade ou não do procedimento por meio de avaliação, exames e cálculo do índice de massa corporal (IMC), que deve ser acima de 40 ou mais de 35 se a pessoa tiver doença associada à obesidade, como hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol ou triglicérides alto, problemas graves ortopédicos e apneia do sono. Indicada pelo médico, a cirurgia exige, ainda, avaliações de nutricionista, psicólogo, endocrinologista e cardiologista, além de série de exames. Após a cirurgia, a recomendação é seguir as orientações da equipe. “O operado deve fazer acompanhamento psicológico, pois passará por fase de adaptação. Primeiro, só líquidos, depois comida pastosa e, por último, a sólida. Tem de mastigar bem e comer devagar. São proibidas bebidas alcoólicas e gaseificadas, além de açúcar, nos três primeiros meses”, destaca Salem ao alertar que 30% dos pacientes têm reganho de peso com o passar dos anos, porque não seguem as orientações. Obesidade - O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Almino Ramos, res-

Campanha - Para o presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Mário Carra, a obesidade é doença que deve ser combatida muitas vezes com uso de remédios ou com cirurgia, em último caso. A entidade realiza campanha pela volta dos medicamentos inibidores de apetite, que há alguns anos foram suspensos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Defendemos o uso de medicamento com prescrição médica, controle e acompanhamento. Estudos mostram que apenas 20% dos obesos consegue perder 10 % do seu peso e mantê-lo por longo tempo só com dieta e atividade física. Então, perguntamos, onde ficam os outros 80%?, indaga o endocrinologista. Já a campanha Emagreça com Boa Informação da Abeso incentiva a mudança do estilo de vida das pessoas. Como forma de prevenção à obesidade, foi criado um hot site com informações, receitas e dicas (www.emagrecacominformacao.com.br).

ITENS

VIDEOLAPAROSCÓPICA CIRURGIA ABERTA

Custo médio (R$)

R$25 a 40mil*

R$10 a 20mil*

Duração da cirurgia

1h30

2 horas

Tempo de internação

2 dias

3 dias

Retorno à rotina normal

10 dias

45 dias

Número e tamanho da incisão

5 pequenas incisões menores de 1cm

1 incisão de 15cm a 25 cm

Incidência de hérnia no local da incisão em 1 ano

muito baixa

15% a 20%

Cirurgias realizadas em 2013 no Brasil

73 mil

7 mil

Dor pós-operatória

quase não há dor

dor moderada relacionada a incisão

*estimativas de custo sempre tem muita influência local e outros valores podem ser encontrados Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM)

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Marcelo Salem é cirugião do aparelho digestivo e coordenador do Centro de Cirurgia Avançada

Almino Ramos é presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica

Mário Carra é presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso)


Comportamento

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Mães do ABC têm novo perfil

“Ser mãe é a melhor coisa do mundo” , diz Ligia sobre o filho Pedro

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Leandro Prearo destaca participação das mães na criação dos filhos

os séculos passados para os dias atuais, as mulheres têm avançado na superação de preconceitos, inserção no mercado de trabalho e emancipação financeira. O filho deixou de ser empecilho na aposta da carreira. No ABC, quase 58% das mães integraram a População Economicamente da Região (PEA) em 2013. O percentual é superior ao registrado no Brasil no mesmo ano de 55%, conforme levantamento do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Já a taxa de desocupadas foi de 42% no ABC contra 45% no País. Do universo de trabalhadoras com filhos, 21,8% são chefes de família. Desse total, 4,5% não têm cônjuge e possuem crianças com idades inferiores a 15 anos, o que representa aproximadamente 36 mil famílias no ABC. Neste modelo familiar, monoparental, um único adulto assume a criação, educação e manutenção dos filhos menores ou dependentes. Este é um dos destaques da pesquisa sobre o novo perfil das mães do ABC, realizada pelo Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (Inpes). “Esse tipo de relação está vinculada à situação de vulnerabilidade social. As mães não têm suporte financeiro e amparo emocional”, explica o professor Leandro Prearo, também gestor do Instituto e responsável pelo levantamento. Em relação à taxa de fecundidade – número médio de filhos que uma mulher teria dentro do seu período fértil -, Prearo diz que há uma trajetória de queda nos últimos nove anos. Em

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2010, as taxas de todos os sete municípios do ABC ficaram abaixo da nacional de 1,89 filho por mulher. A menor queda foi verificada em São Caetano, com 1,30 e a maior em Rio Grande da Serra com 1,76. “No geral, houve uma retração da fecundidade em torno de 30% na região. Entre as causas estão a participação da mulher no mercado de trabalho e uso de métodos contraceptivos”, diz o professor. A pesquisa revela também que 85% das trabalhadoras com filhos até 15 anos são totalmente responsáveis pela realização dos afazeres domésticos. De acordo com Prearo, isso significa uma dupla jornada. “Elas trabalham em horários alternativos”, diz. Outro dado apontado no levantamento é a idade das mães. Ao fazer o comparativo na região do ABC, o gestor do Inpes conta que há “dois mundos”. Em Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o número de jovens de 15 a 19 anos com filhos é superior às mães com mesma faixa etária em Santo André, São Bernardo e São Caetano. Em 2012, o percentual desse perfil em Diadema, por exemplo, era de 18,79%, semelhante ao nacional com 18,27%, enquanto que Santo André foi de 9,98%. “Isso mostra que nos municípios menos desenvolvidos, as jovens continuam tendo filhos, ao contrário das cidades mais desenvolvidas, onde adolescentes estão evitando filhos”, explica Prearo. No comparativo, observa-se também que as mães com idades de 20 a 29 anos são a maioria, com mais de 40% em Santo André,


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São Bernardo e São Caetano, e acima de 50% em Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. A pesquisa mostra ainda um fato curioso. No mês de maio, cujo Dia das Mães é comemorado no segundo domingo, ocorre o maior número de partos no ABC, as exceções ficam com São Caetano, em abril, e Rio Grande da Serra, em setembro.

Maternidade desafia carreira No auge da carreira, em 2012, a fisioterapeuta andreense Lígia Bortotto Piatniczka teve o pequeno Pedro. A partir daí sua vida teve grande mudança. Antes da gravidez, trabalhava em mais de uma empresa. Após a chegada do bebê, passou atuar em apenas uma. Já a média de pacientes atendidos em domicílios passou de 7 para 5. “Foi a maneira encontrada de conciliar as duas vidas, de mãe e profissional”, diz. Como a sogra trabalhava e a mãe tinha problemas de saúde, Lígia teve de colocar o filho, com 5 meses, na escolinha por meio período. Depois, ao iniciar estudos de pós-graduação em Acupuntura, a alternativa mais adequada foi colocar Pedro em esquema especial na instituição de ensino, com revezamento de horário integral e meio período. “Foi muito difícil porque a separação é mais sentida pela mãe do que pela própria criança”. Apesar da correria diária e da mudança de rotina, a fisioterapeuta, de 34 anos, diz que ser mãe é a melhor coisa do mundo. Além dos cuidados com filho, Lígia cuida da casa, com ajuda do marido, Alexandre. “Ele é super pai e muito envolvido com o filho. Minha vida já é uma loucura, e sem ele seria impossível realizar tudo que preciso”, afirma. Atualmente, a fisioterapeuta faz apenas atendimento domiciliar aos pacientes por meio de massagens, acupuntura, drenagem linfática e outros tratamentos. Guinada 360 graus - A secretária executiva, Cláudia Ferreira Lima, de São Bernardo, se tornou mãe aos 30 anos, também em 2010. Com a chegada de Helena, a vida deu uma guinada de 360 graus. “Minha gravidez foi uma surpresa. Apesar disso, eu e meu marido ficamos extremamente felizes. Mas, confesso que, no início, não foi fácil”, relata. Cláudia decidiu dar um tempo no emprego para se dedicar à filha. “Só coloquei Helena na escolinha quando completou 1 ano e 8 meses, pois já estava grandinha”, diz. Em 2013, nasceu Luiz, o segundo filho. De lá para cá, Cláudia encontrou uma maneira de conciliar o trabalho e cuidados com a criança. “Trabalho em horários alternativos e consigo levar meu filho às vezes para o escritório”, afirma. Cláudia se considera super mãe e diz que, se pudesse voltar no

Secretária, Claudia se divide com a criação de Helena e chegada de Luizinho

tempo, faria tudo de novo. “Sou uma mulher realizada. Antes de ter meus filhos, me formei em secretariado e fui estudar inglês na Austrália. Agora, os dois são minhas prioridades. Não sou e nem quero ser workaholic”, comenta a secretária, que se prepara para pósgraduação em Gestão de Negócios. Vaidosa, a secretária diz que em meio à correria ainda consegue arrumar tempo para se cuidar. “Não deixo de fazer unha, depilação e hidratação de pele. Só não consigo fazer atividade física, participar de triathlon”, acrescenta.

Idade das mães

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Gastronomia

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Chefs fazem arte com cambuci Azedinho e versátil na gastronomia, o cambuci é parente da goiaba, jabuticaba, pitanga e até do eucalipto

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uzinete Machado Freitas, proprietária do Restaurante Fogão à Lenha; Rosana Martim, moradora e culinarista do Espaço Gastronômico; e Adalberto Nazário, proprietário do Restaurante Confraria do Cambuci, foram os vencedores do 3º Concurso Gastronômico de Receitas, do 11º Festival do Cambuci, que encerrou no domingo, 26 de abril, em Paranapiacaba, Santo André. O trio foi considerado o melhor nas categorias salgado, doce e bebida, do concurso, disputado por 14 moradores culinaristas e comerciantes. O grupo tinha como desafio criar e preparar receitas à base de cambuci para avaliação do juri, formado por chefs de cozinha, nutricionistas, consultor gastronômico e jornalista do Repórter Diário. As 14 receitas foram julgadas nos quesitos sabor, apresentação e criatividade. Na categoria salgado, Luzinete preparou o Lombo Suíno com Creme de Cambuci e foi o melhor entre três pratos, enquanto Rosana criou a sobremesa Delicatessen de Cambuci, apontada a melhor entre oito doces. Nas bebidas, o destaque foi o Mojito de Cambuci, de Nazário, drinque que concorreu um dos foi a que mais agradou entre três receitas participantes.O mojito é uma bebida tradicional em Cuba. Mais que a placa recebida, o prêmio é o reconhecimento que os autores terão, durante bom tempo, como referências na gastronomia de Paranapiacaba, distrito que busca se tornar benchmarking no cambuci, fruta de polpa carnosa, azedinho e pra lá de versátil na culinária. Cai bem em praticamente todos os preparos. Tortas, carnes, empadas, doces, como brigadeiro, bolo, alfajor, merengue e quindim, licor, cachaça

e suco são alguns dos pratos que a histórica vila ferroviária já se especializou na aplicação da fruta. O cambuci, que pertence a família da goiaba, pitanga, jabuticaba e até do eucalipto, é abundante na região de Paranapiacaba. Por isso, a presença da fruta na gastronomia se mantém se mantém forte na histórica vila ferroviária. Assim, quem não conseguiu aproveitar a diversidade de pratos oferecidos durante o festival, anual, ainda tem chance. Basta ir no final de semana ao distrito andreense e mergulhar no cambuci. Na Casa do Tio César, a atração é o peixe inteiro assado na telha com farofa de cambuci, que sai R$ 14 por pessoa. Mas para conseguir o prato é preciso agendar um dia antes. No Restaurante e Casa de Chá Apiaca, onde funcionava uma igreja, o serviço é na base do prato pronto. O cliente escolhe entre bife, filé de frango, peixe e outras misturas, acompanhado de feijão, arroz e macarrão, e alguma bebida. O charme é o suco de cambuci, que o estabelecimento até prepara para quem quiser levar para casa. A garrafa de 2 litros sai R$ 20. Mas não vale ir com pressa, usar calçado desconfortável e achar que vai encontrar serviço de restaurante de cidade grande. Em Paranapiacaba é tudo muito simples, porém gostoso de curtir com os amigos ou a família. O preço dos pratos faz jus à simplicidade do local, cujos estabelecimentos são antigas residências adaptadas para receber apenas alguns fregueses. O turismo na vila é para quem gosta de originalidade, arquitetura antiga e tranquilidade. Lá o tempo passa devagar, exceto a neblina, que chega no começo da tarde. 20


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Vencedores do concurso: Lombo Suíno com Creme de Cambuci (Luzinete Machado) Ingredientes: Lombo suíno, 3 Cambuci, 1 copo de vinho branco, sal grosso, 3 dentes de alho, 2 colheres de creme de leite, azeite. Modo de preparo: deixar a carne curtir por 1 dia no molho de cambuci, alho, sal grosso, cebola e vinho branco. Creme: bater dois cambucis com creme de leite e uma colher de azeite. Preparo: assar a carne com cebola em rodelas até dourar. Depois tirar a cebola e colocar o creme de cambuci por cima e por dentro (abrir a carne) e lavar ao forno novamente por 5 minutos.

Mojito de Cambuci (Adalberto Nazário) Ingredientes: 1 dose de run, 1 colher de sopa de açúcar, suco de limão, 100ml de água com gás, 10 folhas de hortelã, 2 ou 3 cambucis maduros sem casca. Modo de preparo: macerar o cambuci com o açúcar e hortelã, acrescente o suco de limão e misture novamente. Junte o run a água com gás e gelo, misture tudo e sirva.

Delicatessem de Cambuci (Rosana Martim) Ingredientes massa: 1 ½ kg farinha de trigo, 1 ovo, 1 pitada de sal, 2 colheres de manteiga, 2 colheres de açúcar, 1 colher de café de fermento. Recheio: ½ kg açúcar, 250g de cambuci, 1 pau de canela, 200g de amêndoas Modo de preparo massa: misturar todos ingredientes e abrir a massa. Recheio: fazer uma calda com o açúcar, colocar os cambucis e as amêndoas e misturar. Fazer rolinhos e rechear a massa.

Cordeiro com salada de Cambuci, de Benilde Rosa

Brigadeiro de cambuci é de Luciana Freire 21


Abril/2014

Santo André desperta para nova vocação econômica Ricardo Di Giorgio, secretário de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense, está otimista com a entrada dos recursos do PAC Cidades Históricas, verba do governo federal para restauração da vila

O Festival do Cambuci é realizado por Santo André e tem papel importante na atividade turística da vila de Paranapiacaba. Além de reforçar a identidade do cambuci e das manifestações culturais oriundas da valorização, preservação, cultivo, saberes e fazeres acerca da espécie, o evento obteve em 2014 a homologação do registro como patrimônio imaterial do município de Santo André por iniciativa do Conselho Municipal de Defesa Patrimônio Histórico Arquitetônico, Arquitetônico-urbanístico e Paisagístico de Santo André (Comdephapaasa). “Na verdade, estamos fomentando outras vocações da cidade, como o design e a gastronomia com nosso Festival do Cambuci”, destaca a vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia da cidade, Oswana Fameli. O cambuci pertence à família das mirtáceas e é uma árvore típica da Mata Atlântica e pode ser encontrado nos arredores de Paranapiacaba. Em razão do grande potencial de desenvolvimento local, Santo André também estimulou a criação da Rota do Cambuci, hoje realizado em diversos municípios. Por meio do Concurso Gastronômico de Receitas com Cambuci e do próprio festival, Santo André bus-

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ca aprimorar tecnicamente os serviços oferecidos pelos empreendedores e moradores de Paranapiacaba, que novamente está sob os olhos da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). A instituição incluiu o distrito na lista indicativa de bens culturais brasileiros que poderão ser apresentados ao Comitê do Patrimônio Mundial para avaliação com vistas ao título de Patrimônio Mundial. Ricardo Di Giorgio, secretário de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense, está otimista. “Temos grande chance desta vez”, diz ao comentar que os recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Cidades Históricas, verba do governo federal para restauração da vila vai ajudar no processo”, afirma. Em 2013, o governo federal anunciou investimento de R$ 42,4 milhões para restauração de toda a Parte Baixa da vila ferroviária. Em 1994, a Unesco já reconheceu a importância da biodiversidade e dos ecossistemas da Mata Atlântica da região de Paranapiacaba por meio da criação da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo, contribuindo para a formação de um extenso corredor ecológico voltado à conservação e sustentabilidade ambiental.


Educação

Maio/2014

Em nova sede, ETEC de Mauá vai ampliar cursos Unidade deixou de ocupar espaço na Fatec e agora opera em local próprio, bairro Matriz

C

omeçou a funcionar a nova sede da Etec (Escola Técnica Estadual) de Mauá. A unidade fica na rua Ribeirão Preto, no bairro Matriz, onde antes funcionava o Educandário Vinícius de Moraes. Até março, a Etec ficava dentro da Fatec (Faculdade de Tecnologia), localizada na avenida Antonia Rosa Fioravante, também na cidade. A inauguração traz uma série de vantagens e perspectivas para alunos e professores da unidade. Uma das possibilidades em estudo é aumentar o número de cursos ofertados no município, o que era impossível antes da mudança de local. A Etec Mauá oferece hoje dois cursos: informática e administração. “Nós estávamos somente com o curso de manhã. Agora, na nova sede, como não tem mais divisão com a Fatec, a Etec vai poder aumentar o número de cursos de tarde e de noite”, explica a diretora da unidade, Maria José Caetano Serafim, em entrevista ao RD. As aulas são ministradas em seis salas. O Centro Paula Souza ainda vai estudar como será a ampliação e quais cursos serão acrescidos. Será feita uma avaliação das principais demandas de formação técnica da cidade. As mudanças, no entanto, só devem acontecer no ano que vem.“Temos de fazer uma programação com muita antecedência. Tem professor para contratar, é preciso pensar em laboratório, em toda uma estrutura. Então possivelmente para fevereiro de 2015 teremos mais cursos lá”, explica a diretora Maria José Caetano Serafim.

terminaram dia 7 de maio. A divulgação dos locais do exame acontece no dia 2 de junho. A prova vai acontecer no dia 8, domingo, quando será liberado o gabarito da avaliação. A classificação geral será publicada em 4 de julho. Os cursos mais comuns são informática e administração. Das cinco unidades da região, quatro oferecem pelo menos estas duas formações técnicas. Há ainda cursos de automação industrial, cozinha, desenho de construção civil, edificações, eletrônica, mecânica, mecatrônica, meio ambiente e nutrição (todas essas, em Santo André). Na Etec Lauro Gomes, em São Bernardo, estão disponíveis os cursos de secretariado, química, logística, contabilidade e eletroeletrônica. Já em São Caetano, a Etec Jorge Street oferece 10 cursos, entre manutenção automotiva, serviços jurídicos e telecomunicações.

Fatec inscreve em cinco municípios

Vestibulinho oferece 21 cursos na região Chega a 21 o número de cursos oferecidos pelas Etecs do ABC. As inscrições para o vestibulinho

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As inscrições para a Fatec vão até o dia 14 de maio e custam R$ 70. A prova, que terá duração de 5 horas, será realizada no dia 15 de junho. O resultado será divulgado no dia 14 de julho. Entre os cursos disponíveis na região estão eletrônica automotiva e mecânica automobilística (Santo André), automação industrial e informática para negócios (São Bernardo), além de informação/ comunicação e gestão/negócios (São Caetano). Em Mauá a Fatec oferece quatro cursos: fabricação mecânica, informática, logística e polímeros. A unidade de Diadema tem o curso de cosméticos.


Social

Maio/2014

Presidente eleito quer McDonald’s no Aramaçan

Eduardo Selio Mendes quer uma gestão profissionalizada

O

o skate é a segunda modalidade mais praticada no clube. Na comunicação, também haverá desmembramento. “Vamos ter o marketing social e o esportivo”, adianta. Apesar das mudanças, Mendes reforça que a prioridade será a austeridade fiscal. “Teremos uma atenção redobrada neste item. Queremos uma gestão profissionalizada e com um orçamento muito bem definido e separado por setor”, avisa. Hoje, segundo o futuro presidente, a contabilidade não tem o detalhamento necessário por área.

presidente eleito na primeira disputa direta por voto entre os associados no Clube Atlético Aramaçan, Eduardo Selio Mendes, revelou em entrevista exclusiva ao RD que um dos projetos da nova administração é instalar praça de alimentação nos moldes das existentes hoje nos shoppings centers. “Temos uma conversa bastante adiantada com o McDonald’s. E o nosso objetivo é ter uma gastronomia diversificada. Pensamos em umas seis bandeiras para atrair o sócio e promover os encontros familiares”, diz Mendes, que toma posse dia 12 de maio. O novo dirigente revela que o processo para implantar a praça de alimentação sairá do papel ainda neste ano, o primeiro dos quatro anos de mandato. A iniciativa faz parte de uma das ações encabeçadas pela nova direção que pretende reaproximar o sócio. Além da praça de alimentação, a acolhida também será alvo de mudanças. “Pensamos em um boulevard. Queremos um projeto paisagístico para melhorar a entrada do clube. O que existe hoje não condiz com a grandeza do Aramaçan”, garante. Auditor fiscal por 26 anos e atualmente aposentado, Eduardo Selio Mendes foi eleito pelo voto dos associados dia 27 de abril. Junto com ele foram eleitos mais dois vice-presidentes. E, como prevê o Estatuto, Mendes pode indicar mais sete vice-presidências. Neste aspecto, também haverá mudança. “Estamos conversando, mas já definimos, por exemplo, que a vice-presidência de esportes será desmembrada em três: Dente de Leite, Futebol e Esportes e outras modalidades”, destaca. Atualmente,

Oposição - Representando uma das quatro chapas de oposição, Mendes venceu a disputa com diferença de 91 votos em relação à chapa apoiada pela atual direção. Apesar do momento histórico, que marcou a primeira eleição direta do Aramaçan, Eduardo diz que convocará todos para trabalhar em prol do clube. A eleição contou com a presença de 3.435 sócios. A Chapa 2 ( Viva Aramaçan), que além de Eduardo Selio Mendes é formada por Oscar Martorelli (1º vice-presidente) e José Rodrigues Neto (2º vice-presidente), obteve a vitória com 971 votos. Em segundo lugar ficou a Chapa 4 (Situação Aramaçan) com 876. Na sequência, a Chapa 1 (Superação) com 823, a Chapa 6 ( Vida Nova) com 701 e, por último, a Chapa 3 (Orgulho de Ser Aramaçan) com 48. Houve 13 votos nulos e três em branco. 24


Maio/2014

Aos 83 anos, clube é referência em eventos Fundado em 6 de agosto de 1930, o Clube Atlético Aramaçan, na Vila Pires, possui 28 mil associados. Com uma área de 75 mil metros quadrados, possui quatro salões, cinco quadras de tênis, duas quadras de tamboréu, três quadras de squash, duas quadras de basquete e duas poliesportivas. Há também duas piscinas térmicas e outras duas no parque balneário. Tem o maior campeonato interno de futebol do mundo, o Pé na bola com 70 partidas semanais e mais de 3 mil participantes. Em 2010, realizou a maior partida de futebol do mundo, com 80 horas de duração. O clube também possui um ballet e um grupo de teatro. Além disso, é referência em shows e carnaval. Realiza eventos tradicionais como festa junina, Baile do Vermelho, Preto e Branco, missas do dia das mães e dos pais, baile hawaiano, festas italiana e portuguesa, baile de casais, jantar dos namorados, cidade luz aramaçan, encontro filosófico e torneio de pesca Eduardo Alves Duarte. Ao longo dos anos, o clube passou por processo de modernização, com destaque para a reforma do Ginásio Álvaro Nosé e do parque infantil, que passou a contar com novos pisos e brinquedos.

Piscinas recebem tratamento especial para uso dos sócios

Festas tradicionais do clube atraem forte público aurante o ano

Volei é um dos braços do Programa de Incentivo ao Esporte 25


Esportes

Maio/2014

Nicolas Zanellato é promessa do tênis U

ma promessa do tênis no Brasil já é realidade na região. Nicolas Marcondes Zanellato tem apenas 12 anos e já lidera o ranking de atletas da Federação Paulista de Tênis (FPT). Só em 2014, Nicolas já foi campeão do Circuito Paulista de Tênis na categoria de duplas e campeão do Torneio Aberto Infantojuvenil, além dos vice-campeonatos das competições estaduais. O seu currículo agrega conquistas desde 2009, ano que começou no esporte. O garoto é tímido nas entrevistas, mas ousado nas quadras. “Quando vi a primeira raquete já comecei a gostar e quando conheci o esporte me apaixonei mais ainda”, fala Zanellato, que já aos seis anos começou o amor pelo tênis. No âmbito nacional, o jogador está em 18° no ranking brasileiro, mas já disputa alguns jogos com atletas de categorias bem maiores. “Alguns têm medo de me enfrentar. Por ser o primeiro do ranking paulista os adversários ficam meio assim”, garante. Nicolas é conhecido por ter sua esquerda diferenciada, pois o jovem atleta não gosta de bater com as duas mãos. “A maioria bate com as duas mãos, mas nunca gostei e nem me acostumei”, acredita. Perguntado se inspirou em algum jogador em especial, Zanellato é direto. “Roger Federer”, revela. Por ter apenas 12 anos, a família Marcondes Zanellato tem de estar sempre ao lado do atleta. A mãe de Nicolas, Carolina Marcondes Zanellato fala de como começou o gosto pelo filho, já que seu marido também joga tênis. “A primeira vez que ele viu uma raquete de tênis já quis fazer esse esporte. Começou as aulas e nunca mais saiu”, conta. Em todo esporte as dificuldades têm de ser enfrentadas. Para Nicolas e sua família não foi diferente. “Temos de ter uma dedicação muito grande, quase todo final de semana têm competições e a família tem de acompanhar”, diz Carolina.

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Patrocínio - O apoio para o esporte brasileiro também é uma questão difícil. “Temos como patrocinador a empresa Babolat, que ajudam nos materiais esportivos. Financeiramente estamos à procura mais patrocinadores”, fala Carolina que tira todo o dinheiro do bolso para bancar o filho. A briga pelo esporte ou pela escola também acontece com Nicolas. Por treinar e competir por muito tempo, o estudo fica complicado, mas Carolina conta que sabem lidar com a situação. “A escola em primeiro lugar, pois o tênis ainda é muito novo para ele. Perde alguns dias de aula pelo fato coincidir com as competições, mas temos de tentar conciliar as duas partes para não ter problema”, afirma. A expectativa de toda família sobre o menino é simples. “Entrar para os tops do mundo. O Nicolas tem potencial, todos admiram e ele é muito dedicado no que faz”, comenta Carolina.


Maio/2014

Minotauro possui 26 academias, mas não vai parar por enquanto

Minotauro afirma que derrota não abrevia carreira no MMA O

lutador de MMA, Antônio Rodrigo Nogueira, o Minotauro, esteve dia 29 na Universidade Anhanguera, em Santo André, onde conversou com o Repórter Diário sobre a carreira, seu futuro e a rede de Academia Team Nogueira, fundada junto com o irmão, Antônio Rogério Nogueira, o Minotouro. O lutador fez declarações sobre sua lesão e também sobre aposentadoria. Leia a entrevista completa, disponível na íntegra no canal RDtv. O endereço é www.reporterdiario.com.br RD: No ABC você têm duas academias Team Nogueira. Como está sendo essa experiência com as academias? Minotauro: Começamos o projeto em Miami em 2007. Em 2009 abrimos em San Diego e também no Rio de Janeiro. Depois partimos para Flórida, Suíça e Dubai. Hoje temos 26 academias, sendo duas no ABC. Temos 2,5 mil crianças em treinamento, mais de três mil mulheres e 3,5 mil homens. Já fizemos mais de 10 campeões mundiais, inclusive Anderson Silva e Júnior Cigano. RD: Quais foram as suas principais dificuldades na carreira? Minotauro: Treinava judô em Vitória da Conquista, na Bahia, pois não conseguia viajar tanto. Sempre fui “paitrocinado”, minha família sempre ajudou bastante. Ganhei vários títulos no judô e no jiujitsu. Depois me profissionalizei em 1999 e ganhei

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alguns títulos na Flórida. Consegui ganhar meu primeiro título mundial, apenas com oito meses de luta e consegui manter minha carreira. Tem muita gente boa, até melhor do que muitos campeões mundiais, mas a falta de patrocínio atrapalha. Além disso, as lesões me atrapalharam muito. Semana passada tive outra lesão e o atleta de alto nível sempre vai passar por isso. RD: Qual foi o lutador que você se inspirou? Minotauro: Me inspirei em vários. Mas o lutador de boxe Muhammad Ali me impressionou, pois além de campeão no ringue, ele lutava contra o racismo. Tudo que a gente consegue com a luta, nós temos de retornar para a sociedade. Apesar de ser da mesma época que eu, o Wanderlei Silva é um lutador que também admiro muito. RD: Após você perder a última luta para o Roy Nelson, o presidente do UFC, Dana White, fez uma declaração que acreditava na sua aposentadoria. Como você analisa essa declaração? Minotauro: Na luta eu me contundi e não consegui me movimentar. Perder não é vergonhoso quando você luta em alto rendimento. Sem condições físicas ninguém se apresenta bem, mas me frustrei com a derrota. Não quero terminar minha carreira com derrota e não será agora o momento de parar. Estou com muita dedicação nas academias e logo terei que parar para se dedicar só a elas.


Esportes

Maio/2014

Figurinhas da Copa viram febre

Colecionadores promovem encontros de troca para completar pouco mais de um mês para o início da Copa do Munálbum-legenda, do, a onda do álbum de figurinhas, volta com força na como Fernando expectativa de reunir as fotos de todos os possíveis jogadores Molinari e José selecionados de cada país. Quem pensa que só a criançada reCarlos Jorge

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solveu colecionar as imagens dos craques da bola se engana, pois até os torcedores grisalhos entraram na brincadeira, lançada pela Panini, editora responsável pelo material. Além de ter as fotos dos maiores atletas do futebol mundial, o álbum também contém fotos dos estádios e escudos das seleções. No ABC, a banca Pignatari, localizada na avenida Utinga, em Santo André, virou grande ponto de encontro para a troca de figurinhas sobre a Copa . Nos fins de semana, mais de 100 pessoas chegam a aparecer para trocar seus cromos repetidos. “Durante a semana o movimento é fraco, mas de sábado e domingo isso aqui fica muito cheio, com gente de todas as idades, crianças, pais, avós, todos querem completar o álbum”, conta Antonio de Lisa, proprietário da banca. Para o jornaleiro, não existem figurinhas mais procuradas. Lisa acredita que o objetivo é ter os 640 cromos do álbum. “As crianças comemoram quando pegam o Neymar, o Cristiano Ronaldo e também o Messi, estes são os mais procurados, mas na realidade o objetivo é ter todas e completar a coleção”, completa. Para o aposentado José Carlos Jorge, não é difícil conseguir todas as figurinhas. “Com esses eventos de troca que já acontecem há um tempo, fica fácil para completar”, opina.

Jorge concorda com o dono da banca sobre os personagens mais procurados. “Claro que é legal tirar o Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo, mas o legal mesmo é completar tudo, ter todos os jogadores, estádios e escudos, o álbum cheio!”, argumenta o aposentado.

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Sem estresse - O enfermeiro Fernando Molinari não troca suas figurinhas apenas nesses encontros. “Vou atrás dos amigos no trabalho e parentes, mas com certeza estes pontos ajudam muito. É uma coisa que lembra a infância, que desestressa. É muito gostoso chegar em casa depois do trabalho e abrir vários pacotinhos, para depois colar as figurinhas”, conta o enfermeiro. Os encontros têm, inclusive, código de conduta. Os idealizadores do projeto pedem para os colecionadores que levem as figurinhas em ordem numérica, para facilitar a troca. Outro ponto é a troca de figurinhas brilhantes. Uma figurinha vale uma figurinha, não importa de quem seja ou se é brilhante. Além disso, também é pedido aos colecionadores que não colem as figurinhas nos locais de troca, para evitar que a sujeira fique no local. A Panini não divulga quantos livros ou cromos foram vendidos até agora, um mês depois do início da venda das figurinhas. Mas a tiragem inicial do álbum é de impressionar. Apenas no Brasil, dentre os 120 países onde o livro será distribuído, 8,5 milhões de álbuns entraram em circulação.


Cinema

Maio/2014

Praia do Futuro chega às telas

O

s filmes que estreiam em maio trazem grandes nomes das telonas tanto nacional quanto internacionalmente. Estrelas como Wagner Moura, Daniel Radcliffe e Jude Law são os atores principais que chegam ao cinema. Previsto para 15 de maio, o brasileiro Praia do Futuro, estrelado por Wagner Moura, conta a história de Donato, um salva-vidas na cearense Praia do Futuro, em Fortaleza. Seu irmão Ayrton é um menino que sonha com motos e super-heróis e admira a coragem do irmão mais velho em se jogar nas ondas para salvar desconhecidos.

Livros

Misery Louca Obsessão

Filme é um dos mais esperados nos cinemas

Quando falha em resgatar uma vida no mar, Donato acaba conhecendo Konrad, um alemão piloto de moto velocidade, amigo do afogado. Donato parte com Konrad para Berlim e desaparece, deixando o irmão mais novo para trás. Anos depois, Ayrton, já adolescente, se aventura em busca de Donato para um acerto de contas com aquele que considerava seu herói. Outra novidade para 15 de maio é A Recompensa. Jude Law é Dom Hemingway, um dos maiores arrombadores de cofre com um fusível solto, engraçado, profano e perigoso. De volta às ruas de Londres de-

O Retrato

pois de 12 anos de prisão, é hora de recolher o que lhe é de direito por ter mantido sua boca fechada. Viajando com o seu devoto melhor amigo Dickie (Richard E. Grant), Dom vai visitar seu chefe do crime Sr. Fontaine (Demian Bichir), no sul da França para reivindicar sua recompensa. Mas seu ego alimentado por bebidas e drogas decide que sua perda não pode ser substituída. Depois de um acidente de carro e uma femme fatale, Dom percebe que sua prioridade é se reconectar com sua filha há muito tempo perdida, Evelyn (Emilia Clarke). Mas Dom faz o que ele faz de melhor. Ele estraga as coisas para todo mundo. Dia 12 de junho estreia Versos de um Crime, drama se passa em 1944. Allen Ginsberg (Daniel Radcliffe) sai da casa dos pais rumo à universidade, e lida com o sentimento de culpa por ter deixado a mãe. Seu sonho é se tornar escritor, mas logo ele se sente incomodado pelo modelo “certinho” de poesia que o curso ensina. Não demora muito para que conheça Lucien Carr (Dane DeHaan), jovem provocador que apresenta Allen ao mundo da contracultura. Logo nasce uma grande amizade entre os dois.

Catástrofe - 1914: A Europa Vai À Guerra

Paul Sheldon é um escritor reconhecido pela série protagonizada por Misery Chastain. No dia em que termina de escrever um novo livro, decide sair para comemorar, apesar da forte nevasca. Após derrapar e sofrer um acidente de carro, Paul é resgatado pela enfermeira Annie Wilkes. A simpática senhora é também uma leitora voraz que se diz a fã número um do autor. No entanto, o desfecho do último livro com a personagem Misery desperta o lado psicótico da enfermeira. Profundamente abalada, Annie o isola em um quarto e inicia uma série de torturas e ameaças, que só chegarão ao fim quando ele reescrever a narrativa com o final que ela considera apropriado. Ferido e debilitado, Paul Sheldon terá de usar toda a criatividade para salvar a própria vida e escapar deste pesadelo.

A morte precoce de Amanda Byerly foi um golpe duro, que encheu de tristeza o coração de seu marido, Peter. Mais introspectivo do que nunca, ele decide deixar os Estados Unidos e se instalar na Inglaterra, onde passa a se dedicar à recuperação e à negociação de livros raros. Em um de seus dias de pesquisa solitária, Peter se depara com o retrato de uma jovem muito parecida com sua amada esposa, guardado dentro de um livro. A semelhança impressiona, mas a aquarela foi pintada há muito tempo. Trilhando um sinuoso caminho entre a era vitoriana e o final do século 20, Peter passa a investigar a origem do misterioso retrato. As pistas acabam por levá-lo a se envolver em um mistério histórico: uma obra perdida do dramaturgo William Shakespeare. O livro é uma fascinante mistura de suspense e paixão que convida a viajar no tempo, no rastro de histórias sobre livros.

Em 1914, a Europa mergulhou num conflito sem precedentes. A Primeira Guerra Mundial desfez impérios, aniquilou dinastias e transformou toda a geopolítica do Velho Mundo, marcando de fato o início do século 20. Cem anos após a eclosão da “guerra para acabar com todas as guerras”, Max Hastings examina as causas que conduziram ao início das hostilidades. O autor relata como, após o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, as relações diplomáticas se degeneraram e os países europeus lançaram-se numa calamidade que deixaria um saldo de milhões de mortos. O autor explora detalhes da realidade da guerra pelos olhos de estadistas, aristocratas, soldados e camponeses, oferecendo uma análise brilhante das decisões de líderes políticos e militares e pintando um retrato vívido do começo do conflito.

Autor: Stephen King Editora: Suma de Letras Preço: R$ 39,90 Páginas: 326

Autor: Charlie Lovett Editora: Novo Conceito Preço: R$ 32,90 Páginas: 416

Autor: Max Hastings Editora: Intrínseca Preço: R$ 49,90 Páginas: 672

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Cultura

Maio/2014

Ricardo Girotto lança Uma história feita de sol e Ricardo Criez (a direita) finaliza terceiro livro em São Bernardo

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Produção editoral na área infantojuvenil ganha força

nquanto se comemorou o Dia Nacional do Livro Infantojuvenil, em 18 de abril, data estabelecida em homenagem ao escritor brasileiro Monteiro Lobato, escritores do ABC se preparavam para o lançamento de obras. Natural de São Bernardo, Ricardo Criez adianta que sua terceira obra, cujo nome ainda não foi revelado, é voltada para os jovens, e terá como temas a música, bullying e a feitiçaria. O autor já publicou dois livros e diz que ao escrever se coloca no lugar dos jovens. “Dessa forma, sinto o que eles pensam e sentem. Lembro também das situações que vivenciei quando adolescente”, afirma. O primeiro livro de Criez, Jovens mortos, o despertar de uma geração, foi lançado em 1999. O segundo, O Heroi dos Tabuleiros, levou sete anos para ser concluído e foi lançado em 2010. O Herói dos Tabuleiros traz a história de um enxadrista brasileiro que se torna campeão mundial. O texto é ficcional, mas tem ingredientes reais, como citação da política internacional e de personagens do mundo do xadrez. Já em Jovens mortos, o despertar de uma geração, uma turma de jovens do colégio Santo Isidoro resolve lutar pelos seus direitos durante a ditadura militar. Criez, que também é jornalista e historiador, afirma que desde pequeno aprecia a leitura. “Eu tinha muitos livros em casa, mas devorava os de Monteiro Lobato. Na escola, eu escrevia contos”, diz. Em relação ao mercado, enfatiza que não é fácil, pois muitas editoras prestigiam mais os autores estrangeiros. “O autor nacional encontra dificuldades para se firmar no Brasil. Quem não tem nome no segmento encontra dificuldades para aparecer”, explica.

Quando escreve, o autor deixa a criatividade fluir. “Tratase de liberdade de pensamento. Quando você pública um livro, você passa a escrever outro. Meus livros são como filhos para mim”, conta o escritor.

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Simpático caracol Outro lançamento está previsto para o dia 18 de maio, a obra Uma história feita de sol, de autoria de Marcelo Donatti com ilustrações de Ricardo Girotto. O personagem central do livro infantil é um simpático caracol que faz da imaginação um caminho sem fim e espalha alegria por onde passa. Andreense, Girotto relata que se tornou um ilustrador profissional por acaso. “Sempre gostei de desenhar, então fiz publicidade e amigos jornalistas me indicaram para um estágio de cartunista. De lá para cá não parei mais”, diz. O desenho se tornou um prazer para o desenhista, que prefere brincar mais com o lúdico nos livros infantis. “Gosto de coisas mais descontraídas, coloridas e alegres. Sempre trabalho com temas relacionados ao meio ambiente e saúde”, conta ao acrescentar que mistura o cartoon com a criatividade. Girotto, que sobrevive apenas do trabalho como cartunista, critica a postura das editoras. “Os autores estrangeiros têm mais valor que os nacionais. É difícil alcançar certo reconhecimento”, desabafa o cartunista, que já fez ilustrações para mais de 200 livros. Seu principal trabalho foi a Fábrica de fazer brinquedos, adotado pelas escolas do Estado há dois anos. O livro teve mais de 22 mil cópias vendidas.


Cultura

Maio/2014

Música clássica dá asas à MPB

Maestro Abel Rocha conta que as apresentações são todas diferentes e que existe a preocupação de oferecer uma linguagem diferenciada a cada concerto.

À

Desde que assumiu a orquestra, Abel Rocha já teve como convidadas as cantoras Zélia Duncan (acima) e Zizi Possi (abaixo)

frente da Orquestra Sinfônica de Santo André (Ossa), o novo maestro, Abel Rocha, avança sob a bandeira da integração de cantores aos concertos. Desde que assumiu a instituição, em março deste ano, o músico já teve como convidadas as cantoras Zizi Possi e Zélia Duncan. A inserção de grandes nomes da MPB na agenda da orquestra não para aí e a justificativa é pra lá de forte. O regente explica que, praticamente, todo tipo de repertório pode fazer bom casamento com a música clássica. O conteúdo só precisa ser adequado ao da orquestra. “Acredito que a minha vinda esteja relacionada a essa busca da relação com outros tipos de música”, diz. Outra ação da nova gestão é intensificar a participação da orquestra nos eventos culturais da cidade, como óperas, balé e coral da cidade. “Assim, busco incentivar número maior de apresentações em teatros e igrejas”, conta Rocha. O maestro conta que as apresentações são todas diferentes e que existe a preocupação de oferecer uma linguagem diferenciada a cada concerto. “Já tratamos temas ligados à ditadura militar, num evento proporcionado pelo município, e em maio, agora vamos trabalhar a temática de músicas compostas para trilhas do cinema”, adianta. Rocha considera a relação da orquestra com o público bem interessante. Mesmo que as pessoas não conheçam a fundo a música clássica, o resultado é muito grande; a repercussão é muito positiva e as pessoas ficam encantadas com o universo da música que elas desconhecem. Além de divulgar o trabalho, a orquestra quer atingir classes de menor poder aquisitivo, por meio de concertos itinerantes. “Iremos onde a comunidade está”, explica o regente. Acrescenta que um dos pontos mais críticos da orquestra é o trabalho em equipe. “Não damos conta da quantidade de trabalho que existe por trás de um espetáculo artístico. Tudo é extremamente estudado e

calculado para que o público não saia da mágica, não perceba falhas”, enfatiza. A orquestra é composta por 80 músicos, dos quais metade são mulheres. Perfil - Abel Rocha foi diretor artístico do Teatro Municipal de São Paulo e regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal nos anos de 2011 e 2012. É especialista em ópera cuja dedicação a este gênero não o afastou de outras formas do fazer musical. Em sua atividade como regente orquestral, nos últimos anos Abel Rocha conduziu diversos programas sinfônicos, à frente das mais importantes orquestras brasileiras, tais como a Sinfônica Brasileira, Sinfônica de Porto Alegre, Filarmônica de Minas Gerais, Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (Brasília), Camerata Antiqua de Curitiba, Sinfônica do Estado de São Paulo e outras. Em 2010, estreou como regente convidado frente à Orquestra Sinfônica do SODRE, de Montevidéu. Entre 2004 e 2009 foi diretor artístico e regente titular da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, com a qual empreendeu um profundo trabalho de reestruturação artística e administrativa, que obteve enorme repercussão e reconhecimento na cena clássica brasileira. Dirigiu ainda diversos balés, como as estreias brasileiras de Copélio, o mago (coreografia de Marcia Haydée) e Viva Rossini, frente à Orquestra Sinfônica do Paraná e Balé Teatro Guaíra. As diversas facetas de sua atividade profissional renderam a Abel Rocha diversos prêmios, entre os quais o de Melhor Regente Coral nos anos de 1987 e 1995, conferidos pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), o 1º lugar no VIII Concurso Nacional de Corais do Rio de Janeiro, em 1982, e o 3º lugar no Concurso Nacional de Corais de São Paulo, em 1996. Foi duas vezes indicado para o Prêmio Carlos Gomes, na categoria Grupo Coral. 31



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