Revista rd ideias março 2014

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Março / 2014

Água nossa de cada dia ABC tem menos mulheres na chefia da família

Black blocs apenas fazem o jogo da Direita

Saulo não enxerga Ribeirão Pires com foco turístico


Editorial

Março/2014

Jornalistas e editores responsáveis: Airton Resende - Mtb 16.372 airton@reporterdiario.com.br Maria do Socorro Diogo - Mtb 16.283 msdiogo@reporterdiario.com.br

Estiagem histórica trouxe à tona necessidade do uso consciente da água

A água virou prioridade A perspectiva de uma crise no abastecimento de água na região metropolitana de São Paulo acendeu o alerta em consumidores e autoridades nas últimas semanas. O sistema Cantareira, que no ABC fornece para São Caetano e parte de Santo André, e está desde fevereiro em situação alarmante, registra dia após dia níveis mais baixos de armazenamento. É inegável que as chuvas típicas do Verão caíram em quantidade muito abaixo da média. Mas o capricho da meteorologia neste ano revelou também um outro aspecto: deficiências de planejamento e infraestrutura que, se tivessem sido atacadas anteriormente, evitariam a situação-limite a que chegamos. Não é justo culpar os céus pelos reservatórios baixos, quando 25% da água captada pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) se perde antes de chegar às casas dos consumidores, por causa de antigos vazamentos ou gatos. O consumo consciente de água também não faz parte da nossa cultura. São poucas as casas que possuem adaptação para captar a água da chuva. E o que falar de quem usa mangueira para lavar a calçada? E os longos banhos? Demoramos a nos dar conta de que evitar o desperdício é essencial. A RD Ideias traz nesta edição a reação dos municípios do ABC ao cenário adverso e

como o consumidor combate o desperdício. A crise de abastecimento que se aproxima é didática. Parece ter despertado a necessidade de dar valor a um bem tão precioso, como a água. Agora é torcer para que a reação da sociedade não tenha sido tardia e a conscientização sobre o uso da água não seja tarde demais. A edição desse mês aborda ainda outros temas, como as articulações políticas em torno das candidaturas a deputado estadual e federal, e como as disputas podem influenciar as eleições de 2016. Ribeirão Pires é tema de uma reportagem especial sobre o aniversário da cidade, que comemorou 60 anos, em meio ao desafio de fazer jus ao título de Estância Turística. A edição traz ainda relatos de mulheres do ABC que encaram o desafio de serem chefes de família.

Reportagem: Cíntia Alves cintia@reporterdiario.com.br Iara Voros iara@reporterdiario.com.br Leandro Amaral leandroamaral.jornalista@gmail.com Ligia Berto ligia@reporterdiario.com.br Luan Siqueira luan@reporterdiario.com.br Tiago Oliveira tiago@reporterdiario.com.br Diagramação: Flória Napoli Projeto gráfico: Rubens Justo Fotos: Banco de Dados RD, Rodrigo Lima, DAEE, Évora Meira, Gabriel Mazzo, Google Mapa e Divulgação. Capa: Érika Pereira - Represa Billings Departamento Comercial: Claudia Polimeni comercial@reporterdiario.com.br Tecnologia: André Resende resende@gmail.com Suporte: Pedro Diogo Endereço: Rua Álvares de Azevedo, 210 41 - Centro Santo André - SP - CEP 09020-140 Tels.: 11 4436-3965 - 4427-7800 Internet: www.reporterdiario.com.br www.twitter .com/reporterdiario É proibida a reprodução do conteúdo sem prévia autorização por escrito dos editores. A Revista RD Ideias não se responsabiliza pelos conceitos e informações emitidos nos artigos de terceiros.

Boa leitura.

Tiragem auditada por:

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Airton Resende Diretor do Jornal Repórter Diário



Indice

Março/2014

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EDITORIAL - A água virou prioridade

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GESTÃO - Ribas Júnior prega independência

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ARTIGO - Poderosa mídia gerada pelo consumidor - Missila Cardozo

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POLÍTICA - Urnas em 2014 antecipam disputa municipal

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ENTREVISTA - Black bloc, da Europa para o Brasil

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RIBEIRÃO PIRES - Município quer fazer jus ao turismo

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EDUCAÇÃO - Professores cobram hora tecnológica

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CIDADES - ABC investe na conscientização para economizar água

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ECONOMIA - Factoring preocupa indústria no ABC ECONOMIA - Eleição no Aramaçan tem 6 chapas

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ECONOMIA - Bridgestone fará investimento em Santo André

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ARTIGO - Tratando a água com a devida importância - profª Waverli

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SAÚDE - Qualificação é palavra de ordem na FUABC

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SAÚDE - Mulheres madrugam para fazer mamografia

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CINEMA - Rio 2 - filme leva Brasil aos cinemas

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ESPORTE - Silvio Luiz quer voltar ao São Caetano

TRABALHO - Região mantém paradigma masculino

Estátua de São José, Mirante em Ribeirão Pires

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Gestão

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Prefeito Carlos Grana cumprimenta o novo ouvidor de Santo André, o advogado José Luiz Ribas Júnior

Ribas Júnior prega independência O

em sucessão a Saul Guelman, que ocupou o cargo até 27 de janeiro. A eleição ocorreu em fevereiro e, pela primeira vez, teve votação unânime - com 11 votos no colegiado. No primeiro discurso como ouvidor, Ribas Júnior falou sobre o papel da Ouvidoria no município. “A nossa missão vai ser transformar o órgão em canal forte e independente para que a gente consiga trazer para o cidadão o fim para o qual ele foi instituído, que é melhorar os serviços prestados pela municipalidade”, ressaltou. “A primeira obrigação é de que nós, enquanto Executivo, respondamos de forma imediata às demandas e necessidades da cidade. Agora, é muito importante que o cidadão comum ou organizado na sociedade civil tenha a Ouvidoria como ferramenta adicional para poder exercer a sua cidadania”, destacou o prefeito de Santo André, Carlos Grana.

novo ouvidor de Santo André, José Luiz Ribas Júnior, quer mudar o formato de atendimento na Ouvidoria. Para o advogado, o espaço não pode ser apenas passivo, mas ativo na busca efetiva das demandas dos moradores e identificação de possíveis problemas que os afligem no dia a dia. Neste sentido, Ribas Júnior quer descentralizar o atendimento no Paço. “Um dos objetivos é ter um posto nosso instalado dentro do Poupatempo de serviços que terá sede no Atrium Shopping”, diz. Além disso, Ribas Júnior pretende utilizar os encontros da agenda municipal, principalmente os protagonizados pela sociedade civil, para ter representantes da Ouvidoria que possam colher informações e estar à disposição da população. Em Santo André, a Ouvidoria conta com orçamento anual de R$ 600 mil. José Luiz Ribas Júnior também planeja elaborar e distribuir cartilha com informações que posam estreitar os laços entre o cidadão e a Ouvidoria. Posse - José Luiz Ribas Júnior tomou posse em maço, com o objetivo de fortalecer e manter o órgão independente do Executivo. O advogado assumiu o cargo em cerimônia realizada no salão nobre da Prefeitura, no Paço, com a presença de cerca de 100 convidados. Ribas Júnior ficará no posto pelo período de dois anos,

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Quinze anos - A Ouvidoria andreense foi criada em 1999, e tem como principal objetivo atender demandas dos munícipes quando a Prefeitura não responde de forma adequada às reclamações feitas no Serviço de Atendimento normal. A Ouvidoria está instalada na rua Cesário Motta, 58, Centro de Santo André, e pode ser contatada por meio da Praça de Atendimento, instalada no piso térreo I da Prefeitura, nos Postos do SIM (Sistema Integrado Municipal), ou ainda pelo telefone 0800-0191944.


Artigo

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Missila Cardozo - mestre em Comunicação Social, especialista em Propaganda Digital e Bacharel em Publicidade e Propaganda pela Universidade Metodista. É também docente de Redes Sociais, Mídias Digitais, Computação Gráfica e Propaganda Digital e Projetos Experimentais da USCS.

Poderosa mídia gerada pelo consumidor A

s redes sociais já são uma realidade presente na vida dos brasileiros. O Brasil é o país com maior número de usuários ativos em redes sociais no mundo, superando nações, como Estados Unidos, segundo pesquisa divulgada pela Nielsen ano passado. Com um cenário propício, temos visto acontecimentos marcantes proporcionados pela organização em rede. Este ano promete muitas surpresas, visto que teremos a Copa do Mundo e eleições presidenciais. Se pensarmos o quanto as redes sociais foram fundamentais para a primeira eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, é certo que a influência das mídias sociais deve trazer surpresas para as eleições deste ano. O engajamento conquistado pela participação ativa dos perfis do então candidato americano conseguiu movimentar a juventude daquele país, que passou a ser participativa na campanha, conseguindo cerca de 3,1 milhões de doadores, fora o número de visualizações no Youtube e posts no Twitter e Facebook. É certo que a campanha eleitoral brasileira tem outras características, mas o engajamento vem sendo buscado pelos candidatos e seus comitês de campanha. Nas últimas eleições municipais pudemos acompanhar uma grande movimentação nas redes sociais, com a criação de perfis e a geração de conteúdos, direta ou indiretamente ligados a candidatos ou a partidos. Porém, considero que o mais interessante é a movimentação popular, que gera conteúdo, partilha e compartilha deste nas redes. Uma característica que vem se acentuando é a de que o brasileiro, muitas vezes, prefere publicar e compartilhar conteúdo do tipo denúncia ou protesto. Haja vista as manifestações que tomaram o Brasil no meio do ano passado. Grande parte do que aconteceu nas ruas, começou ou ganhou eco nas redes sociais, que se tornaram responsáveis pela organização e divulgação dos movimentos. O aparente término de tais movimentos no final do ano passado não significa sua extinção. Segundo “corre” nas redes, os movimentos devem voltar com força em 2014, justamente em função da exposição proporcionada pela Copa do Mundo. O maior evento esportivo do futebol mundial promete mobilizar protestos com reivindicações de cunhos político e social. Mas não é apenas de manifestações populares que poderemos assistir os movimentos nas redes sociais neste ano. As empresas patrocinadoras do evento já investem alto com a aproximação da Copa, com a criação de conteúdos exclusivos, que vão desde plataformas interativas a jogos online, e podem

ser acessados de múltiplas plataformas. Teremos contato neste ano com o uso das mídias digitais de forma ostensiva e criativa. Tudo isso para conquistar consumidores e criar relacionamento com as marcas. Relacionamento este que será devidamente trabalhado e explorado pós-evento. Mas é preciso bastante cuidado com este excesso de exposição. Usuários não estão nas redes sociais apenas para receber conteúdo. O avanço da Internet e das tecnologias digitais, da mesma maneira que o acesso dos consumidores à informação, teve um aumento significativo, aumentou também a facilidade dos consumidores em expressar suas opiniões. O termo Consumer-Generated Media (CGM) ou mídia gerada pelo consumidor, descreve o conteúdo que é criado e divulgado pelo próprio consumidor. Na Internet o CGM está presente em comentários, fóruns, lista de discussões, blogs e fotologs, comunidades, grupos, sites participativos, no YouTube, na própria Wikipedia. Os consumidores utilizam todas as ferramentas disponíveis (Messenger, sites, blogs, e-mails, mensagens, celulares, etc.) para divulgar, sobretudo, suas experiências pessoais e opiniões em relação a produtos, serviços, marcas, empresas, notícias. Como acontecia com a propaganda “bocaa-boca”, o CGM tende a ter um maior poder de influência sobre outros consumidores do que as mídias tradicionais (TV, rádio, jornais impressos), pois tendem a passar mais credibilidade. A diferença é que, com a tecnologia disponível, o impacto do CGM é muito maior que o antigo “boca-a-boca”. Outra grande vantagem é o consumidor escolher aquilo que quer ver e partilhar entre seus conhecidos o que considera importante. Desta maneira, a comunicação não se torna impositiva ou imperativa, mas alvo do interesse espontâneo do consumidor, que o torna mais receptivo à mensagem. A percepção deste fenômeno tem levado algumas empresas a incentivarem a prática do CGM junto aos seus consumidores. Com usuários e consumidores ativos, produzindo e compartilhando conteúdo nas redes, temos tudo para assistir a um ano movimentado nas redes sociais em 2014. Empresas, patrocinadores e comitês de campanha deverão estar atentos à volatilidade das redes e jamais subestimar seu alcance ou importância. A verdade é sempre relativa quando falamos de “boatos” na internet, mas as consequências podem ser sérias. Muitos são os casos para provar o fato. Isso exige das equipes que trabalham com as mídias sociais um olhar atento, um planejamento afiado e um acompanhamento constante, regras básicas para qualquer trabalho com redes sociais.

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Política

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Aidan e Turco miram sucessão de Grana

Resultado das urnas em 2014 antecipa disputa municipal Manente e Morando são alvos de expectativa

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Orlando vai tentar quarto mandato na Assembleia

Alex sonha em garantir vaga na Câmara Federal

uando a apuração das urnas for finalizada no dia 5 de outubro, a eleição para deputado estadual e federal estará concluída e serão conhecidos os novos ou mesmos nomes que representarão o povo na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Porém, outra disputa, silenciosa, começará de forma paralela. Trata-se da corrida por um lugar ao sol em 2016. Além da vitória na disputa do Legislativo, muitos candidatos querem reforçar o posicionamento para o pleito seguinte, dois anos depois. Em Santo André, o presidente do PT, Luiz Turco, e o ex-prefeito Aidan Ravin, hoje no PSB, vão travar duelo sem barulho. Turco, que vai estrear nas urnas, mira uma grande quantidade de votos, como deputado estadual, para ter o nome lembrado na sucessão do prefeito Carlos Grana em 2020. Já Aidan Ravin tem a lupa nos eleitores antipetistas e no próprio eleitorado, que o segue para angariar boa soma de sufrágios para deputado federal que automaticamente credenciam o ex-prefeito para concorrer contra o atual chefe do Executivo em 2016. Neste jogo de xadrez, corre por fora o vereador Almir Cicote, também do PSB, que lutará por uma cadeira na Assembleia Legislativa.

Pela primeira vez desde a eleição de 2006, os dois principais nomes da oposição em São Bernardo, Alex Manente e Orlando Morando, não vão duelar entre si nas urnas. O primeiro, do PPS, encaminha o nome para a disputa como deputado federal. Já o tucano tentará a reeleição na Assembleia Legislativa. Isso pode não parecer nada, mas nos bastidores já é visto como sinal de eventual aproximação para a eleição municipal de 2016. Os observadores de plantão, especialmente os não petistas, apostam numa dobrada natural dos dois parlamentares no eleitorado de São Bernardo. Se o fato se confirmar e a dupla Alex e Orlando tiver bom desempenho nas urnas, a ponto de serem protagonistas como puxadores de voto do município, cada um na sua raia de disputa, o caminho estará aberto para uma aproximação rumo a sucessão de Luiz Marinho. “Esse é o grande sonho. Nós sabemos que só podemos ganhar se eles estiverem do mesmo lado”, disse um vereador da oposição, que não quis se identificar. Tanto Alex Manente quanto Orlando Morando, oficialmente, não co 7


Política

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Governo Paulo Pinheiro vai apoiar Castropil

Donisete quer Paulo Eugênio como deputado estadual

Reali deve tentar se eleger deputado federal

mentam o assunto. Dizem que estão focados na própria eleição e que não pensam em 2016 neste instante. Jovens e com perfil semelhante, Alex e Orlando recrutam as apostas principalmente do eleitorado da classe média de São Bernardo. Em 2006, os dois disputaram como deputado estadual e venceram, apesar da guerra travada entre os apoiadores durante a campanha. Em 2008, na disputa municipal, os dois foram candidatos a prefeito. No segundo turno, Alex Manente preferiu apoiar o nome do petista Luiz Marinho contra Orlando Morando. Em 2010, mais uma vez, os dois tiveram uma disputa quase voto a voto para saber quem seria o mais lembrado pelo eleitor. Alex se sagrou vitorioso em São Bernardo e Orlando foi o campeão de sufrágios na região. Em 2012, em mais uma disputa municipal, Alex foi candidato e teve o PSDB como vice, a contragosto de Orlando. O tucano não colocou o nome na disputa, mas defendia candidatura própria. Em 2014, se o eleitor mostrar simpatia ao voto na dupla Alex Manente – federal – e Orlando Morando – estadual, a proximidade política poderá ser inevitável para 2016. Ou, pelo menos, o distanciamento será cada vez menor entre ambos.

Paulo Pinheiro testa força com leitor em São Caetano

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Em curso no primeiro mandato como prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro, eleito com a bandeira da mudança, tentará emplacar o seu prestígio novamente no eleitorado para conseguir a vitória de um de seus aliados na disputa proporcional. Pinheiro já deu sinalizações de que, na cidade, vai trabalhar com afinco pela eleição do capitão PM Robinson Castropil para deputado estadual. O peemedebista também apoiará nomes de fora do município, até como contrapartida do apoio conquistado no pleito de 2012. Por outro lado, o nome indicado pelo governo terá a missão de ter bom desempenho nas urnas, pois, no outro lado, alguns vereadores ensaiam um bloco de apoio a nomes que já se saíram bem na cidade em 2010. Esses parlamentares querem apoiar Orlando Morando e Alex Manente, postulantes a deputado estadual e federal, respectivamente. Se Manente e Morando se sagrarem os mais votados na cidade, os vereadores que os apoiaram sairão fortalecidos da corrida eleitoral.


Março/2014

Lauro Michels apoiará Regina e Orlando

Diadema terá novo round entre Lauro Michels e PT Em Diadema, mais uma vez Lauro Michels e o Partido dos Trabalhadores medirão forças de olho em 2016. O atual prefeito, do PV, vai pedir votos para os deputados Regina Gonçalves (PV ) e Orlando Morando (PSDB). Por outro lado, o PT tentará recuperar o prestígio perdido na derrota de Mário Reali em 2012. O próprio ex-prefeito tem o nome ventilado para disputar cadeira ou como estadual ou, o mais provável, federal. Já será um teste de forças para a sucessão do Paço. Donisete e Vanessa - Em Mauá, o prefeito de Mauá, Donisete Braga, terá a missão de eleger um nome do PT da cidade para ocupar o lugar que fora dele até 2012, quando se elegeu prefeito. O cenário caminha para a indicação do secretário de Mobilidade, Paulo Eugenio. Para federal, Donisete Braga apoiará a tentativa de reeleição de Helcio Silva, exvice-prefeito. O prefeito também tentará diminuir o capital político da deputada estadual Vanessa Damo, derrotada pelo petista nas urnas. Um ensaio do front de 2016. Para isso, contará com a candidatura de Átila Jacomussi (PCdoB).

Capital político de Vanessa é alvo do prefeito de Mauá

Ribeirão Pires e Rio Grande despontam com ex-gestores

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Em Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra as atenções se voltam para a atuação de dois ex-prefeitos. Clóvis Volpi, no caso da Estância Turística, e Adler Kiko Teixeira, na menor cidade do ABC. Volpi, atualmente secretário-adjunto de Esporte do governo Geraldo Alckmin, não deverá disputar nada em Ribeirão Pires. Mas o ex-prefeito vai articular grupo local com vista na disputa de 2016. Já Kiko tem pretensões de ampliar o seu capital político, depois das duas gestões em Rio Grande da Serra.

Ex-prefeito, Kiko quer manter visibilidade


ENTREVISTA

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Movimento surgiu no Velho Continente, mas tomou contornos diferentes no Brasil

Black Bloc da Europa para direita brasileira U

m bloco negro divide a opinião pública nacional, mais por falta de informação do que por afinidades ideológicas. O grupo - mais precisamente a ideia por trás dele - é um “contrabando” do que foram os black blocs originários da Europa há algumas décadas. Lá e na época, os black blocs eram fruto da esquerda organizada. No Brasil, hoje, acabam atendendo, ainda que inconscientemente, aos interesses da elite de direita, da polícia e do Estado. A visão é do doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Gilberto Maringoni de Oliveira. Em entrevista ao RD, o especialista fala, ainda sobre a ineficiência do movimento Não vai ter Copa e das leis elaboradas a nível federal e estadual para tentar coibir a atuação de black blocs nas ruas. Confira os principais trechos da entrevista.

Europa e o grupo que assistimos surgir com mais notoriedade no Brasil nos últimos tempos? Maringoni: Aqui no Brasil existe um contrabando do que é um black bloc no Exterior. Eles surgiram com mais força na mídia nas manifestações de junho de 2013. Eles apareciam logo após os grandes atos, quebrando coisas e provocando a polícia. Entendo que a população esteja revoltada com os serviços públicos, mas esse caminho, o da violência, é o pior possível do ponto de vista de apelo popular. Os black blocs enfrentam a polícia sob desigualdade de forças. Se eles acham que quebrando agências de banco e orelhões vão mudar o capitalismo, estão enganados. Eles não vão mudar nada dessa forma. Até porque isso afasta as pessoas das passeatas, afasta os movimentos organizados, que é exatamente o que a polícia quer. Eles viraram pretexto para a selvageria da polícia. No último protesto em São Paulo, a polícia militar utilizou uma teoria absurda, que foi prender manifestantes antes mesmo de praticarem qualquer ato condenável. O black bloc dá pretexto para a policia fazer esse tipo de cosia. É nefasto para a democracia.

RD: Como surgiram os black blocs e qual é a sua avaliação sobre esse grupo? Maringoni: Os black blocs surgiram na Alemanha décadas atrás, num contexto de recuo da esquerda tradicional organizada frente ao movimento autonomista. Nessa situação, surgiram pequenos grupos que queriam acelerar as coisas. Em suma, o black bloc é um produto da decadência eleitoral da esquerda na Europa que queria mudar as coisas na marra. Hoje, eles não querem atingir um objetivo coletivo. Só querem extravasar sua reação negativa às coisas de maneira violenta.

RD: Hoje, tanto a nível federal (por iniciativa da União) quanto estadual (Parlamento), existem projetos de lei para tentar coibir a presença de black blocs nas ruas durante manifestações de qualquer ordem. Qual é a sua opinião sobre essa iniciativa? Maringoni: Eu sou contra esse projeto. O Código Penal prevê como é preciso atuar com quem extrapola nos protestos. O que o governo federal tenta fazer é um retrocesso. Estão simpli

RD: Qual a diferença entre esse bloco negro originário na 10


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haverá protestos. Na verdade, isso é imponderável. Pode ser que chegue junho e que o problema não seja a Copa, mas o colapso do sistema do Metrô, um eventual aumento do desemprego ou outros fatores provoquem a revolta. Não sei dizer.

ficando o terrorismo. É cortina de fumaça do Estado. Essa lei não interessa à população.

RD: A quem interessa, hoje, a atuação dos black blocs? Maringoni: Os black blocs fazem a ação que a Direita quer, RD: Muita gente critica a existência de manifestações que o Estado quer, que a polícia e a elite querem. Mesmo que antiCopa porque, queiram ou não, o mundial vai aconeles não queiram, a ação deles favorece apenas esses interesses. tecer. Como o senhor vê esse tipo de proPor isso eu os considero meio desmiolados. E mais: já que eles não têm um rosto, eles poPara especialista, ao testo? Maringoni: Esse movimento Não vai ter dem ser qualquer um. Inclusive alguém que Copa não atinge ninguém, porque vai ter a polícia colocou lá para provocar violência e adotar a violência Copa. Mas acho justo que a população projustificar a reação da corporação. Essa história em relação a fatores relacionados ao de não ter organização, ou de tentar emplacar como estratégia, os teste evento, como a ingerência da FIFA [Fédérauma organização horizontal, sem líderes, sem Internationale de Football Association] identidades, é irresponsável. Temos de repelir black blocs acabaram tion no Brasil, que abala a soberania nacional, por os black blocs a bem de quem quer protestos Aliás, esse Estado de exceção que o em defesa dos interesses do povo. arranjando pretexto exemplo. governo elabora, com forças repressivas nas com o enrijecimento das leis, é um peRD: Nas manifestações de 2013 foi possível para a polícia abusar ruas, dido da FIFA. E é perigoso. O governo precisa identificar algumas pessoas vestidas de preto, lembrar que a Copa termina em julho, mas mascaradas, em meio à maioria de adolescenda autoridade as leis ficam. tes que protestavam contra a corrupção política e a favor da redução das tarifas do transporte RD: É possível traçar um perfil ideológico, ao público. É possível prever a atuação mais encorpada de black blocs menos, de quem se dispõe a ir para as ruas como no ABC se outras manifestações surgirem esse ano? um black bloc no Brasil? Maringoni: Eu tenho dúvida se haverá manifestações no Maringoni: É impossível prever quem dá corpo a esse ABC este ano. Isso porque com a história das tarifas de ônibus grupo porque eles se omitem. Não sei se é estudante, se havia um movimento concreto em busca de um objetivo real. é morador da periferia, se é de esquerda, da direita. Não Isso instigava muito mais pessoas a irem às ruas. A Copa pode sabemos. Não há estudos sobre isso. Aliás, o governo deveria ser motivo de protesto? Pode ser. Até porque o legado da Copa, estudar isso e tentar entender o grupo antes de criar leis que se analisado a fundo, será bem pequeno, e até entendo porque podem prejudicar qualquer cidadão. as pessoas estão revoltadas com isso. Mas tenho duvidas sobre se

Maringoni acredita que Código Penal é suficiente para coibir protestos violentos

Opiniões são divergentes O arquiteto e urbanista Guilherme Pucci, 25, de São Bernardo, avalia que pela disponibilidade que tem de enfrentar a polícia e garantir a continuidade dos manifestos públicos, os black blocs acabaram virando o foco para o questionamento do sistema. “Minha principal crítica aos black blocs é que eles deveriam fazer ‘atos construtivos’ pois ajudariam a população a compreender que o objetivo não é destruição”, defende. O radialista Rafael Volpe, 24 anos, morador de Santo André, afirma que é a favor do Black Bloc. “Para mim, a mídia não compreendeu a atitude do movimento ao dizer que os integrantes são como adolescentes agindo de forma delinquente inúmeras vezes”, frisa. Francisco de Oliveira, 30, professor de Geografia de Santo André, também é favorável à manutenção do bloco negro nas ruas. “A respeito do que a grande mídia diz sobre eles, não acho que seja muito diferente do que é falado sobre movimentos sociais, grupos e partidos de esquerda que estão nas ruas há tempos. A abordagem é sempre a mesma: vincular protestos desses grupos à baderna e bagunça, sem sequer saber o que leva esses grupos a se movimentarem”, diz o filiado do PSol local.

O historiador Thiago Rocha de Paula, 27, morador em Santo André e que participou das manifestações de junho de 2013 no ABC, diz que os black blocs não deveriam estar nas ruas com os demais manifestantes. “São um grupo de fascistas. São antidemocráticos e sempre foram”, diz. Nas ruas, Thiago afirma que conseguiu identificar que quem dava corpo ao bloco negro eram integrantes do movimento anarcopunk. “Eles não querem diálogo com a estrutura de poder que está aí. Eles apenas viram no Black Bloc uma oportunidade de defender a anarquia. É o que eu chamo de anarquismo tupiniquim”, pondera. Sociólogo e produtor cultural de São Bernardo, Murilo Borges, 19, pensa diferente sobre o bloco negro. Ligado ao PSol, Borges diz que muita gente foi covardemente agredida pela PM em junho de 2013. “Se alguém ainda duvida de onde parte a violência, basta ver os inúmeros vídeos que estão no YouTube”, dispara. “Acontece que, na maioria das vezes, há um recorte nas ações isoladas de pessoas adeptas ou não ao Black Bloc, que quebram bancos, empreendimentos ou prédios públicos, e então a grande mídia faz desse caso o foco da manifestação”, sustenta. 11

“Os black blocs fazem a ação que a Direita quer, que o Estado quer, que a polícia e a elite querem. Mesmo que eles não queiram, a ação deles favorece apenas esses interesses”


Cidades

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Ribeirão Pires Prefeitura reconhece que cidade precisa de mais atrações turísticas

quer fazer jus ao turismo

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ses investimentos chegará pelos governos federal e estadual, de pastas específicas, como Ministério do Turismo e a Secretaria Estadual de Turismo. Não poderemos investir em nenhuma outra área, como saúde ou educação. Aliás, Ribeirão Pires até corria o risco de perder o título de Estância Turística porque a verba vinha sendo mal empregada”, afirma.

o dia 19 de março Ribeirão Pires celebrou 60 anos de emancipação administrativa e 300 de fundação e é com sede de investimentos que a cidade entra no clima de festas. A área de Turismo é a bola da vez. Apesar de ser considerada estância turística pelo Estado, de turismo não tem nada. É o que revela o prefeito Saulo Benevides (PMDB) ao fazer balanço no 60º aniversário. No comando do Paço desde janeiro de 2013, o peemedebista confessa que não enxerga projetos turísticos na cidade. O que vê na verdade em Ribeirão é turismo natural. Por isso, Saulo afirma que quer tirar do papel o que planejou para os próximos três anos. O Paço pretende destravar nos próximos meses o projeto Teleférico – Cidade Encantada, que prevê a construção de uma fábrica de chocolate. “Nós temos um Festival de Chocolate tradicional sem ter nenhuma identidade com o chocolate. As pessoas só assistem a grandes shows, quando a ideia deveria ser frequentar os pontos turísticos do município”, diz. Para o prefeito, o projeto é a menina dos olhos no tocante aos investimentos em turismo. Cerca de R$ 990 mil serão empenhados na elaboração do projeto executivo e R$ 10,5 milhões, na efetivação do plano. Tanto investimento em turismo, porém, desagrada parte da população que prefere ver priorizados os serviços públicos essenciais, como saúde, educação e segurança, além da oposição na cidade, que faz críticas ferrenhas às iniciativas. Sobre a questão, Saulo se diz tranquilo. “É muito difícil agradar a todos, principalmente a oposição na cidade, que tem sido irresponsável. Porém, a cidade precisa entender que parte des-

Governo Saulo Benevides quer morador parceiro Em entrevista ao RD, o secretário de Cultura, Paulo César Ferreira também destaca a parceria entre os moradores por nova estrutura para o turismo comercial. A iniciativa implica no desenvolvimento de projetos de acordo a lei de zoneamento econômico. A região do Centro abrigaria projetos de cunho gastronômico cultural, seguida pelo Parque Aliança (recreação, lazer e esporte), represa (pesca, náutico e ecoturismo), Sertãozinho (off road, esportes radicais e de aventura), Santa Luzia (histórico, religioso e arquitetônico), Quarta Divisão (estância hidromineral, hípica e castelos) e Ouro Fino (turismo rural, eventos e convenções). O secretário também projeta para agosto a retomada do Festival do Chocolate. Ano passado, a edição foi suspensa por falta de financiamento. A ideia este ano é buscar parceria com a iniciativa privada para o evento. O prefeito destaca que já possui cerca de R$ 500 mil em emendas parlamentares para ajudar na festa, orçada em R$ 2 milhões. 12


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Cidade negocia com Estado alça do Rodoanel Leste Atrair investimentos para garantir fluidez na mobilidade. Para isso, o prefeito Saulo Benevides afirma que negociou com o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), para que a cidade receba uma alça do Rodoanel. A divisão acontecerá com Suzano, município que já constava no projeto estadual. Ribeirão Pires ainda aposta na construção de estação de ônibus na parte alta da cidade, para reduzir o trânsito na região central. Segundo levantamento da Prefeitura, 25% dos veículos de transporte público poderiam se limitar apenas à parte alta da cidade.

Dívida de R$ 2 milhões obriga apertar o cinto Quando assumiu a Prefeitura, em janeiro de 2013, Saulo Benevides constatou ter herdado da gestão anterior, de Clóvis Volpi, cerca de R$ 42 milhões em restos a pagar. Segundo o prefeito, boa parte da dívida dizia respeito a pendências com servidores da saúde e educação. “Já conseguimos quitar boa parte e diria que temos apenas 50% para negociar”, comenta. Até o final do primeiro ano de mandato, o governo peemedebista conseguiu quitar R$ 18,5 milhões. Na avaliação de Saulo, seu governo não deslanchou logo no primeiro ano justamente por conta da dívida. “A equipe tem força de trabalho, porém, nada se faz sem dinheiro”, diz. Reiteradamente, o prefeito destacou, no último ano, que a gestão Volpi superestimou o Orçamento 2013. Para 2014, a peça orçamentária do município está estimada em R$ 292 milhões. O crescimento em relação ao ano anterior é de 17%. Esse percentual corresponde a aproximadamente R$ 49,6 milhões, montante que será contingenciado para equilibrar as contas da Prefeitura. Assim, todas as 21 secretarias da cidade, que atendem com serviços os mais de 2,5 milhões de habitantes de Ribeirão, terão de apertar o cinto pelos próximos meses.

Vila do Doce é uma das atrações turísticas da cidade, que comemora 60 anos em março Ribeirão Pires virou Estância Turística em 1998 13


Educação

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Professores cobram hora tecnológica E

m curso com a campanha salarial 2014, o SinproABC (Sindicato dos Professores de Santo André, São Bernardo e São Caetano) quer conquistar um pleito inédito: a hora tecnológica. Como muitos profissionais possuem ou ganham equipamentos, como tablet, mes-

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mo fora do horário de expediente trocam informações, provas e avaliações com alunos. Cálculos do sindicato indicam que essas iniciativas chegam a tomar 12 horas semanais do professor. ”Isso mostra que o profissional está atento ao mundo moderno. Porém, quando ele torna isso uma rotina, o professor deixa de descansar ou então tem impedida sua jornada de trabalho em outros locais de ensino’, destaca o presidente José Jorge Maggio. Atualmente, os professores contam, em alguns casos, com hora extra. Nessas situações, o serviço extra tem remuneração em dobro. A hora tecnológica, segundo Maggio, não precisaria ser necessariamente no mesmo patamar. ‘Precisamos discutir’, diz o dirigente sindical. A campanha salarial da classe, este ano, começou em janeiro. A data base dos professores é março. Porém, como em 2014 também é discutida a convenção coletiva da categoria, a negociação deve transcorrer até o mês de abril. Além da reposição da inflação do período -5,6% -, o sindicato busca um aumento real de 2,5% aos cerca de 5,5 mil professores da rede particular de ensino da região nas três cidades. Outro pleito da entidade é pela fixação de um número máximo de alunos por sala. ‘Hoje não tem. Mas nós precisamos definir isso. O que existe hoje é a definição de um aluno por metro quadrado’, completa Maggio.


Março / 2014

José Maggio quer limitar número de alunos por sala

Os docentes que atuam no setor privado sofrem com o excesso de trabalho não regulamentado e, muitas vezes, não remunerado’, observa o dirigente sindical.

Até agora, segundo o SinproABC, não houve avanço na mesa de negociações com o setor patronal. A terceira e última rodada ocorrerá nas próximas semanas. No sábado (22), ocorrerá assembleia com os professores para avaliar os rumos do movimento e existe a possibilidade de greve, caso as demandas não sejam encaminhadas.

Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino é contra alteração O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, Benjamin Ribeiro da Silva, diz não aceitar alterações salariais pela chamada hora tecnológica. “Achamos que o professor é bem remunerado para exercer essas funções durante o período de trabalho, sem necessidade de exceder o tempo de trabalho. Acredito que hoje a tecnologia até simplificou a vida do professor, que chegam a trabalhar menos do que antes”, indica Silva. Sobre o reajuste salarial, o presidente da Sieeesp, afirma que será realizada reunião até o final do mês para conduzir a negociação, mas não cria esperanças sobre aprovação de aumento real. “É um direito que eles [professores] têm de reivindicar, mas precisamos negociar”, diz o dirigente sindical.

Extraclasse - Em 2013, o Sinpro ABC foi uma das entidades que convocou sua base para a greve nacional de 20 de outubro. Segundo divulgado pelo sindicato, os professores do ensino privado de todo o Brasil fizeram greve nacional na data em denúncia contra o excesso de trabalho extraclasse imposto pelas instituições de ensino fora da carga horária contratada – uma das principais causas da exaustão e do adoecimento dos docentes. “Além de corrigir provas, planejar aulas, elaborar projetos, a cada dia surgem novas funções e exigências de atividades para os professores executarem fora do horário contratado. Uma situação que prejudica a saúde dos professores e compromete a qualidade do ensino.

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Benjamin acredita que tecnologia beneficiou os professores


Cidades

Março / 2014

ABC investe na conscientização para economizar água D

esde fevereiro, quando os reservatórios do sistema CantaMauá - Segundo o superintendente da SAMA reira começaram a registrar os menores índices da história, (Saneamento Básico do Município de Mauá), Átila se iniciou uma corrida para que as cidades reduzissem o consumo Jacomussi, as campanhas educativas com faixas e na mesma proporção para evitar o racionamento, descartado semateriais específicos na cidade fizeram reduzir o guidas vezes pelo governador Geraldo Alckmin e outros políticos. consumo ser reduzido dois dígitos, em média. São Caetano apresenta o melhor resultado até agora. A cidade Mauá não é atendido pelo sistema Cantareira. conseguiu reduzir o consumo de água em 18%, aproximadamente “Mas, mesmo assim, também entramos na campa100 litros por segundo – o equivalente a quase cinco galões. O munha para reduzir o consumo que hoje já varia de nicípio é abastecido 100% pelo sistema Cantareira, cuja capacidade 8% a 12% a menos”, explica. O objetivo, segundo tem atingido recordes negativos diariamente. Jacomussi, é intensificar a campaPara o chefe da divisão técnica do DAE (Deeducativa nos bairros e escolas DAE intensificou nha partamento de Água e Esgoto), de São Caetano, para alcançar o índice de 15%. Osmar Silva Filho, a melhora se deve ao resultado O superintendente diz que tem uso de faixas e das campanhas de conscientização feitas desde feito gestão junto à Sabesp para reoutdoors em fevereiro. “Nós intensificamos as mensagens em solver o problema judicial que existe São Caetano, e faixas, outdoors e placas espalhadas pela cidade. entre as duas partes. Atualmente, enA meta é chegar a 20% na diminuição do consumo a SAMA ampliou dividados com ação judicial. A SAMA residencial”, explica. questiona o valor cobrado pela Sarealização de O índice, segundo o executivo do DAE, deve besp referente à dívida e a estatal, ser alcançado até o final de março. Para diminuir campanhas nas por sua vez, quer o montante que, ainda mais o consumo desnecessário, a autarquia ela, é devido. A Sabesp coescolas de Mauá segundo aplicou pequena redução na pressão da água enbra quase R$ 2 bilhões de Mauá. Já a viada aos clientes. Sama alega que a dívida é de quase Outra medida adotada foi a intensificação das ações um quarto do valor. “Institucionalmente temos feipara detecção de vazamentos, o que diminuiria a perda to boas conversas. Estive recentemente com a Dilma d’água no percurso entre os reser vatórios e os consumiPena, superintendente da Sabesp, e vou estar com dores finais. ela novamente nas próximas semanas”, destaca Atualmente, cerca de 24% da água distribuída pelo DAE Jacomussi afirma que é importante que a pono município não são contabilizados. Isso se deve a rompipulação esteja consciente de como usar racionalmentos em tubulações ou fraudes no sistema. “Nossa meta é mente a água. “Esse é o dever de casa do cidadão. diminuir esse índice para 15% até o fim de 2016”, diz. O nosso é fazer uma força tarefa para detecção e O DAE também aproveita mês de março para ampliar as reparos de vazamentos no município, entre outras campanhas educativas nas escolas públicas e particulares. medidas técnicas”, diz o superintendente da SAMA, “Todos os anos fazemos a Semana da Água. Este ano vamos que desde o começo de fevereiro realiza a operaintensificar a ação”, avisa. ção caça-vazamento. . 16


Março /2014

Santo André dá desconto, e estuda ampliar debate

Santo André sabe que há muito tempo nós alertamos que esse problema ocorreria e não só aqui na cidade. É preciso que todos os gestores discutam a água em todos os seus aspectos, principalmente a questão do custo, pois, do jeito que as coisas estão encaminhadas, cada vez mais o custo será elevado”, diz.

A Câmara de Santo André aprovou o projeto de lei de autoria do Executivo que propõe a redução de 30% no valor da conta dos clientes que diminuírem o consumo em 20%. Os descontos deverão vigorar entre março Perda é de 22% - Ney afirma que ainda não é possíe maio, período com temperaturas mais altas e que vel aferir o quanto a cidade conseguiu reduzir no concostuma registrar gastos mais elevados. sumo, mas que as campanhas educatiO cálculo é feito sobre a média de vas e as ações já surtiram efeito. “Além consumo dos últimos seis meses. Essa “Sabesp nos cobra disso, nós estamos atuando na redução média será calculada automaticamente da perda da água, ou seja, que não seja R$ 1,43 pelo e estará impressa na conta. O benefício consumidor final. Hoje o nosso ínmetro cúbico de no valerá até 31 de maio e incidirá somente dice é de 22%, um bom índice se comágua no atacado parado à média nacional, Porém, nós sobre o valor cobrado pelo consumo de água e esgoto e não sobre o valor total e o Semasa paga remontamos o comitê para reduzir esse da conta de saneamento. O desconto é índice até 2016 para 19%”, explica. R$ 0,43 pelo automático e independe de apresentaPara isso, são utilizados equipamenção de requerimento. A concessão do produto. Tem uma tos inteligentes, campanhas educativas, desconto visa estimular a economia de troca e remanejamento das redes antidiferença aí” água na cidade. gas e a medição nos núcleos de favela. O Semasa (Serviço Municipal de SaQuando o assunto é Sabesp, Ney Vaz neamento Ambiental de Santo André) é responsável afirma que uma das prioridades do Semasa é a formapor 6% do fornecimento de água na cidade, captada lização do contrato da água. “Falta um relacionamento na represa do Pedroso e distribuída após tratamento mais próximo de ambos. Hoje a gente respeita praticana Estação de Tratamento Guarará. Os demais 94% são mente um contrato verbal. Queremos estabelecer uma comprados da Sabesp. O abastecimento de Santo Anrelação formal’, admite o executivo. dré é feito, também, pelos sistemas Cantareira e Alto A Sabesp cobra uma dívida que, segundo Ney, não é Tietê. Os dois mananciais sofrem queda acentuada no reconhecida por Santo André. “A gente reconhece que nível de represamento, devido à falta de chuvas, forte tem uma diferença que a Sabesp cobra. Ela nos cobra calor e alto consumo, motivo da crise. R$ 1,43 pelo metro cúbico de água no atacado e nós Mas segundo o superintendente da autarquia, Sepagamos R$ 0,43 por ele”, reclama o superintendente. bastião Ney Vaz Júnior, não adianta discutir a crise Para chegar a um denominador comum, o Semasa conapenas quando ela já está em curso. “A população de tratou auditoria para identificar o valor real. 17

Gainor Betes conscientiza os netos sobre o valor da água

Neusa Rodrigues já sofreu com a torneira seca

Paulo Pelegrini passou a ficar menos tempo no chuveiro


Março/2014

Cidades

Sistema de abastecimento Na Região Metropolitana de São Paulo, o sistema de abastecimento é integrado: 8 complexos são responsáveis pela produção de 67 mil litros de água por segundo, para atender 33 municípios. Quatro municípios compram água por atacado: Santo André, São Caetano, Diadema e Mauá. Vejam de onde vem a água que abastece o ABC: Alto Tietê: Mauá e parte de Santo André Cantareira: São Caetano e parte de Santo André Ribeirão do Estiva: Rio Grande da Serra Rio Claro: Ribeirão Pires, Mauá e Santo André Rio Grande: Diadema, São Bernardo e parte de Santo André

Fique sabendo...

População muda rotina

Rafaela Marques usa água de forma racional

Sidnei Salla deixou de lavar a moto e economizou

João Luiz fez a família mudar de hábito e poupar água

Com medo de haver racionamento de água estimulou a população mudar alguns hábitos do dia-a-dia. O aposentado Paulo Pelegrini, de 74 anos, não sofre diretamente com a falta de água, mas resolveu se mexer. “Tomo menos banho, diminui as lavagens do carro e parei de lavar a calçada”, diz. O vendedor autônomo João Luiz, 63 anos, diz que é preciso colaborar, porque um dia podemos ficar sem água. Por isso, fez até a família mudar de hábito. “O banho tem que ser cinco minutos, se passar já começo a gritar”, diz. “Economizar é fácil, o difícil é ficar sem água”, acredita. Rafaela Marques, 16 anos, conta que não gasta água além do normal. “Sempre tomei banho muito demorado, agora tive de diminuir. A louça ensaboo primeiro, para depois enxaguar”, diz ao revelar, porém, que precisou receber bronca para economizar. “Minha sogra puxou minha orelha para parar. Alguém tinha de dar um jeito”, brinca a garota. O porteiro Sidnei Salla, 36 anos, diz que está com a moto suja para economizar água. “Sofri com a falta de água, e sei o quanto é difícil. Não lavo mais calçada, nem a moto que está imunda”, afirma. Salla conta que já sentiu a diferença na conta. “Ganhei um desconto por economizar. Espero que o desconto continue para não gastar muito”, comenta. Com 41 anos, Neusa Rodrigues sentiu na pele a falta de água. Outro dia, a bancária chegou na sua casa e não tinha água torneira. “Tive de pedir pizza”, comenta. Por isso, diz que faz tudo para economizar. “Uso água da máquina para lavar o quintal e ainda junto mais roupa para lavar. É o que dá para fazer”, revela. “Aconselho os meus netos a não gastarem, pois têm de aprender desde pequenos”, acredita a dona de casa, Gainor Betes, 65 anos. “Lavar a louça não gasto muito, mas não lavo o quintal”, diz Gainor, que tenta conscientizar outras pessoas sobre a importância da água. “Com tanta gente sem água para beber, temos que fazer nossa parte”, ressalta.

O pinga-pinga da torneira ao longo de um ano desperdiça pelo menos 16 mil litros de água limpa e tratada, o que custa cerca de R$ 1,2 mil em sua conta de água. Se todos os brasileiros fecharem a torneira ao escovar os dentes, a água economizada durante um mês equivalerá a um dia e meio do volume de água que cai nas Cataratas do Iguaçu. A água que vaza por um orifício de 2mm num cano em um dia é equivalente à agua usada em uma lavagem de roupas na máquina de lavar. A instalação de aerador na torneira gera grande economia? Na cozinha de 12 apartamentos pouparia, num ano, água suficiente para encher uma piscina olímpica. Se cada brasileiro diminuísse 1 minuto o tempo de banho no chuveiro, a energia economizada em um ano equivaleria a 15 dias de operação da usina de Itaipu na geração máxima. Fonte: Instituto Akatu

Economize Água Não use mangueira para limpar a calçada. Use vassoura. Feche a torneira enquanto escova os dentes, faz a barba ou ensaboa as mãos. Espere acumular roupa suja. Use a máquina em sua carga máxima de roupas. Feche a torneira da pia enquanto ensaboa a louça. Fonte: Instituto Akatu

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Março/2014

22 de março é o Dia Mundial da Água A data entrou para o calendário oficial em 1992, por decisão da Organização das Nações Unidas para conscientizar a sociedade sobre o papel que ela pode desempenhar para evitar a escassez de água potável no futuro e ajudar nas campanhas de despoluição de rios, mares e lagos.

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Economia

Março / 2014

Factoring preocupa indústria no ABC O

Emanuel Teixeira aponta perda de competitividade da indústria brasileira

aumento da procura pela prestação de serviço conjugado com aquisição de direitos creditórios realizada pelas empresas de factoring tem preocupado a indústria na região. A operação de factoring possibilita a empresa credora vender créditos, antecipando os valores a receber, e solucionar problemas de fluxo de caixa. No Brasil, a projeção é movimentar R$ 110 bilhões, montante 10% superior ao ano passado. Segundo a Anfac (Associação Nacional de Fomento Comercial), o resultado é atribuído à redução na oferta de crédito nos bancos para as empresas. Esse limite de acesso ao crédito tem levado as empresas de pequeno e médio porte a recorrerem ao factoring para tentar sair da inadimplência. De acordo com Emanuel Teixeira, presidente da Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Santo André, o cenário é extremamente preocupante pelo nível de competitividade e do custo Brasil. “Cerca de 90% da indústria brasileira teve perda de competitividade e, pela carga tributária, não conseguem estar em dia com o pagamento de impostos. À medida que o governo não flexibiliza o contexto econômico, as instituições bancárias não devem continuar atendendo empreendimentos como se fossem consumidores inadimplentes comuns, tem de haver projetos que garantam a concessão de crédito seguro para a empresa”, aponta Teixeira. Na Federal Invest, especializada em factoring de São Bernardo, 25 empresas da região procuraram o serviço apenas em janeiro. No entanto, nenhuma foi atendida, pois houve prorrogações nos pagamentos dos títulos já negociados com outros clientes da empresa. “O ciclo da dívida está vicioso. Minha equipe trabalha com a linha de que o mercado vai se ajustar, mas o volume de crédito vai diminuir, tornando o capital mais caro e a tendência é ficar mais inflacionado”,

analisa Ivan Ramos Rodrigues, proprietário da Federal Invest. Para manter o giro e a manutenção dos negócios da empresa cliente, as factorings assumem o risco pela inadimplência no lugar dos bancos, sendo que uma empresa chega a movimentar com mais de uma factoring. Para o presidente da Associação Brasileira de Factoring, Antônio Carlos Donini, falta controle financeiro. “As empresas não deveriam procurar nem os bancos nem as factoring para não perder margem de lucro”, diz.

Taxa de juros demonstra vulnerabilidade financeira Com o crescimento de 11,1% no indicador Serasa Experian de inadimplência das empresas em janeiro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, a tendência é que as indústrias continuem recorrendo ao factoring para conseguir crédito rápido, com pagamento a prazo. A avaliação é do economista Sandro Maskio, professor da Universidade Metodista. “A taxa de juros de 5% ao mês cobrado pelas factorings é alta, mas acaba sendo a única alternativa quando os bancos negam a concessão de crédito, que poderia ser através de capital de giro, com taxa de 3,5% ao mês”, afirma o especialista. Para o economista, esta realidade no ABC demonstra a vulnerabilidade financeira que as empresas enfrentam, que acabam impactando diretamente a possibilidade de investimentos e reflete negativamente no cenário econômico local. “O setor que sofre com problemas persistentes de caixa acaba sendo obrigado a reduzir custos, inclusive mão de obra”, analisa Maskio. 20


administração

Março/2014

Eleição no Aramaçan tem 6 chapas A

pesar de ter 83 anos de história, contar com mais de 20 mil sócios e um orçamento de cerca de R$ 20 milhões, o maior clube de Santo André, o Clube Atlético Aramaçan, nunca passou por eleição direta Pela primeira vez, o clube recorrerá ao voto dos sócios para definir o presidente e dois vices. O pleito acontece no dia 27 de abril. O prazo para inscrição das candidaturas terminou e, ao todo, seis chapas foram inscritas. O atual presidente, José Eduardo Barbosa, é um dos pleiteantes. Também estão de olho na principal vaga do clube Luiz Fernando Wilk, Ademir Scarpeli, Eduardo Selio Mendes, Wilson Garrido e José Antonio Moraes. “A partir das inscrições, nós vamos avaliar e, se tudo foi encaminhado sem problemas, a partir do dia 15 começa a campanha dos candidatos. Faremos até debate”, diz o presidente da Comissão Eleitoral, David Gomes de Souza. A expectativa é que a eleição possa atrair cerca de 5 mil para as urnas. Se isso ocorrer, o Aramaçan será recordista. Para se ter uma ideia, a eleição do Corinthians atraiu cerca de 3 mil sócios em São Paulo. O mandato é de quatro anos.

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Primeiro de Maio – No mês passado, o advogado Nilo Ortiz foi eleito presidente do Clube Primeiro de Maio, tradicional espaço de Santo André. Ortiz obteve 470 votos, 53% dos votos válidos. Ricardo André Pederiva, que representava a atual gestão, comandada por Nelson Mazucato, registrou 220 votos. Antonio de Oliveira Rocha teve 195. Ainda foram registrados 3 votos nulos e um em branco. Ao todo, 889 sócios votaram. Nilo quer reformular e modernizar o clube. “Vamos modernizar a academia e resgatar as tradicionais festas. O clube voltará a sorrir”, diz. Entre os projetos que encaminhará na gestão nos próximos dois anos está a construção de um estacionamento. “Tenho um projeto para estruturar a quadra de society de modo a fazer dois lances de estacionamento embaixo”, destaca. A iniciativa exige investimento de R$ 1,5 milhão e teria capacidade para 120 carros. Nilo assume no dia 01 de abril. O processo de transição já começou no clube, que possui orçamento para este ano cerca de R$ 11 milhões.

Clube Aramaçan, na Vila América, tem 20 mil sócios


TRABALHO

Março / 2014

Elisabete abraçou o papel cedo e hoje dirige ônibus, em Santo André

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Região mantém paradigma da chefia masculina na família

studo socioeconômico desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas da Universidade de São Caetano do Sul (Inpes/USCS) revela que no ABC a incidência de mulheres na chefia de família ainda é contingencial. Aproximadamente 42% das lideranças pelo gênero feminino nos domicílios das sete cidades foram ocasionadas por viuvez, enquanto outros 29% estão relacionados a situações de divórcio. Na região, portanto, a ausência da figura do homem pode determinar o nicho capitaneado por uma mulher. “A chefia feminina é marcada pela heterogeneidade, sendo encontrada nos mais diferentes arranjos familiares, mas aqui no ABC, especificamente, em situações contingenciais, o que sugere, em relação ao restante do País, uma maior dificuldade da população local de romper o paradigma cultural das chefias masculinas”, avalia Leandro Prearo, gestor do Inpes. Os dados da pesquisa ainda apontam que a proporção de chefes de família viúvas é bem maior no ABC, chegando a 42%, contra 23% no Brasil. “Essa diferença é explicada em função da maior expectativa de vida do gênero feminino em nossa região, cerca de cinco anos a mais do que os homens. A estatística coloca São Caetano, por exemplo, na terceira posição entre os municípios com maior proporção de mulheres (53,85%) no Brasil”, detalha Prearo. Nos últimos 15 anos, a proporção de domicílios com mulheres chefiando a família no ABC cresceu cerca de 48%, passando de 15,5% em 1999 para 23,0% em 2013. Apesar disso, a proporção de mulheres chefes de família na região ainda é bem menor do que a encontrada no Brasil (38% em 2012 – PNAD/

IBGE), com crescimento de aproximadamente 44% no mesmo período. Dessa forma, cabe a pergunta: quais são os fatores que colocam as sete cidades 15 pontos percentuais abaixo da situação encontrada em território nacional? Segundo Prearo, um estudo aprofundado sobre as características das famílias chefiadas por mulheres em nossa região e no País aponta contrastes e, para o especialista, o maior deles talvez seja a própria estrutura familiar. “Enquanto no Brasil os domicílios chefiados por mulheres casadas eram de 24,9% em 2012, na região do ABC, essa proporção é de apenas 5%”, frisa.

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Situação socioeconômica - “Aproximadamente 61% dos domicílios chefiados por mulheres são das classes C/D/E, contra 39% dos chefiados por homens. Em média, essas mulheres, em comparação com os homens chefes de família, estudaram um ano a menos (8,3 anos contra 9,3 anos de escolaridade), são seis anos mais velhas (56 anos contra 50 anos), chefiam famílias com 0,6 membros a menos (2,9 membros contra 3,5 membros), têm rendimento familiar mensal 24% inferior (R$ 4.105 contra R$ 3.132)” , aponta Leandro Prearo. Segundo o gestor do Inpes, de forma geral, as famílias lideradas pelo gênero feminino estão mais expostas a situações de vulnerabilidade social. “No caso dessas famílias, é mais comum a ausência de um cônjuge – o que limita ainda mais as fontes de renda da família. Além disso, a maioria dos lares chefiados por mulheres é de mães com filhos, o que representa mais uma sobrecarga, especialmente na necessidade de recursos”, diz.


Março / 2014

Mulheres migram para nichos considerados do sexo oposto Embora o número de chefes de família do gênero feminino ainda seja baixo na região, algumas mulheres se destacam por trabalharem em profissões que normalmente são atribuídas ao segmento masculino. É o caso da motorista de ônibus Elisabete Riquena, 56, que desde 1991 atua no ramo do transporte público em Santo André. Divorciada, Riquena conta que começou a trabalhar com o transporte público por necessidade. “Tive de sustentar meus dois filhos, além dos meus pais, que moravam comigo na época”, explica a motorista. Sobre a profissão, Riquena atesta que não sofre de forma alguma com o trabalho que desempenha. “Me dei muito bem trabalhando aqui (no ônibus), não tem nada de trabalho ser de homem ou de mulher”, brinca a motorista. Quem também ocupou um lugar no transporte público foi Edilene Nunes Oliveira, de São Bernardo, que trabalha como cobradora há mais 15 anos. Edilene conta que nunca se casou, mas tem uma filha de 24 anos que cuidou sozinha desde o nascimento. “Comecei a trabalhar em ônibus porque nunca gostei de depender dos outros e também porque precisava”, pontua. Agora, além de usar a renda para cuidar da casa, a cobradora conta que gasta parte do salário na faculdade da filha e na sua própria formação. A necessidade também fez a distribuidora de folhetos Amazilda da Silva Rude, 62, procurar um emprego rápido no centro comercial Oliveira Lima, em Santo André, para conseguir sustentar sua família. Amazilda explica que ficou viúva quando sua filha tinha apenas dois meses. “Tive de me virar e arranjar um trabalho rápido para dar conta”, relata. A gari Quitéria da Silva , de 43 anos, após se separar do marido teve que se reestruturar emocionalmente e financeiramente, já que o pai das crianças se mudou para outro estado. “Eu trabalho demais, e precisei dar um rumo na vida, mas agora eu sustento minha família sem a ajuda de ninguém”, se orgulha Quitéria.

Com trabalho de gari, Quitéria sustenta sozinha três filhos, sem ajuda do ex-marido

feminina no ABC é atribuído ao aumento da capacitação das mulheres, do crescimento da escolaridade e das mudanças na dinâmica familiar baseado no homem como chefe de família. No entanto, esses resultados não refletem no rendimento médio real das mulheres em comparação aos homens. “As mulheres têm histórico de nível de desemprego maior que o dos homens e, por isso, acabam ganhando menos. Essa diferença salarial representa a desigualdade trabalhista entre os dois gêneros”, afirma a analista. Considerando que a jornada semanal média de trabalho das mulheres é de 39 horas e a dos homens é de 44 horas, em 2013 a renda mensal feminina foi de R$ 1,4 mil, enquanto a masculina chega a R$ 2,3 mil – 0,4% e 0,5% superiores àqueles registrados em 2012, respectivamente. A pesquisa revela que a presença feminina ainda maior em serviços ligados à administração pública, educação, saúde humana e serviços sociais (22,2%), seguido pela indústria de transformação (16,2%).

Nível de formalidade no meio feminino aumenta no ABC O setor privado apresentou a maior elevação da parcela de mulheres assalariadas com carteira assinada no ABC, chegando a 52% em 2013, ante 48,9% no ano anterior. Além disso, a presença feminina no mercado de trabalho cresceu pelo segundo ano consecutivo, passou de 53,6%, em 2012, para 54,1%, em 2013 – o que representa universo de 648 mil mulheres economicamente ativas na região. É o que aponta o boletim sobre a inserção feminina no mercado de trabalho na região em 2013, elaborado pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) e Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). A analista de pesquisa pela Fundação Seade, Márcia Guerra, explica que esse desempenho positivo da força de trabalho

Proporção do rendimento médio por hora das mulheres em relação aos homens 70,3%

70,2%

2012

2013

66,5%

2003

Fonte: Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional

Mulheres ganham 70,2% do salário do homem 23

Amazilda ficou viuva e, como tinha filha pequena, correu para sustentar a família

Edilene cuida da filha desde pequena, agora com 24 anos, e hoje quer voltar à escola


Economia

Março /2014

Fábrica da Bridgestone, na avenida Queirós dos Santos, tem mais de 90 anos

Bridgestone fará investimento bilionário em Santo André A

Bridgestone, fabricante de pneus instalada em Santo André desde 1923, anunciou investimento de US$ 425,4 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) na unidade produtiva do município até 2018. Os investimentos visam melhorar a eficiência produtiva, expandir a produção de pneus agrícolas e modernizar da linha de fabricação de pneus para carros de passeio. A cidade comemora o anúncio. “É fruto de parceria contínua em prol do município”, destaca o prefeito Carlos Grana. “Esse diálogo é extremamente importante, pois a cooperação entre poder público e iniciativa privada traz avanços e ganhos para a cidade”, acrescenta Oswana Fameli, vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Econômico, Trabalho, Emprego e Economia Solidária. A Bridgestone foi procurada pela RD Ideias para comentar o assunto. Porém, segundo a assessoria, os representantes só se manifestarão mais adiante. Em 2013, o contingente de empregados da Bridgestone aumentou 18% e totalizou 3.315 funcionários. No mesmo ano, o grupo obteve faturamento de US$ 1,4 bilhão (cerca de R$ 3,27 bilhões) e pagou em impostos US$ 30,3 milhões (cerca de R$ 70,8 milhões). No Brasil, além de Santo André, a multinacional produz pneus em Camaçari (BA). As duas plantas somam capacidade de produção de 42 mil pneus/dia. Ao todo, segundo informações de bastidor, serão 500 novos empregos até 2018.

Em Santo André, a indústria se concentra na produção de pneus para caminhões, ônibus, veículos industriais, agrícolas e máquinas fora de estrada. A planta foi a primeira da empresa norte-americana a ser instalada no Brasil. Emprega 3,5 mil colaboradores diretos e 2 mil indiretos. Metalúrgicos - Para o secretário de Trabalho, Emprego e Economia Solidária, Cícero Firmino, o Martinha, presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a decisão da fábrica de aprimorar a participação em Santo André significa que, apesar de dificuldades de encontrar locais para as indústrias se instalarem ou expandirem na cidade, o município ainda segue atrativo para as empresas.

Sindicato do borracheiros desconhecia investimento

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Márcio Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Indústrias de Borracha da Grande São Paulo (Sintrabor), diz que desconhecia o anúncio da Firestone. “Quando é coisa boa, eles anunciam para a Prefeitura, só ficamos sabendo quando é coisa ruim, quando tem demissão”, alfineta. O sindicalista diz que a notícia poderá ajudar na mesa de negociação da campanha salarial a partir deste mês. Hoje o piso de mensalistas na fabricante de pneus é R$ 1.028. A data base da categoria é 1º de junho.


Artigo

Março / 2014

Tratando a água com a devida importância N

estes dias de escassez voltamos nossa atenção para a água e a falta que ela nos faz, pelo menos alguns de nós, já que é menos frequente, embora não incomum, vermos pessoas varrendo a rua com água de mangueira!!! A água deveria de fato ser tema de preocupação frequente para os habitantes da metrópole de São Paulo. Isto porque vivemos em uma das poucas metrópoles do mundo que nasceu na cabeceira de uma bacia hidrográfica e não na sua foz. Grandes cidades do mundo localizam-se na foz dos rios, já que grande disponibilidade de água é condição essencial para seu estabelecimento. São Paulo nasce na cabeceira do Tietê por razões geográficas e históricas. O rio Tietê nasce aqui, mas dirige-se para o rio Paraná, para desembocar no Oceano Atlântico lá na Bacia do Plata, entre o Uruguai e a Argentina. É uma longa volta, que por conta das interligações com as outras bacias hidrográficas brasileiras, possibilitou aos bandeirantes desbravar este País e tornou, mais tarde, São Paulo ponto de parada certo para os produtos que vinham do Interior e eram exportados pelo porto de Santos. E é assim que, contrariando o bom senso, a metrópole de São Paulo se estabelece na cabeceira de rios com pequena disponibilidade de água. Para se ter uma ideia do que isto significa vamos a alguns números. A ONU [Organização das Nações Unidas] classifica como autossustentáveis regiões que tenham a disponibilidade de água por habitante por ano de 2.500 m3/ hab.ano; pobre quem tem menos de 2.500 e mais que 1.500 e crítico quem tem menos de 1.500 m3/ hab.ano (1 m3 de água corresponde a uma caixa dágua de 1.000 litros). Considerando esta disponibilidade, o Estado de São Paulo tem 2.468 m3/ hab.ano e a Bacia do Alto Tietê, onde se localiza a região metropolitana de São Paulo, 201 m3/ hab.ano, ou seja, muito mais do que crítico. É claro que você não sente desta forma, porque capturamos água de outras bacias pelo Sistema Cantareira e assim trazemos para São Paulo água que deveria estar sendo usada pelo Sul de Minas e pelo Interior de nosso Estado, em um verdadeiro desvio de recurso. Acrescente a este quadro outros problemas graves: 1. Cabeceiras de bacias hidrográficas são caracterizadas por

um grande número de nascentes. Só a bacia da represa Billings possui 3.396 nascentes, com 1.106 localizadas em áreas urbanizadas. Nas áreas urbanizadas a impermeabilização do solo compromete a recarga das nascentes, muitas delas soterradas embaixo de construções, canalizadas embaixo das cidades, poluídas e contaminadas com esgoto doméstico ou outros efluentes; 2. É grande o volume de água perdido por vazamentos no sistema, antes de atingir o seu destino final; e 3. Ainda usamos água potável tratada para usos pouco nobres, como descargas e lavagem de quintais, roupas e automóveis, entre outros. Não temos sistemas para reutilizar a água em nossas casas ou captar a água de chuva para este tipo de uso. Para tratar a ÁGUA com a importância que ela tem, conscientes das limitações que temos em nossa região, a preocupação com seu uso correto deveria orientar nossas ações ao longo do ano todo. Acreditar que o Brasil é o país da abundância da água, só porque temos o rio Amazonas é acreditar em uma miragem. Esta água está lá, mas não é acessível para nós. É claro que precisamos de ações públicas, que contenham o desperdício por vazamentos, que repensem as políticas adotadas em áreas de mananciais e que, realmente, passem a tratar estas áreas com a importância estratégica que elas têm para nossa região. Mas não podemos nos abstrair desta equação, já que como consumidores finais somos responsáveis pelo uso que fazemos da água. Repense seu uso! Veja como você pode gastar menos e restrinja o uso da água ao que for essencial. Comece você também a tratar a água com a importância que ela tem e esteja atento aos programas e políticas anunciados para o uso deste recurso tão precioso para nossa sobrevivência e das futuras gerações.

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Profª Waverli Maia MatarazzoNeuberger é coordenadora do Centro de Sustentabilidade e do curso de Gestão Ambiental da Universidade Metodista de São Paulo.


Saúde

Março / 2014

Marco Antônio vai comandar Organização de Saúde nos próximos dois anos

Qualificação é palavra de ordem na Fundação do ABC D

epois de dois meses como presidente da Fundação A Fundação do ABC é pessoa jurídica de direito privado, do ABC, Marco Antônio Santos Silva revela que a qualificada como Organização Social de Saúde e entidade qualificação profissional dos 15 mil funcionários é prioridafilantrópica de assistência social, saúde e educação, que de do mandato. Na visão do executivo, invescompleta 47 anos neste ano. tir no quadro é aprimorar a gestão da saúde. A instituição hoje é mantenedora de 15 Nova gestão Silva pretende promover política de qualihospitais, 3 AMEs (Ambulatórios Médicos de ficação profissional, com objetivo de colocar da FUABC quer Especialidades) e 2 pronto-socorros, além à disposição dos gestores das instituições Faculdade de Medicina do ABC e de uma aliar ampliação da mantidas pessoal altamente treinado para Central de Convênios que administra mais 40 do atendimento planos de trabalho específicos – incluindo colaborar com a solução de problemas e oferecer propostas modernas e eficientes para o com manutenção todas as UPAs (unidades de pronto atendisucesso de seus equipamentos. mento) de Santo André, São Bernardo, Mauá da qualidade A ampliação do quadro de colaboradores e Franco da Rocha. está condicionada, segundo o novo presidenO executivo afirma que ainda há muito dos serviços te, ao aumento de serviços ou novos contrapor vir, pois tem mais a oferecer. “Mas nossa ofertados tos. “Porém, independente do aumento na ampliação ocorrerá desde que a qualidade quantidade de funcionários, uma coisa é cerdos serviços seja mantida. Igualmente, os ta: vamos investir na capacitação profissional. O treinamento elevados índices de satisfação da população são prioridade, permanente dos colaboradores, a atualização profissional e o ao lado da preocupação permanente com a humanização do fornecimento de mão de obra qualificada são compromissos atendimento, e com o serviço de qualidade aos usuários”, dessa presidência”, reitera Marco Antônio. observa Marco Antônio. 26


Março / 2014

Instituição quer presença nos sete municípios

a FUABC terá êxito na ampliação das atuais parcerias para a gestão plena do hospital regional em São Caetano”, comenta. Entre os desafios da gestão da Saúde, de forma geral, Marco cita como prioridade a discussão para fechar a equação da demanda crescente dos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde), com o aumento da expectativa de vida da população e a modernização da medicina. Para o superintendente, é preciso investir muito na atenção básica, no Programa de Saúde da Família e nos agentes comunitários, a fim de promover a saúde local e via Unidade Básica de Saúde do bairro. Diz que é preciso prevenir as doenças, orientar e cuidar da população na atenção primária, pois dessa forma teremos pessoas mais saudáveis, com melhor qualidade de vida e com menos complicações de saúde – o que, como consequência, haverá redução das filas na atenção secundária e terciária, nos hospitais de alta complexidade. Paralelamente, Marco Antônio propõe o aumento do número de vagas e leitos na região. “A população está envelhecendo e o SUS tem cada vez mais usuários. Nesse ponto, o ABC está à frente de muitas regiões do País, com a abertura recente do Hospital de Clínicas de São Bernardo e as negociações para o futuro hospital regional de São Caetano, por exemplo”, projeta.

Com o orçamento previsto em R$ 1,5 bilhão para este ano, sendo R$ 16,6 milhões destinados para a própria mantenedora, outro objetivo do presidente da Fundação é estar presente nas sete cidades. Hoje a Fundação do ABC só não atua em Diadema. Desde o início do mandato do antecessor, Mauricio Mindrisz, a FUABC busca estreitar a relação com o município e estabelecer cooperação em saúde. “Até o momento não conseguimos formalizar um acordo para esse objetivo, mas as conversas continuam e certamente buscaremos contribuir e qualificar a saúde de Diadema, da mesma forma que fazemos com os demais municípios do ABC”, afirma. Marco Antônio cita também a possibilidade de ampliar a atuação da Fundação ABC. Um dos diálogos mais avençados é para gerir o novo Hospital São Caetano. A Fundação do ABC é parceira de São Caetano e já administra o Complexo Hospitalar da cidade, que inclui o Hospital São Caetano. As relações com o governo do Estado e Federal também são excelentes, visto as parcerias bem-sucedidas nos AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades), no Hospital Mário Covas e nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). “Dessa forma, tenho certeza de que

FUABC em números 15 hospitais, 3 ambulatórios médicos de especialidades 2 prontos-socorros 1 faculdade 1 central de convênios 40 planos administrados e UPAs R$ 1,5 bilhão de orçamento em 2014 15 mil funcionários 27


Saúde

Março / 2014

Mulheres madrugam para mamografia

Hélida chegou cedo na fila

Elza teve de esperar duas horas

Alaíde soube da carreta pela internet

Laide fez exame há dois anos

Rosimeire reclamou do atendimento

O

diagnóstico do câncer de mama ficou mais acessível para as mulheres em Diadema e Santo André neste começo do ano. Ambas as cidades foram contempladas com o Programa Mulheres de Peito, do governo estadual, que estacionou carreta móvel para realização gratuita de exames de mamografia digital e ultrassonografia. Diadema foi a segunda do Estado (primeiro foi a Capital) a entrar para o programa e o efetuou em fevereiro perto de mil exames. Santo André começou dia 21 também de fevereiro e até abril deve carreta efetuar quase 2 mil mamografias. O exame é realizado durante a semana das 9h às 20h e no sábado das 9 às 13h. Todos os dias, às 8h, são liberadas 50 senhas, mas para conseguir uma vaga é preciso chegar bem cedo. Aos sábados são distribuidas apenas 25 senhas. É o caso da dona de casa Hélida Aparecida Gruman, de 60 anos, que chegou à carreta às 5h da manhã, na praça do Carmo, em Santo André, para conseguir uma senha. Hélida soube do programa no dia anterior ao exame e quis chegar cedo para garantir atendimento. “Me falaram que tinha muita gente indo atrás do exame aí eu vim cedinho pra conseguir. E eu não fui a única que pensei assim, porque quando cheguei duas mulheres já estavam na fila”, conta. A aposentada Elza da Silva Santos diz que acordou cedo e ficou mais de duas horas na entrada da carreta à espera de atendimento. Elza conta que compareceu anteriormente mas, como chegou tarde, não conseguiu vaga. Dessa vez, para não perdeu tempo. “Cheguei aqui às 9h na semana passada e não consegui. Resolvi chegar bem cedinho hoje para conseguir (fazer o exame)”, diz. A demora para fazer exames na rede normal do SUS (Sistema Único de Saúde) levou a feirante Alaíde Maria Vilanova, 68 anos, a procurar o serviço móvel. Segundo Alaíde, o processo pelo SUS pode demorar mais de seis meses. “Cheguei aqui às 7h, mas valeu a pena, porque pelo posto de saúde, demora demais. Fiquei mais de três anos sem atendimento, e quando li sobre a carreta na internet resolvi correr”, afirma. A demora no SUS também motivou a aposentada Laíde Maria Custodini Silva recorrer ao equipamento. Na saída do exame, que obrigou mais de uma hora na fila, Laíde conta que já havia pedido para fazer o exame pelo sistema público no início de dezembro, porém ainda não não foi chamada. “Pelo SUS eu já pedi há mais de três meses para fazer a mamografia e nada. Já fazia mais de dois anos que eu não fazia o exame e pelo jeito ia ficar mais um bom tempo”, reclama a aposentada. Faltou senha - Rosimeire Aparecida Velho reclamou do número limitado de 50 atendimentos diários. Conta que compareceu três vezes e não conseguiu senha. “É muita gente para uma carreta só. Eu só consegui porque cheguei cedinho, mas nas outras vezes eu fiquei na fila por um bom tempo e não consegui. Hoje mesmo umas 15 mulheres foram embora sem conseguir vaga, o que é chato, porque elas podiam precisar como eu precisei”, diz. Santo André é a primeira cidade do Estado que ficará dois meses com a carreta móvel. No dia 20 de março, o equipamento de saúde sai da praça do Carmo, no Centro, para permanecer no bairro de Utinga, até o dia 17 de abril.

Carreta marca presença em Santo André e Diadema

Objetivo é rastreamento contínuo do câncer de mama

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O objetivo do programa Mulheres de Peito é incentivar as mulheres paulistas com idades entre 50 e 69 anos a realizarem exames preventivos de mamografia a cada dois anos na rede pública e, com isso, promover um rastreamento contínuo e organizado da doença. A expectativa é a detecção precoce de tumores malignos inclusive em fases em que a mulher não apresenta nenhum sintoma. Além do público-alvo – mulher entre 50 e 69 anos -, o serviço também pode ser utilizado por mulheres entre 35 e 49 anos, mediante apresentação do pedido médico, emitido pela rede pública ou particular. No interior da carreta, as mulheres fazem os exames de mamografia digital de segunda a sexta-feira, das 9h às 20h, e aos sábados, das 9h às 13h. Por dia, sempre às 8h, são distribuídas 50 senhas – número que cai para 25 aos sábados. Cada procedimento leva, em média, de 15 a 20 minutos para conclusão. O resultado do exame sai em 48 horas, com retirada no mesmo local. As unidades móveis são formadas por técnicos em radiologia e enfermagem, funcionários administrativos e um médico ultrassonografista. Levantamento realizado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), aponta que 52% dos pacientes do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) são do sexo feminino. Dessas mulheres, 28% (quase uma a cada três) têm diagnóstico de câncer de mama, Em 2012, mais de 520 mil mulheres morreram vítimas da doença, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em São Paulo, foram cerca de 16 mil mulheres.


Cinema

Março / 2014

A

s salas de cinema de todo o mundo vão respirar verde e amarelo nas próximas semanas. No ano em que o Brasil será o centro das atenções por causa da Copa do Mundo, a animação Rio 2 chega nas telonas carregada de referências à cultura brasileira, mais ainda do que no primeiro filme da série. Nesta sequência, dirigida mais uma vez pelo carioca Carlos Saldanha, as araras Blu e Jade têm um casal de filhos. A fêmea, assim como o pai, tem medo de voar. Com medo de que as crianças não aprendam a viver como pássaros de verdade, a família embarca para a Floresta Amazônica, onde encontra animais de diversas espécies. A versão original do filme conta novamente com as vozes de Anne Hathaway, Jesse Eisenberg, Bruno Mars e Will.i.am. Capitão América Estreia em abril a sequência Capitão América 2 – O soldado invernal. O filme se passa dois anos após os eventos mostrados em Os Vingadores. Steve Rogers (Chris Evans), em parceria com Natasha Romanoff (Scarlett Johansson),

Rio 2

Filme leva Brasil aos cinemas Sequência da animação, Rio 2 faz novas referências à biodiversidade e cultura brasileiras

tenta derrotar um misterioso inimigo na cidade de Washington. A personagem de Scarlett Johansson também é conhecida como a Viúva Negra. Noé é superprodução Russel Crowe faz o papel de um dos mais emblemáticos personagens da Bíblia, no filme Noé. A superprodução que

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estreia em abril conta a história do dilúvio, que segundo as Escrituras foi provocado por Deus por causa da perversidade e pecados dos homens. Noé recebe a missão de construir uma arca e colocar nela um casal de cada espécie de animal existente na natureza, com o objetivo de salvar os bichos da inundação que tomaria conta do planeta.


Esporte

Março/2014

Goleiro durante a fase áurea do Azulão, Silvio Luiz quer voltar a jogar

Silvio Luiz quer voltar ao A zulão A

série de entrevistas Feras no ABC, publicada semanalmente pelo RD, traz um ídolo do São Caetano. Goleiro titular na melhor época da história do Azulão, Silvio Luiz conta detalhes de sua carreira, marcada por momentos de alegria como o vice-campeonato da Taça Libertadores -, e também de tristeza, como o acidente que sofreu em 2008 que quase tirou sua vida. O ex-arqueiro já teve passagens pelo Vasco, Corinthians e até a Seleção Brasileira. Agora, Silvio Luiz quer engrenar sua carreira como preparador de goleiros e garante que tem o sonho de voltar a atuar no Azulão. A entrevista está disponível na íntegra no RDTV no site www.reporterdiario.com.br.

lão e a partir daí só foi sucesso e alegria, até 2005. RD: Este momento é considerado por muitos o melhor na sua carreira, que coincide também com uma fase de ouro da história do São Caetano. O que representa essa passagem no clube para você? Silvio Luiz: Chegamos com o propósito de conquistar o topo, que era a série A1 do Campeonato Paulista e a Série A do Brasileiro. Aos poucos chegamos aos nossos objetivos. Depois conquistamos vice-campeonatos, títulos e até vaga na Seleção Brasileira como foi meu caso. Um projeto muito bacana que gerou coisas boas ao São Caetano. RD: Além da Seleção, você teve passagens por Corinthians e Vasco. Você considera que foram passagens importantes na sua carreira, apesar de não ter conseguido o sucesso que imaginava nestes clubes? Silvio Luiz: Quando eu negociei com o Corinthians, eu desejava ficar no São Caetano. Mas foi um negócio bom para o clube, e gerou muita verba. Não fui feliz na minha passagem por lá. No Vasco fui até bem, mas são apostas que podem ou não dar certo. Mas estou feliz com a minha carreira, e de marcar meu nome na história do São Caetano. RD: Após esse brilhante momento, você sofreu o acidente em 2008 e chegou a ficar três meses em coma. Isso foi o que atrapalhou sua carreira? Silvio Luiz: Verdade. Estava com 29 anos, tinha acertado com o Boa Vista e em um momento bom na carreira. Mas são lições de vida, a gente pensa que só acontece com as outras pessoas, mas aconteceu comigo. Agradeço por estar vivo, pois muitos sofrem acidente e ficam com sequelas sérias. Mas tive apenas que recuperar o ombro, um ano e meio de recuperação e consegui voltar. Alguns médicos falavam que não voltaria, mas provei que ainda era possível e consegui. RD: Você parou no São Gonçalo em 2012. Como foi para você encerrar a carreira? Silvio Luiz: Na verdade eles que param com a gente. No momento em que não recebemos convites de clubes tradicionais começa encher o saco. É melhor parar do que ir para clubes que não tem condições nenhuma para jogar. RD: Você fez um trabalho de preparador de goleiros no Búzios, do Rio de Janeiro. Como que está a preparação para essa nova etapa da carreira, atuando em uma nova área dentro do futebol? Silvio Luiz: No Búzios fiz um trabalho com o Ronaldo, irmão do Romário, que foi meu companheiro de clube. Fiquei até surpreso pelo trabalho que foi feito, pois não é a mesma coisa você jogar e comandar. Agora no São Caetano vou fazer um estágio, e me aprimorar e aprender mais na profissão. Espero que mais para frente possa ter o mesmo sucesso que tive como jogador. RD: A vontade é exercer essa profissão no São Caetano? Silvio Luiz: Não tenho nem o que dizer. Fiz muitos amigos aqui. Agora que retornei a São Caetano fui muito bem recebido. Quem decide é Deus, o importante é que estou nesse estágio, e que será importante para a minha carreira.

RD: Apesar de ser carioca, você começou no Mirassol, time do interior paulista. Como foi o início de carreira? Silvio Luiz: Fiz toda minha base no Flamengo, depois fui para o São Carlense. No ano seguinte, fui para o Mirassol, já com empresários. A passagem foi curta, pois meu trabalho interessou ao São Caetano. Em 1998, me apresentei no Azu-

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