Ano 8. Nº 7. ABC, sexta-feira, 7 de junho de 2013. www.reporterdiario.com.br
Educação inclusiva precisa avançar
UFABC em Mauá sai em 2016 Medicina pode ter reforço de fora Senai lança mestrado em São Caetano
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Editorial
E agora ? A educação no ABC vive momentos importantes, com forte movimentação para reduzir ao máximo as filas de espera nas creches, a melhoria da qualidade no ensino fundamental e, também, os preparativos para cumprir as exigências do PNE, o Plano Nacional de Educação, revolucionárias e pra lá de necessárias. A Conferência Estadual de Educação, prevista para setembro, toma hoje grande atenção dos gestores da área. Não é para menos. É a etapa preparatória para a Conae, a conferência nacional, em 2014, espécie de primeiro degrau para atender o PNE. No Ciclo de Palestras RD Educação, feito em 2011, os secretários municipais do ABC disseram que a região estava bem adiantada em relação às metas do Plano. Até cogitaram um plano regional. Mas a área de educação, assim como outras igualmente importantes, são dinâmicas em todos os aspectos e requerem jogo de cintura e rapidez na solução. Em meio à miscelânea de problemas no setor, hoje a bola da vez são os filhos dos usuários de drogas, principalmente do crack, praga que corrói famílias e leva o viciado ao fundo do poço. Como atender a este novo grupo de estudantes, repleto de anomalias, é o desafio. É um baita problema num setor que ainda nem fez ainda todas as lições sobre inclusão do aluno com necessidades especiais na rede de ensino regular. Que venham boas ideias e disposição entre os gestores de educação, área já bastante atrasada para governos que falam em desenvolvimento sustentável. Rua Álvares de Azevedo, 210 Centro – Santo André Tels.: 4427-7800 / 4436-3965 www.reporterdiario.com.br Jornalistas responsáveis: Airton Resende e Maria do Socorro Diogo Textos: Cintia Alves, Clébio Cavagnolle, Iara Voros e Maria do Socorro Diogo Diagramação: Flória Napoli - Projeto gráfico: Rubens Justo Fotos: Rodrigo Lima, Roberto Mourão e divulgação Capa: João Vitor Ribeiro Silva Comercial: Claudia Polimeni Suporte operacional: Pedro Diogo Tecnologia: André Resende
Tiragem auditada por:
Sexta-feira, 7 de junho de 2013
UFABC em Mauá e cursos de Artes e Tecnologia vão demorar C
om promessa de expandir seu projeto pedagógico para toda a região, a Universidade Federal do ABC (UFABC) projeta o início das obras do campus Mauá para 2016. De acordo com o reitor Helio Waldman, escolhido para comandar a entidade até fevereiro de 2014, o Paço mauaense, chefiado pelo petista Donisete Braga, já indicou um terreno na região do Parque São Vicente para a construção do terceiro polo da instituição – que já conta com unidades em Santo André e São Bernardo. Pertencente à Previdência Social, o terreno foi avaliado inicialmente em R$ 42 milhões. “Já promovemos um estudo ambiental que apontou restrições que vamos respeitar, além de uma parte do terreno sobre a qual passa uma linha de alta tensão, onde não poderemos construir”, afirma o reitor. A ideia é que a Caixa Econômica Federal avalie novamente o valor da área, para que o Ministério da Educação autorize a compra. Segundo Waldman, a UFABC ainda pretende instituir o curso de Ciências Biológicas no campus Mauá, na intenção de contribuir com o estudo e a preservação ambiental do local. Outra novidade esperada para o campus Mauá é a expansão dos cursos oferecidos pela UFABC, com a criação de um bacharelado interdisciplinar focado em Artes e
Campus Santo André ganhou novo bloco Tecnologia. “Esse será o terceiro bacharelado da universidade, que será desmembrado em cursos de especialidades”, destacou Waldman. A instituição, que possui bacharelados em Ciência e Tecnologia e Ciências e Humanidades, ainda discute o leque de graduações que poderão surtir desse novo bacharelado. “O uso será voltado para novas mídias, com foco na Internet, por isso o viés é voltado para a Tecnologia”, adianta o reitor.
Campus São Bernardo surgiu em 2007
Expansão em Santo André e São Bernardo termina em 2015
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tão esperada conclusão das obras de expansão nos campi Santo André e São Bernardo, de acordo com o reitor da UFABC, Hélio Waldman, está projetada para 2015. Segundo o dirigente, o projeto inicial da Universidade não previa áreas para laboratórios didáticos e de pesquisa. “Era um projeto arquitetônico muito bom, mas muito genérico para uma universidade fortemente voltada para a área de Ciência e Tecnologia”, comenta. “Por isso, tivemos que fazer duas coisas: construir mais laboratórios em Santo André e transferir três dos oito cursos de Engenharia para o campus São Bernardo”, completa. A unidade andreense já conta com um bloco novo, não previsto no projeto original, além de obras em terreno também adquirido na Avenida dos Estados, onde será construído um anexo para suprir a necessidade de laboratórios de Engenharia e da administração. “Após a
construção desse prédio será possível desativar o setor administrativo alugado na Rua Catequese [bairro Jardim]”, afirma. O reitor ainda projeta, para o final de 2014, a conclusão do Centro Cultural. Com isso, será possível acoplar algumas pró-reitorias no mesmo ambiente, pois hoje elas estão situadas em bibliotecas. As obras do Centro Esportivo, entretanto, ficam para o ano seguinte. A criação do campus da UFABC em São Bernardo teve início em 2007, com a aquisição de um terreno na marginal esquerda da via Anchieta. O funcionamento pleno dos blocos Delta (salas de professores), Gama (refeitório), Beta (auditórios) e Alfa 2 está previsto para o final deste ano. “O Omega e outros blocos ficarão para 2014, quando tudo o que foi projetado inicialmente estará pronto”, diz o reitor. Para terminar tudo que foi planejado, incluindo as obras de expansão, são necessários mais R$ 300 milhões. “Até
agora, nós gastamos [com as construções dos polos em São André e São Bernardo] algo parecido”, afirma Waldman. Escola preparatória Na avaliação do reitor Hélio Waldman, a mudança de gestores municipais no ABC é propícia para a formação de novas parcerias entre a UFABC e as sete cidades. Entre os projetos já discutidos, o dirigente destaca a Escola Preparatória, atividade da Pró-reitoria de Extensão focada em alunos do ensino médio de toda a região. Em Mauá, a parceria fechada entre a federal e o prefeito Donisete Braga vai oferecer cursinho pré-vestibular gratuito a 160 jovens, a partir de julho. A prioridade são alunos oriundos da rede pública de ensino. A projeção do prefeito é dobrar o número de vagas em 2014. A exemplo de Donisete, o chefe do Paço andreense, Carlos Grana (PT), articula parceria nos mesmos moldes.
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É
Filhos do crack desafiam educação
aentre os preparativos para a Conferência Estadual de Educação, que acontece em setembro, no Interior do Estado (local a ser definido) e as novas demandas que surgem a todo o momento na área, como o atendimento aos filhos de usuários de crack, que o novo Grupo de Trabalho Educação, do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, dá os primeiros passos no estabelecimento de políticas e diretrizes conjuntas de educação. Hoje uma das preocupações é elencar os encaminhamentos para a conferência, como determinar os delegados que representarão as cidades na etapa estadual. Cada cidade agendou ou já realizou sua conferência, com envolvimento de todos os atores da educação, como profissionais do ensino público e privado, pais, estudantes, gestores, conselhos municipais e outros agentes. O objetivo é debater e levantar as necessidades do sistema de ensino das redes pública (municipal e estadual) e particular desde a educação básica (infantil, ensino fundamental I e II e ensino médio) até a superior e a profissional. Os temas abordados nos encontros locais serão levados à Conferência Estadual e, posteriormente, à Conferência Nacional de Educação, a Conae, marcada para 17 a 21 de fevereiro, em Brasília. A
Ana Lucia aposta nas conferências locais, como a de Mauá, preparatória à estadual Conae 2014 vai repensar o novo e revolucionário Plano Nacional de Educação (PNE), previsto para os próximos 10 anos. Por isso, o tema central da conferência será “O PNE na articulação do Sistema Nacional de Educação: Participação Popular, Cooperação Federativa e Regime de Colaboração”. Apesar da pauta para a etapa estadual ainda não estar totalmente fechada, alguns eixos já
são conhecidos. “Diversidade, qualidade, sustentabilidade, financiamento e valorização dos profissionais”, enumera Ana Lucia Sanches, coordenadora do GT, também secretária adjunta de Educação de Santo André. Integral Ana Lucia afirma que aos eternos desafios,
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como equacionar a questão da falta de vagas nas creches e melhorar a qualidade no ensino fundamental, se somaram novas demandas, como a caminhada para educação integral, via programa federal Mais Educação, preparatório para o atendimento ao PNE. Santo André e Mauá estão em processo de montagem para inserção no sistema, enquanto São Bernardo e Diadema já são atuantes. Optativo, o programa oferece às redes de ensino municipais atividades em vários macrocampos até a quinta série do ensino fundamental. Santo André optou por letramento de matemática, educação ambiental, esporte/lazer e cultura. “É um bom ensaio para o PNE”, acredita a adjuda de Santo André, que anuncia 16 novas creches até 2015, para zerar a fila, hoje de 1.959 crianças. Mas é no atendimento aos filhos de usuários de drogas, principalmente do crack, o mais novo desafio da educação. “Como atendermos estes novos alunos, que chegam cegos e sofrem de diversos efeitos da droga?”, questiona a coordenadora do Consórcio. Ana Lucia afirma que o problema tornou mais complicada a educação especial para qualquer município. “Precisamos discutir o papel do Estado no compartilhamento no âmbito também da educação”, diz.
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Importação de médicos gera polêmica A
possível importação de médicos estrangeiros, anunciada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em maio, colocou em alerta profissionais e estudantes de Medicina em todo o País. De um lado da trincheira, a demanda, não atendida de maneira satisfatória nas regiões carentes e distantes dos grandes centros urbanos, onde a população quer e precisa de atendimento. Do outro lado, a necessidade de ampliar o acesso ao curso, que entre formação básica, residência e especialização, pode levar mais de 10 anos para formar o profissional. Nenhum dos lados, em especial quem precisa passar por consultas ou realizar procedimentos, questiona a necessidade de médicos. Mas, as opiniões são controversas quando se fala em receber profissionais do Exterior, sob a principal alegação de não se conhecer a qualidade da formação da categoria. Segundo o coordenador do Grupo de Trabalho Saúde, do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Arthur Chioro, existem grandes dificuldades para distribuição dos profissionais, em especial nas especialidades de clínica geral e pediatria em todo o ABC. “Temos problemas concretos para fixar médicos, particularmente em UPA (Unidade
Chioro: temporário
Clínicos gerais e pediatras são mais escassos no ABC de Pronto Atendimento) e Programa Saúde da Família. Por isso, a possibilidade da vinda de médicos de outros países pode nos ajudar a reduzir o déficit”, acredita. O foco, segundo o ministério, está nos espanhóis e portugueses, mas médicos da Inglaterra, Austrália, Canadá e até de Cuba não estão descartados. “É claro
Akerman: qualidade
que para essa demanda, não defendemos a vinda de qualquer um. Não somos irresponsáveis. Nossa posição é clara. Eles têm de passar pela revalidação”, avalia Chioro ao se referir à prova que avalia a qualificação dos profissionais. Para Chioro, a solução seria emergencial e por tempo determinado, enquanto ocorre a
capacitação de novos médicos. “Acreditamos nisso como saída, enquanto outras estratégias vão ganhando corpo. O problema é que o processo de formação do médico é demorado, são pelo menos seis anos, além da residência. A ideia, então, é que esses profissionais estrangeiros passem um período específico no Brasil, talvez de 6 a 10 anos, tempo necessário para formação de novos profissionais. Eles, então, seriam direcionados para atendimento nas áreas periféricas, onde está nossa maior defasagem”, explica. Chioro prevê que a região ainda encontrará dificuldades, enquanto não se define como suprir a demanda, por conta da ampliação das UPAs ou unidades básicas de saúde (UBSs) nas cidades. “Justamente por isso, São Bernardo planeja montar outra faculdade de medicina e a meta é que isso aconteça já em 2014”, ressalta. Revalida Padilha disse em diversas entrevistas que o Brasil não vai adotar a validação automática de diplomas. Para Marco Akerman, vicediretor da Faculdade de Medicina do ABC e professor de Saúde Coletiva, a formação é justamente o ponto chave do problema. “A prova de revalidação, o Revalida, tem taxa
DIÁRIO 5 15 de outubroREPÓRTER de 2010
Sexta-feira, 7 de junho de 2013 2 baixa de aprovação, cerca de 10%. Nem se sabe quantos dos profissionais brasileiros seriam aprovados”, explica Akerman, que admite existir o lado positivo da vinda de profissionais de fora. “Além de suprir a demanda, teríamos profissionais bem formados, de boas faculdades”, diz. O abatimento no Financiamento Estudantil, recurso do ministério, no qual o estudante paga o curso depois de formado, é outro modo de atrair profissionais para o setor público e para as áreas de maior demanda, segundo o médico e professor. “É uma forma de atraí-los, até porque essa profissão é peculiar, já que o formando entra na carreira ganhando cerca de R$ 10 mil”, destaca. Akerman acredita que o pano de fundo dessa discussão toda é despertar os médicos. “Parece ser um cabo de guerra para que a classe se mobilize diante dessa questão. Está em pauta a necessidade de profundas mudanças no setor. Dois pontos poderiam mudar essa situação: um plano de carreira na área pública, de modo que os médicos, assim como os juízes, por exemplo, possam ter um plano de carreira, seria interessante. Outra questão seria um tempo mínimo de atuação clínica básica, antes da especialização, como ocorre em outros países”, finaliza.
APM diz que falta lógica
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lice Lang Simões, presidente da APM (Associação Paulista de Medicina), Regional Santo André, critica a possível importação de médicos e afirma que a ação é um “contrassenso”. “O governo precisa investir mais na qualidade dos cursos no Brasil, através de uma fiscalização no Ministério da Educação, valorização e respeito aos profissionais que estão no mercado. Há uma verdadeira incompetência para mudar a estrutura do sistema de saúde. O governo precisa enxergar que destina poucos recursos para a área”, avalia a presidente da APM Santo André, que abrange, ainda, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Alice cita dados da Demografia Médica no Brasil, referentes a 2011 para explicar os gastos globais de saúde, distribuídos 45% para o setor público, que atende três quartos da população, e 55% para o setor privado, responsável pelo atendimento de um quarto da população. “É o próprio governo fomentando as desigualdades. O Brasil investe no setor público apenas 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto a média internacional fica em 5,5%, segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde”, destaca.
uma injustiça. Outros são celeNo ABC, Alice diz que até tistas e chegam a ganhar o existem médicos suficientes, dobro ou mais do que os estatuentretanto, eles estão no tários. Em São Bernardo, há um setor privado. “Apesar disso, adicional de salário, que não é também são mal remuneraincorporado, e o profissional só dos, porém, as condições de ganha se não tiver falta e depentrabalho são pouco melhodendo da produtividade. Ele res. Na verdade, o serviço tem que dar o sangue para público remunera mal, não ganhar um pouco mais e chega tem plano de carreira, nem a trabalhar doente para não ter condições de trabalho, como exames complementares em Alice Simões critica medida o ganho mensal prejudicado. Também há o chamado PJ (pestempo hábil, avaliação espesoa jurídica), o médico entra como autônocializada complementar e até vagas para mo, sem vínculo empregatício, e consegue internação. Existe carência de médicos espeganhar muito mais do que os demais. Esta cializados. Quando é dada uma guia de modalidade é muito utilizada para os serviencaminhamento para qualquer especialidaços de emergência, uma forma de atrair de, isso vai para uma central de vagas agenplantonistas”, relata. dar e a espera é muito longa. Nas periferias Sobre a valorização da categoria, a APM tem das cidades existem poucos médicos. A visão definida sobre o tema: modalidade igual de infraestrutura de trabalho é precária. No contratação para todos os médicos, com mesmo Programa Saúde da Família, o profissional salário, porém dentro de plano de progressão por assume a responsabilidade do paciente sozitempo e dedicação ao trabalho. A opinião é comnho. É para o médico que está na linha de partilhada por Marco Akerman, vice-diretor da frente que a população reclama, ele cansa e Faculdade de Medicina do ABC. “É preciso investir desiste”, explica. mais na formação dentro do segmento, em espeAposentadoria - Para a APM, os salários cial no atendimento especializado para o acompatambém são problemáticos. Há várias modalinhamento de pacientes crônicos. Precisamos de dades de vínculo trabalhista. Os estatutários, equipes multiprofissionais nas unidades de saúde. concursados, ganham o pior salário, só não Não dá mais para o atendimento ser centralizado saem porque não querem perder o tempo no médico”, comenta Alice. trabalhado e esperam pela aposentadoria. “É
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Inscrições para Sisu abrem dia 10 de junho A
segunda edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) de 2013 vai oferecer 39.724 vagas em 1.179 cursos de 54 instituições de ensino superior. No segundo semestre de 2012, foram oferecidas 30.548 vagas, disponíveis em 56 instituições de ensino superior. O Sisu é o sistema informatizado do Ministério da Educação no qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições para a segunda edição do ano do Sisu estarão abertas no período de 10 a 14 de junho. Os alunos poderão se inscrever no portal do Sisu - www.sisu.mec.gov.br - até as 23h59 de 14 de junho. Podem se inscrever os estudantes que tenham participado do Enem 2012
e não tenham tirado zero na redação. Por meio do Sisu, o estudante concorre a vagas em cursos de graduação em universidades e institutos federais de ensino superior. A nota do Enem, cujas provas acontecem dias 26 e 27 de outubro, em todos os Estados e no Distrito Federal, pode ser usada para classificação no Sisu e também para concorrer a vagas em instituições privadas de ensino superior, por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni). Uma boa avaliação no Enem é também requisito para obter bolsa no Programa Ciência sem Fronteiras e para receber o benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). O exame é usado ainda para certificação do ensino médio de estudantes maiores de 18 anos que não têm o documento.
Vestibular de inverno termina no ABC
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uem vai prestar vestibular para ingressar em alguma faculdade do ABC no segundo semestre é bom correr. Poucas instituições mantêm inscrições abertas. Uma delas é a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), que aceita candidatos até 26 de junho. Entre as novidades, a instituição oferece dois cursos de graduação tecnológica no período matutino, de Gestão Empresarial e Recursos Humanos. Segundo Marcos Antônio Biffi, pró-reitor de Graduação, a inserção de cursos tecnológicos na grade matutina foi resultado da análise de universidades de São Paulo. "Escolhemos estes dois cursos de gestão por haver uma demanda maior de candidatos entre 25 e 40 anos que, muitas vezes, já possuem o próprio negócio e buscam dinamizar o conhecimento prático", explica. A USCS oferece 28 cursos, nas áreas de negócios, educação, direito, computação, saúde e tecnologia, que correspondem a graduações bachareladas e tecnológicas, e licenciaturas. Este ano, o candidato pode utilizar o ENEM na avaliação.
Cronograma do Sisu: 10/6 a 14/6 - Período de inscrições 17/6 - Resultado da 1ª chamada 21/6 a 25/6 - Matrícula da 1ª chamada 01/7 - Resultado da 2ª chamada 01/7 a 12/7 - Prazo para participar da Lista de Espera 05/7 a 09/7 - Matrícula da 2ª chamada 17/7 - Início convocação dos candidatos em lista de espera
Universidade Federal Fluminense é uma das instituições com oferta de vagas para o Sisu
Principais têm calendário unificado A Fuvest, Comvest e a Vunesp criaram este ano calendário unificado dos processos seletivos para as vagas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com a medida, os candidatos terão oportunidade de participar de todas as provas destas e outras instituições paulistas. O calendário foi planejado para que os vestibulares também não coincidam com as provas do Enem, nos dias 26 e 27 de outubro.
USCS inscreve até dia 26 para 28 cursos Informações pelo site http://www.uscs.edu.br/ A Escola Superior de Administração e Gestão (ESAGS) inscreve candidatos até o dia 22, para graduações em Administração e Economia – ambas com Certificação de Qualidade da Fundação Getúlio Vargas -, e Ciências Contábeis. São 550 vagas distribuídas nas unidades Santos e Santo André. As provas serão dia 23. Informações pelo site www.vestibularesags.com.br A ESAGS concede desconto de até 50% durante todo o curso para quem tiver nota igual ou superior a 70 pontos no exame ou na última avaliação do Enem.
Fuvest Inscrições: de 23/8 a 9/9. Exame da primeira fase: 24/11 Exames da segunda fase: de 5 a 7/01/2014. Primeira chamada: 1°/02/2014 Unesp Inscrições: de 16/9 a 11/10 Exame da primeira fase: 17/11 Exames da segunda fase: 15 e 16/12 Primeira chamada: 27/01/2014 Unicamp Inscrições: de 19/8 a 13/9 Exame da primeira fase: 10/11 Exames da segunda fase: de 12 a 14/01/2014 Prova habilidades específicas: 20 a 23/01/ 2014 Primeira chamada: 3 de fevereiro de 2014
Unifesp Inscrições: de 23/9 a 25/10 Provas fase única: 12 e 13/12 Primeira chamada: 29/01/2014 ITA Inscrições: 1º/8 a 15/9 Exame de fase única: de 10 a 13/12 Primeira chamada: 27/12 PUC-SP Inscrições: de 14/10 a 13/11 Exame de fase única: 1°/12 Primeira chamada: 19/12/2013 PUC-Campinas Inscrições: data ainda não definida Exame de fase única: 29 e 30/11 Primeira chamada: 13/12
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Senai lança mestrado no ABC O
Senai (Serviço Nacional de Ferramentaria em atendimento à Aprendizagem Industrial) se demanda prevista pelo programa fedprepara para lançar novos cursos no eral Inovar-Auto, que concede incenABC, um deles o Mestrado Profissional tivos à produção nacional. “O profisde Manufatura Digital, novidade em sional desta área sofreu forte desvalotodo o Estado e que será ministrado rização nos últimos anos e, com esse na nova unidade de São Caetano, preprograma não tivemos como não alavista para 2014. No segundo semestre vancar a formação desta e outras ainda deste ano, a Escola Senai áreas atreladas”, afirma Souza, que Almirante Tamandaré, em São tem projeto em conjunto com as Bernardo, dará início ao curso Técnico unidades São Caetano, Santo André, em Qualidade; e também a Escola Diadema e São Bernardo para elevar Senai A. Jacob Lafer, em Santo André, o nível do curso. passará a oferecer curso Aprendizagem Paralelamente à inserção do novo em Manutenção Mecânica. curso, Aprendizagem em O curso de mestrado será implantado Manutenção Mecânica, caminha a Laboratório é de curso de eletrônica, em São Caetano inicialmente em São Caetano. De acordo ampliação e modernização do Senai com José Heroíno de Souza, diretor do Senai A. Jacob Lafer, na avenida Santos Dumont, RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), Almirante Tamandaré, as empresas estão com em Santo André, que recebeu R$ 10 milque apontaram a existência de 4 mil profisritmo intenso e exigem colocação de mais hões para a obra prevista para 2015. No sionais atuantes na área qualidade no ABC, profissionais qualificados. “A área de projetos é ano passado, a unidade foi alvo de investicom projeção de aumento no quadro de muito carente no Brasil e os engenheiros e mentos na ordem R$ 4,5 milhões destinagestão das empresas. “Nosso investimento tecnólogos interessados em ingressar no curso dos à substituição de equipamentos e para inserirmos o curso foi apenas com a com certeza serão bem colocados no mercado maquinários, concluída no começo do ano. contratação de seis profissionais na unidade”, de manufatura, pois nos espelhamos em O Senai, que possui 74 mil alunos diz. O novo curso será inaugurado dia 22 de exemplos internacionais”, afirma. matriculados no ABC, firmou parceria com julho, com 64 vagas, divididas entre tarde e Em São Bernardo, o Senai se baseou em a francesa Dassault Systems para desennoite e já preenchidas. pesquisas realizadas pelo Caged (Cadastro volver sistemas de alta capacidade produOutra novidade é o investimento de R$ Geral de Empregados e Desempregados) e a tiva para uso do estudantes. 12 milhões para reestruturar o curso de
Prédio de 3,5 mil m2 é na S.Vergueiro
São Bernardo ganha unidade Senac em 2014
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om inauguração prevista para 2014, a futura unidade do Senac, na avenida Senador Vergueiro, São Bernardo, oferecerá cursos técnicos, livres e de extensão universitária. O investimento é de R$ 10 milhões e a expectativa é atender mais de 20 mil pessoas. A unidade terá 3,5 mil m2, com 33 salas de aula, cinco laboratórios de informática, além de laboratório para cursos de farmácia, meio ambiente e enfermagem, hardware, design, cozinha pedagógica, estúdio de rádio e vídeo e biblioteca. Programas de educação voltados para a inclusão social, como aprendizagem, que prepara jovens economicamente desfavorecidos, para inserção no mercado de trabalho, também serão oferecidos para a comunidade .
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Inclusão na escola regular avança pouco A
presença de alunos especiais na escola regular, assegurada pela legislação, é cada vez mais forte. Segundo o Censo Escolar, entre 2008 e 2012, as matrículas de crianças e jovens com algum tipo de necessidade especial nas escolas públicas regulares do ABC atingiram 8.802, crescimento de 33%, enquanto nas escolas especializadas caiu 17% no período, quando foram registradas 2.292 matrículas. No entanto, ainda são muitos os desafios da rede pública para a plena inclusão do aluno especial com os demais da classe, como treinamento de professores e melhores condições de acesso. O pedagogo Nonato Assis de Miranda, gestor do curso de Pedagogia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), ressalta que cabe ao professor criar metodologias para que o aluno possa aprender junto aos demais e desenvolver suas capacidades. “O educador deve ser capacitado para elaborar materiais e atividades para o dia a dia de forma que o aluno aprenda e se sinta sujeito e não apenas objeto do sistema”, diz Miranda, mestre e doutor em Educação. Rosimeire Gilioli, mãe de Mike Gilioli, de 17 anos, conta que pela falta de profissionais capacitados para fornecer um ambiente educacional adaptado para o filho, vítima de politraumatis-
João Vítor estuda em casa com família mo craniano, recebeu ordem médica de afastamento do adolescente da escola por um período de oito meses. “Ele não conseguia acompanhar o ritmo da escola e nem a escola conseguia acompanhar o ritmo dele”, diz Rosimeire, que há quase um mês aguarda retorno de esco-
la estadual em Mauá para o envio de um professor para atender o estudante em casa. João Vitor é outra criança que enfrenta dificuldades. Com síndrome de Down, o menino de 12 anos não está matriculado na escola. Lídio José da Silva, pai de João, conta que o filho concluiu a 4ª série em São Bernardo e, quando se mudou para Santo André, não encontrou escola com cuidadores diários para João Vitor. “As escolas informavam que ia demorar e enquanto eu esperava a vinda de um profissional os coleguinhas de sala é que ajudariam nessa parte. Conversei com outros pais e eles demoraram oito meses para conseguir o benefício, um absurdo”, desabafa o pai, que conta com a ajuda da família para alfabetizar o menino em casa. Segundo o pedagogo, é importante que o aluno seja incluído e não apenas inserido na rede regular, para que se sinta pertencente àquele grupo de estudantes e não apenas assistido. “Quando acontece a inserção é fundamental que a escola seja adaptada para agir com normalidade. Isso é incluir”, ensina. A falta de suporte ao filho autista nas escolas de Santo André obrigou Ana Maria Ribeiro, mãe de Guilherme Ribeiro, 12 anos, a optar pela AMA (Associação de Amigos do
Autista), em São Paulo. “Eles trabalham a independência da criança, porém não substitui a formação regular. Mas não vou levar meu filho na escola pra ficar jogado na sala de aula”, diz a auxiliar de enfermagem. Erminia da Conceição Della Páscoa, diretora pedagógica do colégio O Bosque, afirma que o ideal é realizar uma triagem com equipe médica antes mesmo de inserir o aluno na sala de aula. “O nosso conhecimento sobre a particularidade de cada aluno é fundamental para trabalharmos com mais segurança as atividades e conseguirmos o desenvolvimento progressivo do aluno e da família”, diz.
A lei federal 12.796/2013
garante o atendimento educacional especializado gratuito ao aluno com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino
Pedagogo aponta falta de capacitação
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ados de quatro prefeituras apontam que o ABC possui 2.347 alunos com deficiência ou distúrbios de aprendizagem matriculados. Diadema tem 650, Ribeirão Pires conta com 207, Santo André tem 775 e São Caetano, 715. No âmbito estadual aproximadamente 900 estudantes são atendidos no ABC. Nas quatro cidades – as demais não responderam –, as escolas contam com apoio de professores e monitores itinerantes que auxiliam os alunos em sala de aula, além de orientarem os professores regulares no tratamento adequado ao aluno especial. Em Ribeirão Pires o trabalho é desenvolvido por 17 profissionais, que visitam as 32 escolas da rede e acompanham alunos da creche ao 9º ano, de acordo com a necessidade. Santo André conta com 64 agentes de inclusão escolar (AIEs) que auxiliam na locomoção, alimentação e higiene do aluno especial. Em São Caetano são 50 auxiliares no ensino fundamental e mais 70 estão em fase de contratação. Diadema conta com apoio de professores itinerantes do Centro de Atenção a inclusão Social (CAIS) que vão até as escolas para orientar os professores e fazer o acompanhamento dos alunos. Nonato Assis de Miranda diz que não há dúvidas que há déficit de cuidadores em termos quantitativos, visto que cada aluno tem o direito determinado por lei de um a três cuidadores. No entanto, deve-se levar em consideração que a gravidade das deficiências interfere nos números.
As prefeituras também contam com escolas especializadas. Em Diadema, os alunos são atendidos no CAIS, na EMEE Olga Benário Prestes (deficiência auditiva) ou conveniadas da APAE e da Escola Especial Jesuê Frantz. Santo André atua com o atendimento no contraturno em 10 salas de recursos multifuncionais espalhadas pela cidade, sendo que aos alunos com mobilidade reduzida e transtornos globais de desenvolvimento (TGD) é garantido o transporte escolar. O município conta com 30 professoras do Centro de Atenção ao Desenvolvimento Educacional (CADE) para assessorar os professores da rede. Outro equipamento é o Centro de Atendimento Escolar Multidisciplinar (CAEM) para pais e alunos receberem atendimento das equipes clínicas. Em Mauá, 13 instrutores e 10 professores atuam no Centro Municipal de Educação Inclusiva Cléberson da Silva (CEMEI), na vila Magini, com atendimento em fonoaudiologia, psicologia, fisioterapia e acompanhamento pedagógico. Em São Caetano, os alunos são encaminhados para avaliação e atendimento terapêutico multidisciplinar no CTNEN (Centro de Triagem Neonatal e Estimulação Neurosensorial) e na USCA (Unidade de Saúde da Criança e Adolescente) ou CATAS (Clínica de Atendimento Terapêutico Anne Sullivan), conforme o caso. Há ainda o CECAPE (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação) para treinamento em inclusão.