Revista Ba #16

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por

mariana bertolucci

a força da serra gaúcha Empreendedores do ramo de gastronomia, entretenimento e qualidade de vida contam os segredos da cidade encantada chamada Gramado

M a I /JUN 2016 #16 R$ 10

ANA MARIANO Gratidão e raízes MODA Inverno é a estação mais quente FERNANDA ZAFFARI Novos tempos em Londres




sumário

Desejo e peleia

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Com três intensos anos de muita vida para lá de festejados, com direito a cruzar a América, da agitada e vibrante Nova York ao bucólico e belo Uruguai, por hora encerramos nossas aventuras temáticas por aqui. Na Serra Gaúcha, mais especificamente em Gramado. Onde tudo começou. Pequenina e destemida, a Bá vai devagarinho conquistando seu espaço no coração de cada vez mais leitores, colaboradores e parceiros especiais. Puro desafio, desejo e peleia, como diz o gaúcho. Impossível falar em peleia sem agradecer a aposta de todos os anunciantes no meu trabalho e na nossa revista. A Bá Serra Gaúcha está deliciosa. Começando pela reportagem que traz a trajetória de três marcas que resumem bem as histórias bonitas de trabalho e de sonhos das tantas famílias desta região, que vivem para receber cerca de 6 milhões de visitantes por ano. Com 34 mil habitantes, a cidade sedia 300 eventos anualmente e é um dos polos mais importantes do turismo do Brasil. Pura beleza e gentileza. Que o diga o fotógrafo Silvio Kronbauer, morador da região do Lago São Bernardo, de São Francisco de Paula, e autor do belo registro da capa, com as cores do outono na Serra Gaúcha. Você vai encontrar por estas páginas cantinhos e personagens cheios de charme, simplicidade e aconchego, como é bem comum por aqui. Raul Krebs e Mariana Pesce nos mostram no editorial de moda por que o inverno é a estação mais quente. E a gramadense Carla Leidens marca sua estreia na Bá com dicas superbacanas e com um roteiro especial, que é a cara da criançada. A exemplo da acolhedora Gramado, recebemos com um pelego e muito calor humano o olhar reflexivo e denso de Heloisa Medeiros e seu ensaio Mães de anjo. Embora eu seja de casa, e muito em casa eu me sinta,

A MÁQUINA QUE MOVE GRAMADO

editorial

Trabalho, família e amor

obrigada, Gramado, por me receber assim, sem pre tão bem. Mariana Bertolucci

Foto da capa: Silvio Kronbauer


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84 A Broadway da colônia

Direção

Mariana Bertolucci marianaabertolucci@gmail.com Editora

GRAMADO É UM ESPETÁCULO

PONTO DE ZÉ PEDRO GOULART

Marco Antonio Cam pos fala do ci nema brasileiro

Mariana Bertolucci Arte e diagramação

Auracebio Pereira Revisão

Daniela Damaris Neu Comercial

Denise Dias denisebcdias@gmail.com Fone (51) 9368-4664 Editora do site da Bá

www.revistaba.com.br Letícia Heinzelmann leca_he@hotmail.com Marketing e redes sociais

Astral Consultoria de Marketing por Julia Cappellari Laks julia@astralconsultoria.com

Milão por Henrique Steyer

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O INVERNO É A ESTAÇÃO MAIS QUENTE

ITALIA PURO DESIGN

Colunistas

Aconchego cool

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Ana Mariano Andréa Back André Ghem Carla Leidens Claudia Tajes Cristiane Cavalcante Buntin Cristie Boff Fabiana Fagundes Fernanda Zaffari Fernando Ernesto Corrêa Heloisa Medeiros Henrique Steyer Jaqueline Pegoraro Julia Ramos Ligia Nery Livia Chaves Barcellos Marcelo Bragagnolo Marco Antônio Campos Orestes de Andrade Jr. Silvana Porto Corrêa Veronica Bender Lima Vitor Raskin Vitório Gheno

A revista Bá não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados. Elas são de responsabilidade de seus autores. Todos os direitos reservados.


capa

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A máquina que move Gramado

FOTOS LEONID STRELIAEV

Mariana Bertolucci Esta história começa no início da década de 1970. Um toco de gente, caçula de sete irmãos, Julinho Cavichioni espiava atento o movimento das pessoas em Gramado: “Lembro de o Centro ser um vilarejo onde os colonos se encontravam para descansar suas mulas e voltar ao trabalho”. Naturais de Pelotas e recémformados, Luís Carlos em Medicina e Neusa em Serviço Social, o casal Silveira desembarcou em janeiro de 1972 em Gramado para construir o projeto de suas vidas. Em 1973, Osmindo e Lira Caliari estavam à frente do primeiro café colonial de Gramado, o Bela Vista. Foi ajudando informalmente a mãe, doceira de mão cheia, e o pai que André, Anderson e Dai cresceram. |7


Gringo prodígio

Nascido e criado na Linha Ávila, as brincadeiras de Julinho já exibiam a veia empreendedora: “Lembro de quando chegou a energia, levada pelo teu avô (emancipador e primeiro prefeito da cidade, Walter Bertolucci). Eram aquelas chaves de luz. Eu clicava para cima e para baixo e brincava que tinha uma venda como as do Bazzei no Centro”. A família se mudou para o bairro Piratini e, aos 13 anos, o gringuinho estava na lida, atendendo no armazém em frente de casa. “Somos bairristas desde sempre. Sabe a estrada de Taquara?”. Respondo que sim. “Pois era para sair de Porto Alegre direto em Canela. Quando teu avô soube disso, saiu se movimentando e, no fim, abriram a estrada ao contrário do que era para ser. Houve pessoas-chave na história de Gramado”. Tempos em que ele já vislumbrava um futuro melhor: “Quando você vem de uma família de colonos e vê os pais trabalhando a vida toda, você sai fazendo”. Apesar dos tempos bem distintos, esse é o exemplo que Julio dá aos filhos, Lorenzo e Pablo, que teve com a mulher, Patricia Cavichioni: “Quando você não tem a caça, você vai à caça. Eu fiz coisas com 12, 13 anos, que se eu tivesse a vida que hoje proporciono para os meus filhos talvez não tivesse feito. Porque simplesmente eu não iria acordar para fazer. Se eles chegarem como filhos dos donos, vou estragar os guris”. Apresentados por uma amiga em comum, que como ela também é natural de Santana do Livramento e mora em Gramado, desde 1993, Julio e Patricia dividem a vida, os sonhos e os negócios. A dupla está à frente de três das mais consagradas marcas gastronômicas da região e da Capital: El Fuego, Mamma Mia e Mamma Pasta (este último todo idealizado por ela), além dos Chocolates Caracol. Eles 8|

se casaram em 2011, na Toscana, com os filhos já crescidos e a presença de 60 amigos: “Casamento não deixa de ser um negócio. Não tem livro de receitas, tem regrinhas éticas, mas tem que ter persistência. E como em um negócio, o essencial é amar”, encerra Julinho.

Amor e ideais

Falando em amor, Neusa conheceu Luís Carlos na faculdade, em Pelotas. Idealista, o jovem médico era inconformado com a medicina muito curativa e pouco preventiva. Hoje, falar em qualidade de vida é tão comum como andar para frente. Mas em 1970 nem a palavra estresse existia. “Ele ficava inquieto. Comecei a me interessar e tinha a ver com a minha área. Transformou-se também no meu projeto de vida”, conta Neusa. Eles se casaram, terminaram o curso e se instalaram na Serra Gaúcha. Durante 10 anos, buscaram informações pelo mundo todo, sem a ajuda do Google. O conceito do Kurotel nem existia. Eram clínicas médicas de prevenção. Quando o projeto iniciou de fato, Mariela, a menor das quatro meninas, tinha dois anos. “Ao longo desses 10 anos de concepção do Kur, fomos trabalhando e fazendo filhos” (risos), brinca Neusa. O Dr. Luís Carlos é o criativo da dupla, explica a mulher: “Ele é como artista, não tem a menor noção de administração. Pensei, se não sei fazer o que ele faz, farei o resto e darei suporte. Quando me perguntam, eu brinco: sou auxiliar de serviços gerais”. As quatro filhas trabalham no Kur. As médicas Evelise e Mariela seguiram o pai na área da saúde, e Rochele e Bárbara, a mãe, nas searas da gestão, do marketing e da administração da empresa. Quinto médico a chegar à cidade, responsável por abrir as portas da primeira clínica médica de prevenção do Brasil e spa, o Kurotel, referência na


área médica e empresarial da região, a família Silveira, na figura de Dr. Luís, vira em mexe ouve pelas ruas de Gramado: “O senhor que fez meu parto!”. Histórias que estão no livro A Ciência da Cura: “Até uma plaquinha em alemão tinha no consultório do pai. Sou orgulhosa da nossa história”, conta Rochele.

Do café aos parques

Sentimento que com certeza é compartilhado pela família Caliari, que hoje comanda, além do negócio familiar dos Cafés Coloniais Bela Vista, sob os cuidados da caçula, Dai, a holding Gramado Parks, com cerca de 500 colaboradores. Sob a batuta dos irmãos Anderson e André Caliari, a empresa hoje tem três braços: o parque de neve Snowland, o Gramado Termas Park e os Gramado Termas Resorts. Na época em que o pai arrendou o Café Bela Vista (por sinal, para os Cavichioni), os filhos mais velhos se dedicaram a outras atividades. André trabalhou com consultoria empresarial e Anderson com comércio de couros, Dai ainda estudava. Por volta de 2003, o Bela Vista voltou para o comando dos Caliari e, em seguida, o patriarca delegou tudo aos três filhos. “Assumimos a nova fase do café. Construímos esse prédio novo e tempos depois surgiu a ideia do Snowland”. O impressionante complexo de entretenimento, único nesses moldes na América, foi erguido em um ano e sete meses. Os planos de expansão da Gramado Parks e do Snowland já saíram do papel. O Snow, como é carinhosamente chamado, recebeu 380 mil pessoas em 2015. E a meta é chegar aos 410 mil visitantes em 2016. Sob esse mesmo guarda-chuva empresarial da Gramado Parks, ainda estão a Gramado Termas Resorts e a Gramado Termas Park, outros dois projetos inéditos e ousados na região. O primeiro é a construção de cerca de 600 apar-

tamentos distribuídos entre três resorts, que já estão mais de 60% vendidos de modo fracionado (por temporadas) e com previsão de lançamento para o ano de 2018. O segundo é a construção de um parque de águas termais. Eles também devem inaugurar, em setembro, a nova loja da Gramado Parks na expansão do Iguatemi. |9


E a ideia do parque termal e os resorts? Anderson – Nos associamos com parceiros que tinham licenças das concessões da água. Em Gramado tinha aquela expectativa, se tinha água termal, não tinha água termal. Nós apostamos e fomos bem-sucedidos na perfuração. Aí começamos o projeto do Gramado Termas, efetivamente. O modelo fracionado dos resorts surgiu depois, pesquisando qual seria o melhor produto para a localização, perto do Snowland também. Um pouco fora da cidade. Até então, tínhamos histórico de hotéis que davam certo no centro da cidade. Estamos apostando no turismo para família. Por que o sistema fracionado de temporada deu tão certo por aqui, e 10 |

FOTOS PATRICIA WOOD

Como surgiu a ideia do Snowland? Anderson – Em 2007, fui com a minha irmã para Bariloche e visitamos aqueles parques de escorregar e brincar de esquibunda. Era a cara de Gramado. Foram dois anos pesquisando e buscando fornecedores e informações. Fomos para a Europa e Dubai, onde tem parques de neve. O orçamento da equipe de Dubai era muito caro e queríamos outras alternativas. Achamos a indicação de uma pessoa na Holanda, onde está o primeiro parque de neve do mundo. O Christian Dunnwald já tinha saído da Nova Zelândia, onde participou de um projeto de outro parque, estava morando no Brasil e atrás de parceiros para fazer um similar em São Paulo. Começou nos dando uma consultoria e depois virou nosso parceiro na Snowland. Nessa área, não se bate em muita porta diferente. Ele é o encarregado da tecnologia da neve. No final de 2010, solicitamos as licenças e as autorizações na prefeitura, e o Snowland inaugurou no dia 25 de outubro de 2013.

dois prédios já foram vendidos? Anderson – Porque é uma oportunidade de a classe média ter um imóvel e até uma renda. Hoje só os ricos podem comprar um imóvel em Gramado. A corporação convencional em São Paulo está com 40% de inadimplência. Com devoluções. Já começaram as obras do Gramado Termas Resort e do Gramado Termas Park e a previsão é ficar pronto em 2018. Por que Gramado e região são esse polo quase único de turismo no Brasil? Anderson – Gramado sempre buscou inovação. Os destinos turísticos têm vida


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útil de 20 a 25 anos. E Gramado sempre foi um sucesso porque vive se renovando, com o objetivo comum de trazer mais turismo para a região. Os governantes sempre tiveram o olhar de trazer os eventos para cá e as novidades, mantendo as características da cidade. É bonitinha, limpa e educada. Tudo isso encanta muito o turista. Se formos ver no Brasil, parte dos destinos turísticos aonde se vai, um resort no Nordeste, por exemplo, fica-se dentro do resort. Olha-se pela redondeza e está tudo meio esculhambado ali fora. Pela forma que Gramado foi construída, a pessoa quer andar na rua. Quer caminhar, quer olhar a paisagem, ter essa sensação de liberdade que muitas vezes as cidades maiores do Brasil não têm. Segura e limpa. O poder público e o povo sempre foram empreendedores e atenciosos com o turismo. Canela era muito voltada para a madeireira. Em Gramado, os tropeiros passavam aqui e paravam na casa das pessoas para comer. Assim surgiu o café colonial. O Jayme Prawer, que era dentista, ia atender nas casas das pessoas e via esse movimento. Batia um tropeiro na porta e queria comer e a pessoa vendia. Pessoal que ia de Canela para Taquara. Canela era onde estava o pessoal do dinheiro. Criouse uma cultura em Canela diferente da de Gramado, a do extrativismo. E em Gramado a cultura do serviço. Essa diferença cultural definiu muita coisa. O que achas das especulações de que a Disney poderia estar interessada na região? Anderson – É muito difícil, praticamente impossível, porque o americano trabalha com 12 |

número. Eles não são como nós, que vamos no sentimento. Só o Magic Kingdom faz 27 milhões de pessoas por ano. Gramado recebe 6 milhões por ano. Quem já foi para a Disney sabe a diferença das estradas e do aeroporto deles. O anel viário, e principalmente a hotelaria deles. A Disney nunca colocaria aqui na região por falta de infraestrutura. Não temos aeroporto nem clima para um parque como a Disney. O Walt Disney escolheu aquele lugar porque a Flórida tem um tempo estável. Chove mas está sempre aquele clima. O lugar onde daria para ter um parque como a Disney é o Nordeste. Querem levar todo mundo para lá. Criaram todo o complexo. E recebem muito incentivo do governo para se manterem em Orlando. A região recebe apoio do Estado? Anderson – Não temos muito apoio. Por que não colocam um aeroporto, ou arrumam as estradas? Porque a região já é próspera. Aqui a gente trabalha sozinho e sem planejamento, mas nos Estados Unidos é tudo planejado. Em Las Vegas, por exemplo, se alguém chega e diz “Eu tenho 1 bilhão de dólares para fazer um hotel aqui”, eles não te deixam. Porque eles têm de consultar e pesquisar se estão precisando de um hotel lá. Já tem um levantamento de bons negócios que podem ser feitos para os empresários externos e a comunidade daquela região. Porque colocar dinheiro em um negócio que não dá dinheiro é desperdício global. Vai gerar meia dúzia de empregos e logo estará todo mundo desempregado. Tu és um ser humano inquieto e sempre em busca de um novo


desafio? Julinho – Sou. Não tem como você parar em negócios. É uma selva e não dá para parar nunca, tem que ser criativo. O que achas do atual momento político e econômico do país? Julinho – Ninguém sabe bem o que está acontecendo. Só vejo uma forma de mudar: tem que trabalhar ainda muito mais. É preciso mudar procedimentos e o funcionamento das empresas. Desse momento, virá uma nova consciência. Então vamos utilizar essa ferramenta valiosa que é o voto, buscar históricos dos políticos e ser mais atentos. Porque é muito toma lá, dá cá. A força da política somada à força da imprensa leva a nação para o lado que quer. Parte da imprensa tem de ser mais responsável. Rever leis e sindicatos é extremamente necessário. Acredito muito na nova geração, se fizermos a nossa parte. Como surgiram as galeterias na Serra? Julinho – Eu tinha o meu armazém de secos e molhados no bairro Piratini pelos 11 anos e me emancipei aos 16 anos para poder abrir minha conta no banco. Abri uma lancheria e pizzaria e fazíamos galetos nos finais de semana. O Mamma Mia inaugurou no dia 1º de 1984, eu tinha 18 anos. É homenagem à minha mãe, e o tempero do galeto é o que o meu pai fazia no tempo em que morávamos na colônia.

Como foi reinventar o Mamma Mia em 2010? Julinho – Com o tempo abriram inúmeras galeterias, serviam tanta coisa que parecia um café colonial. Então resolvemos voltar ao formato original fazendo uma comida simples e deliciosa, em um ambiente de acordo com o que é servido. Nada de frescuras. Como é ser casado na vida e no trabalho? Patricia – Para trabalhar junto todos os dias e manter um casamento tem de ter muita sabedoria, paciência e amor. É um eterno jogo de equilíbrio. Qual a tua maior realização hoje no trabalho? Julinho – O grande trunfo do meu negócio é ter sócio-operador. Se o funcionário se sobressai, tem garra e quer, terá oportunidade de crescer. Dá gosto de ver a garra com que os sócios-operadores assumem suas operações. Acredito muito nas pessoas, por mais tecnologia que se tenha. Gentileza gera gentileza. É o nosso lema. Os seres humanos estão carentes de serviços e de gentilezas.. Tem diferença entre as operações em Gramado e na Capital? Julinho – A gestão do negócio é totalmente diferente. Em Porto Alegre, não me preocupo com estacionamento do shopping, nem com paisagismo ou segurança. Aqui eu tenho que me preocupar com o recepcionista que atende e indica os clientes, com o transporte que leva a equipe para casa. | 13


O que encanta em Gramado? Patricia – A cidade é limpa, é bonita. Acho que o principal da nossa cidade é o capricho. O povo daqui é caprichoso. Julinho – Às vezes não valorizamos o que está próximo. Gramado é um pedacinho da Europa dentro do Brasil. Somos muito críticos, mas sempre querendo o melhor. Respeitamos a faixa de segurança porque queremos encantar o visitante que está chegando. O gramadense é empreendedor e trabalhador. Tenho orgulho de dizer que me criei na roça, meus bisavós, avós e pais eram colonos. Não estudei por necessidade, porque eu tinha que trabalhar. Tem algum projeto novo na cabeça desse inquieto empreendedor? Julinho – Tenho. Vai na linha do entretenimento... Falando em entretenimento, o que achas de parques como Disney na região? Julinho – Acredito que a região esteja no radar sim dos empreendedores de grupos como a Disney. Já temos infraestrutura hoteleira e gastronômica fantástica. Aeroporto não, mas qual o problema em dirigir por uma hora? Se vierem só com as atrações fechadas em função do clima, por que não? 14 |

Por que escolheram Gramado? Neusa – Porque tinha similaridades com a Alemanha, país que tinha as clínicas mais próximas do que imaginávamos. Quando se fala em prevenção e não em cura, pensa-se em um lugar agradável, calmo, de montanha, com ar limpo. As pessoas saem de centros maiores e sentem-se acolhidas em uma cidade menor. Em 1971 nos formamos, e em janeiro de 1972 estávamos lá. Tínhamos dúvidas em relação a alguns lugares. Quando cheguei em Gramado, acabaram-se as dúvidas. Não me arrependo, foi a melhor opção da minha vida. Fui muito bem recebida. As meninas são gramadenses orgulhosas. Gosto das minhas raízes, mas fiz aqui minha vida. A minha família é gramadense, então nós somos pelotenses-gramadenses. Levamos 10 anos para abrir. Foi um ato de coragem porque não sabíamos nada de hotelaria. Era um Deus nos acuda, tudo na necessidade. Não tenho nenhuma vergonha de contar isso: quando abrimos, eu limpava banheiro, cozinha e fazia o que tinha que fazer. Fui aprendendo fazendo. Chegava um cliente e tinha que estar tudo arrumado. Eram 10 apartamentos na mesma casa. Quando abrimos, foi muito difícil explicar o que éramos. Não existia nada parecido. Tivemos que abrir, nos primeiros meses, hotelaria normal, para fisgar as pessoas. Daí explicávamos para os clientes o que éramos. Nem existia marketing, íamos fazendo do jeito que achávamos que daria certo. Daí o primeiro cliente saiu, contou para outro, veio o segundo... Até hoje, o nosso público é muito boca a boca. O que mais impacta no Kur é a experiência da pessoa. Dos 10 apartamentos fomos para 20, e depois para 30. E com a concorrência chegando, como foi se manter? Neusa – Fomos focando e crescendo


coisa, de tratamentos a inovações. Espontaneamente tivemos uma jogada de marketing na época, daquelas coisas que hoje não existem mais. Indicada por diretor da Globo que até já faleceu, a Tônia Carrero foi ao Kur. Chegou receosa se conseguiria ficar uma semana, ficou uma, duas e três semanas. Lá pelas tantas, por decisão dela, deu uma coletiva de imprensa, e eu na época nem sabia o que era, e acabou em matérias pelo Brasil todo, duas páginas no O Globo. Rochele – Aí tivemos ainda mais sorte que a Davene patrocinava a novela das 20h, e ela dizia no meio da novela, sem ninguém ter pedido, “Eu tenho essa pele porque eu uso leite de aveia Davene e vou para o Kurotel. Cada vez que ela dizia, a gente não acreditava, e o Kur enchia. E aí, foi. Depois, ela ficou amiga da família, veio para os nossos casamentos.

não tanto no tamanho, mas na evolução das técnicas e das terapias. Quando abrimos, era outra realidade. São 34 apartamentos e 150 funcionários, então a diversificação de serviços é grande. Não podemos perder a individualização e temos a obrigação, e toda a equipe sabe disso, de cada cliente sair de lá melhor do que entrou. Porque o nosso cliente pode ir para qualquer lugar do mundo, mas nos escolheu. A obesidade hoje é um viés. O foco é qualidade de vida. O Kurotel é o pioneiro no país em seu perfil de clínica de prevenção de saúde e estética? Neusa – Sem modéstia, somos pioneiros, sim. E de novo a modéstia, tenho certeza de que somos referência e seguimos sempre buscando ser pioneiros em alguma

Tu e as meninas imaginavam fazer algo fora do Kur? Rochele – Não. Como o Kur tem infinitas possibilidades, era muito difícil que eu quisesse fazer algo que não se encaixasse lá dentro. Foi um caminho natural. Nós somos quatro mulheres e sempre brincávamos que o nosso irmão mais novo era o Kur. Que teve uma concepção meio longa, não nascia nunca (risos). Mas nasceu finalmente depois da Mariela. Temos uma paixão muito grande. Quando tem amor e uma crença baseada em resultado, temos convicção do que queremos fazer e isso é a realização. É o sonho dos meus pais, mas eu tenho como legado. A Evelise e a Mariela são as médicas, e eu e a Bárbara ficamos na área administrativa. Como foi erguer esse sonho e criar quatro filhas ao mesmo tempo sem a mãe para ajudar? Neusa – Mesmo tendo uma filha só, tu | 15


deves saber o tempo que demanda e como a gente tem que se dividir para tudo. Foi difícil. Eu tinha em mente algo muito claro. A época das minhas filhas é agora. Elas se criaram por lá fazendo o tema, e às vezes tínhamos que dormir lá para atender tudo. Eu espiava e atendia as quatro e me dividia entre a recepção. E não queria perder nenhuma etapa delas, nem as festinhas da escola, como toda mãe. Sábado e domingo eram lá dentro. Elas vivenciavam tudo conosco. Chegávamos em casa e vibrávamos com cada cliente. A Mariela era bem pequeninha e diz que se lembra até hoje de que ela estava atrás no carro e o Luís dizia “Agora o que vai se falar muito é sobre estresse. Vocês têm alguns códigos e regrinhas para trabalharem em família? Rochele – Iniciamos na segunda geração. Antes éramos quatro filhas e hoje somos cinco famílias. Se o Kur trabalha com prevenção, nós fazemos isso com a família também e temos a ajuda de uma profissional, que foi ótimo para estabelecer algumas regrinhas de conduta e de ética. Nós quatro trocamos muito e, como é natural, também temos opiniões divergentes. Tudo acaba somando e fica entre nós. Aprendemos a não nos desgastar com coisas pequenas e sempre tivemos uma relação boa desde pequenas. Eu me sinto com as minhas irmãs como se fôssemos pequenas ainda. Nada mudou entre nós. O Kur ajudou Gramado a firmar-se como capital gaúcha da qualidade de vida? Neusa – Gramado já tinha as características de ser uma cidade de bem-estar. As pessoas que vão para o Kur se encantam com a beleza e a serenidade de Gramado. Nos 34 quartos, não temos demanda para muito giro de hóspedes. Eles são, em po16 |

tencial, formadores de opinião. E compartilhando a experiência delas. A cidade sempre teve esse conceito, não foi o Kur que criou, mas talvez tenhamos colaborado para isso, com certeza ao longo desses anos. O que faz de Gramado esse lugar tão encantador e encantado? Neusa – É uma soma de coisas bastante alicerçada na força do trabalho. Porque falar em trabalho em uma cidade turística é natural. Nos outros lugares, falar em trabalhar final de semana é quase proibitivo. Final de semana é dia de descansar. Só que, para os outros descansarem, alguém está trabalhando, então a força-trabalho e a força-trabalho familiar é muito forte em Gramado. A força de trabalho da mulher na Serra é muito


grande. Tu estás entrando jornalisticamente em Gramado e estás vendo que, por trás de todo o grande empresário por aqui, geralmente há uma grande mulher trabalhadora. A força de trabalho que incorpora a família. Chamou muito minha atenção quando eu vim de Pelotas para cá. Lá não tinha isso. Aqui, nas famílias com bom poder aquisitivo, os filhos já trabalhavam. A mulher trabalhava, o filho trabalhava. Então essa cultura ficou. Fala um pouco da ONG Global Wellness, em que o Kur é engajado por meio de vocês, que são embaixadoras da causa? Rochele – A ONG é mundial, está em cidades do mundo todo e é um projeto totalmente sem fins lucrativos. Nasceu na Turquia, criada por uma pessoa chamada Belding, de família muito conhecida e rica lá. Ela teve uma doença muito grave e prometeu que, se sobrevivesse, teria a missão de melhorar o mundo. Escolheu embaixadoras no mundo todo que se identificassem com a causa dela, e o Kur se encaixou na filosofia. São sete passos muito simples que a pessoa precisa seguir para ter uma vida melhor, e divulgá-los para o maior número de pessoas é o objetivo da ONG. São eles: fazer exercícios, beber muita água, não usar copo plástico, consumir alimentos orgânicos de preferência de produtores locais, estar com a família, fazer uma boa ação, pode ser rezar por alguém ou atravessar a rua. Qualquer

coisa que se faz com o coração para alguém é uma boa ação. E o último é dormir bem, ter um sono reparador. Estamos muito felizes neste ano porque a prefeitura de Gramado se engajou no projeto. A cidade quer se tornar ainda mais referência em educação e qualidade de vida. Não conheço lugar que guarde garrafinhas de plástico o ano inteiro para enfeitar a cidade com árvores de Natal com garrafas PET. O evento será no dia 11 de junho e vamos divulgar os sete passos com eventos e palestras para a comunidade na Rua Coberta. As histórias das pessoas ficam marcadas em vocês? Vocês seguem presentes no Kur? Neusa – Se a pessoa sai melhor do Kur, é uma vitória. Elas verbalizam, é muito recompensador. Muitas vezes, não chegamos a saber. Recebemos pessoas que perderam alguém na família, ou tiveram doenças graves, chegaram lá sem caminhar, de muletas ou cadeira de rodas, e saíram caminhando. E muitas com depressão. Hoje temos um tratamento pós-câncer, as pessoas saem de lá realmente mais felizes. Pessoas que se casaram lá dentro ou que se tornaram grandes amigos. Tem muitas histórias. Aquilo lá é a minha vida. Hoje trabalho bem menos, mas não significa que o meu amor seja menos intenso. Eu gosto de estar lá trabalhando sempre, nem que seja para enfeitar com florezinhas. | 17


Felicidade construída FernandoErnesto Corrêa

Sempre fui muito cético nessa questão da existência ou não da felicidade. Quando ficava sabendo que uma filha ou neta de um amigo meu estava grávida me perguntava: grávida para quê? Que vida terá essa inocente criança, nascida neste pobre país, sem administração, segurança, saúde, educação e outras cositas mas? Tenho quatro queridos filhos, mas, se tivesse outrora parado para pensar, teria sido mais comedido e reflexivo na construção de minha prole. Entretanto, como estamos vivos e não queremos morrer, precisamos procurar a melhor maneira de passar o tempo neste mundo louco. A esse respeito, no meu apartamento em Gramado, num fim de semana, à sombra de uma araucária centenária, li o livro Felicidade Construída, de Paul Dolan, professor de ciências do comportamento na London School e no Imperial College, com a colaboração de Daniel Kahneman, Nobel de Economia. Meditei bastante sobre o assunto, não só pelo conceito universal de seus autores como também porque me agradou a soma da análise psicológica de um com os relevantes dados estatísticos trazidos por outro. O que eles dizem não é conversa fiada e abalou meu atávico pessimismo. Para eles, a felicidade existe, mas não cai do céu como uma gota de orvalho. São experiências de prazer e propósito ao longo do tempo e conquistá-las e vivenciá 18 |

-las é uma missão prioritária do ser humano. Baseado no que li, vou dar um exemplo singelo e de fácil compreensão. Felicidade não é consequência direta de se ganhar sozinho a Mega-Sena. Esse evento, por certo, daria imensa alegria, mas considerado isoladamente não nos proporcionaria a verdadeira felicidade. Esta não depende de álea; é bem mais complexa e tem de ser sustentada com a variável utilidade. Ainda no caso da loteria, ganhá-la e usar todo o dinheiro do prêmio para comprar um jato executivo é muito prazeroso. Sem dúvida, é uma dádiva o conforto que ele proporciona em vários sentidos. Tudo fica no terreno do prazer. De outro lado, ganhar a Mega-Sena, comprar um avião mais barato e destinar parte do prêmio para ajudar o Pão dos Pobres ou o Asilo Padre Cacique caracteriza um conjunto de ações que proporciona a verdadeira ventura. Esse é um caso em que se aplica exemplarmente o brocado popular de que só dinheiro não traz felicidade. Em suma, concordando com as conclusões de Paul Dolan e Daniel Kahneman, passei a considerar possível buscar a meta de viver instantes de genuína felicidade, apoiados em eventos que deem alegria e que tenham um propósito válido. Peço que não me julguem pelo que disse no início desta coluna quanto a descendência porque mudei de opinião. Com responsabilidade, pode-se ter filhos, pois eles não estão condenados a uma vida de sofrimento. Amor, períodos ou momentos felizes certamente justificarão suas existências. Pensem nesse conceito de felicidade e desfrutemna quando ela estiver ao seu alcance.


F


Direto de Londres

Moro em Londres há três anos. Aqui conto o que de melhor está acontecendo nesta cidade que une tão bem tradição e modernidade.

FernandaZaffari jornalista

Ele é “o cara” de Londres

Sadiq Khan, 45 anos, prefeito recém -eleito de Londres, é o político europeu a ser observado nos próximos quatro anos. Há muita expectativa sobre o desempenho dele, já que sua eleição é cheia de significados. Primeiro, a prefeitura de Londres é o posto mais importante conquistado pelo partido trabalhista inglês nos últimos oito anos. Partido este que está buscando uma nova identidade desde a eleição do atual líder, Jeremy Corbyn. Socialista histórico de uma linha mais radical, Corbyn entrou como candidato azarão, obteve uma votação surpreendente, mas é fortemente questionado pelas alas mais liberais por acharem que as ideias que defende tornarão impossível a eleição de um novo primeiro-ministro trabalhista no próximo pleito. Voltando ao novo prefeito, o marco mais relevante da eleição de Khan é o fato de ser o primeiro muçulmano a ocupar um cargo tão importante na Europa. Em dias de crise migratória e atentados terroristas nos países vizinhos, um muçulmano em posto de tamanho destaque é motivo de medo para aqueles que temem que Khan adote uma linha leve contra os radicais. Para outros, a eleição dele é simples esperança, pois veem o caminho para uma integração – Sadiq Khan seria o canal de comunicação que faltaria para uma comunidade que há muito se sente marginalizada. 20 |

*** Filho de uma costureira e de um motorista de ônibus, que veio do Paquistão para a Inglaterra, Khan tem origem humilde – coisa rara em políticos de destaque na Inglaterra, geralmente educados nas melhores escolas do país, melhor dizendo, nas mais caras. Khan cresceu numa moradia subsidiada do governo e estudou em escola pública. Formou-se em Direito, mas, novamente, não em uma das universidades estreladas. Fez carreira como advogado de Direitos Humanos, em que obteve destaque, abrindo seu caminho na política. A eleição dele está sendo comparada com a de Barack Obama, nos Estados Unidos, apesar de muitas diferenças nas biografias dos dois. Khan passaria uma mensagem à população mais desfavorecida da Inglaterra de que este é também um país de oportunidades e que não apenas os bemnascidos teriam vez. *** Desde sua posse, em maio, ele já fez alguns movimentos interessantes. O primeiro foi um discurso conciliador, dizendo-se o prefeito de “todos os londrinos”. Resposta direta aos críticos que temiam que ele governaria para as minorias, principalmente para 1 milhão de muçulmanos residentes em Londres. Khan também já se estremeceu com Corbyn, o líder de seu partido. Em


sua primeira entrevista como prefeito para o jornal The Guardian, não deixou dúvidas sobre seus ambiciosos planos: – Tudo é sobre ganhar, ganhar com um propósito. Não existe a derrota heroica. Precisamos voltar ao hábito de ganhar eleições. *** A eleição de Sadiq Khan, casado, duas filhas adolescentes, tem todos os motivos para chamar atenção. Ele representa uma Londres dos anos 2000, cada vez menos

inglesa, cada vez mais internacional. O fato de ter sido eleito é a notícia positiva que ganhou as capas dos jornais do mundo. Resta saber como ele prosseguirá ocupando as manchetes. Khan tem os próximos quatro anos para provar que é mesmo “o cara”, como Obama disse certa vez a Lula. Será preciso mostrar trabalho para se estabelecer como o maior nome da esquerda na Europa – em um continente atormentado ao ver um assustador crescimento da ultradireita conservadora. | 21


AnaMariano escritora

Gratidão

Desde muito jovem, uma sensação muito forte, visceral, tomava conta de mim quando começava a me direcionar para a nossa Serra. Fui crescendo e entendendo que obviamente meu corpo falava de minhas origens. Neta de uma “gringa”, descendente de pais trentinos. Só mais adiante, podendo conhecer, respirar e pisar no solo de Trento e Vicenza, norte da Itália, pude entender o que ocorria dentro de mim. O reencontro com hábitos de antepassados fala além de nosso consciente, do pensamento linear. Estar diante dos lugares que italianos e alemães escolheram para plantar novas raízes deixa em nós, seus descendentes, uma energia sensorial viva que influencia nosso presente. Reconhecer hábitos, nossa história, e poder achar nosso espaço nessa teia familiar tem a magia de organizar nossos afetos, talentos e gostos. Agradecer e honrar esta ancestralidade nos conduz verdadeiramente ao nosso espaço no futuro de forma mais sadia e libertadora. Podemos assim seguir em frente com os tesouros do passado, no meu caso com a magia dos aromas e sabores da cozinha da vó Nina. Acima de tudo com a gratidão por seu modelo de mulher 22 |

guerreira, que também veio de seus antepassados. Delícia de ter crescido vendo e de poder entender o significado daquela polenta cortada à linha. A massa feita à mão com o aroma da farinha de milho usada para untá-la, e com mãos muito pequenas poder ter a confiança de ter participado daquele ritual tão importante. O dia de alimentar a família com uma refeição especial, esperar um ente querido de longe, acarinhado com a comida feita com as próprias mãos. São valores da manifestação do bem-querer que guardo muito até hoje. A carícia e a energia de sovar o próprio pão, colocando ali a força da existência e acima de tudo a sensação de que “sim, sou capaz de sobreviver e repartir o pão”. O impacto desses símbolos na formação de valores é incalculável. Assim referencio a todos com gratidão, e, certamente, esta emoção em cada curva quando subo a Serra é o sinalizador deste processo. Devemos o agradecimento por quem somos, por esta alquimia maravilhosa proporcionada por esses europeus tão corajosos que abandonaram tudo para fazer um mundo novo e trazer tantas contribuições a nossa vida e cultura.



Apresenta:

Chegou a hora de vocĂŞ ter o seu imĂłvel em Gramado.

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foto: raul krebs - estĂşdio mutante


4 Sessões 45 minutos Semanal

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Tecnologia mundial que vai esculpir seu corpo

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Bá, que delícia

Saborosa ternura Cada retrato e objeto pendurado nas paredes coloridas do Café e Restaurante Josephina (ao lado da igreja de Gramado) conta um pouco da história de Patrícia, Carolina, Gabriel e Rodrigo Moraes. Embora conte com a ajuda dos demais em ocasiões especiais, é a minha colega jornalista Carolina quem está à frente do negócio. Carolina se formou em Jornalismo em Nova York, onde

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viveu por 11 anos. Patrícia cursou Hotelaria e é diretora do Hotel Varanda das Bromélias. Rodrigo é bacharel em Letras e atua como professor, e o administrador de empresas Gabriel é diretor-executivo em uma empresa de grande porte. A gastronomia está entre as memórias dos irmãos Moraes: “Muitos momentos de nossa história em família foram ao redor de mesas grandes e fartas”, relembra


CLEITON THIELE

Carol, recordando uma infância ao lado dos irmãos, quando colhiam uvas, fechavam capeletti e faziam biscoitos. Nadando no rio ou brincando com os animais no sítio da vó Josephina (homenageada com o nome do bistrô), os quatros cresceram unidos, como são até hoje, em uma Gramado com muita liberdade. Sem medos e rodeados de amigos. Descendente de italianos, a vó Josephina nasceu e viveu até o final na Linha 28, uma das “colônias” de Gramado, foi agricultora, dona de casa, mãe de seis filhos. Uma matriarca: tanto firme quanto carinhosa. Construída nos anos 1950, a casa onde funciona o bistrô era do bisavô materno e foi onde ele, que foi dentista prático, trabalhou em seu consultório até os 80 anos. Há muitos anos, o primeiro a expressar a vontade de ter restaurante foi Gabriel. As gurias despertaram a veia empreendedora quando viveram em Nova York. Adoravam ir a lugares novos e trabalharam em cafés por lá. Carol chegou a ser gerente por quatro anos do famoso Café Lalo, onde foi gravada a cena do primeiro encontro de Tom Hanks e Meg Ryan em Mensagem para Você. Mas foi Rodrigo que, em 2009, ficou um ano

debruçado sobre o projeto, e em janeiro de 2010 o sonho se concretizou. Além de Nova York, eles já viveram em lugares como Alemanha e Áustria, mas não trocariam a terra natal por nenhum outro canto do mundo. Foi o coração da Serra Gaúcha o local escolhido para construir uma marca familiar recheada de ternura, sabor e um tanto de trabalho, não é Carol? Além da gastronomia caprichada com mais de 30 opções servidas à la carte, são os singelos detalhes carinhosos que emolduram cada retrato na parede que agradam aos sentidos no Josephina. “O ambiente causa aquele primeiro impacto. As pessoas dizem sentir-se em casa aqui. Chamam a família para ver o banheiro, parece que visitam o passado. Muitas se comovem com a maneira como prestamos homenagem a nossa família com as fotos e objetos. Acho que causa uma certa nostalgia, especialmente nas pessoas mais velhas”, observa Carol. As estrelas do cardápio são o pão caseiro da vó Josephina, tradicional sovado colonial servido quentinho, e os risotos, especialmente o que leva o nome da casa, de moranga com charque crocante. Se atender os clientes, bolar pratos novos ou jantares especiais não são problemas para Carol, a única parte chata é não ter finais de semana nem feriados: “Já perdi aniversários, almoços de família, viagem com as amigas”. Os clientes agradecem e os frutos de tanto esforço estão na recente ampliação da cozinha e na qualificação da equipe. Está nos planos dos netos da vó Josephina atender a mais eventos, dentro e fora do restaurante. Crescer no mercado, fiel às origens. Uma ideia para daqui a 10 anos? Quem sabe abrir um Josephina em Porto Alegre. Grazie a Dio! Lá no céu tem uma nonna muito orgulhosa. MB | 29




FabianaFagundes arquiteta

mude@fabianafagundes.com.br

Arte da vida Quando a revista nos propôs uma edição sobre a Serra Gaúcha, vieram-me à cabeça os imigrantes, corajosos e desbravadores, que povoaram e transformaram aquele lugar em um dos maiores pontos turísticos do país. Em seguida, lembrei de uma dupla que conheço há tempos e que, com espírito empreendedor, não teve receio de fazer as malas e abrir novos caminhos para sua arte. Apesar de casados há mais de 35 anos, Denise Degani Gonçalves e Marco Alves demoraram um pouquinho para se dar conta de que poderiam também formar uma grande dupla profissional. Ela com sua mente artística e criativa, cheia de bom gosto, e ele com uma enorme capacidade de inventar máquinas, instrumentos e qualquer outra coisa que se faça necessária para transformar essa arte em realidade. Há 25 anos, nascia a feitoadois, em Uruguaiana, na fronteira oeste do Estado, produzindo velas e objetos em ferro. Surgiu então a ideia de trabalhar com vidro e com a técnica de vitrofusão. O casal se especializou e foi 32 |

ganhando mercado com produtos que faziam cada vez mais sucesso. Depois de 10 anos, era hora de dar um “passo mais largo” e abrir mercado, chegar mais perto do restante do país. Foi quando decidiram que o local certo era a Serra e chegaram a Canela. Passaram-se mais 15 anos de trabalho com a vitrofusão e sobreposição, um dos diferenciais da feitoadois. As criações conquistaram o mercado brasileiro com seus tucanos, hortênsias, copos-de-leite e galinhas-d’angola coloridos e cheios de detalhes e texturas. Hoje mais de 60% do volume de vendas é online para o norte do país. Em 2015, Denise e Marco desenvolveram os vitrais da linda e nova capela do Hotel Rita Höppner, em Gramado. O resultado encanta os olhos e a alma, como tudo em que essa dupla põe a mão.


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objetosedesejos

HenriqueSteyer

Geladeiras Smeg estampadas por Dolce & Gabbana São 100 geladeiras em edição limitada, pintadas à mão. Cada peça é única, e todas mostram uma história coerente com a identidade de marca. As geladeiras custam algo em torno de 30 mil euros e são verdadeiras peças de colecionador, que tendem a valorizar ainda mais com o passar dos anos.

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Todo ano, durante o mês de abril, acontece em Milão, na Itália, a tradicional semana de design mais concorrida do mundo. Neste ano, não foi diferente, e as grandes estrelas do design internacional desfilaram por lá com suas mais novas criações. Em geral, não há regra a ser seguida, tudo é permitido e danem-se os modismos.

Itália, puro design

Compression sofa, de Paul Cocksedge para Moooi Uma big poltrona que simula um estofado de espuma, daqueles que, quando a gente senta, a ponta do lado oposto levanta do chão. Porém, esta peça é inteiramente feita em mármore. Aplausos!

Objetos de Zaha Hadid para Swarovski O planeta ainda está em luto pela morte de Zaha Hadid, uma das mentes mais brilhantes dos últimos tempos na arquitetura, que deixou em seu legado peças lindas em cristal, além de toda a obra mundialmente reverenciada.


Lustre Blue Topaz Baccarat O poder da grife Baccarat concentrado em uma peça típica daqueles palácios russos, com apliques de topázio azul que somam uma quantia absurda de quilates.

Puxando a brasa para nosso lado, entre os brasileiros que mostraram seu trabalho por lá, nossa singela participação com o Garden Seat em porcelana chinesa, da marca 6F, e a Poltrona Louis Henrique, fabricada pela grife Sergio Bertti, de Gramado.

Cadeira Trotter, da Magis A magia do toque lúdico característico da grife em uma cadeirinha que parece um carrinho de mão.

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ping

Alegre rigidez

Fabrício Simões

Segunda de duas filhas da família Grando Fontanella, a sapeca Rafaella cresceu alegre brincando pelas ruas de Bento Gonçalves. Tão firme e rígida com seus objetivos como otimista e feliz, sempre gostou de esportes e de movimento. Buscando fazer algo ligado à saúde e às pessoas, formou-se em Fisioterapia na UCS de Caxias do Sul, quando conheceu outras áreas da fisioterapia, como a pulmonar, a neurológica e da reabilitação esportiva. “Não era para mim. Ficava melancólica nos hospitais e não

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lidava bem com o luto. Queria ajudar na vida das pessoas, ver resultados e vê-las melhores”. Em 2008, ano em que saiu de Bento para morar em Porto Alegre com o então namorado e atual marido, o advogado Mauricio Maioli, interessou-se pelo pilates. Logo veio a decisão de se especializar e ela se graduou pela Physio Pilates. Dava suas primeiras aulas e compartilhava seu amor e descobertas conosco, os primeiros alunos. Em 2011, abriu seu estúdio na Avenida Mariland, em Porto Alegre. Juntos há 11 anos, Rafa e Mauri casaram-se no Vale dos Vinhedos, em 2013, mesmo ano em que nasceu esta revista. Embora adaptada e feliz na Capital, ela preserva com orgulho o sentimento de pertencer a Bento Gonçalves: “Sinto falta da vida tranquila, da paisagem, eu adoro aqui, mas é mais corrido”. Rafa experimentou os efeitos do método em si: “Da postura à flexibilidade, do desafio à consciência corporal e o equilíbrio entre mente e corpo”, relata. Mas é ensinar e adaptar a técnica a cada aluno, o que ela considera ainda mais fascinante. Sorte nossa. MB

Um lugar no mundo? Estados Unidos. Sempre que fui, me encantei com os lugares e as pessoas. A formação com Lolita San Miguel, uma das poucas alunas atuantes de Joseph Pilates, foi incrível. Gosto da seriedade e do profissionalismo deles. O momento da tua vida? Estou feliz e mais agregadora. Ampliando possibilidades na minha área de atuação. É um momento de me reconectar com as pessoas e parcerias de trabalho. Quem é Rafaella e o que deseja? Uma guria alegre que ama o trabalho e estar com pessoas incríveis. Quero aproveitar a vida com quem eu amo, viajar e conhecer lugares lindos com meu parceiro de todas as horas. Sonhos? Conquistar meu espaço na profissão e formar uma família, ter meus filhos. O grande benefício do pilates? A importância da conexão entre corpo, mente e espírito e a transformação completa do corpo e da postura. Defeito e qualidade? Sou passional demais, às vezes impaciente, mas alegre e criativa. Arrependimentos? Muitos. Mas tudo na vida é aprendizado e cada um precisa do seu tempo para aprender. Viver é errar e aprender. O tempo todo. O que queres estar fazendo daqui a 10 anos? Dando aulas de pilates. O que aprendes com os alunos? Que cada ser humano tem uma resposta diferente. Não existe receita de bolo. Todos devem ser desafiados de acordo com suas possibilidades. A melhor parte do dia? Final! Missão cumprida. Me sinto feliz. Em 2016, desejas mudar o quê? Quero ser mais paciente. Deixar que o tempo seja o único agente de as coisas acontecerem, sem a ansiedade | 39 das vontades.


pong

Foco inquieto

Ativo até demais, segundo ele próprio, Leonid Streliaev era um piá de Porto Alegre preparado para as malandragens e as brincadeiras infantis e que não gostava de ser fotografado. Na adolescência, a rebeldia veio acompanhar a malandragem, os pais eram chamados à escola e ele queria cada vez mais distância das atividades familiares. “Fui um dos primeiros hippies de Porto Alegre, viajava de carona e usava uma camisa do Exército com refrão da letra dos Beatles All You Need Is Love”. Tempos em que ainda queria ser astrônomo: “Olhava para o céu com o telescópio que ganhei do pai. Daí para a fotografia, foi baixar a mira e focar o mundo real”. Trocou Porto Alegre por Gramado quando conheceu Rita Leidens, mãe de seus filhos Marcella e Valentin. A residência é fixa, mas a lente segue inquieta: “Não consigo parar, vejo fotos em tudo. Só nesta semana viajei mais de mil quilômetros pelo RS”. Premiado com a Comenda das Hortênsias pela prefeitura de Gramado, estão no currículo desse agitado retratista publicações como a Veja e a Quatro Rodas, exposições, palestras, publicações e dezenas livros. Grande parte da sua produção, um acervo de 100 mil imagens, recebeu prêmios e reconhecimentos das autoridades culturais gaúchas e nacionais. MB

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Define teu momento. O melhor da minha vida: uma mulher bacana, duas crianças queridas e uma produção fotográfica incessante e criativa. Tenho 66 anos e corpinho de 65. Estou flutuando no tapete (risos). Quem é Uda e o que deseja da vida? Sou o Uda persistente e bom astral. Não tenho inimigos. E amigos na medida certa. Desejo jamais deixar de enxergar, não só as belas imagens, mas também os que sofrem. Um sonho? Não parar de sonhar. Tenho sonhos coloridos como minhas fotos. Não gosto de foto preto e branco. Quero continuar a ser um fotógrafo sul -realista. Nem penso em parar de fotografar. Um ensinamento que a vida te deu? Acho que foi jamais deixar de negociar, nunca fechar questão ou encerrar abruptamente algo. Não sei quem me ensinou, acho que é coisa de árabe. O que aprendeste com os gringos da Serra? Os gringos de Gramado são gringos negociantes, porém mais tranquilos. Já os de Bento ou Caxias são gringos ruins de negócio. Um defeito e uma qualidade? Reconheço os meus defeitos e esta é uma qualidade gigantesca. Melhor do que ter o defeito de não reconhecer as suas qualidades. E as minhas encobrem os meus defeitos. Um arrependimento? Me arrependo de não ter feito esta ou aquela fotografia. Passo correndo por alguma cena e acabo não registrando. Tenho dívidas com lugares e pretendo retornar a eles algum dia. O que queres estar fazendo daqui a 10 anos? Montei um patrimônio respeitável com meu trabalho. Em 10 anos, não quero ouvir falar de publicitários. Que tipo de foto mais gostas de fazer? Cenas do Pampa, talvez influenciado pelas histórias das estepes russas que meu pai me contava nas noites frias de inverno. O que mudar em 2016? Vários balancetes. Nem falo no malfadado balancete financeiro. Falo na qualidade de vida, tempo para a família, para fotografar mais ainda, viajar e curtir a boa vida que Deus nos deu.


ADRIANA FRANCIOSI

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Bá, que diversão A convite da Revista Bá, Carla Leidens, que assina a partir desta edição a coluna Bá, que legal, desde Gramado, conta para vocês um pouquinho de cada uma das tantas atrações de Gramado e Canela o ano todo. Confiram: Mundo a Vapor – Uma minifábrica de papel, tijolos que cabem na ponta de seus dedos e uma serraria bem pequenininha. O Mundo a Vapor mostra de forma interessante e educativa como o mundo foi transformado a partir do uso do vapor. Na fachada, um trem caído reproduz um acidente ferroviário ocorrido em uma estação em Paris. Super Carros – Se você é ligado nos carros mais potentes e também gosta da história automobilística, deve visitar a Super Carros. A emblemática Ferrari e o charmoso Lamborghini ficam lado a lado com suntuosas limusines ou com o enigmático Chevrolet Corvette. Tem para todos os gostos.

Museu de Cera – Personalidades mundiais em tamanho real bem ali à sua disposição. Celebridades, políticos, cantores e atores em cera. Alguns parecem que vão descer do espaço reservado a eles e lhe dar um abraço. Outros não são tão reais assim, mas o passeio ao Museu de Cera vale muito, principalmente se você estiver acompanhado de crianças. Mas, se o passeio é com o marido ou namorado, vale também uma esticadinha ao andar de baixo, onde fica o Harley Motor Show. Ali, além das mais clássicas motocicletas inventadas até hoje, você pode tomar o melhor cappuccino da região. Mini Mundo – Castelos, palácios, igrejas, aeroporto e uma ferrovia em pleno movimento, só que em escala muito menor do que a realidade. O Mini Mundo é um dos parques mais antigos da região, mas a cada visita parece se renovar. É tudo muito real e, se a gente deixar a imaginação fluir, dá para imaginar-se em uma pequena cidade europeia. Alpen Park – Adrenalina, essa é a palavra que descreve o Alpen Park, em Canela. Cercado por uma natureza exuberante, você vai encontrar todo tipo de diversão por lá. Arvorismo, quadrículos, rapel, cinema 4D, tirolesa, montanha-russa e o atrativo mais famoso do parque: o trenó que percorre uma linda área no meio das montanhas. Tudo limpo, organizado e muito seguro. Ecoparque Sperry – É um dos lugares de que mais gosto em Gramado. Na verdade, o Ecoparque fica em Canela, mas a entrada é pela cidade de Gramado, na avenida que liga as duas cidades. Além de natureza exuberante, com belas cachoeiras, as famílias podem almoçar no maravilhoso Restaurante Bêrga Mótta. Confort food em fogão à lenha, saladas preciosas e sobremesa


de tirar qualquer um do ar. Depois do almoço, café passado, chá ou um passeio pelo pomar de bergamoteiras. Pode colher, sentar na grama, descascar e comer. Tudo ali para apreciar. SnowLand – Um parque indoor com tudo o que você imagina sobre a neve. Tem até montanha para descer de snowboard ou esqui. Se você não é especialista no assunto, pode fazer aulas ou então encarar a descida na neve em cima de grandes boias. Em tudo há muita adrenalina e emoção. No parque, há um restaurante com uma vista de tirar o fôlego. Entre no clima e faça de conta que está nos Alpes Suíços. Reino do Chocolate – A história do cacau e do chocolate é contada no Reino do Chocolate. Há também uma minifábrica, onde é possível fazer chocolate personalizado. A criançada adora e é uma diversão para a família. Bondinhos Aéreos – A Cascata do Caracol tem uma vista privilegiada no Parque da Serra, em Canela. A dica é apreciar a vista no passeio da principal atração: Bondinhos Aéreos. O parque conta com outras atrações para a criançada, como Estação Animal, onde em um percurso de 230 metros as crianças podem se divertir com as esculturas dos animais que emitem som. Vale da Ferradura – O Parque da Ferradura tem pouca infraestrutura, o acesso é difícil e todo por estrada de chão. Mas sabe

aqueles lugares que a gente demora para conhecer, acha ruim o acesso e quando chega esquece de qualquer dificuldade que teve na vida? Assim é o Vale da Ferradura, em Canela, de tirar o fôlego. Gramado Zoo – Quem não gosta de visitar o zoológico da cidade? Ainda mais sabendo que é super bem cuidado, muito organizado e que é o único espaço dedicado exclusivamente aos animais da fauna brasileira. Macacos, tucanos coloridos, onças, puma e muitas aves. Aldeia do Papai Noel – O Parque Knoor foi uma das primeiras atrações turísticas da Região das Hortênsias e hoje abriga a Aldeia do Papai Noel. A história do Natal pode ser apreciada no parque em qualquer época do ano. Bom passeio para crianças pequenas. BusTour – O melhor jeito de conhecer as cidades de Gramado e Canela é com um passeio de BusTour. Para conhecer os principais pontos turísticos, parques e atrativos com liberdade e ainda curtir uma vista incrível. A ideia é deixar o carro no hotel e se perder pela Serra Gaúcha a bordo do estiloso ônibus. Vale descer, conhecer o lugar que você quer e depois pegar o próximo ônibus. Tudo organizado e com paradas previamente selecionadas. Para fechar o passeio com tudo de bom, quem tiver o ticket BusTour para o dia todo ainda pode conferir benefícios e descontos exclusivos em cada um dos atrativos. Espia: www.bustour.com.br


Bom tempo para a pele VerônicaBender dermatologista

O frio chegou, e com ele os tratamentos dermatológicos como peelings e lasers ficam em um período muito favorável aqui no sul do país, pois o frio e a menor incidência solar favorecem a recuperação da pele.

Embarcando na onda e na inspiração da Serra Gaúcha, podemos destacar os benefícios do resveratrol, molécula encontrada na uva roxa, que pode contribuir na prevenção de doenças cardiovasculares, de acordo com estudos realizados em universidades como Harvard. Pertence ao grupo dos flavonoides, que são compostos polifenólicos presentes em frutas, vegetais e bebidas, como chá, suco de uva e vinho tinto. As pesquisas demonstram que uma dieta rica em antioxidantes naturais, dentre eles os flavonoides, combate os radicais livres responsáveis pela oxidação celular, desacelerando o processo de envelhecimento, além de auxiliar no rejuvenescimento da pele.

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Assim como as outras partes do corpo, a região íntima feminina também sofre com os efeitos do tempo. Dentre os fatores que podem gerar alterações na genitália feminina estão a gestação, a obesidade, o uso de anticoncepcionais, má nutrição, tabagismo e até a constituição genética, resultando em flacidez, diminuição do volume dos grandes lábios, além do escurecimento da região. Apesar de serem alterações que acontecem com o tempo, as mulheres mais jovens muitas vezes também sentem-se insatisfeitas com a aparência da região íntima. Os procedimentos dermatológicos na região íntima, como peelings para clareamento, preenchimento, radiofrequência e lasers, surgem como alternativa para tratar ou amenizar os efeitos do envelhecimento, melhorar o aspecto estético e aprimorar a autoestima da mulher.


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SilvanaPortoCorrêa

multifacetado Dá para dizer que Luiz Felipe de Veiga Lima é um ser humano eclético, que não dispensa oportunidades nem teme desafios novos. Nascido em uma família porto-alegrense unida de quatro irmãos e uma irmã, iniciou o curso de Agronomia porque gostava de animais e o pai tinha campo. Surgiu um trabalho como paisagista, que ele prontamente aceitou, e chegou a participar de mostras como Casa Cor e Casa & Cia. A convite de Dudu Alvarez, foi para o bacana Sthude Bar fazer de tudo um pouco. De relações públicas a porteiro, se fosse preciso. Começou a fazer festas beneficentes e, empolgado com a badalação, montou a própria danceteria. A Rodeo Drive tinha uma ambientação inspirada em ícones da moda. O posto seguinte foi o de gerente operacional na incensada casa noturna da família Rigotto em Atlântida, a Ibiza. Cansado da noite, recorreu novamente à natureza e às plantas e voltou a ocupar seu tempo como paisagista no Rio de Janeiro, cidade onde sente-se em casa. A ponte aérea Poa-Rio durou dois anos e rendeu uma boa clientela com indicações de um amigo e dono de uma floricultura por lá. De volta à capital gaúcha, arriscouse na alta gastronomia em um curso com 46 |

Aires Scavone. Já começou a ser convidado para fazer jantares, pois cozinhar sempre foi um prazer para o flexível profissional. De pequeno, já desenhava. Em casa, uma das paredes era liberada para as artes dos filhos. Felipe ainda pinta quadros e vende as obras aos amigos. A mãe sempre foi uma grande incentivadora. Fazendo o paisagismo de um ateliê de moda, permutou por três vestidos para a irmã, desde que escolhesse os tecidos e desenhasse os modelos. Tomou gosto. Gosto que vem da avó, dona de um exuberante guarda-roupa de festas. Contratou uma costureira e fez um casaco para uma amiga que chamou a atenção da designer Glória Corbetta em um evento. Glorinha procurou Felipe e vieram as primeiras encomendas oficiais. Em 2010, foi o estilista quem assinou modelos do 1º Desfile Beneficente para a Liga de Combate ao Câncer, batizado de Sinfonia de Outono. No dia 6 de maio de 2010, foi lançada a marca Veiga Lima, com uma clientela que vai dos 15 anos aos 80 anos. O costureiro


que o inspira com seu universo anos 1950 é Christian Dior: “É o pai de todos”. Não abrir mão de nenhuma das oportunidades que teve permitiu que, em seu segundo desfile, assumisse os arranjos de flores e o coquetel, porque faltaram os responsáveis. Entre os projetos deste ano está um desfile.

Os méritos são sempre divididos com um trio especial, com quem ele pode contar em todas as horas: Ieda, Aline e Varli. “Sem elas, não sou ninguém. São da família”. Pergunto a uma delas se ele é bem-humorado e a resposta é: “Sim, muito”. Gratidão e bom humor. Dupla infalível. | 47


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Amor e segurança na Serra

JaquelinePegoraro

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Vladimir Haag Medeiros e Fernanda Seibel Aranha cuidam da segurança na Serra Gaúcha. Naturais de Porto Alegre, ele é delegado de polícia em Canela, e ela, delegada de polícia em São Francisco de Paula. O casal se conheceu em grupo de estudos para concurso e cedo colocou o pé na estrada com vontade de trabalhar e ver resultados efetivos na comunidade. Vladi atua na Polícia Civil desde 2010 e conta que sempre os piores

casos são relacionados com o tráfico de drogas. Fernanda começou em 2013 na Civil e para ela os casos mais marcantes são os de violência física e sexual contra crianças. Eles contam que é muito bom morar em cidade pequena, para ter mais contato com a natureza. Apesar da correria, é possível conversar com os vizinhos e fazer várias coisas num curto espaço de tempo. Parece que as pessoas têm mais tempo de conversar, “olhar no olho”. As crianças brincam na rua, como era antigamente.


Nas montanhas

O Eu Tenho Visto visitou o Parador Casa da Montanha Ecovillage, em Cambará do Sul. O passeio pelos Campos de Cima da Serra começou em São Francisco de Paula, cidade a 900 metros de altitude, logo depois de Taquara. Do centro de São Francisco de Paula, são mais 70 quilômetros até Cambará do Sul. A dica é cruzar toda a rua principal da cidade (Avenida Júlio de Castilhos) e seguir à direita. O hotel faz parte do roteiro de charme próximo a um dos maiores cânions do Brasil. O Parador é um lugar aconchegante, onde o hóspede é recebido com espumante para o brinde de boas-vindas. O almoço, aos sábados, é o típico churrasco feito no chão, acompanhado de comida campeira e saladas da própria horta. Entre as diferentes opções de hospedagem, a dica é a suíte Araucária, com banheira na área externa e conforto para encarar o frio de 9ºC que pegamos por lá. Vale ressaltar ainda o ótimo café da manhã e os mimos do hotel. | 49


ClaudiaTajes

Clique para remover seu e-mail

E-mails com PowerPoints, daqueles com frases de efeito e fotos de rosas vermelhas. E-mails com textos que não são do Luis Fernando Verissimo, da Martha Medeiros, do Caio Fernando Abreu nem da Clarice Lispector, mas cuja autoria se atribui a eles. E-mails com opiniões das quais a gente não compartilha. E-mails oferecendo caneta espiã, grampo espião, óculos espião – seja lá o que isso signifique. E-mail para entupir a caixa postal do vivente é o que não falta. Mas nada se compara em inconveniência, na minha opinião de consumidora, aos e-mails de empresas com promoções-relâmpago, ofertas imperdíveis e bônus para quem se inscreveu em determinada lista. Ainda que a inscrição jamais tenha sido feita. Detesto o e-mail marketing, espécie de mala direta que tenta vender de tudo na internet. Na agência de propaganda em que trabalhei por muitos anos, eu mesma tinha a tarefa de escrever uns quatro e-mails marketing por semana. Óbvio: é carma. Hoje sofro o castigo pela irritação que causei aos outros recebendo incontáveis e-mails marketing por dia. Operadoras de celular têm para mim benefícios únicos. Agências de emprego me tentam com vagas que pagam milhões, inclusive de CEO em conglomerados de engenharia. Companhias aéreas querem que eu voe já. Organizações humanitárias 50 |

prometem aumentar meu pênis. Milionários orientais vão me transferir suas fortunas, basta que eu informe o número da minha conta bancária. Nos últimos tempos, sou destinatária de uma educada e insistente proposta para me cremar em 24 vezes sem juros. Vantajoso, mas meio precipitado. Já um e-mail dizendo que ganhei uma temporada em Canela ou Gramado no inverno, este não vem nunca. A suprema crueldade do e-mail marketing é a frase em letras miúdas no final do texto: se você não deseja mais receber nossos e-mails, clique aqui. Eu sempre clico, mas os e-mails não param. Pelo contrário, a quantidade deles aumenta e novas promoções imperdíveis começam a chegar. Aposto que, do outro lado, fica um funcionário sádico rindo da cara de quem tenta sair da lista. Qual a solução? Não há solução. As listas de endereços são repassadas por empresas especializadas em montar cadastros (ou mailing, como se diz em inglês) de clientes que combinam com os produtos e serviços oferecidos. Portanto, quando um e-mail marketing cai na sua caixa de entrada, é porque você é um alvo perfeito. Isso é o que me deixa mais triste quando chega o e-mail para aumentar o meu pênis. Pensando bem, existe um final. É só clicar no plano para me cremar em 24 vezes.


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Bá, que lugar

multi estilo Se é a experiência gerada que faz os lugares e as sensações parecerem únicos e especiais, o Empório Canela e o Magnólia acertaram em cheio em seus distintos DNAs. O que não é coincidência, já que ambos estão sob o comando da mesma turma. Pensa em um empório contemporâneo que tem de tudo um pouco. Quem gosta de peças antigas, uma quinquilharia com estilo ou de boa literatura tem tudo para perder (ou ganhar...) boas e aprazíveis horas espiando o Empório Canela. Uma balança antiga divide o balcão com cartolas coloridas. Canecas, quadros, lápis, geleia, móbiles, fitinhas, bonecas de pano, bloquinho, velas e garrafas convivem uma colorida, caótica e mimosa cena com as mesas postas, os livros usados e as antiguidades. Tudo ao mesmo tempo agora ganha a atenção imediata dos curiosos que apreciam pequenos detalhes. Natural de Farroupilha, Fernanda Chies conheceu o porto-alegrense Rafael Kroeff na Faculdade de Hotelaria Castelli. Começaram a namorar e, formados, foram morar na Austrália para estudar inglês. De volta ao Brasil, em 2006, a ideia era voltar a morar fora, mas, em uma das vindas a Canela, à casa da família de Fernanda, visitaram o Empório, apaixonaram-se e assumiram o negócio – que já tinha esse nome, o mesmo jeitinho charmoso de misturar antiguidade com literatura e gastronomia. Roberta Rech é quem comanda as caçarolas do Empório há 10 anos, função que, há dois anos, foi acumulada com a de comandar também a cozinha do Magnólia – segundo empreendimento do casal, ao lado do cunhado, Alan Erthal, nascido em Carlos Barbosa e casado com Roberta Chies, irmã de Fernanda. 54 |


“Quando completamos cinco anos de Empório, não tinha mais para onde crescer. Sozinhos não faríamos mais nada, mas surgiu a oportunidade de o meu cunhado participar. Queríamos repetir a fórmula de experiência gastronômica, mas com uma identidade diferente do Empório”, diz Fernanda. Nasceu o Magnólia, instalado em uma imponente mansão do ano de 1958 que pertenceu à família Corso e mais recentemente era de um médico alemão. O bar e restaurante chama a atenção do cliente já na entrada, quando é recebido em um hall todo retrô anos 1950 e pelas proprietárias da casa, Magnólia e Margot (manequins que até trocam os modelitos de tempos em tempos). O mobiliário original e antigo dialoga com a decoração cheia de graça e personalidade do casarão. Por lá tem sessões de cinema, de terça a quinta-feira. Sempre às 20h30min e gratuitas. A Quinta do Vinil é a atração das quintas-feiras, quando o som toca na eletrola das 19h à 0h e o bar tem rodada dupla de chope. Um dia antes, às quartas-feiras, é a noite do Cosmopolitan das gurias, e uma vez por mês rola a baladinha do Cagê, quando Margot e Magnólia até convidam a turma para a pista. Além do bistrô e das programações, o Magnólia também recebe eventos sociais e corporativos de pequeno porte para cerca de cem pessoas, com toda a estrutura e catering próprio. MB | 55


crônica

Vontade de ficar Por Mariana Bertolucci

Já faz algum tempo que me confor- a surpresa dentro da igreja, onde ela não mei, e hoje até sinto um certo orgulho por poderia ficar brava nem aumentar a voz. ter vindo ao mundo no Hospital Fêmina, Só que, antes de cruzar a praça que liga a casa dos nossos avós à igreja, o nosso em Porto Alegre. Mas passei boa parte da infância e primo Poty, que estava numa rodinha de adolescência sem entender por que não amigos do outro lado da rua, deu um bernasci em Gramado. Sim, eu queria ser ro: “Que bonitinhas as priminhas par de gramadense. Os meus bisavós, os meus vaso!”. Ela me olha, vermelha, e diz: “O avós e o meu pai são, os meus tios são, que tu tá fazendo igual atrás de mim?”. Lembrar dessa história e de muitas e o principal, a minha prima Lila é graoutras faz de Gramado um lugar viscemadense. Quando eu era pequena, eu queria ral para mim. Me devolve cores, gostos, ter e fazer tudo o que a minha prima Lila músicas e cheiros da infância feliz que só tinha e fazia. Ela até que levava bem a não era mais feliz porque existiam os domingos. E aos domingos nós nos despesituação. Nem sempre... Um domingo, íamos à missa. Demo- díamos de Gramado, da nossa liberdarei um pouco mais a sair de casa, por- de, do carinho e das comidas da nossa que sabia que ela não ia gostar da minha avó Edelvira e das gaitadas do nosso avô ideia de colocar o mesmo vestido. Éra- Walter. Do vô Walter, eu me lembro todos mos as duas meninas maiores da família e era muito comum (para o meu total os dias quando lavo o rosto. E vem oudelírio e a desilusão dela) que ganhásse- tra história de Gramado. Depois de um desentendimento qualquer, comecei a mos presentes iguais. Lá ia ela, mocinha, esguia e mais sé- chorar. Calmo, ele me pegou pela mão ria. Eu, mais baixinha e pirralha, me trajei e me conduziu chorosa pelo corredor idêntica. Com um vestido claro de alci- até o banheiro que ficava no seu quarto. nha e com flores em tons mais escuros. No trajeto até o outro extremo da casa, como nunca antes, a07/03/16 mão quente, EuESR0002-16_Anúncio a segui, ESR0002-16_Anúncio semrodapé que Revista ela visse, paraBartelle_33x4,6cm fazer rodapé BA_Claudia Revista BA_Claudia senti, Bartelle_33x4,6cm copiar.pdf 1 copiar.pdf 07/03/16 1 10:37 10:37


macia, enorme e protetora do meu avô. Ele se abaixou para ficar da minha altura, me olhou, com aqueles olhos verdes, risonhos e fortes, e disse: “Nega, quando tu ficar triste ou chorar, vem no banheiro, taca uma água gelada na cara e levanta a cabeça. Mas lava direito”. Meu avô me ensinou que é possível ser firme nas convicções e atitudes sem ser indelicado. Que para ter disciplina não é preciso deixar de ser alegre e, principalmente, que todas as pessoas devem

ser tratadas com o mesmo respeito. Estar mais em Gramado para fazer esta edição temática e mergulhar nas minhas raízes e memórias foi, além de emocionante, revelador. Ouvir as histórias das pessoas que aqui nasceram ou que aqui vivem explicou muito sobre a minha. Senti algo que me levou de novo aos domingos da infância, quando eu abria o berreiro ao entrar no carro e voltar para Porto Alegre. Senti, de novo, muita vontade de ficar.

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CristieBoff

Boccioni, gênio e memória

designer e artista plástica

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O artista italiano (1882-1916) viveu somente 34 anos, mas realizou uma grande quantidade de obras fascinantes, entre pinturas, esculturas e desenhos. Passados 100 anos da sua morte, o Palácio Real de Milão presta homenagem a ele com a mostra Umberto Boccioni, Gênio e Memória, que reúne diversos desenhos, documentos e pinturas do artista considerado um gênio da modernidade e talvez o mais célebre italiano integrante do movimento futurista. A mostra pode ser visitada até o dia 10 de agosto.


Firenze 2016 Artista belga, Jan Fabre (1958) invadiu a Piazza della Signoria, em Firenze, com sua magnífica tartaruga de grandes dimensões. O artista pensou em dois autorretratos, um como cavalheiro que monta a tartaruga gigante Searching for Utopia (2003) e na outra escultura como guardião da cidade The Man who Measures the Clouds (2016). Quem passar pela bela cidade poderá conferir até o dia 2 de outubro. | 59


AndréaBack

publicitária e jornalista

Quem visitou a Serra Gaúcha de uns anos para cá deparou com uma revolução silenciosa, que se estende da hotelaria ao meio ambiente, da gastronomia ao artesanato, dos eventos ao patrimônio histórico. Unido em um conceito que valoriza a identidade e a tradição, mas sob uma perspectiva de adequação ao novo, à qualificação, este movimento vem transformando a região num modelo a ser conhecido e reconhecido. “Rústico: o que é feito de elementos naturais, à mão. Aquilo que está fora da zona urbana. Tem textura, estão à mostra a matéria-prima, os veios, a fibra. O acabamento é imperfeito, é despretensioso, como costuma ser aquilo que é autêntico.” O conceito de rústico pode ajudar a entender o que vem sendo feito por aquelas bandas. Iniciativas que procuram deixar à mostra a essência do lugar. Aquela sensação de acolhimento, o clima de aconchego e a “imperfeição” da rusticidade têm, nos bastidores, grande dedicação e coordenação de iniciativas públicas e privadas. Foi um trabalho de requalificação da região, que partiu de uma base territorial propícia, associada a um patrimônio histórico e culturalmente rico. Resultado: a Serra Gaúcha conquistou uma marca territorial e projeção nacional e internacional. O exemplo mais emblemático são as elogiadas e premiadíssimas vinícolas, onde 60 |

novas tecnologias e o profissionalismo para melhorar a produção e o atendimento vieram somar-se à experiência e ao sotaque dos colonos precursores. Hoje são referência na qualidade do produto e um polo de atração turística. Ou seja, ganha-se como indústria e como serviço. Mas vale conhecer e celebrar também outras ações que demonstram o comprometimento da região com o desenvolvimento através da identidade cultural. Mangiare Restaurantes como a Casa Vanni e o Valle Rustico, ambos em Bento Gonçalves, exploram as riquezas locais, tanto em termos de cenário como de decoração e matérias -primas, para com eles reinventar uma experiência completa, para o deleite de turistas e nativos. Legítimos representantes do movimento slow food, essas casas abrem mão das facilidades que a indústria oferece, em troca das opções da horta e dos produtores locais. No Valle Rustico, até a água servida é do poço artesiano. E na Casa Vanni, a culinária italiana tradicional harmoniza com as ideias inovadoras da chef Jerusa Vanni. E também com as redes no espaço externo, que convidam àquela preguiça pós-almoço! Vedere O cenário, as características físicas da população e a estrutura para a produção. Esse foi o potencial que a cidade de Garibaldi percebeu ter nas mãos quando concebeu a Garibaldi Film Commission. Vinculada à Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, tem atribuições de captação e acompanhamento de produções audiovisuais. O resultado é que a cidade já serviu de cenário para o comercial de Natal da Coca-Cola, os filmes Real Beleza, de Jorge Furtado (2013), e O Filme da Minha Vida, de Selton Mello (2015), a novela Além do


Tempo, da Globo, clipes e muitos outros. Secretária de Turismo e Cultura de Garibaldi, Ivane Fávero evidenciou o quanto estas produções contribuem na promoção do município e na autoestima da população local: “Movimenta-se a economia quando se desloca uma equipe para filmagens. Além disso, o município ganha visibilidade, mídia espontânea, engajamento da comunidade e do comércio, movimentando a rede hoteleira e gastronômica. Também promove a cultura cinematográfica local”. É a Serra vendo e sendo vista!

Ispirare Além das opções que a Serra oferece, podemos aproveitar também o exemplo da região como modelo de evolução pessoal: cultivar a essência, valorizar as raízes, preservar o que é identidade. Ao mesmo tempo, estarmos sempre abertos ao novo, porque imobilidade é preguiça existencial e falta de flexibilidade inibe a visão do mundo. Permanência e reinvenção podem e devem andar juntas e nos fazer melhorar sempre! | 61


outBá | Laken

As origens e o bem viver

A história que você lerá a seguir não é só sobre um empreendimento em mais uma bela área em Gramado. À frente do Laken, os irmãos Gabriela e Guilherme Ruschel Michaelsen dividem as tarefas, os sonhos e os projetos de vida, numa união de esforços recheada de lembranças e afetos familiares. Como bons bisnetos, netos e filhos de gramadenses, acompanhando os pais, Romeu e Branca, Gabi e Mica, como são cha-

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mados pelos amigos, criaram-se brincando soltos com os primos pela Serra. Guilherme praticava hipismo com o saudoso professor Chico Dalle Molle. Era assim em muitos finais de semana da infância e adolescência, em especial nas datas festivas de família reunida. Formado em Economia e Direito, Guilherme sempre vislumbrou um negócio familiar, e trocar o estilo de vida e migrar para uma cidade como Gramado nunca o assustou.


Gabriela é advogada. Lá pelo ano 2000, quando ainda se dedicavam à carreira jurídica, os irmãos começaram a pensar mais seriamente no assunto: “Aqui sempre foi a nossa casa também”, conta Guilherme. Desse desejo nasceu o Laken, abençoado pela natureza em cerca de 150 mil metros quadrados, verde, mato e céu em sua mais exuberante forma e cor natural. Asfaltado, com cabeamentos subterrâneos, com contornos de arquitetura moderna acompanhada de um refinamento rústico, resultado do projeto assinado por Rudy Fork, pioneiro de

muitos condomínios do litoral gaúcho. Os 65 lotes têm em média mil metros quadrados. Será erguido também no empreendimento um edifício de seis apartamentos com cerca de 300 metros quadrados de área privativa. Em 2008, iniciou-se efetivamente o desenvolvimento do projeto do Laken, juntamente com os planos de Guilherme e Gabriela de trocar a capital gaúcha por Gramado e morar no novo condomínio. Ele se mudou há três anos e ela veio com o marido, Geraldo, e a filha, Martina, em setembro. A qualidade de vida e a educação da cidade são o que deixa os irmãos certos de sua decisão. O que mais fascina Guilherme no Laken é estar perto da natureza e dos animais. Ele povoou o lago artificial com dourados, black bass e traíras amazônicas, a fim de praticar seu hobby preferido – a pesca esportiva. Uma de suas ideias é organizar futuramente campeonato anual de pesca entre os condôminos praticantes do esporte, com ranking e tudo. Gosto herdado do querido avô, Lindolfo Ruschel, com quem ele aprendeu a desfrutar da contemplação das pescarias e da serenidade das águas. Ainda na estrutura do condomínio de alto padrão, haverá quadra de tênis coberta, piscina térmica com raia para natação, sala de jogos, sauna, sala gourmet, espaço de churrasqueira e espaço kids, wine house e fitness. Gabriela conta que viver em Gramado é maravilhoso: “O melhor é o dia a dia. A segurança, o trânsito e o astral das pessoas. Posso passear de carro com o vidro aberto, ou com meu cachorro, de madrugada, sem medo. Saio de casa a cinco minutos de qualquer compromisso. Em todos os lugares, sou bem atendida e com eficiência. Nos finais de semana, ainda aproveito a cidade como turista, usufruindo das muitas opções de lazer”. O que faz toda a diferença. MB | 63


paisagens da seRRA Julia Ramos Fotógrafa

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Quando apenas uns poucos quilômetros separam a capital gaúcha dos cenários mais encantadores do estado, quem resiste a uma road trip dessas?


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Bá, que legal

CarlaLeidens deGramado

Bá, que legal!

Bá, que legal começar a escrever para a revista. Nem sei como descrever minha emoção. Há anos acompanho o trabalho da Mariana Bertolucci, mas escrever para a Bá, me bate assim como um sonho realizado. Então, vamos embora? Morar na Serra Gaúcha me deixa feliz, uma felicidade que chega todos os dias em pequenas porções. Passear nas ruas floridas, conhecer praticamente todas as pessoas por onde se anda, viver como turista em casa e morar em uma das regiões mais bacanas do nosso país. Nos pequenos detalhes, nas coisas corriqueiras que fazemos todos os dias, nos comentários do turista encantado na mesa ao lado. Aqui tudo soa a felicidade. Temos por aqui vários tesouros, que não me importo nem um pouco em dividir com vocês. Galangal Asiático e sushi gourmet. Prepare-se para a experiência gastronômica. No Restaurante Galangal, tudo é diferente. O ambiente, o astral, o cardápio. Nos finais de semana, é possível curtir um solzinho e almoçar no deck. Dica: sequência especial, você nunca viu nada igual. Bar do Xerox Em frente à prefeitura de Canela, existe 66 |

um misto de bar, lancheria e café. Pergunte a qualquer morador onde fica o Bar do Xerox ou o antigo Bar da Volks e todos saberão apontar o caminho. O lugar é pequeno, acomoda apenas 10 ou 15 pessoas no balcão. Mas os clientes se acumulam e esperam sua vez para pedir o famoso bifinho ou batida de abacate. Há mais tempo do que consigo lembrar, o Bar do Xerox serve as mesmas delícias. Croquetes, enroladinhos, pastéis e sanduíches. O cardápio, que não existe fisicamente, pois todos já sabem o que lá vão encontrar, conta apenas com esses itens, que são servidos sempre da mesma forma. No balcão, informalmente, acompanhados por taças de café com leite e café preto servido em copos de botequim. A simplicidade e o sabor andam juntos nesse lugar emblemático e supertradicional. Ficou curioso sobre o que é o bifinho? Então aí vai a receita: pão francês médio, bife, queijo e ovo. Mas já aviso, não tente fazer em casa. Você não vai conseguir chegar nem perto do tradicional sanduíche do Bar do Xerox. Tem que ir lá e provar. Parada 273 Se você estiver distraído ao passear pelo centro de Gramado, não vai perceber a galeria Parada 273. É um lugar meio escondido, na praça ao lado da Rua Coberta. Ali existem algumas lojas de souvenir e arte-


sanato local. Mas, se você olhar bem e caminhar até o fundo da galeria, vai encontrar a Livraria Café Conceito . Um charmoso espaço onde o cheiro dos livros se mistura com o aroma inconfundível de café fresco. As donas da livraria, mãe e filha, são uma atração à parte. Conhecedoras do mundo literário, são pessoas descontraídas e com uma energia invejável. Vale um café, um bom livro e um bate-papo com essas duas que já viajaram o mundo inteiro e escolheram Gramado como cidade para morar. Espetáculo Korvatunturi Um misto de arte circense, teatro e dança. Cada momento do Korvatunturi foi pensando para emocionar. Os verdadeiros valores da vida contados ao espectador de forma inusitada. Amizade, alegria, solidariedade e amor. Korvatunturi é um espetáculo

para a família toda, o figurino é incrível e o evento como um todo não deixa nada a desejar para os grandes momentos da Broadway. Imperdível! Todos os sábados, às 19h30min, na Faurgs – Rua São Pedro, 663 – Centro de Gramado. Espetáculo Bellepoque Se você tem mais de 18 anos, poderá vivenciar a experiência de uma noite ao melhor estilo cabaré. Uma noite sensual será apresentada a você e seu namorado. Sim, é um espetáculo para assistir acompanhada. Teatro, coreografias bem elaboradas e impressionantes performances unindo o lúdico e o sensual. Um espetáculo contemporâneo que une a arte e a estética da beleza. Imperdível, parte II. www.bellepoqueshow.com.br | 67


GILMAR GOMES

Báco

OrestesdeAndradeJr. jornalista e sommelier

Vale dos Vinhedos: a Toscana brasileira

Vinho é origem. Cada rótulo é único porque é elaborado a partir de condições singulares das regiões onde é concebido. Então, quem gosta de vinhos deveria conhecer, antes de tudo, aqueles que estão o mais próximo possível da sua casa. No caso, o Brasil. Os gaúchos têm a dádiva de ter a sua própria Toscana – o Vale dos Vinhedos! Ocupando 72,5 quilômetros quadrados na Serra Gaúcha – entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul –, o Vale dos Vinhedos representa o legado histórico, cultural e gastronômico deixado pelos imigrantes italianos que chegaram à região em 1875, em perfeita harmonia com as modernas tecnologias para produção de

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uva e vinhos finos e com infraestrutura turística de alta qualidade. É a única região brasileira a ter Denominação de Origem (DO). A parte mais nobre da Serra Gaúcha abriga mais de 30 vinícolas de diferentes portes entre suas estradas estreitas e sinuosas. Todas ficam abertas a visitação o ano todo, com um diferencial importante – em boa parte delas, o atendimento é feito pelos próprios proprietários, suas famílias e enólogos. Em quase todas elas, é possível participar de degustações e fazer visitas guiadas, mesmo sem marcar horário. Nos hotéis e pousadas, há programações variadas, com almoços e jantares harmonizados, sobretudo aos finais de semana. O grande destaque é o hotel cinco estrelas Spa do Vinho. Mas há muitas outras opções, cada uma com seu jeito particular. O Vale dos Vinhedos também possui bistrôs, ateliês de arte, armazéns de queijos, embutidos, doces e geleias coloniais, além de uma paisagem incrível. É como estar na Europa. Com todas essas atrações, quase 400 mil pessoas passaram pelo Vale dos Vinhedos em 2015, número nunca antes atingido


GILMAR GOMES

pelo roteiro enoturístico mais conhecido do Brasil. O aumento em relação ao ano anterior foi de 34%, o dobro da expectativa da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale). As previsões para 2016 seguem otimistas devido à alta do dólar, que tem, inclusive, incentivado os consumidores a optarem por vinhos e espumantes nacionais, embalados pelas experiências que o enoturismo proporciona. A maioria desses quase 400 mil visitantes é formada por brasileiros, que representam 92% do total, vindos, principalmente, dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os 8% de estrangeiros estão representados por norte-americanos, franceses, alemães, italianos, portugueses, uruguaios e argentinos. Faça como eles. Aproveite o frio, faça suas malas e aproveite!

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Por que a lã? LígiaNery coach

Quando penso na Serra Gaúcha, a primeira imagem que me vem não é o chocolate, não são as hortênsias, não é a comida italiana e nem mesmo o vinho. A imagem que me vem é a lã. Isso mesmo, a lã. Claro que logo depois penso em chocolate, vinho, massa, polenta, pão caseiro, que ninguém é de ferro, mas a primeira ideia, a automática, aquela que vem antes de eu pensar no que vou pensar, é a lã. Nossa história, minha e da lã, é antiga. Cresci ouvindo meu pai comentar sobre anos bons e ruins para a criação de ovelhas, às vezes o preço valia a pena, outras não, alguma coisa a ver com a guerra e a necessidade de aquecer soldados, ou pelo menos é assim que está no meu imaginário, embora talvez não seja verdade, pois nasci depois da guerra. Então, veio a época dos sintéticos e a lã natural perdeu importância mercantil, mas ficou lá à espera, como que de tocaia, para assumir outra importância em minha vida. Era lã que dona Henriqueta Terra, a mãe de Ana Terra, fiava na roca cujo ruído há muito assombra minhas noites, eram de lã as almofadas do meu primeiro sofá, um sofá comprado no Artesanato Gramadense e onde eu passava noites em claro tentando acalmar a tosse da minha filha, sem saber que tossia porque tinha alergia a lã (é... a vida tem dessas surpresas...), era de lã o suéter que meu pai trazia para me dar, seu último presente, são de lã as maravilhas criadas por Inês Schertel no 70 |

seu atelier em Canela, era sobre o inverso dos nossos pelegos que minhas primas e eu sesteávamos depois dos piqueniques nos matos da estância (36ºC à sombra e, juro, deitar ali era fresquinho), eram de lã os casacos que eu fazia para a família toda e que ninguém usava porque ou a cabeça não entrava no decote ou os braços não passavam pelas mangas – eu nunca soube fazer acabamentos –, e que eu seguia fazendo porque o importante não era o resultado, mas a maciez dos novelos, as cores, o calor da lã sobre meus joelhos e o pensamento tramando-se sem compromisso no vai e vem das agulhas... Alguém disse que escrevia para entender melhor o que pensava – acho que foi Clarice –, e é assim, escrevendo, que entendo por que eu lembro da lã quando penso na Serra. É que a lã tem, para mim, uma infinidade de significados. Representa muito mais do que apenas calor, é carinho e aconchego, um aconchego feminino e criativo, são lembranças infantis, cheiro de mato e pelego, é trabalho, luta, empreendimento, prazer de fazer mesmo sabendo que o resultado pode não dar certo, como jamais deram certo os meus casacos, é fogão a lenha, pinhão quentinho, uma xícara de chocolate quente, são lembranças do meu pai, são Elizabeth Rosenfeld e Inês Schertel, para citar apenas duas das mulheres que, em nome de todos nós, assumiram a roca ancestral de dona Henriqueta Terra.



CristianeCavalcante deNovaYork

Bela amiga Bela é uma amiga antiga que conheci em Nova York. Menina tímida, de poucas palavras e muita ação. Mal sabia eu de quem era filha (soube meses depois que é filha de Flora e Gilberto Gil) e mal sabia também do seu talento gastronômico. De cara, Bela me encantou pelo estômago. Numa época em que consciência e conhecimento orgânico não faziam parte do meu menu. Aos poucos, fomos nos conhecendo e me apaixonei pelo seu jeito e estilo de vida simples. Conversávamos sobre viagens pelo mundo, fomos parar na Índia – eu primeiro e ela depois –, dividimos memórias e experiências sobre o itinerário que fizemos. Me surpreendi quando ela me disse que estudava, além de Nutrição (Bela formou-se em Nova York pelo Hunter College), também Iridologia (estudo das cores e formas da íris ocular para diagnósticos da saúde dos órgãos), assunto pelo qual me interessei anos antes de nos conhecermos, quando vivi na Europa. Anos depois, de volta ao Brasil por pouco tempo, encontrei em Gramado uma grande doutora, especialista no assunto. Também me surpreendeu a facilidade com que ela lidava com a maternidade, foi mãe superjovem da Flor, e equilibrava com as tarefas da vida acadêmica, social e profis72 |

sional. Bela é chef de cozinha natural – sempre doce e sem grilos. Nós, os amigos nova-iorquinos, quase todos ainda sem filhos na época, vivíamos a agitação na grande metrópole a imaginar como fazia tudo o que fazia com tamanha maestria. Com ela aprendi a me alimentar melhor e perdi (um pouco) o medo de entrar na cozinha. É preciso amar a arte de combinar alimentos e sobretudo estudá-los. Requer tempo, vontade e amor – amor que se vê e se sente ao comer um prato preparado por Bela. Sou grande apreciadora mesmo sem ser nem vegana, nem vegetariana, muito menos macrobiótica. Bela é disciplinada, presta atenção nos detalhes e sua religião é o alimento que consome. É também sua medicina. Infelizmen-

Sopa de cenoura com gengibre Rendimento: 4 porções Tempo de preparo: 30 minutos Nível de dificuldade: fácil Ingredientes 5 cenouras picadas grosseiramente 2 cm de gengibre picado ¼ de cebola picada 1 colher de sopa de óleo de gergelim ½ colher de chá de sal marinho 4 xícaras de água Modo de preparo • Refogue a cebola com o óleo de gergelim • Adicione o gengibre, as cenouras e a água • Espere ferver, adicione o sal e deixe cozinhar por 10 minutos com a panela tampada • Bata no liquidificador com a água do cozimento até ficar bem cremosa


te, mudou-se para o Brasil, para a sorte dos brasileiros e azar dos que aqui ficaram. Seu programa de TV é um sucesso nacional, que contribui para a educação alimentar da geração Bela Cozinha, do canal GNT. Também criou o Canal da Bela no YouTube, que prega a alimentação consciente e saudável com sabor e qualidade. Ganhou o prêmio Cariocas do Ano, da revista Veja, lançou os livros Bela Cozinha – As Receitas, que recebeu o prêmio de melhor livro de culinária brasileira, e Bela Cozinha 2, também igualmente reconhecido pela Gourmand International Awards, com mais de 110 mil livros vendidos. Apoia diversos projetos sociais no Brasil. Entre eles, Bela Infância, que ensina crianças de escolas particulares e públicas de todo o Brasil a se alimentarem melhor e a combater a obesidade infantil. Agora passa uma longa temporada em Nova York com a família à espera de Nino, seu segundo filho, oito anos depois de Flor. Nos dá um gostinho de seu tempero aqui na terra do Tio Sam. Como cantou seu pai, anos antes de ela vir ao mundo: “...Toda menina baiana tem encantos que Deus dá...”. Bela vem provando a profecia. Bela amiga.

Dicas da Bela em Nova York Para dançar: dança africana do Djoniba na www.peridance.com Para meditar: yoga no http://iyengarnyc.org em Chelsea ou no Brooklyn Para comer: http://www.angelicakitchen.com e www.avantgardennyc.com Para comprar: www.thealchemistskitchen.com (os elixires com ervas e plantas do mundo inteiro, principalmente da Amazônia, são deliciosos, vale muito a experiência) Para aprender: curso no https://naturalgourmetinstitute. com/about/ Bônus: toda sexta-feira, os alunos oferecem jantares para o público. Free food is always good! Além de visitas ao Museu MoMa (seu favorito!) e peças de teatro, Bela adora fazer piquenique nos parques da cidade. De presente, Bela manda uma receita especial para esquentar os gaúchos nas noites frias na Serra. | 73


LíviaChaves Barcellos

A arte na Serra Gaúcha Menos sensível à crise, a Serra Gaúcha é o destino mais procurado pelos turistas aqui no Rio Grande do Sul. E é, sem dúvida, um lugar de sonhos. Ótimos hotéis, muitos restaurantes de primeiríssima, lojas lindas. É um pouco da Europa no Brasil. Muito boa a escolha do Laken para o lançamento da nossa Bá. Laken é um novo condomínio, entre tantos que existem por lá, que já tem sucesso garantido. Um dos lugares mais visitados no momento é a Villa Sergio Bertti. Começou como uma fábrica de móveis e tem sido ampliada, tornando-se um point de charme e bom gosto. Além da loja da fábrica, que tem peças lindas e variadas, como as roupas da grife de Juliana Sanmartin e peças artesanais, inaugurou nesta temporada uma operação do restaurante Soltana, Tragos y Cocina, capitaneado por Leonardo Albuquerque. O espaço, que é imenso e cercado de verde, abriga ainda uma bela galeria de arte, que exibe peças incríveis do talentoso Hugo França, como esta mesa espetacular feita de um tronco de árvore. A exposição do excelente escultor Bez Batti ocupa um grande espa74 |

ço, com peças lindas e de fácil acesso. Mais do que natural e inspirador, alguns artistas resolveram morar na Serra. Entre eles, destaque para Ronan Witée. Vejam os minipássaros e as miniborboletas (fotos). Sou apaixonada por estes trabalhos. Ficam lindos espalhados pela casa e também podem ser usados como marcadores para fazer o placement à mesa. Très chic! Bino Ferreira também faz um trabalho que me encanta. São peças em ferro, que vão desde luminárias e lustres a bancos de jardim, peças para lareira e bebedouros para os passarinhos. Entre os muitos restaurantes, destaco o Belle du Valais, o Table d’Or, ambos em Gramado, e o mais novo de Canela, que está badaladíssimo, o Magnólia. Impossível falar em Serra Gaúcha sem citar o Kurotel. Cada vez melhor, é o lugar ideal para nos sentirmos paparicados. Passar uma semana lá é um dos melhores presentes que você pode dar a si mesmo. Mas tem também a opção do SPA Day, que é ótima. Aproveitem os dias frios de inverno e subam a Serra.


AndréGhem tenista profissional

Coração gramadense

Oitenta e cinco são os quilômetros que separam Novo Hamburgo e Gramado. Uma distância longa para um passeio, porém curta para uma viagem. Aproveitando a “viagem”, gostaria de fazer uma rápida ao passado, à época em que tudo era uma grande brincadeira. Meu primeiro troféu, que foi para a prateleira da dona Shirlei, foi dessa competição, e por alguma razão, naquele ano, o torneio foi disputado em Novo Hamburgo. Oito anos de idade eu tinha e pela primeira vez subia ao pódio com a taça na mão e um aparelho sound system 3x1. Um torneio voltado para crianças, organizado por gente grande, no tradicional Tênis Clube da cidade. Uma competição que não premiava apenas o campeão. Um campeonato que premiava a todos de certa forma, fazendo jogadores mirins sentirem-se felizes e com gana de voltar no ano seguinte. Aos 10, entrei como favorito e fui derrotado na final. Não apenas perdi o jogo do campeonato, mas sofri pela perda da televisão. Nesse ano, o prêmio maior era uma TV e a deixei escapar para meu pior adversário na época. Meu pai sempre me ensinou a não chorar depois dos jogos perdidos, mas nesse dia não pude controlar. Minha decepção com uma derrota aos 10 não foi das melhores

coisas a se digerir. As lições do esporte são as lições da vida, assim se forja um caráter, assim se faz um homem. Cair e levantar. Mesmo tão prodígio. Com a chegada aos 12 anos, idade limite do certame, chegava também a última chance de levar o troféu, a TV, os chocolates e tudo que era oferecido. Dois anos haviam se passado desde aquela fatídica final. Nova e derradeira oportunidade. Tudo foi como tinha de ser, confirmava o favoritismo em mim depositado, levava todos os prêmios para casa e, mais do que isso, encerrava um ciclo em minha vida. Ali em Gramado, naquele domingo no Tênis Clube, eu deixava de ser criança. No ano seguinte, começaram as viagens pelo Brasil e, naturalmente, com os anos passando, fui evoluindo, e aumentaram as pressões, as responsabilidades e os deveres. Uma bola de neve que até hoje rola países mundo afora. Minha primeira grande derrota e minha primeira grande vitória foram na Serra Gaúcha. Além das lições, essas experiências significaram em minha vida o primeiro esboço do caminho a ser percorrido. Mesmo sem visitar a cidade há tempos, Gramado, com o seu dom de fantasia, mora no meu e em muitos corações. Te vejo logo mais, | 75


MarcoAntônioCampos advogado e cinéfilo

Ponto de Zé Pedro Goulart

O Festival de Gramado existe desde 1973. Chega neste ano de 2016 à 44ª edição. São muitos os nomes de atores, atrizes e cineastas que o Festival de Gramado lançou, consagrou ou projetou ainda mais nos cenários estadual, nacional e internacional. Zé Pedro Goulart é um cineasta e publicitário brasileiro que tem sua carreira ligada ao Festival de Gramado. Sua carreira no filme publicitário tem, além das empresas Zeppelin e Mínima, uma quantidade de filmes que marcaram estas últimas três décadas da produção gaúcha e nacional, pela criatividade, inventividade e alto grau de diferenciação em relação aos seus melhores concorrentes. Mas foi em sua carreira ficcional que Zé Pedro, durante muitos anos no curta-metragem, mostrou sua veia criativa diferenciada. Sua dupla com Jorge Furtado marcou época com títulos como Temporal e O Dia em que Dorival Encarou a Guarda. Multipremiados, inclusive em Gramado. Seu episódio Sonho, do filme Felicidade é..., e principalmente O Pulso são exemplares magistrais do melhor cinema ficcional gaúcho. Nestes últimos dois anos, Zé Pedro vem se dedicando a seu primeiro longa-metragem, Ponto Zero. Exibido no último Festival de Gramado, o filme teve uma espetacular recepção 76 |

da crítica, motivando elogios apaixonados dos melhores críticos brasileiros, mas não teve o reconhecimento devido nas premiações oficiais do Festival. Ponto Zero também foi exibido na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com enorme sucesso de público e crítica. O ator Sandro Aliprandini vive Ênio, um menino de 15 anos que encara os dilemas de uma passagem traumática entre a adolescência e a vida adulta, a convivência com os pais e a realidade da cidade violenta. Das muitas críticas positivas sobre Ponto Zero, a de que mais gosto é a seguinte: “Pode parecer pretensioso demais dizer que Zé Pedro Goulart, pelo método – e também pela ambição –, pode muito bem ser o ‘nosso’ Terrence Malick. Talvez seja até melhor. (...) Existem obras cujo tempo de decantação é maior. Zé Pedro fez um curta clássico, O Dia em que Dorival Encarou a Guarda. Demorou décadas para fazer seu longa. E não é porque ele começa no espaço, mas Ponto Zero é um óvni no cinema brasileiro atual. Não se assemelha a nada que estejamos vendo” (Luiz Carlos Merten, Estadão). Outro destaque do filme – unanimemente elogiado – tem sido a trilha sonora de Leo Henkim. Ponto Zero, primeiro longa-metragem da carreira de Zé Pedro Goulart, um cineasta gaúcho, já é um dos destaques cinematográficos de 2016, pela sua relevância no panorama da produção nacional e pelo interesse que desperta nas pessoas ligadas a cinema que não termina quando a luz da sala foi acesa.


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Bá, que imagem

Heloisa Medeiros Fotógrafa

Mães de anjo Observar a fotografia contemporânea é encontrar infinitas possibilidades que tornam o processo criativo híbrido, livre e experimental. Misturam-se técnicas e conceitos, ressignificam-se imagens. Retratos como forma de expressão artística a serviço da emoção do espectador. Para tirá-lo do lugar-comum e provocar reflexão. Em busca de um sentido para o ato de fotografar, construo minha própria poética. Chamo isso de fotografia autoral, em que empresto às imagens minhas inquietações, meus medos e devaneios. Exploro meu universo onírico para dar vida às imagens. As intérpretes também se entregam e doam um pouco de si em cada ensaio, afinal, são tratados temas pessoais. Uma troca. Um trabalho em conjunto e sintonia que não depende só de mim. Cumplicidade construída ao longo da entrega e do ensaio. Figuras etéreas e belas dentro do contexto poético que criamos. Um movimento crescente, como se eu as fosse empoderando, motivando, alimentando com a sua e a minha própria arte. Fotografar de forma reflexiva, como um instrumento poético, imaginário, de forma li78 |

vre, fluida e independente me proporcionou uma das mais lindas experiências da minha carreira fotográfica. Convidada pela ONG Amada Helena, uma organização de mulheres que perderam seus filhos ainda bebês, fotografei algumas “mães de anjos” para uma exposição nacional.


A locação foi um antigo manicômio abandonado, que dialogou bem com a narrativa da perda. Cada uma com sua dor e sua coragem. Algumas tiveram outros filhos, outras não. Emoção permeando registros. Silencioso como uma oração. Um resgate da autoestima de quem

vive o luto calado. A incompreensão que dura a eternidade. Dar-lhes voz e forma foi uma bênção. Transformar dor em coragem, escuro da ausência em fonte de luz. Há força nessas mulheres. Às “mães de anjo”, todo meu respeito, apoio e admiração. | 79


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Bá, que show

Gramado é um espetáculo Espetáculos como Korvatunturi e Bellepoque, da D’arte Multiarte, formam novo roteiro de atrações na cidade Bianca Carneiro

Quem vai a Gramado em busca de suas paisagens, compras ou gastronomia cheias de charme tem sido surpreendido pelas boas possibilidades de entretenimento que a cidade oferece. Se durante o dia o turista pode escolher entre os tantos parques e museus, ao cair da tarde a cidade tem se tornado também roteiro preferido dos visitantes por suas atrações artísticas. Boa parte deste novo perfil da cidade se deve ao trabalho da D’arte Multiarte, empresa com sede em Canela que trabalha com criação, produção e concepção de espetáculos artísticos e cenografia desde 2009. A empresa tem em seu portfólio grandiosas criações e assina as duas únicas atrações permanentes da região serrana: Korvatunturi e Bellepoque – Porque a Vida é um Cabaré!. No comando da D’arte Multiarte está o casal Rodrigo Cadorin e Lisiane Urbani, que entre suas principais premissas de trabalho priorizam a criatividade e a inovação, estratégia que começa a dar resultados além das fronteiras do Rio Grande do Sul, possibilitando que suas criações sejam exportadas para outros lugares do Brasil. Em cartaz desde 2012, o espetáculo Korvatunturi se destaca pelo alto nível técnico e de produção. O show foi o pri84 |

meiro espetáculo permanente de Gramado, ou seja, tem apresentações ao longo de todo o ano. “Quando criamos esse espetáculo, pensamos em atender um público majoritário da região. São famílias que viajam para curtir um tempo juntas, exigentes e muitas vezes acostumadas a ver produções de alto nível no Brasil e no Exterior”, afirma Cadorin, um dos criadores do show. O resultado está nos números: Korvatunturi já foi visto por mais de meio milhão de pessoas. Seguindo este pioneirismo, a D’arte lançou em 2015 o Bellepoque – Porque a Vida é um Cabaré!, espetáculo com foco no público adulto, na maioria casais. O show é uma experiência que reúne música e humor em um universo burlesco e sensual.

Elenco

Para montar espetáculos deste porte, a D’arte mantém um casting de mais de 40 artistas com diferentes habilidades e idades, como malabaristas, bailarinos, músicos e atores. Muitos deles fizeram o caminho inverso da maioria de seus colegas, saíram de grandes centros para se radicarem no Interior. Além dos shows fixos, a agenda é preenchida por apresentações eventuais ou corporativas, novos espetáculos de curta temporada e shows temáticos, como Simplesmente Natal e outros natalinos que viajam o Brasil.


Formação – Espaço Multicultural Com sede em Canela, a empresa se dedica também à formação de novos talentos, oferecendo cursos de técnicas circenses, artes marciais, artes cênicas e dança. O Espaço Multicultural é voltado para a formação de artistas e livre a todos que buscam compartilhar o seu conhecimento artístico ou aprimorar suas técnicas.

Academia de Arte e Cultura Um projeto social para mudar o futuro, desenvolvido pela D’arte em conjunto com a Associação Cultural das Hortênsias, a Academia de Arte e Cultura é um projeto social que visa à inserção de crianças e adolescentes da rede municipal de educação de Canela no universo da arte e da cultura através do ensino de diversas modalidades artísticas. O projeto iniciou-se em junho de 2012 e hoje atende 160 alunos, que têm gratuitamente aulas de ballet clássico, teatro, acrobacia aérea de circo, técnica vocal, violino e teclado, viola e dança de salão. Além da inserção social, o projeto hoje registra vivência a essas crianças e adolescentes no mercado de trabalho em grandes eventos da região, de maneira remunerada. | 85


Victor Vivacqua

de olho

MarceloBragagnolo publicitário  e agente

Da Serra pra passarela, da passarela pras picapes Jessica Pauletto é da nossa Serra, é natural de Bento Gonçalves. E a história de como foi parar nos editoriais das revistas de moda é bastante parecida com a de diversas modelos: aos 12 anos, passeava pelo shopping da cidade quando um olheiro de um curso de modelos a abordou. Aos 13, já estava em São Paulo dando os primeiros passos nas passarelas. Em uma das temporadas de moda, Jessica foi recordista de desfiles no São Paulo Fashion Week. Logo ganhou espaço em campanhas de marcas importantes, como Arezzo, O Boticário e C&A, e também as lentes de fotógrafos consagrados, como Tim Walker e Mario Sorrenti. Trabalhou em Nova York, Londres, Sydney, Paris, mas encantou-se com o Japão, onde viveu as primeiras experiências como modelo em terras estrangeiras: “Os japoneses são muito profissionais e educados, amo trabalhar lá!”. Mas Jessica não tem beleza só pra mostrar. Descobriu que tinha pra revelar também. Apaixonada por arte desde sempre, decidiu conciliar a rotina dos castings com um curso de fotografia na Escola de Arte 86 |

Panamericana. Estudou, treinou e não demorou para mostrar que tem talento trabalhando do outro lado da câmera: fotografou o backstage do São Paulo Fashion Week e editoriais para revistas e campanhas de algumas marcas. Ao mesmo tempo, deu ouvidos à ideia da colega modelo Michelli Provensi de criar um duo de DJs e se autobatizaram Big In Japan – nome este em razão de terem se conhecido ao trabalharem juntas em Tóquio. Era pra diversão, mas a coisa veio ficando séria e hoje se apresentam em eventos e festas de marcas badaladas, como Louis Vuitton, Nike, Kate Spade, C&A e até no Meca Festival, dividindo o line-up com outros nomes famosos. E ainda pra este ano, o plano de tocar fora do país: “Eu amo tocar! Tem sido uma experiência muito divertida!”. Nas mídias sociais: Instagram @jesspauletto @biginjapanmusic Facebook /biginjapanmusic Pra conferir o som do Big In Japan: mixcloud.com/biginjapanmusic/


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Gustavo Zylberstajn


moda

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inverno é a estação mais quente

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O

Fotos Raul Krebs

Por Mariana Pesce

A estrada inspira alma. O cheiro da lenha queimando, o ar puro, o vinho e o amor aquecem os corações dos nômades serranos.

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Ele: mala Aragana, Calรงa samurai Nuz e Oxford Aramis.

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Ela: camisa e calça bit Nuz e casaco em crochê artesanal Helen Rodel para Histórias de Garagem. Luminárias com fio em tricô Mezcla para Gverri.


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Ela:tricô Aragana, saia em malha Fernanda Sica Comfort Clothes, tênis Perky para Convexo. Ele: Camisa Vking e blazer Makai para Gverri, calça Aragana e All Star para Convexo.

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moda

Ela: poncho em tricô feito à mão Nara Lisbôa e malha Anselmi para Zila Fashion Store. Ele: pólo Aramis, camisa jeans Reserva e flanela Gandhi da Regentag.

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moda

Ela: poncho em tricô feito à mão Nara Lisbôa e malha Anselmi para Zila Fashion Store.

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moda

Ele: tricô Gap da Regentag, gola tricô feito à mão Nara Lisbôa.

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Ela: ragata veludo e calça Osklen, capa casulo Nuz.

Foto: Raul Krebs Modelos: Duda Gesswein e Eduardo Johansen (LOV Mgmt) Estilo: Mariana Pesce e Ingrid Sofer – Remodestyle Beleza: Diogo Molinos Agradecimentos: Almofadas Atelier Luciana Andrade Preza Yarm 100 |


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deuochic.com

VitorRaskin

A bela Silvana Porto Corrêa arrancou todos os olhares ao chegar em uma das festas elegantes da temporada

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deu o  chic


Juliana Sanmartin Ribeiro e o talentoso Antônio Neves da Rocha na abertura do espaço SAM

Cristiano & Rita Berti receberam convidados no lançamento do livro Mesas do Rio na Villa Sergio Bertti

Betina & Leonardo Albuquerque estão à frente do novo bistrô da Villa Sergio Bertti

Sergio Berti e Cezar Prestes na galeria de arte da Villa

Alexandre Graziadio e Rugard Reinert na abertura da Festejar em Gramado

Georgiana Fauri e o jornalista Marcos Pintos aprovaram os drinks de Dudu das Caipiras | 103


Espelho meu: Linda e charmosa Marcia Brun participou do jantar da joalheria Amsterdam Sauer

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deu o  chic


FESTEJAR: Tati Noel e Veronicah Sella idealizadoras do evento que movimentou o final de semana na Caza Wilfrido em Gramado

Os arquitetos Wagner Brasil & José Wilson Coronel conheceram as novidades na movimentada feira de eventos

Momento de Alegria : Em ótima forma Renato Bing com as amigas Caroline Vontobel e Claudia Wolf Ling

Julia Moser & Jonathas Zaffari: elegância nos salões da cidade Tatiane Solano no Salão Leopoldina

Neca Esbroglio em noite de festa no Juvenil

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Vinicius DallaRosa

misturebá

Beleza no DNA: A chef LU AGRIFOGLIO e JULIANA DAVIS conferiram a badalação pré-jogo no Beira Rio

Por Mariana Bertolucci Fotos Carlos Chaves

FELIPE APOLÔNIO e PAULO PINHEIRO à frente do Brio

Vinicius DallaRosa

OTÁVIO e ALEXANDRA BEYLONI levaram as filhotas MARIA CLARA e MARIA EDUARDA ao superbacana Espaço Sunset do Beira Rio que concentra sempre uma turma de colorados


Gata linda e gringa: INGRID SOFER no Lรก nos Fundos

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FERNANDA MENEGHATTI e ANTONELA LESO

DALVA SILVEIRA

MARCIA BRUN, CAIQUE REGO e SAUL ROLLA

ana paula corso

ANDREA BACK, LENITA RUSCHEL, HELENA PY e DENISE DIAS

KARINA STEIGER e MICHAELA ESTRELA

A cônsul do Uruguai no Brasil KARLA BESZKIDNYAK entre SOLEDAD KRASNANSKY e BEATRIZ OLIVERA, do Casino Carrasco Sofitel

GIOVANA ARAÚJO e ANDREA PERNA

MIREIA e CECILIA BORGES

ALESSANDRA FERREIRA e EMILIANA PALUDO

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MARIANA PESCE e JULIO ANDREATTA

LUIZ ROBERTO E CARLOS MARCZYC


Casal lindo: a advogada MÔNICA GUAZELLI e o médico GERALDO RIZZO

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RUI WILLIG e ANA GABRIELA GUIMARÃES

CLAUDIO LAITANO

JAIR LAKS e HELOISA CAPPELLARI LAKS

FERNANDA MENEGHATTI e TATIANA NOLL

PEDRO CORBETTA

adriana carvalho, daniele hahner, alex santos e auracebio pereira

MARIA CECILA SPERB, ANGELA DREIFUSS e FERNANDA MAISONNAVE

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MAURICIO PORTO, ADRIANE MOURA e SAMUEL DA SILVEIRA

KARLA KRIEGER

RAFAEL SOUTINHO

NEUZA DURGANTE, ENA LAUTERT e DULCE HELFER


O advogado e jornalista FERNANDO ERNESTO CORRร A de Bรก em punho

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Telefone: (51) 34143108 / (51) 330 73594 / (51) 92272815 www.dududascaipiras.com.br e-mail: eduardo@dududascaipiras.com.br


VitórioGheno

Nos anos 1970 e 1980, subi e desci a serra gaúcha dezenas de vezes, época em que decorei o Hotel Laje de Pedra em Canela e criei, para seus ambientes, várias litografias com temas serranos. Entre elas, esta beleza de construção enxaimel, com moinho d'àgua de duas rodas...

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Fotos Nádia Raupp

artista plástico


Tonico Alvares

atelier de retratos e fotografia autoral

tonico.alvares@uol.com.br (51) 9116-5686 (51) 3907-5886 rua barao de santo angelo, 299 - poa, rs


O P R A Z E R D E JOG A R N U M PA L Á C IO, Ú N ICO E M M O N T EV ID ÉU .

A apenas 5 minutos do Aeroporto Internacional há um local que reúne elegância e diversão. A combinação de salas VIP especialmente acondicionadas, um excelente serviço de catering gourmet, eventos especiais e um SPA completo com serviço francês gera um ambiente descontraído para que sua estada seja confortável, descontraída e divertida.

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