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Olho da Providência Divina ou o Olho que tudo vê
Pelo Irmão Alexandre Fortes
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OOlho da Providência, Olho de Deus, Olho Onividente ou Olho que tudo vê. Sua representação e significado são variados, sozinho simboliza a onipresença e onisciência de Deus, que cuida de todas as coisas, representação do início da cultura pré-cristã. Historicamente sua utilização nem sempre era bem-vinda, esta foi evitada por causa da associação com o Olho do Mal, que era uma superstição generalizada e antiga na Europa. (BEKER, 1999).
O olho foi retratado em um triângulo com raios de luz para representar a santidade infinita da Trindade. Na bíblia podemos relacionar aos Salmos:
33:18 –“Mas os olhos do Senhor estarão sobre os que temem, sobre os que esperam na sua misericórdia. ”; 34:15 –"Os olhos do Senhor estão sobre os justos."; e provérbios 15:03 –"Os olhos do Senhor estão em todo lugar."
A primeira referência Maçônica oficial ao Olho está em O Monitoramento Maçônico, escrito por Thomas Smith Webb em 1797.
O Olho da Providência Divina é uma imagem presente nas construções das igrejas católicas, desde a Idade Média, e externada pela inspiração da arte dos pedreiros, arquitetos e artistas através de imagens, pinturas, esculturas e vitrais em seus templos, que muitas vezes eram erguidas com o apoio artístico e/ou financeiro das Confrarias de Pedreiros Livres...
No Brasil, em todos os Estados há igrejas católicas com esses ícones, assim como também há pelo mundo inteiro, e, por apenas alguns exemplos temos presentes nos Templos:
Os vitrais da Igreja de Canela, RS, Brasil; Aparecida, São Manuel, SP; Bratislava, Alemanha; Capela Chigi, Roma; Santuário de Ausrus, Vilnius, Lituânia; Catedral de Salta, Argentina; Catedral de Nossa Senhora de Cazã, São Petersburgo, Rússia; Hartegbrugkerk, Leiden, Holanda; Catedral de Aix-la-Chapelle e Chartres, França, como também, Igreja Saint Roch, Capela Real de Versalhes; Catedral de Santiago de Compostela; Catedral de Siena, Itália; Igreja de Santa Maria de Jerusalém, Krapina, Croácia; • Torre da Catedral de Aachen, Alemanha, além das notórias pinturas "Cena in Emmaus", de Jacopo Carucci - Mestre Pontormo, e, "Agonia e Morte de São Francisco", de Manuel da Costa Ataíde, Mestre Ataíde, enfim.... São lindos trabalhos feitos com muito talento e fé por “pedreiros da Sublime Arte”, unidos universalmente.
Os vitrais da Igreja de Canela, RS, Brasil
Aparecida, São Manuel, SP
Bratislava, Alemanha
Capela Chigi, Roma Brugge Cathedral, na Alemanha
Frontão da Catedral de Salta, na Argentina
Catedral de Nossa Senhora de Cazã, São Petersburgo, Rússia;
Igreja de Santa Maria de Jerusalém, Krapina, Croácia
A Curiosa e Intrigante Vesica Pisces (Bexiga de Peixe)
Teria Rinaldini estruturado o que os Pedreiros Medievais e suas heranças de conhecimento geográfico da Antiguidade, aliada à matemática de Pitágoras e influências do conhecimento de geometria dos antigos egípcios calculado a configuração esquemática do Olho que Tudo Vê, posteriormente desenhado e esculpido em diversas capelas, catedrais e templos?
A solução de Rinaldini e a Vesica Pisces
Fonte: https://bibliot3ca.com/o-olho-da-providencia-no-simbolismo-maconico/
Desde as civilizações antigas o homem busca fórmulas gerais para a divisão da circunferência. Os primeiros de que se tem notícia nessa busca foram os sacerdotes egípcios. Mas eles eram iniciados, e as técnicas construtivas que desenvolviam eram segredos que compartilhavam apenas com seus iguais e com seu deus Ptah. O pouco que se sabe sobre o que descobriram é pela análise de suas obras.
Depois, já com os filósofos e matemáticos gregos, a começar pelo próprio Pitágoras, a geometria foi se popularizando. Mas, talvez pelo fato dos matemáticos gregos não utilizarem pontos localizados fora do círculo para criar polígonos, não chegou aos nossos dias nenhuma teoria daquela época que fosse genérica, capaz de permitir a divisão do círculo em qualquer número de partes.
Somente no século XIII, Etienne Tempier, bispo de Paris, que condenava várias das proposições dos filósofos helênicos, desenvolveu uma solução para o problema, que até hoje faz parte dos currículos escolares. Carlo Rinaldini (1615-1698) e Nicolas Bion (1652-1733), também estudaram a questão e lançaram, cada um deles, processos que permitiam dividir o círculo em um número qualquer de partes, sendo o de Rinaldini considerado o melhor dos três.
Não vamos aqui detalhar o processo de Rinaldini, mas julgamos essencial apresentar sua aparência para que se perceba do que estamos falando. A solução de Rinaldini para a divisão da circunferência
Curiosamente, como o leitor certamente já terá deduzido, a utilização da solução de Rinaldini é, no seu cerne, guardadas as proporções, comparável à do Olho de Hórus para a divisão do inteiro em várias frações.
Um outro fato interessante é que, para obter sua solução, Rinaldini, que certamente conhecia bem o que chamamos de geometria sagrada, recorreu à Vesica Pisces –muito utilizada pelos artistas do renascimento e pelos construtores dos arcos góticos –que é uma figura formada pela intersecção de duas circunferências que se tocam nos respectivos centros, como se vê na figura abaixo: vesica-pisces
A Vesica Pices (área hachurada) tem uma propriedade que é muito particular: da relação entre os segmentos AB e CD nasce a raiz quadrada de 3, o que nos remete novamente à instigante natureza da trindade.
Detalhando um pouco mais, temos que:
Se dois círculos compartilham o mesmo raio (AB), sua intersecção cria a Vesica Pisces, onde CD dividido por AB é igual à raiz quadrada de 3, que é igual a 1,732.
A Vesica Pisces tem inúmeras conotações e correlações, boa parte delas dentro da tradição cristã, mas também está relacionada às pirâmides, astronomia, cabala etc..”.
Pré-conclusão ou Conclusão ao “Eterno Inacabado”
O assunto é vasto, profundo, matemático-geométrico, arquitetônico, histórico, maçônico e esotérico. Como não incomum o é para nós maçons, tropeçamos inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde, no abismo da inexistência dos devidos e exatos registros historiográficos com evidências cabais para afirmarmos ou, pelo menos, tentarmos juntar os “elos perdidos” entre o tríplice mistério: a Antiguidade dos Pedreiros das Corporações; a Maçonaria Operativa da Idade Média e suas Guildas e a Maçonaria Especulativa, Filosófica Moderna.
O que podemos constatar são indícios fortíssimos e respaldados em pesquisas sobre diversas teorias e construções, imagens, antigos manuscritos, que nos ajudam a pensar, cotejar, associar e evoluir, semeando diversas outras possibilidades de Luz ao conhecimento e à investigação, sobretudo histórica e maçônica.
O Olho que Tudo Vê talvez seja, pela sua simbologia de imanência; onipresença e providência, envolve, em si mesma, um véu de mistério transcendental, que em muito ajuda à incansável e infinita missão de busca ao conhecimento profano e maçônico como ao autoconhecimento do Maçom em busca de seu próprio aprimoramento interior.
REFERÊNCIAS
• BECKER, Udo. Dicionário de símbolos. Editora Paulos. 2º Edição, São Paulo, 1999. • BÌBLIA SAGRADA. Tradução dos originais grego, hebraico e aramaico mediante a versão dos Monges
Beneditinos de Maredsous - Bélgica. Edição 195º. Ed. Ave-Maria. 2011. São Paulo. • Boucher, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo, Ed. Pensamento. • https://pt.wikipedia.org/wiki/Olho_da_Provid%C3%AAncia • https://bibliot3ca.com/o-olho-da-providencia-no-simbolismo-maconico/ • https://bibliot3ca.com/o-olho-da-providencia-no-simbolismo-maconico/ • NICOLA, Aslan. Estudos Maçônicos Sobre Simbolismo. Rio de Janeiro, Ed.Aurora
O Autor
Alexandre L. Fortes M.I. Gr. 33° - CIM 285.969 A.R.L.S. Ir. Cícero Veloso N° 4.543 - GOB-PI