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GASTRONOMIA
from Revestrés#45
ABACAXI COM TEMPERO
Sal, pimenta, limão, mel, chocolate, leite condensado. Vendedores criam receitas e incrementam a venda de abacaxis.
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POR VALÉRIA SOARES FOTO/COLAGEM MAURÍCIO POKEMON –C omo vai querer? – pergunta o vendedor. – Com tudo que tenho direito – responde a cliente, à espera do abacaxi temperado.
Essa é uma das respostas que Lídio Filho, 55 anos, mais escuta no ponto de venda de abacaxi temperado que mantém há 18 anos na avenida Raul Lopes, em Teresina. Ele é considerado o primeiro vendedor da iguaria na capital, e se autointitula “o rei do abacaxi temperado”. “Quando cheguei aqui era tudo mato”, comenta sobre ter testemunhado as muitas transformações em uma das vias mais movimentadas da capital do Piauí.
Das 16h às 21h, as pessoas que transitam nos 2 quilômetros de pista de cooper e ciclofaixa da avenida, param para se refrescar e bater um papo no quiosque de Lídio. É lá que quatro amigas de caminhada têm hora marcada há dois anos, sempre no fim da tarde. Glacilda Cordeiro, Flaviana Gouveia, Marlene Bauduino e Joyce Holanda são clientes de carteirinha do abacaxi temperado, mesmo quando não podem se exercitar.
O rei do abacaxi temperado começou com vendas de água, coco gelado e só depois ofereceu o abacaxi e foi testando ingredientes: sal, limão, pimenta. Com o tempo, os clientes apresentavam sugestões e hoje já são 10 sabores diferentes para o abacaxi, de cobertura de chocolate a mel. Tem para quem gosta da fruta bem doce, como para quem prefere saborear um mais azedinho. “Abacaxi do jeito do meu, não tem igual”, faz propaganda o vendedor, que conta importar os abacaxis do Maranhão e da Paraíba, garantindo que já atraiu clientes de todo o Brasil. Com o olho arregalado de quem pede atenção, ele diz: “Até o Lula, a Dilma e o (Wesley) Safadão já comeram meu abacaxi”. Todo o marketing do vendedor é feito boca a boca, por quem prova e aprova o seu tempero. Quando digo que vi o nome dele na internet, cheio de vaidade, me pergunta: “Só tinha o meu nome ou viu de mais alguém lá?” Vira-se para o ajudante e comenta radiante: “Tá vendo aí onde eu já tô? Na internet”.
O ABACAXI QUE A VIDA ENSINOU A TEMPERAR
TÁ VENDO AÍ ONDE EU JÁ TÔ? NA INTERNET! LÍDIO, AUTOINTITULADO O REI DO ABACAXI TEMPERADO Bruna Avelino, 23 anos, encontrou no abacaxi uma saída para o desemprego. Com um ano fora do mercado de trabalho e um filho para criar, teve que descascar o abacaxi para vender. Conseguiu espaço no lugar mais disputados da cidade: a ponte Estaiada. Bruna já não pensa em ter um emprego formal e chamou a mãe, Cleide, para colocar um ponto próximo a ela.
Luís Borges, 55 anos, é um dos vendedores mais antigos no entorno da ponte. Ele começou com o ponto de venda assim que a ponte foi inaugurada, há 10 anos. “Na época, as pessoas faziam fila aqui para subir nesse mirante”, diz Borges, que já chegou a vender 1.200 abacaxis em uma semana. Quando o complexo turístico ficou interditado por três anos, as vendas caíram para 300 por semana. No local não são permitidos novos ambulantes, por se tratar de área de preservação ambiental e espaço para eventos. Segundo a Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU Leste), somente quiosques já licenciados e a banca de revistas são autorizados vender.
Na avenida Raul Lopes, entre o shopping Riverside e a Ponte da Primavera, são sete pontos de venda de abacaxi que funcionam de domingo a domingo e com preço tabelado: R$ 5,00.
Dona Lourdes – a Lurdinha-, 53 anos, que já está na avenida há 12 anos, em frente ao Parque Potycabana, conta que já tentou vender laranja temperada a R$1,00, mas os clientes preferem o abacaxi. “Eu aprendi a preparar sozinha. Me cortava muito, sofri, mas aprendi. Porque barraqueiro não ensina ninguém, bebê”. Ela comenta que não sabe quem criou o abacaxi temperado, mas quem o fez é um artista.
Aquela cliente de Lídio, que disse que queria o abacaxi com tudo o que tinha direito, o recebeu com sal, pimenta, limão, mel e leite condensado, e garantiu: “melhor que esse, só outro”.
PEIXE VORAZ POR LEO GALVÃO @galvaoleo
Otávio Almeida, desde muito cedo, foi reconhecido pelo talento à frente das câmeras. Sempre com olhar apurado e boas referências, o fotógrafo piauiense ganhou o mundo. E foi parar na Escola Internacional de Cinema e Televisão (EICTV), em Cuba, onde se tornou especialista em direção de documentários e idealizou La Travesía. O filme conta a história de um homem solitário que empreende travessia por uma represa na Sierra Maestra, lugar de origem da revolução cubana. “Somos guiados em uma viagem nessa paisagem árida. Pouco a pouco traçamos a cartografia de um corpo que, a cada movimento, se dilui e se transforma em parte desse lugar”, declara o diretor. A natureza é dominante e o filme, em preto e branco, se desenrola sem diálogos mas é apoiado por uma trilha sonora expressiva. A primeira exibição foi no Festival Internacional de Documentário de Amsterdam, maior festival de documentários do mundo. ASSISTA: facebook.com/filmlatravesia. TRAVESSIAS
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"A Serra da Capivara foi uma das conexões mais potentes com a humanidade que já tive. As pinturas rupestres, de até 12 mil anos, mostram a relação do humano pré-histórico com a natureza e em sociedade. O parque tem cerca de mil sítios arqueológicos e a formação geológica dos paredões coloca na nossa frente bilhões de anos de história da terra. Nestor, meu guia no parque, dizia em voz alta o que agora carrego no coração: é Nordeste, é Piauí, é Capivara!” – Vivi Villanova (@vivivillanova) – Youtuber e Curadora de Arte. #EUNOPIAUÍ