Revistos Elos . Dezembro de 2012

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Publicação mensal da Igreja do Recreio | Ano 01 . nº05 . Dezembro 2012 Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | elos@igrejadorecreio.org.br

Reportagem

PIB Recreio comemora seus 24 anos Cultura

Escrever é estar errado, é se frustrar Bento Souto

O que o Natal deveria ser?

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Uma publicação mensal da Primeira Igreja Batista do Recreio dos Bandeirantes. É proibida a venda de exemplares. Distribuição gratuita e dirigida.

um jubileu da arte nacional

Diretor executivo Marcelo Belchior

Wander Ferreira Gomes wander@igrejadorecreio.org.br

Editor de conteúdo

Publicidade Carolina Carneiro carolina@igrejadorecreio.org.br

Redação Carolina Carneiro Marcelo Belchior Dhiego Almeida

Colaboraram nesta edição George Heinrichs; Paulo Moura; Karolyne Reis Israel Belo de Azevedo; Edvar Gimenes Rafael Mattos; David Baêta; Silvino Netto Samuel Rodrigues; Sylvio Macri; Bento Souto Wesley Cavalheiro; Isaltino Gomes Luisa Motté; Raquel Souza; Lécio Dornas; Paulo Pancote

18 A hora do grito

Reprodução internet

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O que o

Natal

Quanto mais as ‘futuras vozes do Brasil’ gritam, mais os jurados elogiam.

deveria ser

O Natal deveria ser a época em que se comemoraria o nascimento de Jesus. Época de alegria por Deus ter se feito carne; se vestido de homem e ter habitado entre nós. “Deveria”, mas não é.

Conselho editorial Tamar Souza; Daladier Carlos; Carlos Novaes; Adalberto Sousa; Lília Marianno

24 O funeral

Projeto gráfico Marcelo Belchior marcelo@igrejadorecreio.org.br

CTP e Gráfica Gráfica Marc Print 21. 2260.2613 | marcprint@graficamarcprint.com.br

Tiragem 10.000 exemplares Distribuição dirigida aos moradores do Recreio, Barra da Tijuca e adjacências

Informações Igreja do Recreio Rua Helena Manela, 101 . Recreio 21. 2437.3015 Ramais 220 a 222 elos@igrejadorecreio.org.br

As publicidades veiculadas nesta edição são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes.

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Crianças que

vivem nas ruas A questão de crianças nas ruas não é um problema a ser resolvido exclusivamente por seus pais.

de Deus Publicidade

Obesidade

e fibromialgia A saúde e a qualidade de vida são determinadas por inúmeros fatores, dentre eles o movimento do corpo.

Yancey relata que, há um século, 98% dos holandeses frequentava a igreja regularmente e, agora, quase metade dos prédios que serviam de igrejas na Holanda têm sido destruídos ou transformados em restaurantes, galerias de arte ou condomínios.

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Vista o verão 2013

Marcelo Belchior

O conteúdo e informações contidos nas matérias e artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores. É necessária prévia autorização, e devida citação do veículo, para reprodução total ou parcial do conteúdo.

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. destaques

Utahy Caetano dos Santos Filho MTB 52730-080RJ utahysantos@gmail.com

Conversamos com Clauber Campos Cecconi, renomado pintor que há 50 anos enriquece as artes plásticas de nosso país.

destaques

04 Cecconi:

O Ateliê Alcileia Rangel nos mostra 4 belíssimos modelos que vestirão a estação de flores, de estampas mais joviais e cores quentes, e mais outros 2 que esquentarão as noites com rendas, paetês e tecidos metalizados. Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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Divulgação

Natal

é alegria! Utahy Santos

Editor de conteúdo . utahysantos@gmail.com

editorial

editorial .

Dezembro. O mês é cheio de significados. Encerra um ciclo, anuncia o começo de outro. Não importa que seja só uma forte impressão. Nada mudará muito com a passagem de um mês para o outro. Na prática, acordaremos em 1º de janeiro as mesmas pessoas que foram dormir em 31 de dezembro (umas nem dormirão). Mas temos mesmo a impressão que se algo precisa mudar em nossa vida a melhor ocasião é essa. A entrevista deste número é com Clauber Campos Cecconi, pintor renomado. Fomos principescamente recebidos por Cecconi, e sua esposa Aydê, em seu apartamento. Eu e Marcelo almoçamos com o casal, prova de que a vida da imprensa não é sempre tão dura. A capa desta edição é um trabalho de Cecconi, retratando um quiosque da orla. Cecconi, além de pintor, é publicitário e fez centenas de capas de livros e revistas para diversas editoras. Em 2012, completou 50 anos de carreira como pintor. Em dezembro começa o verão. Calor forte, dias luminosos: a estação do carioca. Elos tem alguns artigos sobre o verão e um editorial de moda. Dezembro é o mês do Natal. Em 25 de dezembro nasceu o Salvador: Jesus Cristo. Claro, há controvérsias. Historiadores divergem do dia, mês e ano, mas é discussão para acadêmicos. A nós interessa que em 25 de dezembro somos invadidos por um sentimento de nostalgia, saudade dos queridos que se foram e alegria por crermos que Jesus nasceu, cresceu, morreu, ressuscitou e nele depositamos nossas vidas. Natal é festa para reunir a família, cear, trocar presentes e abraços e rever

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os queridos. Adolescente, tinha um hábito. Dia 24 de dezembro, saía cedo de casa e ia visitar alguns amigos. Ouvia lamentações, queixas e algumas boas notícias. Bebíamos, bebíamos e bebíamos. Por volta da meia-noite, chegava em casa. Na maioria das vezes, todos estavam dormindo. Meus pais não eram muito ligados em Natal. Achavam uma festa triste, que lhes traziam lembranças ruins. Converti-me, levei algum tempo para fazer amigos na igreja. Quando os fiz, vi que o Natal entre cristãos era diferente. Voltei a sair cedo, dia 24, para visitar os amigos novos da igreja. Em cada casa que passava, um ou dois prosseguiam comigo. Íamos a muitas casas, éramos recebidos com alegria e comida farta. Os abraços eram amorosos. Ouvia três, quatro sermões; cantávamos bastante e encerrava a noite na casa dos Guimarães. Casa das irmãs bonitas. O sentido do Natal mudou para mim. Até hoje, Natal para mim é festa. O dia em que “nasceu” o Salvador não pode ser triste. Despertar com Deus é o programa de TV da PIB do Recreio. Não poderia encerrar este texto sem uma palavra sobre nosso programa. Todas as manhãs, de 7h30 a 8h, na Band, você pode assistir a um programa sério, feito com recursos próprios e que tem como propósito principal proclamar o Evangelho de Jesus Cristo. A atração é bem realizada, apresentada pelos pastores Wander Gomes e João Emílio. A repercussão do programa tem sido melhor do que a esperada. Temos atingido boa audiência e há a certeza de que este programa abençoará tanto a igreja quanto os que o assistem.

Samsung Galaxy SIII supera iPhone 4s e assume liderança do segmento Deu em o Estado de Minas

A versão anterior do smartphone da Apple, o iPhone 4S, perdeu o posto de líder mundial em vendas para o Samsung Galaxy SIII, de acordo com dados da empresa de pesquisa Strategy Analytics, divulgados mês passado. Esta é a primeira vez que a empresa sul-coreana lidera o ranking de smartphones mais vendidos. A Strategy Analytics estima que a Samsung vendeu 18 milhões de modelos SIII no trimestre passado, comparado a vendas do iPhone 4S de 16,2 milhões de unidades. Segundo especialistas, a redução das vendas do modelo da Apple se deve ao fato dos rumores e da expectativa pelo lançamento do iPhone 5, que fizeram com que os consumidores esperassem mais para adquirir o novo aparelho. As fortes vendas do SIII – que possui tela sensível ao toque de 4,8 polegadas – ajudaram a Samsung a registrar lucro operacional recorde de US$ 7,3 bilhões de julho a setembro. O iPhone 5 vendeu aproximadamente seis milhões de unidades em poucos dias após o seu lançamento, e se adicionarmos esse montante ao total de iPhone 4S vendidos, a Apple teria superado a Samsung no terceiro trimestre de 2012 com 22,2 milhões de unidades. Porém, se a Samsung somar todos os seus modelos, ela atingirá a impressionante marca de 57 milhões de unidades no mesmo período. (http://www.em.com. br/app/noticia/economia/)

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Picasa . Marcos D’Paula

Vamos à

biblioteca?

Se as cidades fossem pensadas com dezenas de anos de antecedência, haveria pistas de rolamento por todo o canto para as bicicletas desfilarem, sem ser risco de morte para seus ocupantes. A bicicleta não polui, é saudável e, sim, em condições ideais: rápida. as faria visitar mais o local. Os dados fazem parte da edição de 2012 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pela Fundação Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência, que estuda o comportamento do leitor brasileiro. A frequência à biblioteca, segundo os dados da pesquisa, está ligada à classe social: 43% dos entrevistados da classe A usam o espaço frequentemente, porcentagem que cai para 35% na classe B, 24% na classe C e 14% nas classes D e E. (http://g1.globo.com/ educacao/noticia/)

Izhar Gafni, 50 anos, israelense, criou uma bicicleta biodegradável, de papelão, à prova d’água . Empresas e governos de diferentes países estão interessados no invento do israelense. A bicicleta de Gafni, no Rio de Janeiro, seria uma solução engenhosa. Baratíssima, pelo menos até chegar ao Brasil, ela não despertaria a cobiça dos ladrões. Em Israel, a bicicleta custará 20 dólares.

. curta nota

A maioria dos brasileiros afirma que existem bibliotecas em seu bairro ou cidade, apesar disso, 75% deles disseram que não frequentaram nenhuma em 2011. Um terço dessas pessoas afirmaram ainda que nada

em vez de BRT curta nota

A velha pergunta que volta e meia é feita; “O brasileiro lê?” O senso comum diz que não. Outra indagação que pode vir logo depois dessa: “Brasileiro frequenta Biblioteca?” Um estudo diz que três em cada quatro pessoas não vão a bibliotecas. Só 7% foram usuários frequentes de bibliotecas no ano passado. A Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil foi divulgada em 28 de outubro.

Bicicleta de papelão

Izhar Gafni é filho de brasileiros e a ideia de construir uma bicicleta de papelão surgiu quando ele fez uma para a filha e a menina adorou.

Cartas dos

leitores Apaixonada Pr. Wander, venho através deste e-mail colocar que a PIB Recreio é uma Igreja verdadeiramente abençoada. Sou cristã, porém, não evangélica. Me apaixonei por esta casa e tenho frequentado com muita alegria. Vocês acolhem todos os visitantes, convidam todos para a Ceia e isso é muito bom! Eu me sinto à vontade, feliz e sempre saio com o coração renovado. A última edição de Elos está maravilhosa e não pude deixar de escrever para o senhor. Suas palavras

não são “piegas” e nem há o objetivo de tentar “convencer” quem quer que seja com um discurso vazio e apelativo. Pelo contrário. Aliás, isto ficou mais evidente ainda na entrevista dada a Elos, na edição de novembro, quando o senhor fala da existência de demônios que não saem do corpo porque, na verdade, sequer há demônio! (...) Parabéns! Que vocês cresçam sempre com este espírito e guiados por Ele! Estou ligada no Despertar com Deus. Creio que tudo que é de Deus permanece, avança e cresce! Tudo que é de Deus é eterno. Mais 24 x 24 anos para a PIB Recreio!

Revista do primo Recebi a revista de vocês de um primo que frequenta a igreja. Fui visitá-lo, vi a revista na sala, comecei a ler e não parei mais. Gosto muito de vôlei e a capa com o Vissotto me atraiu bastante. Achei a revista ótima. Bonita, com uns textos bem escritos. Adorei o texto “Homem não bate em mulher” (edição nº2). Homem que agride mulheres deveria ficar preso muitos anos. Um namorado uma vez quis me agredir, mas graças a Deus tenho irmãos para me defender.

Abraços e beijos fraternos!

Espero, quando visitar meu primo, encontrar outra revista Elos por lá.

Érica Velloso vellosoerica@gmail.com

Shirley Damasceno Shirley-rj@equatorialprev.com.br Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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ELOS conversou com Clauber Campos Cecconi, renomado pintor que há 50 anos enriquece as artes plásticas de nosso país. A entrevista foi feita no apartamento do casal Cecconi e Aydê Gomes Cecconi, sua esposa e marchand. Entrevista: Marcelo Belchior e Utahy Caetano dos Santos Filho

Cecconi

Um jubileu da arte nacional

O que acho é que, infelizmente, no Brasil há muita valorização da música de baixa qualidade, carnaval, futebol e a pintura fica de lado

entrevista

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Você foi capista bastante conhecido. Continua criando capas? Não. Trabalhei para a JUERP [NdaR: Editora dos batistas da Convenção Batista Brasileira], por 10 anos. Fiz capas de livros e revistas. Estive na Francisco Alves, Editora do Autor, Manchete... Hoje não estou mais ligado a editoras, não faço mais capas de livros. Só trabalho com pintura. A vida de pintor é fácil? Dificílima, principalmente hoje em dia.

Você poderia falar um pouco de sua técnica de pintura? Trabalhei com espátula. Para usar esta técnica você precisa ter conhecimento de desenho, perspectiva, perspectiva aérea para saber como colocar a quantidade de tinta correta que permita uma visualização ótima do desenho à determinada distância. É uma técnica bem mais difícil do que a que uso, hoje, com pincel. Passei da fase da espátula. Vim da publicidade. Fazia desenhos minuciosos, perfeitos. Desenhos clássicos, exatos. Isso me ajudou muito com a espátula. Também fiz borrões bem impressionistas. Hoje o impressionismo usa o a cor preta. O verdadeiro impressionista trabalha com luz e sombra, sem preto. No mercado publicitário você ficou quanto tempo? Trinta e três anos. Em 1962, como disse, comecei a pintar

profissionalmente, mas me mantinha, mesmo, com o trabalho como publicitário. A pintura funcionava, também, como um lenitivo, uma válvula de escape pros problemas da publicidade que não eram poucos. A pintura era um hobby, mas a partir de 1962 comecei a fazer os dois. Em 1986, enfim, larguei completamente a publicidade. No exterior, a vida do pintor é mais fácil? Por quê? França e Itália são o berço da arte. No Louvre, você vê na fila de entrada crianças de 8, 10 anos ávidas para entrarem no museu. As crianças aqui não são despertadas para a arte. É falta de iniciativa de alguém: pais, autoridades, não sei. Alguém está falhando. Agora tem se falado em contemporâneo: pinturas contemporâneas. São pinturas loucas. Fui a algumas exposições de contemporâneos e, sinceramente... De qualquer forma, no Exterior o pintor é mais valorizado. Percebo maior admiração ao meu trabalho. Há apoio, incentivo. As obras que produzimos são colocadas no mercado. Você volta animado e quando chega as pessoas não dão a mínima.

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Qual seu estilo de pintura? Sou autodidata. Essa pergunta me foi feita ano após ano nesses 50 anos. Sempre respondo, quando me perguntam qual meu estilo, que “Eu sou Cecconi”. Fora a brincadeira, eu estaria dentro da escola dos impressionistas figurativos, mas faço abstratos, também.

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Quando você descobriu o talento para a pintura? Mamãe foi visitar uma amiga e levou a mim e minha irmã. Num determinado momento, a amiga virou-se para mamãe e disse: “Vá ver o que seu filho está fazendo”. Eu estava na sala, absorto, olhando os quadros. Tinha, então, três anos. Claro que não lembro disso. Mamãe contava essa história. Adolescente, quis ser pintor. A família foi toda contra. “Isso é coisa de boêmio”, diziam. Estudei, entrei para a faculdade, cursei Propaganda e Marketing. Em 1962, enfim, libertei-me dos parentes e fui ser pintor. Comecei a pintar, profissionalmente, em 1962, mesmo sem deixar a propaganda. Trabalhava com criação e arte. De 1962 a 2012, 50 anos de pintura.

Fotos: Marcelo Belchior

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resultado de um ano de pesquisas. Os componentes do quadro não foram inventados por mim. São frutos de pesquisa. Nunca pintei um quadro com tanto de pesquisa, de trabalho. Fiz Elias, na cena em que ele ora e o fogo desce do céu; pintei Jesus no barco com os discípulos; agora, estou pintando o cenário de José sendo vendido pelos irmãos.

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Vender um quadro, hoje, no meu estilo, já é muito mais difícil, mas há quem goste, claro. Você é evangélico. Sua arte reflete sua religião? Fora da igreja, às vezes, sou mais reconhecido do que dentro. Em restaurantes pessoas me reconhecem e vêm me cumprimentar. Dentro da igreja há médicos, engenheiros, juízes que não são conhecidos, em nosso caso até pelo grande número de membros. Conhecidos meus quando viram o Leandro Vissoto na capa da revista ELOS se surpreenderam e me perguntaram: “Ele é da sua igreja?” Pintei vários quadros com motivos bíblicos. Um deles, a abertura do Mar Vermelho, considero minha obra-prima, até agora. O quadro é

50 anos de pintura. Algum arrependimento? A gente escolhe, pede orientação de Deus. Senti desde jovem que esse seria o meu caminho. Quando você tem essa certeza e gosta do que faz... Temos de amar o que fazemos. Se não for assim, nos frustramos, perdemos a alegria. Digamos que eu continuasse na publicidade... Cheguei a ter duas agências em sociedade com um primo e outra pessoa. Começamos a nos burocratizar. É a natureza do trabalho. Eu tendi mais para a criação. A satisfação que sinto ao fazer o que faço, hoje, não me permite sentir arrependimento algum. O que acho é que, infelizmente, no Brasil há muita valorização da música de baixa qualidade, carnaval, futebol e a pintura fica de lado. Tenho uma carta pronta para enviar à apresentadora de TV Ana Maria Braga. Nesta carta sugiro a ela que convide vários pintores, a fim de pintarem a natureza em volta da casa que serve de cenário para o programa. Seria uma maratona de pintura com prêmio para o vencedor. Antes de encerrar, gostaria de registrar que há obras minhas expostas em museus. Em Portugal, no Museu Maria Fontina, e em Londrina, no museu da cidade.

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Clauber Campos Cecconi nasceu em 17 de agosto de 1939, na cidade de Sorocaba (SP). De 1958 a 1988, trabalhou como publicitário, ilustrador, capista, professor e cenógrafo. Sofreu influências de Antonio Parreiras e Wim Van Dijk. Em 1969, passa a pintar somente com espátula e cria seu próprio estilo. Na década de 70 dedica-se mais à publicidade. Pinta somente nos fins de semana. Na década de 80 volta a dedicar mais tempo à

pintura. Recebe, em 1989, o título de Comendador, outorgado pela Associação Brasileira de Desenho e Artes Visuais. A partir de 1990 trabalha exclusivamente com pintura. Recebeu, em 1992, o 1º lugar na Jornada de Arte, promovida pela Universidade Estácio de Sá. Em 2006, ocupa, na Academia Brasileira de Belas Artes, a cadeira de grau nº 15 do patrono Pedro Américo, pintor por quem Cecconi tem grande admiração.

“A motivação de Cecconi é a de captar o cotidiano dentro das suas palpitações mais sensíveis e delicadas, a fim de imortalizá-las. Mas seu cuidado não é um testemunho, o realismo é truncado contra uma interpretação pessoal da situação, pegando suas raízes dentro de esboços. Ele tenta então penetrar o sujeito ou a ideia escolhida e modifica e enriquece pela sua imaginação. Essa distância evolui e passa de uma procura estética à harmoniosa que personaliza tanto sua expressão e sua emoção” (Virginie Parriaux, jornalista, Nice, França).

confronto dialético de formas e estilos. Consiste numa plasticidade apropriada tanto para configurar uma visão individual do real comum, quanto exprimir um flagrante da criação artística. A pintura de Cecconi me comove por um conjunto de motivações profundas” (Manoel Costa, pintor).

“As paisagens concebidas por Cecconi constituem um signo de sua preocupação só com o ato de pintar em si, independente de representatividade figurativo-realista ou não. A pintura não é para Cecconi

“Gosto das obras de Ceconi, especialmente os cafés e as feiras de flores. Ele pinta o cotidiano com as pessoas em seu dia a dia. É fascinante” (Mali Frota Villas-Boas, marchand).

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O que dizem sobre Cecconi

entrevista

Fotos: Marcelo Belchior

A biografia de um artista

“A obra de Cecconi revela um grabde mestre na arte de harmonizar cores, tons e matizes. (...) Com maestria e sutileza sua obra cria um maravilhoso caleidoscópio de imagens, revelando sonhos, esperanças e belezas naturais” (Christina Andrade, marchand).

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Feliz depois de

lécio dornas

lécio dornas .

esmagado Lécio Dornas

Pastor . leciod@gmail.com

Embora o que pareça ser a visão natural ou a perspectiva óbvia após uma experiência de esmagamento ou de sofrimento intenso seja a depressão, encontramos na história de Davi, que foi rei em Israel, uma oração na qual ensejou trafegar na contramão do senso comum: “Faze-me ouvir outra vez os sons de alegria e de felicidade; e, ainda que tenhas me esmagado e quebrado, eu serei feliz de novo.” (Sl 51.8). Convenhamos que é esperança demais para quem se declara tão quebrado e, portanto, fragilizado. Não é comum que nutramos tal carga de expectativa positiva depois de passar por uma situação que possa ser nominada de esmagamento. No entanto, Davi reconhece que o deserto emocional e espiritual que

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se desdobrou na sua compressão teve origem na pessoa de Deus. Isso mesmo, Deus o aniquilou, o reduziu a escombro humano, quando lhe trouxe ao coração a consciência de seu pecado. Porém, exatamente por ter sido Deus o agente de seu esmagamento foi que Davi passou a alimentar, por isso orou, a esperança de ser “feliz de novo”. Incrível como tantos que sofrem, fracassam ou padecem recebem de outros palavras de desestímulo ou de desencorajamento; como se o fato de terem fracassado os condenasse à infelicidade perene. Terrível como tantos não medem as palavras e, ao mesmo tempo, acusam, julgam, condenam, sentenciam e aplicam, com atos e gestos preconceituosos, humana e espiritualmente equivocados, a pena naqueles que, quebrados, tentam

recomeçar a vida. Incrível como, em tantos casos, o maior obstáculo para o soerguimento de muitos não é o pecado que cometeram, tampouco a agudez do achaque que sofreram, mas sim as atitudes daqueles que, desprovidos de amor, perdão e misericórdia, os cercam. A oração de Davi enche, no entanto, de esperança e ânimo, pessoas comuns, como eu e você, que experimentando compressões por experiências de agudo sofrimento, de matizes os mais diversas, tentam reiniciar a vida. Ao mesmo tempo, essa oração aponta para os que precisam recomeçar, que é orando e buscando força em Deus que o novo horizonte começa a se descortinar e a mudança de cenário a ser avistada. Com Deus, é possível ser feliz de novo! Mesmo depois do esmagamento!

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Wikimedia.org

Odo carpinteiro filho Sylvio Macri

Pois bem, o filho do carpinteiro não teve um berço ao nascer. Desde sempre tem sido preocupação dos pais preparar um enxoval para os filhos que vão nascer, e um dos itens mais importantes desse enxoval é o berço, a primeira e apropriada

cama do bebê. É de se supor que o próprio José, como bom carpinteiro, tivesse usado a sua melhor arte para fazer um berço para Jesus, mas este não pode usá-lo, pois nasceu muito longe de casa, numa pequena vila chamada Belém, a uns 110km de distância de Nazaré, a cidade onde Maria e José tinham a sua residência. Ambos tinham ido para Belém pouco antes de Jesus nascer, por causa de um recenseamento convocado pelo imperador romano. Nesse censo, para ser contada, cada pessoa tinha que alistar-se no seu local de nascimento. Chegando a Belém, o casal encontrou a cidadezinha lotada, e a melhor acomodação que encontraram foi um canto de estrebaria, um abrigo para animais. Dessa maneira, ao nascer, Jesus não teve nenhum conforto, nem enxoval e muito menos um berço. Foi preciso improvisar, sendo usado então um cocho onde os animais comiam, um objeto de madeira bruta, que na Bíblia é chamado de manjedoura. Foi assim que, avisados pelos anjos, o encontraram os pastores de ovelhas que passavam a noite com seus animais nos campos próximos a Belém. Precisamente os pastores de

ovelhas, uma classe de trabalhadores tão marginalizada que eles nem eram aceitos como testemunhas num processo judicial! Jesus é o Príncipe da Paz, Rei dos reis e Senhor dos senhores, mas não nasceu em “berço de ouro”, como se diz dos ricos e poderosos, nem mesmo teve um berço, qualquer que fosse. Meses mais tarde, os famosos sábios que vinham seguindo sua estrela desde o Oriente foram procurá-lo no palácio do rei Herodes, em Jerusalém, indagando a respeito do futuro “rei dos judeus”. Entretanto, admiraram-se de encontrá-lo em lugar e condição tão insignificantes, agora uma pobre moradia na mesma pequena vila de Belém, pois a esta altura já tinha quase dois anos de idade.

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José, o pai adotivo de Jesus, era carpinteiro. É o que diz a Bíblia: “Não é este o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas?” Esta foi a expressão de perplexidade do povo de Nazaré, cidade onde Jesus morou desde criança, ao ouvi-lo na sua sinagoga. Aliás, Jesus era também carpinteiro, pois as profissões na Palestina eram transmitidas de pai para filho desde o início da adolescência. José e Jesus são as duas únicas pessoas qualificadas como carpinteiros em todo o Novo Testamento (Mateus 13.55 e Marcos 6.3). O termo é de aplicação muito ampla, podendo designar um construtor de casas, um produtor de arados e jugos, ou um fabricante de móveis. Estudiosos concluíram que após a morte do pai adotivo Jesus tornou-se arrimo de família e usou sua profissão para sustentar a mãe e os irmãos, até que a deixou para realizar seu ministério.

sylvio macri

Pastor . sylmacri@gmail.com

E foi assim que o Deus encarnado desceu até o mais humilde dos seres humanos; foi assim que o Pai quis que aquele que mais tarde seria crucificado sobre uma peça tosca de madeira – a cruz do monte Calvário, também começasse sua vida terrena: em uma peça rústica de madeira – a manjedoura da estrebaria de Belém. Tinha que ser o filho do carpinteiro! Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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Crianças que

vivem nas ruas Edvar Gimenes

Pastor . egobrasil@hotmail.com

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Caminhávamos por uma das ruelas de Granada, Espanha, e deparamos com uma mãe cigana, comum na região, tendo nos braços uma criança e pedindo ajuda. Ela expunha seu bebê como meio de sensibilizar os passantes, visando a conseguir algum dinheiro. Não emito juízo de valor sobre a ação da referida mãe. Exceção em Granada, mas comum na realidade brasileira, serve como indicador de como crianças podem ser usadas. Se crescem sendo usadas para pedir dinheiro nas ruas, excepcionalmente poderão trilhar por caminhos melhores. Pelo contrário, a tendência é utilizar-se de meios piores para sobreviver. A questão que me incomoda é geralmente ouvir pessoas dizendo da mãe: – Olha aí, tão nova, poderia estar trabalhando, mas fica pelas ruas pedindo dinheiro. É certo que há pessoas que, por razões que não vêm ao caso, decidem ir às ruas pedir esmola, em vez de buscar trabalho. Mas é certo, também, que a maneira como a sociedade está

estruturada e a maneira como se exerce o poder e se usa o dinheiro público são fábricas de pessoas nestas condições. As crianças são sempre vítimas. Elas dependem de adultos saudáveis que lhes ofereçam condições de vida saudáveis, que lhes ensinem o caminho por onde trilhar, que lhes alimente de esperança, de confiança e lhes diga, com seus exemplos, que vale a pena amar, trabalhar, viver enfim, de maneira respeitosa consigo e com seu semelhante. A questão de crianças nas ruas, portanto, não é um problema a ser resolvido exclusivamente por seus pais. Seus pais são os primeiros responsáveis por elas, mas se eles não tiverem acesso à renda que, por razões éticas, deve ser compartilhada de maneira socialmente justa, se não tiverem acesso à educação e saúde de qualidade; se não tiverem condições de usufruírem de habitação, segurança, transporte, enfim, de qualidade, não adianta reclamarmos da presença de

crianças nas ruas e muito menos ter “pena” delas. Se o evangelho que anunciamos não enxerga o corpo das pessoas, não visa suas vidas concretas e se elas são “vistas” apenas como uma substância a ser protegida do inferno futuro, um número a ser acrescentado num relatório, numa relação de membros, num relatório financeiro, de nada adianta orarmos pelas crianças que vivem nas ruas. Não seremos melhores do que a mãe que usa um bebê para pedir esmolas, se criarmos instituições para acolher crianças desamparadas apenas como jogada de marketing, para ter o que dizer na hora de levantar recursos financeiros junto aos membros das igrejas. Se não nos conscientizarmos de maneira clara, objetiva, inequívoca, que cooperar efetivamente para uma sociedade mais justa deve ser uma filosofia ministerial permanente, constante, envolvendo assistência, serviço e ação social, não seremos em nada melhores do que a mãe citada no início desta reflexão. CartaCapital

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de palavras comuns e sentidos incomuns Carlos Novaes

Pastor . carlospnovaes@gmail.com

• AMIGo

• ÉTICA Numa definição clássica, trata-se de um ramo dos estudos filosóficos que tenta estabelecer o que é certo e errado, no propósito de criar padrões de postura e

comportamento para a vida em sociedade. O lícito e o ilícito, o justo e o injusto, o aceitável e o inaceitável são determinados à luz dessas reflexões. Em algumas áreas, porém, como na política brasileira, os conceitos éticos são sempre relativos, isto é, a compreensão do bem e do mal resulta do que parece ser útil e oportuno. Além disso, na massacrante maioria das vezes, predominam os interesses pessoais sobre as carências coletivas, as apropriações indevidas do dinheiro público para obtenção de vantagens particulares, a preservação de estruturas e sistemas que resultem em negociações lucrativas, e outras tantas situações semelhantes. A ética – em centros acadêmicos, tribunas religiosas e meios de comunicação – é normalmente um

. carlos novaes

Substantivo formado por laços, sentimentos, identificação básica e tempo de convívio. A companhia de um amigo pode durar na vida a caminhada inteira, embora na maioria das vezes bons amigos acabem se perdendo nos descaminhos da vida. Algumas pessoas conseguem ter e manter grupos numerosos de amigos. Outras, como o poeta Drummond, devido a uma postura mais criteriosa e reservada, contam apenas com “poucos, raros amigos”. Há o amigo-do-peito – que é o amigo querido e, segundo o autor bíblico de Provérbios, mais próximo que um irmão – e há o amigo-urso, ou o amigo-da-onça, que é o falso amigo. Existe o ombro amigo, sobre o qual muitos costumam

chorar suas feridas abertas. E, em contraposição, existe o fogo amigo, que leva os atingidos a indagarem, perplexos: quem precisa de inimigo? Fazer amigos é sempre bom. Mas bom mesmo é saber preservar amigos, cultivar amizades como quem cuida de um jardim, estreitar nós com a perícia dos marinheiros e aprofundar relacionamentos que ultrapassem as fronteiras da superficialidade. Afinal, de acordo com o verso da canção, “amigo é coisa pra se guardar no lado esquerdo do peito”.

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Pequeno dicionário#1

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empolgante tema para discursos e debates, mas quase ninguém se dispõe a transformar intenções em ações. A rigor, aqueles que pedem a prisão de políticos corruptos são os mesmos que costumam oferecer propina a policiais quando flagrados quebrando as leis do trânsito. E quem se escandaliza com a ambição dos especuladores financeiros não vê nenhum empecilho moral em omitir informações na declaração do imposto de renda para burlar o fisco. Embora Umberto Eco, semiólogo italiano, tenha declarado que a ética passa a valer no momento em que o outro entra em cena, somos obrigados a reconhecer que, para uma expressiva porcentagem da população brasileira, a ética na verdade vale tão somente para o outro.

• CALENDáRIo Organização de datas e eventos de acordo com as convenções que fixam a duração do ano. Pode ser também o impresso que registra os dias, as semanas e os meses, muitas vezes ilustrado por

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figuras ou fotos de paisagens ou pessoas. A principal característica do calendário é a transitoriedade, razão pela qual amanhã sempre vira ontem e as páginas das chamadas folhinhas são inevitavelmente descartadas. Outro peculiar atributo, não menos incômodo e assustador, é a sua brevidade. Calendários possuem curta duração. E à medida que envelhecemos, a contagem do tempo corre cada vez mais veloz (e algoz), tal como escorre a fina areia de uma ampulheta. Os latinos criaram duas máximas para tentar exprimir em palavras a angústia da implacável passagem do tempo: vita brevis e tempus fugit. No início de cada ano, o calendário é um horizonte repleto de promessas e esperanças: a arrumação daquele armário no porão, a adoção da dieta rigorosa, o retorno ao curso incompleto, a compra de um imóvel, e coisa e tal, e tal e coisa. Quando o ano acaba, resta lamentar o que não foi cumprido e agradecer pelo que deu certo. E, no final, tudo é memória.

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Cicatrizes Karolyne Reis

Como todo machucado deixa uma cicatriz, qualquer tipo de momento ruim também deixa uma má lembrança que por mais que seja perdoada, vencida, superada e por mais que nos forcemos a esquecê-la, é quase sempre impossível. Se não superamos uma ferida, ela jamais se cicatrizará. Sempre haverá uma marca em nós de algo que fizemos ou passamos. Essas marcas podem ou não nos incomodar de acordo com a intensidade ou com a nossa superação.

Falhas, desentendimento entre amigos ou parentes, infidelidade em um relacionamento e ameaças deixam marcas em nosso corpo ou alma que sempre nos relembram das dores sofridas. Mas é preciso ser mais forte e maior do que tudo isso para que essas marcas não sejam motivo de chorarmos ou nos lamentarmos, mas sim de esperança, recomeço e renovo em tudo o que somos e fazemos. Ao nos machucarmos, temos o costume de esconder a ferida, talvez por vergonha ou por proteção. Assim também fazemos com as feridas da alma. Escondemos, mascaramos, muitas vezes, coisas ruins que acontecem dentro de nós para transmitir uma imagem cada vez mais perfeita de nós mesmos ou então por saber que a dor já passou e o perdão foi liberado para outros e para você mesmo. Jesus carregou uma marca que simboliza todas as nossas dores.

A marca dos pregos em suas mãos ao ser crucificado. Para ele poderia ter sido motivo de vergonha, mas ele encarou de forma com que pudéssemos ter, através dessa marca, a nossa salvação e a presença dEle constantemente na nossa vida. Precisamos ter olhos bons de esperança para enxergarmos assim. Não é dada a nós dor maior do que possamos suportar. Assim como há a restauração do corpo de uma pessoa que faz várias cirurgias, leva vários tombos e se corta várias vezes, há a restauração para qualquer tipo de marca obtida em nossa alma. A restauração dada pelo mesmo Deus que deu capacidade ao homem de se reconstruir e renovar, de passar por lutas e vencer, não sozinho, mas junto dEle, a partir do momento em que cada um de nós temos consciência de que só Ele nos permite a cicatrização de uma ferida.

. karolyne reis

Passamos por situações que deixam marcas que ficarão em nós para sempre. Ao cairmos e nos machucarmos, forma-se então uma ferida no corpo. Ao nos entristecermos, nos decepcionarmos, forma-se uma ferida na alma. Essas marcas nos relembram dos momentos em que as ganhamos. Lembramos da dor, de como cicatrizou, se demorou muito, se foi rápido, o que deixamos de fazer por causa dessa marca e os cuidados que tivemos de ter.

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Estudante e técnico em turismo . contatokarolreis@hotmail.com

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moda

urbana

tendências

tendências .

Não faça feio

com Carolina Carneiro

neste verão

O verão finalmente chegou e com ele aquela vontade de curtir a praia no final de semana. E logo surgem as dúvidas do que usar ao ir à praia ou à piscina. A moda praia para o Verão 2013 já começa a invadir as lojas: biquínis, maiôs e saídas de praia chegam às vitrines exibindo as principais tendências para a estação que se aproxima. Você sabe usar as tendências ao seu favor? Para o ano de 2013, apostamos em uma moda divertida, com diversas estampas, recortes, bordados, babados e patchwork. Os biquínis vão desde os mais básicos aos mais ousados. Para isso, é preciso saber filtrar as tendências,

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Divulgação . Blue Man

Divulgação . Biquinis e Cia

primeiro para o seu gosto e estilo, depois para que elas sejam suas aliadas para aproveitar o verão sem preocupações. Conheça as principais tendências em moda praia para o Verão 2013.

• MAIÔS A peça ficou esquecida por um tempo e rotulada como a escolha ideal para esconder as “imperfeições” do nosso corpo. Os maiôs prometem ser destaque na praia, deixando os biquínis de lado. Mas esqueça as versões tradicionais e comportadas do modelo. Com novas modelagens, a peça vira hit do verão, deixa qualquer look praia com um ar mais elegante.

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• ToMARA-QUE-CAIA O clássico tomara-que-caia também dá as suas caras. Prático e elegante, o formato é uma ótima opção para as mulheres que não gostam de ficar com marquinha. Lembrando que esse modelo não favorece as mulheres que possuem seios fartos, já que não têm a sustentação necessária.

• CoRTININHA

• DESCoMBINE Outra tendência que está em alta e que promete protagonizar o verão carioca é a onda do descombine, ou seja, não combinar nada. Sendo assim, pegue um top estampado e combine com outra peça de padrão diferente. Mescle cores e estampas sem medo. Assim como os maiôs e biquínis, as saídas de praia também surgiram em versões mais sofisticadas para o verão 2013. Para sair da areia com estilo, você poderá optar entre vestidinhos com babadinhos, short jeans ou as tradicionais túnicas esvoaçantes. Quanto mais rústico e com cara de “feito a mão”, melhor, já que a tendência artesanal é um dos pontos fortes do Verão 2013.

está esclerosado? Silvino Netto

Professor . scfnetto@gmail.com

Papai Noel, Você quase me levou à falência. O décimo primeiro, O décimo segundo E o décimo terceiro salários, Você os levou todo sorridente. E para dizer a verdade, Apesar de nossa velha amizade, Eu não concordo agora Com seu jeito De fazer pressão comercial. Para mim o Natal É algo diferente... Não pense que não gosto de dar E de receber presente. Não é isso. É que você se comercializou De tal maneira Que não há quem aguente. De tanto passar pela chaminé, Você se industrializou E poluiu o ar da noite de Natal, A tal ponto que os homens Já não podem ver o brilho da Estrela E o coro angelical. Você precisa converter-se, Papai Noel!

Já pensou o bem que faria À humanidade Se você canalizasse Sua simpatia, Seu poder de comunicação, Seu prestígio entre as crianças, Para apontar a Estrela aos homens E levá-los à manjedoura de Belém? Assim, o Natal seria mais gostoso, Diferente, criativo, inteligente... A gente distribuiria Um quilo de amor para um, Uma caixa de perdão para outro, Um vidro cheinho de esperança, Uma cesta do fruto do Espírito... Papai Noel, Para não perder o costume, Com todo o respeito Quero pedir-lhe uma coisa: Tome juízo! Você já tem bastante idade para isso.

. poesia

Outro clássico, o cortininha, está de volta, porém, com as alças mais grossas. Nesta temporada, ele aparece em estampas com cores vivas, motivos tropicais e aplicações sofisticadas.

Papai Noel

poesia

Calcinhas maiores - Dessa vez as calcinhas aparecem mais comportadas, ao contrário da moda dos anos anteriores que traziam calcinhas cada vez menores. Com modelagem mais larguinha (que ajuda a disfarçar o quadril largo da brasileira), as calcinhas comportadas prometem invadir o verão.

Ou será que está esclerosado?

(Dedicado ao querido Papai Noel)

Agora que você já conhece as tendências que farão parte da moda praia 2013, é só escolher aquela que mais te agrada e arrasar nos dias quentes de verão. Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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escolha

A : Cristo e a cultura Israel Belo de Azevedo Pastor . israelbelo@gmail.com

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Quando olhamos para o cristianismo, tendemos a pensar que ele está sendo assaltado por ameaças novas. No entanto, as “novidades” de hoje não são assim tão novas. Nós, que nos autodenominamos modernos, não somos tão criativos quanto queremos parecer. Afinal, não há mesmo nada novo debaixo do sol (Ec 1.9).

israel belo

A pergunta inevitável, diante das tendências de hoje e de ontem, é: de que modo essas tendências influenciaram a igreja ou foram totalmente recusadas por ela? Ao respondê-la, não podemos cair no anacronismo, julgando o passado à luz da moral de hoje. O apóstolo Paulo, por exemplo, não pode ser classificado como escravocrata porque não propôs abertamente o fim da escravidão. Essas tendências têm a ver com o modelo de relação que se pretende entre o cristianismo e a sociedade. Há várias tipologias para se entender esta relação. A mais influente é a do teólogo Richard Niebuhr (18941962), desenvolvida em “Cristo e Cultura” (1951), livro infelizmente esgotado e que a editora Paz e Terra insiste em não republicar. Segundo Niebuhr, a igreja, ao longo dos séculos, por vezes não se ajusta ao mundo em que vive, por ver nele apenas valores incompatíveis com sua fé. A igreja é colocada como superior à cultura, entendida como um conjunto de valores, crenças e práticas de uma sociedade que jaz

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completamente sob o domínio do mal. Cabe ao cristianismo transformála (Cristo como transformador da cultura), como ensinava João Calvino (1509-1564), ou combatê-la (Cristo contra a cultura), como queria Tertuliano (155-222). Pode ser também que os membros das igrejas façam escolhas diferentes e não se ajustem à igreja de que participam, por verem nela valores incompatíveis com as demandas do mundo, que espera uma explicação racional das coisas, uma ética de sobrevivência e uma exacerbação do hedonismo, por exemplo. Essas pessoas tendem a ver na sociedade a realização das propostas do cristianismo (Cristo da cultura), como acreditava a teologia liberal do século 19, na qual se inscreve Albrecht Ritschl (1822-1889). No quarto tipo estão os que acham que Cristo se sobrepõe à cultura (Cristo acima da cultura). Tomás de Aquino (1225-1274) pressupunha que não existe nem antagonismo, nem assimilação entre eles. O problema é de natureza mais individual que social, mais vertical do que horizontal. Para os que não inter-relacionam mundo e igreja, sua fé não questiona o mundo e sua vida não questiona a igreja. Eles não vislumbram contradição entre os valores bíblicos e os seculares, já que se aplicam a áreas diferentes e integram dois campos completamente incomunicáveis (Cristo e cultura

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A tipologia de Niebuhr é ainda válida, embora todo esquema acabe “forçando a barra” para fazer com que as peças se encaixem no modelo. Porque ainda não foi superada, vale a pena considerar a tipologia de Niebuhr acerca da relação entre a fé cristã e a cultura secular. Quem coloca Cristo contra a cultura ou como transformador da cultura parte do pressuposto correto que o pecado original (ou queda do homem) corrompe todas as suas manifestações. O equívoco está em esquecer que a queda foi algo tão radical que afetou a própria estrutura da cultura e não apenas seus produtores. Falar numa transformação da cultura a partir da transformação dos indivíduos é cair num certo tipo de voluntarismo, segundo o qual a vontade humana pode todas as coisas.

Desejar uma fuga do mundo, com a formação de uma comunidade à parte do mundo (como se isso fosse posivel...), é propor uma impossibilidade, já que estamos no mundo, e uma desobediência, já que somos sal para o mundo. Como estavam errados os discípulos que tentaram seduzir Jesus para que ficassem todos no monte, estão errados todos quantos pregam um afastamento do mundo. O desejo de Jesus é que permaneçamos no mundo, mas livres do mal que nele impera. A ideia de um mundo novo construído a partir da competência humana, tão cara ao século 19, não se realizou. O último tijolo foi

Deve permanecer a distinção entre o profano e o sagrado. Os ritmos ou instrumentos musicais, por exemplo, não são em si profanos ou sagrados, embora haja finalidades específicas neles. Nem tudo que é profano é feio, do ponto de vista do prazer da fruição, conquanto por vezes inaceitável do ponto de vista teológico. Há beleza no profano e o cristão pode admirá-la. Em termos artísticos, há mais beleza no profano do que no sagrado, pelo desleixo com que a obra sacra é produzida. A obra profana não pode ser julgada apenas esteticamente. Ela precisa também ser confrontada com os valores que são de cima. É ingênuo pensar, como Tomás de Aquino, que não deve haver nem antagonismo nem assimilação entre o evangelho e o mundo. Há antagonismo, porque a cultura contém expressões fora dos padrões bíblicos. Há profundo antagonismo, por exemplo, entre o modo como o mundo encara o casamento e o estilo proposto pelo Novo Testamento. Pensar em dois andares, com Cristo num nível acima do anterior inferior (as realizações humanas), é evitar o conflito que tem que haver. É sedutor pensar nas culturas cristãs e humanas como estando em paradoxo, como os dois trilhos de uma linha de trem. Se é verdade que o cristão é cidadão de duas pátrias, também o é que elas se tocam, pois o cidadão é o mesmo. É cômodo até imaginar que há o reino espiritual e há o reino temporal. Esta divisão didática nem sempre acontece. Os campos estão interagindo. As esferas se encontram. Viver é fazer escolhas. Os cristãos devemos fazer as escolhas que a Bíblia orienta.

Seu cachorro

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é mais esperto do que você imagina

Nenhum animal entende melhor o ser humano do que o cachorro. Reportagem de Juliana Cunha, na Folha de S.Paulo, diz que “o cão evoluiu para conversar com o ser humano, ele compreende melhor os gestos humanos do que as espécies mais inteligentes”. Cachorros conseguem interpretar gestos humanos que não fazem sentido para outros animais inteligentes como golfinhos, focas e cabras. O Instituto de Antropologia Evolutiva Max Planck, na Alemanha, realizou testes comparando a habilidade de cães e primatas em reconhecer pistas humanas. Alguém apontava onde estava o objeto e enquanto os cães o encontravam o chimpanzé ficava parado. “Entender um gesto abstrato que o dono faz com as mãos é antes uma habilidade que os cães desenvolveram evolutivamente do que algo ensinado”, afirmou a psicóloga Maria Brandão.

. curta nota

Este discurso despreza a realidade da cultura-sistema, como se ela pudesse se converter (redimir) a partir da conversão individual, suficiente para a salvação individual, mas incompetente para a redenção da cultura, especialmente quando se recusa a própria cultura e se privatiza a experiência com o Deus bíblico.

vendido como relíquia a partir de 1989. A ideia de que o homem é livre para dispensar a atuação de Deus na vida individual e social não fez o homem mais feliz. Ele carece da glória de Deus, como o apóstolo Paulo nos adverte. O século 20 foi pródigo em avanços tecnocientíficos e em guerras e morticínios.

curta nota

em paradoxo). Por sua teologia dos dois reinos (espiritual e temporal), Martinho Lutero (1483-1546) pode ser agrupado nesta tendência.

O cão é capaz de armazenar e atribuir sentido a 165 palavras (alguns chegam a 250). O cão tem capacidade cognitiva similar a de uma criança de dois anos. É capaz, no entanto, de entender que um objeto está escondido. Já a criança pensa que um brinquedo escondido deixou de existir. O latido do cão não é uma forma de ele se comunicar com outro cão, e sim com humanos. Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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Obesidade e

fibromialgia: a saúde e a qualidade de vida Rafael Mattos

Professor, doutor em Saúde Coletiva . profmattos2010@gmail.com

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O que é qualidade de vida? Inúmeros teóricos e profissionais de distintas áreas são capazes de conceituar qualidade de vida. Certamente você também deve ter um conceito do que seja qualidade de vida e saúde. No sentido geral, a expressão “qualidade de vida” diz respeito ao grau de satisfação com a vida nos múltiplos aspectos que a integram: moradia, transporte, alimentação, lazer, satisfação e realização profissional, vida sexual conjugal, relacionamentos, liberdade, autonomia, segurança financeira, entre outros. A saúde é comumente descrita como o bemestar físico, social e mental e não apenas a ausência de doenças. Quando relacionamos a qualidade de vida com a saúde podemos estabelecer seis dimensões da nossa vida que precisam de atenção: física, emocional, espiritual, intelectual, social e profissional. O equilíbrio entre essas dimensões forma uma unidade. Uma pessoa que não tem nenhuma doença diagnosticada (dimensão física), mas tem uma autoestima muito baixa e não consegue lidar com o estresse da vida cotidiana (dimensão emocional), não terá uma saúde adequada. Alguém que atingiu o sucesso profissional e o respeito dos seus colegas de trabalho (dimensão profissional), mas vive em um ambiente de desarmonia familiar (dimensão social) também estará perdendo qualidade de vida. Atualmente todas as pessoas – independentemente de classe social,

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gênero, crença, idade – sabem que o exercício físico é um componente fundamental na vida de uma pessoa. A saúde e a qualidade de vida são determinadas por inúmeros fatores, dentre eles o movimento do corpo. O sedentarismo é considerado por todas as grandes instituições de saúde do mundo, como a American Heart Association, como um fator de risco. Deus quando criou o homem, o criou por inteiro: corpo, alma e espírito unidos e indissociáveis. A Bíblia nunca abandonou a dimensão corporal humana. Pregar o evangelho para uma pessoa que está passando fome, sede e frio e não acudi-la é uma contradição porque o corpo dessa pessoa está enfraquecido, exausto e suplicando por cuidados. Da mesma forma, se nosso corpo é o templo do Espírito Santo, como não cuidaremos dele? Como professor universitário envolvido com atividades de ensino e pesquisas, tenho me interessado ao longo dos últimos anos por duas condições que atormentam a vida das pessoas: a obesidade e a Fotofolia.com

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A obesidade é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A projeção da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que em 2015 tenhamos 2 bilhões e 300 milhões de pessoas com sobrepeso e 700 milhões obesas por todo o planeta. No Brasil, cerca de 53% das mulheres e 47% dos homens estão com sobrepeso. A obesidade feminina está próxima de 18,5% e a masculina de 8,7%. Somos mais de 30 milhões de obesos.

É muito simples ter uma vida mais ativa e sair da condição de sedentarismo. A atividade física não precisa ser intensa, tampouco demanda altos investimentos financeiros. Nossa cultura valoriza muito mais o que não temos

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Outra condição que afeta milhões de brasileiros é a fibromialgia. Esta é uma síndrome reumática caracterizada, sobretudo, por dor crônica generalizada. Se você sente dores no corpo, em partes diferentes, por mais de três meses, deve procurar um reumatologista. Ele será capaz de avaliar se o seu caso é fibromialgia. Atualmente de 2 a 5% da população brasileira sofre com esse adoecimento, sendo mais de 90% mulheres. Os principais

sintomas são: fadiga acentuada, dores de cabeça, distúrbios do sono, dificuldade de concentração e memorização, ansiedade e depressão. Muitas mulheres não conseguem trabalhar, cuidar dos filhos, dar atenção aos amigos, participar de atividades na igreja ou até mesmo se relacionar com seu marido em virtude da intensidade das dores corporais. A fibromialgia me lembra muito a história de uma mulher na Bíblia que foi curada por Jesus. O evangelista Marcos narra no capítulo cinco a história dessa mulher que há doze anos sofria com uma hemorragia e vários médicos não foram capazes de curá-la. Ela gastou todo seu dinheiro em tratamentos e continuava sofrendo. Em virtude de sua doença, aquela mulher era considerada impura para a sociedade. Não podia casar, ter filhos, tampouco adorar no templo. Ela foi privada de sua cidadania, de sua religiosidade e de ter uma família em virtude de um sofrimento no seu corpo. Em meu trabalho com mulheres com fibromialgia constato muitos casos semelhantes. Essas mulheres sofrem tanto que perdem sua família, emprego, amigos. Perdem a alegria de viver. São abandonadas social e espiritualmente. Mas o mais interessante é que um dia Deus foi visitar aquela mulher e curou seu corpo. Quando ele o fez, curou também as feridas emocionais e o vazio espiritual na vida daquela mulher. Lembre-se, Deus criou o ser humano para ter saúde e qualidade de vida na integralidade. O exercício físico auxilia no condicionamento físico, na redução da tensão muscular, na melhora da autoestima e da autoimagem. Pratique alguma atividade física regular. Cuide de você. Cuide da vida que Deus te deu.

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O problema não é apenas individual, mas coletivo. Pessoas obesas têm risco elevado de desenvolver doenças como diabetes mellitus, hipertensão, dislipidemias, doenças cardíacas, distúrbios do sono, lesões nos músculos, ossos e articulações. Assim, além do aumento do sofrimento e adoecimento, os custos privados e públicos com a saúde se multiplicam. Os psicólogos e médicos têm destacado a importância de cuidar, acolher e tratar pessoas obesas, visto que os transtornos de imagem corporal contribuem para casos de depressão, transtornos de ansiedade, transtornos de pânico, melancolia e até tentativas de suicídio. Deus não criou o homem para ficar na condição de morbidade e infelicidade. É desejo de Deus que o ser humano tenha uma vida plena e abundante.

do que o que já possuíamos. Precisamos desfrutar mais aquilo que conquistamos. E uma das maiores conquistas é nossa autonomia corporal. Se você quer praticar exercícios físicos para cuidar melhor do seu corpo ou até mesmo emagrecer, o primeiro passo é procurar um médico que irá fazer uma avaliação criteriosa, solicitar exames e orientá-lo para a prática. Após isso, você poderá começar com pequenas caminhadas de 30 minutos três vezes por semana. Pilates, ginástica, musculação, corrida, ciclismo, dança de salão são atividades que você deve escolher por prazer e não porque estão na moda. O consumismo é uma maneira vã de preencher um vazio que foi criado dentro de nós.

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fibromialgia. Não importa se você é ou não cristão. Essas doenças contemporâneas podem atingir qualquer pessoa e a melhor forma de lidar com essa realidade é investindo em prevenção e promoção da nossa própria saúde.

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Nova história Raquel Souza

Estudante . raquelsouza_01@hotmail.com Devianart.com

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Dia desses ia para a faculdade bem cedo quando avistei uma movimentação estranha na beira de uma avenida. Tratava-se de um grande grupo de homens, mulheres, jovens, idosos, crianças e adolescentes tão eufóricos àquela hora da manhã que a noite passada deveria ter sido um período de insônia coletivo ou estavam sob efeito da droga que tanto ouvimos falar, atualmente. Quem sabe, os dois. A moda mais terrível de todas, a moda do crack. É isso mesmo, faça chuva ou faça sol; amanhecendo ou anoitecendo eles estariam lá. Pesquisando mais tarde, descobri que os usuários dessa droga na cidade do Rio de Janeiro podem chegar a 6 mil, pois o crack não está só nas ruas, mas dentro de casas e outros locais fechados, onde infelizmente o controle se torna ainda mais complexo. Desde 31 de março de 2011 foram recolhidos das ruas pelo menos 700 crianças e adolescentes usuários de crack pela SMAS. Repito: 700 crianças e adolescentes. Uma usuária que estava sendo recolhida da rua dizia ter casa, família e quatro filhos, sabia que estava sendo levada dali naquele momento, mas que no dia seguinte estaria de volta, “sou fraca mesmo”, ela disse. Não sou uma grande entendedora do assunto, mas não precisa ser PHD para perceber que aqueles seres humanos vivem numa prisão a céu aberto. Dentro daquele ônibus me senti obrigada a recolher meu livro e refletir no que estava bem diante de mim. Lembrei-me então das palavras de John Ortberg, pastor e escritor: “tentar

tornar-se a pessoa que você foi criada para ser por intermédio de esforço próprio é como tentar esquiar atrás de um barco a remo. Precisamos de potência máxima para a alma. Onde buscá-la?” É muito fácil quando, decepcionados com nossas próprias atitudes, sentimos culpa; em seguida, passamos a nos esforçar mais procurando soluções com as melhores intenções, até que, caindo no mesmo erro, nos sentimos exaustos e desistimos de lutar. Aceitar a “realidade” talvez seja o caminho mais fácil a seguir. Passamos a simplesmente viver os dias que nos restam da mesma maneira que disse aquela mulher: fracos mesmo. Talvez a realidade do crack não esteja diretamente ligada a você, porém, existe um ponto comum a todos nós. Não importa sua personalidade, forma de pensar, hábitos, religião, oportunidades de vida, tamanho da sua conta bancária, meio onde vive, nem se você já é chefe ou empregado, universitário ou se está cursando o segundo ano do ensino médio, é bem provável que você, assim como eu, busque com unhas e dentes o autoaperfeiçoamento. Seja porque motivo for, por você mesmo, por alguém, por Deus, por um mundo melhor, é bem provável que você trave batalhas consigo mesmo enquanto procura ser um melhor aluno, amigo, filho, profissional, namorado. Seu problema hoje pode não ser o crack, mas acredito que dentro de você convivam duas versões: aquilo que Deus o criou para ser

e o que você é diariamente. Se pararmos para refletir, não somos tão bons quanto pensamos ser, mas aprendemos muito bem a fingir que somos. Ainda existem questões dentro de nós que honestamente precisam de tratamento. A grande sacada é entender que há um plano criado por Deus para nos tirar desse círculo vicioso de esforço exaustivo, pois é nesse momento que nos iludimos, pensando que seremos então aprovados, reconhecidos pela tentativa de sermos infalíveis em todo tempo. Porém, a realidade é que, mais cedo ou mais tarde, iremos vacilar. Deus é o primeiro agente disposto a operar em nós, mas não para que sejamos impecáveis. Ele nos aceita como estamos, pois conhece todas as coisas. Ora, como poderia eu, cheio de questões em meu caráter, ser amado e aceito? Philip Yancey, escritor e jornalista americano, diz que aos olhos humanos a graça é injusta. Quando reconhecemos honestamente quem somos, a graça nos alcança e nos diz que “não há nada que possamos fazer para que Deus nos ame mais e não há nada que possamos fazer para que Deus nos ame menos”, somos aceitos. Quando estamos diante dessa verdade, quem somos se torna pequeno demais diante de quem podemos ser. É somente por isso que posso afirmar que para “viciados” como nós, incapazes de mudar aquilo que parece imutável, a solução não é mudar circunstâncias, mas mudar nosso ponto de vista sobre o que Deus pode fazer e, a partir daí, desfrutar de uma nova história.

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Reprodução internet

Bíblia : uma biblioteca ou a Palavra de Deus? Lília Marianno

É de conhecimento geral que as três maiores religiões monoteístas do mundo são orientadas pelos escritos sagrados, catalogados numa pequena biblioteca apelidada de Bíblia. A mais antiga destas religiões, o Judaísmo, se orienta pela Bíblia Hebraica, o Cristianismo se orienta pela Bíblia Cristã (Bíblia Sagrada) e o Islamismo, a mais recente das três, se orienta pelo Corão. O Corão se refere a fatos narrados tanto na Bíblia Cristã quanto na Bíblia Hebraica, pois surge a partir de 622EC, numa cultura que já conhecia as duas tradições. A diferença do Corão para as outras Bíblias é que o Corão não passou por uma longa tradição oral. Segundo a tradição islâmica, foi revelado diretamente a um único escritor (Mohamed, o Profeta), numa única língua (o árabe) e imediatamente

escrito. Já a Bíblia Hebraica recebeu influência da escrita em forma de sinais muito antiga, cuneiforme da Mesopotâmia (Acádico) e os hieróglifos do Egito. Na época que Israel saiu do Egito e se instalou em Canaã, a interferência foi de uma língua mais nova, influenciada pelas duas já mencionadas (Ugarítico), falada na região da Síria, considerada uma “mãe” da língua hebraica ou idioma proto-cananeu. O hebraico surgiu como língua a partir do século X aEC, época do rei Salomão. Os livros da Bíblia Hebraica foram escritos em Hebraico Antigo, Aramaico (um hebraico mais recente, do período Babilônico até a Era Cristã) e depois traduzidos para o Grego Koiné (koiné=comum), um grego popular falado por estrangeiros e gente sem estudo. Não era o grego erudito dos

filósofos do período greco-romano, que por sua vez recebia interferência linguística do Copta. Este mesmo Koiné foi a língua usada para escrever o Novo Testamento. A Bíblia Hebraica possui 22 livros e o Corão é composto de capítulos totalizando 114 suratas, constituindo-se assim um único livro. A Bíblia Cristã (Protestante) possui 66, divididos entre 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento.

. lília marianno

Professora, teóloga e administradora . lilia.marianno@gmail.com

lília marianno

Meras palavras...

As perguntas que um professor de Bíblia mais escuta são: quem foi que decidiu quais livros entrariam no cânon sagrado e quais ficariam de fora? E quem deu autoridade a estas pessoas para passar a chamar estes livros de sagrados, desconsiderando os demais? A resposta a estas perguntas não é rápida. Existe um curso chamado História da Formação da Bíblia que Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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Para saciar a curiosidade daqueles que não têm tempo para tal aprofundamento, é importante que se saiba o seguinte: 1. Os três livros sagrados foram escritos numa extensão de pelo menos dois mil e quinhentos anos e compartilham de algumas tradições semelhantes ou conteúdos comuns;

lília marianno

lília marianno .

2. Antes de haver escrita, alfabetos e, consequentemente, livros, todo o conteúdo era transmitido oralmente (Tradição Oral) e isso se deu por centenas e centenas de anos; 3. A linguagem usada na Tradição Oral foi a linguagem mítica, pois trata de eventos que nem nossos mais antigos ancestrais foram testemunhas oculares (como por exemplo a criação do mundo, muito anterior à existência da humanidade). Nota: linguagem mítica não é o mesmo que lendas, fábulas ou mitologia. Trata-se da forma como os antigos narravam a origem de tudo e de todos em Deus ou nos deuses; 4. A Tradição Oral e sua linguagem mítica foi fundamental para que estas narrativas fossem documentadas depois, com o surgimento da escrita. Os documentos mais antigos eram Panfletos, isto é, coleções de pequenos escritos (em papiro, tábuas de argila, pergaminhos etc); 5. Os Panfletos foram, ao longo dos séculos, organizados numa sequência lógica e dentro de uma coerência cronológica. Este processo aconteceu interiormente, livro por livro. Depois em bloco por bloco de livros. O que determinava se um escrito era sagrado ou não era a

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forma como a comunidade de seus redatores e leitores se percebia inspirada por Deus para redigir ou interpretar estes escritos. Textos que não falavam abertamente da manifestação de Deus na história do ser humano foram sendo retirados do cânon com o passar dos anos.

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explica detalhadamente todo o processo, é encontrado em EAD em vários lugares. Se você se considera um autodidata competente poderá entender todo o processo através dos seguintes livros: A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: introdução à história da Bíblia (Julio Trebolle Barrera – Editora Vozes) e Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós (Norman Geisler e William Nix – editora Vida). Caso necessite de mais informações pode me escrever.

6. A Bíblia Hebraica foi montada com uma lógica redacional que obedece uma “cronologia teológica”: os textos que dão fundamento à fé judaica (Torá) entraram na frente de todos, os textos primordiais, que dão sentido à história do povo e à manifestação de Deus nesta história entram no centro (Profetas) e os demais, que contam os feitos humanos em honra a Deus, entraram em terceiro lugar (os Escritos). Lei (Torá), Profetas (Nebiim) e Escritos (Ketuvim) abreviase como TANAK, é lida até hoje nas Sinagogas e festividades judaicas. São 22 livros que correspondem ao mesmo conteúdo dos 39 livros do Antigo Testamento da Bíblia Cristã. 7. A Bíblia Cristã adotou para o Antigo Testamento uma lógica da “cronologia da história”, tentando narrar a história da humanidade na sequência de eventos históricos. Por centenas de anos a cronologia dos eventos históricos foi confundida com a cronologia da redação dos textos. Pensava-se que a ordem dos eventos era a mesma com a qual os livros foram sendo escritos. As Ciências Bíblicas dos últimos dois séculos tem esclarecido que a ordem de escrita dos livros não corresponde à ordem com que os eventos aconteceram, os livros sempre foram escritos séculos depois.

8. Houve um cânon (conjunto de livros sagrados) mais extenso da Bíblia Hebraica que foi traduzido para o grego (séc. II aEC) conhecido como Septuaginta (versão do setenta anciãos ou LXX). Este cânon foi traduzido para o latim no séc. V EC por Eusebius Sophronius Hieronymus (São Jerônimo) e, junto com o Novo Testamento, foi chamado Vulgata Latina, usado pela Igreja Católica até hoje. Tanto a LXX como a Vulgata possuem mais livros no Antigo Testamento do que a Bíblia Hebraica ou a Bíblia Cristã Protestante.

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Toda esta variedade de composições linguísticas, interferências redacionais e a distância entre os eventos narrados e os textos escritos tem feito muita gente duvidar de que a Bíblia possa ser chamada de Palavra de Deus. Afinal, a interferência humana no processo é tão óbvia e tão demarcada, como poderíamos chamar de Palavra de Deus algo tão humano? Quando meus alunos me perguntam estas coisas eu devolvo, à moda judaica, uma pergunta para eles: o que é a Palavra de Deus para você?

Deus se revela na história desde antes da existência do ser humano. Sua Palavra jamais ficou limitada às possibilidades linguísticas de um ou outro idioma. Ele fala conosco por meio da Bíblia. Sua vontade para o ser humano é mostrada por meio de um código ético, um roteiro comportamental, que, quando vivido na integridade, salva a vida de muita gente e quando desobedecido, leva muita gente à destruição. A própria Bíblia registra inúmeros casos de sucessos e fracassos humanos nesta

O que faz a Bíblia ser Palavra de Deus não é o conjunto de meras palavras ali contidas. Entendida de forma racional e estudada apenas como literatura, ela não tem poder algum, é um livro cheio de histórias fantásticas, até difíceis de crer. A Bíblia é Palavra de Deus porque ela transcende ao texto escrito, ela ganha vida na sua e na minha existência. Quando você lê um Salmo e tem seu coração confortado, aí ela é Palavra de Deus. Quando uma pessoa enferma passa a crer num Deus que cura as enfermidades porque leu isso na Bíblia, e é curada, aí ela é Palavra de Deus. Quando você vive uma vida de desespero, mas passa a crer num Cristo que se sacrificou para que você tivesse vida abundante e sua vida passa por tremenda e real transformação, ali ela é Palavra de Deus. Sempre digo aos meus alunos: Palavra de Deus é o efeito transformador que flui desta Bíblia quando a lemos. É o sobrenatural que acontece a partir dela, não os limites linguísticos das meras palavras. Quando lemos e entendemos que a ética ali proposta nos pressiona a agir corretamente, muda o jeito como definimos nossa existência, muda as decisões que tomamos e por consequência muda o nosso futuro, aí sim ela é Palavra de Deus. Ghandi disse: “não conheço ninguém que tenha feito mais para a humanidade do que Jesus. De fato, não há nada de errado no cristianismo. O problema são vocês, cristãos. Vocês nem começaram a viver os seus próprios ensinamentos”. A fala de Ghandi tem uma sobriedade interessante, ela separa Cristo e o cristianismo (sua proposta de vida) dos cristãos falhos, que ainda tentam aprender como andar segundo esta

Palavra. Mesmo assim, esse “pequeno esforço” tem transformado a história da humanidade. A Bíblia diz que o Verbo (a Palavra) se fez carne (Jesus Cristo, o Deus encarnado), e habitou entre nós. E vimos a sua glória (João 1). Esta habitação entre nós da Palavra Encarnada – Cristo – modificou toda a história da humanidade e sua perspectiva. Esta Palavra Encarnada motivou a construção de inúmeros hospitais, asilos, orfanatos, grupos de saúde, serviços de assistência social, abrigos de refugiados, missões de caridade e cuidado com o próximo. Durante sua existência caminhando entre nós, Jesus mostrou como se deve cumprir o código ético que está escrito no livro. Ele encarnou a vivência desta proposta e mostrou que é possível viver assim. Os discursos desta Palavra Encarnada, contidos no livro Bíblia, tem movimentado a humanidade a fazer coisas boas em benefício do próximo. Claro que quando seu ensinamento é deturpado, coisas ruins também são feitas em nome de Deus, assim como acontece no judaísmo e no islamismo. Mas quando obedecidos nos trazem paz no meio da tribulação, segurança diante da incerteza. Em Dezembro os batistas celebram o dia da Bíblia, os católicos dedicam todo o mês de Setembro para a Bíblia (pois o dia 30 de Setembro é o dia de São Jerônimo), os judeus fazem uma “festa de arromba”, uma celebração maravilhosa no dia do Simchat Torah ou Yom Torah (a data varia de acordo com o calendário judaico). Ali a Palavra de Deus é cantada, dançada, festejada, recitada, adornada, é uma linda festa da qual sempre quis participar, mas nunca pude porque não sou judia. A Bíblia é um livro fascinante, instigante e transformador, porque dela emana o Verbo Encarnado e seu ideal de vida para nós.

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O problema só existe quando a gente limita Deus a agir de uma forma só e afirma que Deus só pode falar por meio de um conjunto letras escritas. Acreditar nisso é acreditar num Deus tremendamente limitado, pouco criativo e dependente da capacidade humana de expressão para defini-lo. Deus transcende tudo isso e muito mais. Palavra de Deus, assim como o próprio Deus, é algo muito maior que passa pelo texto bíblico e o utiliza de um jeito muito mais profundo.

tentativa. Ela não contém apenas as “ordens” a serem obedecidas, mas conta a história de gente que se autodestruiu por não se comprometer com o código ético nela contido e de gente que prosperou quando o obedeceu.

lília marianno

9. A partir do séc. I EC, houve uma filtragem nos livros da LXX feita pelos judeus que preservou na TANAK apenas os 22 livros (ou 39 no Antigo Testamento Protestante). Mas a Vulgata Latina não acompanhou esta seleção e manteve os livros da LXX. Apenas a partir do advento da imprensa e da Reforma Protestante com Lutero no séc. XV EC é que os protestantes começaram a adotar um Antigo Testamento diferente dos católicos, ou seja, contendo os mesmos livros da TANAK hebraica.

E você, já conseguiu ser transformado pelo encontro da Palavra no meio das palavras? Não confundamos a Bíblia com seus leitores. Não confundamos “A Palavra” com as palavras. Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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O funeral de Deus Paulo Pancote

Pastor . prpancote@ubbi.com.br

paulo pancote

paulo pancote .

Tomo emprestado o título para o texto da coluna originalmente criado pelo escritor A. N. Wilson, que publicou nos EUA um livro chamado God´s Funeral. Esse título chamou minha atenção, ao vê-lo num artigo que Philip Yancey publicou na revista Christianity Today. A revista Eclésia, na sua edição de novembro/02, também abordou o assunto, com a reportagem Uma sombra no Velho Mundo. A primeira vez que li algo sobre a decadência cristã na Europa foi na revista Ultimato, em 1998, no artigo Igrejas também morrem, do pr. Ricardo Gondim, que falava sobre o declínio da fé cristã na Inglaterra. Em 2001, a revista Veja publicou a matéria Europa sem Deus, onde mostrava o declínio da fé cristã na Europa Ocidental. No segundo semestre de 2001, publiquei em O Jornal Batista um artigo, em duas partes, chamado Igrejas que podem morrer, analisando o declínio cristão na Europa, Canadá e o seu início nos EUA. Agora novamente, com estes artigos, a questão retorna com toda a força, porque os fatos estão saltando aos olhos. Tanto que a revista Eclésia enviou um repórter para escrever essa matéria sobre a Europa, e o escritor Philip Yancey, numa recente viagem ao Velho Continente, percebeu o dramático declínio da fé cristã e resolveu escrever sobre ele. Se refletirmos sobre os fatos, eles são estarrecedores. Yancey disse que

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cristãos holandeses lhe contaram que há um século, 98% do povo holandês frequentava a igreja regularmente. Em duas gerações, a porcentagem caiu vertiginosamente, principalmente entre os adolescentes, estando agora abaixo de 10%. Yancey escreveu ainda que quase a metade dos prédios que serviam de igrejas na Holanda têm sido destruídos e transformados em restaurantes, galerias de arte ou condomínios. Philip Yancey conta que foi assistir a um culto noturno com sua esposa, em uma igreja na Bélgica, e eram apenas dez pessoas, contando com eles, que, por sinal, eram as únicas pessoas presentes com menos de 70 anos. A reportagem de Eclésia mostra que na Alemanha, apesar de 37% dos habitantes professarem ser protestantes, a principal denominação do país, a Igreja Luterana, anda com os seus templos vazios. Segundo o artigo, os alemães que são sem religião, já atingem quase 20% da população e a maioria dos que se confessam luteranos são apenas nominais, não frequentando a igreja a não ser em ocasiões muito especiais. A mesma reportagem diz que na França já existem 30% de ateus na população; com 60 milhões de habitantes, o país não conta nem com um milhão de evangélicos. Isso representa apenas 1,5% de evangélicos no total da população (porcentagem menor do que em muitos países africanos) e mostra a franca hostilidade dos

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franceses quanto ao Evangelho. Eclésia fotografou um grande templo evangélico à venda, na cidade de Manchester, na Inglaterra, e informou que, na Espanha, dos 40 milhões de habitantes, somente 0,5 % da população (200 mil pessoas) são evangélicos. A realidade é tão aterradora que, das 8.500 cidades espanholas, 7.500 não possuem sequer um templo evangélico.

Diante desses relatos, a pergunta óbvia que surge é: será que isso irá acontecer em outras partes do mundo, inclusive no Brasil? A Europa já tem sido chamada de sociedade pós-cristã, por causa de todo esse declínio do Evangelho. O Canadá também está

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É evidente que essa realidade já está trazendo consequências dramáticas para a sociedade europeia e para qualquer lugar onde este processo vier a acontecer. Sentimos que o texto de Lucas 18.8, que diz: “contudo, quando vier o Filho do Homem, achará porventura fé na terra?” está se tornando real em nossos dias, antevendo o que poderá ainda estar por vir.

Refletindo sobre esta declaração, temos que reconhecer que o enriquecimento do povo o tem afastado de Deus. Isto é verdade, mesmo em nosso país, onde um pouco mais de estabilidade financeira é quase sempre seguido de um esfriamento para com Deus. Assim sendo, está explicado por que o Evangelho hoje está crescendo e se fortalecendo na América Central e do Sul, na África e também em partes da Ásia, onde a prosperidade financeira é um alvo distante para a maioria da população.

Isaltino Gomes

Pastor . isaltinogomes@hotmail.com

Uma característica muito forte na criança é a busca do prazer. Ela quer apenas o que é agradável. Um exemplo simples, banal mesmo: legumes e verduras não são agradáveis. Doces, sim. Também para o adolescente: fazer os deveres da escola não é agradável. Perder-se em banalidades pelo celular é. De adultos espera-se noção de dever e senso de responsabilidade. Trocar fraldas e limpar bebês não é a coisa mais cheirosa do mundo. Mas as mães fazem isso. Ser adulto é saber que a vida é algo mais que buscar prazer. Por isso, uma das frases mais tolas que li é “Todo homem tem direito à felicidade”. O que é felicidade? Para o viciado, uma pedra de crack, uma picada, mais um gole. Para o sádico, causar dor a alguém. A felicidade do atacante é a dor do goleiro adversário. O alvo da vida é ser feliz? Isso explica o caos do mundo: o egoísmo, a indiferença aos sofredores, o luxo sibarita diante da fome alheia. Um lar desfeito por que o marido acha que tem direito a ser feliz e larga a esposa e filhos para viver com uma sirigaita mais nova. Ou por que a moça não assume que é mãe e deve viver nova realidade; ainda quer ser “gatona” e “curtir a vida”. Avultam casos de bebês largados por mães que foram ao baile, no seu direito de felicidade. Esta postura infantil de tantos adultos tem produzido um mundo miserável, onde a piedade escasseia e a mesquinhez cresce. Isso acontece no evangelho. As pessoas não consagram mais a vida ao serviço de Deus. Ele existe

para torná-las felizes. Elas não mais servem à igreja nem se engajam nela para serem úteis. A igreja se torna um espaço social onde exibem sua vaidade e buscam reconhecimento. Se não os obtêm, passam a falar mal da igreja, alheiam-se ou buscam outra. Nunca vi um crítico contumaz de igreja exibir vida espiritual exuberante. Espalham mal estar por onde passam, cheios de ranço. Ao lavar os pés dos discípulos, Jesus ensinou uma grande lição: mostrouse como servo, realizando uma tarefa baixa, de escravo. E disse: “Se eu, Senhor e Mestre, lavei os vossos pés, também deveis lavar os pés uns dos outros” (Jo 13.14). Ele disse que “não veio para ser servido, mas para servir…” (Mc 10.45). E sinalizou a vida rica, abençoada e feliz: a que é útil, a que serve. Felicidade é um subproduto de utilidade. Quem tem uma vida útil, que beneficia aos outros, é uma pessoa realizada. Quem só quer receber é como as filhas da sanguessuga: “Dá! Dá” (Pv 30.15). Nunca se satisfará.

. isaltino gomes

Creio que, no espaço desta coluna, não é possível nos aprofundarmos sobre as causas e os alertas que precisamos ter, para fugirmos de cair na mesma armadilha que a sociedade europeia e outras estão caindo, mas é importante reproduzir as palavras do pr. Martin Elsässer, que é ministro da Igreja Casa de Lutero, em Sttugar, no sudoeste da Alemanha: “Muitas pessoas não abandonam a fé, mas não são mais praticantes, o que provoca o esvaziamento de muitas igrejas”. O mesmo pastor diz ainda: “A prosperidade material é como um veneno: as pessoas já não sentem mais necessidade de Deus”.

A infantil busca de felicidade isaltino gomes

nesse processo de queda. Há sinais de que os Estados Unidos iniciaram a decadência espiritual, de uma forma ainda não significativa. A.N. Wilson, em seu livro, admite que duas perdas profundas já ocorreram. Pela primeira vez na História, muitas pessoas não sentem mais a necessidade de orar ou de participar de um culto de adoração. Também, de modo único, muitos não veem valores além daqueles que cada um estabelece para si próprio.

O reino de Deus carece de mais cristãos adultos e menos bebês espirituais. Carece de gente que queira ser útil e queira servir. Que critique menos, que não queira visibilidade e importância, mas que entenda a lição de Jesus: nós nos realizamos na autodoação à obra e aos outros. “Ninguém busque seu próprio bem, e sim o dos outros” (1Co 10.24). Adultos espirituais e emocionais são felizes. Bebês espirituais não são engraçados e dão muito trabalho! Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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O poder dos

quietos Adalberto Sousa

Professor . prof.aas@gmail.com

adalberto sousa

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Assim que o oficiante concluiu a sua palavra aos noivos, e a orquestra iniciou os acordes da música para a entrada das alianças, os olhares se voltaram para a porta por onde um casalzinho entrava, caminhando lentamente. Tudo muito harmonioso, muito delicado, rigorosamente como havia sido ensaiado. Depois de vencerem boa parte do corredor, de repente o garotinho desvencilhou-se da menina e correu para os braços da mãe. Quando observamos o comportamento das pessoas em um grupo, inclusive de crianças, constatamos que enquanto uns são mais falantes, expansivos, extrovertidos, outros são mais calados, contidos, introvertidos. Mas quando observamos o comportamento dos adultos que interagem com crianças, seja em casa ou na escola, percebemos que o comportamento da criança introvertida nem sempre é visto com bons olhos. Para o senso comum criança saudável é aquela que não para, que corre, que se agita, que lidera as brincadeiras. Daí a insistência dos adultos no sentido de incentivar os introvertidos para levá-los ao comportamento “normal”. No mundo corporativo a realidade é bem semelhante. Qualquer universitário que um dia tenha tentado conseguir uma vaga de estágio na empresa de seus sonhos, fatalmente teve de enfrentar um

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processo seletivo, em que não faltaram dinâmicas de grupo as mais diversas, que procuravam identificar entre os candidatos os mais extrovertidos, com facilidade de comunicação e espírito de liderança. “Carreiras bem-sucedidas estão reservadas para jovens dinâmicos, extrovertidos”. Isso pode ser comprovado no próprio ambiente de trabalho das empresas, em que as paredes foram derrubadas, para que todos trabalhem em conjunto, numa completa interação. As agências bancárias são o exemplo mais imediato dessa prática. Pois bem, tomando um café em uma das livrarias do Recreio, deparei com um título que me chamou a atenção: O poder dos quietos (Susan Cain, Agir, 2012). Ao ler este livro concluímos que nada há de errado no comportamento do garotinho que não conseguiu entregar a aliança aos noivos. Não se trata de uma pesquisa apressada como outras que surgem de vez em quando, que apontam a supremacia da extroversão sobre a introversão. Em Nota a autora declara: “Oficialmente, tenho trabalhado neste livro desde 2005, e não oficialmente durante toda a minha vida adulta. Falei com e escrevi para centenas, talvez milhares de pessoas, sobre os tópicos presentes aqui e li muitos livros, artigos acadêmicos, reportagens, discussões em chats e posts de blogs”.

Na Apresentação, que é feita por Max Gehringer, ele diz: “Este livro me atraiu, como imagino que tenha atraído a maior parte dos seus leitores, devido a uma pergunta inquietante: De que lado do espectro social eu estou? Sou um introvertido? Um extrovertido? Ou é possível ser uma média das duas coisas? Certo, não é uma pergunta, são quatro. Elas vêm rondando as mentes de muitos de nós, e talvez há bastante tempo, sem que o passar dos anos e as experiências nos tenham fornecido uma resposta definitiva e convincente. Até agora”. E prossegue: “O propósito deste livro é mostrar aos introvertidos e aos calados que eles estão em ótima companhia. Não apenas em qualidade (muita gente se surpreenderá com o número de gênios cuja introversão era notória), como também em quantidade – pelo menos um terço da população”. Esses dois trechos transcritos me convenceram a levar o livro para casa. E não me arrependi. Afinal de contas, nenhum livro vende mais de um milhão de exemplares à toa. Alguns quietos: Isaac Newton | Albert Einstein Frédéric Chopin | Van Gogh George Orwell | Gandhi Steven Spielberg | Bill Gates Adalberto Sousa | Você?

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Escrever é estar errado,

é se frustrar “Na verdade, penso que tudo na vida é uma questão de sorte ou azar. Não creio na psicanálise, nem num inconsciente que nos orientaria nas nossas escolhas. Temos apenas a sorte ou não de certos encontros que serão bons ou ruins para nós.”

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“O que sempre me interessou como escritor, e isso depois de um dos meus primeiros romances, Letting Go, são aqueles seres que têm um sentido extremo, no fundo desnecessário, da sua responsabilidade. Bucky é um homem que se define apenas pela sua virtude, o que é muito perigoso.”

“Devo confessar que não sou muito propenso à abstração. Não penso dessa maneira. E quando uma conversa envereda pela metafísica ou filosofia, eu durmo. Tudo o que me interessa, verdadeiramente, tudo o que sei fazer é contar uma

“O desejo de fazer uma experiência, o ‘what if’ (e se?). E se tal e tal coisa ocorresse, o que sucederia? Começo todos os meus livros com este ‘e se?’. Por exemplo: ‘E se uma epidemia de poliomielite atingisse a comunidade de Newark em 1944?’”

história. Se me falam de abstração, tenho a impressão de ter 10 anos, não compreendo mais nada e sou tomado pelo sono.” “Tive uma infância muito protegida. Meus pais jamais se divorciaram, vivi numa comunidade 99% judia e assim não fomos afetados pelo antissemitismo. Claro que, de 8 a 12 anos de idade, o país estava em guerra e fiquei muito interessado pelo conflito. Todas as gerações que atravessaram a 2.ª Guerra Mundial, seja na França, na Alemanha ou

“Seria muito fácil acreditar que o escritor não se expressa sobre o que sucede em sua vida. A maior parte do tempo escrevo sobre o que não acontece comigo porque sou curioso. Um escritor pode se sentir atraído por temas que estão mesmo muito distantes do seu universo. O que interessa é o que vai provocar nele aquele impulso para escrever, que vai engendrar uma energia verbal. Alguns temas têm esse potencial, outros não.”

. cultura literária

“Se temos a impressão de que Bucky [protagonista de Nêmesis, último livro de Philip Roth] desperdiça sua vida ao renunciar à sua noiva, para ele, que deseja ser a encarnação da palavra “responsabilidade”, ter sucesso na vida é renunciar a ela, mesmo que isso o condene à solidão. Mas não faço nenhum julgamento a respeito, quis apenas colocar a questão. É assim que encaro meu trabalho de escritor: o que ocorre face a uma epidemia de poliomielite? O romance foi escrito para levantar perguntas, não dar respostas. Não escrevo livros filosóficos.”

aqui, ficaram marcadas pelo resto da vida. A outra ameaça, real, foi a poliomielite: a cada verão, quando passávamos o dia brincando fora, as pessoas falavam da poliomielite. Não nos preocupávamos, até que um dos amigos morreu. Mas você sabe, não acho que a biografia de um escritor tem algo a ver com seus livros.”

cultura literária

Philip Roth falou à revista francesa Les InRocKuptibles e anunciou o fim de sua carreira. Roth é, na opinião de muitos especialistas, o melhor escritor norte-americano vivo. Pinçamos algumas de suas observações concedidas à publicação francesa e as transcrevemos aqui.

“Cheguei ao apogeu da minha vida: hoje sei que não sei. E tenho dificuldade para novos temas. Para mim, escrever sempre foi uma coisa muito difícil. O problema é que, ainda criança, me apaixonei pela literatura. Mais tarde, eu me disse que poderia ser escritor. Então tentei e, até certo ponto, deu certo. Se pudesse fazer alguma coisa melhor, creia-me, teria feito com prazer.” (continua) Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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cultura literária

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Não tenho intenção de escrever nos próximos dez anos. Devo confessar que vou parar de escrever. Nêmesis será meu último livro. Veja o caso de E.M. Forster, ele parou de escrever ficção em torno dos 40 anos. E eu, que lancei um livro atrás do outro, não escrevi mais nada há três anos. Preferi trabalhar nos meus arquivos para enviar documentos para meu biógrafo. Eu lhe enviei milhares de páginas que são lembranças, mas não literárias, que não podem ser publicadas do modo como estão. Não quero escrever minhas memórias, mas quis que meu biógrafo tivesse material para seu livro antes da minha morte.” “Se tivesse escolha, preferiria que não houvesse uma biografia sobre mim, mas sei que serão publicadas após a minha morte, portanto, melhor me assegurar de que uma seja exata.” “Sobre o meu trabalho: fiz o melhor que pude com o que eu tinha. E, depois disso, decidi parar com a ficção. Não quero mais ler, nem escrever, nem mesmo falar. Consagrei minha vida ao romance: eu o estudei, ensinei, escrevi e li.

Excluindo praticamente todo o resto. O suficiente! Não aprovo mais esse fanatismo pela escrita que tive durante toda a minha vida. A ideia de encarar ainda uma vez a escrita me é impossível!” “Escrever é estar o tempo todo errado. Todos os seus rascunhos contam a história dos seus fracassos. Não tenho mais energia para a frustação nem força para me confrontar. Porque escrever é se frustrar: passamos nosso tempo escrevendo a palavra ruim, a frase ruim, a história ruim. Nós nos enganamos incessantemente, fracassamos o tempo todo e vivemos assim numa perpétua frustração. Passamos o tempo a nos dizer: isto não está bom, vamos recomeçar; isto não está nada bem, e recomeçamos. Estou cansado de todo este trabalho. Estou num momento diferente da minha vida; perdi todo o fanatismo. E não sinto nenhuma melancolia.” “Não conheço mais nada da América de hoje. Vejo na TV. Mas não vivo mais aqui.”

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Recreio tem o

3 crescimento populacional

do Rio

Na comparação entre os censos de 2000 e 2010 do IBGE, o bairro do Recreio foi o terceiro com maior crescimento populacional na cidade do Rio, pulando de 37.562 habitantes para 82.240 (aumento de 118,69%). No topo do ranking, ficaram os vizinhos do Camorim (150,64%) e Vargem Pequena (136,22%). Os dois, porém, têm muito menos moradores: 1.970 e 27.250, respectivamente. Caminho natural de expansão rumo à Zona Oeste, o Recreio viu crescer nos últimos anos uma favela que virou símbolo da desordem urbana no Rio, o Terreirão, que tem hoje cerca de 80 mil metros quadrados. A comunidade também é alvo constante de denúncias da ação de milícias. Só de 2009 até o primeiro semestre deste ano, a prefeitura demoliu 340 unidades comerciais e residências ilegais no bairro. Com facilidades como a inauguração do BRT Transoeste, que duplicou as pistas da Avenida das Américas, o Recreio deve se consolidar ainda mais como a grande área de crescimento imobiliário da região.

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Accaimimages.com

Todo cuidado

é pouco Daladier Carlos

Na perspectiva da preferência moral pela paz, não podem caber o acobertamento e a pusilânime indiferença de autoridades quanto aos cuidados e à vigilância indispensáveis ao não acirramento das diferenças. Os tempos da Guerra Fria se perdem nas brumas do passado, mas o rescaldo das intolerâncias, em especial as de natureza religiosa, são mostras claras da insanidade coletiva que cercam ou se aproximam muito do limite da perda de controle. Não se pretende aqui fazer proselitismo de qualquer cor de agremiação política

e de confissão de fé, mas nos filiamos entre os que buscam na tolerância, na discussão participativa e no respeito às leis internacionais os parâmetros necessários ao entendimento. Fique claro que as diferenças de toda espécie são da própria natureza humana, afinal, se uns são de Paulo, outros de Apolo, haverá sempre os que preferirão adotar linhas diversas de pensamento, como deve caber nas agremiações, nos partidos, enfim, nos diversos contextos, em todo tempo. Os Estados Unidos são hoje um país mais amadurecido quanto ao exercício de paciência para a defesa da democracia, e remete os seus efeitos a testemunhar o esforço da sua diplomacia no apoio a Israel. Todavia, será ingênuo esperar, por exemplo, que a intervenção armada contra o Irã sossegue o “frisson” das chancelarias e, principalmente, aplaque o ódio do povo muçulmano. As diferenças entre Israel e o mundo árabe não se reportam tão somente ao conteúdo histórico do que nos revelam os livros, mas está na raiz da estrutura espiritual desses povos. A realidade islâmica, com sua cultura, seus costumes gerais e a sua visão política e religiosa não podem ser

apagados como se jamais houvesse existido. O permanente incentivo à convivência inter-racial e à exaustiva negociação política, em todos os segmentos públicos e privados que possam aproximar judeus e muçulmanos, não é obra para amadores ou atiradores de plantão, estejam tais com armas mortíferas ou uma aparente ingênua câmera na mão. As mídias, por seu turno, têm enorme responsabilidade, tanto no alinhamento ideológico que pretende informar ao grande público quanto no instinto corporativo subjacente aos seus interesses econômicos. Parece evidente que as autoridades dos países de origem muçulmana devem alinhar o seu ideário político e as suas condutas diplomáticas à aproximação com o núcleo ocidental da civilização. Nunca será demais lembrar que a Rússia e a China são potências que certamente acompanham com preocupação os desdobramentos da situação no Iraque, na Síria, na Líbia, no Egito, o que traz para o mundo livre um quadro de circunstâncias preocupantes. Além disso, as previsões econômicas para os próximos anos não são promissoras, então que pensem os líderes na escolha entre a paz e o caos.

. daladier carlos

Os recentes acontecimentos envolvendo ataques de populares em diversos países de orientação religiosa islâmica a embaixadas dos Estados Unidos, parecem soprar aos ouvidos do resto do mundo que algo mais grave pode vir a aparecer no complexo cenário das relações diplomáticas. A atitude do idealizador do recente filme que ataca a crença do povo muçulmano, não agrega benefício algum à frágil estrutura da paz mundial. Repercute nas mentes lúcidas, com certeza, a indignação pela provocação tão covarde e ainda desnecessária, como se não bastassem o dilúvio de atos terroristas espalhados por tantos lugares.

daladier carlos

Psicólogo e escritor . dalacarlos@yahoo.com.br

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Fotos: Dhiego Almeida

No sábado à noite, o louvor foi responsabilidade do Coro e da Orquestra da PIB de Curitiba. Pregou o pr. Paschoal Piragine

reportagem

reportagem . 30

Atitude de

vencedor

A festa dos 24 anos da PIB do Recreio Por Utahy Caetano dos Santos Filho Jornalista . utahysantos@gmail.com Observe um time de futebol vencedor. Descarte a sorte. Um time, eventualmente, precisa de sorte para vencer uma partida. A sorte não o faz vencer campeonatos.

lança mão do jogo coletivo. Não é preciso dizer, mas digo: o time vencedor precisa saber jogar bola. A PIB do Recreio é uma igreja privilegiada por isso: tem diretoria, técnico e time de excelente qualidade (um Flamengo de 1981). É uma igreja vencedora.

O time vencedor submete-se a uma diretoria pronta a apoiar o plantel em todos os momentos.

A comemoração dos 24 anos de aniversário da igreja foi uma festa belíssima. Quinta-feira, 22 de novembro, cheguei em cima da hora. A igreja estava superlotada. Quase precisei assistir ao culto em pé.

O time vencedor tem atitude de vitorioso. Confia em sua diretoria, acredita e cumpre as orientações do técnico, mas dentro de campo faz o necessário para vencer: se empenha, usa a habilidade individual e, fundamentalmente,

Aline Barros cantou e dirigiu o louvor. Foi homenageada pela MK, representada pelo dr. Arolde de Oliveira, sua esposa, Yvelise de Oliveira, e a filha Marina de Oliveira, cantora bastante conhecida pelo público evangélico.

O time vencedor tem um bom técnico: criativo, prudente, corajoso, visionário, audacioso, seguro.

O pastor presbiteriano Jeremias Pereira viria de Belo Horizonte (MG) para pregar na noite de quinta-feira. Não pôde vir por problemas de saúde. Falou à igreja o pr. Wander Gomes. No sábado pela manhã, a igreja participou do Pedala Recreio contra as drogas. Uma igreja sempre ligada nos problemas que afligem a cidade não pode deixar de firmar posição contra o flagelo de nossa época: a devastação causada pelas drogas. Entreguei alguns exemplares de Elos à minha irmã. Depois de ter lido as revistas, ela que é espírita me disse: “Gosto dessa igreja. Ela me dá a impressão que está sempre em movimento. Se você tivesse me falado, teria ido ao congresso de prevenção de drogas”. Bobeei, mas

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outra, acompanhar a programação toda. Abrilhantaram a noite (sem medo do clichê) o Coro e a Orquestra da PIB de Curitiba. Ah, sim, qual a semelhança entre o que disse minha irmã e o pr. Piragine? Os dois afirmaram, cada um a seu jeito: “Esta igreja olha pra frente e caminha para o futuro”.

À noite, o pr. Wander falou sobre os dias festivos que a igreja vivia, reafirmou os diversos compromissos assumidos com trabalhos de ação social e evangelização e voltou a descrever a importância da mídia para a proclamação do Evangelho. “Internet, revista, rádio e, agora, televisão são meios para atingirmos o não crente”.

a mana está certa: a PIB do Recreio não para. O pr. Paschoal Piragine, à noite, disse algo parecido com o que falou minha irmã: “Gosto dessa igreja, o pr. Wander é meu amigo, vocês são ousados. Parabéns pelo novo programa de televisão. Tenham paciência e o mantenham. Hoje, 65 mil pessoas

o assistem por dia. Daqui a um ano haverá um público fidelizado e vocês colherão os frutos. Há igrejas que podem avançar e não o fazem, ainda bem que não é assim com vocês”. Não foram exatamente estas as palavras do pr. Paschoal. Assisti ao culto pela Internet e não me foi possível, entre uma parada e

. reportagem

Pr. Paulo Moura ora pelo ministério de Aline Barros

O pregador, pr. José Armando Cidaco, da IB Barra do Imbuí, de Teresópolis (RJ), começou informando que os “3.609 membros de sua igreja abraçam, nesta hora, o pr. Wander e sua igreja. Vejo nesta igreja e no pastor um brilho diferente. Há neste lugar uma unção”. O pr. Cidaco baseou sua mensagem no texto de 1Samuel 21.1-9 e desenvolveu o tema: “Igreja, lugar de restauração”.

reportagem

Aline Barros movimentou a noite de quinta-feira

Domingo de manhã, a pregação ficou sob a responsabilidade do pr. Neil Barreto, da IB Betânia, na Sulacap. Descontraído, o pr. Neil usou o texto de 2Timóteo 2.

Depois do culto, os que participaram do culto saíram com um sorriso nos lábios, felizes por serem parte da história de uma igreja com vocação para realizar grandes feitos. A PIB do Recreio entra, vigorosamente, no 25º ano de sua história. Daqui a um ano o programa na TV estará estabilizado; a revista Elos, conhecida no bairro e importante veículo de evangelização; a casa para receber os usuários de droga, pronta; e o Casacap, mais vital do que já é para as comunidades carentes que o cercam. Alguém duvida disso? Quem é da PIB do Recreio, não. Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

Pr. Paschoal Piragine

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Pr. Neil Barreto

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Superstição,

religião ou espiritualidade Wesley Cavalheiro

Treinador comportamental . www.lumen4you.net

“Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay” (Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem) – dito popular espanhol.

wesley cavalheiro

wesley cavalheiro .

Recentemente, a ex-primeira-dama do Brasil Rosane Collor deu uma entrevista em um programa de televisão no qual descreveu ritos de magia encomendados e feitos pelo então Presidente da República com a finalidade de se “proteger” contra investidas de inimigos políticos. Seja verdade ou não, o fato é que Brasília está localizada em uma região de

O tipo de fé que tenho testemunhado que dá resultado, ou seja, que promove o bem estar, a segurança e a prosperidade, seja no âmbito pessoal ou organizacional, é a fé que de algum modo alimenta e é retroalimentada por um conjunto de elementos que expressam a

espiritualidade em sua forma mais concreta. Dentre outros, estes elementos são: a) Senso de propósito: é expresso pelo resultado maior esperado do conjunto de ações que se empreende; pelos sonhos e visões pelos quais se luta e trabalha; é aquilo pelo qual fazemos e suportamos sacrifícios, ao que se dedica as melhores horas e esforços e que será a grande recompensa. b) Conexões saudáveis: são um tipo de relacionamentos entre pessoas, entre organizações e organizações, entre organizações e pessoas e vice-versa, que possuem

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O povo brasileiro é tido como um dos povos mais afetos a crenças místicas do mundo. Crenças estas que se manifestam tanto em ritos religiosos quanto em pequenas ações tais como bater na madeira, usar fitas nos pulsos, guardar sementes de romãs na carteira, copos com água nas portas, bíblia aberta no recinto principal (preferencialmente aberta no Salmo 91), velas acesas, dentre muitas. É um povo que crê firmemente que “há mais coisas entre o céu e a terra do que sonha a nossa vão filosofia” (Shakespeare, Hamlet, Ato I, cena V). É comum ver uma loja de comércio com altares; escritórios com crucifixos, pirâmides e cristais; casas com quadros, ícones e estátuas de ídolos; pessoas com correntes, pingentes, pulseiras, “santinhos” na carteira; pular sete vezes na onda do mar no primeiro dia do ano, etc. Em cada esquina leem-se propagandas de “trago amor de volta em x dias”, “desfaço qualquer tipo de maldição”, etc. Se há propaganda é porque há mercado!

grande concentração de centros místicos frequentados por todo tipo de gente, incluindo autoridades e celebridades internacionais. Para fugir dos rótulos, nomenclaturas como “transferência de energia”, “limpeza energética”, “sintonia com o universo”, “energia cósmica”, etc., são as expressões de ordem do momento. E como as organizações são feitas por pessoas... de algum modo as crenças permeiam suas ações, suas decisões, seu dia a dia. Se funcionam ou não, será como Jesus falou: “... seja feito conforme a tua fé” (Bíblia, RA, Mateus 8:13), ou seja, se a crença possui fundamento, que mostre seu resultado. Se não possui fundamento, trata-se de superstição, de “simpatia”, ou mera crença, cujos resultados são decorrentes da loteria do acaso.

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vínculos tais, que geram ‘colaboração’, ‘co-dependência’, sinergia e geram lealdade mútua, além do desejo de contribuir com o melhor e orgulho de pertencimento.

e) Contentamento: é o que o psicólogo Abraham Maslow chamava de último nível das necessidades humanas – a autorrealização. O pianista Cláudio Arrau dizia que “quanto mais eu gosto do que faço, menos eu chamo de trabalho”. Contentamento é o nível de satisfação da alma encontrado no encontro do propósito com a realização.

Medite: 1) Quais os resultados efetivos de suas crenças? 2) Quanto que suas crenças promovem a sua espiritualidade? 3) Qual o nível de contentamento que suas crenças lhe promovem? Palavras de sabedoria: “[O] crente se soubesse quanto é bom ser espiritual, seria espiritual só por crença”. Sabedoria da palavra: “... seja feito conforme a tua fé” (Bíblia, RA, Mateus 8:13).

O programa de TV da Igreja do Recreio O programa Despertar com Deus estreou às 7h30, 19 de novembro, na Band. A atração é ancorada pelos pastores Wander Gomes (PIB do Recreio) e João Emílio (PIB Irajá) e tem alcançado boa repercussão. “É um passo de fé. Falaremos de Jesus Cristo para a cidade do Rio de Janeiro”, disse-nos o pr. Wander. Um programa de TV tem custo alto, mas a igreja crê que vale o investimento. Os programas de ação social desenvolvidos pela PIB precisam ser conhecidos por seu público-alvo.

A ousadia da igreja é tanta que não há intenção de se usar o programa para arrecadar fundos. As receitas de custeio, no futuro, virão de publicidade. O programa tem procurado variar sua forma de apresentação com palavra bíblica, música, entrevistas e momentos de oração. Despertar com Deus é ótima pedida para você começar bem o seu dia. De segunda a sexta, na Band, de 7h30 às 8h.

Adeus, fuzis! Nada mais desagradável do que a visão de um cano de fuzil para fora das janelas de viaturas policiais. Pensando bem, há fatos que causam mais desconforto. Três, quatro policiais entrando em uma padaria para um lanchinho armados até os dentes não deveria ser encarado como algo trivial, mas muitos assim consideram. Parece que o carioca deixará de ter o desprazer de ver fuzis pelas ruas e se sentir, por isso, transportado mentalmente para a Faixa de Gaza. Quatro anos depois da implementação da 1ª UPP, os PMs voltarão a usar pistolas e armas não

. curta nota

Esses são os elementos que mais observo na expressão da espiritualidade. Jorge Ben Jor, em sua música “Caramba... Galileu da Galileia” colocou o seguinte verso “[O] malandro se soubesse quanto é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem”. Parodiando e expandindo o verso, poderíamos dizer que “[O] religioso se soubesse quanto é bom ser espiritual, seria espiritual só por religiosidade”, ou ainda “[O] crente se soubesse quanto é bom ser espiritual, seria espiritual só por crença”.

Despertar com Deus curta nota

d) Responsabilidade social: é o compromisso e a ação assumidos para contribuir com benefícios para com elementos de fora da fronteira do sistema de modo a promover ambientes propícios ao desenvolvimento sustentável em sua acepção mais ampla. É o investimento lucrativo no intangível.

Dhiego Almeida

c) Valores éticos: são os elementos que orientam as decisões e ações e aos quais não se está disposto a sacrificar e abrir mão.

letais. Por enquanto, a medida será aplicada em regiões onde as favelas receberam UPPs. Já foram retirados 273 fuzis do policiamento. Parte das equipes de patrulhamento da Zona Sul, Centro e Tijuca já trabalham com armas não letais e pistolas. A substituição de armamento de guerra por armas não letais é um avanço. Entre os policiais, no entanto, há descontentamento. Há os que entendem que ficarão inferiorizados diante dos marginais. Daqui a alguns anos, se tudo correr como planejado, só asforças especiais usarão fuzis. Para nossa alegria. Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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O que o Natal deveria ser

?

Bento Souto

blogdobento@hotmail.com

O Natal deveria ser a época em que se comemoraria o nascimento de Jesus. Deveria ser uma época de alegria por Deus ter se feito carne; se vestido de homem e ter habitado entre nós. “Deveria”, mas não é.

Pior ainda é observar a guerra de presentes dos amigos secretos e dos não-secretos. Crianças ficam amuadas

Ou seja, o Natal que deveria ser um acontecimento onde a Graça de Deus se manifesta, se transforma em uma data onde a des-Graça de muitos se torna evidente. Tudo isso se dá porque tornamos o Natal em uma festa exterior, com direito a decoração e música apropriada. No entanto, não foi assim no primeiro Natal. Pelo contrário, o exterior do primeiro Natal foi repugnante aos olhos modernos, pois Jesus nasceu em um curral de animais e com condições higiênicas inapropriadas para os padrões

atuais. Na decoração do Natal de Jesus havia moscas e besouros. O aroma era carregado por um forte fedor de urina e esterco. A música era o balido e o mugido dos animais que produziam leite e forneciam carne. Enfim, o exterior do Natal verdadeiro estava cheio de coisas que ninguém quer ver presentes no Natal moderno. O primeiro Natal foi uma festa para o coração. O Natal de hoje é uma festa para a barriga, olhos e nariz. No primeiro Natal, Jesus já havia nascido no coração dos envolvidos. Maria cria estar “grávida de Deus”, mesmo quando o senso comum dizia que aquela jovenzinha havia feito era besteira e tentava acobertar com um papo sobrenatural. José, aquele que iria desposar a jovem grávida, resolveu acreditar em um sonho que

bento souto

bento souto .

Na verdade, o Natal se transformou na época em que as diferenças entre ricos e pobres se exacerbam. Da mesma forma que o apóstolo Paulo censurou os cristãos de Corinto por se ajuntarem e uns se empanturrarem enquanto outros passavam fome, se pode dizer, sem dúvida, que os cristãos atuais cometem o mesmo erro. Sim, é só alguém entrar em qualquer supermercado que verá a mesma diferença estampada nos preços das “Cestas de Natal”.

porque não ganharam o presente que queriam, enquanto outras também ficam tristes por ganharem presentes usados. Isso sem falar dos adultos que ficam ressentidos por ganharem presentes incompatíveis com o valor dos presentes que deram.

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geração em geração sobre os que o temem. Agiu com o seu braço valorosamente; dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Derribou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos.”

Enfim, o primeiro Natal foi algo que aconteceu, primariamente, no coração dos participantes. Foi algo apenas entre eles e Deus. O primeiro Natal foi fruto apenas da Fé dos que creram primeiro e viram depois. Eles se alegraram com a verdadeira alegria do Natal: Deus fez morada entre os homens!

Para Maria, no primeiro Natal, quem saiu de mãos vazias foram os ricos e os poderosos, e todos aqueles que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos. Portanto, o Natal verdadeiro não é nada exterior, mas íntimo e profundo, algo que só acontece no coração daquele que acolhe Jesus como o maior presente. Assim, não interessa o tamanho da sua “Ceia de Natal”. Não importa de quem você está acompanhado. Se Jesus faltar no Natal que acontece no mais íntimo de cada um de nós, faltou o essencial para o Natal.

O Natal dos dias de hoje pode ter tudo de belo no exterior, com suas decorações, músicas, “ceias”, cestas e presentes, mas falta-lhe o essencial, que é a Fé, a alegria e a gratidão no coração por Deus estar conosco. Quando o Natal não acontece no coração, de nada adianta o resto, pois como bem disse Maria, mãe de Jesus, naquilo que se convencionou chamar de Magnificat:

Desejo um Natal cheio da presença de Jesus para você!

o hormônio da fidelidade

Há homens e mulheres que não resistem: se a oportunidade surge, dão uma escapadinha. Traem parceiros e parceiras como quem vai à padaria e compra um pãozinho. Não respeitam seus cônjuges. Estão casados, ligados, por conveniências que não serão discutidas aqui. Outros, no entanto, ao traírem, são consumidos pela culpa e o remorso.

A fidelidade é a base de um casamento saudável. Difícil ser fiel? Para alguns mais do que para outros, mas se acreditarmos na novidade científica, uma boa notícia surge para os que andam na corda bamba. O Globo noticiou: “Um spray nasal à base de hormônio fez com que homens casados ou em relacionamentos longos mantivessem distância de mulheres atraentes desconhecidas. Segundo pesquisa da Universidade de Bonn, na Alemanha, os homens comprometidos não deixavam de achar as outras mulheres atraentes, mas começavam a sentir desconfortáveis rapidamente quando se aproximavam muito delas e optavam por se afastar”.

. curta nota

“A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bemaventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome. A sua misericórdia vai de

Mas não precisa ser assim. Jesus pode e quer ser gerado em cada um de nós. Recebido por cada um de nós. Amado por cada um de nós, mas, acima de tudo, amar através de nós os nossos semelhantes. Portanto, nesse dia de Natal, estabeleça um recomeço de vida com Jesus. O melhor de tudo é que todo dia pode ser Natal para quem crê e permite que Jesus seja gerado no mais íntimo do nosso ser.

Não é que identificaram

Reprodução internet

curta nota

dizia para ele acolher o menino que ia nascer, mesmo que isso o tornasse um homem traído. Os magos, que vieram adorar o menino, seguiram uma “estrela” no céu. Ora, estrelas não se movem e nem param sobre casas. Assim, também esses magos seguiram apenas o que eles criam.

O hormônio é a Oxitocina e, quem sabe, brevemente estará à venda em uma farmácia ao lado de sua casa. All-hd-wallpapers.com

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Vista o

verão

2013

Quando se mora em um país tropical, onde na maior parte do ano as temperaturas são elevadas, o verão é, sem dúvida alguma, a alta temporada da moda. Elos e Ateliê Alcileia Rangel apontam peças que vão estar no seu guarda-roupas.

Nada melhor para brindar a nova estação do que as flores.

Os vestidos são as peças do verão. Nada mais confortável para se usar na estação mais quente do ano.

moda feminina

moda feminina . Renda-se ao romântico e ao clássico. A renda entra com tudo neste verão como símbolo de feminilidade.

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A moda vai brilhar neste verão. Paetês e tecidos metalizados são tendências para esta estação.

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moda feminina

Produção: Alcileia Rangel (www.facebook.com/alcileiaatelie.alcileiarangel) Fotos: Marcelo Belchior Modelo: Amanda Rangel

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As estampas também roubam espaço na estação. Além de tornar o look mais jovial e colorido, o uso das cores quentes alegra-o.

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O verão tem dias mais longos e temperaturas mais elevadas. Funciona assim, geralmente. No Rio, temos verão no inverno e inverno no verão. Mas quando a chapa esquenta atingimos aqui temperaturas mais altas que a do Deserto do Saara. Dia muito quente os antigos diziam que era dia de calor senegalesco. Os novos não podem mais dizer isso, Dakar, capital do Senegal, é fresquinha perto da Cidade Maravilhosa.

utahy santos

utahy santos .

Apesar disso, o verão é a estação do carioca. Gente como eu, que gosta do sol frio do outono, é olhada com desconfiança, suspeição, temor, terror. O carioca se prepara para o verão. Homens e mulheres procuram se alimentar melhor, frequentam academias e esculpem os corpos para se exibirem em praias, piscinas, shoppings e, por que não?, templos, igrejas, sinagogas... Não estação aguardada com tanta ansiedade quanto o verão. Juliana, 17 anos, é uma suburbana típica (ela não se aborrecerá por ser chamada de suburbana porque eu a inventei). “Minha cor fica esmaecida,

pálida, quando não vou à praia por certo tempo. No começo de dezembro, sigo pra Rio das Ostras. Casa de uns primos. Fico por lá uns 10 dias. Quando volto, a cor está legal. Se for à praia com a galera, brancona, vão me zoar muito. Ainda bem que meu corpo é legal, não precisa de muitos cuidados”. Há pesquisas sérias que garantem que no verão as pessoas são menos propensas à depressão. Talvez as que têm o corpo dentro do padrão considerado ideal: elas, anoréxicas; eles, bombados. Os fora de forma sofrem. O mundo, no entanto, não é composto só de gente impressionada com aparência nem eu sou defensor do desmazelo. Há muitos, muitos, muitos anos, nós, os menos abonados que morávamos até a Praça Seca, vínhamos à praia do Recreio de ônibus. Íamos, os assumidos, para a farofa, perto do falecido Âncora. Lá, nos dividíamos de novo: quem nadava muito pouco, estabelecia-se à direita da pedra; os que se garantiam, à esquerda. Os caídos que queriam se misturar com a população mais “qualificada”,

desciam no final da Gláucio Gil e andavam como beduínos pelas areias escaldantes até que, esfalfados, desabavam. Recuperados, esparramavam óleo de avião pelo corpo. Desconhecíamos o câncer de pele. Protetor solar apareceu muito depois e era para os fracos. Jogávamos Coca Cola no corpo, essência de pimentão vermelho e qualquer outra coisa que garantisse a cobiçada cor rubro-dourada. Hoje, a recomendação dos dermatologistas é para que usemos protetor solar de fator 659, em todas as ocasiões. Até para ir à padaria. Na praia, a orientação é a de evitarmos certos horários. Entre 10 e 17h é inteligente se manter longe do sol. CoISAS BoAS Do VERÃo Li em um blog e concordei: “É somente no verão que a combinação de roupa preta e branca lhe incomoda. Você sempre busca cores, seja nas peças de roupa ou nos acessórios”. Não sou fashionista, mas é verdade. Tiro minhas camisas coloridas do armário quando chega o verão (sonho ter uma camisa havaiana de

0 Rio40

cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos Utahy Santos

Jornalista . utahysantos@gmail.com

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Quem tem o privilégio de morar perto da orla e algum dinheiro no bolso, pode fazer um dos melhores e mais baratos programas de lazer: sentar-se em uma cadeira de praia, comer camarão frito com água de coco e dar uns mergulhinhos ao pôr do sol. Se estiver bem acompanhado então... Uau!

A blogueira Marcele Fernandes, debochadinha, diz: “Eu, simplesmente, não gosto de frio. E, pra ser sincera, o verão aqui na zona sul do Rio nem é tão pesado. Quero ver é passar o verão em Bangu, com as temperaturas mais altas da cidade e sem a chance de dar uma passadinha na praia antes (ou depois) do trabalho”. Cheia de razão. Na Serra do Engenho, onde moro, as temperaturas são amenas, mas tolerar 40ºC à sombra, sem um refrigério, é duro. Tudo bem que o suburbano pobre tem o recurso de ficar no shopping o dia todo curtindo o ar refrigerado, mas, às vezes, é tedioso. Outra coisa boa do verão é o sorvete. A moda este ano são as espumas. Sou retrô, seguirei nos sabores e consistências tradicionais. Não aderi nem ao sorvete de iogurte. Pedir uma espuma de maçã, nem pensar. O verão está aí com rapazes e moças mais bonitos, a vender

Os monges trapistas (beneditinos) andam olhando para o chão, preocupados em não ver a tentação (aliás, se encontrar qualquer livro de Thomas Merton, o mais conhecido trapista, não perca a chance de comprar e ler). Nós a veremos e temos, mesmo os mais ardentes, de manter a tranquilidade e a ela resistir. Aproveitemos os dias luminosos, quentes, suarentos. Extraiamos da estação as muitas qualidades que ela tem. Pense em países que pouco veem a luz do sol por quase todo o ano e agradeça por viver em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, como cantava Wilson Simonal. De minha parte, o dia do verão que mais aprecio é 20 de março, porque, no dia seguinte, começa o outono. Sei, sou minoria.

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Essa próxima historinha é verdadeira. Sem nomes porque não fui autorizado a publicá-la. Garoto A gostava de Garota B. Ambos moravam em Copacabana. Ela, no final de dezembro, sempre ia para a praia por volta das três da tarde e saía perto das oito. Fez isso uns três anos. Numa tarde do terceiro ano, o Garoto A a viu. Endoidou. Todos os dias ficava de butuca. Como ela namorava o Garoto C, naquele verão, o Garoto B só observou. Um ano depois o Garoto B viu a Garota A, no mesmo lugar. Vigiou três dias. O Garoto C não apareceu, ele se aproximou, xavecou a menina e se deu bem. Cinco anos depois se

saúde. Bermudas e shortinhos estarão nas ruas. Shortinhos e tops curtinhos vestirão meninas lindas. É naturalíssimo e não deve escandalizar ninguém. Os muito conservadores, no verão, devem retirar-se para Campos dos Goytacazes.

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casaram e, surpresa!, estão juntos até hoje. Essas coisas só acontecem no verão.

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botão de bambu). O calor derruba, desanima, mas sol brilhante eleva o espírito. Dizem.

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Fechado

para balanço Paulo Moura

Pastor e Psicólogo . paulo@igrejadorecreio.org.br

paulo moura

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Os últimos dias de um ano é o período ideal para a realização de retrospectivas e balanços, a fim de avaliar as perdas e os ganhos, os sucessos e os fracassos acumulados durante o ano que se encerra e a partir desse levantamento iniciar o planejamento e a elaboração de metas para o ano seguinte. Essa rotina é muito comum nas empresas, onde só se inicia um novo ano contábil com o balanço do anterior encerrado e sem pendências. Na vida pessoal e familiar o mesmo deve acontecer. É chegado então o momento de rever o passado e acertar as contas com Deus, consigo mesmo e com o próximo. Às vezes é preciso fechar para balanço, por um tempo, e rever as atitudes erradas, as escolhas inconsequentes e iniciar o ano novo transformado e livre dos traumas e do sentimento de culpa que atormenta e adoece. De vez em quando é preciso parar e avaliar o que se fez e o que se deixou de fazer, as coisas boas e as ruins que aconteceram e então tomar as decisões corretas para evitar que os mesmos erros ou outros aconteçam.

Porém, um balanço mal executado pode pôr tudo a perder. Em se tratando da relação conjugal, na tentativa de tentar corrigir o que deu errado, alguns casais projetam na separação a melhor alternativa para o fim dos problemas. Um estudo feito nos Estados Unidos mostra que a primeira segunda-feira do ano é, para muitos casais, o “Dia D”, ou seja, o dia do divórcio. Separações conjugais se deflagram nos primeiros dias do ano novo, mais do que em qualquer outra época, justamente em função das crises vivenciadas e não resolvidas durante o ano que se passou. Muitos abandonam os sonhos que não conseguiram realizar e vão em busca de outros, sem saber que estavam a um passo de alcançá-los. Portanto, todo balanço deve ser feito com cuidado para não acarretar no surgimento de novos problemas e situações embaraçosas. Lanço a você o seguinte desafio: que tal aproveitar esse momento para dar uma parada e fazer um balanço do que se passou? Talvez você descubra que poderia ter feito mais do que fez, que poderia ter mais do que tem e

que poderia ser mais do que é. Talvez a tão sonhada realização familiar, acadêmica ou profissional ficou longe de se concretizar. Talvez a tão almejada felicidade bateu à sua porta, mas não entrou. Não se frustre por isso. A boa notícia é que o ano novo vai chegar e com ele as esperanças vão se renovar. Você pode iniciar uma nova etapa da sua vida com a certeza de que Deus vai estar ao seu lado. Não permita que com o término de mais um ano termine também os seus sonhos. Na matemática encontramos quatro operações básicas que são fundamentais na realização de balanços financeiros. São elas: adição, subtração, multiplicação e divisão. Avalie e considere utilizar as mesmas operações para realizar o balanço da sua vida, para tanto deixo as seguintes sugestões: ADICIoNE BoAS RECoRDAçõES Ao SEU DIA-A-DIA Sente-se com seu cônjuge, filhos, pais ou irmãos para assistirem juntos a um vídeo da família ou quem sabe para folhearem o álbum de fotos do casamento, do aniversário dos

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Reconheça que tudo que você fez, tudo que você tem e tudo que você é, é uma herança bendita recebida dos seus antepassados e fruto também do seu trabalho e esforço. Experimente deixar esse mesmo legado para seus filhos e netos. Um bom balanço da vida começa quando valorizamos o que fizemos, o que temos e principalmente o que somos.

A partir do momento que se propagou a ideia de que “tempo é dinheiro”, o trabalho tornou-se, para muitos, uma obsessão, beirando à patologia. Muitos lares se desfazem, justamente por causa desse excesso de dedicação, o que os especialistas chamam de “síndrome da labormania”, daí o que Deus criou para satisfação acaba se transformando em sofrimento. Portanto, viva uma vida mais amena, diminua o ritmo e livre-se do estresse. Trabalhar faz bem, estudar também, mas tudo no seu devido tempo. Outra subtração necessária é o egoísmo, uma das principais causas dos fracassos familiares. Quando o “eu” se torna mais importante do que o “nós”, a relação fica individualista e sem graça. Compartilhe os sentimentos e as boas atitudes. Em família, todos ganham quando se ajudam e quando cada um faz a sua parte. Quando cometer um erro, admita que errou e peça perdão. Fazer isso pode ser difícil, principalmente se você foi o causador do problema, mas vale a pena. Se você foi a vítima, libere o perdão. Não acumule raiva nem

Se você acha impossível zerar os males acima, pelo menos experimente diminuí-los, gradativamente. Você vai perceber que a sua qualidade de vida vai melhorar consideravelmente. MULTIPLIQUE o AMoR E o RESPEITo Na relação conjugal, amor e respeito andam lado a lado. Mulheres que respeitam seus maridos e maridos que amam suas mulheres são mais abençoados e felizes. As mulheres precisam se sentir amadas e protegidas enquanto os maridos precisam ser respeitados e honrados. Ser submissa ao marido não deprecia nem diminui em nada a mulher. Muito pelo contrário, a valoriza ainda mais. Amar a esposa é um imperativo bíblico para o homem. Amar é mais que um sentimento interior. Amar é uma escolha e precisa ser demonstrado na vida a dois. O amor e o respeito entre pais e filhos também são essenciais. Infelizmente a desobediência e a rebeldia se instalaram em muitas casas e tem causado repercussões negativas na sociedade. A Bíblia é muito sábia no que tange ao relacionamento entre pais e filhos, quando assim orienta: “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo. Honra teu pai e tua mãe – este é o primeiro mandamento com promessa – para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra. Pais, não irritem seus filhos; antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor” (Efésios 6.1-4). Em um mundo cheio de guerras e violência, onde os verdadeiros valores estão sendo invertidos e esquecidos, onde famílias inteiras estão sendo consumidas pelas drogas, precisamos urgentemente fazer multiplicar o amor e o respeito, a começar dentro de nós mesmos. Nesse novo ano decida amar e respeitar mais o seu próximo e principalmente a Deus. DIVIDA GANHoS E PERDAS, AS VITóRIAS E DERRoTAS, o “SIM” E o “NÃo” Temos a tendência de esconder os sentimentos negativos e os fracassos.

Em família, somos o que somos e não há como usar máscaras. Os ganhos e as perdas, as vitórias e as derrotas habitam em cada um de nós. Se agora estamos bem, daqui a pouco poderemos experimentar decepções. Assim é a vida. Altos e baixos fazem parte do cotidiano de qualquer pessoa. Ouvi um dia uma frase que me chamou a atenção e dizia assim: “dor dividida com alguém é dor pela metade”. Por conseguinte, posso então afirmar que quando a alegria é dividida, passa a ser alegria em dobro. Precisamos, em família, aprender a dividir as coisas e isso inclui tarefas, responsabilidades, tomada de decisões, os ônus e os bônus da relação. Se agirmos assim não ficará pesado para ninguém e todos vão ganhar. Um bom balanço é feito quando os extremos são compartilhados, quando todos assumem o seu papel e quando não há culpados nem derrotados. Quando um casal toma uma decisão, ambos devem assumir os riscos. Para fechar o seu balanço anual sem pendências e perdas entenda que família é um bem precioso que não pode ser descartado. Lembre-se de que os bens materiais e as posses não são importantes, mas a família é. De nada adianta tanto esforço e ganho sem ter com quem compartilhar. Nenhum sucesso ou brilho individual compensa o fracasso no lar.

. paulo moura

SUBTRAIA o ESTRESSE, o EGoíSMo E A FALTA DE PERDÃo

ressentimentos. O perdão é o primeiro e o mais importante passo na direção da cura da alma.

paulo moura

filhos, aquele lazer inesquecível ou aquela viagem maravilhosa. Faz muito bem resgatar as boas lembranças que ficaram gravadas na memória. Lembre-se das coisas boas que fizeram juntos, das conquistas, dos sonhos alcançados, dos momentos alegres em vez de se deter apenas nas dificuldades e crises. Não viva apenas do passado, traga à sua mente as boas recordações e tenha certeza que os bons momentos em família podem ser revividos, basta querer.

Esse tempo de reflexão e análise pode ser muito significativo para você. A partir desses simples conselhos, tenha a força e a coragem para fazer as mudanças necessárias e o seu próximo ano será melhor do que este que está chegando ao fim. Ao concluir mais este artigo, deixo uma mensagem final, talvez a mais importante de todas: “Esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus (Filipenses 3.1314). Olhe para frente. Um novo tempo Deus tem reservado para você! Feliz Natal e ano novo abençoado. Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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samuel rodrigues

samuel rodrigues .

Nessas últimas eleições dos Estados Unidos, quando foi reeleito o presidente Barack Obama, muitos temeram que se repetiria o que aconteceu quando o presidente Jimmy Carter, aos 56 anos, teve que deixar o cargo de presidente dos Estados Unidos, por não conseguir se reeleger. Sobre aquele momento difícil, declarou: “Não foi fácil esquecer o passado, superar o medo do futuro e me concentrar no presente”. Carter não ficou colocando culpa da derrota em ninguém, mas deu a volta por cima vindo a tornar-se alguém de grande importância como conciliador em busca de paz em países em conflito, com a criação do Centro Carter; e nos projetos novos, como, por exemplo, o Projeto Habitat, que consiste da construção rápida de lares para os pobres em dificuldades, que o fizeram se destacar mais que quando era presidente. Em 2002, Jimmy Carter recebeu o Prêmio Nobel da Paz, por aliviar o sofrimento humano e promover a paz da humanidade. Em um de seus livros, Carter chamou a atenção para o fato de que algumas pessoas idosas não sabem o que fazer com a idade, mas não podem se

esquecer, “ou estamos demasiadamente velhos para permanecer ativos ou não temos ideia alguma sobre coisas interessantes e úteis a fazer”. A noção de resiliência há muito tempo é utilizada na física e engenharia. Um de seus precursores é o cientista inglês Thomas Young. Em 1807, introduziu a noção de módulo de elasticidade. Para sobreviver às intempéries da trajetória, é necessário criar subterfúgios e vencer os obstáculos. É o grande crescimento da vida: resistir e seguir adiante. Não é possível fazer generalizações, pois cada um passará de diferentes formas seus momentos difíceis, de reestruturação pessoal, buscando novos caminhos de aprendizado.

15 a 30 metros de altura, serve de comida para as pessoas, alimento aos camelos, construção de casas, escovas, corda, esteiras, sacos e cestos. Tem porte real, cresce para cima, sobrevive nos oásis do deserto, supera dificuldades. Cultivar a resiliência é a capacidade de se recobrar facilmente ou se adaptar à dificuldade ou às mudanças. A resiliência é fundamental para encerrar uma etapa. Ninguém pode terminar bem sem desenvolver a força de caráter, testada durante tempos difíceis. Uma árvore alta, sem um tronco robusto, pode cair na tempestade.

A resiliência significa a capacidade de resistência ou de recuperação dos efeitos de influências estressantes, são processos que permitem que as pessoas floresçam, mesmo na presença de adversidades.

Quando ocorrem dificuldades, como falecimento de entes queridos, enfermidades, catástrofes destrutivas, aposentadoria com achatamento salarial, cirurgias com sequelas, problemas de separações etc. são descontinuidades e a pessoa idosa, talvez, venha a parar por algum tempo.

A Bíblia ilustra com o exemplo de uma planta. No Salmo 92.12, vemos que os justos florescerão como a palmeira. A palmeira da Bíblia é a tamareira, seu fruto é a tâmara e produz frutos por 100 a 200 anos. É útil, tem de

Mas, a vida não chegou ao fim e é preciso se adaptar, com modificações, novas maneiras de procedimento, ajuda de um conselheiro, orientações na Bíblia, orações, fortalecer-se com amigos e com o grupo na igreja,

Resiliência sempre é possível recomeçar Samuel Rodrigues de Souza Gerontólogo . samuelrods@ig.com.br

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solucionando obstáculos e seguindo em frente, para retomar a caminhada. O profeta Samuel é um exemplo de resiliência. “Crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra” (1Sm 3.19).

De acordo com Ronaldo Kroeff Daghlawi, o bom ânimo traz uma sensação agradável de bem-estar e o sentimento de que tudo vai dar certo. Nenhum problema é obstáculo e nada é capaz de derrubar a autoestima e a capacidade de superação quando se tem bom ânimo, também chamado de entusiasmo, alento, força e coragem. Deus sempre motivou seus seguidores. O bom ânimo é uma mola propulsora que estimula e encaminha quem o tem para o sucesso. Quem tem bom ânimo e resiliência corre mais riscos, quando cai se levanta e quando fracassa, por motivos que fogem ao seu controle, sacode a poeira, recarrega as energias e diz a si mesmo: vamos de novo! O bom ânimo autêntico e a resiliência são os principais componentes da felicidade da família e dos idosos e emana somente de um lugar, o coração do Senhor Jesus Cristo. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo eu venci o mundo” (Jo 16.33).

Há os que não dão valor, mas um bom desodorante pode garantir o pão de cada dia. Pelo menos é assim na China. A quarta maior empresa aérea da China adota procedimento, vamos lá, esquisito no processo seletivo para pilotos: cheirar as axilas dos candidatos. A Hainan Airlines decidiu não contratar profissionais que cheirem mal. Os funcionários do RH da empresa precisam colocar o nariz nas axilas

dos candidatos a fim de atestar se eles estão preparados para trabalhar, de acordo com o site SZNews. “Nenhum passageiro quer sentir cheiro ruim dos sovacos do piloto”, disse um recrutador da Hainan durante processo seletivo em Shanxi. É verdade. Sabemos como é sofrido viajar no BRT lotado, no fim da tarde, sentindo os acres aromas da sudorese humana. (http://oglobo.globo.com/ blogs/pagenotfound/)

Reprodução internet

Seis em cada dez

universitários querem abrir o próprio negócio

Concluir o ensino superior e conseguir um bom emprego já não é o principal objetivo da maior parte dos universitários brasileiros. A ambição de seis em cada dez estudantes é ter o próprio negócio. É o que revela a pesquisa Empreendedorismo em Universidades Brasileiras, realizada pela Endeavor — organização sem fins lucrativos especializada em identificar e viabilizar potenciais empreendedores. O levantamento ouviu 6.215 pessoas de todas as regiões do país e indica que os homens tendem a ser mais empreendedores do que as mulheres: 67,5% manifestaram este desejo contra 51,7% do sexo

oposto. Um longo caminho, porém, separa a vontade de ter um negócio próprio da ação concreta em busca desse objetivo. Entre os potenciais empreendedores, apenas 38,1% afirmaram que dedicam algum tempo estudando como iniciar um novo projeto e somente 24,4% economizam dinheiro para esse fim.

. curta nota

Winston Churchill disse: “O sucesso está em ir de fracasso em fracasso, com grande entusiasmo”. Devemos sempre alimentar a esperança, que é irmã da fé e do amor (1Co 13), para enxergarmos novas possibilidades pela frente, quando estamos diante de muros ou limitações, pois a Bíblia nos aconselha: “Não to mandei eu? Esforça-te e tem bom ânimo; não temas nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares” (Js 1.9).

sovaco cheiroso

curta nota

Experimentou muitos desapontamentos: seu mentor, Eli; os filhos de Eli; seus filhos; o povo que liderava; seu pupilo, Saul. Todos o decepcionaram. Samuel, no entanto, não permitiu que seu caminhar com Deus fosse determinado pelo mau exemplo dos outros. Devemos seguir o exemplo de Samuel, olhando para Deus e não para os homens, quando tivermos decepções, ansiedade ou situações traumáticas e problemas tentarem nos derrubar.

Para pilotar precisa ter o

Um das conclusões da pesquisa é que os brasileiros são “extremamente confiantes” em relação às suas capacidades pessoais, mas se sentem inseguros sobre os conhecimentos técnicos necessários para abrir uma empresa e tampouco se esforçam o suficiente para buscar informações. (http://veja.abril.com.br/noticia/ educacao/). Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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A hora do grito Luisa Motté Novaes

Professora . luisa.m.novaes@facebook.com

luisa motté

luisa motté .

Domingo à tarde. Acabo que almoçar com a família e deito no sofá para coroar a tarde mais preguiçosa do fim de semana. Zapeio procurando alguma coisa interessante na televisão (uma missão impossível aos domingos) e paro na Rede Globo quando vejo o nome do programa que estava para começar: “The Voice Brasil”. Não costumo acompanhar as novidades da programação da TV aberta, mas fiquei curiosa para ver como seria a versão brasileira da competição de cantores. Estava para começar a segunda fase do programa, na qual duplas de candidatos cantam em um ringue, encenando uma espécie de luta e ao final da performance, apenas um candidato é escolhido para permanecer na competição. Tinha tudo para ser empolgante, mas se torna uma verdadeira tortura no momento em que a primeira dupla emite as notas iniciais. Percebo que se trata de um duelo de gritos. Não estou dizendo que os participantes têm vozes intensas ou volumosas. Eles realmente gritam. AHHHHH. Gritos! E quanto mais as futuras “vozes do Brasil” gritam, mais os jurados elogiam e a plateia aplaude em polvorosa. “A arte imita a vida”, não é o que dizem? Pois bem, imita mesmo. Não podemos exigir que os novos

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cantores apenas cantem, quando nosso dia-a-dia é uma competição de gritos sem música. O silêncio compulsório da ditadura militar deu lugar a gritos histéricos que medem quem pode mais, quem dá a palavra final, quem não abaixa a cabeça, quem é que manda. Vivemos em uma espécie de ringue do The Voice Brasil e precisamos mostrar a que viemos. Precisamos que a plateia nos aplauda e que os jurados nos elogiem incessantemente. Precisamos continuar na competição e ganhar no grito quem quiser passar a nossa frente. Vencedor é quem grita mais na vida profissional, nas relações amorosas, no convívio familiar, no trânsito e em qualquer relação com outro indivíduo. Há alguns anos recebi no trabalho uma comitiva de chineses e precisei estudar sobre a cultura do país. Dois aspectos daquela cultura tão diferente da nossa permeiam esse tema. Primeiramente, o fato de a humildade ser a qualidade mais nobre para os chineses, logo, se quiser elogiar um chinês, diga que ele é muito humilde. O segundo elemento que me chama a atenção é o fato da cultura chinesa ser a cultura do silêncio. Estes dois aspectos estão intimamente ligados, pois em uma cultura onde não se fala o tempo inteiro

e, principalmente, não se grita, a humildade é valorizada. Quando não gritamos a plenos pulmões, damos voz ao outro e espaço para o diálogo. Quem não grita, escuta. Você já deve ter ido a um restaurante muito barulhento e, provavelmente, não conseguiu conversar com facilidade. O diálogo só é facilmente iniciado no silêncio, ambiente propício para ambos os interlocutores poderem falar e ouvir para que a conversa possa existir. Em um coral de gritos, maior é quem promove o silêncio. Em meio ao som de buzinas, maior é quem dá a chance do outro passar. Humildade não é defeito, é qualidade, é o que promove o bom convívio, é o que nos faz deixar o outro falar, passar, ter razão, trabalhar, viver. Quem usa a voz de forma responsável, sabe bem que deve cuidar dela. Se gastá-la toda de uma vez, ela enfraquece, enrouquece... acaba. Se quisermos continuar tendo voz, devemos poupá-la, pois gritos a esmo enfraquecem a nossa própria voz, como se até ela se cansasse de nós. Eu queria mesmo era ver Marcelo Camelo ou Chico Buarque subindo naquele ringue e cantando com suas vozes suaves, quase uma oração. Todos precisariam se esforçar para ouvir o que eles cantam. Todos precisariam fazer silêncio para, enfim, shhhhhh.... deixa eu escutar.

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viva o Brasil! George Heinrichs

Pastor . george@igrejadorecreio.org.br

Tive a oportunidade de passar 12 dias na Ásia: Singapura e Malásia, dois distantes e distintos países. Havia momentos em que eu dizia: “Sinistro”, em outros: “Como pode?”, mas sempre terminava com saudade do Brasil. Chamou-me a atenção, ao chegar a Singapura, um aviso dizendo: Warning, death for drug traffickers! Isto quer dizer que a

lei em Singapura prevê pena de morte para traficantes de droga. Pensei que mesmo tão distante há problemas idênticos na sociedade. O modo de comer, vestir e pensar é muito exótico nestas regiões e na dificuldade de comer aquelas comidas eu agradecia a Deus por algumas franquias mundiais de sanduíches que existem pelo mundo afora. Vivendo num país como Brasil me chocou o fato de sermos proibidos, por força da lei na Malásia, de expressar nossos pensamentos sobre religião e política, sob risco de prisão e sabe Deus mais o quê. Assim que cheguei fui orientado a evitar alguns costumes. Saudar com

a mão esquerda é ofensa; apontar, desrespeito; tentar persuadir alguém acerca de religião ou política, pena se prisão. Evite sair sozinho e cuidado com os ratos. Esquisito, pensei, até que percebi que eles levam estas coisas muito a sério. Poderia defender aqui a questão dos direitos de expressão e liberdade, mas prefiro refletir com você sobre o privilégio que temos de morar num país como o nosso, que tem muito a melhorar, sem dúvida, porém, é um lugar que nos permite escolher, pensar e decidir o que é melhor para nós e nossa família. Viva o Brasil!

. george heinrichs

Lamentamos a corrupção que aflige nosso país. Devemos pedir a Deus que intervenha, no entanto, o Brasil não é conhecido apenas por suas mazelas. É famoso pelo futebol, pela receptividade e há estrangeiros que me disseram: “O Brasil é o melhor país do mundo”.

george heinrichs

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Do outro lado do mundo:

Por outro lado, quero destacar como podemos facilmente usar da Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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george heinrichs

george heinrichs .

nossa liberdade para fazer escolhas erradas. Há povos em outros países que não têm liberdade de escolher e são obrigados a viver as ideologias de seus líderes. Não é o caso do Brasil. Sofremos as consequências de governos desonestos, sim, mas nosso maior sofrimento vem das escolhas erradas que fazemos. Quis olhar, rapidamente, com você para o outro lado do mundo para refletirmos sobre a oportunidade que temos de fazer um país melhor, mais forte, cheio de valores centrados no bem, na honestidade. Isto é possível, muito possível, se começarmos a fazer as escolhas certas. Escolha a fé, escolha a família, escolha a honestidade, escolha o bom caráter. São escolhas tão simples que farão a diferença. Quando olhamos para o caminho que nosso país está tomando devemos nos preocupar, pois, às vezes, por não escolhermos o certo, teremos que nos contentar com o errado. Há cada vez mais grupos que pregam a liberdade de escolha, ainda bem, no entanto, não podemos nos iludir.

cotidianocristão

Vou lhes contar um fato que me fez refletir. Em Singapura, nosso grupo de brasileiros foi até um shopping

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de eletrônicos, todos querendo comprar um certo modelo de telefone famoso. Ao chegarmos lá, fomos envolvidos na conversa de um vendedor que dizia ter outro modelo muito melhor do

Sofremos as consequências de governos desonestos, sim, mas nosso maior sofrimento vem das escolhas erradas que fazemos

que o que procurávamos. Tantas foram as qualidades descritas que o grupo decidiu comprar o telefone, que não era o que queríamos. Conclusão: saímos dali e, ao fazermos a comparação, percebemos que fomos enganados. O aparelho que pensamos em comprar, originalmente, era melhor. Todos ficamos tristes por ser enganados. Este é um exemplo de algo material e passageiro. Todos daquele grupo podem comprar outro telefone, se quiserem. Refleti, no entanto, em

Dia seguinte “Misericórdia, Senhor! Estou em desespero! A tristeza me

como é fácil “sermos enganados” pela cultura e pelas propostas de “vendedores” de valores e princípios. Não compre o “modelo” que não irá satisfazê-lo. Devemos nos valer das Sagradas Escrituras para saber o que é melhor, quais são os princípios, os valores que devemos adotar. A Bíblia não é apenas um livro, é a vontade de Deus revelada. Muitos já estão tão comprados pelos valores deturpados desta vida que chegam a duvidar se Deus de fato existe. Ele existe, sim, e está interessado no seu bem e na sua prosperidade. Estou feliz em estar novamente no Brasil, por poder ouvir todos à volta falando minha língua, pela comida, pelo meu povo, mas, sobretudo, pela minha liberdade, esta que uso hoje para lhe dizer que o melhor caminho a perseguir é o do bem, o de Deus. Não deixe de visitar uma das nossas celebrações, na PIB do Recreio. Somos uma família de braços abertos, com muitos especialistas em problemas, guerreiros que superaram suas próprias dores e lutas. Venha desfrutar da sua liberdade conosco! Lembre-se, estamos reunidos aos domingos, às 10h30 e 19h30. Você é muito bem-vindo!

Ele para no saguão a fim de ser conduzido a seu lugar. Falta de visão: desorientação.

consome a vista, o vigor, o apetite” Salmo 31.9

Sem vigor, não há força e disposição para lutar e mudar a situação

Cristãos passam por maus momentos. Cristãos evangélicos,

não têm forças para fazer o necessário. Falta de vigor: inação.

católicos, espíritas. Muçulmanos, budistas e hinduístas, também.

Sem apetite não há prazer, alegria, desejo de fortalecimento.

Todos amargam situações duras, duríssimas, em algum espaço de

Sem apetite não nos alimentamos. Quem não se alimenta fica

tempo da existência. É inevitável. A diferença é como reagimos a elas.

desnutrido, paralisado. Falta de apetite: prostração.

O salmista pede misericórdia ao Senhor. Nos versículos an-

O salmista sabe, tem convicção de que só pode contar, nos

teriores garantiu confiar plenamente no socorro de Deus,

momentos mais tenebrosos, com Deus e não reluta em en-

mas... “A tristeza tem consumido sua visão, vigor e apetite”,

fatizar: “O Senhor preserva os fiéis, mas aos arrogantes dá

confessa. Se fosse psicólogo diria que o salmista estava pas-

o que merecem. Sejam fortes e corajosos, todos vocês que

sando por momento de profunda depressão. Não sou. Traba-

esperam no Senhor” (v. 24).

lho, então, com o conhecimento do senso comum.

Como disse, todos passamos por dias terríveis. Importante é

Sem visão não sabemos para onde ir. Em minha igreja há um cego.

saber acordar no dia seguinte. UCSF

adversa. Deprimidos graves dormem muito, não têm ânimo,

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Desertos : fontes de sabedoria e fé

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David Baêta Motta

Reafirmo que esta é uma grande verdade que gostaria de compartilhar com você. Aprendemos muita coisa quando nos propomos a “contar bem os dias da nossa vida”. Os desertos têm muita coisa a nos ensinar. Eles são uma fonte plena de conhecimento, crescimento e fé. Ao escrever este texto que é parte de um sermão que preguei, vêmme à mente os quatro pedidos de Jabez em sua oração: “Porque Jabez invocou o Deus de Israel, dizendo: Se me abençoares muitíssimo, e meus termos ampliares, e a tua

mão for comigo, e fizeres que do mal não seja afligido! E Deus lhe concedeu o que lhe tinha pedido” (1Crônicas 4.10). Não temos muitas informações sobre esse personagem bíblico, mas como praticamente todos os outros personagens da Bíblia ele teve o seu deserto o que o levou a se aproximar ainda mais do Senhor, tornando-se digno de nota na Bíblia e deixando-nos uma herança singular de relacionamento com o Senhor. Leia também as histórias dos sobreviventes dos desertos, chamados de Heróis da Fé (Hb 11), leia Jó, leia sobre os desertos de Jesus e Paulo, por exemplo, e há de perceber e receber um legado de fé e sabedoria e, em especial, há de perceber que você não é a única pessoa do mundo a sofrer. No primeiro domingo em que estive na igreja, após uma cirurgia, disse sobre três conclusões que tenho tirado, de modo mais intenso deste tempo de deserto. A primeira pela qual tenho orado é para que Jesus seja uma realidade ainda maior em minha vida. Não o

quero apenas como uma fonte de bênção, ou como um auxiliar nos momentos adversos. O que quero é que ele seja uma realidade tão intensa dentro de mim, de tal forma que faça arder o meu coração. Quero poder falar como Paulo: Para mim o viver é Cristo. A segunda é suplicar a ele por sua graça abundante. Ela precisa me bastar tal qual o Senhor disse a Paulo: A minha graça te basta. Não tenho pedido cura a Deus; tenho pedido graça. Se a graça dele trouxer cura, amém, mas se não trouxer ela será suficiente para a minha vida até o fim. Por fim, o terceiro pedido que tenho feito ao Senhor é para que ele complete em minha vida o que ele começou. Não sei por quanto tempo Deus me manterá vivo aqui na terra, mas preciso que no tempo dele ele complete em mim e através de mim aquilo que um dia ele começou. Ele é fiel e completará o que prometeu.

. david baêta

Todos nós passamos por desertos, que significam os momentos adversos que a implacável vida nos reserva. De acordo com a perspectiva que temos, o deserto pode ser um lugar de abandono, solidão, desespero e morte, ou pode-se tornar um espaço de fé e sabedoria. Fé simbolizando nossa certeza de Deus mesmo em meio aos inexplicáveis do dia a dia; sabedoria como forma de aprendizado e habilidade para lidar com as piores situações a partir do que vivenciamos nos momentos ruins.

david baêta

Pastor . baetadavid@gmail.com

Minha pergunta, para finalizar, dirigida àqueles que estão passando por algum tipo de padecimento é: Como você está encarando seu deserto? Revista Elos | Edição 05 . Dezembro 2012 |

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Dhiego Almeida

Gosto de

dezembro Wander Gomes

Diretor de Elos, pastor e mestre em Psicologia Social . wander@igrejadorecreio.org.br

Gosto de dezembro porque é um tempo diferente. Emocionante, lindo e muito especial.

wander gomes

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Gosto de dezembro porque simboliza o fim. É o fim que me leva a agradecer por tudo que passei, pelas experiências vividas e pelas bênçãos de Deus. Gosto de dezembro porque anuncia um novo começo. É a oportunidade para eu tentar novamente, reiniciar e ter uma nova chance. Gosto de dezembro porque as pessoas estão nas ruas, nas praças, nos restaurantes, na vida. Vivo mais cheio de esperança quando as vejo mais vivas. Gosto de dezembro porque é tempo de otimismo. É a oportunidade para eu sonhar novamente.

Gosto de dezembro porque sempre recebemos presentes. É o momento que presenteio a mim mesmo e tenho vontade de presentear.

Gosto de dezembro porque nos reencontramos. No reencontro eu entendo que não há nada melhor do que se ter amigos.

Gosto de dezembro porque a dor parece menor. No compartilhar eu partilho o sofrimento e sinto o alívio das cargas tão pesadas.

Gosto de dezembro porque as famílias estão mais próximas. Recupero a esperança de ter uma família bendita, segundo os planos de Deus.

Gosto de dezembro porque compramos. Mesmo sabendo que para alguns se tornou uma doença, para mim é a oportunidade de levantar a estima, de sentir que eu posso. Gosto de dezembro porque começa o verão. Saio de casa no calor do dia e com a sensação de que estou celebrando a saúde.

Gosto de dezembro porque amamos mais. Mesmo que isso apenas faça parte de uma fantasia coletiva, me percebo numa vontade louca de amar.

Gosto de dezembro por causa do papai noel. O bom velhinho não existe, mas gerou em mim, quando criança, as mais saborosas fantasias das quais jamais me esquecerei.

Gosto de dezembro porque a humanidade vive, quase ao mesmo tempo, a utopia de uma felicidade para sempre. É o momento que sou feliz para sempre.

Gosto de dezembro porque tem mais festas. Festa é alegria, é fraternidade, é de festa que Deus gosta e as festas de Deus são tão diferentes. Eu gosto de festa.

Gosto de dezembro porque a cidade tem mais cor. É no colorido que percebemos a diversidade da beleza. Gosto de dezembro porque a igreja se ilumina. É nas luzes que me vejo como parte de um povo que é a esperança do mundo. Gosto de dezembro porque fazemos votos. Quando faço um novo voto estabeleço uma nova meta de vida. Gosto de dezembro porque é Natal. Mesmo sabendo que o Salvador não nasceu neste mês, é mais uma oportunidade de anunciar que Ele veio. Gosto de dezembro porque é mágico. Mesmo sabendo que todas essas coisas têm que ser vividas durante todo ano, dezembro é inexplicavelmente dezembro.

| Edição 05 . Dezembro 2012 | Revista Elos

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