Publicação bimestral da Associação Recriar | Ano 01 . nº12 . Outubro – Novembro 2013 Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | elos@igrejadorecreio.org.br
Denise Guimarães
Quem educa quem?
Isaltino Gomes
O novo teólogo da Veja
Daladier Carlos
Diplomacia: Ética ou segurança?
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Uma publicação bimestral da Associação Recriar. É proibida a venda de exemplares. Distribuição gratuita e dirigida.
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Diretor executivo
Editor de conteúdo Utahy Caetano dos Santos Filho MTB 52730-080RJ utahysantos@gmail.com
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Publicidade Fernando César fernandocesar@igrejadorecreio.org.br
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Comunicação
. destaques
Carolina Carneiro; Marcelo Belchior Dhiego Almeida; Felipe Leão
Colaboraram nesta edição George Heinrichs; Paulo Moura Sylvio Macri; Israel Belo de Azevedo Dercinei Figueiredo; Josué Ebenézer Cacau de Brito; Lécio Dornas; Karolyne Reis Isaltino Gomes; Wesley Cavalheiro Denise Guimarães; Marcos Werton André Malvar; Paulo Pancote; Joel Leandro Samuel Rodrigues; João Cardoso
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Conselho editorial Tamar Souza; Daladier Carlos; Carlos Novaes Adalberto Sousa; Lília Marianno
Projeto gráfico
destaques
Wander Ferreira Gomes wander@igrejadorecreio.org.br
Marcelo Belchior marcelo@igrejadorecreio.org.br
CTP e Gráfica Ediouro Gráfica e Editora 21. 3882.8230 | atendimento@ediouro.com.br
Tiragem 10.000 exemplares Distribuição dirigida aos moradores do Recreio, Barra da Tijuca e adjacências
Velhice vigorosa
26 . A ciência e o relacionamento
Informações
Utahy Caetano . Página 18
Paulo Pancote
Igreja do Recreio Rua Helena Manela, 101 . Recreio 21. 3434.1200 Ramal 1224 elos@igrejadorecreio.org.br
05 . Respostas de Deus
30 . Juventude e drogas
Lécio Dornas
Marcos Werton
O conteúdo e informações contidos nas matérias e artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores. É necessária prévia autorização, e devida citação do veículo, para reprodução total ou parcial do conteúdo.
09 . Sou barrista
38 . Sinais de Deus
André Malvar
Rafael Mattos
11 . Teorias
46 . A vida é uma conta
Karolyne Reis
Joel Leandro
12 . Onde estão os Amarildos?
48 . A esperança do mundo
Cacau de Brito
Wander Gomes
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Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Comemorações Utahy Santos
Editor de conteúdo . utahysantos@gmail.com
A Igreja do Recreio completa, em novembro, 25 anos. Acompanhei, pessoalmente, o crescimento vertiginoso desta comunidade. Estava aqui no seu primeiro aniversário. Naquela época, a igreja funcionava em pequena capela na Av. Genaro de Carvalho.
editorial
editorial .
Acompanhei, ao longo do tempo, todas as fases de desenvolvimento desta grei: a compra de terrenos adjacentes, a aquisição de propriedades e a mudança para o atual endereço. Fiz amigos aqui e a cada visita via pessoas novas, o grupo aumentava em número e o engajamento na pregação do Evangelho estava sempre estampado nos rostos dos membros. Compareci à inauguração do novo templo, estive com a igreja em algumas passagens de ano e até o púlpito ocupei em bons momentos, pelo menos para mim. Sinto-me parte da história desta igreja. Em novembro, comemoraremos os 25 anos da Igreja do Recreio. A festa será empolgante, principalmente para os que são parte desta comunidade. Esta edição de Elos, a de número 12, marca o primeiro ano de existência de nossa revista. Não é fácil produzir uma revista de qualidade contando com colaboração voluntária de todos os que escrevem em nossa publicação. É a este grupo que agradecemos, especialmente. Sem ele não haveria revista. Completamos um ano e esperamos ficar aqui por muitos anos, sempre com o apoio desta igreja que enxerga longe. “A ciência e o relacionamento com Deus” é texto de Paulo Pancote. O cientista pode ser religioso? O religioso pode ser um cientista?
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| Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 | Revista Elos
Ciência e religião são áreas do conhecimento irreconciliáveis? “Até pouco tempo atrás, ciência e religião conviviam em polos opostos. Quem se envolvia e se aprofundava nas questões científicas não considerava Deus de uma forma séria e real. Como diziam alguns cientistas, “Deus era uma impossibilidade lógica”. A recíproca também era verdadeira, com os religiosos achando que “havia muitas coisas mais fáceis de acontecer do que um cientista crer em Deus e tornar-se realmente um cristão”. Para eles, a ciência era considerada inimiga da religião. Parece que esta realidade está sendo alterada; a aproximação entre a ciência e Deus está ocorrendo, apesar dos opositores de plantão”, opina Pancote. Vale conferir. Em outubro, comemora-se, também, o Dia Internacional do Idoso. A expectativa de vida do ser humano cresceu bastante nos últimos tempos. Homens e mulheres vivem mais e melhor. Daqui a alguns anos a população da Terra terá mais pessoas acima dos 60 anos do que de qualquer faixa etária. Elos entrevista a drª Ligia Py, gerontóloga, mestre em Psicossociologia e doutora em Psicologia. Ela é autora e coordenadora do Projeto de Valorização do Envelhecer (PROVE) e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tanatologia (NEPT), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A drª Ligia Py conversou com Samuel Rodrigues de Souza, colunista de Elos. É nossa homenagem aos idosos. Há outros ótimos textos nesta edição de Elos. Devem ser lidos, apreciados e discutidos. Deleitem-se.
Wikimedia.com
Peritos preparam exumação de João Goulart (Fonte: Agência Brasil, texto de Luciano Nascimento, edição de Fábio Massalli)
Uma equipe de peritos da Polícia Federal, da Comissão Nacional da Verdade (CNV), da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e do MP visitou o jazigo do ex-presidente João Goulart, no município de São Borja (RS) para preparar a exumação dos seus restos mortais. O objetivo é descobrir se ele foi assassinado. Os técnicos vão analisar as características do túmulo e do cemitério, verificar se há necessidade de isolar a área próxima e identificar a estrutura existente para o transporte do material até o aeroporto. A medida permitirá aos peritos planejar a exumação, ainda sem data para ocorrer. Após o trabalho, os restos mortais dos ex-presidente serão transferidos para Brasília, onde serão examinados no Instituto Nacional de Criminalística da PF. João Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976 em Mercedes, cidade do Norte da Argentina. A exumação faz parte de uma investigação para esclarecer se a causa da morte de João Goulart foi mesmo um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do regime militar. As investigações da CNV apontam que o ex-presidente foi uma vítima da Operação Condor, montada pelas ditaduras militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir opositores.
Yahoo!
supera o Google
(Fonte: O Globo)
Pela primeira vez em mais de dois anos, os sites do Yahoo! foram os mais visitados nos EUA. De acordo com um relatório da ComScore, empresa especializada em medir o tráfego na internet, no mês de julho
Terra.com.br
G1.globo.com
as páginas da empresa dirigida por Marissa Mayer tiveram 196,6 milhões de visitantes contra 192,3 milhões que visitaram sites que pertencem ao concorrente Google, que liderava o ranking desde maio de 2011.
A conquista é um grande feito de Marissa Mayer, que assumiu a empresa justamente em julho do ano passado. Nesse período, a diretora executiva do Yahoo! promoveu uma série de mudanças na empresa e adquiriu mais de uma dúzia de startups, incluindo o Tumblr, plataforma de blogs, por cerca de US$ 1 bilhão. O relatório da ComScore indica que foi justamente o Tumblr o grande responsável pela virada. Segundo os dados da empresa de métricas, o site de blogs era o 28º domínio mais popular nos EUA no mês de julho. A reformulação de antigos sites do Yahoo!, para computadores ou dispositivos móveis, como mail, tempo, esportes e noticiário, também tiveram impacto no crescimento da audiência.
Na França, havia o campeonato de arremesso de anões (proibido por ofender a dignidade dos pequenos que, no entanto, lutaram – e perderam – na justiça pelo direito de voar); Ron Matt, de 46 anos, venceu, em 2012, o campeonato internacional de cuspe à distância, em Michigan, nos EUA (ganhou com lançamento de 21m); a cidade de Brno, na República Tcheca, promoveu corrida de carrinhos de bebê (com os bebês dentro dos bólidos). O ser humano tem imaginação, logo, há de tudo. A Finlândia, país rico, com o melhor sistema educacional da Europa, exagera em excentricidades. Lá, desde 1992, é sediado o campeonato mundial de carregamento de esposas (o homem carrega a esposa por 250m vencendo obstáculos). Em 2000, surgiu, também por lá, o primeiro campeonato de arremesso de celulares (o novo recorde mundial foi alcançado ano passado, um Nokia – produto local – atirado a 101m). Nenhum campeonato bizarro realizado na Finlândia, contudo, tem mais sucesso do que o de Air Guitar. Na cidade finlandesa de Oulu, desde 1996, o certame que decide quem é o
melhor tocador de guitarra imaginária faz sucesso. Começou modestamente, hoje é a maior atração turística da cidade. O campeonato é coberto mundialmente. Publicações como o Time e o The New York Times abrem suas páginas para os guitarristas imaginários. “O campeonato surgiu, obviamente, como uma piada; afinal, a ideia de tocar uma guitarra imaginária é, por natureza absurda e sem sentido, mas Oulu é nosso Vale do Silício, o local onde todos sabem o valor das chamadas loucuras criativas, onde se aprende que idéias aparentemente absurdas podem se transformar em grandes iniciativas. E foi o que aconteceu. O evento cresceu enormemente, ganhando a atenção internacional desde que a Time fez sua primeira cobertura, em 2001. Hoje, Oulu é conhecida como a capital mundial da air guitar, um grande marketing para a cidade, que ganha com a propaganda e com os cerca de dez mil turistas atraídos para o evento anualmente”, declara Hanna Jakku, diretora e uma das criadoras do evento.
. curta nota
O Yahoo! registrou um aumento de 20% em comparação com julho do ano passado, quando ocupava a terceira colocação do ranking, atrás de Google e Microsoft.
(Fonte: Heróis da guitarra invisível, O Globo, p. 1, Segundo Caderno, 23/8/2013)
curta nota
Guitarristas imaginários
A versão 2013 do campeonato foi vencida pelo norte-americano Eric Melin. (UCS) Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Parabéns para nós!
Médicos cubanos
Reprodução internet
pedem respeito (Fonte: Agência Brasil, texto de Daniel Lima, edição de Fábio Massalli)
curta nota
curta nota .
O primeiro grupo dos 206 médicos cubanos que vão trabalhar no Brasil desembarcou em 24/8 no país. No Recife, ficaram 30 profissionais e 176 seguiram para Brasília, onde chegaram à noite. Ao desembarcar, Oscar Gonzales Martinez, graduado há 23 anos e especialista em atenção à família, disse que tinha grande expectativa em trabalhar com a população brasileira. Martinez disse que veio ao Brasil por várias razões, entre elas, a oportunidade de trabalhar para o povo brasileiro. Sobre a polêmica em torno do pagamento dos salários, que serão feitos por meio do governo cubano e não diretamente aos profissionais, Gonzales disse que isso é o que menos importa, pois tem o emprego garantido em seu país e parte dos recursos irá para ajudar o seu povo. “O mais importante é colaborar com os médicos brasileiros e ajudar na qualidade de vida do povo daqui. Também é importante a irmandade entre o povo cubano e o
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| Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 | Revista Elos
povo brasileiro que existe há muito tempo”, disse. A médica Jaiceo Pereira, de 32 anos, lembrou, bem-humorada, que, apesar de ser a mais jovem do grupo, tem bastante experiência profissional e no início de sua formação já trabalhava com saúde da família. Ela pediu o apoio do povo brasileiro e respeito aos profissionais de seu país. “Queremos ajudar e dar saúde a todos aqueles que não têm acesso aos serviços médicos”, disse. “Queremos dar amor e queremos receber amor.” Já Alexander Del Toro destacou que veio para trabalhar junto e não competir. Os profissionais cubanos fazem parte do acordo entre o ministério com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para trazer, até o final do ano, 4 mil médicos cubanos. Eles vão atuar nas cidades que não atraírem profissionais inscritos individualmente no Programa Mais Médicos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu as críticas das entidades médicas que questionam a formação médica dos profissionais cubanos.
Elos, distante da concepção original, chega a 12 edições, o equivalente a um ano de circulação, reinventada. Algumas mudanças ocorreram por causa de dificuldades. Deixar de ser mensal foi um retrocesso. Incluir o guia devocional, um avanço. Outro salto à frente: a publicação deixar de ser exclusivamente dirigida ao público externo. A Igreja do Recreio é uma comunidade privilegiada. Não há necessidade de sairmos daqui para buscar colaboradores, apesar de a revista ter excelentes articulistas de fora e dos quais não pretendemos abrir mão. Elos tem planos de crescer. No futuro, pensamos em um site com atualizações diárias, voltar a ser mensário e dobrar a tiragem. Bem à frente, uma equipe voltada exclusivamente para a elaboração da revista e do site. É nosso sonho e, se Deus permitir, o realizaremos. Um ano de Elos. Eu, pessoalmente, espero que muitos outros anos se somem a esse. Parabéns para nós!
Pedagogia das
respostas de Deus Lécio Dornas
Educador e Pastor . LDornas@americanbible.org
Quando um pai responde não ou sim para um filho, ensina-lhe algo. Às vezes, é duro para o filho ouvir do pai resposta diferente da esperada. Outras vezes, o filho não está pronto, por isso revolta-se ao receber um não, quando tinha certeza do sim, mas sempre sofrendo pela resposta. Lidando com a revolta ou mesmo se negando a receber a resposta como definitiva, o filho aprenderá e, por isso, crescerá.
Pedagogia antiga esta, a da resposta, na relação de Deus com o homem. O fruto de uma das árvores no Éden, o homem não poderia ter comido. Se não comesse teria aprendido que a obediência a Deus era o segredo para não sofrer e não morrer. Comeu, e até hoje parece não ter aprendido, mesmo sofrendo e contracenando o
aprendido que amar a Deus, acima de
Caim recebeu um não de Deus ao oferecer-lhe sua oferta, tivesse refletido e, humildemente, procurado entender a resposta divina, teria aprendido que a importância do que oferecemos a Deus não está no esforço desprendido para obtê-lo, tampouco no seu valor intrínseco, mas na atitude pura e despida de segundas intenções no coração. Não refletiu, o ódio tomou conta de sua alma e a violência nasceu na história como a alternativa covarde à coragem para aprender.
bênção que Deus dá. Deus não nos dá
Abraão esperou muito e, quando naturalmente já não podia ser pai, portanto, já considerando, pelo passar dos anos, ter recebido um não de Deus, Isaque nasceu. Com isso a resposta de Deus revelou-se positiva. O sim, no entanto, pareceu ser provisório ou reversível quando Deus pediu a Abraão que lhe oferecesse o próprio filho em holocausto. Não tivesse obedecido, rendendo-se ao querer divino e Abraão não teria
tudo, traz maior prazer do que amar a bênçãos para que as idolatremos, mas para que o amemos. A lista não é pequena. dos patriarcas aos profetas, dos juízes aos reis e dos evangelistas aos apóstolos, todos foram submetidos à ação pedagógica das respostas de Deus. Uns aprenderam e cresceram, outros resistiram e sofreram. Quando Deus responde, está ensinando algo. O aprendizado que a resposta enseja é sempre muito melhor do que a resposta em si. E há respostas negativas que Deus dá aos homens, cujos ensinamentos, uma vez obedecidos, revelam-se altamente positivos. Não devemos nos preocupar se receberemos de Deus um sim ou um não. Precisamos, isto sim, nos ocupar do aprendizado para que cresçamos
. lécio dornas
O aprendizado é retardado e, às vezes, até inviabilizado, se o filho rejeita e se nega a seguir na vida, pela trilha da resposta do pai.
tempo todo com a morte, que não vale a pena desobedecer a Deus.
lécio dornas
Responder é um ato pedagógico. Nas relações interpessoais e também no nosso relacionamento com Deus.
com suas respostas.
Wallbeam.com
Revista Elos | Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 |
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As razões do
sucesso Israel Belo de Azevedo Pastor . israelbelo@gmail.com
Numa de suas histórias didáticas (Mateus 25.14-30), Jesus fala de dois tipos de pessoas. Veja onde você se encaixa.
israel belo
israel belo .
Trata-se da história de um homem rico que, precisando viajar, entregou seus bens a três gestores. Cada um deles ficou encarregado de gerir valores diferentes. O primeiro gestor recebeu 5 milhões para administrar. O segundo funcionário precisou cuidar de 2 milhões. Ao terceiro coube 1 milhão. O milionário voltou de sua viagem e os agentes foram lhe prestar contas. O primeiro gestor conseguiu cobrir o investimento e mostrou os recibos dos 10 milhões aplicados. O patrão gostou. O segundo alcançou os mesmos resultados, com 100% de retorno. O milionário o recompensou. No entanto, o que recebeu menos para administrar devolveu o mesmo milhão, explicando que ficou com medo de correr riscos. Como consequência, foi severamente repreendido e demitido por justa causa. Quando lemos bem esta história sobre o sucesso, notamos as diferenças entre estes dois tipos de pessoa. A primeira é que uma pessoa
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| Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 | Revista Elos
de sucesso é aquela que realiza bem a tarefa que recebeu. O sucesso começa quando prestamos atenção à tarefa que nos foi entregue. Os dois primeiros homens da história entenderam que o dinheiro lhes foi entregue para que gerassem mais dinheiro. Venceram. O segundo não entendeu o que deveria fazer. Perdeu. Na história dos gestores que receberam valores diferentes para administrar (cinco, dois e um), aprendemos com Jesus que o sucesso é fruto do trabalho. Em todos os tempos, sempre há tentações ao sucesso fora do trabalho. As pessoas gostam de pensar em “golpes” de sorte, em fortunas inesperadas ou em bilhetes premiados. Na cultura brasileira, há a sedução da fama bem remunerada, através das passarelas, das telas ou das esferas (da bola). Muitos meninos e meninas deixam de estudar, por crerem que vão vencer como modelos, atores ou jogadores de futebol, esquecidos ainda que, em geral, o sucesso real nessas carreiras advém de muito trabalho, muita espera e muitos sacrifícios. Em muitas comunidades e escolas, professores e líderes vão ao desespero diante da dificuldade de
Os dois vencedores, na história de Jesus, suaram. O derrotado entregou-se a nada fazer. Preferiu descansar.
Somos diferentes, mas nos comparamos com os outros. Somos diferentes, mas queremos ter o que os outros têm (mesmo que não possamos ou não precisemos).
Podemos olhar para o outro para ajudá-lo, se ele precisa. Devemos olhar para o outro para nos compreender melhor. Não temos que vestir o que o outro veste. Para que serve o sucesso? No caso do sucesso em forma de dinheiro, para que serve o dinheiro que ganhamos? No caso do sucesso em forma de prestígio, para que serve a fama que conquistamos? Não devemos pensar apenas em nós mesmos. Os dois bem-sucedidos da parábola dos talentos pensaram no bem-estar do seu patrão e ganharam dinheiro para ele, não para si mesmos. Foram bem recompensados. O derrotado não gostava do seu patrão e pensou apenas em si mesmo.
Somos diferentes, mas insistimos em imitar os outros.
Se um endinheirado pensa apenas em si mesmo, ele trai ao Senhor Deus, que lhe deu as oportunidades para se endinheirar.
Nós temos histórias diferentes. Nós temos corpos diferentes. Nós temos heranças diferentes.
Se um famoso visa apenas ampliar o espectro do seu prestígio, vai ganhar apenas mais fama até ser enredado por ela.
A comparação nos exalta (“somos melhores”) ou nos deprime (“somos piores”), num sofrimento sem necessidade.
Parte do dinheiro deve ser usada para benefício próprio (seja sua família, seu negócio ou seu prazer) e parte para o benefício de outras pessoas (de seus empregados e de sua comunidade).
A comparação atenta contra o Criador, que não nos fez iguais, mas especiais.
. israel belo
Pode até ser verdade que nosso trabalho não seja justamente recompensado. E esta verdade deve provocar em nós o desejo de trabalhar ainda mais, mesmo que em outro lugar.Sem suor, não há sucesso.Em terceiro lugar, com a chamada parábola dos talentos, aprendemos que somos pessoas diferentes. (Bem, pelo menos Deus nos trata como pessoas únicas, diferentes uma das outras. Por isto na história cada um recebe porções diferentes de talentos.)
Podemos olhar para o outro para aprender com ele. O gestor de um talento poderia ter olhado para os dois e concluído que estava errado e que precisava mudar de perspectiva.
israel belo
fazer valer o valor do estudo nas mentes dessas crianças e dos seus pais, que acreditam que serão sustentados pelos filhos “artilheiros”.
Devianart.com
Revista Elos | Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 |
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Parte da fama deve ser empregada para uso próprio (senso de relevância) e para benefício dos outros, para que sejam relevantes.
israel belo
israel belo . 8
Por isto, a missão de quem tem (dinheiro ou prestígio) pode considerar os seguintes princípios: * Sonhe alto; * Ganhe dinheiro. Não há problema nisto, se a acumulação for honesta: * Busque o prestígio, mas não perca a sua vida. A fama é como a neblina. Passa. Em todos os seus projetos, ponha Deus em primeiro lugar. * Motive outras pessoas (separando, por exemplo, parte do que tem para oferecer bolsas de estudo ou aprimoramento ou para fazer palestras para quem não pode pagar). * Participe de projetos capazes de mudar o mundo. Na história dos talentos, segundo a parábola contada por Jesus, o patrão partiu, mas voltou. Quando retornou, seus gestores tiveram que lhe prestar contas. Esta foi a única situação em que os três agiram sob a mesma perspectiva: a de que teriam que prestar contas. Sabemos que sempre temos que prestar contas, nem que seja à nossa própria consciência. Saber que temos
| Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 | Revista Elos
contas a prestar é sinal de maturidade. Uma dívida é para ser paga. Um erro é para ser advertido. Só quem não cresceu – e muitos não cresceram -- imagina que não tenha que dar satisfação às pessoas. O imaturo está pronto a vociferar que ninguém tem nada com a sua vida. Só o imaturo acha que seus gestos não têm consequências. O dinheiro entregue em nossas mãos, dinheiro pretensamente ganho com nossas e independentes mãos, como parte do projeto de Deus para nossas vidas. O que faremos a com este presente? Se t(iv)emos prestígio, seremos cobrados sobre o que fizemos com ele. A volta do patrão nos mostra que há sempre alguém acima de nós. Não devemos nos sentir menores porque há pessoas maiores que nós. O sucesso (em forma de dinheiro ou prestígio) deve ser recebido como uma missão. Se a cumprimos, fizemos o que devíamos, o que é muito prazeroso. Se não fizemos o que devíamos, bem, quem sabe podemos nos dispor a fazer o que precisamos fazer, não por medo de Deus, mas pelo prazer de sermos parceiros dele.
Em plena CPI dos Ônibus, a solução para o transporte urbano no Rio de Janeiro vem dos bailes funk.
Sou barrista André Renato Malvar
este assunto é de primeira ordem - e não é bairrismo, é barrismo. Pois assim como uns catamarães coletivos dariam um grau no bairro, as linhas de helicópteros dinamizadas também não ficariam ruim, e o custo de ambos os sistemas para o público nem difere tanto do que um motorista gasta mensalmente com veículos, seguros, manutenções, combustível e estacionamentos. A indústria automobilística não seria afetada. Com um trânsito mais brando nas ruas os cidadãos que não adquiriram carros por opção ou as novas gerações talvez fiquem motivados em ter um veículo próprio caso as pistas sejam mais fluentes.
Quem nasce na Tijuca, tijucano é. Beleza. E quem nasce na Barra da Tijuca? Barratijuquense, barratijucano? Não sei. Mas isto nem é tão relevante para esta crônica e permite uma licença literária pertinente: sendo morador da Barra
Para isto é preciso ponderar uma mudança de mentalidade quanto ao transporte, e esta transformação passa por iniciativas como o hit funk “Passinho do Desloca”, de MC Federado e os Lelekes. Pois é, em geral, nós não nos deslocamos
na cidade; nós deslocamos o transporte. Faz parte da nossa cultura conduzir o veículo como artigo de luxo, de estimação ou por preferência e autonomia. Mas a lógica do transporte urbano numa metrópole precisa considerar outros motivos, principalmente em horário comercial, quando a prioridade é a chegada ao destino. O impacto de uns trajetos pela orla entre a Barra e o Centro da cidade com pontos ao longo da Zona Sul, e pela Baía da Guanabara até à área empresarial é positivo e diversificado. O tráfego sim, ficaria melhor, mas também seria um impacto ambiental e ecológico. E com uma regulamentação responsável, a deslocação aérea de curta distância poderia ser implantada como uma alternativa mais utilitária que turística ou estritamente militar e colaboraria amplamente nesta meta. O Federado é que sabe.
. andré malvar
Gostos à parte, sempre questionei o porquê de os cariocas consumirem pouco peixe e frutos-do-mar. Nada paranóico ao ponto de sugerir uma CPI Pecuária e Aviária, mas tal curiosidade me conduziu para a CPI dos Ônibus e, talvez, para algumas soluções para que a cidade não se transforme aos poucos num lugar intransitável dada a quantidade de veículos que circulam por suas artérias. É que, apesar de termos o sistema de barcas interligando o Rio de Janeiro a Niterói, o mesmo não acontece entre a ilha que abriga o aeroporto internacional, nem há uma linha marítima coletiva a cruzar o litoral, como acontece em regiões de veraneio do próprio estado.
andré malvar
Jornalista
Reprodução internet
Revista Elos | Edição 12 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Livros apaixonado pela política do que pela mulher. O sonho de um reencontro é tortuoso. Mas Ilídio resolve viajar para a França em busca da amada, deixando para trás o pedreiro Josué, o homem que o criou. Cartas que não chegam aos destinatários, buscas que não se completam e amores difíceis trançam este delicado romance, no qual a dor se afirma como primeira condição do existir. (www.companhiadasletras.com.br/)
leia mais
leia mais .
Puro
José Luís Peixoto Companhia das Letras, 2012, 283 p.
Luis 16, rei de França, encarrega seus serviçais de contratarem alguém para acabar com o cemitério de Les Innocents e a igreja contígua a ele. O cemitério guarda defuntos há séculos. No tempo de sua construção pouco havia em volta, agora, uma cidade cresceu em seu entorno. O fedor exalado por milhares de mortos oprime os bairros próximos.
O escritor português José Luís Peixoto recria neste romance o sabor das grandes narrativas de formação. A vida de Ilídio, o protagonista, é o relato de uma perseguição que começa no dia traumático em que a mãe o abandonou na infância, avançando através de seu amor pela delicada Adelaide.
Jean-Baptiste Baratte é o jovem engenheiro encarregado da obra. Iluminista, fanático pelo pensamento racional, crê que seu trabalho é, principalmente, sepultar o obscurantismo. Percebe, logo, que nada é tão simples. Não há respostas fáceis. Puro é um livro magistral. Um romance histórico que mistura ficção a realidade. A reconstituição de época é minuciosa. Puro é daqueles livros que valem todo o tempo investido em sua leitura. (UCS)
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Livro
Andrew Miller | Tradução: Regina Lyra Bertrand Brasil, 2013, 378 p.
| Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 | Revista Elos
Determinada a afastar os jovens amantes, a tia de Adelaide a obriga a emigrar para Paris, seguindo o caminho que fizeram mais de um milhão de portugueses entre os anos 1960 e 1970. De Ilídio, Adelaide carrega só um livro, que recebeu de presente - o mesmo livro que a mãe lhe entregou quando era menino, dizendo que voltava logo. Na França, a existência de Adelaide é um esforço contínuo para preencher vazios. Mais por infelicidade do que por felicidade, casa-se. Também um livro a conduz a esse marido que parece mais
O poder da personalidade de Jesus Mark W. Baker Ed. Mundo Cristão, 176 p.
Jesus foi o homem mais poderoso e influente que já existiu. Mas seu poder, no entanto, não residia em sua capacidade de dominar as pessoas, mas em sua habilidade de transformá-las por meio de seus gestos de generosidade e amor. É sobre essa forma de poder - o dom de inspirar, de gerar mudanças, de influenciar - que Mark Baker se debruça nesta obra.
Teorias Karolyne Reis
Estudante e técnico em turismo . contatokarolreis@hotmail.com
Em meio a toda essa imensidão infinita que é o Universo, o qual não podemos nem sequer cogitar o tamanho e os segredos ali guardados, somos tão pequeninos quanto um grão de areia, frágeis, fáceis de se levar. Toda a grandeza presente lá no infinito não foi criada, não existe apenas por existir, assim como nós. Por que seria? Não poderia existir alguém que seja a origem de tudo? Sem muita racionalidade, precisamos parar para refletir sobre esta possibilidade, permitindo,
característica da nossa natureza. A preocupação está no que acreditamos porque, quando se acredita, uma vida inteira é entregue, sofre e causa mudanças de acordo com nossa fé. Muitos sabem, devido ao modo de vida de outras pessoas, que Deus existe. Porém, acreditar e aceitar isto requer grande maturidade da fé e humildade da alma. Por isso existem tantas teorias a respeito de inúmeros acontecimentos da vida humana e a respeito de religiões que, consequentemente, nos reduzem a tolos enquanto pensamos que estamos sendo exaltados, nos dando a falsa ilusão de que podemos cogitar e entender plenamente o porquê da nossa existência e o meio pelo qual tudo se originou.
aos poucos, que a emotividade nos invada para que tenhamos um sentido, um significado e deixarmos de ser apenas como poeira levada pelo vento. Teorias deste mundo tentam todos os dias provar, às vezes de maneira absurda, a inexistência de Deus enquanto sobrepõe o poder do homem. Talvez por querer ser superior, pela frieza do coração ou simplesmente por falta de fé. Com essas teorias, vem a nossa necessidade de acreditar em algo, em ter uma base, independente de religião. Considero até essencial esta
Enquanto muitos tentam se autoexaltar com suas teorias, em paz vive aquele que reconhece que só existe uma verdade e um nome: Jesus, e que é através deste nome que todas as coisas foram criadas e que nossa vida ganha sentido. Sendo assim, não é preciso que haja mais conflito entre a fé e a razão na vida de quem vive este nome, pois é estabelecido um lugar para cada uma delas, respeitando todo o limite da lógica e tendo, sobretudo, fé, pois até mesmo para se ter uma lógica ou teoria é preciso acreditar nestas.
. karolyne reis
Somos humanos, criados para pensar, mas também sentir. Foi dada exclusivamente a nós a racionalidade e, junto dela, os sentimentos. A racionalidade nos permite um bom desempenho do que fazemos, mas a emotividade nos proporciona sensibilidade capaz de procurar e fazer o melhor. O excesso de racionalidade traz prejuízos, frieza, dificuldade de relacionar-se e prepotência incapazes de ampliar a visão, ter expectativas e esperanças, se limitando ao tempo de agora e nos dando a ilusão de que somos autossuficientes. Às vezes, a falta de fé não é originada por uma frustração, mas sim por excessiva racionalidade.
Rationalwiki.org
karolyne reis
Existe em nós uma característica que nos dá a sensação de poder, soberania, exaltação, de estar no topo de uma escala de valores e ideias. Esta característica influencia todas as áreas da nossa vida, inclusive a psicológica e a espiritual, levando-nos, consequentemente, a criar teorias para explicar como somos e pensamos ou apenas para ter desculpas. Autossuficiência, é esta a característica.
Acreditar é ter fé. Fé que nos leva a ter esperança em toda e qualquer situação que vivemos neste mundo. Talvez, enquanto aqui vivermos, jamais conseguiremos comprovar com teorias a existência dEle, mas comprovamos com o coração! Deus não é Deus de teorias, mas de sensibilidade, de exemplos, que vive em pessoas para mostrar seu amor. Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Onde estão os
Amarildos do Brasil Cacau de Brito
Advogado . cacaubri@terra.com.br
Onde estão os Amarildos do Brasil? Carlos Alberto Cacau de Brito Advogado, presidente do movimento O Rio pede Paz
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Amarildo Dias da Silva, ajudante de pedreiro, pai de seis filhos, morador da Rocinha, comunidade onde foi instalada uma Unidade de Polícia Pacificadora, encontra-se “desaparecido” desde o domingo, dia 14 de julho. No final daquele dia, Amarildo foi surpreendido em sua casa por policiais da UPP, sem mandado judicial. Em vez de ser levado para uma delegacia, foi levado para a sede da UPP, para “averiguações” e, desde aquele dia, nunca mais foi visto. Não existe imagem do pedreiro saindo daquela unidade porque as câmeras próximas, inexplicavelmente, estavam desligadas (!). O carro dos policiais tem GPS, mas naquele dia, também estava desligado (!). Os movimentos sociais se mobilizaram e fizeram a devida pressão, a mídia acompanhou o caso, a delegacia de polícia
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investigou, e até agora (escrevo este texto em agosto) todos se perguntam: “Cadê o Amarildo?”. Porém, diante do crescente número de desaparecidos, a pergunta que se deve fazer é a seguinte: Cadê os Amarildos? Mas, quem são os Amarildos? Moradores das comunidades mais pobres, desaparecidos sem respostas, invisíveis e logo esquecidos. O Brasil não possui estatísticas confiáveis quanto ao registro de pessoas desaparecidas. O Globo publicou um estudo realizado junto a delegacias de polícia em 19 estados, revelando que foram registrados 51.703 casos de desaparecimento em 2011, o que significa uma pessoa desaparecida a cada 11 minutos! Oito estados não revelaram seus números aos pesquisadores. Não possuem cadastro de pessoas desaparecidas, mas possuem cadastro de carros roubados. Falta vontade política somada à falta de organização. A vida humana
precisa ser tratada com respeito. Somente no Rio de Janeiro, no mesmo ano de 2011, os dados do governo dão conta de que 5.478 pessoas foram registradas como desaparecidas! Algumas, seguramente, retornaram para suas casas, mas milhares continuam desaparecidas. Há três anos o Ministério da Justiça lançou um cadastro de pessoas desaparecidas. Até hoje está desatualizado, pois indica o desaparecimento de apenas 239 pessoas em todo o Brasil! Muitos delegados mandam a família aguardar 24 ou 48 horas para registrar o Boletim de Ocorrência. Isto é ilegal! A Lei nº 11.259 de 30 de dezembro 2005, que alterou o Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu artigo 208 determina a investigação policial imediata em casos de desaparecimento de crianças e adolescentes. A Lei é conhecida como “Lei da Busca Imediata”. Esperar pode prejudicar a apuração do desaparecimento. Lamentavelmente, muitos casos não
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são investigados. Além disso, faltam ações integradas entre os diversos órgãos do governo, dentro de um mesmo estado e deste em relação aos demais estados brasileiros. No caso de crianças e adolescentes, fuga de casa em razão de conflitos familiares, violência doméstica, rapto e tráfico de pessoas são alguns dos motivos do desaparecimento. Em relação aos adultos, entre 2005 e 2011, a Polícia Federal registrou 157 inquéritos por tráfico internacional de pessoas para fins sexuais. Outros 344 inquéritos referem-se ao trabalho escravo. O povo clama por políticas públicas efetivas que coloquem um ponto final neste gravíssimo problema social. Que a ocupação social das comunidades “pacificadas” aconteça antes do ano eleitoral, aqui no Estado do Rio de Janeiro. Desaparecido em situação suspeita, sob a tutela do estado, o ajudante de pedreiro Amarildo não é o único, mas que seja o último!
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Comunicação Recreio
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Cinema em casa pixar films
Há quem torça o nariz para filmes de ação. Filmes de ação, como de qualquer outro gênero, podem ser bons ou ruins.
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O bom filme de ação é movimentado, mas não o tempo todo. Precisa haver espaço para se desenvolver a trama. Tudo bem, nada de trama muito profunda. É bom, no entanto, que ela envolva o espectador. Do lado de cá, precisamos nos sentir do lado de lá. O bom filme de ação, obrigatoriamente, precisa contar com protagonista e antagonista carismáticos. Se não for assim, o filme trava. Heroína em filme de ação é dispensável. Heróis são misóginos. Eles, e só eles, querem aparecer. Se tiver heroína, que seja bela. Está no cânone dos filmes testosterona. O bom filme de ação deve ter humor e muitas frases feitas. Stallone, em Cobra (filme fraquinho): “Você é a doença, eu sou a cura”, dizia o herói antes de destroçar o facínora. Clichês em filmes de ação são fundamentais. E, finalmente, o bom filme de ação precisa ter cenas fortes. O final deve ser redentor. A catarse é imprescindível. O cruel vilão tem de ser castigado. Filme em que o vilão se dá bem é para europeus. Nós, os simples, gostamos de, ao final do filme, assistir à degradação do vilão. Queremos acreditar que os maus são punidos. Recomendamos, por isso, três bons filmes de ação:
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O último desafio Dirigido por Kim Jee-woon Com Arnold Schwarzenegger, Forest Whitaker, Johnny Knoxville, Rodrigo Santoro, Jaimie Alexander. Após cair em desgraça em Los Angeles devido a uma operação fracassada, Ray Owens (Arnold Schwarzenegger) parte para o interior e assume a posição de xerife em uma pequena cidade na fronteira dos Estados Unidos com o México. O que ele não esperava era que um poderoso chefão das drogas, que escapou recentemente da prisão, quisesse cruzar a fronteira exatamente na cidade onde trabalha. Para enfrentá-lo Ray precisa reunir todo o pessoal que tem à disposição.
Mercenários 2 Dirigido por Simon West Com Sylvester Stallone, Jean-Claude Van Damme, Bruce Willis, Jason Statham e Arnold Schwarzenegger. O grupo de mercenários liderado por Barney Ross (Sylvester Stallone) se une para uma nova empreitada. Após perderem um amigo assassinado pelo temido Vilain (Jean-Claude Van Damme), a turma embarca em uma jornada em busca de vingança. Ao mesmo tempo, recebem a missão de Church
(Bruce Willis) de evitar que Vilain coloque as mãos em uma quantidade impressionante de plutônio enriquecido, que possibilitaria a produção de armas nucleares. Ross contará com a ajuda de Christmas (Jason Statham), Gunner (Dolph Lundgren), Hale (Terry Crews), Toll (Randy Couture) e Trench (Arnold Schwarzenegger), isso sem falar no misterioso Booker (Chuck Norris).
Jack Reacher - O último tiro Dirigido por Christopher McQuarrie Com Tom Cruise, Rosamund Pike e Robert Duvall. Um crime brutal foi cometido contra cinco pessoas ao mesmo tempo e um atirador de elite, veterano de guerra, foi acusado pelos assassinatos sem muita chance de defesa. Durante o interrogatório, ele cita apenas o nome de Jack Reacher (Tom Cruise), um ex-combatente com inúmeras condecorações, dado como desaparecido para o governo e autoridades. Só que ele aparece do nada e resolve investigar por conta própria o tal mistério. Sua teoria é que existe uma ligação entre as mortes e o verdadeiro responsável tem outros interesses, procurando desviar a atenção. Só que Jack não desiste da verdade e tem um jeito especial de fazer a sua justiça, doa a quem doer. (UCS) (Sinopses de www.adorocinema.com)
Jesus,
a igreja e a cidade Pastor . sylmacri@gmail.com
abraçar, defender e praticar o bem. Por isso consideramos passeatas e manifestações como ações inócuas. O que precisamos é pregar e viver o que Jesus ensinou, e então não haverá cidades sitiadas. A Bíblia nos mostra Jesus muito preocupado com a cidade; aliás, mostra-nos Jesus chorando pela cidade: “E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses... o que te poderia trazer a paz!” (Lucas 19.41,42). Ele sabia que Jerusalém matava os profetas e apedrejava os que lhe eram enviados, mas foi
para lá que fez a última caminhada, porque também sabia que não convinha a um profeta morrer fora de Jerusalém (Lucas 13.33-34). Quantas vezes avisou aos seus discípulos que essa cidade seria o cenário dos dois grandes atos do seu ministério: sua morte e sua ressurreição! “Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e o crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará.” (Mateus 20.17-19).
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Nossas cidades estão sitiadas por Satanás. O Diabo as está rodeando, “rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar” (1Pedro 5.8). Seu cerco inclui tráfico de drogas, crime organizado, milícias, antros de prostituição, falsas religiões e crenças, ativistas homossexuais, praticantes de pornografia, produtores e escritores de programas de rádio e televisão, jornais e revistas, autoridades do governo e da justiça, legisladores, ricos e poderosos, etc. Com base em 1João 5.17 podemos dizer que “a cidade inteira jaz no Maligno”. A única maneira de vencê-lo é
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A resposta para os problemas da cidade está na cruz de Cristo. Mais do que nunca precisamos pregar o evangelho da cruz. Não podemos esquecer o fato de que Jesus morreu crucificado numa cidade. Precisamos novamente erguer a cruz de Jesus à vista de todo o povo da cidade, porque “importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê, tenha a vida eterna” (João 3.14,15). Como disse George F. McLeod: “Eu simplesmente argumento que a Cruz deve ser novamente erguida no centro dos lugares públicos, bem como na torre da igreja. Quero resgatar a pregação de que Jesus não foi crucificado numa catedral, entre duas velas, mas numa cruz, entre dois ladrões; no meio de uma multidão; numa encruzilhada tão cosmopolita que tiveram que
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escrever seu título em hebraico, latim e grego (...) num tipo de lugar onde as pessoas falavam palavrões, ladrões blasfemavam e soldados jogavam. Porque foi este o lugar onde morreu. E foi por isto que ele morreu. E é neste lugar que os membros da igreja deviam estar e é nisto que devia consistir ser membro de uma igreja.” (citado por T.B. Maston em Andar como Cristo andou (JUERP, RJ, 1992, p. 48). Necessitamos, como Jesus, de ser capazes de chorar e agir pela salvação da cidade. Permitam-me outra citação, esta de Robert Linthicum: “Para os pobres e oprimidos da cidade, para os perdidos e não evangelizados da cidade, para os ricos e os da classe média ‘beneficiados’ e seduzidos pelos sistemas de suas cidades, para os sistemas e estruturas em si mesmos, possuídos por um demônio
que abusa dessa cidade, Cristo e Sua igreja são a única esperança” (A transformação da cidade, Missão Editora, BH, MG, 1990, p. 57). Portanto, assim como Jesus foi enviado à cidade para nela pregar e anunciar o evangelho do Reino de Deus (Lucas 4.43; 8.1), assim como Jesus foi enviado à cidade para aliviar os cansados e oprimidos que nela há, apesar do seu desprezo e indiferença (Mateus 11.20-24; 28-30), assim como Jesus foi enviado à cidade para buscar e salvar os perdidos que nela há, inclusive ladrões como Zaqueu (Lucas 19.1-10), nós também somos por ele enviados à cidade. Porque somos por Jesus nomeados portadores da única solução para ela: o perdão e a purificação de suas iniquidades por meio do seu bendito sangue, derramado no solo de uma cidade para a nossa salvação.
Diplomacia:
ética ou segurança? Daladier Carlos
Psicólogo e escritor . dalacarlos@yahoo.com.br
A associação dos países em torno de uma agenda comum jamais será um jogo isento das influências da geopolítica e das rodadas de reuniões nas quais os membros defendem
os seus interesses econômicos, todavia, a credibilidade dos seus porta-vozes deveria servir de apoio moral ao contexto das negociações, de modo que o estatuto diplomático pudesse oferecer a confiança e o equilíbrio indispensáveis ao exame das diferenças e, principalmente, ao apaziguamento dos espíritos. Os recentes episódios envolvendo as peripécias da espionagem eletrônica norte-americana a chefes de estados e seus ministros são uma relevante evidência de que, apesar da inevitável presença do fator segurança, ou cautela, ou qualquer outro designativo que se lhe dê, parece existir uma ética de mão única, isto é, quando surge um interesse mais agudo ou uma preocupação de temporada mais longa se sobressai no cenário internacional, a corrida a medidas que seriam a rigor consideradas de exceção imediatamente se instalam e iniciam um percurso de permanência que podem durar muitos anos, assim como ocorreu, por exemplo, no período da guerra fria.
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Qual o padrão mundial de liberdade que queremos? A democracia, com todas as suas deficiências e leniência perturbadora, quando permite protestos e manifestações de toda ordem, é capaz de oferecer resposta confiável às sociedades do mundo? Há, de fato, alguma potência capaz de realizar o complexo papel diplomático de recuperar a confiança do conjunto da comunidade internacional? Afinal, as duas maiores guerras que a humanidade suportou no início e em meados do século vinte deixaram algum legado promissor às novas gerações dos atuais poderes políticos, de modo que qualquer demonstração de força militar se revestisse de um grave erro? É preciso saber qual o ponto de convergência da negociação entre os países que, até por ironia, conseguem separar os acordos de seus governos, e, por extensão, os corolários que os unem à perspectiva de progresso científico, econômico e social em favor dos povos, da espessa nuvem de desconfiança e das medidas extremas de segurança que costumam cercar as atividades das suas principais representações e dos seus órgãos subalternos.
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Em suma, apesar de os certames de interesses de variadas direções parecerem estar à frente dos propósitos humanitários que remetem à paz e à temperança adequada e necessária das divergências, é fundamental que uma ética diplomática mais fortalecida sirva de eixo para o inelutável jogo de forças. Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Velhice vigorosa Utahy Santos
Jornalista . utahysantos@gmail.com
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Há alguns anos, homens e mulheres, aos 60, se preparavam para morrer. Hoje, não é raro que velhos vivam 20, 30 anos além dos 60. E vida de qualidade. O IBGE informa que a média de vida de um cidadão brasileiro é de 72,7 anos. Expectativa ou esperança de vida corresponde à quantidade de anos em média que uma determinada população vive. Esse item é um importante indicador social que serve para avaliar a qualidade de vida de uma população de um determinado lugar. Esta expectativa aumentou graças ao crescimento econômico do país, acesso à água tratada e esgoto, aumento do consumo, entre outros. Em 2060, a expectativa de vida em nosso país será de 81,2 anos. Se considerarmos que de 1940 até 2000, os brasileiros passaram a ter uma expectativa de vida quase 30 anos maior, é impressionante. Segundo a pesquisa Tendências Demográficas, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida da população era de 42,7 anos em 1940, atingindo o patamar de 70,4 anos em 2000. Nesse período houve envelhecimento da população brasileira, que na faixa de 15 a 19 anos aumentou de 53 para 61,8%.
Em 10 anos, a incidência de AIDS na população com mais de 60 anos teve um aumento de 50%, segundo o Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde. Esse número não chega a surpreender, uma vez que a chamada terceira idade possui hoje maior expectativa de vida e é mais ativa sexualmente do que a de décadas passadas. Porém, um dado chama a atenção: a maioria das pessoas idosas é diagnosticada com HIV/
A velhice vigorosa, mal direcionada, pode acarretar em mais infelicidade do que a esperada. O lado bom Chegar a uma idade avançada em péssimas condições de saúde não é bom negócio. O que fazer para evitar este infortúnio, quase todos sabem: evitar o sedentarismo, cuidar da alimentação e visitar o médico regularmente. O fantasma da dependência precisa ser evitado. Sempre é tempo de melhorar a condição física. Iara Salgado, 74 anos, vive sozinha. Tem dois filhos, ambos casados. Quando o marido estava vivo, os filhos moravam no mesmo conjunto habitacional em que ela vivia. Os dois se mudaram e alguns anos depois o marido faleceu. “Fiquei deprimida. Meu temperamento é difícil, sabia que não me adaptaria morando com meus filhos. Não que eles tenham me convidado. Não convidaram. Frequentei uma igreja, mas não sou religiosa. Uma irmã morou comigo uns meses, mas não deu. Estava desesperada. Uma amiga do tempo de igreja me convidou para participar de um programa da Prefeitura, tai-chi-chuan na quadra do conjunto. Me transformei em outra pessoa”. A atividade física é um bálsamo até para feridas interiores. Finanças A grande maioria dos idosos tem aposentadoria irrisória, mas sabe-se que muitas cidades do interior do Brasil sustentam-se graças ao pequeno salário de seus velhos. É cruel constatar-se que no momento da vida em que mais o idoso precisa seus rendimentos são reduzidos drasticamente. A saúde fica mais frágil, remédios precisam ser comprados, os planos de saúde aumentam e o SUS não consegue atender a população.
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Os avanços científicos têm trazido boas e más novidades à população que envelhece. Remédios para disfunção erétil estenderam o tempo de vida sexual de homens que já não tinham condições de satisfazer suas parceiras. A consequência boa é que muitos matrimônios foram revigorados graças à volta a uma vida sexual plena dos casais. Nem todos, no entanto. Passamos, então, às consequências desagradáveis. Mulheres que tinham mal casamento, com relacionamento sexual ruim e que, apesar de tudo, mantiveram-se casadas, não ficaram felizes em saber que se submeteriam, novamente, a parceiros com quem jamais encontraram satisfação.
AIDS, tardiamente, quando a doença já está instalada. E dessas, 37% morrem um mês após o diagnóstico.
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Jorginho Guinle morreu em 2004, com 88 anos. Herdou uma fortuna de 110 milhões de dólares e a dissipou em vida perdulária. Vangloriava-se de nunca ter precisado trabalhar. As dificuldades do final da vida, atribuía à própria longevidade: “Não esperava viver tanto”, dizia.
Jovens não pensam na velhice. Deveriam pensar. Se a condição física pode ser melhorada às portas da terceira idade, a saúde financeira é mais difícil de ser restabelecida. O casal idoso que vive independentemente ou o idoso que vive só precisa ter dinheiro para se manter. Ainda bem que há bons arranjos em famílias saudáveis com boa convivência entre avós, pais e filhos. Em 2060, pela primeira vez na história da humanidade, haverá mais velhos na Terra do que qualquer outra faixa etária. O que significará isso? Ninguém sabe. A certeza é a de que estes velhos serão muito diferentes dos de hoje e terão pouco a ver com os do meio do século passado. Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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A velhice nos arredores da morte Reprodução internet
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Entrevista de Ligia Py, concedida a Samuel Rodrigues de Souza Gerontólogo pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Seção RJ
Lígia Py é psicóloga e gerontóloga, mestre em Psicossociologia e doutora em Psicologia. É autora e coordenadora do Projeto de Valorização do Envelhecer (PROVE) e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tanatologia (NEPT), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A origem familiar de Ligia Py lhe permitiu usufruir o privilégio de ter desenvolvido uma vocação. Isso foi vivenciado desde o colo amoroso da avó, passando pela doçura da primeira professora. Guarda da avó uma certa intimidade com a morte e um aprendizado de luto e de valorização da vida. Professora no ensino fundamental, cerceada pela ditadura militar, buscou os avós dos alunos para romper o silêncio da opressão, pela fala da História de um mesmo Brasil que viveram, em outra ditadura. A experiência está descrita no livro “Testemunhas vivas da História”, produto do seu estudo de mestrado.
Participou da criação do Projeto de Assistência Integral à Pessoa Idosa (PAIPI), no Hospital Escola São Francisco de Assis/UFRJ, para onde foram conduzidos os idosos sobreviventes da catástrofe da Clínica Santa Genoveva, desabada em 1988, numa das calamitosas enchentes do Rio de Janeiro. Foi nesse hospital que conheceu a Geriatria, anunciada pelo dr. José Elias Pinheiro, que a levou à Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Seção Rio de Janeiro, onde foi acolhida como sócia pela então presidente, drª Elizabete Viana de Freitas, em 1990. A esse hospital, chegou também a drª Silvia Pereira, logo depois candidata a presidente da SBGG-RJ. Na sua gestão foi preparada a Jornada de 1993, em agitadas madrugadas na bela e acolhedora casa do dr. Mario
Dentre as produções que a SBGG-RJ lhe propiciou realizar, talvez tenha sido a criação do BOLETIM SBGGRJ e da revista Arquivos de Geriatria e Gerontologia, a semente que tenha conseguido deixar como contribuição mais efetiva. No Instituto de Neurologia Deolindo Couto/UFRJ, criou o Projeto de Valorização do Envelhecer (PROVE), destinado à promoção da saúde dos idosos da comunidade vicinal e ao tratamento dos idosos doentes, numa integração com o Hospital Municipal Rocha Maia, através do serviço coordenado pela drª Elizabeth Regina Xavier. Muito importante nesse Projeto é a formação dos alunos do Instituto de Psicologia e da Escola de Serviço Social. Foi aí que nasceu a ideia da organização do livro “Tempo de envelhecer”, que se concretizou em colaboração com 15 especialistas coordenados por Ligia Py, Jaime Pacheco, Jeanete L. Martins de Sá e Sara Nigri Goldman. Já há muito tempo, Ligia havia se integrado ao trabalho clínico inserido na linha de pesquisa sobre doenças do neurônio motor, desenvolvida no Instituto de Neurologia, sob a coordenação do prof. José Mauro Braz de Lima. Tratava-se da investigação e do atendimento a pacientes portadores de esclerose lateral amiotrófica, que resultou na sua tese de doutorado. Desenvolveu estudos teóricos com a drª Wilma da Costa Torres e obteve orientação clínica do dr. Hannes Stubbe da Universidade de Manheimm.
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Foi apresentada à Tanatologia pela profª Wilma Torres, no Instituto de Psicologia/UFRJ, quando viu descortinarse o ponto de chegada ao caminho que vem seguindo, orientada lá no início pelos mestres Hannes Stubbe, Julieta Sathler e Ghizela Marcel. Chegou, ainda estagiária, à instituição hospitalar e aí permaneceu durante a sua vida profissional, na cena da morte, onde a viu acontecer em todas as idades.
Sayeg, quando morreu, de repente, Edith Motta, que era a 2ª vice. Nesse evento, Ligia sucedeu Edith, com humildade e determinação, procurando inspirar-se naquela gerontóloga de imensa coragem e grandeza.
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A Editora EDIPUCRS, de Porto Alegre, lançou o livro “Velhice nos arredores da morte”, de Ligia Py, que cremos se tornará uma referência para quem se interessa por estudos nas áreas da Gerontologia e da Tanatologia.
É uma das organizadoras do mais importante livro da SBGG, “Tratado de Geriatria e Gerontologia”, juntamente com Elizabete Viana de Freitas, Anita Liberalesso Neri, Flávio Xavier Cançado, Milton Luiz Gorzoni e Sonia Maria Rocha, editado pela Editora Guanabara-Koogan, com 1.187 páginas. Trata-se de um completo tratado de Medicina Geriátrica e de Gerontologia para todos os profissionais e estudiosos da área. Em abril de 1999, por ocasião do Congresso de Geriatria e Gerontologia no Hotel Intercontinental do Rio de Janeiro, Ligia foi agraciada com o título de Presidente de Honra. O livro “Finitude: uma proposta para reflexão e prática em Gerontologia”, organizado por ela, é fruto dos Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Lígia Py é psicóloga e gerontóloga, mestre em Psicossociologia e doutora em Psicologia
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primeiros cursos sobre a finitude humana. A ideia do curso foi de Nara Rodrigues, que o “encomendou” a Ligia, dando-lhe liberdade para constituir uma equipe de geriatras e gerontólogos afeitos ao tema. Pouco depois, Ligia e a geriatra Claudia Burlá passaram a se constituir como uma dupla, que vem, Brasil afora, oferecendo reflexões, conhecimentos e práticas acerca dos cuidados ao fim da vida dos idosos. Agora, o público brasileiro é brindado com o lançamento do livro “Velhice nos arredores da morte: a interdependência na relação entre idosos e seus familiares”, de Ligia Py, pela Editora EDIPUCRS. De acordo com as palavras da saudosa drª Wilma da Costa Torres, criadora, coordenadora e pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Tanatologia (NEPT), esse novo livro de Ligia tem como preocupação central a valorização do ser humano, fundada na Ética do Cuidado, pois “nas situações como o caso da esclerose lateral amiotrófica, quando não existem mais recursos para curar, a palavra-chave passa a ser o cuidado”. Drª Ligia honrou-nos, concedendo-nos, generosamente, a seguir: Como proceder quando se cuida de alguém a quem amamos, com prognóstico de morte próxima? A proximidade da morte de alguém que amamos nos traz um sofrimento imenso. Quando a ligação amorosa é muito forte, esse laço, que está prestes a se desfazer pela morte, nos coloca numa situação emocional dificílima. Por que isso? Porque, quando nos ligamos assim tão profundamente a alguém, há uma parte de nós e uma
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parte do outro que se juntam no nosso mundo interno e a morte significa uma ruptura, um corte desse laço muito forte que nos une e que não queremos ver desfeito. Isso quer dizer que, nessa situação, temos que cuidar de nós mesmos, ao mesmo tempo em que temos que cuidar da pessoa que está para morrer. Imagine a dificuldade! Quando precisamos resolver uma situação de alta complexidade, temos que estar com toda a potência dos nossos recursos internos, ou seja, com a nossa inteligência, a nossa lógica, a nossa emoção sob controle e não é isso que acontece quando se trata da perda iminente de uma pessoa amada. Diante da morte de alguém que amamos, temos duas situações entrelaçadas: a condição terminal dessa pessoa querida e a nossa própria condição emocional. É esperado que estejamos tristes, desolados mesmo, quando sabemos que vamos perder alguém tão amado. Precisamos nos despedir, chorar a perda, lamentar porque vamos deixar de ter essa pessoa querida junto de nós. Contudo, é de extrema importância não nos esquecermos, jamais, de nos regozijar porque a tivemos na nossa vida. Aliás, só sofremos tanto assim com a perda, justamente porque experimentamos a sua companhia benfazeja, muito amada, que, agora, nos deixa para sempre, criando um vazio imenso, com a invasão, no nosso ser, de um sentimento de solidão profunda pela falta que ela nos faz. E há, ainda, outra coisa: a aproximação da morte de uma pessoa amada nos mostra que também vamos morrer um dia. Talvez deva ser essa nossa primeira
reflexão: “Hoje essa pessoa querida minha está morrendo; isso também vai acontecer comigo, só não sei quando e de que jeito vai ser quando for a minha vez.” Aí está traçado o início do caminho que vamos seguir juntos – nós e a pessoa que está nos deixando – vamos acompanhá-la até o final e vamos compartilhar com ela os sentimentos e também as decisões que precisam ser tomadas. Vemos que temos diante de nós a chegada da morte de alguém e vamos ter que enfrentar isso, ajudar essa pessoa a receber a sua morte. Reconhecendo-nos mortais, podemos exercer a nossa ajuda ao outro, fazendo crescer um sentimento de humildade, quer dizer, um sentimento que confronta o limite humano inexorável, ou seja, a nossa própria finitude. Ter humildade não significa ter que se humilhar. Absolutamente. A humilhação é uma indignidade e nenhum ser humano deve submeter-se a ela. Humildade é outra coisa: é a consciência das nossas limitações. A partir daí, podemos nos expandir para realizar muitas das nossas potencialidades. Como diz a música popular, não queremos a morte (mas vamos morrer); não queremos a doença (mas adoecemos); queremos ter sorte (mas nem sempre a encontramos).
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É preciso, também, atender à necessidade de resolver as pendências que angustiam os doentes terminais. É importantíssimo que nos lembremos que a aproximação da morte de alguém é o transcurso da última etapa da sua vida. Assim como o nascimento é um acontecimento único na existência dos seres humanos, a morte também é única. O nascimento é celebrado com alegria, comemorando a entrada na vida. É fundamental que não ignoremos que a ideia da morte, tanto nos causa tristeza como nos conduz à celebração de uma vida inteira que agora está acabando e carece de uma solenidade que a comemore. É a hora em que cai o pano da cena final de uma existência humana. É hora do aplauso. Lembramos Herbert Daniel: “A vida tem que ser algo que, quando termine, mereça comemoração.” Aí fica uma lição para todos nós, não só para celebrarmos a vida de uma pessoa querida que estamos perdendo, mas também para fazer da nossa vida algo que a faça grandiosa, que a faça merecedora de, ao terminar, ser comemorada.
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Quando nos colocamos na relação com a pessoa querida que está morrendo, com toda a extensão da nossa humanidade e com toda a profundidade da nossa humildade, estamos sendo realistas e cúmplices, porque também nós vamos adoecer e morrer. Temos, assim, a possibilidade de dar um passo firme na direção da solidariedade para ajudar a pessoa a chegar ao final da sua vida, com o controle dos sintomas que a afligem, com o alívio das dores que a atormentam. Providenciar atendimento clínico é fundamental, tanto quanto providenciar a assistência espiritual e familiar.
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Qual a diferença entre dor e sofrimento e como podemos lidar com isso? Aprendemos essa diferença com o mestre Leo Pessini. Ele nos diz que a dor tem uma objetividade física que precisa ser mitigada. Não se admite, hoje em dia, com o avanço da tecnologia biomédica, que uma pessoa sinta dores lancinantes, como se via acontecer, até bem pouco tempo, com pessoas que padeciam de algumas doenças terminais. Há medicações e intervenções multidisciplinares que podem resolver o problema. Mas a dor tem, também, um componente subjetivo, que mexe profundamente com o emocional das pessoas. Cada um de nós tem o seu próprio limiar de suporte para a dor, que provém da experiência pessoal. Assim, a dor física é sempre a dor em alguém, em um ser humano particular, que padece essa dor à sua própria maneira, precisando, então, ser atendido nos seus aspectos emocionais. A melhor intervenção nesse sentido é a assistência psicológica e espiritual.
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Uma outra coisa é o sofrimento humano. Embora o sofrimento esteja presente nesse aspecto subjetivo da dor física, é bom que nós aprendamos que o sofrimento é parte inerente da nossa vida. Nenhum ser humano vive sem sofrimento, assim como não vive sem prazer. Sofrimento e prazer são aspectos polares vitais do ser humano. Nascemos sofrendo e, por causa disso mesmo, somos, desde muito cedo, impelidos a procurar o prazer de viver. Por exemplo, o bebê quando sente o desconforto da fome, chora e obtém o leite que o alimenta e conforta; para além da experiência de saciar a fome, ele descobre que sugar é bom. Então, mesmo depois de saciado, ele permanece sugando (o dedo, a chupeta, só porque é bom). O bebê ainda não tem aparato psíquico para saber o que é sofrimento e o que é prazer, mas já passa por situações que o colocam nas vias da descoberta de sofrer e gozar. Vemos, assim, que já nos primórdios da nossa vida, vamos aprendendo a lidar com situações concernentes ao sofrimento e à busca do prazer. O sofrimento tem, para nós, um sentido. Sentido quer dizer duas coisas: significação e direção. Como significação, o sofrimento nos provoca a encontrar o que ele quer dizer para nós, o que ele é, o que ele tem a ver com toda a nossa história de vida, com o nosso passado e o nosso presente, ou seja, o modo como estamos sentindo esse sofrimento é produto de toda a nossa história pessoal. Como direção, o sentido do sofrimento nos leva a algum lugar, a partir do agora, do momento em que estamos sofrendo. Tem a ver com as nossas possibilidades futuras, com as transformações que ele opera em nós, com os nossos propósitos. A proposta é que sejamos transformados positivamente pelo sofrimento, de modo que sigamos na vida, buscando superações possíveis, sempre à procura do prazer de usufruir a nossa vida de uma
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forma boa e prazerosa para nós; boa também para todos os que nos cercam, para tudo o que está conosco, incluindo aí o amor à natureza que nos abriga e da qual somos parte inerente. O que são cuidados paliativos e como devemos aplicá-los? Há uma conceituação de cuidados paliativos desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde, que a drª Claudia Burlá vem difundindo pelo Brasil afora: “cuidados paliativos são cuidados totais ativos a pacientes cuja doença não responde a tratamento curativo, sendo fundamental o controle da dor e de outros sintomas, bem como o atendimento a problemas psicológicos, sociais e espirituais”. Devem ser aplicados a todas as pessoas que se encontram numa situação de doença incurável, quando elas já não se beneficiam das formas convencionais de tratamento, como está claro na conceituação acima. O que é interdependência solidária? Essa ideia nos foi revelada e desenvolvida quando trabalhávamos com idosos pobres, acometidos de esclerose lateral amiotrófica, em dependência total dos seus familiares. Observamos que os idosos doentes dependiam integralmente de quem cuidava deles. Mas essas pessoas, os familiares cuidadores – esposas, irmãos, filhas – também se encontravam aprisionados numa relação em que dependiam dos cuidados que prestavam aos seus doentes. Estavam sofrendo intensamente pelos sentimentos que então afloravam, impulsionados pela radicalidade daquela doença do seu familiar, que exigia um cuidado total. O que foi possível trabalhar com os familiares foi justamente essa condição gestada em sentimentos hostis (como a raiva, a vingança, o nojo e a onipotência), para chegarmos a uma reconstrução da relação de cuidado, que aboliu a hostilidade, dando lugar à solidariedade, a partir da certeza de que nós, seres humanos, somos todos dependentes uns dos outros. Qual o objetivo do seu livro “Velhice nos arredores da morte”? O livro é a transcrição desse trabalho de que falamos acima. Um trabalho que contou com o incentivo inestimável do prof. Paulo de Salles Oliveira, nosso mestre inspirador, crítico precioso, verdadeira joia de exigência e generosidade. Contou, ainda, com a orientação das mestras Wilma da Costa Torres e Maria Luiza Seminerio, amigas, companheiras, sempre ensinando, acolhendo, apontando caminhos e sustentando as nossas angústias. A leitura do livro, que nos faz sofrer, sim, nos provoca a pensar sobre a vida e a morte do outro; sobre a nossa própria vida e a nossa própria morte, convidando-nos a uma reflexão
e ao encorajamento para as transformações que podemos fazer para aprimorar a nossa existência. A leitura desse livro é, na verdade, um convite para entrarmos em contato com idosos doentes à beira da morte e a relação que se estabeleceu entre eles e seus familiares cuidadores. Esses idosos pobres já sofriam, desde crianças, o descaso e a rejeição da sociedade, por conta da pobreza, e, mais tarde, por conta da condição de velhos. O livro apresenta um relato sucinto da história pessoal dos idosos, colhida com muita dificuldade por causa da fala comprometida pela doença.
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São histórias muito tristes, onde aparecem, cruamente, a dominação e o ódio do mais forte sobre o mais fraco. A seguir, estão transcritos momentos do trabalho com o grupo de familiares cuidadores, onde, juntos, tivemos a oportunidade de descobrir e trabalhar a relação de interdependência solidária que nos foi possível alcançar. Recebemos o convite
da PUC do Rio Grande do Sul para publicar o livro, com a finalidade de demonstrar, entre outras coisas, o que diz o dr. Jeckel Neto no texto da Apresentação: “Por que falar de envelhecimento e morte? Por que ouvir os outros falarem disso? Porque ouvir e falar de envelhecimento e morte mostra como a solidão não é somente a ausência de gente ao redor. Porque ouvir e falar de envelhecimento e morte traz histórias de solidariedade, carinho, cuidado e amor. Porque ouvir e falar de envelhecimento e morte mostra como é importante valorizar a família. Porque ouvir e falar de envelhecimento e morte faz compreender a esperança e fortalece a fé”. Esperamos que o livro possa cumprir essa finalidade, ajudando-nos, pelos ensinamentos desses velhos doentes e seus solidários familiares, a enfrentar o sofrimento com a coragem para buscar o prazer; e a receber a morte, com toda a tristeza que tivermos que sofrer, contudo, impulsionados, sempre, para uma celebração da vida.
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Devianart.com
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ciência com Deus
A eo relacionamento Paulo Pancote
Pastor e escritor . ppancote53@gmail.com
paulo pancote
paulo pancote . Howto.drprem.com
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A filósofa norte-americana Dana Zohar declara em seu livro Inteligência Espiritual, “que o interesse crescente pela espiritualidade é uma das formas de o mundo moderno resolver seus problemas existenciais, já que muitas das certezas que as sociedades antigas possuíam foram perdidas”. Essa é uma declaração sintomática, que confirma exatamente a tendência religiosa que Deus implantou em cada ser humano e que parece estar sendo redescoberta atualmente.
Parece que esta realidade está sendo alterada; a aproximação entre a ciência e Deus está ocorrendo, apesar dos opositores de plantão. Até a metade do século 20, a medicina, uma das áreas mais fechadas com relação à fé, encarava as experiências de transcendência espiritual como manifestações de fanatismo – e mesmo de doenças psíquicas.
No livro Gênesis hoje e as questões da ciência (Ed. ABU), o cientista e teólogo inglês Ernest Lucas, pósgraduado em química pelas Universidades de Oxford e Carolina do Norte, mostra que os fundadores da ciência moderna basearam-se inteiramente em conceitos cristãos para acreditar na razão e em sua capacidade de entender a natureza.
Hoje, só para exemplificar, já existem diversos estudos científicos, realizados em hospitais, que constataram ser a oração um fator determinante para a cura e alta mais rápida de pacientes hospitalizados. E este é só um dos aspectos, mas não o único.
Lucas fala em seu livro a respeito do húngaro Stanley Jaki, autor de mais de duas dezenas de livros sobre a relação entre ciência e religião, com doutorado em teologia e pós-graduação em física, tendo sido professor em várias universidades, dentre elas Oxford e Edimburgo, na GrãBretanha, e Yale, nos Estados Unidos.
A mudança vem sendo observada em outras áreas de estudo, que têm se dedicado a pesquisar a religiosidade com metodologia científica. Até a década de 80, era muito raro encontrar, nas principais revistas científicas mundiais, artigos que abordassem algum aspecto ligado à religião. Agora, somente no site do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, existem mais de seis mil textos contendo a palavra religião e além de 20 mil artigos com a palavra prece ou oração. Em nosso próprio país, podemos perceber essa tendência em revistas como Superinteressante e Galileu, ambas especializadas em assuntos científicos, que de alguns anos para cá têm abordado aspectos religiosos em suas reportagens.
O apóstolo Paulo afirma, em 1Coríntios 1.25, que “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias”. Enquanto os cientistas consideraram Deus “loucura” e valorizaram a sua própria “sabedoria”, estavam cada vez mais distantes da verdadeira fonte de sabedoria, que é o Senhor Deus. Mas quando um significativo grupo de cientistas começa a encarar a suposta “loucura” cada vez mais como sabedoria, voltando às origens, há muito esquecidas, pode-se concluir que Deus não é de fato uma impossibilidade, mas um ser real e presente. As questões que envolvem ciência e religião têm aspectos palpitantes e instigantes, que precisam ser abordados com maior profundidade, pois há muito a ser trabalhado nessa área. É o que tomarei como desafio pessoal, para produzir outros textos com esse tema.
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Como, após tantos séculos distanciada da religião, a ciência dá sinais de que está retomando um relacionamento com a fé cristã? O que está tornando isso possível? Segundo especialistas, “foi uma mudança de mentalidade que trouxe mais humildade aos cientistas”. Parece incrível saber de uma alteração de atitude desse nível – cientistas tornando-se mais humildes e receptivos quanto à religião. Estes especialistas perceberam que, “ao contrário do que previram Freud, Marx e outros pensadores, a religião dificilmente deixará de ter um papel fundamental na vida do homem, por maior que seja o seu grau de instrução”. E a prova disso é que, mesmo com todo o progresso científico, mesmo com toda a sofisticação da atual sociedade, o ser humano continua necessitando de um relacionamento religioso, um relacionamento com Deus.
Ele conta que Jaki, em seu livro Ciência e criação, declara que “a investigação científica só encontrou solo fértil depois que a fé em um criador pessoal e racional, realmente impregnou toda uma cultura, a partir da Alta Idade Média. Essa foi a fé que forneceu uma dose suficiente de crédito na racionalidade do universo, confiança no progresso e valorização do método qualitativo – todos ingredientes indispensáveis na investigação científica”.
paulo pancote
Até pouco tempo atrás, ciência e religião conviviam em polos opostos. Quem se envolvia e se aprofundava nas questões científicas não considerava Deus de uma forma séria e real. Como diziam alguns cientistas, “Deus era uma impossibilidade lógica”. A recíproca também era verdadeira, com os religiosos achando que “havia muitas coisas mais fáceis de acontecer do que um cientista crer em Deus e tornar-se realmente um cristão”. Para eles, a ciência era considerada inimiga da religião.
Espero também que esta matéria suscite outros articulistas a também escreverem sobre este assunto, pois há muitos ângulos a serem explorados. Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Graças Carlos Novaes
Pastor . carlospnovaes@gmail.com
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Logo no início da Carta aos Filipenses, antes de tratar de qualquer assunto, o apóstolo Paulo volta o seu coração a Deus e, numa oração, demonstra gratidão pela existência da igreja de Filipos: “Agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês” (1.3). A gratidão é uma virtude. Paulo a coloca entre outras virtudes do fruto do Espírito, em Gálatas 5.21. É uma virtude por estar intimamente ligada à humildade. Só agradece quem é humilde, quem reconhece que não é autossuficiente, quem admite precisar do outro, quem não possui arrogância e sabe identificar aqueles que o ajudaram. Cito o filósofo Comte-Sponville: “O orgulho não quer dever e o amor-próprio não quer pagar. Como não seria ele ingrato, se só sabe amar a si, admirar a si, celebrar a si? Há humildade na gratidão. O que a gratidão ensina, porém, é que existe
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também uma humildade alegre, porque ela sabe que não é sua própria causa, nem seu próprio princípio.” É muito sugestivo que a primeira palavra de Paulo ao iniciar sua carta, logo após a saudação, seja uma palavra de gratidão: Eukharistô, agradeço. Antes de abordar qualquer outro tema ou assunto, a primeira postura assumida pelo autor sacro é a da gratidão. Ele faz a mesma coisa em outras epístolas, como Romanos 1.8, 1Coríntios 1.4, 2Timóteo 1.3 e Filemom 4. Na postura da gratidão, o primeiro olhar é sempre para cima, é vertical: “agradeço a meu Deus”. Pois a gratidão começa a se expressar por meio do reconhecimento da graça e da misericórdia de Deus. A gratidão reconhece que a graça divina é a fonte de todas as bênçãos.
Reconhece que nada merecemos e que, se recebemos bênçãos, outra não é a procedência senão a graça, ou o bem que o Senhor nos faz sem que tenhamos méritos pessoais. Por isso é uma aberração, em certas áreas do evangelicalismo moderno, a ênfase na barganha com Deus para adquirir bênçãos. Ninguém pode negociar bênçãos divinas, pelo simples motivo de que ninguém merece qualquer bênção. Tudo procede da graça e da misericórdia do Senhor. Paulo entende assim e ergue seu olhar grato em direção àquele que é o manancial das bênçãos imerecidas. E mais: o apóstolo usa o pronome possessivo “meu”, ao referir-se a Deus: “agradeço a meu Deus”, indicando uma experiência pessoal com o Senhor. Para Paulo, Deus não se tratava de uma teoria teológica, de uma força impessoal cósmica ou de algo tão somente transcendente, mas era alguém com quem ele mantinha
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uma relação contínua. Era o mesmo Deus dos filipenses, mas com uma configuração própria e específica para Paulo à luz da sua experiência pessoal. Há ainda uma última observação a fazer: os filipenses eram o motivo central da lembrança agradecida: “agradeço a meu Deus toda vez que me lembro de vocês”. Que coisa boa sabermos que, quando se lembram de nós, o fazem com gratidão e alegria.
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Muitos apenas deixam lembranças amargas e sofridas após sua passagem, mas a igreja de Filipos deixara no coração de Paulo uma agradável e agradecida recordação. Mais do que desejar obter bênçãos, deveríamos nos preocupar em ser bênçãos de Deus na vida dos outros. Deveríamos nos esforçar para ser motivos de gratidão e alegria, de agradável lembrança e de profunda inspiração para os que convivem conosco e estão ao nosso redor.
funnyjunk.com
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sxc.hu
Juventude e as
drogas
Marcos Werton
Pastor de adolescentes . marcos@igrejadorecreio.org.br
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Há alguns anos um usuário de drogas tinha um determinado estereótipo. Em geral, tinha-se a ideia de um adolescente ou jovem com baixa instrução acadêmica, família desestruturada e integrante das classes econômicas D e E. Como pastor de adolescentes, num bairro de classe média da cidade do Rio de Janeiro, vejo, conforme a publicação de várias pesquisas, que essa realidade mudou. A droga saiu da periferia dos grandes centros urbanos e alcançou com velocidade as cidades do interior do Brasil. Ela não está mais restrita a uma raça, cor ou confissão religiosa. Seja nos casebres ou nos condomínios de luxo, o uso de drogas alcança inúmeros adolescentes e jovens, dentro ou fora de nossas igrejas. A oferta da droga que se resumia às baladas ou festas da cidade, também é frequente, nas escolas de ensino médio e nas universidades de nosso país. Agora mesmo, enquanto você lê esse texto, centenas de milhares de adolescentes serão iniciados no uso e abuso de drogas em todo o mundo. Tenho uma certeza em meu coração: precisamos, como sociedade, pais, filhos, pastores e igreja contribuir para que essa epidemia não destrua esta e a nova geração. Como comunidade de discípulos de Jesus, não podemos ficar indiferentes às lágrimas de uma família em que seu filho está envolvido com drogas. Ficou marcado em minha memória o dia em que uma mãe me procurou muito aflita. Ela chorava demais e não sabia como começar a conversa. Então, a encorajei a compartilhar suas dores e assim ela fez. E disse: “Minha
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filha está usando drogas”. Não quero aqui descrever o que a levou ao uso, mas, sim, desafiar você a sentir a compaixão que movia Jesus a ir de cidade em cidade levando graça, consolo, misericórdia e esperança. Foi assim que me senti. Que esse sentimento mova você de tal forma a não apenas chorar por ou com essas pessoas, mas que você contribua de alguma maneira para impedir que outras famílias e até a sua, ou ainda você mesmo, não passem por tamanho sofrimento moral, espiritual, social e físico. Dentro ou fora de nossas igrejas espalhadas pelo país, precisamos realizar movimentos práticos e contextualizados, à luz do evangelho de Cristo, com o objetivo de formar uma cultura em que adolescentes e jovens tenham orgulho da abstinência ao uso de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas; em que nossos adolescentes e jovens não se sintam como alienígenas por não ter bebido ou consumido algum tipo de droga ao participarem de encontros sociais, como alguns de seus colegas na escola, na universidade, no ambiente de trabalho ou até familiares. Certamente, não conseguiremos prevenir e muito menos tirar adolescentes e jovens que estão vivendo uma fase de transformação física, emocional e social, se não fortalecermos a família através dos ensinamentos de Jesus. De forma inteligente e coerente, chegar antes da droga é possível e absolutamente necessário. Lembre-se sempre: não importa quão estruturada pareça ser a família. Pode acontecer com qualquer um de nós.
Quem quem
Denise Guimarães
Pedagoga e pós-graduada em Teologia Bíblica e Sistemática Pastoral . dpvguimaraes@gmail.com
dá-me uma mão a mim e a outra a tudo que existe e assim vamos três pelo caminho que houver, saltando e cantando e rindo e gozando o nosso segredo comum que é o de saber por toda a parte que não há mistério no mundo e que tudo vale a pena.” (Alberto Caeiro) Neste poema o autor quer nos mostrar uma filosofia de educação inversa. De uma forma poética, tenta nos mostrar que podemos aprender com as crianças. Assim como Rubem Alves, teólogo, professor e psicanalista da Unicamp, ao afirmar que: “... os mestres se transformem em aprendizes, que os adultos se disponham a aprender das crianças” (Alegria de ensinar).
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“A mim a criança ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me para todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas. A criança eterna acompanhando-me sempre. A direção de meu olhar é o seu dedo apontando. O meu ouvido atento alegremente a todos os sons. São as cócegas que ela me faz brincando nas orelhas. Ela dorme dentro da minha alma e às vezes acorda de noite e brinca com os meus sonhos. Vira uns de perna para o ar e põe uns em cima dos outros e bate palmas sozinha Sorrindo para o meu sono A criança nova que habita onde vivo
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educa
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Creio e vivencio esta verdade. Ao lidar com diferentes crianças, das mais diversas classes sociais, posso experimentar o prazer de aprender com os pequeninos. Lembro-me do relato de Milene, mãe de Davi (6 anos), criança de nosso ministério. Ela narrou que ao corrigir seu filho de um erro cometido, ele a indagou sobre o perdão dado por Jesus à mulher adúltera. Óbvio que o perdão está implícito em qualquer situação, pois assim o Senhor nos ensina. O que ficou evidenciado é que o menino aprendeu a associar o perdão requerido por ele às lições bíblicas ensinadas.
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denise guimarães .
O próprio Jesus exaltou as crianças como “herdeiras do reino de Deus” em Lucas 18.15 a 17. Nesta passagem o mestre dos mestres vem nos ensinar que se não nos tornarmos como uma criança, não poderemos entrar nos céus. É interessante ressaltar como alguns de seus alunos (discípulos) tiveram dificuldade em entender tal ensinamento. Ao afastarem as crianças do mestre, não como repúdio aos pequeninos, creio eu, e sim por entenderem que eram seres de pouca importância. Não os culpo, porque assim era a cultura (visão) da época. Groddeck, um dos inventores da psicanálise, afirma que: “Somente o artista, o poeta e a criança conhecem o segredo da harmonia da vida”, e continua “o mundo da infância é o reino perdido, o universo mítico em torno do qual gira toda a existência humana. “Se a infância é o lugar da integridade do homem, a vida constitui uma aspiração a esta integridade. O objetivo da vida é ser criança.” Jesus sabia que para os adultos verem as crianças como “herdeiros dos céus” significava uma violação aos seus preceitos. Como poderiam os homens (sexo masculino) com preconceitos tão enraizados, tornar a serem puros e simples como as crianças? Para nós adultos, o normal é vê-las como seres que precisam ser ensinados. Não que não tenhamos que dar limites, educação de um mundo letrado e instruído. Mas é necessário que aprendamos com elas a simplicidade, transparência e pureza no seu pensar e agir. Cabe aqui relatar um fato ocorrido em minha casa. Minha filha, aos 5 anos, perguntou ao pai como ela foi parar na minha barriga. O pai lhe informou que havia me beijado muito e assim passou a “sementinha”. De certo que ele não estava preparado para responder a tal questionamento. Mas, creiam, meu esposo é um homem inteligentíssimo. Dias depois, minha amada filha veio questionar-me o seguinte: “Mãe, se o papai te beijou muito e passou a “sementinha” pela boca, como não sai no coco?” Surpresa, respirei fundo e sentei para explicar como de fato se dá a concepção.
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Na Bíblia há diversos relatos sobre crianças que foram usadas por Deus em momentos de tensão e decisão e que fizeram algo relevante na história da humanidade. Exemplos disto são: Samuel, a escrava de Naamã e Moisés. E.T. Sullivam citou: “Quando Deus quer que uma grande obra seja feita no mundo ou uma grande injustiça corrigida, faz isso de maneira bastante fora do comum. Ele não envia terremotos nem relâmpagos. Em lugar disso faz nascer um bebê indefeso, talvez numa casa simples e de mãe obscura. Deus coloca então sua ideia no coração da mãe e ela coloca na mente da criança. As grandes forças no mundo não são os terremotos nem os raios e trovões. As grandes forças do mundo são os bebês.” No livro de Mike Mason “O mistério das crianças”, ele descreve que “se não aterrissarmos de vez em quando na terra da infância, acabaremos nos transformando em adultos secos, austeros e enfadonhos. As crianças são prova viva de que é possível, sim, seguir o conselho de Jesus, como aparece em Mateus 6.34: “não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados.” Vivemos dando explicações por termos uma vida cheia de complicações. Arrumamos desculpas para tudo. “Não tenho tempo”, “estou ocupadíssimo” ou “tenho obrigações e responsabilidades”. É bem verdade que vivemos em um tempo muito atribulado, mas isso não é motivo para vivermos sem alegria ou espontaneidade. Como crianças temos liberdades e como adultos temos responsabilidades. Como pais precisamos lançar mão desses dois recursos, a fim de mantermos um relacionamento saudável e agradável com os nossos filhos. Não podemos brincar o tempo todo e deixar as responsabilidades de lado, mas também não podemos deixar de dar limites e mostrar as reais responsabilidades. É necessário nos colocar no nível das crianças para entender e compreender como elas vivenciam a visão de mundo. Maravilhoso foi o que o Pai Celeste fez através de Jesus Cristo. Ele enviou seu filho como bebê, tornouse menino, cresceu, transformou-se em homem e nos salvou. John M. Drescher, pastor na Virgínia, EUA, pai de 5 filhos e 12 netos, descreve em seu livro “Sete necessidades básicas das crianças”. “Quando a princesa Margarete da Inglaterra tinha cinco anos os jornais noticiaram que ela saiu, certo dia, bastante desapontada da igreja. A oração do ministro a perturbara muito. “Por que ele só orou por você, pelo papai e por Elizabete?”, perguntou ela à mãe. “Eu sou tão ruim quanto vocês.” Drescher explica que: “É fácil para os adultos negligenciarem
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as necessidades espirituais e preocupações das crianças.”
Em Deuteronômio6. 6-8 está escrito “estas palavras que hoje te ordeno, estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás como sinal entre teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.” Esta palavra vem nos ensinar que primeiramente os pais devem ter comunhão com Deus, para que assim possam influenciar a vida de seus filhos. É preciso que pais e filhos sigam o caminho juntos e não só o mostre. Desta forma, as crianças poderão compreender Deus e experimentá-lo através deste relacionamento.
Crendo no que está escrito em Provérbios; “Instrui ao menino no caminho que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”. Nós da Rede Recriança da PIB do Recreio temos por objetivo dar suporte aos pais na educação espiritual de seus filhos. Cremos que juntos, pais, crianças e Equipe Recriança, poderemos edificar a vida daquelas que são “herdeiras do Reino de Deus”.
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A Bíblia fala que a responsabilidade da educação religiosa dos filhos está nas mãos dos pais. Que o lar é a primeira instituição onde a criança deve ser treinada/ensinada a seguir o caminho certo.
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É necessário que as crianças saibam qual a posição delas diante de Deus e que aprendam corretamente os conceitos do Senhor.
Neste mês da criança, teremos várias programações que irão dar oportunidade a todos nós, crianças grandes e pequenas, de termos momentos de alegria, aprendizagem e comunhão. Juntese a nós! Venha nos conhecer. Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Além do Bojador Wesley Cavalheiro
Treinador comportamental . www.lumen4you.net
Meu tempo na vida militar-naval legou-me marcas profundas. Marcas que viriam a determinar um estilo de vida, por serem tanto cognitivas quanto emocionais.
wesley cavalheiro
wesley cavalheiro .
Uma das lições que aprendi dentre as muitas deste período: para liderar com eficácia é essencial saber ser liderado, inclusive pelos liderados. Comandar um dos navios que comandei é manterse em constante alto risco. As situações de avarias inopinadas da propulsão junto a outros desafios de trabalho proporcionaram ao pequeno e velho barco uma tripulação de homens de ferro, com a têmpera forjada no calor do perigo, malhadas, literalmente, com suor e dor. A interdependência neste ambiente gerou uma equipe. Aqueles homens foram a encarnação das palavras de Fernando Pessoa: “Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor. / Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu.” É isso! “Experienciar” o sublime requer passar além da dor. Pouco mais de um ano antes, alguns tripulantes e eu chegamos à embarcação. Desconhecidos uns dos outros, éramos um grupo de profissionais. Só isto. Nossa primeira missão foi delinear a construção de um farol no ponto mais alto de uma ilha. Duas equipes já tinham sido enviadas anteriormente e ambas relataram que não era possível. Forneceram alternativas, mas nenhuma que atendesse satisfatoriamente “ao que o chefe queria”. Ao chegarmos à ilha, a equipe de reconhecimento desembarcou, retornando em pouco menos de uma hora. “Não dá para subir”; “a vegetação é muito cerrada; ‘galhos’ molengos, flexíveis”, “não conseguimos abrir caminho”, etc. Regressamos à base, mas não me contentei com o resultado. Programei refazer o reconhecimento em três dias. Selecionamos vestimenta que protegesse todo o corpo (macacões, botas, luvas e capacetes) e equipamentos de mata apropriados (facões, facas e machados afiados, serras, cordas, etc.). Ao chegarmos ao local, uma última modificação: incorporei-me à equipe. Já na borda da subida, nada falei e, simplesmente, fui... Em 60 minutos estávamos
no alto da elevação, por cima da mata, vislumbrando uma das mais belas paisagens que o olho humano pode apreciar. Às vezes liderar é isso: posicionar-se à frente para determinar. Trata-se de um dos estilos de liderança (autocrático) mencionados por Ken Blanchard e Paul Hersey. Com o passar do tempo, na execução das sucessivas tarefas atribuídas ao navio, cada membro do grupo foi se comprometendo, entusiasmando, esforçando, superando, interagindo uns com os outros de tal forma que havia ‘um só coração’, uma sinergia fluindo livre e espontaneamente, fazendo com que os resultados passassem a ser surpreendentemente excepcionais. O estabelecimento da confiança mútua gerou que, não raro, minhas decisões provinham das sugestões e pedidos da tripulação. Eles sabiam como eu pensava e, por isso, as sugestões e pedidos eram alinhados com os valores estabelecidos, visando ao bem comum e resultados efetivos, o que me proporcionava outro tipo de liderança, a democrática, que inclui a delegação. Entre o estágio inicial e este, a liderança de orientação e apoio. Meu maior desafio – e dificuldade – foi criar dentro de mim um ambiente que favorecesse o desenvolvimento da maturidade da equipe. Mais que nunca a flexibilidade foi uma competência crítica e desenvolvê-la requereu inteligência emocional expressa em paciência, tolerância e, sobretudo, crença. Crença no potencial e no poder de valores universais sólidos: ao lidar com uma alma, seja apenas outra alma humana; não há limites para a doação em quem se tem confiança irrestrita; o sucesso é dos que ‘jogam’ o jogo do ganha-ganha; – sobrepondo a realidade obscura, pobre e medíocre com que se é tentado na ilusão do “não tem jeito”, ou “o sucesso é para alguns”, ou “uns nasceram para mandar e outros para obedecer”, ou, ainda, “para uns ganharem outros têm que perder”, etc. Ainda em Fernando Pessoa se lê a síntese: “Valeu a pena! Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. A síntese do mistério do Cristo feito humano e caminho para o que é humano tornar-se divino.
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O novo da Veja
teólogo Isaltino Gomes
O problema são alguns colunistas que desejam teologar. Acho isso incrível. A turma não quer a Igreja Católica e as igrejas evangélicas opinando sobre a vida secular, mas quer o direito de ditar à Igreja e às igrejas uma agenda. Querem um estado leigo (o que quero também), mas querem uma igreja secularizada. Primeiro foi Maílson da Nóbrega, que saindo de sua área de conhecimento, Economia, onde é muito bom, postou o artigo “Falácias e verdades”, na Veja de 26.9.11. Afirmou que a Bíblia dizia
Globo.com
que o Sol girava ao redor da terra e assumiu a versão burlesca e falsa do julgamento de Galileu, que teria murmurado entre os dentes “Mas ela se move”. Mentira e burla que detratores da Igreja espalharam. O dr. Maílson alcandorou à esta patacoada o senso de fato. Respondi-lhe no artigo “Falácias e verdades ou: Maílson da Nóbrega, pergunte antes de afirmar” (ver no site www.isaltino.com.br). Impressiona como as pessoas falam bobagens sobre a Bíblia, sobre o cristianismo e sobre a Igreja e as igrejas sem conhecer nada. Meu desencanto total com a maçonaria se deu com a leviandade habitual de um “maçonólogo” (cada uma que aparece!) que escreveu um artigo ridículo sobre o Livro de Enoc, como eles grafam, com um monte de tolices, ignorâncias e mentiras tão grotescas que só fanatizados aceitam. Ignorante de que há vários livros atribuídos a Enoque, o autor fala de um só, que a Igreja tirou do
cânon porque ia contra sua posição teológica. Poucas vezes, em tão poucas linhas, vi tanta bobagem junta. Enviei uma carta à redação da revista e entreguei cópias a vários maçons de destaque. Como uma instituição que diz prezar a verdade publica tanta bobagem, com ar de pesquisa? O maçonólogo, que não é “verdadólogo”, continua ditando escrevinhação! Isso me aborrece! O mundo é medíocre, inculto, desconhece fatos e insiste em afirmar abobrinhas em alto e bom som! Na Veja de 7.8.13, J.R. Guzzo escreveu “Pensamento simples”. Assume o papel de “teólogo” que dita à Igreja uma agenda que ele acha correta. Uma questão deve ser estabelecida desde o início: a Igreja é a única instituição sobre a face da terra que reivindica autoridade divina. Se o pessoal concorda ou não, se gosta ou não, não vem ao caso. Mas se a Igreja e as igrejas perderem essa noção de substância, nada podem fazer. Nivelam-se a qualquer outra instituição. Sequer merecem o espaço que lhe dão. Não compete aos de fora ditarem a agenda da Igreja e das igrejas. Parece-me com a postura do “cristianismo alemão” e das igrejas controladas em países comunistas: “Vocês pregam o que nós dizemos”. Não querem os palpites da Igreja? Recusem-nos. Mas não deem seus palpites à Igreja.
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Assino a Veja há anos. Gosto de lê-la e sua chegada em casa (em Macapá, três ou quatro dias após surgir nas bancas – se o entregador não erra o endereço) é bem saudada. Junto com outras publicações, ela defende um Estado soberano, democrático, de leis e ordem, que alguns que pensam em democracia como a imposição de suas ideias rejeitam (os que sabem o que é melhor para o povo – na melhor aristocracia platônica, mas de esquerda). São os que querem a democratização da imprensa (controlada pela máquina partidária) e que falam em monopólio da informação, esquecidos que monopólio alude a um, e que havendo muitos poderia, na pior das hipóteses, se chamar oligopólio. Nem a língua portuguesa o pessoal saber usar. Bem, há quem goste de “muito pouco”, ao invés de “pouquíssimo (se algo é pouco não é muito).
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Pastor . isaltinogomes@hotmail.com
Guzzo afirma que a Igreja deve cumprir o Sermão da Montanha, que ela nunca cumpriu, e que é “o texto mais importante do Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Evangelho”. Ele deve possuir um “importantômetro”, que mede o grau de importância das passagens bíblicas. E não deve ter lido todo o Novo Testamento para uma visão global de seu ensino, e assim não entendeu o Sermão do Monte quando o leu. Sua função, no evangelho de Mateus, é mostrar aos cristãos de pano de fundo judaico, que a antiga ordem já passou. “Moisés disse” é trocado por “Eu, porém, vos digo”. “Ouvistes” é substituído por “Mas eu vos digo”. Jesus estabelece que é o seu ensino e não a bagagem passada que deve ser carregada. Tanto que o ponto de julgamento (Mt 7.24-27), não é mais a Torah, a lei dos judeus, mas “estas minhas palavras”. Findo o sermão, a multidão se admira da qualidade do seu ensino, em oposição aos dos fariseus, cerne teológico do judaísmo. Estes transformaram a religião em matéria de ritos, gestos, roupas pomposas, celebrações teatrais. Jesus a traz para o interior. “Tu, porém, entra em teu quarto”. Até o “Pai nosso” deveria ser recitado na vida privada, e não na praça. Jesus internalizou a religião, tirando-a da gestualidade teatral que inclusive sucede nas viagens papais e em algumas seitas neopentecostais, em que a entrada do pastor é saudada com o toque do shophar, cena para lá de grotesca! Lendo todo Mateus, Guzzo terá uma noção melhor do papel do sermão do monte, por que está ali, enquanto que, em Lucas, se localiza em outro momento histórico. Os dois evangelistas usaram-no em seus contextos literários, inserindoos como parte (e não a totalidade) da mensagem cristã, mostrando que sua ética permeia o evangelho, mas não é a essência do evangelho. Ao dizer que ela nunca cumpriu o Sermão da Montanha, ele ignora fatos. A Igreja teve falhas enormes, mas humanizou o mundo. Quantos hospitais, trabalhos com hansenianos, ajuda a mendigos e apoio a necessitados a Igreja e
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as igrejas têm cumprido! Guzzo ignora a luta social de Wilberforce. Ignora Madre Teresa da Calcutá. Ignora Martin Luther King Kr, com sua resistência pacífica, tirada do Sermão. Quando a polícia veio agredir os negros, King mandou que se sentassem e apanhassem. Ali eles venceram! Guzzo ignora Visão Mundial, Compassion, o trabalho de Charles Colson pela humanização dos presídios. Ignora Schweitzer, ambulatórios e escolas para carentes feitos pela Igreja e pelas igrejas. Até mesmo a Ordem Franciscana. Ignora que o trabalho dos batistas tirou mais gente do crack que a política de tolerância governamental. Que nossos orfanatos mudaram o destino de mais crianças que a Fundação Casa. Vamos fazer um levantamento? Lendo o Novo Testamento, Guzzo verá que o mais importante da Bíblia não é sua ética, mas a obra de Jesus Cristo efetuada na cruz. Pode não gostar disso, mas não faz diferença porque é isso. Não gosto de Marx, mas não posso dizer que Marx ensinou o que eu acho que ensinou, e que destoa do que ele escreveu. Os quatro evangelhos terminam com a morte e a ressurreição de Jesus. As cartas do Novo Testamento, bem como o livro de Atos tratam deste assunto, como sendo a culminância do judaísmo e o tema central do cristianismo. O judaísmo é o vinho velho. Em Jesus chega o vinho novo. Paulo disse que o evangelho é isto: “Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras e ressuscitou dos mortos, segundo as Escrituras”. O mais importante na Bíblia, sr. Guzzo, é a pessoa de Jesus, e não uma parte de seus ensinos. A igreja de Cristo foi fundada com base nesta pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Não foi “Que achais do Sermão do Monte?”. O autor encerra o artigo falando sobre o Sermão da Montanha: “...é nele que Cristo ensina que o homem tem de ser honesto, tolerante e generoso, tem de dizer a verdade,
saber perdoar e buscar a justiça, viver em paz e amar o próximo”. Jesus não precisaria vir ao mundo para dizer isto. Foi dito no Antigo Testamento, e com muito mais ardor pelos profetas que por ele. Dizem as pessoas sem muita noção: “Ele foi morto porque pregou o amor e a paz”. Engano. Por que morrer por dizer isto se isto fora dito milhares de vezes, antes? Ele ensinou a si mesmo, não uma verdade atrás da qual se escondeu. Lendo os evangelhos, se verifica que o tema de Jesus foi Jesus. Praticar sua ética é consequência de crer em sua pessoa e comprometer-se com ela. Quanto à tolerância com gays, a opção pelo celibato e a negação do concubinato (viver com outra pessoa sem ser casada com ela – políticos casados não têm mais amantes, mas namoradas), desculpe. Sr. Guzzo, não lhe compete dizer à Igreja o que fazer. A questão não é “não pode isso não pode aquilo”. A questão é de valores que a Igreja adotou e em que sua cosmovisão faz sentido (as questões de varejo) porque mexem na questão do atacado. Não é tão simples assim. Não entender isso é ser simplório. A Igreja teria que mudar em cada geração, perderia sua autenticidade, voaria ao sabor dos ventos, nada teria a dizer ao mundo. O simples é isto: ela é voz de Deus ou eco da voz dos homens? Sobre seu argumento que parece ser o desencadeador da argumentação, quando o Papa diz que “Se uma pessoa é gay, procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”. É uma pergunta retórica. Qualquer um pode buscar ao Senhor. É óbvio. Mas há comportamentos que a Bíblia diz que o Senhor não aceita. E a Igreja e as igrejas não têm autorização para uma nova Bíblia. Soa confuso? É simples: a Igreja não se vê como uma ONG criada para satisfazer as pessoas e massagear seu ego. Ela tem valores muito ricos, que vêm de milhares de anos, não pode se pautar pelas novidades que surgem.
O que querem não é a humanização da Igreja, mas seu amordaçamento. Ela é vista como quem deve apoiar tudo o que os homens fazem, pois sua função é tornar pessoas felizes. Isso é ser simplório. Adaptar a mensagem do evangelho às épocas e aos quereres humanos simplesmente a aniquilaria. Se é para dizer que tudo é certo e que podem fazer o que quiserem que a Mamãe Igreja perdoa os filhinhos, ela não é necessária. Em tempo, sou protestante. A igreja não me é mãe, mas irmã. A Igreja e as igrejas não devem buscar popularidade e aplauso do mundo. A multidão que gritava “Hosana ao Filho de Davi”, menos
Críticos da Igreja e das igrejas: vocês já tentaram ouvir? Já lhes passou pela cabeça que podem estar errados e que devem acatar a primeira mensagem da igreja cristã? Em tempo: a primeira mensagem da igreja cristã não foi o amor, mas o chamado ao arrependimento, à mudança de atitudes e uma nova vida com Deus. Já pararam para pensar que devem mudar de vida? Há uma possibilidade mínima de que estejam errados, em seu culto a si e aos seus desejos? Releia o Sermão da Montanha, dr. Guzzo. Leia as cartas do Novo Testamento. Veja o todo para entender as árvores. Absolutizar o ensino do Sermão da Montanha é ver uma folha e pensar que viu a floresta. Meus respeitos. Já li muito do senhor, e admiro sua competência. É a primeira coluna que leio na Veja. Continuarei lendo e o respeitando como intelectual que me instrui. Continuo lendo Maílson da Nóbrega. Que é competente. Só não leio mais o Xico Trolha por causa do seu Enoc. Deste pulei fora. Leviandade me agasta.
Área de
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Guaratiba pode virar parque (Fonte: Folha de S.Paulo, O Globo, texto de Denise Luna, 24/8/2013)
O Campus Fidei, onde seria realizada uma vigília durante a JMJ, e, em seguida, uma missa do papa, poderá virar um parque, aos moldes do Parque de Madureira, depois que os próprios moradores rejeitaram a ideia do lançamento de um bairro popular no local, o que aumentaria a densidade demográfica da região.
curta nota
de uma semana depois gritava “Crucifica-o!”. Como ministro religioso não busco aplausos. Nem do rebanho que Deus me confiou. Busco ensinar o que a Bíblia diz. As pessoas devem obedecê-la e não tenho autoridade para ajustá-la ao querer humano. Quem não concordar não concorde. Da mesma forma com a Igreja. Quem não concorda com ela, paciência. O que não se pode é ter uma Igreja para cada tipo de pessoa. A concepção dominante, aqui, é o conceito de Igreja. Ela tem origem espiritual, com valores eternos, ou é uma instituição humana? Ela tem uma mensagem da parte de Deus aos homens ou é um organismo que toma decisões pela opinião pública e assim revê seus valores pelo viés da vontade humana? É a Bíblia ou o Ibope?
“Ainda não temos uma definição sobre o Campus Fidei. Estamos estudando, convidamos alguns especialistas, e o que fizemos foi congelar e inviabilizar qualquer tipo de edificação ali. Estamos esperando esse estudo para definir o que poderá ser ali, se um parque, uma área protegida”, disse Paes.
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Ela já foi usada, indevidamente, para defender a escravidão e a violência. Como a frase de José de Anchieta: “espada e vara de ferro, que é a melhor pregação”. O contexto cultural de Anchieta adaptou a mensagem do evangelho. A Igreja de verdade, muitas vezes, terá que ir contra a cultura vigente. O verdadeiro evangelho refuta essas práticas. Como o infanticídio, a poligamia e o canibalismo eram práticas sociais aceitas e saudáveis, até que o evangelho as condenou. Sempre haverá choque entre os valores da Igreja e os do mundo. Por causa da maciça propaganda gay, o homossexualismo está em alta. Quem discorda (mesmo sem combater) é homofóbico. Parece que a única virtude válida hoje é a tolerância, vista como uma caminhada na direção da ditadura do pensamento único, que abole a concepção de democracia. Só que a tolerância é sempre com os do mesmo lado. Podemos ser chamados de ”fundamentalistas” por gente que sequer sabe a origem do termo. Mas se chamarmos alguém do outro lado de “devasso”, estamos em maus lençóis. Se discordo de alguém, sou preconceituoso. Se alguém discorda de mim, usa de seu direito de expressão. É a pasteurização conceitual.
Em visita a Guaratiba, dentro do projeto Prefeitura Itinerante, o prefeito ouviu dos moradores pedidos de melhorias na qualidade do transporte público e dos serviços oferecidos pela saúde; reforma da Fazenda Modelo; e a criação de um grande parque no terreno do Campus Fidei. “Até 2016, não teremos mais nenhum bairro de Guaratiba sem urbanização adequada”, disse o prefeito durante o encontro com a população. Até 2016, segundo o site da Prefeitura do Rio, 253 localidades e 2.246 vias da zona oeste serão beneficiadas, o que atinge cerca de 556 mil pessoas. Serão 511km de rede de drenagem, 1.850km de rede de esgoto e água potável e 555,5km de pavimentação. Revista Elos | Edição 12 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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Dercinei Figueiredo Pastor | dercinei@email.com
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” – Mateus 5.6. “Se sabeis que Ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dEle. [...] Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como Ele é justo. [...] Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça [...] não é de Deus” (1João 2.29; 3.7,10).
Segundo Aristóteles (384-322), “justiça” denota, ao mesmo tempo, legalidade e igualdade. Assim sendo, justo é tanto aquele que cumpre a lei (justiça em sentido estrito), quanto aquele que promove a igualdade (justiça em sentido universal). Justiça é a igualdade de condições e oportunidades dos cidadãos diante da sociedade, nação ou estado. Justiça é o resultado esperado de uma Ação. Justiça é receber ou dar a alguém o que ela merece. E justiça é a qualidade de quem é justo. No AT, regra geral (Amós 5.21-24), se é justo na mesma medida em que se cumpre o Código Mosaico. Já no NT, por um lado, se é justo quando se é justificado por Deus, e, por outro, se é justo quando se tem uma conduta justa diante dos outros (Mateus 5.20).
Ou seja, devemos viver e fazer valer a justiça humana enquanto “Cidadãos da Terra” e, enquanto “Cidadãos do Reino”, devemos viver e fazer valer a justiça divina: “Quem pratica justiça é justo, assim como Ele é justo” (1João 3.7). Nosso texto bíblico central nos diz que felizes e abençoados são aqueles que têm fome e sede de justiça. Fome e sede são muito mais que obrigações, são necessidades, que precisam ser satisfeitas hoje, agora, até que, de maneira divina, sejamos fartos. Afinal de contas: Ele se “fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Coríntios 5.21). Senhor, quero lutar por justiça para aqueles que pensam, creem e vivem, não só diferente, mas contrariamente ao que penso, creio e vivo. Para aqueles que não têm coisa alguma a oferecer-me ou que podem me retribuir com injustiça. E para aqueles que até agora têm sido invisíveis para mim. Amém! * Em grego, justiça e vingança são palavras irmãs, respectivamente, dike (dikaiosune) e ekdike (ekdikese). Por isso: “A justiça é a vingança do homem em sociedade, assim como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem” (Epicuro, 342-27, filósofo grego. Leia Romanos 13.3-5 e 12.18; Hebreus 10.30).
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Na Antiga Roma, a justiça era uma deusa (Iustitia) representada por uma figura feminina com uma espada na mão direita, uma balança na esquerda e os olhos vendados, diferente de sua correspondente grega Dike # (Atos 28.4). Ou seja, imparcialidade, equidade e força!
“A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente” (Tito 2.11-12).
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Justiça
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Deixe o passado no
passado Paulo Moura
Pastor e Psicólogo . paulo@igrejadorecreio.org.br
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Se inventassem uma máquina do tempo capaz de permitir uma viagem ao passado, em que época você gostaria de viver? Que acontecimento da história gostaria de presenciar? Há algum momento específico que você gostaria de reviver, para tentar impedir uma decisão errada, doença ou tragédia? Há quem sonhe ou tenha verdadeira obsessão em voltar ao passado, a fim de alterar o presente e o futuro. É óbvio que tudo isso é impossível e não passa de pura ilusão. O que passou é página virada e importa que vivamos bem o presente para termos um futuro melhor, apoiados sempre na vontade soberana de Deus, o Senhor da vida e da história, a quem pertencem o passado, o presente e o futuro (Hebreus 13.8; Apocalipse 1.8). Precisamos concordar que há certas experiências que mexem com o nosso estado emocional. Por exemplo: não sei se você gosta de ver álbuns de fotografia, mas quando abrimos uma gaveta e encontramos fotos que revelam os momentos vividos, dependendo daquilo que se vê, automaticamente a mente vai produzir sensações/emoções boas ou ruins. Seja como for, são lembranças que vão fazer você reviver o passado e dependendo do que recordou, seu dia pode se transformar num deserto e quando isso acontece o humor logo é alterado, a tristeza invade o coração, o pensamento vagueia e parece que tudo fica cinza, nublado, meio sem graça. Há uma sensível diferença entre quem vive DO passado e quem vive NO passado. Quem vive do passado é historiador, museólogo, arqueólogo, por exemplo, pessoas que dependem de tudo que o passado produziu. Fora isso, viver no passado só traz dor, amargura e sofrimento. Segundo uma pesquisa realizada, dedicamos 70% do nosso tempo olhando para o passado (o que fiz ou deixei de fazer – e isso gera depressão); 25% do nosso tempo dedicamos olhando para o futuro (o que tenho que fazer – e isso gera ansiedade) e somente 5% do nosso tempo dedicamos ao momento presente (o que estou fazendo – e isso gera má administração do tempo).
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Daí algumas perguntas parecem inevitáveis: Como você lida com o seu passado? O que você faz quando a sua memória arrasta você lá para trás, tentando mergulhálo novamente naquela dor, naquele antigo e velho episódio da sua história, que você quer manter no mar do esquecimento? Talvez uma atitude precipitada, uma escolha equivocada ou um convite que não deveria aceitar; quem sabe uma perda ou um erro de percurso, que gerou sequelas? Que tipo de fato, acontecimento ou situação volta e meia tenta ressurgir em sua mente, tentando afetar a sua saúde emocional e o seu equilíbrio espiritual? Talvez você, por várias razões, tenha ficado refém do seu passado e isso tem lhe causado traumas que têm invadido a sua mente, a não ser que você decida deixá-lo para trás hoje mesmo. Entenda que só há um período do tempo em que Deus lhe permite atuar: o presente, ou seja, o momento atual, o hoje, o aqui e o agora. Portanto, tome a decisão definitiva de deixar o seu passado no passado. Viva bem o presente e prepare-se para um futuro melhor. Quero deixar quatro sugestões que vão lhe ajudar bastante: 1º) Deixe no passado o que Deus perdoou. Só Deus tem poder para perdoar pecados. A Bíblia nos afirma em 1João 1.9: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça”. Em Hebreus 8.12, o seguinte: “Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados”. E ainda acresenta nos versículos 17 e 18, do capítulo 10: “Dos seus pecados e iniquidades não me lembrarei mais. Onde esses pecados foram perdoados, não há mais necessidade de sacrifício por eles”. Quando você, depois de se arrepender e pedir perdão a Deus, traz de volta o assunto, é como se Deus perguntasse a você: “Que coisas são essas que têm ocupado inutilmente o seu pensamento? Do que você está falando?”. Se já houve arrependimento e confissão, nenhuma condenação pode impedir a manifestação da graça, portanto, a única resposta de Deus a você é a seguinte: “Esqueça
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o que passou, porque eu também já esqueci”. Deixe, definitivamente, no passado o que Deus já perdoou. Quando alguém nos fere, a melhor coisa a fazer é liberar o perdão e quando perdoamos, automaticamente, devemos voltar ao relacionamento normal. Perdoar, no âmbito humano, é lembrar sem sentir dor. Quando somos magoados, precisamos deixar para trás o que os outros nos causaram, porque se mantivermos o registro do erro, nós é que vamos sofrer. Jesus nos ensina o seguinte: “Tomem cuidado. Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe. Se pecar contra você sete vezes no dia, e sete vezes voltar a você e disser: ‘Estou arrependido’, perdoe-lhe” (Lucas 17.3-4).
Renove a sua fé no Deus da segunda chance. Não deu certo da primeira vez? Tente de novo! Você deixou passar algumas oportunidades na vida? Experimente recomeçar. Peça a Deus novos sonhos, novas oportunidades, novos projetos, novas ideias. Faça de novo, reinicie a sua história. Pare de se lamentar e deixe para trás o que você deixou de fazer.
As pessoas podem ferir você, mas ninguém pode destruí-lo sem a sua permissão e cooperação. Não é o que eles fazem a você que determina o seu futuro, mas sim o que você fará em seguida. Alguém lhe fez mal, alguém lhe magoou? Perdoe e deixe para trás.
“Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova! Ela já está surgindo! Vocês não a reconhecem?” (Isaías 43.18-19).
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2º) Deixe no passado o que os outros lhe fizeram.
deixou de fazer, entenda que a mesma cruz que cancela os seus pecados cometidos, cancela também os seus pecados de omissão. A confissão é que traz o perdão e a cura de Deus.
“Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se a cada manhã; grande é a sua fidelidade. Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor” (Lamentações 3.19-26).
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3º) Deixe no passado o que você fez aos outros. Nas relações humanas, somos feridos e também ferimos; somos magoados e também magoamos. A melhor coisa que temos a fazer quando causamos um mal a alguém, é imediatamente pedir perdão, ou seja, reconhecer o erro e não deixar que isso gere sentimentos piores. As feridas que causamos nos outros podem pesar muito mais em nós. Não podemos ferir os outros e ficar bem, como se nada tivesse acontecido – isso se chama insensibilidade. A Bíblia nos previne: “Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Romanos 12.21). Se você causou um mal a alguém, conserte o que for possivel, confie em Deus para curar as feridas causadas, peça perdão e deixe tudo no passado. 4º) Deixe no passado o que você deixou de fazer. Ah, se eu pudesse voltar atrás... Nenhum de nós consegue fugir do fantasma da oportunidade perdida. Fracassamos com mais frequência pelo que não fizemos do que pelo que fazemos. Se você se sente assim, preso a alguma coisa que
Conclusão A Bíblia nos deixa alguns ensinamentos preciosos e gostaria que você lesse os textos abaixo como promessa de Deus para a sua vida:
“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas” (2Coríntios 5.17). “Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para ao alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3.13-14). Prezado(a) leitor, não viva mais no passado, deixe-o para trás. Que o Senhor abençoe e guarde você. Revista Elos | Edição 10 . Outubro – Novembro 2013 |
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O tempo de Deus Josué Ebenézer
Pastor, poeta, jornalista . josuebenezer@hotmail.com
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” - Eclesiastes 3.1
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Vivemos a era da pressa. O tempo é escasso e não sobra. Há quem faça o discurso da necessidade de dias de 30 horas; semanas de 10 dias; meses e anos mais prolíferos. Nada disso, porém, resolve o problema de quem ainda não aprendeu a “remir o tempo” (cf. Efésios 5.16). E isto tem a conotação importante de não desperdiçá-lo como muitos o fazem. Se há algo irrecuperável é o tempo. Deixar de fazer algo no hoje se chama “postergar”, ou seja, empurrar para o amanhã alguma realização ou decisão: adiar, protelar, prorrogar. Deixar de fazer no tempo certo se chama “procrastinar”, ou seja, empurrar para o amanhã indefinido ou, como se diz no popular, “empurrar com a barriga”, numa atitude de embromação, enrolação sem fim. Interessante que para algumas coisas nunca temos tempo. Já para outras tempo não falta. Tal fato se deve às prioridades que estabelecemos para a vida. Tem a ver com aquilo que nos sensibiliza, nos envolve, nos motiva. É como disse o Mestre: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mateus 6.21). Sempre teremos tempo para as coisas que representam o tesouro do nosso coração. Outra questão importante é saber qual é o tempo certo para cada coisa em nossas vidas. O jovem anseia pelo tempo certo para o namoro ou casamento. O formando (universitário ou não) pelo tempo do emprego. O trabalhador, pelo tempo certo da aquisição da casa própria. O vocacionado, pelo tempo certo para o
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exercício de sua vocação. Cada etapa da vida nos impõe certas necessidades e anseios, que geram algum tipo de ansiedade. Entender as circunstâncias ao redor, avaliar nossa maturidade pessoal e reconhecer os propósitos de Deus para nossa vida são fundamentais para submetermo-nos conscientemente aos desígnios divinos. Daí a definição de algo importante: que tempo queremos para cada atitude, decisão ou realização, o nosso tempo ou o de Deus? E há diferença? Sim. O nosso tempo é cronos (tempo mensurável, passível de medição). O tempo de Deus é kairós (tempo oportuno, ocasião propícia). Foi no kairós de Deus que Jesus veio ao mundo: “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho” (Gl 4.4) e por meio dele fez um trabalho de redenção para a comunhão: “tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1.10). Se Deus pensou assim com relação ao seu Unigênito, não pensa diferente com relação a nós outros que em Jesus fomos adotados (Romanos 8.15, Gálatas 4.5 e Efésios 1.5). Deus tem o tempo certo para tudo em nossas vidas. A grande questão é: queremos nos submeter à vontade de Deus ou queremos impor nossa própria vontade? Como cristãos precisamos estar conscientes de que a vontade de Deus para nossas vidas é o melhor. Portanto, devemos buscá-la com determinação. Buscar também o tempo certo é procurar entender qual o tempo de Deus para cada projeto de nossas vidas. Como diz a letra da canção da cantora Giselle Passos: “No tempo de Deus, tudo coopera para o meu bem!” Que Deus para tanto nos abençoe!
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. josué ebenézer Revista Elos | Edição 12 . Outubro – Novembro 2013 |
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Os
relacionamentos George Heinrichs
Pastor . george@igrejadorecreio.org.br
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Estamos vivendo um tempo de tanta volatilidade, tanta flexibilidade, que é possível encontrar pessoas realmente insatisfeitas em todas as classes da sociedade, porque seus direitos foram violados, a injustiça prevaleceu, etc. Não bastasse o mal que se revela a cada dia, a igreja tem sido afetada em larga escala (diria até paralisada!) pela cultura, pelo medo, por seu próprio sono pesado e por práticas estranhas como as “simpatias gospel”. Precisamos atentar para esta situação e voltarmos nossos olhos à Bíblia. Precisamos, desesperadamente, olhar para o fundador da Igreja Evangélica, Jesus Cristo, e aprender com Ele e seus discípulos a forma de agir como igreja. As pessoas sempre buscam descobrir a razão de suas vidas. Para os cristãos esta resposta é simples: existimos para glorificar a Deus! Embora esta frase traga desdobramentos enormes em nossas vidas, quero aprofundar o assunto refletindo acerca do porquê de Deus criar o homem à sua imagem e semelhança. Evidentemente, você tem a resposta: para que a glória de Deus seja vista no homem, através do relacionamento entre seres humanos e Deus. Uma das histórias mais contadas no meio cristão é a do Pecado Original, que trouxe as consequências de morte ao ser humano (Gn 2.17). Ao olhar este texto, vemos que Satanás não deseja a morte ao ser humano; ele deseja, isso sim, separar o homem da comunhão com Deus, e da comunhão entre seus iguais. A alegria, a harmonia, a cumplicidade, a disponibilidade que a comunhão proporciona entre Deus e homens foi o objeto de destruição do maligno. A semelhança de homens com Deus gera uma comunidade. Inicialmente, Deus, Adão, Eva. Quando o ser humano é enganado e faz aquilo que Deus não deseja que seja feito (Pecado), há um rompimento, isto é, o pecado separa o homem da comunhão com Deus (Is 59.2). Foi isto que aconteceu nos tempos primeiros: a primeira comunidade criada por Deus envolvendo o homem foi desfeita pela voluntariedade do ser humano em ceder ao pecado. Adiante, a primeira comunidade familiar (Adão a Eva a Filhos) é afetada do mesmo modo. Neste caso, a quebra do relacionamento entre irmãos desfez a comunidade familiar e desde então todos os males com os quais convivemos hoje baseiam-se no fato de que o
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homem quebrou seu relacionamento com Deus e com seu próximo. Todo o Antigo Testamento nos dá um forte indicativo de que Deus, em sua infinita bondade, desejou restaurar este relacionamento com o ser humano por diversas vezes, mas o próprio homem se afastava cada vez mais. Um exemplo é Êxodo 19.6: “vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa ...”. Este contexto refere-se ao chamado de Israel para ser mediador da reconciliação. No entanto, Israel falhou ao obstinar-se e o autor de Hebreus nos lembra da falha deste sacerdócio quando nos diz “ora, se o trabalho dos sacerdotes levitas tivesse sido perfeito, não haveria necessidade de aparecer outro sacerdote” (Hebreus 7.11 NTLH). Isto me leva a crer que Deus deseja usar aquele povo da mediação da reconciliação. Os profetas anunciaram o desejo de Deus em restaurar este ministério sacerdotal (Isaías 42.6; 49.8), mas os israelitas falharam. Depois, Jesus Cristo desenvolve o trabalho que Israel deixou de fazer, e Ele mesmo se torna o mediador (João 14.6; 1Timóteo 2.5). Ele é o Messias, o Sumo Sacerdote, Ele completa a obra da reconciliação, da restauração dos relacionamentos (Colossenses 1.20). Em todo seu ministério na terra, Jesus enfatizou o relacionamento com o Pai, no diálogo com Deus “...sempre me ouves...” (João 11.42), na realização da vontade do Pai, “...minha comida é fazer a obra daquele que me enviou...” (João 4.34). Além disso, Ele enfatiza que os valores do Reino são relacionais, expressos no amor a Deus e ao próximo (Mateus 22.3440; João 13.34, 35; 14.23; 1João 4.12). Para Pedro, Jesus determina o pré-requisito do sacerdócio, quando lança a base de seu ministério no amor de Pedro a Jesus (João 21.16). Esta influência relacional é multiplicada entre os primeiros cristãos: em Atos, a simpatia, o amor e a alegria são destacados; Paulo destaca a hospitalidade, o amor dos irmãos, as reuniões abençoadas da igreja nas casas. O resultado era o acréscimo de milhares de pessoas ao reino de Deus. Israel falhou, então o próprio Deus providenciou a nova aliança (Jeremias 31.31; 1Coríntios 11.25), e eu e você, que aceitamos este sacerdócio, esta reconciliação, que tivemos o relacionamento com Deus restaurado, fomos agora incluídos na vontade de
george heinrichs
e aprendermos que Deus chamou e capacitou todos a serem “pastores” para as muitas almas que Ele deseja alcançar! Isso não é um chamado restrito aos ministérios ou departamentos de evangelismo ou de missões, mas cada crente remido e lavado pelo sangue do Sumo Sacerdote tem esse chamado. Jesus enfrentou o judaísmo centrado em país, cidade, pessoa, dia especial e mostrou como deve ser e viver o seu reino de sacerdotes na terra, quando, por exemplo, ensinou a mulher samaritana que a adoração deve ser feita aqui, agora, onde está o servo de Deus, onde está o povo de Deus. Seja no trabalho, seja na sua casa, ou entre os vizinhos, você é ministro: sua casa é o lugar da colheita, e o templo será o lugar de celebrar esta colheita. Não sejamos como Israel, que se obstinou e falhou no sacerdócio! Deus nos honra com este chamado. Portanto, não privilegiemos apenas alguns para este ministério, não profissionalizemos este ministério. Que a minha vida e sua vida flua num estilo de vida sacerdotal. Nós podemos e devemos levar as pessoas até Jesus, para que Ele as encaminhe até o pai! Você é um Ministro!
. george heinrichs
Deus, que continua firme, como no começo dos tempos, quando o pecado adentrou as vidas humanas. O desejo de Deus é que todas as pessoas se convertam e sejam salvas. Quando Pedro descobriu o valor do ministério por amor e em amor, inspirado pelo Espírito, repetiu as palavras de Deus em Êxodo 19.6, porém contextualizada para mim e para você, quando em 1Pedro 2.9 diz: “Vós porém sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz”. Assim, fomos incluídos entre os sacerdotes escolhidos por Deus, de modo que cada crente é um sacerdote, um ministro, e é essa a igreja que encontramos em Atos. Hoje, infelizmente, estamos influenciados pelas idéias de Constantino no século IV, que instituiu ritos especiais, roupas especiais, pessoas especiais desempenhando a função sacerdotal. Este não é, nem de longe, o relato bíblico, que o Espírito Santo nos fala através da história bíblica e das Escrituras Sagradas. Já passou da hora de despertarmos como igreja
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Vida é uma conta corrente A
Joel Leandro
Professor, especialista em finanças comportamentais . joelml@uol.com.br
Renato Bernhoeft, consultor de empresas e palestrante, costuma dizer que essas três variáveis: vida, dinheiro e poder, além de outras, como tristeza, sucesso e felicidade, estão na categoria das coisas mais efêmeras com as quais temos de lidar. São como uma conta corrente, na qual temos de administrar créditos e débitos, ao longo de todo o tempo de nossa existência terrena.
joel leandro
joel leandro .
Muitas pessoas passam boa parte da sua existência sem conseguir estabelecer uma boa relação com a vida. Alguns nem ao menos sabem, ou aprendem, a lidar bem com o dinheiro, por exemplo. Outros ficam na categoria para quem o poder torna-se vício ou fator de autodestruição. E também é bom não confundir dinheiro e poder, pois distintos na forma, tanto da conquista como nos seus efeitos. Você sabe o que espera alcançar na vida? Caso não saiba, tem noção de algumas coisas que, certamente, não deseja e, portanto, administra mais por eliminação do que inclusão? Alguma vez já parou para avaliar a importância do simples, do frugal mesmo, para obter uma coerência entre vida e qualidade? Neste contexto, aparece o tempo, que, sendo algo não renovável, pode ser encarado como recurso, sentimento, sensação, ou apenas uma medida. Mas assim mesmo tem grande importância quando divide na perspectiva de passado, presente e futuro. Pode não parecer, mas isso faz toda a diferença quando você lida com dinheiro e faz o seu planejamento financeiro pessoal. Algumas culturas têm um ditado muito conhecido, que diz: “Tempo é dinheiro”. Na verdade, alguns historiadores relatam que esta frase surgiu e foi consagrada há aproximadamente 400 anos, na época do mercantilismo (doutrina social dos séculos XVII e XVIII, segundo a qual a riqueza e o poder de um país consistiam na posse de metais preciosos, ouro e prata). Instituiu-se, então, um modo de vida moldado na troca do tempo, dedicado ao emprego na realização de algo, por dinheiro. O capitalismo de hoje tem um modo de pensar não tão diferente do mercantilismo, pois enfatiza que as pessoas precisam gastar tempo para ganhar dinheiro e que desperdiçar tempo é desperdiçar dinheiro – justamente como observamos na sociedade atual.
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A expressão “tempo é dinheiro” dramatiza, portanto, a importância do tempo. Não desperdice seu tempo, pois você estará desperdiçando dinheiro. Assim, somos ensinados a dar mais valor ao que recebemos do que ao tempo que dedicamos a executar determinadas ações. O contrário deste ditado também tem a sua verdade – “dinheiro é tempo”. Se você desperdiçar dinheiro, na realidade está desperdiçando o tempo que gastou para ganhá-lo. Logo, aprenda a controlar o que gasta e aprenderá a controlar melhor o seu tempo. Alguns relacionamentos passam a ser baseados nesse princípio. Penso, contudo, que tempo não é dinheiro. Conseguir dinheiro é que é uma questão de tempo. Tempo na verdade é vida – e o valor da vida não tem preço. Jesus nos ensinou: “...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10.10). Construir a inteligência sobre o dinheiro e aprender a administrar melhor o seu tempo é viver bem, com equilíbrio e, portanto, qualidade de vida. Perceba que a criança que brinca é mandada à escola para ser educada e aprender uma profissão. Depois consegue um emprego ou monta um negócio, ganha dinheiro e com ele pode, enfim, “brincar” novamente – quando alcança a independência financeira. Muitos cultuam o mito do ócio como ideal de vida, mas o trabalho é o caminho para atingi-lo. Não conheço outra forma honesta de alcançá-lo. Trabalha-se durante a semana para “viver” no fim de semana. Trabalha-se por um ano para gozar a vida nas férias. Depois de “ganhar a vida” vendendo horas do seu trabalho, o trabalhador visualiza a sua aposentadoria como um éden de ócio, sem ter nada para fazer – tudo isso teoricamente, já que a realidade hoje está se tornando diferente em relação à aposentadoria, principalmente se não houver planejamento financeiro. Entenda que tempo, dinheiro e trabalho são conceitos distintos. Tempo é vida; dinheiro é reserva de valor ou um meio de troca; trabalho é esforço para gerar valor. A vida livre é mais rica justamente no trabalho. Não no trabalho alienado, em que apenas se troca o tempo pelo dinheiro, mas no trabalho que dá sentido à vida, que enobrece a alma e gratifica o ser, que desenvolve potencialidades e estabelece vínculos afetivos.
Observe, a seguir, os números interessantes de uma pesquisa realizada pelo Centro Nacional de Estatísticas Sanitárias dos Estados Unidos sobre o volume de horas que uma pessoa tem pela frente, dependendo da idade e perspectiva de vida de cada um: Idade Atual................ Anos futuros......... Horas disponíveis 20..........................................56,3.....................................493.526 25..........................................51,6.....................................452.326 30..........................................46,9.....................................411.125 35..........................................42,2.....................................369.925 40..........................................37,6.....................................329.601 45..........................................33,0.....................................289.278 50..........................................28,6.....................................250.708 55..........................................24,4.....................................213.890 60..........................................20,5.....................................179.703 65..........................................16,9.....................................148.145 70..........................................13,6.....................................119.218 (Fonte: Centro Nacional de Estatísticas Sanitárias dos Estados Unidos)
Examine esses números, localizando sua idade atual, e faça sobre eles algumas reflexões. Procure traçar alguns objetivos tanto naquilo que deseja ser como ter. Muitos têm o hábito de consultar o talão de cheques ou a conta bancária na perspectiva de ver o saldo disponível. Raramente ou nunca fazem isso em relação ao saldo de tempo, horas e qualidade de vida que aspira em relação ao futuro. Para alguns, tais balanços são feitos apenas em fases de transição, como casamento, nascimento de filhos, separações, acidentes, falecimento de amigos ou parentes, perda de emprego ou aposentadoria. Mas cada vez mais compreenda que o aumento da longevidade média e a forte competição a que é submetido nesse mundo exige que essas reflexões não esperem os eventos acontecerem. Faz-se necessário que cada um se torne autor do seu próprio roteiro de vida. Deve lembrar-se que tanto a simplicidade como o equilíbrio emocional são elementos essenciais na construção de um relacionamento saudável no uso dos recursos materiais, principalmente do dinheiro, pois neles não deve residir seu coração. Já o estado de felicidade envolve também questões como equilíbrio psíquico, social e espiritual, elementos desafiadores para uma sociedade mais preocupada em acumular bens materiais e dinheiro, sem saber exatamente o porquê. Meu conselho, invista seu tempo em vida e viva-a abundante e intensamente, sendo, acima de tudo, Feliz! “Quando aprendi todas as respostas da vida, mudaram as perguntas” (Charles Chaplin).
. joel leandro
A coluna da esquerda apresenta a idade atual; a do meio, os anos com que você ainda pode contar como
expectativa, considerando uma idade média alcançável a partir do ponto que você já atingiu; finalmente, a coluna da direita apresenta uma informação no mínimo curiosa: o total de horas que você terá à sua disposição a partir dessa expectativa.
joel leandro
Viver implica fazer escolhas, e, portanto, administrar o tempo é eleger prioridades. Escolher algo implica abrir mão de outras opções. Se tal escolha for consciente e responsável, tomada com inteligência, o valor de tudo aquilo de que se abre mão é transferido para aquilo que se escolheu fazer. É um ato de transferência de valor. O erro é fazer algo lamentando o que se deixa de fazer. Li um pensamento certa vez que se aplica bem neste caso: “O maior erro que você pode cometer na vida é ficar o tempo todo com medo de cometer algum erro”.
Reprodução internet
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Igreja: a esperança do mundo
Wander Gomes
Diretor de Elos, pastor e mestre em Psicologia Social . wander@igrejadorecreio.org.br
wander gomes
wander gomes .
Estava viajando pelo sertão do Ceará em direção a capital, Fortaleza. Durante o trajeto de quase cinco horas, conversei longamente com o motorista que nascera na cidade de Ipaporanga.
E isso só o evangelho de Cristo pode fazer.
Observamos o que a seca estava fazendo este ano nas terras cearenses e comentávamos sobre o sofrimento eterno do sertanejo que precisa rezar e encher as talhas com as gotas que caem do céu.
Precisamos entender que a mudança de uma pessoa verdadeiramente passa por essa experiência com Cristo e o que Ele chamou de novo nascimento.
“Que diabo que isso não acaba!”, exclamou o homem na indignação de quem está cansado de sofrer e de ver o sofrimento de quem mora ali. Lembrei-me de alguém que soltando veneno pelos dentes um dia me disse: “Se sabem que lá é assim, por que moram por lá?” Pensei na mesma hora: “O melhor é ficar calado”. Às vezes, temos absoluta convicção de que não vamos dar conta da ignorância e da falta de sabedoria. “A questão é a falta de vontade política. A seca do Nordeste tem jeito”, dizia o motorista. E ele está certo. A questão, no entanto, é ainda mais profunda. O problema central e a causalidade última passa pela formação, pela cultura e pelo caráter. A má vontade política tem mãe.
Não são as novas leis, os terapeutas, os técnicos ou cientistas que vão resolver uma questão espiritual. Jesus disse que o que é nascido da carne é carne.
Olhando o mundo, temos a impressão de que precisava começar tudo de novo. E Cristo disse que isto é possível a partir desta experiência e que era necessário apenas crer. A igreja, este lugar de um monte de gente que crê e que passou por tal experiência se constitui na esperança do mundo, pois pode levar a todas as pessoas esta boa notícia. Quando Bill Hybels, pastor da Igreja de Willow Creek, em Chicago, declara enfaticamente a frase que tomei para intitular este texto, parece que uma bomba motivacional recai sobre nós. Mesmo diante de tantos que se dizem cristãos e têm desonrado o nome de Deus e manchado o testemunho da igreja perante os homens, sabemos que há um exército de pessoas sérias que nos inspiram.
O coração petrificado, a corrupção, a ganância, a mentira e tantas outras mazelas da alma geram não só a seca, mas os sofrimentos que se espalham nas diversas camadas sociais.
A solução para a seca do Nordeste, a corrupção de Brasília, o sofrimento dos pobres e o grito dos oprimidos está na experiência com Cristo e na transformação do caráter.
Vejo que a solução para as questões sociais passam, invariavelmente, pela transformação da essência humana.
Essa é a nossa missão como igreja neste mundo. A luz de esperança que aparece no fim do túnel.
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Vivafeliz!
Reflexões Diárias . Outubro e Novembro de 2013
Terça-feira
01 02 03 04 OUT
01.10
O que estamos pedindo a Deus?
Homens competentes
“E, quando pedem, não recebem porque os seus motivos são maus. Vocês pedem coisas a fim de usálas para os seus próprios prazeres.” (Tiago 4.3)
“Escolheu homens capazes de todo o Israel e colocouos como líderes do povo...” (Êxodo 18.25)
Uma vez li que “Compramos o que não precisamos com o dinheiro que não temos para impressionar quem não conhecemos”. Este impulso tem gerado necessidades que vão muito além das necessidades básicas do ser humano: a necessidade de consumir. O que nos motiva a pedir a Deus o que queremos ter? A resposta vai revelar se sabemos ou não pedir. Se a motivação é estimulada pela vaidade, pelo egoísmo ou pela inveja, então os nossos motivos são maus – a cultura do consumo se alimenta destas coisas. Pode ser que você adquira tudo que deseja, mesmo que a cultura do consumo seja o estímulo das suas motivações, mas saiba de uma coisa: não foi Deus quem te deu. Foi o dinheiro. E tudo que é conseguido pela força do dinheiro é momentâneo, mas tudo que é dado pelo poder de Deus dura para sempre. Que a nossa motivação seja estimulada pelo Espírito Santo. E que Ele nos ensine quando, como e o que pedir para que o nome do Senhor seja exaltado e sua obra seja sustentada com aquilo que queremos ter. Pr. Gustavo Legal – Rede InPacto ID (Jovens Adultos)
Quarta-feira 02.10
Coragem e covardia são contagiosas “Davi, porém, disse ao filisteu: Tu vens contra mim com espada, e lanças, e com escudo; eu, porém, vou contra ti em nome do Senhor dos exércitos.” (1Samuel 17.45b) Um monstro assustador e terrível chamado Parranha atormentou a minha infância. Parranha era grande, mau e gostava de pegar crian ças. Quando eu pensava em sair para a rua, o medo me paralisava. Foram muitos anos sofrendo com o monstro inventado pelos meus tios que não queriam o sobrinho o tempo todo atrás deles; mas um dia descobri que Parranha não existia. Que frustrante; quantas “peladas” perdidas, quantas pipas não soltadas, quantas batidas de coração desnecessárias. A Bíblia fala de um gigante chamado Golias de aproximadamente 2,90m de altura que atormentou a vida de um rei e todo seu exército. Golias era o seu nome. A covardia tomou conta de todos aqueles soldados, fazendo com que se escondessem, mas um jovem se indignou com a postura daquele gigante e o desafiou. Davi, confiado no Deus de Israel, lutou com ele, o venceu e fez reacender a coragem naquele acampamento. O problema até poderá ser maior do que você, mas jamais, digo, jamais será maior que o seu Deus. Pr. João Júnior – Rede Elevação (Jovens Casados)
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Quinta-feira 03.10
| Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013
Sugiro que você leia o texto completo de Êxodo 18.13-27 para melhor compreensão desta parte da Bíblia, clássica quando se pensa em administração. É uma aula. Lá estava Moisés assoberbado, cansado e cansando o povo. Não era bom o que ele fazia e Jetro, seu sogro, com um olhar observador e crítico, mas também orientador, o aconselha a se cercar de ajudadores competentes, escolhidos entre o povo. O grande líder do povo hebreu os selecionou, colocando-os por chefes de grupos de mil, de cem, de cinquenta e de dez. Diz a passagem bíblica que estes homens ficaram como juízes permanentes, resolvendo as questões mais simples, cada um dentro de sua esfera de atuação, desafogando Moisés de seu enorme esforço e consequente esgotamento. Ele precisava de ajuda. Engolfado no dia a dia não percebia a necessidade. Alertado, concluiu que a descentralização era necessária e que havia homens capazes de desempenhar, com competência, atribuições que poderiam ser delegadas. Suas qualidades eram: capazes, tementes a Deus, dignos de confiança e inimigos de ganhos desonestos. Pr. Joel de Brito – Casacap (Centro de Ação Social Antonio Caldas Pinheiro)
Sexta-feira 04.10
Compartilhar “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue? (Romanos 10.14) Compartilhar o evangelho com as pessoas não é um dom, mas é a única oportunidade que as pessoas têm de serem salvas. As pessoas não encontram Jesus aleatoriamente. O mundo não está cheio de sinais que dizem: “aqui está uma forma de você encontrar Jesus.” Pelo contrário, as pessoas são salvas por meio da proclamação do evangelho. Se não houver alguém para compartilhar Jesus, não haverá para ouvir ou aceitá-lo. Mas a Bíblia também acrescenta em Romanos 10.15: “E como pregarão, se não forem enviados?” Em outras palavras, ninguém tem a iniciativa de compartilhar sobre Cristo, a menos que tenha sido enviado. Isso significa que nós, como cristãos, devemos insistir constantemente para que o Evangelho seja compartilhado, e enviar continuamente os crentes a fazê-lo. Pr. Marcos Werton – Rede Adore (Adolescentes do Recreio)
Sábado 05.10
Segunda-feira 07.10
Atendendo a voz do mestre
Lavar os pés
“No dia seguinte quis Jesus ir à Galileia, e achou a Filipe, e disse-lhe: Segue-me.” (João 1.43)
“Se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros.” (João 13.15)
Filipe era discípulo de Jesus. Talvez o maior ato de fé em sua vida tenha sido o de atender o chamado: “Vem e segue-me”. Atitude ousada. Não sabia o que estava pela frente, mas sabia que podia confiar em seu mestre. Filipe era de Betsaida, uma pequena vila pesqueira na Galileia. Lugar de gente muito simples. Uma cidadezinha sem nenhuma expressão. Filipe poderia se esquivar do seu chamado se apoiando em muitas coisas. Poderia culpar sua inaptidão, sua história de vida, sua falta de oportunidades, etc. Mas ele fez ao contrário. Confiou que seu mestre pudesse fazê-lo alguém extremamente relevante. A tradição da Igreja conta que Filipe fundou uma igreja na cidade de Hierápolis, uma das mais importantes do império romano. O rapaz simples da pequena Betsaida foi usado para fundar uma igreja na grande Hierápolis, tudo porque confiou e atendeu a voz do mestre. Pr. Miquéias Lima – Rede InPacto Way (Jovens)
Domingo 06.10
Procure fazer sempre o melhor “Quando Marta ouviu que Jesus estava chegando, foi encontrá-lo, mas Maria ficou em casa.” (João 11.20) Vivemos dias desprovidos de compaixão e altruísmo. As atitudes que tomamos com o próximo legitimam e fortalecem ou denigrem e mascaram nosso discurso. Mais do que boas palavras, um relacionamento saudável se sustenta a partir de boas ações. Há um bom exemplo disso na Bíblia. Marta, irmã de Maria e Lázaro, ao tomar conhecimento da chegada de Jesus, sempre se preparava para servi-Lo e buscava fazer da melhor forma possível. Enquanto Maria era mais contemplativa, Marta era mais atuante. Pessoas assim se empenham em fazer tudo para agradar o outro e demonstram o quanto amam através do serviço, porém, é preciso compreender que devemos ser amados não pelo que fazemos, mas sim por quem realmente somos. No dia de hoje quero desafiar você a fazer algo de bom para alguém, mas sem imposições nem regras. Faça algo de especial que essa pessoa vai apreciar. Lembre-se: não basta falar, é preciso fazer e bem feito. A Bíblia nos recomenda: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam” (Mateus 7.12). Que Deus lhe abençoe. Pr José Paulo Moura Antunes – Área de Família
A prática de lavar os pés de uma pessoa era um costume cultural nos tempos de Jesus. Isso ocorria devido ao fato de que naquela época as pessoas andavam de sandálias e as ruas eram muito empoeiradas. Quando uma pessoa recebia um hóspede em sua casa, era normal disponibilizar um empregado para lavar-lhe os pés. Essa era uma atitude de muita humildade e cordialidade. Jesus nos deixa esse exemplo, lavando ele mesmo os pés dos seus discípulos, com a finalidade de nos ensinar a sempre servir as pessoas, tratá-las com respeito e dignidade. Deus concedeu dons espirituais, competências, a todos aqueles que creem que Jesus Cristo é seu Senhor e Salvador, com o objetivo de glorificar o seu santo nome e também de ajudar as pessoas. Como filhos de Deus, temos assumido a responsabilidade de ser instrumento dele a fim de cumprir o propósito de servir ao próximo? Que Deus nos abençoe nessa grande missão. Tamar Souza – Rede Elas (Mulheres)
Terça-feira 08.10
Competências espirituais “Quero agora falar sobre as várias maneiras pelas quais o Espírito de Deus se manifesta em nossa vida. O tema é complexo e quase sempre mal compreendido, mas vocês precisam ser informados.” (1Coríntios 12.1)
05 06 07 08 OUT
Quatro verdades sobre as competências espirituais: 1) Sua origem. Procedem de Deus. São concedidas aos membros do corpo de Cristo, pelo Espírito Santo, quando creem em Cristo. 2) Sua natureza. É uma capacitação sobrenatural dada pelo Espírito Santo para o desempenho do ministério. 3) Seu propósito. As competências espirituais são recebidas de Deus e exercidas com Deus, por Deus e para Deus a fim de que a igreja de Cristo tenha suas necessidades supridas e possa, assim, cumprir cabalmente sua missão no mundo. 4)Seu resultado. A glória de Deus e a edificação da igreja. Quando investimos nossa vida, recursos e competências para socorrer os aflitos, fortalecer os fracos, instruir os novos, ajudar os necessitados e encorajar os santos, o nome de Deus é exaltado, o mundo é impactado e a igreja é edificada. Competências usadas de forma certa e com motivação certa, Deus é exaltado no céu e as pessoas abençoadas na terra. Pr. Tiago Gomes – Área de Discipulado Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013 |
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Quarta-feira 09.10
Aliados e amigos “... porém o exército dos caldeus perseguiu o rei Zedequias e o alcançou nas campinas de Jericó; e todo o exército deste se dispersou e o abandonou.” (2Reis 25.5) Jerusalém estava cercada. Zedequias, o rei, fugiu com seus seguranças, mas foi alcançado. Quando olhou para trás, à procura de seus aliados, percebeu que estava sozinho. Preso, viu seus filhos morrerem e teve os olhos vazados. Acredito que muitos dos leitores destas linhas, em algum momento da vida, foram abandonados por gente com quem contava. Confiamos em nossos aliados e, na hora da necessidade, nos decepcionamos.
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Aliados nem sempre são amigos. As pessoas aliam-se para defender interesses comuns. Quando o interesse de ocasião deixa de ser comum, os aliados vão cada um cuidar de sua própria vida. Amigos nem sempre são aliados. Às vezes, a vida leva bons amigos a lutarem em campos opostos. Não deixam a amizade de lado por causa disso. Aliados são circunstanciais, efêmeros. Amigos são para todas as horas e dificuldades; são eternos. É bom ter aliados. Muito melhor é ter amigos. Pr. Wander Gomes
Quinta-feira 10.10
OUT
Qual é a sua missão? ”Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar quem está perdido.” (Lucas 19.10) Jesus tinha foco e sabia a que veio. Ninguém tem dúvida: ele tinha uma missão! Nós temos uma missão ou vocação, também! Para que você veio ao mundo? No que o mundo ficará mais pobre e miserável, após você partir? O que deve ser inscrito em sua lápide? São perguntas inquietantes, mas precisas para uma vida que vale a pena, focada no que Deus espera de nós! Isso é sua missão de vida! Mas, é preciso escrevê-la! Há cinco perguntas que ajudam: 1) O que você deve FAZER? Qual sua área de atuação? Qual a sua razão de existir? 2) PARA QUEM se esforçará? Que grupo de pessoas você transformará, servirá? 3) COMO você fará isso? Que rotinas, estratégias ou fundamentos usará? 4) PARA QUE você viverá com isso em mente? O que o mundo ganha com isso? 5) E, ONDE você fará esta diferença? Em que lugar você estará para cumprir essa vocação? Una as respostas e emoldure! Motive-se para cumprir o desejo de Deus em sua vida! Ore pela luz do Senhor no processo. Reavalie periodicamente a redação e
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| Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013
seu cumprimento. Mas escreva hoje! Ou você quer dar uma contribuição inferior à que Deus planejou para você? Pr. Armando Peixoto – Ministérios Conexão e Atitude
Sexta-feira 11.10
Vencendo a negação “Queres ser curado?” (João 5.6b) O primeiro passo do Celebrando a Recuperação, que é um programa com base no que ensina a Bíblia e é destinado a pessoas que sofreram abusos, violências ou desenvolveram compulsões e comportamentos destrutivos ou disfuncionais, tem a seguinte redação: “Admitimos que éramos impotentes diante de nossas feridas, dependências e comportamentos compulsivos, que tornaram nossas vidas ingovernáveis”. Este primeiro passo, que norteia e enseja milhares de outros passos de uma caminhada rumo a uma nova vida livre das feridas do passado, das prisões da alma e da existência o que implica uma atitude de profunda humildade, pois inutilmente vejo gente machucada pela vida tentando prosseguir sozinha, pensando dar conta do recado por competência própria. Tenho assistido um numero enorme de pessoas se afundando cada vez mais, por não conseguir enxergar a gravidade da situação em que vivem e por não terem a coragem de pedir ajuda, por pura vergonha. Esse é o seu caso? Abandone o orgulho nocivo e vença a negação, cuja armadilha é a de sustentar mentiras acerca de si mesmo. Responda sim à pergunta de Jesus, nosso mestre: “Queres ser curado (a)”? Pr. Daniel Camaforte – Área de Dependência Química
Sábado 12.10
Chamados para uma missão “...e a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo.“ (Efésios 4.7) Fomos chamados para a salvação e, consequentemente, recebemos uma missão. Missão esta que é a de servir àquele que nos deu a salvação. E isto é um mistério, fomos libertos para estarmos em “servidão” em amor ao Senhor que nos libertou da morte eterna. “Servidão” esta que só pode ser vivenciada por quem decide viver uma vida em Cristo. A palavra nos diz que Jesus veio ao mundo para servir e não para ser servido. O próprio Jesus nos concede a graça e dom, segundo Sua vontade para edificação da igreja. O desejo do Senhor é que sirvamos a Ele como cidadãos dos céus na terra. Que sirvamos a Deus com os dons e talentos concedidos por Ele para edificação da igreja. Oremos hoje para que o Pai aqueça em nossos corações de servos a vontade de servi-lo. Denise Guimarães – Rede Recriança (Crianças)
Domingo 13.10
Terça-feira 15.10
Semelhantes a Deus
O que estamos pedindo a Deus?
“Assim Deus criou os seres humanos; ele os criou parecidos com Deus. Ele os criou homem e mulher.” (Gênesis 1.27)
“Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.” (Mateus 6.21)
Como seres humanos, somos criação de Deus, assim como tudo o mais que existe, mas diferentemente de todos os outros seres criados, somos espelhos do próprio Deus! Quando olhamos nosso próximo, quando nos olhamos e vemos nossas competências, nossas inteligências, nossas capacidades, sentimentos, emoções, tudo isto vem de Deus e provém de nossa semelhança a Ele. Quantas potencialidades! Devemos a cada dia nos lembrar que nosso Deus e Pai de amor nos criou para vivermos a plenitude destas potencialidades, e isto só é possível num relacionamento de amor com Ele. É neste relacionamento que vamos sendo resgatados à nossa verdadeira imagem. Quando estamos distantes de Deus nossa autoimagem fica destruída pelo pecado e distorcida por nossas enfermidades da alma. Você já começou este relacionamento de amor com Deus? Deseja começar ou crescer nele? Então ore em Nome de Jesus e peça perdão por seus pecados e confie sua vida a Ele! Você é amado de Deus, feito à sua imagem e semelhança! Celebre! Pr. Franco Albano – Área de Evangelismo e Missões
Segunda-feira 14.10
Pare de reclamar! [paciência] “... Melhor é o paciente do que o arrogante.” (Eclesiastes 7.8)
A maioria de nós se interessa apenas pelo que Deus pode fazer e nem sempre pelo que Ele realmente é. Igrejas estão lotadas com gente em busca dos milagres de Deus, mas distantes do Deus dos milagres. Esse interesse denuncia o imediatismo que nos move. O imediatismo é fruto da nossa ansiedade, e a ansiedade é contrária à fé. A ansiedade nos faz acreditar que temos o controle da nossa vida e que podemos dar sempre um jeito. A fé nos faz acreditar que Deus está no controle de tudo e que mais do que resolver os nossos problemas, Deus tem maior interesse em nos ensinar a lidar com eles. Existe um perigo muito grande em querer usar a fé para validar a nossa ansiedade: A frustração. Muitas vezes oramos sem cessar buscando apenas a solução para os nossos problemas motivados pela angústia e pelo desespero, e esquecemos que nessas horas o importante é pedir ao Senhor serenidade e equilíbrio para enfrentar as adversidades. Onde está o seu coração? Nos milagres de Deus ou no Deus dos milagres?
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Pr. Gustavo Legal – Rede InPacto ID (Jovens Adultos)
Quarta-feira 16.10
Coloque sua visão em um outdoor “O Senhor me respondeu: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo.” (Habacuque 2.2)
Pr. George Heinrichs – Área de Pequenos Grupos
Certo empresário americano resolveu expandir seus negócios de calçados para a Índia, então contratou um consultor para ir até aquele país e fazer uma pesquisa de mercado. O consultor viajou, fez sua pesquisa, e depois de algumas semanas voltou muito desanimado, com a seguinte conclusão: “Desista, não vai dar certo, ninguém naquele país usa sapatos”. O empresário ainda não satisfeito contratou outra pessoa para uma nova avaliação. O consultor viajou, fez sua pesquisa e alguns dias depois voltou muito entusiasmado com a seguinte conclusão: “Vá em frente, Seu investimento será muito lucrativo, lá ninguém tem sapatos”. Quantas pessoas vivem frustradas por terem recebido uma visão de Deus, como Habacuque o profeta do Senhor, para fazer algo exponencial, mas permitiram que o medo, o tempo, as condições adversas e até a correria da vida lhes roubassem tal visão. Mas Deus instruiu Habacuque para escrever e gravar sua visão em um grande “outdoor”, para que todos pudessem ler. Não desista dos sonhos de Deus para a sua vida.
e Rede de Adultos
Pr. João Júnior – Rede Elevação (Jovens Casados)
Paciência pode ser traduzida como a capacidade de passar por sofrimentos sem reclamar. Na sociedade imediatista em que vivemos, esperar, suportar e sofrer não parecem ser bem-vindos em nossa vida, embora sejam experiências reais tal qual o ar que respiramos. A grande diferença entre aqueles que contam experiências de vitória e os que vivem derrotados é exatamente a capacidade de parar de reclamar e agir. Nada passa despercebido diante dos olhos de Deus e sua ação será vista com mais facilidade na vida daqueles que confiam sua vida e seu futuro a Ele. Pare de reclamar, ainda que possa ser grande o seu sofrimento ele lhe garantirá uma experiência de amadurecimento única. Ao andar neste caminho de dificuldades, pode ser que você veja belezas que jamais veria se estivesse em outro caminho. Não deixe seu coração ficar arrogante. Confie em Deus, pare de reclamar, espere com paciência, pois sua vitória virá!
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Quinta-feira 17.10
Sábado 19.10
As contribuições sábias de jetro
Sendo eu mesmo
“Moisés aceitou o conselho do sogro e fez tudo como ele tinha sugerido.” (Êxodo 18.24)
“A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade.” (Mateus 25.15)
Quando Moisés recebe a visita de seu sogro, que lhe trazia a mulher e os filhos de Midiã, o homem de Deus estava por muito tempo ausente da família. Jetro sabia que esta situação não poderia perdurar por vários motivos envolvidos no conceito de família. Traz, então, a filha e os netos a Moisés. Além da contribuição acima exposta, qual seja, reunir aquela família, Jetro, ao chegar, percebe o esgotamento de Moisés ao julgar o povo. O grande líder tinha senso de responsabilidade (“O povo me procura para que eu consulte a Deus”), mas não enxergava a insanidade de sua atitude. Seu sogro, sabiamente, após observar a situação, aconselha o genro. Faz Moisés pensar, consultar a Deus e decidir. Com humildade, que faz parte do caráter do líder, ele aceita e segue a orientação. O olhar de alguém de fora, de um não judeu, mas conhecedor do Deus Único, ajudou a solucionar dois problemas de uma só vez. Pr. Joel de Brito – Casacap (Centro de Ação Social Antonio Caldas Pinheiro)
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Sexta-feira 18.10
20 Horizontal e vertical “Ide por todo mundo.” (Mateus 28.19-20)
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Recentemente, ouvi um homem de Deus que tem influenciado um país com o evangelho trazer os seguintes conceitos: missão horizontal e missão vertical. Para ele a missão no sentido horizontal é a expansão territorial do Evangelho. Trata-se de alcançar os lugares inalcançáveis trazendo-lhes a mensagem da salvação. A maioria dos povos não alcançados está localizada na janela 10/40.
Pr. Miquéias Lima – Rede InPacto Way (Jovens)
Domingo 20.10
A bênção do trabalho “Você comerá do fruto do seu trabalho, e será feliz e próspero”. (Salmo 128.2)
Quero desafiar você a viver a missão na horizontalidade alcançando sua casa, seus vizinhos, os moradores de seu prédio, sua cidade e sua nação com a mensagem de esperança e salvação que é Jesus, e assim certamente crescer na verticalidade de um profundo relacionamento com Jesus através de sua palavra.
A partir do momento que se propagou a ideia de que “tempo é dinheiro”, o trabalho tornou-se para muitos uma obsessão beirando à patologia. Tenho visto muitos lares se desfazendo, justamente por causa desse excesso de dedicação, o que muitos especialistas chamam de “síndrome da labormania”. As pessoas viciadas em trabalho fragilizam as relações, daí o que Deus criou para satisfação acaba se transformando em sofrimento. Trabalhar faz bem, estudar também, mas tudo no seu devido tempo. De nada adianta tanto esforço e ganho sem ter com quem compartilhar. Nenhum sucesso na vida profissional ou acadêmica compensa o fracasso no lar. A Bíblia diz que há tempo para tudo (Eclesiastes 3.1-11), portanto, não se torne um escravo do trabalho. Lembre-se de que você trabalha para viver e não vive para trabalhar. Com o sustento que você recebe, fruto do seu trabalho, seja fiel a Deus, mantenha dignamente a sua casa, ampare os necessitados, etc. Seja qual for a sua atividade profissional, saiba que ela é oportunidade de abençoar a sua família, servir ao próximo e assim glorificar a Deus. Tenha um bom dia!
Pr. Marcos Werton – Rede Adore (Adolescentes do Recreio)
Pr. Paulo Moura – Área de Família
No sentido vertical, missão é a extensão do Evangelho, tornando-o mais profundo para os crentes comprometidos. Em vez de apenas alcançar as pessoas com a boa notícia, as missões verticais ajudam os crentes a se tornarem fortes discípulos de Cristo que realmente vivem as reivindicações do Evangelho.
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Na parábola dos talentos um patrão confia a seus servos parte de suas riquezas. Quando retorna e faz o acerto de contas com o servo que tinha recebido 5 talentos ele verifica que esse servo agora tinha 10 talentos em suas mãos. O patrão diz: “sobre o pouco foste fiel (5 talentos), sobre o muito te colocarei” (10 talentos). O outro servo que tinha recebido 2 talentos, assim como o anterior, multiplicou a riqueza que lhe foi dada. O patrão diz a mesma coisa: “sobre o pouco foste fiel (2 talentos), sobre o muito te colocarei” (4 talentos). Jesus chama 5 talentos de pouco com o primeiro servo e 4 talentos de muito com o segundo servo. Com essa parábola aprendemos que Deus nos mede por nós mesmos. Ele exige de cada um aquilo que a cada um foi dado. Pare de se comparar com os outros e seja o melhor que você pode ser.
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Segunda-feira 21.10
Quarta-feira 23.10
Bom é cooperar
Estímulos
“Nós somos cooperadores de Deus.” (1Coríntios 3.9)
“Quando Jesus voltou, uma multidão o recebeu com alegria, pois todos o esperavam.” (Lucas 8.40)
Desde o princípio de todas as coisas, Deus Pai sempre trabalhou. Ele criou o mundo e tudo o que nele há. Criou o homem à sua imagem e semelhança, macho e fêmea os criou. E no final de todo seu trabalho, viu Deus que tudo era muito bom e descansou. Na criação, Deus Pai contou com o Filho Jesus Cristo e com o seu Espírito Santo. O tempo passou e Deus continuou trabalhando a fim de cumprir o plano redentor de salvação da humanidade decaída pelo pecado e nesse trabalho ele também contou com o Filho e o Espírito Santo. Hoje, Deus ainda trabalha e além de contar com o Filho e com o Espírito, também conta conosco. Para isso, ele nos dotou de capacidades a fim de que fôssemos seus cooperadores na obra de edificação da sua Igreja. Qual tem sido sua parte nessa grande construção? Qual tem sido sua tarefa? Se você ainda não entrou nesse projeto, saiba que Deus o chama para trabalhar com ele. Deus ainda fará grandes coisas na vida das pessoas ao seu redor e ele quer usar você na proclamação da mensagem de boasnovas a fim de que muitos encontrem o caminho da salvação. Deus pode contar com você? Tamar Souza – Rede Elas (Mulheres)
Terça-feira
22.10
Prontos para o trabalho “Nosso povo precisa aprender a ser pronto para o trabalho, para que todas as necessidades sejam atendidas e para que eles não cheguem ao fim da vida sem nada para apresentar.” (Tito 3.14)
Gosto de ver meu filho falando em inglês. Graças a Deus, eu e Amanda pudemos matriculá-lo em uma escola que o instrui com qualidade e o estimula a estar sempre querendo aprender. Esta é uma das funções da igreja: instruir de tal forma que as pessoas sintam o desejo de aprender. Podemos aprender para obter boas notas em um exame. Não estou dizendo que isso é ruim. Melhor do que isso, no entanto, é aprender para viver prazerosa e construtivamente. Por isso gosto de ver e ouvir o Gabrielzinho falando em inglês. Ele aprendeu a gostar de aprender. Foi estimulado na escola. Nós o estimulamos em casa. Ele respondeu bem aos estímulos. Nós e nossas crianças precisamos ser estimulados para aprender cada vez mais a respeito de Jesus Cristo. Creio que a PIB Recreio faz isso, mas nos lares temos de fazer o mesmo. É muito bom sermos crentes, ótimo é sermos crentes que se sentem felizes por estarem com Jesus. Crentes que sentem verdadeira alegria por se envolverem com o Mestre.
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Pr. Wander Gomes
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Quinta-feira 24.10
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Assumindo a responsabilidade “... ouvi o Senhor dizer: – Quem é que eu vou enviar? Quem será o nosso mensageiro? Então respondi: – Aqui estou eu. Envia-me a mim!”. (Isaías 6.8)
Competência é uma palavra muito usada no ambiente corporativo. As pessoas são avaliadas pela sua capacidade de realizar ou não alguma tarefa. Uma pessoa competente é aquela que está pronta para exercer uma função ou fazer um trabalho. E na nossa caminhada cristã? Quais as nossas competências? Quais os talentos e dons que Deus nos deu? Qual o propósito de tê-los? No texto vemos duas razões para que estejamos prontos para o trabalho: 1) para que as necessidades sejam atendidas. 2) para darmos sentido a nossa existência, apresentando algo no fim da nossa vida terrena. A verdadeira fé gera ação que transforma o nosso redor e produz vida e vida em abundância. Na vida cristã somos desafiados a usar os nossos dons, as nossas competências a serviço do Reino de Deus. Deus não nos avalia pela nossa capacidade de fazer algo, mas pela nossa disposição em servir. Pela nossa disposição em obedecer. Que eu e você possamos estar sempre disponíveis para Deus e prontos para o trabalho.
Na presença de Deus, um homem tem completa noção de quem é e o que precisa fazer. Foi assim com o profeta. Entendeu suas fragilidades e assumiu a responsabilidade. É difícil tomar as rédeas da vida, assumir o risco das decisões e os “destinos” que elas prescrevem. Não aguarde pelas mãos de quem disse “vocês são minhas mãos”. Deus potencializa, mas não realiza o que já nos ordenou! Deixe de responsabilizar a Deus, ao seu cônjuge, ao seu filho, ao seu pai, ao seu patrão ou ao seu colega pelos fracassos. Eles são somente seus. Acredite, isso o libertará! Sua felicidade só depende de você. Não dê às circunstâncias ou às pessoas tal poder. Colhemos a vida que semeamos. A boa nova é: Deus perdoa e dá segunda chance, hoje! O que você pode fazer para iniciar e manter uma mudança no quadro atual? Em sua família, carreira ou serviço ao próximo, o que pode ser feito? Atitude! Dê seu melhor! Para quem está na presença de Deus, este é o caminho da esperança: “Aqui estou eu. Envia-me a mim!”. Chame a responsabilidade e conquiste realmente grandes objetivos.
Pr. Tiago Gomes – Área de Discipulado
Pr. Armando Peixoto – Ministérios Conexão e Atitude
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Sexta-feira 25.10
Esperança e caos “Ora, sem fé é impossível agradar a Deus”. (Hebreus 11.6a)
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O segundo princípio do Celebrando a Recuperação, que é um programa com base no que ensina a Bíblia e é destinado a pessoas que sofreram abusos ou desenvolveram comportamentos destrutivos ou disfuncionais, tem a seguinte redação: “Eu acredito de todo o coração que Deus existe, que ele se importa comigo e que tem o poder de me ajudar em minha recuperação”. Temos o costume de estigmatizar as pessoas que precisam de recuperação em alguma área de suas vidas como “aquelas pessoas”. A capacidade crítica que temos de julgar outros e não a nós mesmos é enorme. Aos que venceram a etapa de negar que estão sofrendo e que não precisam de ajuda externa, temos este passoprincípio, que essencialmente fala de fé e de esperança. Acredite: em Cristo, o caos nunca vence a fé, a esperança de dias melhores. Toda a criação surgiu pela palavra de Deus. Da mesma forma, essa palavra fará surgir uma nova vida em você. Pode acreditar nisso? Pr. Daniel Camaforte – Área de Dependência Química
Sábado 26.10
Deus cuida de nós “Servi ao Senhor com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.” (Salmo 100.2) Que alegria saber que Deus é quem cuida de nós. Sentir que em cada momento, e em todas as circunstâncias, o pai é zeloso conosco. Neste salmo de ações de graça podemos evidenciar dois pontos. 1°) É o pedido para servirmos ao Pai com alegria e servir requer um “coração de servo”. Servo que deve ter como ideal de vida o serviço ao Senhor com compromisso e fidelidade no uso de seus dons e talentos. 2°) Estamos diante do nosso Criador com cânticos de gratidão e nos apresentamos a cada dia para servi-lo em nossa casa, em nossa comunidade e em nossa igreja. Ore ao Senhor e peça que ele lhe mostre hoje uma forma de ser útil e que alegre o coração do Pai e o seu. Denise Guimarães – Rede Recriança (Crianças)
Domingo 27.10
Prestação de contas “E lhes deu dinheiro de acordo com a capacidade de cada um: ao primeiro deu quinhentas moedas de
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ouro; ao segundo deu duzentas; e ao terceiro deu cem. Então foi viajar.” (Mateus 25.15) Nesta parábola Jesus ilustra que todos nós um dia haveremos de prestar contas de tudo o que nos foi dado. Nada realmente nos pertence: nossa vida, saúde, competências, dons, talentos, patrimônio – tudo foi dado por Deus. Somos apenas administradores do que o Pai do Céu nos deu, e um dia Ele nos perguntará o que fizemos de nossas vidas. O que você tem feito com sua vida, com o que Deus tem lhe dado? Com sua inteligência, recursos e competências? Você tem abençoado as pessoas, vivido para a glória de Deus, ou tem vivido uma vida mesquinha, voltada apenas para a satisfação de seus desejos egoístas? É sempre tempo de arrependimento! Ore e peça ao Pai a oportunidade para ser uma bênção, para servi-lo em todo tempo, com toda a sua potencialidade, para onde Ele o enviar, na escola, trabalho ou faculdade, não importa, tudo o que você fizer, que seja para a glória de Deus! Pr. Franco Albano – Área de Evangelismo e Missões
Segunda-feira 28.10
Fórmula da beleza [alegria] “O coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate.” (Provérbios 15.13) Em todo lugar a que se vá é possível encontrar produtos que prometem trazer a beleza. Fabricantes de cosméticos tentam fazer seus apelos a corações abatidos com autoestima baixa. O versículo que lemos traz à luz uma revelação espetacular: há uma fórmula de embelezamento. Esta fórmula é infalível. Tratase da alegria e da satisfação em viver. Diferente, porém, de qualquer produto que se possa comprar, a alegria custa muito mais do que qualquer um pode pagar e bem menos do que se pode imaginar. O fato é que a alegria começará a brotar no coração das pessoas que decidirem ser alegres. Como assim? A alegria tem uma fonte e esta é Jesus Cristo, só ele pode dar garantias no meio de qualquer situação. Como encontrá-lo? É só chamar seu nome e pedir para que ele entre em seu coração e guie a sua vida. Você perceberá o quanto Jesus deseja que você seja alegre. Quando andava na Terra, Jesus, antes mesmo de atender pedido de alguém, dizia: “Tenha bom ânimo!” Jesus é a fonte de alegria e de vida eterna. Pr. George Heinrichs – Área de Pequenos Grupos e Rede de Adultos
Terça-feira 29.10
Quinta-feira 31.10
O que estamos pedindo a Deus?
Ensinando a palavra de Deus
“O pedido que Salomão fez agradou ao Senhor.” (1Reis 3.10)
“Assim, Paulo ficou ali durante um ano e meio, ensinando-lhes a palavra de Deus.” (Atos 18.11)
Deus apareceu a Salomão em um sonho e disse a ele: “Peça-me o que quiser, e eu lhe darei”. E Salomão respondeu ao Senhor: “Dá, pois, ao teu servo um coração cheio de discernimento para governar o teu povo e capaz de distinguir entre o bem e o mal”. Por que Salomão não pediu riquezas? Ou vida longa? Ou a morte dos seus inimigos? O que motivou Salomão a optar pela sabedoria? Porque Salomão tinha consciência da grande responsabilidade que era liderar o povo de Deus. Ele sabia que liderança nada tinha a ver com dinheiro, domínio e poder. Liderar é inspirar, influenciar, orientar e desenvolver pessoas para a vida. É amar e servir. E precisamos da sabedoria do alto para liderar nossa família, nossos amigos, colegas de trabalho e a nós mesmos. Talvez seja esse o nosso maior desafio: liderar a nós mesmos. Aprender a reconhecer nossas fraquezas, limitações e qualidades é o caminho que nos leva à humildade de aceitar, definitivamente, que precisamos mudar para que haja mudança. Precisamos ser o que queremos ver.
O apóstolo Paulo teve uma experiência extraordinária de conversão no caminho de Damasco, como sabemos. Homem culto, afamado entre seus contemporâneos, de perseguidor dos cristãos passou a perseguido, porque recebeu a salvação de Jesus Cristo. Passou por um período de preparação, de treinamento sempre muito necessário. Ao iniciar suas viagens missionárias usou de seu conhecimento das leis e escritos judaicos para alcançar seus conterrâneos e também os gentios. Por onde chegava, falava e tinha autoridade para fazê-lo, apresentando o cumprimento das promessas de Deus em relação ao Messias, Seu Filho, Jesus. Às vezes se demorava mais em uma cidade, como em Corinto, mas sempre ensinando a Palavra de Deus. É óbvio que ele tinha a orientação do Espírito Santo, porém, não descurava do estudo para que tivesse condições de aproveitar todas as oportunidades. Assim, ele podia, todos os sábados, debater na sinagoga e convencer a judeus e gentios. O preparo é indispensável para sermos competentes no que fazemos.
Pr. Gustavo Legal – Rede InPacto ID (Jovens Adultos)
Quarta-feira 30.10
Pr. Joel de Brito – Casacap
29 30 31
(Centro de Ação Social Antonio Caldas Pinheiro)
Palavras incomodam, exemplos arrastam
Sexta-feira 01.11
“Ensine a criança no caminho em que deve andar e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Provérbios 22.6)
“Até aqui nos ajudou o Senhor.” (1Samuel 7.12b)
Gratidão sem medida
Abraham Lincoln disse: “Há uma só maneira de ensinar uma criança no caminho em que ela deve andar, que é você mesmo fazer esse mesmo caminho.” Definitivamente, um bom exemplo vale mais do que mil sermões. O que fazemos tem mais impacto sobre a pessoa que queremos ensinar do que todas as lições que ensinarmos. A competência do ensino é fantástica e extremamente desafiadora, geralmente preferimos reclamar dos filhos, dos funcionários e das pessoas que estão sob nossa liderança, responsabilizando-as por nossas frustrações. Lembro-me do filme “Gladiador”, quando o imperador, antes de ser assassinado por seu próprio filho, o abraça e chorando lhe diz: “Seus erros como filho são consequência do meu fracasso como pai”. Precisamos entender que todos somos filhos, estamos sempre precisando aprender de alguém mais maduro e mais experiente em alguma área, mas muitos de nós também somos pais e precisamos assumir o compromisso de ensinar nossos filhos nos caminhos em que ele deve andar. Antes de ensinar o caminho, ande você mesmo por ele.
Agradecer é o mínimo que podemos fazer, pois a gratidão é o reconhecimento por um benefício recebido. O texto bíblico mostra bem isso. O profeta Samuel, depois que o exército de Israel venceu os filisteus, reconheceu o favor de Deus que agiu de forma poderosa e derrotou o exército inimigo. Não é difícil de encontrar nas escrituras essa forma de expressão de gratidão, porque grande parte dos servos de Deus, depois das grandes conquistas, louvam a Deus pelas bênçãos alcançadas. Em Salmos 150.2, o salmista nos convida a louvar a Deus pelos seus atos poderosos. Vejamos agora alguns cânticos de gratidão: O Eterno é a minha força e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus, portanto, lhe farei uma habitação; ele é o Deus de meu pai, por isso o exaltarei. O Eterno é homem de guerra; o Eterno é o seu nome. Mas precisamos ter atenção para não deixarmos de ter um coração grato por causa das dificuldades da vida. Por favor, cultive gratidão para com Deus e para com o próximo em sua vida.
Pr. João Júnior – Rede Elevação (Jovens Casados)
Pr. Marcos Werton – Rede Adore (Adolescentes do Recreio)
01 OUT NOV
Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013 |
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Sábado 02.11
Tempo de agradecer “Jesus perguntou: ‘Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove?’” (Lucas 17.17)
02 03
Dez leprosos encontram Jesus e são todos curados. Apenas um deles volta e agradece pela bênção. Assim como nessa história, na vida temos dois grupos de pessoas. O primeiro é composto de pessoas que são extremamente abençoadas por Deus. Aqueles homens receberam algo extraordinário, mas não voltaram para agradecer. Muitas vezes nos ocupamos tanto que nos esquecemos de agradecer. Ou então nos sentimos tão merecedores daquilo que recebemos que esquecemos que TUDO que temos e somos vem de Deus. O segundo grupo é bem menor. Pessoas que também são extremamente abençoadas por Deus. Aquele leproso volta e se prostra diante de Jesus como sinal de gratidão pela bênção extraordinária que havia recebido. Temos recebido bênçãos de Deus o tempo todo. Façamos parte do segundo grupo que reconhece e agradece. Pr. Miquéias Lima – Rede Inpacto Way (Jovens)
Domingo 03.11
04 Volte a sorrir 05 06 NOV
“Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: Não chore.” (Lucas 7.13) Havia uma viúva que estava sepultando seu único filho. A tristeza era a sua companhia naquele dia interminável. Mas Jesus resolveu interromper o cortejo e promoveu um choque entre a morte e a vida, a tristeza e a alegria, o fim e o recomeço. Ao perceber a cena, Jesus se encheu de compaixão, ressuscitou o menino e devolveu à mulher a razão de viver (Lucas 7.11-15). Hoje em dia muitas pessoas choram suas perdas, velam as amarguras da alma e sepultam os sonhos da mente. São pessoas em que a fé já não habita mais no coração. Apesar da companhia de muitos, alimentam um vazio sem fim. Mas Aquele que se compadeceu da viúva de Naim, é o mesmo que hoje se compadece da dor e do sofrimento de homens e mulheres que choram sem perspectiva alguma. Você pode confiar em Deus, que lhe conforta e garante um futuro melhor. Mesmo que as lágrimas embacem o seu olhar, que a tristeza ofusque o brilho do seu rosto ou que as perdas desviem a sua mente do caminho a seguir, há Alguém que se preocupa com você e deseja resgatar-lhe a esperança e a alegria perdida. Aceite o convite de Jesus e volte a sorrir. Pr. Paulo Moura – Área de Família
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A ansiedade é um mal muito comum que atormenta grande parte das pessoas na vida moderna. No texto que lemos acima, encontramos a fórmula para nos livrar deste estado emocional que tanto nos prejudica: oração + súplica + ação de graças. Todas as nossas angústias e aflições devem ser levadas a Deus em oração, pois ele é amigo mais chegado que um irmão. Devemos suplicar a ele que nos ajude e nos encha da sua santa presença a fim de que possamos confiar que Deus é capaz de fazer infinitamente mais além daquilo que pedimos ou pensamos (Efésios 3.20). E, finalmente, em vez de chorar, se desesperar, reclamar, devemos ter uma atitude de gratidão por saber que ele se importa conosco, cuida de nós e nos ama. Ele não dará pedras ao filho que pede por pão. Ele não dará cobra ao filho que pede por peixe (Mateus 7.9). Portanto, deixe a ansiedade de lado e agradeça a Deus por tudo o que ele fez, faz e ainda fará em sua vida. Viva com fé! Tamar Souza – Rede Elas (Mulheres)
Terça-feira 05.11
Você já agradeceu a Deus hoje? “... dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas...” (Efésios 5.20) É muito mais fácil agradecermos a Deus quando recebemos bênçãos especiais, mas quando, dentro do nosso ponto de vista, não recebemos as bênçãos que pedimos, temos grande dificuldade de vivermos uma vida de constante gratidão a Deus. Costumamos cantar quando nos sentimos felizes e até mesmo quando o nosso coração está abatido e triste. O desafio é cantarmos em gratidão, porque Deus não é somente merecedor de toda nossa adoração, mas ele também é digno de toda nossa gratidão. A base do nosso cântico é Jesus que nos traz vida através dele. Hoje, você já agradeceu ao Senhor por tantas e tantas bênçãos que ele derramou na sua vida, pelo seu amor, sua graça, sua misericórdia e perdão que nos dão esperança para o futuro? As incríveis bênçãos físicas, como as bênçãos de família e amigos são maravilhosas, mas a maior de todas as bênçãos é a segurança que um dia o veremos face a face e compartilharemos a sua gloriosa presença para sempre. Então, viva uma vida de constante gratidão a Deus por todas as coisas. Pr. Tiago Gomes – Área de Discipulado
Quarta-feira 06.11
Segunda-feira 04.11
Angústia
Sempre agradecidos por tudo
“O Senhor é bom, um refúgio em tempos de angústia.” (Naum 1.7)
“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus.” (Filipenses 4.6)
Um dos grandes males causados por certo tipo de pregador é prometer que o cristão vive sem problemas. A angústia, a doença e a falta de dinheiro são produtos
| Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013
de uma fé fraca, dizem esses pregadores equivocados. Não é tão simples assim. O cristão enfrenta dificuldades iguais e muitas vezes piores do que o não cristão. A doença aflige a todos. O cristão que tem relação próxima com Deus confia que pode contar com Ele e nEle encontrar refúgio. A ciência tem mostrado que quem ora e crê em Deus encontra a cura com mais facilidade. O Senhor é refúgio em tempos de angústia. O refúgio é o colo da mãe para a criança. O refúgio é um abrigo em meio à borrasca. O refúgio é o amigo que nos ouve em momentos difíceis. Deus é nosso refúgio: Ele nos consola, nos protege e nos ouve. A diferença entre o que tem fé e o que não tem é a atitude diante da angústia. O cristão sabe que pode contar com Deus e isso não é escapismo. Nós, crentes, temos o privilégio de sentir em nossa vida a ação de Deus e por isso afirmamos com convicção que Ele nos socorre e nEle podemos nos refugiar.
Bíblia e é destinado a pessoas que sofreram abusos ou desenvolveram comportamentos destrutivos e disfuncionais, tem a seguinte redação: “Conscientemente escolho confiar toda minha vida e minha vontade aos cuidados de Deus”. Muito recorrentemente temos dificuldade para tomar decisões acertadas. Isto implicará em uma série de consequências danosas para nós mesmos e para as pessoas que amamos ao nosso redor. Há uma grande responsabilidade sobre todo ser humano: a de gerenciar a própria vida. Tenho a convicção de que Jesus nos aponta sempre para todas as direções certas da vida e isto deve gerar gratidão em nossos corações. e ao mesmo momento, Ele nos encarrega e faculta o direito de decidir e escolher. Convido você a se render, a entregar a Cristo todas as suas preocupações quanto ao hoje e ao amanhã e humildemente se render a Cristo, e a agradecêlo por esta direção gratuita. Pr. Daniel Camaforte – Área de Dependência Química
Pr. Wander Gomes
Sábado 09.11
Quinta-feira 07.11
Sejamos gratos a Deus
Agradecer é agradar!
“... dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Efésios 5.20)
“Mas mesmo assim nós não temos abandonado os nossos pecados, nem temos nos esforçado para seguir a tua verdade; não fizemos nada para agradar ao Senhor, nosso Deus”. (Daniel 9.13b)
No livro “nascidos para um tempo como este”, Daphne Kirk descreve um poema escrito em forma de oração de gratidão por uma jovem mãe. “Deus me deu dois filhos, uma menina e um menino/ Eu lhes dou meu amor, e eles me dão alegria./ Meus filhos têm valor inestimável, são meu maior tesouro neste mundo./ Meu amor por eles vai muito além de qualquer medida./ Algumas vezes não consigo compreender que ele as confiou a mim; que ele colocou em minhas mãos essas duas joias preciosas./ Por isso, Senhor, por favor, ajude-me a ser o melhor exemplo que puder./ Torne-me amável e mais paciente do que sou. Ajude-me a guiá-los no caminho que devem seguir, a lembrar-lhes todos os dias o quanto você os ama./ Faze de mim mestra de tua palavra e de tua verdade, para que busquem a ti, amem a ti, sirvam somente a ti./ Por isso, pelos meus e pela tua promessa de vida eterna, obrigada, Pai nos céus, e Filho Jesus Cristo./ (Catina Amn Tortorici). Queridos pais sejam gratos a Deus pela vida de seus filhos. Orem por eles!
O povo foi castigado pelo mal que fizera. Ainda assim não mudou. Deus suspira por esforçados! É preciso fazer algo! Urgente! O discurso que alcança o coração de Deus é feito com atitudes. Pense: por que ao ganhar presentes tendemos a abraçar, apertar a mão ou mesmo dar um sorriso para quem nos abençoou? Talvez seja uma reação tão natural ou aprendida há tanto tempo (na infância ou “antropologicamente”) que não haja consciência. Mas, obviamente, sabemos que agradecemos agradando: nossas reações tendem a contentar, satisfazer ou ser aprazível ao outro. Ah, se fizéssemos assim com Deus! Temos recebido tanto, diariamente, que nunca pararíamos de dar alegrias a Ele! Você causa deleite ou tem um perfume suave, na visão de Deus? Tem sido totalmente grato? Para responder “sim”, é preciso aprender a “agradar”! Que esforço você precisaria fazer para agradar a Deus de forma mais plena? Que passo prático você pode dar hoje, para ouvir Deus dizendo sobre você: “Este é meu filho amado, que me dá muito prazer!”? Pr. Armando Peixoto – Ministérios Conexão e Atitude
Sexta-feira 08.11
Entrega e gratidão “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” (João 14.6) O terceiro princípio do Celebrando a Recuperação, que é um programa com base no que ensina a
07 08 09 10 NOV
Denise Guimarães – Rede Recriança (Crianças)
Domingo 10.11
Deem graças porque Deus é bom! “Deem graças a Deus, o Senhor, porque ele é bom; o seu amor dura para sempre. Deem graças ao Deus do céu; o seu amor dura para sempre.” (Salmo 136.1,26) O apóstolo João escreveu que Deus é amor. E porque Deus é amor Ele nos ama com um amor incondicional, irrevogável. Nada pode nos separar do amor de Deus que está no seu Filho Jesus Cristo! O amor de Deus é Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013 |
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leal, representa sua fidelidade e misericórdia, e dura para sempre. E só por isto nossa vida deve ser um louvor a Deus. Devemos todo dia ser gratos pelo seu amor. Ele nos ama por quem Ele é, nos ama exatamente como somos, com nossas falhas, feridas, pecados, defeitos. Somos amados porque Ele é bom. Em sua bondade Deus nos supre em todas as nossas necessidades e nos aceita como somos. Amamos a Deus encarnado, sua Palavra em nós, com um sentimento de profunda gratidão por seu amor. Amamos a Deus porque na verdade fomos primeiramente alcançados por seu amor. Sejamos gratos ao Pai do Céu por todo o seu amor por nós! Que todos os dias nossos lábios sejam cheios de ações de graças e cânticos de louvor a Deus!
que vamos colher. Se queremos ver o que plantamos na vida florescer, é preciso: 1) Conhecer a semente que queremos plantar. 2) Trabalhar no plantio desta semente. 3) Esperar a semente brotar e crescer. 4) Colher o que foi plantado. Esse processo é o mesmo para quem faz uso de uma boa ou de uma má semente. Se você tem plantado sementes de discórdia, indiferença, intriga, ódio, muito cuidado! É exatamente o que você vai colher na vida de quem você semeou: família, amigos, colegas de trabalho, vizinhos. Mas se você semeou amor, compaixão, misericórdia, graça, paciência e alegria, pode se alegrar! Pois sua colheita será abundante. Agradeça ao Senhor porque você não fugiu à responsabilidade de semear o bem.
Pr. Franco Albano – Área de Evangelismo e Missões
Pr. Gustavo Legal – Rede InPacto ID (Jovens Adultos)
Segunda-feira
11 12 13 14 NOV
11.11
13.11
A solução é a gratidão [ação de graças]
Seja grato!
“Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz [...] E sede agradecidos.” (Colossenses 3.15)
Há algum tempo li a história de um jovem pintor que em sua primeira exposição encantou a todos com belíssimos quadros de flores e paisagens. No entanto, entre seus quadros havia um em que retratava as mãos calejadas de um trabalhador. Alguém percebeu que este quadro não trazia o preço, e o artista lhe explicou o porquê:
Nós, seres humanos, vivemos em função das expectativas que temos em relação aos nossos sonhos e até mesmo as pessoas, mas não são poucas as vezes que estas expectativas se transformam em grandes frustrações. Desde as coisas menores até as grandes coisas, a falta de gratidão pode fazer com que uma pessoa viva cotidianamente triste e lutando por algo que não tem em detrimento do que tem. Reclamar e murmurar exaltam a frustração e levam você a um ciclo contínuo de tristeza e insatisfação. Então, qual a solução para viver bem, ser grato! Não tenho tudo o que eu quero, mas amo tudo o que tenho. Agradeço a Deus pelos pais que tenho, pela família que tenho, pelo trabalho que tenho, pela casa que tenho, pelo carro que tenho ou por não ter um, etc. E confio que Deus irá cuidar de cada coisa que eu preciso, por isso sou grato a Deus por cuidar de mim. Seja grato, pois a gratidão é a solução para grande parte de seus problemas. Pr. George Heinrichs – Área de Pequenos Grupos e Rede de Adultos
Terça-feira
12.11
Graças a Deus? “... quer esteja dormindo à noite, quer acordado de dia, a semente acaba brotando e crescendo, sem ele saber como.” (Marcos 4.27) Deus é o agricultor. É Ele quem faz acontecer. É Ele quem nos faz crescer e amadurecer. O crescimento é responsabilidade de Deus, a nossa responsabilidade é a de plantar e regar. Que semente estamos plantando? Porque o que plantamos e regamos é exatamente o
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Quarta-feira
| Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013
“Rendei graças ao Senhor porque Ele é bom.” (Salmo 118.1)
- Desculpe, Senhor, este quadro não está à venda, por isso não tem etiqueta de preço. É da minha coleção particular. – É um belo quadro – diz o homem –, no entanto, um pouco deslocado entre os demais, você não acha? - Sim, é verdade! Mas, ele sempre estará em todas as exposições que eu vier a fazer em minha vida, pois minha arte eu devo a estas mãos. - E de quem são estas mãos? - São as mãos de meu pai, que trabalhou duro toda a sua vida, para que eu pudesse estudar e aperfeiçoar minha arte. Quantas vezes deixamos de ser gratos a pessoas que Deus coloca em nossas vidas para nos abençoar. Você já agradeceu a Deus pela família, pela saúde e pelo trabalho. Você já agradeceu ao nosso Pai Eterno por ter enviado seu próprio filho, Jesus Cristo, para morrer por nós? Seja grato. Pr. João Júnior – Rede Elevação (Jovens Casados)
Quinta-feira
14.11
A importância da gratidão “Oferecerei a ti um sacrifício de gratidão e invocarei o nome do Senhor.” (Salmo 116.17) Há muitos salmos de ação de graças na Bíblia e o de número 116 é um deles. Ele é eminentemente pessoal, ao contrário de outros que são comunitários ou coletivos (65, 67, 75, 107, 124, 136). Era cantado por ocasião da
Páscoa. O salmista dá um comovente testemunho da graça de Deus. Não se sabe quem cantou o hino ou fez esta oração contida nele, mas isto não importa, porque o que conta é a mensagem por ele transmitida, mensagem de gratidão, aliás, de muito valor nos dias de hoje, quando muita gente procede como aqueles nove leprosos que foram curados por Jesus Cristo, mas logo se esqueceram do benefício recebido (Lucas 17.11-19). Diz um provérbio que “a gratidão é a memória do coração”. Se é assim, há muitos desmemoriados por aí. Espero e desejo que não seja o seu caso, leitor amigo. E o autor pergunta demonstrando gratidão: “Como posso retribuir ao Senhor toda a sua bondade para comigo?”, à luz dos inúmeros benefícios recebidos. Ele se propôs e nós também devemos fazê-lo: orarei sempre (v. 2), terei uma conduta irrepreensível (v. 9), apropriar-me-ei mais e mais não só do que o Senhor tem para dar, mas apropriar-meei dEle mesmo (v. 13) e cumprirei as promessas feitas (vs. 14 e 18). Que Deus nos ajude a tanto.
todos os seus bens materiais e, o mais doloroso de tudo, havia também perdido todos os seus filhos. A atitude mais comum diante desse cenário é a indignação. Porém, Jó assume uma posição completamente diferente porque tinha consciência de algo que nós muitas vezes não temos. Ele sabia que não podemos possuir nada. “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e os que nele habitam”, diz o salmista. Aqui não temos nada. Tudo nos foi dado. Poder desfrutar das coisas que recebemos é pura graça. Quando tomamos consciência disso aproveitamos melhor tudo aquilo que nos foi dado, e quando perdemos algo, celebramos o tempo em que pudemos desfrutar daquilo. Sejamos sempre gratos.
Pr. Joel de Brito – Casacap
“É bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor”. (Lamentações 3.26)
(Centro de Ação Social Antonio Caldas Pinheiro)
Sexta-feira 15.11
Nossa identidade “... ações de graças, em favor de todos os homens.” (1Timóteo 2.1) Ações de graças fazem parte da identidade do cristão. Como discípulos de Cristo, precisamos crescer em ações de graças (Colossenses 2.7). Ações de graças são um aspecto do louvor a Deus e representam uma oferta feita a ele. No Velho Testamento, ações de graças frequentemente são citadas em relação à adoração musical (Neemias 12.46). Sob o Novo Testamento, louvamos a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão em nossos corações (Colossenses 3.16). Não podemos deixar que as tribulações dessa vida sufoquem a gratidão em nosso coração. Certamente vamos chorar de tristeza ou alegria, mas importa saber que em todas as coisas seremos gratos por aquele que nos salvou, nos tirou do império das trevas e nos transportou para o reino de seu amor. Em alguns momentos em minha vida me acostumei com a bênção. Isso acontece quando não conseguimos reconhecer em nosso coração que o que temos e o que somos, tudo é por causa do Senhor Deus que tem o governo de nossa vida. Sejamos gratos por tudo que ele é, o que fez e fará em nossa vida.
Pr. Miquéias Lima – Rede Inpacto Way (Jovens)
Domingo
17.11
Quando tudo parece perdido Conta-se que durante a II Guerra Mundial, na Alemanha, algumas pessoas se refugiaram numa caverna. Depois de terem abandonado aquele lugar, achou-se inscrito numa das paredes o seguinte: “Creio no sol, mesmo que ele não brilhe. Creio em Deus, mesmo que ele esteja em silêncio. Creio no amor, mesmo que ele esteja oculto.” Para aquele grupo de refugiados não restava outra alternativa a não ser acreditar em algo melhor, mesmo diante do caos. O Senhor promete estar presente nos momentos mais difíceis (Salmos 46.1). Com Ele passaremos por vales e desertos (Salmos 23.4); com Ele enfrentaremos correntezas contrárias e perseguições (Isaías 43.2); com Ele lutaremos contra os gigantes que se levantam (1Samuel 17.49); com Ele as provações se transformam em grandes oportunidades de crescimento e amadurecimento (Jó 42.10). Talvez você esteja se sentindo como no interior de uma caverna: vivenciando a escuridão, frieza, desilusões e fracassos. A saída está diante de você. Creia que nem tudo está perdido. Espere tranquilo e com paciência pelo Senhor, pois Ele virá ao seu encontro e o surpreenderá.
Segunda-feira
18 NOV
Ações de graças
Sábado 16.11
Já parou para pensar em quantas vezes nos entristecemos ao longo do dia? Ficamos tristes por ter que levantar cedo para trabalhar ou colocar o filho na escola; porque temos que ir àquela consulta médica que nos dará um resultado talvez não favorável; porque o trânsito, cada vez mais caótico, nos faz perder tanto tempo; porque precisamos cumprir rotinas em casa, conviver com pessoas difíceis. São muitos motivos na vida que podem nos deixar para baixo. Nessas horas, precisamos trazer à nossa mente
Essa afirmação de Jó veio em meio a muito sofrimento. Ele acabara de receber a notícia de que havia perdido
17
18.11
“... Deus, a fonte da minha plena alegria.” (Salmo 43.4)
“Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor.” (Jó 1.21)
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Pr. Paulo Moura – Área de Família
Pr. Marcos Werton – Rede Adore (Adolescentes do Recreio)
O doador da vida
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Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013 |
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aquilo que nos dá esperança: Deus, a fonte da nossa alegria. Quando estamos com sede, a primeira coisa que fazemos é procurar água e saciá-la, não é verdade? Enquanto não achamos, nos incomodamos e não descansamos até beber para recuperar nosso bem-estar. Para que morrer de sede da tristeza se temos uma fonte de alegria a jorrar incessantemente? Se hoje você está andando por um deserto árido, permaneça firme, pois, em breve, você achará o oásis. Deus quer transformar sua tristeza em alegria. Em vez de reclamar ou pensar em desistir, agradeça. Ponha sua esperança em Deus e dê graças, pois nele você encontrará alegria verdadeira.
sem calçamento; iluminação deficiente; tudo bem mais longe do que parecia. Muita gente tinha casa aqui só para veranear. Mas, aqui eu vi o futuro. Agora, graças a Deus, vejo o presente e fico feliz com o que vislumbro.
Tamar Souza – Rede Elas (Mulheres)
Fazemos 25 anos, somos adultos, temos muito a realizar.
Terça-feira
19.11
Grato nas singelas aflições
19 20 21 22 NOV
“Depois de baterem neles até cansar, mandaram ambos para a cadeia... Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam fervorosamente a Deus.” (Atos 16. 23-25) “Estou completando 90 dias de prisão por causa da Palavra da Verdade, do Caminho que seguimos e daquele em quem cremos. Temos certeza, porém, que a nossa aflição está muito distante das aflições que Jesus sofreu por nós. Bendizemos ao Senhor e somos gratos a Ele, porque estas singelas aflições têm servido para a salvação de vários prisioneiros. Temos testificado a muitos do Seu Senhorio sobre tudo e todos.” Como ser grato a Deus numa circunstância de dor e sofrimento? Agradecer pelas singelas aflições que passamos? As palavras acima não fazem parte do texto bíblico em Atos. É parte do testemunho do missionário José Dirceu, missionário na África por mais de 22 anos. José Dirceu é gente como a gente, um cristão comum que ama a Deus e que reconhece o milagre que é a sua vida e o privilégio de poder fazer parte dos planos de Deus. Desafio você a fazer como Paulo, Silas e José Dirceu, ser grato a Deus não importa o momento que você está vivendo. As singelas aflições no tempo presente produzirão em você frutos eternos. Ore, cante e seja grato a Deus, porque ele tem cuidado de nós.
Sou grato, então, pelo convite da igreja há 24 anos; sou grato por Deus ter me orientado para que aceitasse o desafio e viesse para cá; sou grato por esse grupo maravilhoso que constitui minha igreja: líderes e liderados; sou grato a Deus por minha família – Amanda e Gabriel; sou grato a Deus pela inspiração que a igreja tem sido em minha vida.
Parabéns, igreja querida! Pr. Wander Gomes
Quinta-feira 21.11
Agradecer ilumina a mente! “… porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se.” (Romanos 1.21) A futilidade de pensamento e a insensatez em nossas inclinações nos jogam em um ciclo destrutivo, sem esperança, pois afeta nosso pensamento. As luzes vão se apagando sem percebermos. Mas, estaremos livres deste terrível mal se escolhermos glorificar a Deus e ter atos constantes de gratidão. Eis uma poderosa vacina que nos previne da vida superficial, não conduzida como massa de ditadores terrenos ou espirituais. Isso fortalece a mente e cria uma luz de sabedoria prática nos desejos de nosso coração. Nossa vida é como a planta do quintal, carecendo de nós. Se a regamos com atos de gratidão a Deus, felizes por tê-la, mesmo nos dias mais difíceis, ela crescerá e nos deleitaremos nisso. Mas, se o fazemos com amargura, sem glorificar a Deus por aquela linda e perfumada existência… as pétalas caem. A vida adoece. Quer relevância e luz em sua vida? Comece a regá-la com mais gratidão a Deus a partir de hoje? Pr. Armando Peixoto – Ministérios Conexão e Atitude
Pr. Tiago Gomes – Área de Discipulado
Quarta-feira 20.11
Inspiração “Deem graças ao Senhor, clamem pelo seu nome, divulguem entre as nações o que ele tem feito.” (1Crônicas 16.8) Sempre fui muito grato a Deus e à IB do Recreio. Cheguei aqui depois de um ano pastoreando a juventude da IB Moça Bonita. Hoje, olhamos em volta e imaginamos que o Recreio dos Bandeirantes sempre foi essa “maravilha” que é. Não era. Ruas esburacadas,
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| Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013
Sexta-feira
22.11
Autoexame e celebração “Examinemos seriamente o que temos feito e voltemos ao Senhor.” (Lamentações 3.40) O quarto princípio do Celebrando a Recuperação, que é um programa com base no que ensina a Bíblia e é destinado a pessoas que sofreram abusos ou desenvolveram comportamentos destrutivos e disfuncionais, tem a seguinte redação: “Abertamente analiso e confesso todas as minhas falhas a mim mesmo, a Deus e a alguém da minha confiança”. Esse princípio oferece uma grande oportunidade: que mergulhemos em
nós mesmos e reconheçamos onde erramos no passado e onde temos. da mesma forma, errado no presente. Isto estimulará uma vida de louvor e celebração, à medida que o programa estimula a pessoa a escrever sua história de vida de forma analítica e moralmente responsável, e propõe que isto seja feito diante de Deus e compartilhado com uma pessoa de confiança. Isso pode levar tempo, pois a resistência em relação a entrar em contato com os próprios pecados dói muito, especialmente quando somos desnudados diante de alguém em nossos “segredos”, que diante de Deus estão claros como a luz do dia. Convido você a este autoexame preparatório das ações de cura de Deus. Comece a fazer isso agora. Pr. Daniel Camaforte – Área de Dependência Química
Sábado
23.11
Em tudo dai graças “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para conosco.” (1Tessalonicenses 5.18) Pode ser que hoje o dia não esteja brilhando como você deseja, mas experimente falar com Deus e colocar para ele sua gratidão em relação a tudo de bom que o Senhor já lhe concedeu. Quando ouço pássaros cantando, as ondas do mar batendo na areia, fico imaginando que bela melodia estão entoando para agradecer ao Criador. Em dias nublados, os pilotos de avião precisam ultrapassar as densas nuvens para ver o céu azul e o sol brilhando. Portanto, experimente cantar para Deus e sentirás que o louvor muda tudo. A música pode ser uma terapia para você hoje e uma forma maravilhosa de demonstrar amor e gratidão pelo Rei do Céu. Denise Guimarães – Rede Recriança (Crianças)
Domingo
24.11
Gratidão e comunhão “Estejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês por estarem unidos com Cristo Jesus.” (1Tessalonicenses 5.16-18) Comunhão, intimidade, amizade e reclamação, murmuração e inimizade não combinam. Quem conhece a Deus e anda com Ele tem um coração agradecido. Reconhecer a bondade e o cuidado de Deus em nossas vidas enche-nos de alegria, que vem do Espírito e é a condição para uma vida de intimidade com Deus. Devemos tributar a Deus tudo o que somos e temos, reconhecer que se não fosse pelo seu amor, por sua misericórdia, já não estaríamos nem mais vivos! É a paciência e a misericórdia de Deus que nos conservam em vida e fazem um dia nascer após o outro, que fazem a chuva cair e o sol nascer para todos. E tudo que temos vem da mão de Deus. E ao estarmos unidos com Cristo Jesus reconhecemos que desde que estávamos sendo
formados, ainda no ventre, Nosso Pai do Céu já estava cuidando de nós. A cada dia Ele nos cerca com laços de amor. Obrigado, Papai! Pr. Franco Albano – Área de Evangelismo e Missões
Segunda-feira
25.11
A graça de Deus? “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” (Hebreus 4.16) Existem momentos em nossa vida que a gente se vê completamente perdido. É como se estivéssemos numa bifurcação, cheios de dúvidas: Qual o caminho a seguir? Ir pra esquerda ou pra direita? Qual a decisão certa e qual a errada? Pior é que as incertezas nos paralisam, e aí a gente não vai nem para um lado e nem para o outro. A gente simplesmente para. A vontade de acertar é tão grande que faz maior ainda o medo de errar. O medo nos faz acreditar que estamos sozinhos em nossas decisões. Puro engano! Deus está com a gente sempre, e quer estar, principalmente, nos momentos de dúvidas e incertezas. Não tenha medo das decisões, nem tenha medo de errar. Mas jamais deixe de tentar acertar! Deus nos deu a capacidade de seguir em frente, de lutar, de não desistir. Então, quando as dúvidas e as incertezas estiverem diante de você, respire fundo, analise as possibilidades, supere o medo e arrisque. Esse é o lindo caminho da graça! Pr. Gustavo Legal – Rede InPacto ID (Jovens Adultos)
Terça-feira
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26.11
O tapeceiro da vida
NOV
“Pois somos feituras Dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2.10) O tapeceiro começa a sua obra cheio de inspiração por saber o fim desde o começo, mas o incauto observador, ao olhar o avesso, não consegue imaginar o desfecho. O emaranhando de fios e cores o confunde até que, finalmente, o tapeceiro revira e revela a sua obra, e que obra! Irretocável. Precisamos agradecer mesmo quando não entendemos, precisamos confiar no tear do tapeceiro da vida, ele usa os fios, as cores, os tamanhos diferentes que vão sendo trançados formando as histórias da sua história. Não sei como você está vendo a sua vida neste momento, talvez a falta de possibilidade de ver o final o está impedindo de agradecer o que o Tapeceiro está fazendo hoje na sua vida. Deus está no controle, o Salmo 139 nos diz que o Tapeceiro da vida começa sua obra quando ainda estamos no ventre materno, portanto, ele o conhece e irá completar a obra que iniciou na sua vida de forma inimaginável. Então, vá agradecendo, até que o Tapeceiro da vida revele o que estava em sua mente desde o começo. Pr. João Júnior – Rede Elevação (Jovens Casados) Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013 |
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Quarta-feira 27.11
Sexta-feira 29.11
Ação de graças
Dar como sinal de gratidão
“Oferecer-te-ei sacrifícios de ações de graça e invocarei o nome do Senhor.” (Salmo 116.17)
“Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.” (2Coríntios 9.7)
Em Levítico 7.12-15, vemos, entre outras razões, que a oferta pacífica era apresentada como um ato de ação de graças. Ela é assim chamada porque apregoa a paz com Deus e os homens e a expiação de pecados como base para a paz e para a consagração. Assim como o piedoso israelita, autor do salmo, se propõe a oferecer a Deus “sacrifícios de ações de graça” pelos favores recebidos, nós, os crentes em Jesus Cristo, somos chamados a oferecer “sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o sacrifício de lábios que confessam o seu nome” (Hebreus 13.15). E isso, por meio de Jesus Cristo que, “para santificar o povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta” (Hebreus 13.12). A melhor ação de graças é a vida consagrada. É o sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, oferecido pelas suas muitas misericórdias. Aleluia, isto é, louvai ao Senhor! É como termina o Salmo 116. Aquele que é o único que merece todos os louvores de que os homens são capazes. Você, leitor amigo, já se entregou à edificante tarefa de contar os favores concedidos pelo Eterno e já expressou particularmente ou em público a sua gratidão? Pr. Joel de Brito – Casacap
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(Centro de Ação Social Antonio Caldas Pinheiro)
Quinta-feira 28.11
NOV
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Uma das coisas que pode gerar mais tristeza no coração de uma pessoa é a ingratidão de alguém para com ela. Por outro lado, nos alegra muito um “muito obrigado”. Isso acontece porque só agradece quem é humilde. Como é bom encontrar pessoas humildes de coração. Assim também é a atitude de Deus para conosco. Deus ama a quem dá com alegria porque só dá com alegria quem recebe com alegria. E só recebe com alegria quem sabe que recebe não porque merece, mas por causa da graça de Deus. Repartir com outros aquilo que me foi dado é reconhecer que o que me foi dado não é de direito exclusivo meu. O “abençoado” não é o que recebe simplesmente a bênção, mas é aquele que em recebendo a bênção compartilha com o outro. Seja extremamente abençoado. Pr. Miquéias Lima – Rede InPacto Way (Jovens)
Sábado 30.11
Não se esqueça de agradecer “Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça nenhuma de suas bênçãos!” (Salmo 103.2)
A gratidão no contexto da Palavra de Deus consiste no reconhecimento das bênçãos recebidas que foram ofertadas por graça (Tiago 1.17), tanto da parte de Deus como da parte dos homem. A gratidão é uma arma de vitória que apaga insinuações malignas de rejeição, baixa da autoestima e rebeldia. A gratidão anula os pensamentos egoístas. Ela é um exercício de libertação e nos leva a “voar nas asas do Espírito”, concedendo-nos um coração adorador. O Senhor nos convoca a agradecer a Deus por todos os benefícios que Ele nos tem feito, e, quando fazemos isto, percebemos que estes são incontáveis e essenciais. Comece a contar as bênçãos em sua vida e você verá que é impossível enumerá-las todas, enquanto os nossos problemas são apenas alguns (e podem ser contados em nossos dedos). A gratidão nos leva a estar acima das tempestades e das dificuldades da vida. Você tem agradecido ao Senhor pelas respostas de oração? Pelos livramentos nos momentos difíceis?
Uma das coisas mais belas que aprendemos com Jesus é sobre a importância da gratidão. Volta e meia esquecemos o que pedimos e, quando recebemos, esquecemos de agradecer. Certa vez, Jesus, ao entrar em uma aldeia, se deparou com um grupo de leprosos. Eram dez homens, que por viverem alijados da sociedade, necessitavam de atenção, cuidados e, principalmente de cura. Ao avistarem, o pedido foi unânime: “Jesus, Mestre, tem piedade de nós”. Jesus se encheu de compaixão, curou a todos, mas surpreendentemente apenas um voltou para agradecer. Porém, mais feliz ainda, o agradecido se tornou, pois além da cura física, Jesus proporcionou a principal: aquele homem alcançou a salvação da alma. A bênção estava completa, valeu a pena voltar para agradecer (Lucas 17.11-19). Infelizmente, a reação dos nove, igualmente curados, retrata algo de muito comum em nós, a ingratidão. Quanto mais valorizarmos e reconhecermos os benefícios que alcançamos, mais seremos merecedores de tantos outros que virão. A Bíblia nos ensina a dar graças por todas as coisas, pois esta é a vontade de Deus (1Tessalonicenses 5.18). Faça isso!
Pr. Marcos Werton – Rede Adore (Adolescentes do Recreio)
Pr. Paulo Moura – Área de Família
Celebrando a gratidão “Bendize minha alma ao Senhor.” (Salmo 103.1)
| Reflexões Diárias . Igreja do Recreio . Outubro – Novembro 2013
Publicação bimestral da Associação Recriar | Ano 01 . nº12 . Outubro – Novembro 2013 Distribuição gratuita e dirigida . Venda proibida | elos@igrejadorecreio.org.br
Denise Guimarães
Quem educa quem?
Isaltino Gomes
O novo teólogo da Veja
Daladier Carlos
Diplomacia: Ética ou segurança?