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DECORAÇÃO SUSTENTÁVEL Veja como o eco design pode valorizar ambientes e ajudar a preservar o meio ambiente Por Amauri Eugênio Jr.

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Fotos Lucas Dantas e arquivo pessoal

ara você, que pensa que a decoração consiste pura e simplesmente em comprar novos móveis, um recado: aquele armário aparentemente velho abandonado no canto da sala, aquela mesa que está com um dos pés menor do que os outros (vários botecos já tiveram a reputação jogada à sarjeta por isso, inclusive) ou aquela cadeira bem antiga podem ser o diferencial da sua casa; enfim, o suprassumo daquele cômodo. Outro mito sobre decoração que vai ser quebrado, aqui e agora: não é preciso “gastar os tubos”, ou melhor, muita grana, para ter um ambiente bem decorado. A criatividade, independentemente de qual for o segmento é a melhor alternativa para renovar o ambiente e, assim, valorizá-lo. Esse, em suma, é o conceito do eco design. Você sabe do que se trata, afinal? Conforme explicado por Tiago Fernandes Rosa, designer, e por André Luiz Ferreira, designer e consultor, ambos sócios do Grupo Caramelo, consiste no “processo que contempla aspectos ambientais em todos os estágios de desenvolvimento da decoração”, com o objetivo de preservar o meio ambiente, tanto no que diz respeito à derrubada de árvores (de onde você acha que vêm aqueles móveis planejados?), assim como no descarte de recursos, indiscriminadamente. “Pensamos em reutilizar tudo, para não causar impacto negativo à natureza e para que as pessoas daqui a 20 ou 30 anos possam usufruir tudo o que [nós, na sociedade] temos hoje”, mencionou Fernandes Rosa. O nome do grupo, por sinal, surgiu a partir do interesse em uma nomenclatura que remetesse à ideia de algo que “pudesse dar ‘liga’” ou que “colasse”, conforme explicaram os sócios, em relação ao nome “Grupo Caramelo”; além de ter sido inspirado na colagem de adesivos, atividade inicial do grupo (que engloba também uma fábrica de luminárias, a Sampa Luz).

Economia de recursos e de dinheiro Pois bem, questões relacionadas ao meio ambiente estão extremamente em voga, atualmente; e de maneira bem intensa, tanto que não são raros discursos alarmistas e com características sensacionalistas sobre esse tema. Logo, uma maneira extremamente válida de se fazer sua parte para preservar recursos naturais é a reutilização de materiais. Quer exemplos? Móveis relativamente (ou muito) antigos que, em princípio são descartados ou inutilizados, podem ganhar novo aspecto ou serem reaproveitados por meio de soluções criativas. “Decorar significa embelezar. Não dá para fazê-lo somente ao comprar algo novo; ou seja, consiste em valorizar o espaço, reaproveitar elementos... Móveis velhos podem virar obras de arte”, ressaltou Fernandes Rosa, sobre a reutilização de elementos. Além disso, objetos que, teoricamente, nunca seriam utilizados para fins decorativos, como pallets (aqueles suportes de madeira sobre os quais são empilhadas caixas e afins), podem ser transformados em bases para sofás ou camas, por exemplo. Não está satisfeito? Pedaços de madeiras utilizadas em obras (para sustentação de colunas em construção) e isopores também podem ser usados como elementos decorativos de paredes. “Além de serem decorativos, esses elementos têm funções. A caixa [de madeira], por exemplo, pode ser transformada em uma prateleira ou estante, para se ter uma ideia”, ressaltou Fernandes Rosa. Outro aspecto a ser ressaltado: a economia monetária. Isso mesmo, não é preciso gastar muito dinheiro para deixar determinado ambiente bem decorado e agradável, tanto para o habitante do local quanto para visitantes. “A decoração tem de caber no bolso de todas as pessoas. Não é porque alguém seja da classe C [atualmente, mais da metade da população brasileira, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia

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decoração e Estatísticas – IBGE], que ela não possa decorar. A luminária colmeia (produzida a partir de copos plásticos e clipes reaproveitados), por exemplo, é uma boa solução. O objetivo da decoração é deixar o ambiente ‘chique’ e ‘glamouroso’”, mencionou o designer Fernandes Rosa. André Luiz também destacou a utilização de recursos financeiramente mais acessíveis que visam, de fato, ter o mesmo efeito prático de outros mais caros. “São usados, por exemplo, adesivos decorativos e, também, uma técnica antiga mas que foi aprimorada: o uso de tecidos como revestimento de paredes, que tem menor custo... A decoração não deve existir somente nas classes altas; logo, ela tem de ser acessível para pessoas com baixa renda”, ressaltou André, ainda ao mencionar que há empresas que fazem distinção de clientes de acordo com o poder aquisitivo inerente a cada um. “Todos

os valores [aquisitivos], para nós, são os mesmos, independentemente do cliente. A decoração pode ser em uma casa ou em um escritório de alguém da classe A, assim como de alguém das classes C e D”. Identidade do cliente Antes de pura e simplesmente decorar um ambiente, é extremamente importante se fazer análise da personalidade do cliente, intrinsecamente ligada aos seus interesses (estéticos, inclusive). “Cada estilo [decorativo] tem de seguir de acordo com as características e personalidade do cliente. Para cada pessoa há um estilo próprio de decoração”, explicou Ferreira, além de destacar que é feito estudo em âmbito digital (desde projetos em 3D até fotografias) no qual são consideradas variáveis como a metragem do ambiente e, a partir daí, é feito estudo com mais aspectos, como revestimento e móveis, por exemplo, para deixá-lo de maneira esteticamente agradável e

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Na foto acima, André Luiz Ferreira e Tiago Fernandes Rosa seguram luminária feita com copos plásticos e clipes reutilizados; e, ao lado, o designer Fernandes Rosa mostra o processo de produção deste mesmo tipo de luminária. À direita, luminária produzida a partir de uma gaiola. Na página seguinte, você pode visualizar as luminárias produzidas pela Sampa Luz, empresa integrante do Grupo Caramelo, nas quais estão evidenciados desenhos elaborados pelo próprio designer Fernandes Rosa.

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funcional. Também é feita análise cromática, para cada ambiente e com a proposta de cada local (casa ou escritório, por exemplo). “As cores retratam muito as características do ambiente a ser decorado. Para cozinhas são indicadas cores mais fortes, que remetam à fome; e para quartos, por exemplo, são recomendáveis matizes mais suaves, que induzam à paz”, mencionou o consultor e designer. Obviamente, os gostos e interesses de cada cliente são levados em conta ao se fazer estudo sobre o que será feito em cada ambiente. Para se ter uma ideia, é feita uma espécie de entrevista com cada pessoa para se descobrir o perfil comportamental de cada um, justamente para dar início a cada projeto e, assim, para que a pessoa se sinta bem em sua própria casa. “Não adianta ir à casa de uma pessoa ‘moderna’ e fazer decoração retrô. (...) Tudo é levado em conta, para que possa haver acerto, na hora da decoração”, explicou André. Compartilhando da mesma opinião de André, Fernandes Rosa ressaltou que o “sonho” de cada cliente também é considerado; e o objetivo do Grupo Caramelo é realizá-lo. Um dos exemplos citados por eles foi o de um cliente que queria retratar a fachada da Estação da Luz; e, para fazê-lo, foi feito adesivo, do tamanho da parede em que foi aplicado, com traços (vetores) da fachada; e o trabalho de fixação du-

rou aproximadamente 12 horas. Obviamente, há casos em que o interesse do cliente não terá resultados necessariamente satisfatórios. Sobre esse fato, Tiago explicou que o desejo do cliente é como um “diamante bruto”, e o objetivo, a partir da solicitação feita, é lapidá-lo. “Tivemos clientes que fizeram solicitações nas quais mostramos que [o resultado] não ficaria bom; e, por isso, eles contrataram outros decoradores. No entanto, o cliente se arrependeu e, posteriormente, nos chamou para ‘consertarmos’ o que havia sido feito”, completou André. Frutos colhidos O desempenho dos profissionais do Grupo Caramelo resultou em convites para eventos conceituados de decoração e design. No primeiro semestre de 2011, a dupla de sócios irá participar de feira de decoração e design a ser realizada em Frankfurt (Alemanha), para representar o Brasil; e também participará de programa de reforma de casas, ainda em fase de produção, no formato do “Extreme makeover: Home edition” (exibido no canal por assinatura Liv). Como André Luiz ressaltou, “o segredo é usar a criatividade e inovar, fugir das tendências; ou seja, ter um diferencial para ser aplicado”. Serviço Grupo Caramelo R. Soldado José Alves de Abreu, 50, Vila Galvão, Guarulhos/SP Tel.: (11) 2382.8942 www.grupocaramelo.com.br

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