Revista Backstage - Edição 215

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Sumário Ano. 19 - outubro / 2012 - Nº 215

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Tão invisível quanto o sistema de sonorização de um teatro é o sistema de microfonação, que pode ser considerado a alma do sucesso do som. Nesta edição, trazemos uma reportagem sobre o sistema de microfones usado no espetáculo que homenageia o compositor Milton Nascimento, em cartaz no Rio de Janeiro. Confira também as reportagens sobre a profissão de técnico de aúdio de espetáculos e a primeira da série sobre alinhamento de PA, além dos lançamentos e as novidades tecnológicas.

Danielli Marinho Coordenadora de redação

64 NESTA EDIÇÃO 16

Som personalizado Nesta edição, iniciamos uma série de reportagens sobre como cada técnico de som alinha o PA. Profissionais experientes do mercado revelam como dão aquele toque para tirar um som personalizado.

Vitrine

46

Os novos mixers compactos Soundcraft Si Performer que fazem as duas funções: controlam som e luz.

26

Rápidas e rasteiras Um novo aplicativo da Behringer para atualização da X32 e a primeira mulher endorser da alemã Hohner.

36

Play-rec Os álbuns da dupla Fernando Moura e Ary Dias e do saxofonista Leo Gandelman são uns dos mais recentes lançamentos.

38

Gustavo Victorino O colunista traz o novo lançamento em conjunto da Roland e da Fender e revela o nome de um convidado especial que irá se apresentar na Festa Nacional da Música.

40

Espaço Gigplace Jovaí Lopes, atualmente no Cirque du Soleil, e a profissão de técnico de áudio para espetáculos.

Gramophone Segundo álbum-marco dos Velhas Virgens, caracterizado pelo som cru e muitos riffs de guitarra, completa 15 anos.

60 64

Uma natural evolução A nova mesa de mixagem da Allen & Heath, GLD 80, é a mais compacta da série e permite ampliar os 32 para 48 canais.

Estúdio Uma nova alternativa para quem está fora do eixo Rio-SP: o Audio Track, localizado na Baixada Fluminense (RJ).

102 Som nas Igrejas

Igreja Evangélica Cristã, em Minas Gerais, atualiza o sistema de áudio e desenvolve projeto para solucionar a reverberação local.

106 Boas Novas

A cantora Mariana Ava chega ao Brasil e Fernanda Brum lança novo trabalho contando com a parceria de Arianne.

112 Vida de artista

Durante uma das inúmeras e cansativas viagens de turnês, eis que surge a inspiração para a capa do próximo disco.


Iluminação Uso de paineis de LED e moving lights deram movimentação e imprimiram um estilo futurístico à apresentação do grupo de street dance londrino Diversity.

98

CADERNO TECNOLOGIA

Quartet

68

A Apogee lança mais um equip a mento direcionado aos home studios, o Quartet, uma interface com 12 canais de entrada.

72

Logic Fique por dentro dos osciladores e filtros do ES2, o sintetizador virtual do pacote do Logic Pro.

76

Cubase A integração de todo o hardware com o Cubase é o assunto da coluna desta edição.

80 Sibelius Desvendando as funções do Ribbon, uma novidade no software que vem causando dúvidas aos usuários.

84 Home Studio Conhecendo um pouco mais sobre os componentes do sintetizador e de alguns princípios da síntese dos sons.

Expediente Diretor Nelson Cardoso nelson@backstage.com.br Gerente administrativa Stella Walliter stella@backstage.com.br Financeiro Rafael Pereira adm@backstage.com.br Coordenadora de redação Danielli Marinho redacao@backstage.com.br Revisão Heloisa Brum Revisão Técnica José Anselmo (Paulista) Tradução Fernando Castro Colunistas Cristiano Moura, Elcio Cáfaro, Gustavo Victorino, Jorge Pescara, Luciano Freitas, Luiz Carlos Sá, Marcello Dalla, Nilton Valle, Ricardo Mendes, Sergio Izecksohn e Vera Medina Colaboraram nesta edição Alexandre Coelho, Luiz Urjais, Miguel Sá e Victor Bello Estagiária Karina Cardoso webmaster@backstage.com.br Edição de Arte / Diagramação Leandro J. Nazário arte@backstage.com.br Projeto Gráfico / Capa Leandro J. Nazário Foto: Guga Melgar / Divulgação Publicidade: Hélder Brito da Silva PABX: (21) 3627-7945 publicidade@backstage.com.br Webdesigner / Multimídia Leonardo C. Costa multimidia@backstage.com.br Assinaturas Maristella Alves PABX: (21) 3627-7945 assinaturas@backstage.com.br Circulação Adilson Santiago, Ernani Matos ernani@backstage.com.br Crítica broncalivre@backstage.com.br Backstage é uma publicação da editora H.Sheldon Serviços de Marketing Ltda. Rua Iriquitiá, 392 - Taquara - Jacarepaguá Rio de Janeiro -RJ - CEP: 22730-150 Tel./fax:(21) 3627-7945 / 2440-4549 CNPJ. 29.418.852/0001-85 Distribuição exclusiva para todo o Brasil pela Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Rua Dr. Kenkiti Shimomoto, 1678 - Sl. A Jardim Belmonte - Osasco - SP Cep. 06045-390 - Tel.: (11) 3789-1628 Disk-banca: A Distribuidora Fernando Chinaglia atenderá aos pedidos de números atrasados enquanto houver estoque, através do seu jornaleiro. Os artigos e matérias assinadas são de responsabilidade dos autores. É permitida a reprodução desde que seja citada a fonte e que nos seja enviada cópia do material. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios veiculados.


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CARTA AO LEITOR | www.backstage.com.br

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O que vem no meio, fica no meio

D

epois da redução do IPI para carros e eletrodomésticos, o Governo anunciou outra medida na tentativa de “salvar” o ano econômico brasileiro: a inclusão de mais 25 setores na desoneração da folha de pagamento. Umas das condições para que cada novo setor seja beneficiado é manter a taxa de emprego, ou seja, não poderá haver demissão de trabalhadores; aumentar as exportações e aumentar a produção e a produtividade. Depois de fazer projeção de expansão de 3% do PIB, o Governo recuou, admitindo que o país só deverá crescer cerca de 2% em 2012. Não é de se estranhar que esse número tenha sido rebaixado, uma vez que até mesmo a China refez o cálculo do crescimento projetado para 2012. O que não podemos considerar fora do comum é se alguém vier nos dizer que o Brasil não está “em céu de brigadeiro” e que, mesmo com as medidas adotadas pelo setor econômico do Governo, ainda não conseguimos nos juntar ao seleto grupo de países mais ricos do mundo. Se somos a sétima economia no mundo, temos um mercado consumidor muito aquém da proporcionalidade desta riqueza.. Por outro lado, nunca se foi tão rico e nunca se foi tão menos pobre no Brasil como nos dias atuais. Prova disso é o aumento do consumo dos itens de luxo pela classe A e o acesso a bens duráveis pelas classes D e E, facilitado pelo crédito mais fácil. O paradoxo nesta realidade reside exatamente no meio: a classe média, que não sabe se é B ou C. Portanto, estamos no meio dessa história. Classificações à parte, o que interessa observar é que é justamente essa fatia do meio desse bolo chamado sociedade brasileira que “sustenta” o nosso mercado, seja ele fonográfico, de entretenimento ou de equipamentos. Redução de IPI nunca foi motivo para o músico comprar mais ou menos equipamentos, muito menos razão para a classe média ir a mais ou menos shows ou consumir mais ou menos músicas, por exemplo. O mercado de produtos vem sofrendo, sim, com a alíquota de impostos que incidem sobre os produtos nacionais, inibindo o crescimento industrial do setor e o consumo do produto final, causando reflexos no nosso mercado que não tem visto o tão propagado crescimento da economia. No entanto, o Governo já projeta um crescimento de mais de 4% do PIB; que provavelmente vai rever no decorrer do ano. Boa leitura e lembre-se que a realidade fica menos colorida quando as promessas passam.

Tenha uma boa leitura. Danielli Marinho

siga: twitter.com/BackstageBr


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JBL www.jbl.com/PT-BR A JBL lançou no Brasil o Dock Station OnBeat ideal para iPad, iPhone e iPod. Com design sofisticado e recursos de alta tecnologia, o equipamento proporciona um som de excelente qualidade. Um dos destaques é a possibilidade de girar a tela do dispositivo, proporcionando a melhor exibição dos vídeos. Equipado com duplo falante full-range, da Phoenix, e sistema de equalização DSP otimizado para computador, oferece um som de alta qualidade.

SOUNDCRAFT www.soundcraft.com A Soundcraft, marca inglesa do grupo Harman, criou uma nova linha de mixers compactos Soundcraft Si Performer que possuem a possibilidade de se controlar um rig de iluminação completo, além das suas já impressionantes características de mixagem de áudio para som ao vivo, através de uma interface DMX. O novo modelo de mixagem apresenta quase o dobro da capacidade DS da popular linha Si Compact.

LEACS www.leacs.com.br A Leac’s apresentou ao mercado a Caixa Pulps 950 Ativa com USB e controle remoto. Dentre as várias características físicas podemos destacar: entrada de microfone balanceada/entrada de linha balanceada, conector COMBO NEUTRIK com controle de volume independente, 4 vias de equalização HI-MID HI-MID LOW-LOW com controle de +/- 15dB. Proteção térmica, entrada USB e leitor de Cartão SD/MMC.

LANEY www.equipo.com.br O amplificador cabeçote Iron Heart IRT120H, da Laney, traz o legado deixado pelos grandiosos amplificadores KLIPP e AOR. Ele possui diversos recursos, como o exclusivo controle “Watt”, que oferece ao guitarrista a possibilidade de controlar o nível de saída da sonoridade (de 1 a 120 Watts – ou seja, um som pesado, mesmo em níveis mais baixos de volume) e o controle dinâmico do som, combinado ao controle “Watt”.


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BOSS www.roland.com.br O Loop Station RC-300 da Boss possui três canais estéreo com pedais e controles individuais, entrada para microfone XLR com Phantom Power, 16 efeitos embutidos otimizados para loops, armazenamento via USB para importação/ exportação de arquivos WAV, pedal de expressão para controle de efeitos em tempo real e outras excelentes características.

BUGERA www.proshows.com.br O Combo para Guitarra 333-212 Infinium, da Bugera, possui uma confiabilidade incrível e tom consistente que dura toda a vida útil do produto. Ele possui dois alto-falantes de 12”, um preamp de três canais (‘Clean’, ‘Crunch’ e ‘Lead’) equipado com 4 válvulas 12AX7 para um som limpo e uma distorção de derreter qualquer palco. O amplificador também tem o recurso “Reverb’ integrado de altíssima classe que pode ser endereçado por canal e ainda possui um controle dedicado.

IBANEZ

AXIS www.sonotec.com.br Os pedais Axis Percussion modelo AX-X2L, marca distribuída pela Sonotec aqui no Brasil, foi desenvolvido especialmente para canhotos. Seu diferencial é o fato de ter o pedal escravo para o lado direito do pedal principal; as outras características são basicamente as mesmas da versão para destros.

www.equipo.com.br Munida de captadores DiMarzio Evolution e ponte Edge Tremolo, a Guitarra modelo Ibanez EVO, distribuída pela Equipo, foi feita para quebrar limites. Um novo conceito foi dado ao instrumento, levando todos os músicos ao delírio. Ela possui madeira Alder no corpo, braço JEM-EVO, ponte Edge bridge, controles com 1 volume mais 1 Tone e chave de 5 posições.


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www.sonotec.com.br A Shuttle 6.2 Head da Genz Benz é um amplificador para contrabaixo, que fornece 375 watts em 8 ohms e 600 watts em 4 ohms. Com a adição da exclusiva 3DPM, um circuito de gerenciamento de energia em três dimensões, o amplificador oferece mais peso para as notas individuais. Além disso, o pré-amplificador de válvula 12AX7 apresenta o maior ganho disponível.

ALLEN&HEATH www.audiopremier.com.br A Allen & Heath apresentou um sistema de mixagem digital profissional, o console GLD 80. Ele possui todos os benefícios da série iLive, incluindo um compacto mixer digital com I/O remoto, sistema de 4 a 44 microfones, monitor colorido touchscreen, 8 máquinas de efeito estéreo, entre outros.

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GENZ BENZ

LINE 6 www.habro.com.br Com um novo conceito em sistemas de reforço sonoro, as colunas StageSource da Line 6 trazem inovações em toda a linha que permitem resultados surpreendentes. E esses resultados podem ser para aplicações de palco, PA pessoal, backline, sistema de PA principal, entre outros.

YAMAHA www.br.yamaha.com A Yamaha lançou a bateria Gigmaker voltada para o segmento de aprendizes e iniciantes. A marca afirma que o instrumento tem mais sonoridade por ter os aros dos bumbos em madeira, assim como a estabilidade é garantida pelos pés duplos do hardware que acompanha o kit.


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www.santoangelo.com.br A Santo Angelo divulgou na Expomusic mais um cabo em adição aos modelos Premium Estilos atualmente disponíveis no mercado brasileiro, o Shogum. Produzido com liga de Cobre OFHC na bitola de 0.75mm² e conectores P10 blindados de Latão (Liga de Cobre e Zinco) banhados a ouro 24 quilates, eles possuem dupla capa de PVC, aumentando a resistência mecânica sem perder a flexibilidade.

PIONEER www.pioneer.com.br A Pioneer apresenta o MEP-4000, um rack-mount para DJ que permite reproduzir diferentes formatos. Além de CD, o MEP-4000 reproduz diversos formatos multimídia, incluindo arquivos MP3 e WAV, gravados em USB e CD-R/RW. Também permite trabalhar com "rekordbox", um software de gerenciamento de música que pode separar músicas por gênero, criar listas de reprodução e configurar cues e loops*3 em um PC.

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SANTO ANGELO

KEMPER www.kemper-amps.com A Kemper Amps lançou a nova versão do software 1.1 para amplificadores Profiling Kemper, que inclui um conjunto de novos efeitos Lo-Fi FX e uma coleção de 50 perfis de Amp, todos feitos pela Equipe Profiler Kemper. Desde seu lançamento, o amplificador Profiling Kemper proporcionou aos músicos a possibilidade de tirar o som original de seu próprio equipamento amplificador, em qualquer estúdio, bem como em turnê.

COUNTRYMAN www.countryman.com Leve e resistente, o Headset H6 combina a qualidade de som e resistência à umidade da cápsula E6, com uma haste para cabeça confortável, leve e de fácil ajuste. O H6 é perfeito para igrejas, teatros, produtoras e apresentadores. O H6 está disponível nas versões direcional ou omnidirecional e em três opções de sensibilidade diferentes, possuindo exclusivo conector com vedação dupla à prova de umidade e cabo resistente com 1,2 mm de diâmetro reforçado com fibras de aramida.


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PLS www.proshows.com.br A PLS, distribuída pela Proshows no Brasil, lançou no mercado a Pro Color Par Extra. Integrado com a mais recente tecnologia de LED e com um LED RGB ultrapotente, a Pro Color Par Extra cria um surpreendente mix de cores e uma poderosa saída de luz, ideal para iluminar paredes, fachadas e para causar um banho de cores num ambiente de médio ou grande porte. Este equipamento é muito versátil, tornando-se ideal para teatros, clubes, palcos, casas noturnas e até DJs.

ETC www.telem.com.br A série Source Four LED, da ETC, oferece o sistema óptico de alto padrão dos refletores elipsoidais combinado com a eficiência e o total controle de cores da linha Selador. A afinação e o manuseio são iguais aos dos refletores tradicionais, o tamanho é próximo ao do Source Four original e são compatíveis com todos os acessórios da linha. Também podem ser operados remotamente e estão disponíveis nas versões Lustr+, Daylight e Tungsten.

HOT MACHINE www.hotmachine.ind.br O LT-100 da Hot Machine compreende uma série de longas varas de pixel de um metro, carregado com LED RGB de 35mm pixel pitch - tudo controlado via DMX através de qualquer servidor de mídia dedicado. A teoria de mapeamento de pixels é que dois objetos tridimensionais são transformados em três dimensões, com a ajuda de técnicas de programação avançadas; assim, cada pixel do LT-100 LED pode ser endereçado individualmente, permitindo ao LJ criar genuínos efeitos de iluminação 3D, tais como ondas 3D ou barras 3D.

ROBE www.robe.cz O Actor 12 traz todas as vantagens da premiada série LEDWash para aplicação em armações fixas. O modelo possui uma engenharia reversa para que ela seja ainda menor e fácil de controlar estaticamente. Sessenta e um RGBW LED de alta potência de 15 W estão configurados em quatro anéis concêntricos incorporados ao sistema Robe de zoom óptico motorizado, proporcionando uma superfície lisa, plana e com feixe progressivo que vai de 8 até impressionantes 63 graus.


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PIANISTA JEFF GARDNER ABRE CURSO SOBRE MÚSICA AMERICANA Ex-professor da New York University, o pianista americano Jeff Gardner abre curso sobre iniciação à música americana, no dia 7 de novembro, no Centro Musical Cigam, no Rio de Janeiro. O curso, que terá quatro módulos, é destinado àqueles que têm interesse pela cultura musical americana e pretendem se especializar nos gêneros jazz, blues e pop. Gardner é estudioso da história do jazz e da música americana e conviveu com algumas lendas desses estilos no palco, nos camarins e "on the road". Inscrições já estão abertas para formação de turma pelos telefones (21) 2524.2170 e (21) 2532.0768.

BEHRINGER LANÇA APP PARA ATUALIZAÇÃO DA X32 Já está disponível o aplicativo XiControl iPad para a mesa digital X32 da Behringer. O app pode ser baixado gratuitamente na Apple Store e permite controlar totalmente a mixagem a partir da mesa digital X32. O usuário também poderá ter controle de fader de entradas de Micro/línea 1 a 32 mais Aux 1 – 8 além de 8 returns de efeito, 16 buses de mixagem, saídas LRC principais e matriz, e oito grupos DCA da mesa.

Curso de áudio pelo Brasil

Cerca de 50 alunos nos dos dias de workshop

Nos dias 21 e 22 de agosto, aconteceu no Rio de Janeiro o primeiro de uma série de workshops do projeto Sound Academy Tour 2012, promovidos pela Harman, em parceria com a Iatec. Ministrado por Renato Muñoz, o curso de áudio contou com a participação de 52 alunos durante os dois dias de evento. Segundo Renato, a ideia do treinamento é passar o máximo de informação aos participantes sobre som ao vivo, explicando todas as etapas de um sistema de som, desde caixas até os consoles, um dos temas mais importantes de ser abordado, segundo Renato. “É um tema importante, porque o técnico está em contato no dia a dia. Quando chego à mesa de áudio, os outros pontos já estão resolvidos”, comenta. Em 16 horas, foram abordados temas como sistema de caixas acústicas, conectores e cabos, processamento e consoles de mixagem, entre outros. O estudante de engenharia eletrônica, Davi de Almeida, que trabalha por hobbie como operador de áudio na Igreja Presbiteriana de Bangu, no Rio de Janeiro, era um dos participantes que aprovou o conteúdo do curso.

“Soube do workshop por e-mail e me interessei, porque gosto dessa área de áudio e talvez vá trabalhar com áudio depois que terminar a faculdade”, considera. Já o experiente técnico de PA do grupo Swing & Simpatia, André Calazans, embora já esteja há 20 anos na estrada, 18 deles em som ao vivo, decidiu assistir às palestras porque gosta de fazer intercâmbio de informações com os mais jovens e com os profissionais experientes que ministram os cursos. “Para quem trabalha diariamente com isso há muito tempo, não tem muita novidades, mas a estrutura do curso é boa, com temas e dúvidas de quem trabalha no dia a dia”, completa. Olinda, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília são as demais cidades escolhidas para receber as outras etapas do curso de áudio Sound Academy Tour.


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A volta do Fest Valda

Depois de 12 anos, desde a última edição realizada no Morro da Urca, no Rio de Janeiro, o Fest Valda voltou a revelar talentos e bandas nacionais para o mundo. Desta vez, a banda que saiu com o título de vencedora foi a pernambucana Babi Jacques e os Sicilianos, que conquistou o público e os jurados com a

Jefferson Carvalho comandou a iluminação

música Lágrima do Palhaço no seu melhor estilo pop anos 50 e um show extremamente performático. O Web Fest Valda, que aconteceu no Circo Voador, na Lapa carioca, entre os dias 16 e 18 de agosto, voltou com o nome e a forma de seleção repaginados e neste retorno contou com mais de 500 bandas inscritas via internet. Dessas, apenas 24 selecionadas subiram ao palco do Circo, nas duas noites de préeliminatórias, de onde saíram as 12 finalístas, que se apresentaram na noite do terceiro dia de festival. Como era um festival, a sonorização e a iluminação foram planejadas de forma que não favorecessem a nenhuma das bandas. Segundo o técnico de PA Fernando Santana, depois da classificação para as finais, foi pedido o rider de cada uma das bandas, para elaborar um mapa de palco único, justamente para não

haver favorecimento. As bandas ainda contaram com grande parte dos equipamentos, o que também evitou que os músicos viajassem com seus instrumentos, além de ter facilitado a troca de palco entre as bandas. “Cada banda fez passagem de som, foram 12 por dia”, comenta Fernando. A iluminação também seguiu o mesmo direcionamento do áudio. Foi criado um único mapa de luz, segundo o técnico de iluminação Jefferson Carvalho. “Tive que fazer um mapa que abrangesse todo mundo e a Cia da Luz, empresa responsável pela iluminação no Circo, colocou mais equipamento, como movings, lâmpadas PAR e ACLs, além de mais um canhão seguidor e uma máquina de fumaça”, explica o técnico, que participa do Fest Valda pela terceira vez e atualmente é técnico de iluminação de Emílio Santiago. “Baixei os vídeos das bandas para projetar uma luz diferente, para não ficar exatamente igual. A estrutura foi super bem montada, as bandas ajudaram muito também”, coloca Jefferson, que usou uma Avolites Safira no housemix.

ENQUETE Você usa o virtual soundcheck para passar o som durante as turnês?

Não, prefiro que o musico passe o som. (37,50 %) Depende de cada show. (25,00 %) Não sei o que é ou nunca usei o virtual soundcheck. (25,00 %) Sim, sempre. (12,50 %)


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TROFÉU PROMESSAS 2012 Em sua segunda edição, a premiação traz onze categorias: Melhor Cantor, Melhor Cantora, Melhor Música, Melhor Ministério, Melhor Grupo, Revelação, Melhor CD, Melhor DVD/BluRay, Melhor Vídeo Clipe, Melhor CD Pentecostal (Categoria Especial), Pra Curtir (bandas independentes e totalmente inéditas que não concorrem em nenhuma das outras categorias).

NOSSA ESTRADA É O ROCK’N ROLL

Cinco finalistas em cada categoria já estão na segunda fase, quando o público escolherá os nomes que mais se destacaram na música evangélica em 2011/2012. Os vencedores de cada categoria serão conhecidos no dia 5 de dezembro durante a festa de premiação, no Teatro GEO, em São Paulo. O Troféu é uma produção da GEO Eventos com o apoio da Rede Globo.

IGREJA DE NOVA IORQUE ADOTA SISTEMA K-ARRAY Localizada em uma das áreas mais cools de Manhattan, o Upper West Side, a Igreja de Saint Michael adotou um novo sistema de caixas da K-Array que aumentou a inteligibilidade e a clareza do som das missas e dos eventos com música. Foram instaladas duas caixas modelo KK 100 para o sistema principal, duas KKS 50 para os sistemas principais de subs, e seis KK 50 no delay distribuídas da seguinte forma: duas nos balcões e outras quatro espalhadas pelo templo. O sistema é controlado por uma mixer digital da Roland. O novo sistema também resolveu o problema do tempo de reverberação da igreja que, segundo o técnico da PanAvid, empresa responsável pelo projeto de áudio do templo, chega a aproximadamente 3,5 segundos no local.

O jovem Cris DeLyra lança seu primeiro CD, pelo selo Bonus, trazendo ao público sucessos de Ozzy Osbourne, Iron Maiden, Lobão, Cazuza entre outros artistas consagrados e que serviram de referências musicais para o músico e guitarrista. A música Fotocópia foi escolhida como carro chefe do álbum, que traz ainda as participações dos parceiros Alex Curi na bateria e Gustavo Cebrian no baixo. Cris - que também tem outras duas paixões, a engenharia de som e a produção musical -, também já atuou como técnico de PA de grandes shows.

WACKEN OPEN AIR FESTIVAL Um dos mais populares festivais de rock, o Wacken Open Air, na Alemanha, reuniu mais de 80 mil roqueiros e contou com bandas como The Scorpions, Machine Head e Sepultura, entre outros. Foram três noites de muita música, em dois palcos montados lado a lado. Para a iluminação, foram 40 MMX Spots da Robe, além de 46 Robin 600 Beams e 30 LEDWash 600s. Um dos motivos para a escolha dos equipamentos foi o baixo consumo de energia.


Nova fan page da Digitech

Atenta às tendências de comunicação e visando estreitar o relacionamento com os brasileiros, a Digitech, marca internacionalmente conhecida por seus pedais e pedaleiras, apresenta aos usuários brasileiros do Facebook sua fan page oficial. Acessando www.facebook.com/digitechoficial, os fãs receberão informações sobre lançamentos, promoções, workshops e eventos destinados aos amantes de um bom som. A marca, que faz parte do portfólio da Harman do Brasil, já havia lançado no primeiro semestre deste ano seu site em português www.digitechaudio.com.br.

ADRIANA SANCHEZ É ENDORSER DA HOHNER Considerada um dos nomes mais expressivos do cenário da música brasileira, Adriana Sanchez, sanfoneira da banda Barra da Saia, hoje é a única mulher que acaba de entrar para o seleto casting de endorsers da Hohner alemã. Adriana já escolheu seus instrumentos e irá endossar e usar durante as apresentações da banda os modelos de acordeon “Morino 96 Fun Flash” e “Anacleto 60/30”. Atualmente, Adriana Sanchez (sanfona e voz), Adriana Farias (viola e voz) e Julia Lage (baixo e vocal) se preparam para lançar o novo álbum, o terceiro da carreira da Barra da Saia, que trará doze canções inéditas e participações especiais.

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ALLEN & HEATH NAVEGANDO PARA AS OLIMPÍADAS

As mixers digitais da Allen & Heath foram as escolhidas por duas locadoras de PA para comandar os sistemas de sonorização de um dos maiores eventos náuticos do mundo, o Olympic, em Weymouth, no Reino Unido. A APR Audio, por exemplo, usou as consoles iLive para a noite de abertura em Weymouth & Portland Beach: o modelo iLive 176 para a housemix e, no monitor, a iLive T112. Para o show principal de Elisa Carty, a solução usada pela empresa foi uma iDR-48 com uma

iLive144, tanto para o PA quanto para o monitor. Já no Bayside Festival, que teve dois palcos ao ar livre, a sonorização ficou a cargo da SXS Events. Para o sistema de som, foram usados os sistemas iLive T80 e T112, no palco principal, tanto para a housemix quanto para o monitor. Foram 17 dias de eventos, com sete bandas se apresentando em cada dia. Segundo o gerente da produção da SXS, as iLives foram especialmente úteis na hora de chamar as cenas quando não havia tempo para fazer passagem de som.

XL VIDEO NO FESTIVAL DE MONTREUX A XL Video foi a responsável por fornecer os painéis de LED, servidores de mídia e de controle para o evento Freak Out All Night Dance Party, durante o Montreux Jazz Festival, na Suíça. Para o show, que contou com estrelas como Grace Jones, Anita Baker, Alison Moyet, Johnny Marr e Elly Jackson, o painel em cima do palco

de 70 metros quadrados foi montado com os F-11. Foram empregados também dois servidores de mídia Catalyst, além do Resolume.


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Gemini DJ Party

Mais de trezentos DJs se reuniram no dia 5 de setembro no Lab Club, em São Paulo, para um dos maiores encontros de DJs do Brasil e conferir de perto as mais recentes tecnologias da marca americana Gemini DJ. O evento, promovido em parceria com a Proshows, distribuidor exclusivo da marca no Brasil, contou com diversas atrações, como dançarinas performáticas, Open Bar, distribuição de brindes e até o sorteio de um CDMP-7000, uma workstation digital da Gemini que oferece tudo o que um DJ precisa e muito mais. E a festa seguiu noite adentro com os line ups dos DJs Ricardo Hayek, DJ Lisa Dueno, DJ Puff entre outros convidados.


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DANIELLI MARINHO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR

COSMEDAMIÃO Fernando Moura e Ary Dias Um é pianista, o outro percussionista. Fernando Moura e Ary Dias resolveram juntar seus talentos e presentear os fãs com esse álbum recheado de suingue e improviso. CosmeDamião é a tradução da junção do talento e da experiência de ambos os músicos, que já há muito tempo se conheciam. A fusão da formação clássica de Fernando com a percussão inventiva e virtuose de Ary compõem o CD, que também toma emprestado elementos do álbum anterior de Moura, Tudo Piano. Instrumentos como cajón, calimba, cuíca, tamborim, triângulo e prato se juntam ao piano, criando composições originais e criativas. Clássicos do jazz, como Armando’s Rhumba, de Chick Corea, ou da música brasileira, como em Água de Beber, de Tom Jobim, estão lá, juntas com composições próprias, como a faixa-título CosmeDamião, que sela a primeira parceria da dupla.

THE TURN OF THE LIGHTS André Matos Após seis anos de carreira-solo, o vocalista, tecladista e compositor Andre Matos lança seu terceiro álbum, The Turn of the Lights. Com a banda reformulada, contando agora com o baterista Rodrigo Silveira e o baixista Bruno Ladislau, Matos segue ao lado de seus parceiros de longa data – os guitarristas Hugo Mariutti e Andre “Zaza” Hernandes. Em 11 faixas de tirar o fôlego e mais progressivo que os álbuns precedentes, The Turn of the Lights foi produzido pelo engenheiro norte-americano Brendan Duffey e por Adriano Daga, que equilibraram com maestria as linhas agressivas e precisas das guitarras de Mariutti e Hernandes, com excelentes texturas orquestrais no piano e teclados, pilotados por Matos.

NUM DIA, NO OUTRO Seis com Casca Este é o segundo álbum do grupo e traz músicas, na verdade obras, de Tom Jobim, João de Barro e John Willians que ganham nova roupagem ao serem fundidas com elementos da música erudita camerística. Composto por Bruno Monteiro no piano; Diogo Maia no clarinete; Mauricio Biazzi no contrabaixo; Nath Calan no vibrafone e bateria; Nikolay Iliev no violino e Potiguara Menezes na guitarra, Num Dia, no Outro tem repertório com uma diversidade de estilos musicais que vão de gêneros brasileiros, como o choro, até o tango, passando por temas de trilhas sonoras. Com Adonias Junior na engenharia de som, o álbum apresenta um humor descontraído em seus arranjos, que mesclam influências do compositor argentino Astor Piazzolla e do saudoso maestro brasileiro Radamés Gnattali.

VIP VOP Leo Gandelman Neste novo trabalho autoral, o saxofonista, arranjador e produtor presenteia seus fãs e o público amante da música instrumental com composições inéditas, feitas em parceria com o pianista David Feldman. A ideia inicial era fazer um álbum com uma visão pessoal de uma época marcante para a música brasileira, que ocorreu na segunda metade da década de 50 e meados dos anos 60. Vip Vop surgiu como um projeto em CD e em DVD e conta com a participação de David Feldman no piano, Alberto Continentino e Guto Wirtti no baixo, Renato Massa e Rafael Barata na bateria e a participação especial de Serginho Trombone.


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acessível para consumidores médios. Se algum dia alguém sonhou com um instrumento definitivo, a Roland e a Fender estão tentando chegar perto...

SEM CHARME

Embora cauteloso, o mercado reagiu bem e mostrou fôlego na Expomusic 2012. O volume comercializado e o otimismo anabolizado pelos números da economia fizeram do evento o retrato de um mercado pautado pela prudência, mas sem pessimismo por conta do equilíbrio cambial, principal responsável pela calma dos catastrófistas de plantão.

CANELA EM FESTA De 22 a 25 desse mês a cidade de Canela, na serra gaúcha, volta a receber centenas de artistas, técnicos, parlamentares, produtores, executivos e demais profissionais da indústria fonográfica, para mais uma edição da Festa Nacional da Música. O evento se consolidou como o maior de América Latina e um dos maiores do mundo ao reunir todo o segmento ligado à produção musical para debater os rumos da categoria em nosso país. Mais de mil participantes são esperados para quatro dias de debates e muita música.

ROLAND E FENDER A parceria entre essas gigantes dos instrumentos tem décadas, mas sempre foi tormentosa na hora de lançar novos produtos de forma conjunta. Dona de parte da Fender, a Roland lançou nesse ano a G5, uma guitarra para os sonhos de qualquer instrumentista. Imaginem uma legítima Fender Stratocaster customizada e equipada com um sistema inteligente de síntese da Roland. Embora não seja novo, o projeto foi modernizado e ficou agora

O Prêmio Multishow de Música Brasileira bem que tenta, mas a falta de charme e a concentração das escolhas nas mãos de uma panelinha carioca não encantam e nem dão credibilidade nacional ao evento. A coisa fica mais para espetáculo televisivo com shows interessantes do que uma premiação levada a sério. O tal prêmio ignora o Brasil e enxerga a música brasileira por interesses mais comerciais do que técnicos. Mesmo admitindo que premiação seja sempre passível de resmungos e críticas, grande parte dos indicados vive de programas televisivos de qualidade duvidosa ou modismos voláteis criados pelos próprios jurados ou produtores do evento. Avaliar o gigantismo, a diversidade e a riqueza da música brasileira pelo tal prêmio é como calcular o peso da galinha por uma pena.

PUSSY RIOT A ideia de encarcerar as meninas da banda punk russa Pussy Riot foi o maior tiro no pé que o regime russo poderia ter dado. Até então sublimada, a verdadeira face da sociedade russa sempre foi vista como um triste rescaldo do autoritarismo e corrupção que dominaram o regime comunista soviético. Os fatos subservientes ao protesto da banda contra o todo poderoso e ex-líder da KGB, Vladimir Putin, atual presidente eleito em pleito notadamente fraudado, deixaram à mostra o verdadeiro clima de falta de liberdade e corrupção que atualmente dominam a Rússia. Como brasileiro, me sinto feliz num país que nos dá a liberdade. Já o resto...

PARCERIA Guitarra e bateria personalizadas serão as novidades que a Sonotec vai apresen-


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mento tributário à mídia de música brasileira e pode provocar uma queda de quase um terço dos preços hoje praticados pelo mercado. Um duro golpe na pirataria.

tar na Mostra de Instrumentos da Festa Nacional da Música 2012, em Canela. Os instrumentos foram customizados com a logomarca oficial do evento e farão parte dos muitos palcos espalhados pelo hotel e demais pontos do encontro.

CULTURA

DESTINO INCERTO

Marta Suplicy comandando a cultura brasileira. Preciso comentar?!?

Notícias desmentidas, boatos, rumores e muita especulação cercam o destino da MTV brasileira. A perda de audiência e de rumo fez do futuro da emissora uma verdadeira incógnita. De cult e vanguardista desde os anos 80 e 90, o canal outrora focado em música virou uma miscelânea indecifrável de sotaque paulistano e gosto duvidoso. E soçobrou.

PECADO Antiga pregação evangélica, agora os artistas católicos também entram de cabeça na luta contra a pirataria. Liderados pelo padre Marcelo Rossi, alguns artistas católicos começam a engrossar o coro e pedir aos fiéis o respeito às leis. “Pirataria é roubo e roubar é pecado” – diz o padre Rossi. Segundo a ABPD - Associação Brasileira de Produtores de Discos - mais de 35% do mercado brasileiro é representado por trabalhos de cunho religioso.

PEC DA MÚSICA Depois de uma tramitação entusiasmante nas comissões parlamentares e a aprovação consagradora no plenário da Câmara Federal, a PEC da Música, antigo sonho dos artistas brasileiros, está dormindo solenemente em alguma gaveta do Senado Federal. Os artistas já começam a se mobilizar para um “empurrãozinho” na casa comandada pelo senador José Sarney. A proposta dá novo trata-

EM DESUSO Como previsto por essa coluna há 10 anos, as caixas de áudio passivas começam cada vez mais a cair em desuso. Sem formar juízo de valor, as caixas ativas tomaram conta do mercado de áudio em todos os segmentos profissional e amador. Os muitos modelos disponíveis para todos os bolsos e a qualidade cada vez melhor dos equipamentos estão fazendo com que o mercado consumidor priorize de forma avassaladora as caixas amplificadas. Os amplificadores em padrão rack e as caixas passivas estão se tornando equipamentos de uso cada vez mais específico. Confesso que ainda não tenho uma opinião definitiva sobre o melhor sistema. Mas aceito argumentos.

RARIDADE Takao Shirahata, presidente da Roland do Brasil, aceitou a proposta da produção da Festa Nacional da Música e vai tocar na noite de homenagens do evento. Com formação superior em música (pela USP), o executivo é um exímio multi-instrumentista que raramente se apresenta em público. A pesquisa tecnológica e a linha de produtos futuristas da Roland fazem da empresa a homenageada na edição 2012 do encontro em Canela.

PERGUNTINHA Por que as baterias e as guitarras da Gretsch têm distribuidores diferentes no Brasil?

CONFIABILIDADE Apostar em notebooks para sustentar um show é um risco alto que tem feito muita gente se desesperar na hora do aperto. Quem fizer essa opção para processar áudio, sequenciar ou mesmo utilizar trilhas ou partes pré-gravadas, precisa pensar em ter sempre, e no mínimo, dois equipamentos. Além disso, utilizar notebooks populares adquiridos em lojas de eletrodomésticos para esse fim é literalmente brincar com a sorte.

SEM PUNIÇÃO A exigência do CREA de um profissional habilitado para assinar os projetos de palcos em shows espalhados pelo país precisa ser contestada. Os acidentes se multiplicam ao longo dos anos e nunca vi nenhum profissional ser punido. Se não é responsável técnico e nem responde junto ao seu órgão de classe, então para quê ele serve? Tá parecendo ser mais uma excrecência da arcaica e jurássica legislação brasileira voltada exclusivamente à arrecadação.

CONTABILIDADE No mês passado perguntei por essa coluna se alguém tocaria, a exemplo dos artistas ingleses, por um real para a CBF ou o COB na Copa do Mundo de 2014 ou nas Olimpíadas de 2016. Das 37 mensagens recebidas sobre o tema, 36 tinham um sonoro “não” acrescido de críticas ou xingamentos. O único que topou não assinou a mensagem. Deve ser por vergonha...

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Profissões do

‘backstage’ J O VA Í L O P E S TÉCNICO DE ÁUDIO DE ENTRETENIMENTO Continuando a série de profissões do backstage, neste mês, conversamos com o técnico de áudio para espetáculos Jovaí Lopes, que atualmente trabalha no Cirque Du Soleil.

V

redacao@backstage.com.br Fotos: Véronique Vidal / Benoit Camirand / Fernando Borges / Terra|São Paulo / Internet / Arquivo pessoal / Divulgação

amos conhecer um pouco sobre nosso entrevistado. Quem é o Jovaí Lopes e como foi a sua formação profissional enquanto ainda estava no Brasil? Sou natural de Itaboraí, cidade do estado do Rio de Janeiro, onde comecei no

mundo do entretenimento, trabalhando como iluminador em festivais. No final dos anos 80 já estava atuando como DJ em alguns clubes. Neste mesmo período, por conta de apresentações de bandas nos clubes e alguns carnavais, come-


do profissional de áudio do outro lado do mundo? A primeira diferença são os equipamentos. Por mais que o lugar seja simples, terá sempre um bom equipamento. Porém, uma coisa que realmente faz a diferença é que não importa se a empresa é gigantesca ou pequena, ambas seguem uma tabela de preços e cobram os mesmos valores nos aluguéis dos equipamentos. Tudo é contabilizado individualmente, cada microfone, cabo, pedestal etc.

cei a me envolver com a música ao vivo. Também estive envolvido em projetos paralelos, e fui desenvolvendo um conhecimento diversificado em shows, estúdios, teatro, circo, TV e trios elétricos. Isso me manteve no mercado vivendo única e exclusivamente do áudio. Quando e por que você decidiu ir para o Japão, como foi sua adaptação por lá? Em 2004, eu e minha esposa, que é natural do Japão, decidimos ir para lá para que nossa filha pudesse entrar na escola. Lá, ela, que também é japonesa, teria mais facilidade de adaptação e aprendizagem. Cheguei ao Japão sem saber falar o idioma e sem nenhum conhecimento real dos costumes e estilo de vida. Portanto, o choque cultural foi inevitável. Um grupo de choro chamado Rosa Roxa, composto por músicos japoneses, foi a minha primeira ex-

periência de trabalho. Um dos produtores que fazia parte deste evento me chamou para trabalhar com um grupo de dança chamado BUTOH. Fui muito bem recebido, e eles me ensinaram os costumes e a nomenclatura usada no KABUKI (palco em japonês). Na sequência, um evento foi puxando o outro e consegui trabalhar em duas importantes casas de show no Japão, em Nagoya. Estando nesse mercado profissional, você poderia pontuar algumas diferenças entre trabalhar aqui e no Japão: como é o merca-

Monitor Room, sala de path e amps, Cirque du Soleil - Tokyo Theatre

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A carga horária de trabalho é bem pesada em relação aos shows no Brasil, mesmo você sendo o técnico da banda. Da montagem, passagem de som, ensaio (pois os japoneses passam o show na íntegra durante o ensaio) até o show em si, se leva um dia inteiro.

Dependendo de onde estamos indo, teremos muito ou pouco tempo para a montagem. Uma vez no local, até o dia da estreia, levamos cerca de nove dias para deixar tudo pronto. Em contrapartida, levamos dois dias e meio para desmontar tudo e seguir para a próxima cidade

O que foi necessário aprender e o que foi preciso fazer para que você pudesse trabalhar regularmente no Japão? O primeiro desafio e necessidade foi a língua, pois sem se comunicar fica quase impossível construir um elo de confiança, não só com os japoneses, mas com os artistas que chegam ao Japão e também não sabem nada dos costumes ou do idioma. Nesta hora, além de falar japonês, você precisa falar inglês para que o artista sinta-se seguro com o seu trabalho. Sendo casado com uma japonesa, eu consegui o visto que me permite trabalhar em território japonês. Atualmente sou residente permanente no Japão e mesmo estando em turnê na América do Sul com o Cirque Du Soleil ainda mantenho minha residência no Japão. Atualmente você trabalha com o Cirque du Soleil. Como foi que você conseguiu entrar para a trupe e em quais espetáculos do Cirque você trabalhou? Estou trabalhando para o Cirque du Soleil desde agosto de 2008. Na ocasião, tínhamos mudado para Tóquio, em abril do mesmo ano, na esperança de conseguir mais oportunidades. Conheci um artista brasileiro que estava trabalhando no show fixo ZED que ainda não tinha estreado. Ficamos amigos e algum tempo depois perguntei se ele poderia pegar o cartão da firma que estava prestando serviços para o show já que eu estava à procura de trabalho. Fui chamado para duas entrevistas e fui contratado como audio technician para trabalhar no show ZED, show fixo do Cirque du Soleil no Japão. O show ZED fechou em 2011 e fiquei no Japão até receber minha transferência e promoção para o show Varekai, onde atualmente estou em tour pela América do Sul.

Quem são os fornecedores oficiais de som e iluminação para os espetáculos do Cirque du Soleil? O Cirque du Soleil não tem contrato com nenhuma firma ou fabricante de equipamentos, todo equipamento é da própria companhia e as marcas são escolhas do sound designer do show durante a fase de criação, que é realizada em Montreal, na sede do Cirque do Soleil. Por isso, você não tem um show igual ao outro dentro do Cirque du Soleil. O Cirque du Soleil está em turnê pelo Brasil. Fale um pouco do operacional do espetáculo e sobre o seu trabalho. O show Varekai, que está excursionando agora pela América do Sul, já existe há 10 anos. Seu sistema sofreu alguns upgrades ao longo desses anos, tais como as consoles, que no começo eram Soundcraft analógicas e agora são PM5D. Mas o PA não mudou nada, as caixas de som são Meyer Sound CQ1, CQ2, UPM, UPA-1M, UPS e PSW-2, que dão o controle de cobertura necessária para a qualidade do som dentro da grande tenda, que é naturalmente bem reverberante. Por exemplo, 1KHz pode chegar a 5.4 segundos de reverberação dentro da cobertura de PVC. Boa parte das caixas estão inseridas no cenário e ficam discretas aos olhos do público, que entra realmente na história e em seus personagens. O sound designer, François Bergeron, projetou o sistema para que todo o público tivesse o palco como referência e se sentisse parte do show em meio ao surround, em alguns momentos. Eu faço parte do departamento de áudio como chefe adjunto do som. O som no operacional pode ser feito apenas com o técnico de PA e o de monitor; todavia, trabalhamos em três em sistema de rodízio, ora PA, ora monitor. Assim, se alguém ficar doente ou ausente por um período, poderemos continuar o show sem grandes problemas ou diferença na qualidade. O técnico de PA é responsável pela mix que vai para o público, assim como os efeitos que são programa-


dos no sistema LCS Meyer Sound. Já o técnico de monitor é responsável pela mix da banda, composta por nove músicos que estão presentes no palco, além de cuidar também dos sistemas sem fio do show com o WSM (Wireless System Manager), da Sennheiser, e dos microfones dos artistas. O Cirque é famoso por ser um espetáculo live, com banda tocando ao vivo, mas, para matar a curiosidade de todos, realmente tudo é ao vivo, ou misto com backup gravado? O Cirque não abre mão dos músicos, eles são taxativos em dizer que ‘sem os músicos, o espetáculo fica sem vida’. Por este motivo, mesmo quando se usam tracks, esses são gravados ao vivo em estúdios e não são simples samples prontos ou eletrônicos. Mas os tracks não são a base da mú-

sica e sim um complemento. Por exemplo, coral, orquestra, efeitos de ambientação, etc. No caso de backup para os músicos, são extraídas gravações feitas durante os shows em Logic, via ADAT, em até 24 canais, que precisam ser atualizadas constantemente. Caso um dos músicos venha a ficar doente usaremos o backup, mas se a ausência for longa, o “CAST”, em Montreal, encaminha um novo músico para repor e assim manter a integridade do show.

te, o primeiro obstáculo é o tempo que o transporte leva até o destino final. Dependendo de onde estamos indo, teremos muito ou pouco tempo para a montagem. Uma vez no local, até o dia da estreia, levamos cerca de nove dias para deixar tudo pronto. Em contrapartida, levamos dois dias e meio para desmontar tudo e seguir para a próxima cidade. No Brasil, as distâncias são grandes, mas temos concluído as montagens dentro do programado.

Outra curiosidade que todos que trabalhamos com show temos: como é feito para levar um espetáculo desse tamanho pelo mundo, como foi a logística para trazer o espetáculo para o Brasil? Para poder transportar um show como o Varekai, que tem aproximadamente 65 containers que vão rodar por todo o mundo, obviamen-

Você está com a trupe do Cirque desde 2008 e deve ter muitas histórias para contar. Existe algum fato interessante ou roubada que você possa nos contar? No show os músicos usam in-ear durante todo o espetáculo e só conseguem se comunicar através do microfone talkback. Em particular no show ZED, anterior ao

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O Cirque não abre mão dos músicos para que o espetáculo não fique ‘sem vida’

Na parte de mão de obra especializada nós, técnicos brasileiros, ainda precisamos nos organizar melhor. A grande dificuldade que vejo é encontrar técnicos com experiência

Varekai, ficávamos sem visão uns dos outros, já que o monitor room era no quarto andar de uma sala e o palco no segundo andar. Então, só havia visão do palco e do regente através de um sistema interno de TV. Os cantores se movimentavam o tempo todo entrando e saindo do palco para a troca de figurino. Eles usavam microfone DPA sem fio e meu trabalho era desligar o canal desses microfones no momento certo. Porém, no meio de uma das músicas o cantor resolveu sair um pouco antes e não avisou. Durante o duo do violino e violão da cena comecei a ouvir um efeito especial de cachoeira com muito reverb que nunca tinha ouvido antes. Os músicos começaram a conversar entre si e me alertar do tal ‘efeito’ indesejável. Fique tentando achar de onde vinha o tal som até que o regente disse pelo talkback: - Fulano, seu microfone esta aberto!!! O cantor respondeu: Opss, desculpe! Por sorte, o CUE do monitor e o FOH são em tempos diferentes e o microfone do cantor já não estava mais aberto na FOH, assim o público não ficou sabendo de nada.

Você foi para o Japão em 2004 e está retornando agora, sete anos depois. O que você achou do Brasil de hoje, principalmente na área do áudio? Como estou aqui trabalhando com o Cirque du Soleil, que tem seu próprio sistema, não deu para perceber esta diferença, mas percebo que agora encontramos quase tudo dentro do país, porém os preços tornam as compras no Brasil impraticáveis. Principalmente produtos que consideramos de consumo para o show, como microfones, cabos, conectores, entre outros mais. No Japão tem um imposto sobre os produtos importados, mas nada comparado aos 70% do Brasil. Vou dar um exemplo: microfones DPA que usamos bastante nos palhaços. Se mudar o som ou ficar velado, já jogamos fora e substituímos por um novo. Isso acontece mais ou menos a cada seis meses. Por isso ele é considerado ‘de consumo’. Na parte de mão de obra especializada nós, técnicos brasileiros, ainda precisamos nos organizar melhor. A grande dificuldade que vejo é encontrar técnicos com experiência, que falem outro idioma além do português. Trabalhamos com ar-


tistas de várias nacionalidades e, por isso, temos que nos comunicar em inglês. Neste caso, mesmo que o técnico seja excelente ficará em dificuldades na hora de se comunicar. Como toda grande companhia, o Cirque du Soleil deve ter necessidades únicas de sonorização e iluminação. Eles usam coisas standards ou customizam alguns itens? Sim, temos bastante standards no que diz respeito às cases, que tem um tamanho padrão para que possam ser acomodadas dentro dos containers junto com os equipamentos de luz e automação, pois dividimos espaço em três containers. Nos “customizados”, dou destaque aos in-ears Futuresonics dos músicos. São fones com drive de 13mm que nos dão uma referência muito boa sem “colorir” o som ou reforçar determinadas frequências. Mas a escolha do modelo “custom” é muito mais de como ele isola o som externo do que o drive propriamente dito. Por isso, a impressão do ouvido é tão importante nestes casos. O que o Jovaí espera para o futuro, o que pensa fazer quando cansar do dia a dia da estrada? Acho que vocês já devem ter ouvido falar da história de beber água da chuva que escorre pela lona do circo. Quem dela bebe, circense se torna. Eu não bebi mais, mas peguei vários respingos. Já estou envolvido com o mundo do circo desde 1999 e amo o que faço, por isso fica muito complicado falar de um futuro em que o áudio não venha fazer parte dele, sei que a idade vai diminuir meu ritmo e vou ser obrigado a escolher outro caminho menos intenso, mas com certeza o áudio fará parte do meu futuro.

Para saber online

www.varekai.com.br Perfil do Jovai no Gigplace: gigplace.ning.com/profile/Jovai

Este espaço é de responsabilidade da Comunidade Gigplace. Envie críticas ou sugestões para contato@gigplace.com.br ou redacao@backstage.com.br. E visite o site: http://gigplace.com.br.

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Segundo disco, marco na discografia das Velhas Virgens, Vocês não sabem como é bom aqui dentro, completa 15 anos. Victor Bello redacao@backstage.com.br Fotos: Koba / Internet / divulgação

A SAGA DOS EM “É

Rock n’‘

o disco das Velhas Virgens que forma a espinha dorsal do nosso show até hoje, que mostrava um amadurecimento na temática, apesar de ainda ser muito cru em termos musicais, mas que é a

cara da banda. Ele definiu o que seria as Velhas Virgens”, observa o guitarrista e fundador da banda Alexandre, ‘Cavalo’ Dias em entrevista à Backstage. Combine cerveja, mulher e rock’n’roll e dessa


Quebrados, por volta de 1986 conhece Alexandre “Cavalo” Dias criando assim o esboço da banda Velhas Virgens, nome inspirado em um filme de Mazzaropi. Em seu segundo disco Vocês Não Sabem Como é Bom Aqui Dentro, lançado em 1997, o grupo intensificou as letras sem meias palavras sobre seu universo referente, injetando malandragem ao tradicional rock ‘n’ roll que vinham fazendo, além de trazer ilustres convidados como Rita Lee, Roger (Ultraje a Rigor) e Sérgio Hinds (O Terço). Formado por Paulão de Carvalho na voz, gaita e sax, Cavalo na guitarra, Caio Andrade na guitarra, Eduardo ‘Gago’ Lucena no baixo, Cláudia Lino nos vocais e Lips Like na bateria, o conjunto realizou um álbum objetivo e sem frescuras com grande parte das músicas sendo executadas nos shows até hoje, incluindo o hit pornô Abre suas pernas. Paulão, que define o bar como o

pre pensei que o rock brasileiro precisava de uma banda malandra, como Bezerra da Silva, Moreira da Silva, com este tipo de safadeza que o samba tem. A gente adora boteco e boemia. As pessoas sacam a sinceridade no que falamos. Acho que falar de sexo, de relacionamento humano é uma coisa atemporal”, ressalta.

A GRAVAÇÃO Gravado no New Studio, em São Paulo, remixado no Studio 43 (hoje Studio 12) e masterizado no Sun Trip, a produção do álbum ficou por conta do Paulo Anhaia e o técnico de som foi o Fabio Hadad. A gravação digital foi em ADAT, mesa analógica de 32 canais, tanto na captação, quanto na mixagem. As guitarras utilizadas foram Fender Stratocaster, Jackson e Gibson Les Paul, amplificadores Peavey e pedais Boss, DOD e Dunlop Cry Baby. A capa do disco foi ideia de Ale Montandon, tomando como base o título do disco, uma garrafa com cara de safada saindo da calcinha de uma garota. A cintura é da Cláudia Lino, cantora e dançarina na época. A foto foi tirada com um pedaço de papelão enrolado na

BRIAGADOS DO

Roll receita resulta uma das bandas mais irreverentes e sacanas do cenário do rock nacional. Paulão de Carvalho, que já havia tocado na banda Beba Cerveja E Seus Copos

lugar mais democrático do ocidente, sendo a fonte ideal para as canções libertinas e boêmias da banda que completou recentemente 25 anos de estrada, acrescenta ainda que é um universo muito rico, tanto em humor quanto em peculiaridades. “Sem-

frente da calcinha, para dar volume na ilustração da garrafa. Algumas curiosidades cercaram a gravação desse polêmico disco das Velhas como, por exemplo, o fato inusitado de o Paulão gravar a primeira semana quase de cadeira de rodas. O vocalista caiu bêbado de um palco de 3 metros num show

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com o Raimundos um dia antes de começar a gravar. Em Beijos de Corpo, canção com a participação de Rita Lee, a voz dela vai ficando mole devido à tequila consumida durante a gravação. “Fui buscar Rita em casa com meu Fiat podre. Comprei uma garrafa de tequila no mercado e matamos durante a gravação. Em alguns lugares ela balbucia palavras meio sem sentido. Ela tava sacando a melodia, cantarolando, mas deixamos tudo, cada respiração. Ela nos encantou com sua gentileza e as muitas histórias de sua carreira” relembra Paulão.

Nós dobramos vários sax e guitarras para dar esse ar de metaleira de big band, como, por exemplo, em Madrugada e Meia. A gente não tinha grana pra contratar os músicos para fazer isso, então mandamos ver do nosso jeito (Cavalo)

FANFARRA E PÃO COM CERVEJA Vocês Não Sabem Como é Bom Aqui Dentro, mesmo depois de a banda ter assinado com a gravadora Velas, é um disco de concepção punk que carrega a atitude do “Faça você mesmo”

como bandeira. Um álbum de muita energia, som cru e baladas, onde observa-se muitos riffs de guitarra e som de saxofone em algumas canções. “Nós dobramos vários sax e guitarras para dar esse ar de metaleira de big band, como, por exemplo, em Madrugada e Meia. A gente não tinha grana pra contratar os músicos para fazer isso, então mandamos ver do nosso jeito” conta Cavalo. A música que abre e dá nome ao disco possui um solo de sax com uma nota só, oitavada e é uma letra do ponto de vista do personagem central, ou seja, o próprio pinto que vai contando uma história. Mulher do Diabo tem inspiração e citação em Long Cool Woman in a Black Dress do Hollies e a participação do vocalista do Ultraje a Rigor - uma das grandes influências das Velhas. Sergio Petroni

Vocês não sabem como é bom aqui dentro (1997) Trazendo mais convidados ilustres como Roger do Ultraje a Rigor, que canta com Paulão a sádica Mulher do Diabo, que conta ainda com a presença do baixista ex-Ultraje Serginho Petroni. Rita Lee, que já havia escrito a apresentação do primeiro disco, aparece aqui para cantar a saga noturna de bebedeiras na Beijos de Corpo. O guitarrista Sérgio Hinds da banda O Terço deixa sua marca em Pão Com Cerveja. Destacam-se ainda as canções Já Dizia o Raul, Vocês Não Sabem Como é Bom Aqui Dentro, a balada Blues Não Vale Nada, entre outras. Tradicional rock and roll sem meias palavras feito pela banda.

1 - Vocês não sabem como é bom aqui dentro (Paulo de Carvalho) 2 - A mulher do diabo (Paulo de Carvalho) 3 - Abre essas pernas (Paulo de Carvalho) 4 - Já dizia o Raul (Paulo de Carvalho) 5 - Beijos de corpo (Paulo de Carvalho) 6 - Madrugada e meia (Paulo de Carvalho) 7 - Uns drinks (Paulo de Carvalho) 8 - Siririca baby (Paulo de Carvalho) 9 - Eu não quero mais (Paulo de Carvalho) 10 - Vampiro (Paulo de Carvalho) 11- Pão com cerveja (Paulo de Carvalho) 12 - Selvagem do asfalto (Paulo de Carvalho) 13 - Não vale nada (Alexandre “Cavalo” Dias) 14 - Sweet blues for you (Caio de Andrade)


afinou a corda Mi do baixo em um tom abaixo para dar mais peso. Roger foi um dia antes para o estúdio e ficou ensinando mágicas a Paulão. Na época, o vocal das Velhas estava se separando de sua primeira mulher e a letra partiu daí. Abre suas pernas é cantada por Claudia Lino e foi inspirada em um caso que se passou no lendário e antigo Gallery, uma boate de ricos em São Paulo, onde um dia leiloaram a roupa de Matilde Mastrangi. “Tem também inspiração numa piada que me contaram, onde um homem perguntava para uma mulher se ela transaria com ele por 1 milhão de dólares. Ela diz que sim. Aí ele pergunta se ela transaria por 1 dólar, e ela responde que não, e pergunta se ele pensa que ela é puta. Ele diz que tem certeza que ela é e que estão apenas acertando o preço. Sempre prestei atenção

em piadas para adaptá-las para as letras. Uma boa piada quando vira música sempre faz sucesso nos papos de bar”, observa Paulão. Já dizia Raul foi tirada do famoso jargão Toca Raul que em todo show algum sujeito na plateia grita e justamente para a banda não tocar algo de Raul Seixas criaram essa letra. Bebo Sim é uma regravação com uma roupagem punk rock/hardcore de um clássico da música brasileira eternizado na voz de Elizeth Cardoso. “Sempre achei que este samba daria um rock muito legal. A Velas pediu autorização aos autores e gravamos bem punk, depois os autores disseram que deturpamos a cultura brasileira e proibiram o disco de continuar saindo com a música. Quando compramos o disco da Velas, a exigência foi que retirássemos a música da tiragem nova. Ficamos proibidos de tocar o

som em shows. Colocamos Lambendo com a testa no lugar na nova tiragem”, conta o vocalista. Siririca Baby, como o nome já diz, fala de masturbação, com o baterista Lips Like fazendo contracanto no final da canção. “Cantamos ela num festival em Assunción, Paraguai. Como em espanhol não há paralelo para siririca, ou seja, masturbação feminina, ninguém entendeu nada e quando simulei uma siririca no palco recebi o maior coro de maricon da minha vida” diz Paulão. Vampiro, uma canção meio jazzy, faz paralelo entre um vampiro e um cara que gosta de fazer sexo oral na parceira menstruada. Um sax cheio de emendas e um sexy Vem Baby da secretária do estúdio marcam essa balada com um walking jazz no final. Pão com cerveja é inspirada numa frase que saiu em uma reportagem sobre o grupo

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Velhas Virgens: uma mistura de mulher, álcool e rock and roll.

MPB-4 que descrevia uma situação difícil deles no meio dos anos 60, onde um de seus integrantes declara que estavam tão duros, morando os quatro num apertadíssimo apê, que estavam passando a “Pão com cerveja”. Tem uma passagem meio tribal no meio que foi ideia do produtor Paulo Anhaia e a participação do guitarrista Sérgio Hinds fazendo um solo nervoso. Outra balada que aparece no disco é Não vale nada, uma canção sobre uma mulher em especial que não vale nada. “Paulo Anhaia cobre todas as imperfeições de minha voz, especialmente na

chamada do refrão com sua voz afinadíssima. Citação fundamental do poema de Augusto dos Anjos. Gritei do fundo da sala nos versos finais, inspirado por Roger Waters”, comenta. O instrumental que encerra o álbum Sweet Blues for You foi feita pelo guitarrista Caio Andrade em homenagem ao seu pai. Tem a voz sampleada do guitar hero Stevie Ray Vaughan no começo e sapos coaxando no fundo da canção. Caio gravou com microfones a uma distância considerável do amplificador, se inspirando no próprio Stevie Ray para tocar. A banda agora se prepara para lançar o DVD Ninguém Beija como as Lésbicas, que foi gravado em Curitiba ano passado, além de uma segunda revista em quadrinhos que já está a caminho.


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MILTON NASCIMENTO | CAPA | www.backstage.com.br 52

O espetáculo, uma homenagem à Milton Nascimento, tem como personagem principal a obra musical do compositor. No projeto de sonorização, foi dada uma atenção especial ao sistema de microfonação com o uso de três sistemas sem fio diferentes.

Miguel Sá redacao@backstage.com.br Fotos: Ernani Matos Guga Melgar / Internet Divulgação Revisão técnica: José Anselmo “Paulista”

N

ada Será como Antes é uma homenagem à obra de Milton Nascimento, mas não há um personagem principal. Com mais de duas horas de duração, o espetáculo é dividido em quatro quadros - primavera, verão, outono, inverno - e mais um “finale” com quatro músicas. A

divisão do repertório nestes quadros obedeceu a um critério de “estado de espírito” da música. As mais extrovertidas, lúdicas ou esperançosas, como Bola de Meia, Bola de Gude, fizeram parte do “Verão”. Outras, mais introspectivas, como Encontros e Despedidas, ficaram no Outono. As 14 pessoas do elenco – que inclui os atores/cantores e os instrumentistas– cantam e tocam quase 40 canções entre medleys e músicas completas. Em cada número, há uma pequena ação cênica. É como se fossem esquetes musicais, seguindo, mais ou menos, a letra da música, como se fossem videoclipes, só que com os atores ao vivo.


PROJETO DE ÁUDIO: DESAFIOS O espetáculo era inédito. O projeto de áudio teve de acompanhar as mudanças que ocorriam durante as seis semanas de ensaio. Os atores se aventuram nos instrumentos musicais e alguns músicos também fazem, além dos coros, a voz principal em determinadas músicas. Por causa da movimentação constante durante a apresentação, foi feita a opção por usar, o máximo possível, sistemas sem fio tanto para a voz como para instrumentos, o que gerou o grande desafio técnico do espetáculo. O design do áudio ficou por conta

de Marcelo Claret. “Essa concepção de que nenhum músico, cantor ou instrumento tem lugar fixo - exceto a bateria e o contrabaixo por motivos óbvios - me trouxe grandes desafios na questão do RF. Tudo começou com 12 canais de sistema sem fio divididos em duas bandas de SLX. Terminou com 25 canais, três sistemas (SLX, UHF-R, da Shure, e EW-100m, da Sennheiser) e quatro bandas de frequência. Foi uma criação que só terminou algum tempo depois da estreia, ou seja, a cada dia havia uma novidade que trazia um desafio novo para resolver”, ressalta o profissional.

Entre os problemas enfrentados, estava a potência de transmissão do sistema SLX, de 30 mW fixa. “Para a quantidade de canais que acabou sendo necessária, essa potência de transmissão não era adequada. As coisas só se resolveram porque inserimos o sistema UHF-R e fizemos a monitoração de RF em tempo real com o sistema de scanner da Win Rádio aliado ao Workband. Fizemos muitos ensaios de posicionamento dos transmissores, até por causa dos figurinos, para tentarmos resolver os problemas de intermodulação e sombreamento. Por exemplo, há algumas cenas em que todos os cantores formam uma roda em volta uns dos outros. Imagina o que acontece com a transmissão de quem está bem no centro disso....”, provoca o soundesigner.

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O microfonista Carlos Ferreyra sentiu na pele a tal cena. “O mais difícil foi na música Clube da Esquina, porque todos os atores ficam juntos, no meio do palco, e tivemos que dar uma atenção especial, pois às vezes dava uma anulada”, diz. O

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Na bateria, Superlux para o overall e SM-57 para os tons

os problemas. “Hoje estamos com o espetáculo limpo, sem nenhum ruído. Mexemos nas disposições das antenas, fizemos o escaneamento de frequências e corrigimos uma por uma”, enfatiza. Entre os microfones, estava o A98 para instrumentos de percussão, Sennheiser 4099 para sopros, Superlux para os overall da bateria e SM-57 para os tons. Foi usado um total de 25 sistemas sem fio. Instrumentos como baixo elétrico e guitarras foram ligados em linha.

REVEZAMENTO DE EQUIPAMENTO

Instrumentos como baixo elétrico e guitarras foram ligados em linha

assistente Klaus Hopner relembra o duro que tiveram que dar para resolver

No dia a dia do espetáculo, a operação de PA e monitor ficou por conta de Felipe Magrinelli. Cláudio e Klaus também trabalharam como roadies, sob a coordenação de Cláudio Ramos, o Grisalho, que também se desdobrou na contrarregra. “O teatro tem uma peça para o público e tem outra na coxia que ninguém vê”, explica o coordenador de palco. A “peça invisível” acontece nas movimentações de bastidores feitas pelos roadies nas constantes trocas de bodypacks e instrumentos musicais que ocorrem durante a peça. “O Pedro Aune, por exemplo,


Felipe Magrinelli

Rodrigo Ramos (Grisalho)

Carlos Ferreyra

toca contrabaixo acústico, elétrico e tuba; a Cássia Raquel toca clarinete e bateria; o Pedro Sol toca guitarra, Ukulelê; o Lui Coimbra toca cello, violão de nylon e aço”, detalha o coordenador. “São doze atores e cinco músicos. Os atores também tocam e fazemos revezamento de sistema de microfo-

nes”, reforça Carlos Ferreyra. A necessidade de tantas trocas é pelo fato de não haver canais suficientes para o número de instrumentos e vozes que participam da peça. A mesa Yamaha M7CL teve todos os 32 canais de entrada usados. Além deles, outros 23 entraram em um segundo layer da mesa

com o sinal de áudio entrando por meio de prés-amplificadores externos (conversores AD/DA). Ainda assim, era necessário usar o mesmo bodypack em diversos instrumentos. “Em uma música, o bodypack sai do pandeiro e é colocado no violão da Estrela Blanco; em outra, foi necessário pegar o bodypack

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Microfone A98 para os instrumentos de percussão

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Foram usados 25 sistemas sem fio

do violão e colocar na guitarra”, explica Klaus Hopner. A sonorização foi feita usando o equipamento que já está no teatro: um sistema K-Array KR 200 com quatro caixas de subs KL 18 distribuídas horizontalmente embaixo do palco. Além do PA principal, foram usadas três caixas HPA da

Foi bom ver como é que soa quando ainda está desligado. Já tinha uma referência de como tinha que soar quando vinha pra cá. (Klaus Hopner) FZ Audio para delay do balcão e um cluster central, também com HPA.

MONITORAÇÃO E MIXAGEM O técnico participou das seis semanas de

ensaio, mesmo com boa parte ocorrendo sem nenhum equipamento de áudio. “Foi bom ver como é que soa quando ainda está desligado. Já tinha uma referência de como tinha que soar quando vinha pra cá. Foi um guia do que ia ser feito. Depois que veio para o Teatro, teve dois dias só de instalação e mais quatro dias com ensaio de luz, de som e dos atores mesmos para se adaptarem ao palco e ao teatro. Partimos de uma base boa, mas como teve que ser muito rápido, não houve muito tempo para ficar dando uma ‘colorida’ em tudo. Isso foi feito mesmo a cada dia: mais um ajuste, mais uma configuração, mais uma equalização, mais uma mixagem, até ter o equilíbrio que tem hoje”, enumera. No palco, para o retorno dos atores e músicos, são usadas onze caixas entre as HPA 102 e 102 A, além das 108. Felipe Magrinelli explica a opção por caixas ao invés de sistemas in-ear: “Isto iria implicar em mais sistemas sem fio, que já estamos usando muito”.


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Klaus Hopner

ATENÇÃO AO SOM Marcelo Claret teve experiências anteriores que foram importantes na montagem do projeto sonoro de Nada Será como Antes. “No caso desse musical, duas experiências anteriores que tive foram importantes: a com o musical O Despertar da Primavera – que foi seguramente a coisa mais difícil que já fiz

Equipe responsável por fazer o som do espetáculo acontecer

até hoje – e um musical infantil que fiz recentemente chamado A Borralheira, onde eu já havia feito um projeto com músicos, instrumentos e cantores que andavam pelo palco”. O profissional trabalha já há algum tempo com a dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho. “Eles

respeitam demais todas as áreas de criação e dão um valor e uma atenção especial ao som porque sabem que musical com som ruim atrapalha o resultado artístico. Ao mesmo tempo, o nível de exigência que eles têm com o meu trabalho e com o trabalho dos técnicos e operadores é alto”, completa.

A MÚSICA

Atores também tocam instrumentos no musical

Délia Fischer é a responsável pelas orquestrações e arranjos do espetáculo. “A escolha do repertorio é do Claudio e do Charles, com algumas sugestões nossas. Durante os ensaios as coisas acontecem muito em função da encenação, da ligação entre uma música e outra. A música de Milton não tem um registro estabelecido, um songbook oficial. O primeiro trabalho que tive foi registrar o material. Eu

mantive tudo o que é da música. Nao transcrevi arranjo, mas alguns riffs considerei parte da musica, como em Para Lennon e McCartney, por exemplo”. A arranjadora aproveitou também habilidades de instrumentista dos atores nos arranjos, além de se preocupar em chamar músicos, como Lui Coimbra (violão e cello) e Whatson Cardoso (sopros), que tocam vários instrumentos. “Ja chamei sabendo disso. Mesmo nos meus trabalhos, gosto de usar esse tipo de coisa. Tem pessoas que tocam muito bem um instrumento e tem um lance interessante em outro, e isso a gente pode usar. Pedro Aune (baixista) toca tuba, Whatson toca várias famílias de sopros”, exemplifica Délia. Depois de Délia registrar as músicas e ver os tons do elenco, Jules Vandystadt trabalhou, durante os ensaios, em cima dos arranjos vocais. O arranjador já havia trabalhado com Cláudio e Charles em Beatles em um Céu de Diamantes. “No primeiro ensaio (de Nada Será...), eu não conhecia

nem o roteiro. Os arranjos vocais ficaram prontos em duas semanas, a contar o primeiro dia do ensaio”. O arranjador trabalhou em cima da sugestão de Cláudio Botelho – que fez roteiro e direção musical da peça – de manter o mesmo número de cantores e cantoras de Beatles..., com seis homens e quatro mulheres. “Não tem nenhum tenor agudo. São todos barítonos. Temos diversidade de timbres, mas não de região”. Os cantores se sentiram gratificados com o trabalho, como explica Marya Bravo. “Foi uma peça sem audições (testes para escolha de cantores), fomos todos convidados. Está sendo uma experiência incrível, porque a gente toca também. Estou vivendo uma gig de show e também estou com meus amigos do teatro e estou tocando ao vivo. Em show, teria vergonha, mas no teatro fiquei mais à vontade para tocar. É uma realização pessoal, por mais básico que seja o que eu toco”, comemora.


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Ainda mais fácil de operar que o seu predecessor, este último lançamento da Allen & Heath oferece um pacote incomum de benefícios para um produto de sua classe. Ricardo Mizutani redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

Console Digital Allen & Heath GLD 80

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embrando claramente o layout básico da série iLive, a Allen & Heath lançou uma natural evolução: a série GLD. Mais compacto, trata-se de um sistema de mixagem digital ampliável, de 32 a 48 canais de entrada. A nomenclatura adotada pode ser um pouco confusa, a princípio, mas uma vez explicada, fica fácil a memorização. Veja: a superfície de controle é a mesma, seja qual for o tamanho do sistema. É

chamada de GLD-80. O número 80 refere-se aos 20 faders x 4 camadas. O sistema básico começa com um único stage box GLD-AR2412. O leitor pode identificar pela figura 1 que o rack (3U de altura) possui 24 canais de entrada para microfone/linha (XLR) e 12 saídas (XLR). Somando as 4 entradas de mic/linha (XLR) e as quatro entradas de linha (RCA) que estão no painel traseiro da superfície de controle, teremos um total


de 32 canais de entrada. Esta configuração é também conhecida como GLD 32. O usuário, desejando a ampliação do sistema, pode adquirir a expansão GLD-AR84 (1U de altura) que possui 8 entradas mic/linha (XLR) e 4 saídas (XLR). Somando-se à interface GLDAR2412 aumenta-se a quantidade de canais de entrada e saída até chegar a uma configuração de 48 canais de entrada (44 de mic + 4 linha RCA).

EXPLORANDO EM PARTES Vamos começar pela superfície de controle GLD-80. O feedback visual é o seu ponto forte. As informações são claras e possibilitam uma operação muito intuitiva, talvez a melhor do mercado entry level (iniciante) e médio porte. Destacamos: 1. Como em toda série iLive, o console GLD-80 apresenta o channel strip (representação do canal selecionado

Figura 1

Figura 2

– figura 2) muito bem definido com knobs e indicadores de LEDs para os principais parâmetros de ganho, equalização e dinâmica. Esta seção está tão bem diagramada no painel principal que é quase impossível uma navegação errada, aspecto nem sempre considerado em outras marcas. Apenas alguns detalhes ficam explícitos no LCD touchscreen. 2. Ao lado direito, no alto, está o monitor LCD touch screen que dá aces-

so aos menus de configuração do sistema. A navegação pelo touch screen é fácil, as informações são comedidas, a leitura não é dificultada pelo excesso. 3. Chama a atenção a forma muito intuitiva drag and drop de se fazer o patching interno. Explicando: é possível organizar os canais (entradas e saídas) para que estes ocupem uma ordem determinada no banco de faders, segundo a conveniência do usuário. Até então, este recurso exigia uma especial atenção em outros produtos do mercado: a interface humana nem sempre mostrava com clareza as modificações que o usuário estava realizando. Agora, sem necessitar do mouse, o usuário “arrasta e solta” o canal no fader pretendido. Veja o vídeo na página do fabricante e entenda que o patching errado não será mais a causa de tantas dores de cabeça, seja em um festival de música, seja em uma instalação fixa. Trata-se de uma flexibilidade maravilhosa e muito bem implementada – o usuário praticamente “monta” a superfície de controle ao seu gosto. 4. Ainda no campo do design, a Allen & Heath colocou um recurso visual só encontrado em grandes consoles, que é o grupamento/identificação por cores. O usuário, ao escrever o nome do instrumento que vai para o pequeno LCD do canal, também pode escolher uma cor para a luz de fundo do mesmo LCD. Um pequeno “mimo”, mas que traz muito conforto na operação de uma banda grande. Operar um grande número de canais requer agilidade por parte do operador; o conceito no-stress se aplica ao design do GLD-80. A superfície de controle apresenta, à sua esquerda, 12 faders motorizados e 4 possíveis camadas – o que dá 48 controles. No lado direito, há outros 8 faders e 4 possíveis camadas. Parece lógico usar o primeiro grupo para as entradas e o segundo grupo para os

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As informações são claras e possibilitam uma operação muito intuitiva, talvez a melhor do mercado...

masters (group out, effects, DCAs etc.). Mas o usuário pode escolher à vontade o layout desejado, como ter os 20 canais de entrada logo na primeira camada dos dois grupos de faders e as saídas e os DCAs na segunda, terceira ou quarta camada. Enfim, de acordo com o tamanho da mix, o que for mais confortável para o operador. Outro recurso interessante, com um botão dedicado no painel, é o Scene Safe. Com ele o usuário escolhe os canais que não podem ser alterados com a mudança de uma cena, muito útil em festivais (troca de banda) e em musicais teatrais (lapelas + banda ao vivo). Para cada fader do GLD-80, há um grupo de chaves Mute, Select, Endereçamento e Cue, além de um pequeno medidor de LED de 5 segmentos. Logo acima do medidor há um encoder (controle rotativo) que pode assumir a função de Ganho, Pan ou outras duas configuráveis pelo usuário. A superfície de controle GLD-80 ainda possui 4 saídas analógicas XLR para o PA, delay etc, além das saídas digitais stereo AES/EBU e stereo S/

PDIF. Completando as saídas, era de se esperar a conexão USB que dá para usar em gravações (também serve para playback), transferência de cenas e também para atualizações do firmware. O GLD-80 possui em seu painel traseiro um slot para cards opcionais. Até o momento, os modelos disponíveis usam este “barramento” apenas para a comunicação digital. Quase todos os protocolos existentes são cobertos. Sem preconceitos, a Allen & Heath quer que o sistema GLD se integre nas mais diversas instalações, sejam temporárias ou fixas - inclusive em gravações multicanais ao vivo. Acho que no futuro, este mesmo slot receberá cards de DSP + Plug-ins dedicados. O tempo dirá... Falando em plug-ins, o GLD-80 possui 8 efeitos internos. A “cara” deles lembra em muito os programas plug-ins que rodam nos computadores dos estúdios. Mas isto é apenas uma semelhança visual, não dá para rodar os plug-ins de terceiros dentro do GLD-80. A equalização do canal de entrada é a padrão: quatro bandas paramétricas +


HPF. Some-se gates + compressores. Não podemos nos esquecer dos equalizadores gráficos de 1/3 de oitava para as saídas. Enfim, o pacote completo presente nas mesas digitais.

para monitores de ouvido. Há algumas bandas no Brasil que já utilizam este equipamento (que não é da Allen & Heath) e que podem acoplar o seu sistema ao GLD.

O QUE FICA NO PALCO

O SISTEMA

O stage box fica próximo das fontes de sinal. A superfície de controle pode ficar a até 120m de distância do mesmo. Tanto a unidade de 24 entradas/ 12 saídas (GLD-AR2412), como a expansão de 8 entradas / 4 saídas (GLDAR84), ocupam muito pouco espaço e se comunicam entre si e com a superfície de controle através de cabos de rede CAT5. O protocolo de comunicação é o dSnake – nome apropria-

Como citado anteriormente no início da matéria, a nova série GLD da Allen & Heath causou-me certa dúvida quanto à sua nomenclatura. No prospecto geral da fábrica há uma menção das mesas analógicas da série GL que se tornaram muito populares em instalações fixas, como em igrejas, bares e casas de espetáculos de pequeno/médio porte. O texto sugere que o usuário conhecedor da série GL se fa-

Operar um grande número de canais requer agilidade por parte do operador; o conceito no-stress se aplica ao design do GLD-80

do, já que esta parte do sistema se torna um verdadeiro multicabo digital com controle remoto do ganho e phantom power. Diferentemente do sistema iLive, o GLD tem os DSPs localizados na superfície de controle, e não no stage box (daí o seu reduzido tamanho). Ainda sobre os cabos de ligação de rede, a Allen & Heath recomenda o uso de um modelo da Klotz com acabamento externo emborrachado, semelhante ao cabo de microfone. Os conectores de rede adotados são os mesmos RJ45, mas com uma “capa” externa igual ao de um XLR, o que dá boa robustez no uso profissional – e que é um modelo da Neutrik que está se tornando cada vez mais popular no mercado. O stage box ainda possui uma conexão/controle muito interessante: Aviom Pro16. Este equipamento permite que cada músico no palco possa fazer sua própria mixagem, geralmente

miliarizará facilmente com a nova mesa digital. Por que a fábrica relaciona a antiga série analógica com este novo produto digital? Depois do que foi exposto nesta matéria, dá para concluir que a série GLD oferece muito mais recursos! E de quebra, o usuário ganha indiretamente um multicabo digital de até 120m! Como ainda não tenho um valor do preço final do sistema GLD, também não dá para fazer um comparativo entre as duas gerações. Então, deixo esta dúvida de lado e entrego para o mercado consumidor o “posicionamento” deste novo produto da Allen & Heath em relação à série analógica. Por fim, recomendo ao leitor testar e ouvir este sistema pessoalmente. A sua engenharia humana é um verdadeiro convite à operação. Estas foram as informações básicas e preliminares.

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André Calazans se adapta ao estilo musical da banda com a qual está trabalhando

No primeiro capítulo de uma série de reportagens exclusivas da ‘Backstage’, alguns dos mais experientes técnicos de áudio do Brasil revelam como fazem para deixar a sua marca pessoal em cada trabalho de que participam.

Alexandre Coelho redacao@backstage.com.br Fotos: arquivo pessoal Revisão técnica: José Anselmo “Paulista”

O SOM DE N ão é difícil para qualquer ouvinte distinguir o som poderoso e suingado da voz de Tim Maia, ou o canto suave, quase sussurrado, e sincopado de João Gilberto. Em grande parte, quem dá essa marca pessoal a cada voz é o timbre. Da mesma forma, uma pessoa com um mínimo de cultura musical consegue diferenciar, sem grandes dificuldades, a guitarra parcimoniosa e precisa de B.B. King, do estilo salpicado de latinidade de Carlos Santana. É assim que cada artista imprime uma marca pessoal à sua música. Mas e no caso dos profissionais de áudio? É possível para um técnico de PA construir uma sonoridade própria, que o dis-

tingue dos demais colegas de profissão, mesmo tendo que se adequar a cada artista e a diferentes gêneros musicais? De que forma cada um desses profissionais de áudio busca e atinge esse “estilo pessoal”? Para tentar descobrir um pouco dos segredos desses profissionais, a Backstage começa, nessa edição, uma série de reportagens com alguns dos mais tarimbados técnicos de áudio do mercado brasileiro. Eles vão contar quais são as marcas pessoais em seu som, como buscam as características sonoras que mais os agradam e como funcionam as relações nos bastidores do show business entre


Luizão já teve que mudar sua sonoridade a pedido do artista

palmente os de PA, como é o meu caso, tem que trabalhar o som do artista, e não o que ele, técnico, acha que é correto. Nós temos o nosso gosto, podemos adaptar, mas não mudar o som que o artista e o diretor musical querem passar para o público”, indica. Graças a essa mentalidade e a uma natural facilidade de adaptação a cada artista e a diferentes gêneros musicais, André garante que nunca aconteceu de um artista pedir que ele mudasse sua forma de trabalhar e o som que ele tira de um equipamento. O segredo para alcançar esse diferencial em seu trabalho: muito estudo e um ouvido aberto a escutar todos os gêneros musicais e suas peculiaridades.

EXIGÊNCIAS

CADA PA técnicos, artistas, empresas locadoras e outros agentes fundamentais no meio musical.

EQUILÍBRIO Para o técnico de áudio Luizão, que atualmente dá plantão na estrada com a dupla Chrystian & Ralf, não resta dúvida quanto à característica que melhor define o seu trabalho: o equilíbrio dos instrumentos. De acordo com o profissional, esse equilíbrio, obviamente, varia de acordo com o estilo de cada artista. E, para alcançá-lo, é necessário um exercício permanente de adequa-

ção. “Eu consigo me adaptar ouvindo o estilo de música da banda com a qual vou trabalhar”, ensina. Equilíbrio também caracteriza o estilo buscado pelo técnico de áudio André Calazans, atualmente responsável pelo PA do grupo de pagode Swing & Simpatia. Mais do que um som equilibrado, ele define sua impressão digital profissional como um som bem timbrado e bem mixado, e com uma pressão sonora que seja agradável para o público. Mas, segundo ele, atingir esse nível de qualidade não é fácil. “Acredito que cada técnico, princi-

Luizão, por sua vez, admite que já teve que mudar muitas vezes sua sonoridade a pedido do artista, mas garante que esse tipo de situação não acontece há muito tempo em sua carreira. Por outro lado, tais experiências trouxeram um importante aprendizado, que até hoje o ajuda em sua trajetória profissional: ele aprendeu a sempre ouvir antes o estilo de música com que vai trabalhar. Com o dever de casa feito e sabendo para que direção pretende conduzir o som do artista contratante, Luizão garante que o diferencial em seu trabalho passa, necessariamente, por um bom alinhamento do sistema. “Tudo começa quando a produção passa o contato da empresa de som. Nós temos que perguntar como o sistema vai ser montado, se é possível mudar alguma coisa, caso seja necessário, e, no local, é importante verificar tudo. Você não pode ficar só na confiança. Se alguma coisa sair errada, quem leva a culpa é você”, sentencia. Em um ponto Luizão e André

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Acredito que cada técnico, principalmente os de PA, como é o meu caso, tem que trabalhar o som do artista, e não o que ele, técnico, acha que é correto (André Calazans) Calazans concordam plenamente: mesmo ciente de que é preciso se adequar ao som de cada artista, é fundamental que o profissional de áudio busque, sim, uma identidade própria no seu som. “Sem dúvida. A receita e os ingredientes são os mesmos, mas o ouvido de cada técnico faz a diferença. Afinal de contas, ele é mais um integrante da banda”, observa André Calazans. Nessa busca por uma sonoridade única e que o diferencie dos demais colegas de profissão, alguns técnicos até arriscam os nomes de algumas marcas e modelos de equipamentos com que mais se identificam e que os ajudam nessa tarefa de buscar uma identidade própria. Luizão, por exemplo, não abre mão do PA de sua preferência. “Um bom sistema sempre ajuda. Particularmente, gosto muito do (sistema de line array) V-DOSC”, revela.

ENGRENAGEM Calazans não cita uma marca ou modelo, mas pondera que cada peça que compõe essa grande engrenagem musical pode fazer a diferença na hora em que soam os primeiros acordes. E isso inclui não apenas os equipamentos envolvidos na realização do show, mas também a mão de obra disponível sobre o palco e fora dele. “Para timbrar e mixar, não basta ter um bom console. Microfones, cabos, instrumentos e músicos bons também fazem parte de um todo. Ter um bom analisador de espectro, por exemplo, auxilia muito na forma de timbrar o

PA, o que ajuda ainda mais no resultado final”, assegura. Mas chegar ao nível dos maiores profissionais de áudio do mercado brasileiro exige uma longa trajetória. André Calazans garante que sempre teve essa mentalidade em seu trabalho, de buscar a qualidade e o equilíbrio no som, mesmo quando começou, em uma empresa pequena, sonorizando bandas de abertura. “Eu era considerado ruim, porque o que importava a esse nicho de mercado, naquela época, era o volume. Tinha que ser alto. Foi só eu entrar em uma empresa de grande porte e logo em seguida trabalhar com um artista de grande porte (Martinho da Vila) que começaram as perguntas sobre por que eu uso (o equipamento) assim”, recorda. Luizão prefere resgatar do baú de memórias um episódio mais atual, que reflete apenas uma entre as inúmeras dificuldades a que ainda são submetidos os profissionais que fazem funcionar o show business no Brasil. “Recentemente, eu fui fazer o monitor de uma dupla e um deles odiou o meu som, só que ele não sabia falar o porquê. Hoje eu trabalho com outra dupla, que é considerada a mais exigente. Já houve casos de técnicos que foram tentar fazer o monitor deles e não acertaram o som. De tão ruim que ficou, o técnico sequer voltou no ônibus com a banda”, lamenta. redacao@backstage.com.br


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Quartet A PEÇA CENTRAL PARA SEU HOME STUDIO SOAR COMO PROFISSIONAL Em 2003, a Apogee Electronics, empresa americana reconhecida mundialmente pela lendária qualidade dos seus conversores digitais, deu seu primeiro passo no mercado de equipamentos para home studio lançando o Mini Me, um conversor/interface de áudio USB de dois canais com pré-amplificação para microfones que possibilitou a qualquer mortal ter acesso à tão sonhada qualidade de conversão antes acessível apenas aos estúdios de médio e grande porte.

Luciano Freitas é técnico de áudio da Pro Studio americana com formação em ‘full mastering’ e piano erudito

A

investida da marca neste segmento de mercado deu tão certo que atualmente a Apogee conta com uma linha completa de interfaces de áudio capaz de atender às necessidades dos mais diferentes (e exigentes) músicos e


modo de alta impedância (Hi-Z), e sinais de linha (+ 4 dBu), para a conexão de teclados, módulos de sons e outros equipamentos musicais elétricos. Sua comunicação com o computador se dá por meio de uma porta USB2 (disponível em praticamente qualquer computador da Apple), a qual, com a atual geração de drives para Mac´s (Core Audio Driver), proporciona fluxo de áudio superior ao das portas Firewire 400 (com 12 canais de entrada e 8 canais de saída de áudio operando simultaneamente, a Quartet registra latência de apenas 3,6 ms. em sessões com

quantidade de canais analógicos para 6 entradas (com pré-amplificação para microfones) e 12 saídas (um terceiro setup pode ser conseguido ligando as saídas digitais ADAT/SMUX de uma interface Ensemble nas entradas digitais da Quartet, totalizando 12 canais de entradas analógicas, sendo 8 com pré-amplificação para microfones e 8 canais de saídas analógicas). Desenvolvida para ser a peça central de um estúdio contemporâneo, a Quartet esbanja estilo e sofisticação. Sua seção de controles, além de contar com o clássico knob multi funções, consolidado na segunda geração da interface

produtores musicais, com modelos que vão do pequeno notável JAM (interface que permite conectar guitarras e contrabaixos elétricos ao iPad, ao iPhone e aos computadores da Apple) à venerável Symphony I/ O (interface modular capaz de entregar a melhor sonoridade que o nosso dinheiro pode pagar). Colecionando seguidas premiações mundiais com esta categoria de produtos, em 2012 a Apogee apresenta ao mercado a Quartet, uma interface de áudio profissional com 12 canais de entrada (sendo 8 digitais, no formato ADAT/SMUX, que aceita sinais com amostragem de até 96kHz/ 24Bits) e 8 canais de saída (2 canais dedicados à sua saída de fones de ouvido) que, segundo o próprio fabricante, assumirá a posição intermediária entre a Duet 2 (interface 2 x 2 canais de áudio, benchmarking das interfaces de gravação portáteis) e a Ensemble (interface 18 x 18 canais de áudio). Na construção da Quartet, os engenheiros da Apogee utilizaram a mais recente tecnologia de conversão disponível em seus produtos, aplicando toda experiência adquirida na concepção do seu conversor/interface top de linha, o Symphony I/O, para oferecer ao usuário maior dimensão e pureza sonora, resultando em gravações com sonoridade extremamente transparentes (opera com amostragens de até 192kHz/24Bits). Seus 4 pré-amplificadores de microfones (com 75dB de ganho) foram totalmente redesenhados, utilizando componentes cuidadosamente selecionados que garantem a captura de todos os detalhes das fontes sonoras com maior transparência e menor nível de ruído de fundo, seja usando com microfones condensadores, dinâmicos ou mesmo com os de fita. Essas 4 entradas ainda aceitam sinais de instrumentos musicais elétricos (guitarras, contrabaixos elétricos), no

Na construção da Quartet, os engenheiros da Apogee utilizaram a mais recente tecnologia de conversão disponível em seus produtos, aplicando toda experiência adquirida amostragem de 96kHz/24Bits, utilizando menos da metade da banda passante de uma porta USB2). Outra novidade proporcionada por esses novos drives de áudio é a capacidade de operação simultânea (no mesmo computador) de duas unidades da interface Quartet, ou de uma unidade da interface Quartet com uma da interface Duet 2, elevando, neste caso, a

Duet, traz os botões Quick Touch Pads, os quais permitem a rápida seleção e ajuste do ganho de sinal em cada canal de entrada. Esses botões também estão disponíveis na sessão de saídas de áudio (a qual conta com três botões, nomeados como A, B e C, que fazem referência à possibilidade de se trabalhar simultaneamente com três diferentes sistemas de monitoração

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outras, sem ter que acessar seu software de controle. E, por falar em seu software de controle, o Maestro 2 oferece ao usuário um visual baseado em uma janela única que contém as principais funções da Quartet (demais funções estão disponíveis em abas de fácil acesso).

em estéreo), onde, além das funções de seleção e ajuste dos níveis de sinal, oferece ao usuário rápido acesso a recursos como emudecer o canal, diminuir os níveis de sinal para um padrão pré-estabelecido, limpar os picos dos medidores de sinal, agrupar o conjunto de alto-fa-

Complementam o visual da Quartet dois visores coloridos de OLED (diodo orgânico emissor de luz) de alta resolução, nos quais é possível acompanhar a resposta instantânea

lantes (para monitoração surround 5.1) e somar os canais estéreos para mono. Complementam o visual da Quartet dois visores coloridos de OLED (diodo orgânico emissor de luz) de alta resolução, nos quais é possível acompanhar a resposta instantânea de múltiplas funções, entre elas a dos medidores de sinal de entrada e saída (com valores gráficos e numéricos), agrupamento dos canais de entrada (link), inversor de polaridade, alimentação phantom power, entre

Outra desejada ferramenta trazida pela Quartet (acessível via software Maestro 2) é o Soft Limiter, famoso limitador de sinal analógico da Apogee que desde a década de 1990 imprime suas características sonoras na maioria dos hits produzidos pela indústria do áudio profissional. Este dispositivo previne a saturação digital (distorção) agindo nos picos dos transientes antes da etapa de conversão A/D, adicionando ao sinal, de maneira sutil, aquele “calor”


típico dos melhores equipamentos analógicos enquanto proporciona o incremento de alguns decibéis vitais no sinal registrado. Em seu painel traseiro, além das suas conexões de áudio (exceto a dos fones de ouvido, que fica na la-

master clock). Como todos os equipamentos atuais da Apogee, a Quartet é compatível apenas com os computadores da Apple (Intel) com sistema operacional Mac OS X Snow Leopard (10.6.8 ou mais

teral direita do equipamento), a Quartet oferece uma porta USB, na qual é possível conectar outro equipamento que se utiliza desse protocolo para estabelecer comunicação com o computador (como um teclado controlador ou uma superfície de controle) e uma saída de Word Clock, capaz de enviar para outros equipamentos do estúdio um sinal de clock (sincronismo) com tecnologia superior (a Quartet não é compatível com outros sinais de clock externo, operando apenas como

atual). Já sua compatibilidade com os softwares de áudio gravação (DAW) se estende a todos os compatíveis com Core Audio, dentre eles Pro Tools (versões 9, 10 ou mais atual), Logic (proporcionando perfeita integração a partir da versão Studio 9), Nuendo, Cubase, Garage Band, entre outros (compatível ainda com a suíte de vídeo Final Cut Studio).

Para saber mais luciuspro@ig.com.br

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Conhecendo os

osciladores e

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filtros do Como já falamos em outras edições, o ES2 é um sintetizador virtual presente no pacote Logic Pro muito utilizado por produtores pela sua versatilidade, qualidade e opções de programação. Também já localizamos cada uma das seções, conforme a figura 1, abaixo (para relembrar), e agora vamos explorar os osciladores de forma bem prática.

ES 2 Vera Medina é produtora, cantora, compositora e professora de canto e produção de áudio

P

ara que possamos trabalhar isoladamente entendendo cada parâmetro, sugiro primeiro configurar um preset zerado, ou seja, desligar tudo (colocar em off) e zerar os parâmetros. (vide figura 2). Vamos ao oscilador 1, aperte o número 1 e teste as formas de onda disponíveis. Mantenha o triângulo do mixer

posicionado em 100% do Oscilador 1, assim você só ouvirá este oscilador trabalhando. Repita o mesmo processo com os Osciladores 2 e 3, lembrando de direcionar o mixer em 100% de cada vez, possibilitando ouvir separadamente. Para utilizar a opção de FM (Frequency Modulation) disponibilizada no Oscilador


Figura 1 - ES2

2, mantendo o tom em 0. No Oscilador 1, escolha o formato de onda triangular que atuará como a fonte de modulação. No Oscilador 2, escolha a opção Ring (modulation). Agora, altere o tom do Oscilador 1 e veja o resultado (vide figura 4). Você pode alterar o tom de ambos os osciladores para perceber as mudan-

Como configuração default deve ter um botão com a palavra “parallel” se eles estiverem em paralelo ou “series” para opção em série. Ainda na figura 5, estando os filtros em série, é mais fácil de visualizar que temos o filtro 1 à esquerda e o filtro 2 à direita. Sua função é trabalhar as frequências

1, temos que entender que este é um método que pode produzir sons bem interessantes utilizando a banda de dois osciladores. Neste caso, chamamos o Oscilador 1 de portador e o Oscilador 2 de modulador. Ou seja, você pode alterar a frequência de um oscilador (portador) utilizando a frequência do outro (modulador). Para isso, direcione o mix para 100% no Oscilador 1 e escolha a forma de onda Sine, o que faz aparecer em verde FM. Ligue o Oscilador 2 em qualquer uma das formas de onda, teste várias para efeitos diferentes. Se você pressionar uma tecla do seu controlador e mover para direita o botão do Oscilador 1, ouvirá que há um aumento de intensidade do Oscildador 2 (vide figura 3). Essa complexidade do som ocorre devido aos harmônicos que foram incorporados, chamados de bandas laterais. Se quiser ir mais longe ou criar algo inusitado, pode alterar o tom do Oscilador 2 (botão à esquerda do Oscilador 2) para afetar as bandas laterais produzidas. Outro ponto interessante é o Ring Modulator do Oscilador 2. Enquanto a modulação de frequência altera a frequência de um oscilador pelo outro, o Ring Modulator altera a amplitude, criando um efeito tremolo/vibrato. O que você ouve no final é um som meio metálico, composto somente das bandas laterais que se compõem da soma e diferenças entre a frequência do oscilador portador e modulador. Temos agora a posição inversa ao primeiro exemplo de FM. Agora o Oscilador 2 atua como portador e o Oscilador 1 como modulador. Com os dois osciladores ligados, coloque o mix em 100% no Oscilador

Se você pressionar uma tecla do seu controlador e mover para direita o botão do Oscilador 1, ouvirá que há um aumento de intensidade do Oscildador 2 ças e sons complexos que são gerados. Vamos ao filtros. Para uma melhor visualização, vamos colocar os filtros em série. Para isso, basta apertar o botão que fica totalmente na parte inferior direita da seção de filtros (vide figura 5).

geradas pelos osciladores para que sejam adequadas ao resultado esperado. Neste caso, portanto, temos dois filtros disponíveis que podem ser utilizados em paralelo ou em série dando mais opções de roteamento e para sound design. Estando em sé-

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Ainda pressionando a opção Fat, o som fica mais encorpado, as frequências mais graves ganham mais peso. Faça também testes com o botão Resonance e verifique o efeito quando a ressonância afeta o filtro cutoff

Figura 2 - ES2 - Preset zerado

ries, o sinal do filtro 1 é transferido para o filtro 2 para processsamento e atuando como um “mixer cross fader” temos uma opção de Blend acima, controlando o quanto de cada filtro afeta o som gerado pelos osciladores. Novamente, é imprescindível ouvir cada um dos filtros separadamente, portanto, vamos começar pelo filtro 2 que é um passa-baixa com parâmetros para cutoff e ressonância. Ao girar o botão cutoff para a esquerda, somente frequências baixas passam. Faça um teste com as várias possibilidades de declive 12 db, 18 e 24 db. Ainda pressionando a opção Fat, o som fica mais encorpado, as frequências mais graves ganham mais peso. Faça também testes com o botão Resonance e verifique o efeito quando a ressonância afeta o filtro cutoff. Outra coisa interessante é que a frequência de cutoff pode ser modulada através do botão FM, da mesma maneira que exemplificamos anteriormente. Só que, neste caso, a frequência cutoff é a portadora enquanto o Oscilador 1 é o modulador e timbres interessantes po-

dem ser obtidos desta forma. Para testar o filtro 1, direcione a chave Blend para a direita. Este é um multi filtro, oferecendo as opções Lo-Low Pass, ou passa baixa; Hi-High Pass, ou passa alta; peak, BR (Band Reject) e BP (Band Pass). Dependendo da opção escolhida, a frequência cutoff tem um impacto di-

Figura 3 - ES2 - alterando a frequência do oscilador

ferente. Lembrando que passa baixa permite que passem frequências abaixo da frequência cutoff, passa alta permite que passem frequências acima da frequência cutoff, band pass permite que passem frequências dentro de uma faixa estreita próximo à frequência cutoff e


verificar os presets do ES2 e verificar quais osciladores, formas de onda, afinações, mix de osciladores e filtros são utilizados em determinados sons de sua escolha. A aprendizagem requer prática, não adianta só ler livros sobre síntese. Mão na massa e até a próxima edição.

Figura 4 - ES2 - Ring modulator

Band Reject funciona de forma inversa. Peak funciona como um equalizador paramétrico reforçando as frequências próximas à frequência cutoff. Além de testar todos os parâmetros e variações com o filtro 1, aproveite para usar a chave Blend em combinações dos dois filtros. Lembrando que ainda existe uma opção de Drive no filtro 1 que adiciona alguma distorção ao sinal

Para saber online Figura 5 - ES2 - Filtros em série

antes de ser processado pelo filtro. E para terminar sua prática com os filtros, ative o botão Series para entrar no modo paralelo e refaça suas experiências observando como os filtros atuam neste modo. Nesta altura, um bom exercício é

vera.medina@uol.com.br www.veramedina.com.br

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INTERFACES Olá amigos, Temos falado aqui de temas relativos à operação do Cubase: tutoriais das funções, dicas de operação e recursos técnicos. Mas no ambiente de uma workstation digital nem só a operação eficiente do programa é suficiente para um bom desempenho do estúdio. É preciso conhecer o funcionamento de todo o hardware de áudio envolvido (interface ou placa), sua integração com o Cubase e com o sistema operacional utilizado. Esse é nosso assunto de hoje.

PARTE 1

Marcello Dalla é engenheiro, produtor musical e instrutor

I

nterface é todo o equipamento que faz o “meio de campo” entre o mundo numérico do computador e o mundo analógico do som. Algumas interfaces ou placas de som agregam as tarefas de conversão analógica para digital e vice versa. Outras fazem apenas a integração de formatos digitais determinados (AES, Spdif etc) com o computador, deixando para os conversores sua tarefa específica. Vamos começar por entender a “conver-

Figura 1 - Tarefas do Driver

sa” entre estas entidades no funcionamento do estúdio virtual. Não importa se temos uma interface ou placa USB, Firewire, PCI, PCI Express etc. O importante neste mo mento é saber que estas siglas são apenas protocolos (formatos) de comunicação para tráfego de informação digital. Precisamos ter a consciência de como o sistema funciona para tirar o máximo dele em qualidade sonora e desempenho. Isto vai se refletir diretamente


Figura 2 - Sessão Cubase aberta

Figura 3 - Lista de Drivers instalados

em tudo o que fizermos em nosso estúdio virtual e obviamente em nossos resultados. Todo hardware de áudio (interface ou placa) tem um programa interno que comanda a operação de seus componentes e que integra seu funcionamento com a workstation (Cubase) e com o sistema operacional (Windows ou Mac OS). Este programa é chamado de Driver. Cada fabricante escreve seu driver de acordo com a implementação eletrônica, características de cada equipamento e funcionalidades disponíveis. A figura 1 mostra um diagrama para que possamos

compreender melhor as tarefas do driver. Quem comanda as operações dos componentes físicos do computador (memória, HDs, placa de vídeo, portas de comunicação etc) são os sistemas operacionais (Windows ou Mac OS). Todos os aplicativos (programas) deverão estar adaptados para trabalhar em cima destes sistemas para que possam traduzir suas funções em tarefas executadas pela máquina. Tanto o Cubase quanto o driver da placa são programas com funções específicas que são convertidas em tarefas dos componentes nessa integração com o siste-

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Figura 4 - Control Panel

ma operacional. Mas a conversa do driver também é com o Cubase. Quando habilitamos canais de in/out para gravação e execução, o driver já informou ao Cubase qual a configuração de canais analógicos e digitais do equipamento, quais dos valores de buffer disponíveis são para transferência de dados, além de painéis de controle, etc. Desta forma, o conjunto Sistema Operacional-WorkstationDriver funciona transferindo informações digitais entre si e instruções de comando, tanto ao hardware do computador quanto ao hardware específico de áudio (interface ou placa). A codificação e decodificação da informação digital que chamamos de áudio e que nos chega na ponta da linha, como som nas caixas, envolve este tráfego de comandos e tarefas. Vamos agora exemplificar. Na figura 2 vemos uma sessão Cubase aberta e vamos acessar o driver da nossa interface pelo menu do programa. No menu principal, entrar em Devices / Device Setup. No item VST Audio System haverá uma tela com a relação dos drivers que estão instalados na máquina e disponíveis para uso com seus respectivos hardwares. A figura 3 mostra esta lista no drop down à direita. O Driver escolhido faz a integração do programa com o respectivo equipamento e seu nome fica descrito logo abaixo da linha VST Audio System. Para acessar o painel proprietário do driver escolhido, basta selecionar o nome e clicar na tecla Control Panel como mostra a figura 4. Neste painel teremos acesso aos parâmetros de configuração

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e controle de cada interface. Cada fabricante terá sua apresentação para descrever suas funções. A compreensão das funções específicas de controle do driver é fundamental para a boa utilização de todo o conjunto Computador-Workstation-Interface. Apesar da forma de apresentação variar, as funções são tecnicamente as mesmas e vamos entrar nestes detalhes na segunda parte deste artigo na próxima edição. O

A compreensão das funções específicas de controle do driver é fundamental para a boa utilização de todo o conjunto ComputadorWorkstation-Interface objetivo desta primeira parte é conceituar o funcionamento do sistema como um todo para depois compreendermos os parâmetros e detalhes. Procurem explorar a configuração do seu estúdio e conhecer os menus e opções de controle de cada equipamento. Aguardo vocês na próxima edição. Abraço!

Para saber online

dalla@ateliedosom.com.br / www.ateliedosom.com.br Facebook: ateliedosom / Twitter:@ateliedosom


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Entenda o

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RIBBON DO Uma das mudanças que geraram mais repercussão na (nem tão nova) versão 7 do Sibelius foi a substituição de um novo sistema de menu, chamado de Ribbon (fig.1).

fig. 1 - Ribbon

Sibelius7 Parte I

Cristiano Moura é produtor, engenheiro de som e ministra cursos de Sibelius na ProClass-RJ

P

ara os usuários antigos, sem dúvida, acabou gerando certa frustração pela sensação de ter que reaprender o software. Por outro lado, ninguém dentro da empresa é bobo, e este trabalho de remodelagem da interface não seria feito se fosse só para desagradar usuários antigos. Ele representa um novo conceito, mais intuitivo ao novo usuário e visa facilitar (mais ainda) o aprendizado do Sibelius. Este artigo tem duas funções: indicar ao usuário iniciante como desvendar o

Ribbon e facilitar a adaptação dos usuários antigos ao novo sistema.

O QUE É RIBBON? Ribbon é a barra superior do software dividida em abas (tabs). Vale notar a boa intenção em colocar ícones (símbolos) em cada função, facilitando ao usuário iniciante (fig.1). As abas são organizadas de maneira a representar o fluxo mais natural possível do trabalho no Sibelius, indo da esquerda para a direita. Em outras pala-


por ela que acessamos a função Inspector (fig.2) que, em poucas palavras, é onde podemos ver todas as propriedades de qualquer item selecionado na partitura. Muitas coisas do antigo menu Create também estão por lá, como a opção de adicionar instrumentos e compassos, mas vamos falar sobre este menu mais a frente. Note input: tudo com referência à entrada de notas pode ser encontrado nesta aba. Quiálteras, enarmonia, transpose e a entrada de notas via teclado MIDI. Atenção: veja que no final à direita temos um submenu sobre plugins (fig.3), como existe na aba Home. Notations: está relacionado à “montagem” de como a partitura deverá ser lida. Vamos encontrar as funções de alterar clave, armadura, tipo de compasso e todos os comandos relacionados à repetição como o Ritornello,

fig. 2 - Inspector

vras, na maioria das vezes o usuário vai acessar a aba Note Input para escrever notas, depois a aba Notations para incluir símbolos, em seguida Text para acrescentar dinâmicas, letras e cifras, Play para ouvir o que foi escrito e assim por diante. Vamos então analisar cada uma das abas mais profundamente: File: é responsável por tudo que gira em torno do arquivo. É onde um arquivo pode ser aberto, salvo, exportado, convertido, impresso etc. Home: talvez a aba mais abrangente, onde se encontram, entre outras coisas, funções do antigo menu Edit como o Copy e Paste e uma parte do antigo menu de plug-ins. Também é

81 fig. 3 - Plug-ins sub-menu


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Na versão 7, cada categoria fica disposta na aba mais relevante com o propósito de simplificar a complexidade de possibilidades dos plug-ins. Ou seja, plug-ins relativos a notas estarão na aba Note Input

fig. 4 - Engraving Rules

Segno, Coda, casas de repetição além das linhas como: ligadura de fraseamento (legato), crescendo, trêmolo etc. Text: muito intuitiva, essa aba está ligada a funções de texto. Letras, títulos, avisos, acordes e marcas de ensaio, numeração de compassos e páginas etc. Mais uma vez, repare que existe um submenu de plug-ins como em Home e Note Input. Play: uma das grandes vantagens em se escrever música no computador é a possibilidade de ouvir o que foi escrito. Esta aba possui funções básicas de transporte (play, rec, stop, rewind, fast forward) além de configurações importantes como interfaces, instrumentos virtuais e até a possibilidade de ajustar uma performance mais rígida ou mais natural e humanizada na execução da partitura. Novamente, lá está o submenu de plug-ins... Será que já entenderam onde quero chegar?

portante deste menu fica à esquerda e se chama Engraving Rules (fig.4). Parts: também muito intuitiva, esta aba dispõe de funções importantes na extração de parts e ajustes individuais para cada músico. Também possui uma função de impressão independente (fig.5), onde se pode escolher quantas cópias e quais parts serão impressas, bem como o seu ajuste individual de margens, páginas e formatação. Review: esta penúltima aba contém excelentes funções para quem trabalha em equipe ou para quem usa o Sibelius como ferramenta de estudo com um professor. É possível criar versões diferentes para serem comparadas com diferentes arranjos e comentários em forma de “post-it” (fig.

Layout: tudo com relação à diagramação e formatação da partitura se encontra neste menu. Desde o tamanho de papel a ser usado, espaçamento entre pautas e sistemas, tamanho da pauta, margens e até quebras de página. Appearance: aqui são encontrados os ajustes cosméticos da partitura como o tipo de fonte, supressão dos nomes dos instrumentos nas pautas, espaçamento de notas e alinhamento de objetos como cifras e dinâmicas. A função mais im-

fig. 5 - Impressao de parts


plug-ins relativos a textos e cifras poderão ser encontrados na aba Text.

CONCLUSÃO fig. 6 - Comments

6). É a maneira ideal de se manter controle do que foi alterado por outra pessoa. E lá está mais uma vez o submenu de plug-ins. View: esta aba é muito valiosa, pois várias configurações podem fazer com que o trabalho no Sibelius fique mais

Acredito que, com a leitura deste artigo e com o Sibelius aberto, o usuário tenha muito claro esta nova disposição das funções do software. É muito importante entender o conceito de cada aba, pois sem isso esclarecido, o usuário vai se frustrar frequentemente “varrendo” as abas à procura de alguma função. Com o conceito estabelecido, no próximo artigo vamos abordar algumas

fig. 7 - Panorama

confortável. É possível colocar páginas lado a lado ou uma abaixo da outra, além da visualização linear chamada de “panorama” (fig.7), que é um ótimo recurso para se concentrar na música sem se preocupar e se distrair com formatação. Usa-se também para acrescentar réguas com medidas precisas entre símbolos e pauta para garantir um alinhamento perfeito de cada objeto.

opções e truques que podem ser usados com o Ribbon para facilitar o trabalho, e talvez assim, alguns usuários antigos poderão fazer de vez as pazes com o Sibelius 7. Até a próxima.

Para saber online

SOBRE PLUG-INS Como visto acima, não existe mais um menu único, dividido em várias categorias. Na versão 7, cada categoria fica disposta na aba mais relevante com o propósito de simplificar a complexidade de possibilidades dos plugins. Ou seja, plug-ins relativos a notas estarão na aba Note Input enquanto

cmoura@proclass.com.br http://cristianomoura.com

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Componentes do sintetizador

Hoje é muito frequente, quase obrigatório, o uso de instrumentos virtuais nos estúdios. No trabalho com sequenciadores MIDI, o som é gerado por um instrumento virtual ou eletrônico. Mas, permanecer usando somente os sons pré-programados é limitar demais o uso desses instrumentos, já que sua maior virtude é permitir a programação de infinitas sonoridades. Cabe, então, conhecermos um pouco dos componentes do sintetizador e alguns princípios da síntese dos sons.

SINTETIZADORES

E SAMPLERS Sergio Izecksohn, músico, é diretor e coordenador pedagógico da escola de produção musical Home Studio. www.homestudio.com.br

E

xistem várias técnicas para criarmos os sons usados na arquitetura dos sintetizadores. Síntese subtrativa, síntese aditiva, sample play-back (wavetable), síntese por modulação de frequência (FM), síntese por distorção de fase, síntese aritmética linear (L.A.), Z-Plane e wave sequencing são alguns dos formatos mais tradicionais. Vamos aqui entender a técnica mais simples e popular, a síntese subtrativa, que serve de base para a compreensão da maioria dos instrumentos. Síntese subtrativa. Um sintetizador tem três componentes básicos: o oscilador, o filtro e o amplificador. Geralmente, a esses três elementos são associados mais dois componentes acessórios: o gerador de envelope e o LFO. Oscilador. Hoje também chamado de wave generator, é o componente que, em

princípio, gera um som único, contínuo, invariável, numa só altura, intensidade e timbre. Quando acionado pelo teclado, o oscilador emite seu som, de acordo com a nota tocada no teclado. Este gerador de ondas pode oferecer diversos timbres ou formas de onda, que selecionamos. Por exemplo, escolhemos se ele vai gerar uma onda quadrada, pulso, dente-de-serra, triangular ou amostras pré-gravadas de instrumentos musicais, combinando a síntese com a técnica do sampler. Assim, temos diversas opções de timbres, que servem como ponto de partida para a edição da sonoridade que desejamos produzir. Para produzirmos sons mais complexos, usamos mais de um oscilador para cada nota. Por exemplo, para moldarmos um som de piano e cordas, precisamos de, pelo


menos, dois osciladores por nota, um gerando o som do piano e o outro, o som das cordas. Os sintetizadores mais antigos costumavam ter reduzida polifonia, ao contrário da tendência atual, em que os sintetizadores podem tocar mais de cem notas simultâneas. Filtro. Para moldarmos o timbre emitido pelo oscilador, vamos conectar um filtro de frequências. O som que sai do oscilador, qualquer que seja a forma de onda escolhida, costuma ser estridente, repleto de harmônicos. Essas frequências precisam ser filtradas, até alcançarmos o timbre desejado. O filtro corta certas frequências do som e deixa passar outras. Temos vários tipos de filtros: passaaltas (high pass), que corta os graves ou as baixas frequências; passa-baixas (low pass), o mais usado, que corta os harmônicos superiores; passabanda (band pass), que corta graves e agudos com seus dois pontos de corte, e rejeita-banda (notch filter), que corta frequências intermediárias. O ponto de corte ou cutoff é a fronteira entre os sons que são cortados e os que permanecem. Ele é móvel, ajustável nos sintetizadores, através do botão Frequency. Isto permite que o programador defina, por exemplo, quais harmônicos de um som serão ouvidos. O som do oscilador, quando passa pelo filtro, é radicalmente alterado, pois muitas de suas frequências estão sendo cortadas. O timbre muda bastante ao movermos o controle de frequência ou cutoff. Um efeito mais eletrônico é exagerar a intensidade da frequência mais próxima do ponto de corte. Isto é feito através do controle de Ressonância do filtro. Amplificador. O sistema formado pelo teclado, pelo oscilador e pelo filtro é então conectado a um amplificador interno, que determina a intensidade (volume) do som, sendo o responsável pelo nível de cada

som programado. Componentes acessórios. O sistema, com os componentes descritos até aqui, é capaz de emitir apenas sons contínuos. Para que o som do sintetizador não seja sempre contínuo e invariável, conectamos ao sistema mais dois elementos, o gerador de envelope (EG) e o LFO, ou oscilador de Sampler baixa frequência. Gerador de envelope. O envelope molda a variação do som no tempo, ou o seu contorno ou envoltório temporal, fazendo variar algum parâmetro, como, por exemplo, o volume, ao longo do tempo, de acordo com uma curva que determinamos. Os envelopes dos primeiros sintetizadores tinham quatro estágios (ADSR) – Attack, Decay, Sustain e Release – ou ataque, decaimento, sustentação e relaxamento. Os envelopes dos sintetizadores modernos costumam ter mais estágios. O ataque é um controle do tempo que transcorre desde o toque na tecla até o som chegar ao nível máximo. Quanto maior o valor que atribuímos ao ataque, mais longo é esse tempo. Com o ataque zero, o som é imediato; com valores altos, o timbre soa como um longo crescendo, demorando a atingir o nível máximo. O estágio do decaimento do som determina o tempo decorrido desde o final do ataque, o momento em que o som atinge o nível máximo, até o estágio seguinte, de sustentação. Durante o decaimento, o volume do som decresce no tempo que for determinado, até atingir o nível de sustentação. O terceiro estágio é o de sustentação. Diferente dos outros, ele não é um controle de tempo: ele controla o nível em que o som permanece desde o final do decaimento até reti-

rarmos o dedo da tecla. Quando soltamos a tecla, entra em ação o último estágio, o que controla o tempo de relaxamento do som, até ele se extinguir. Se este tempo for zero, o som cessa imediatamente, enquanto que outros valores levam o som a decrescer proporcionalmente mais devagar, até cessar. Attack, decay e release são ajustes de tempo. Sustain é um ajuste de nível. Envelopes mais complexos, em alguns sintetizadores, possuem mais ajustes de tempos e de níveis, possibilitando uma evolução mais complexa de um timbre ao longo do tempo. O ADSR, no entanto, ainda é a chave para a compreensão dos envelopes. LFO (Low Frequency Oscillator). O oscilador de baixa frequência funciona como um vibrato ou tremolo, aumentando e abaixando o nível em um ciclo contínuo. Podemos programar a rapidez (frequência) da oscilação, a sua intensidade e a forma da onda. Cada forma de onda faz o LFO alterar os níveis com um diferente comportamento. Por exemplo, a onda senoide alterna o nível contínua e suavemente, enquanto que na onda quadrada o volume salta diretamente do nível máximo para o mínimo e vice-versa. O LFO pode ser programado para ser ativado automática ou manualmente pelo músico através

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Camadas ou Layers

Se conectarmos o envelope ou o LFO ao amplificador do sintetizador, eles fazem variar o volume do som. Ligando-os ao filtro, envelope e LFO fazem variar o cutoff, alterando o timbre ao abrir e fechar o filtro

de algum controle remoto, como a alavanca de modulação ou um pedal de expressão. Até aqui, compreendemos o funcionamento do envelope e do LFO considerando seus efeitos sobre o volume do som do sintetizador. No entanto, ambos podem afetar também o timbre e a altura ou afinação do som ao longo do tempo. Se conectarmos o envelope ou o LFO ao amplificador do sintetizador, eles fazem variar o volume do som. Ligando-os ao filtro, envelope e LFO fazem variar o cutoff, alterando o timbre ao abrir e fechar o filtro. E se ligamos esses componentes ao oscilador, eles modificam a altura (pitch) ou a afinação do som. Sempre, o LFO produz uma alteração cíclica no funcionamento dos componentes e o envelope, uma alteração linear, com começo, meio e fim. Programa ou patch. Cada programação, ou cada timbre editado, é um conjunto de informações que chamamos de patch, program ou voice, dependendo do fabricante. Qualquer que seja o som programado no sintetizador, ele consome sempre o mesmo espaço da memória, a não ser que use amostras sampleadas ou pré-gravadas. Estrutura dos programas de sons. Nos modelos atuais, podemos montar sons muito complexos. Um patch é formado por uma ou várias parciais, originando um som mais complexo. Um exemplo típico é de um programa com som simultâneo de piano e cordas, onde pro-

gramamos a parcial do piano e a parcial das cordas. Reunidas num patch, as duas parciais fazem com que cada nota tocada acione os dois sons. No caso, cada nota aciona dois osciladores, reduzindo a polifonia à metade. Controles em tempo real. Os sintetizadores, em geral, respondem a controles como sensibilidade (resposta de acordo com a velocidade do toque), after touch (resposta variável de acordo com a pressão), key transpose (transporte da tonalidade), pitch bender ou wheel (alavanca giratória que altera as alturas e retorna ao pitch original com uma mola), modulation (controle de atuação variável, em geral acionando o LFO ou o filtro), pedal de sustain e outros. Os sintetizadores de hoje, na maioria, agregam a esses recursos outros adicionais como: efeitos sonoros (reverberador, chorus etc.), equalizador, “multitimbralidade” (vários canais de MIDI ao mesmo tempo) e combinações das sínteses citadas. Muitos vêm já com sons sampleados diversos, inclusive de bateria. Sampler. Popularizados no meio musical a partir do início dos anos 80, os samplers, hoje obrigatórios em todos os estúdios, despertaram, no princípio, o desdém de muitos compositores, arranjadores e instrumentistas. Gravar sons dos instrumentos tradicionais para depois serem tocados por teclados eletrônicos chegou a parecer antimusical para cultores de diversos gêneros.


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Envelope

Na verdade, ainda há quem discuta a importância do sampler. Enquanto isso, o mais versátil instrumento já inventado vem promovendo, não uma, mas várias revoluções nesta fase tão turbulenta da história da música. Capaz de reproduzir qualquer som com absoluta fidelidade e respeitando a dinâmica dos instrumentos em suas sutilezas, o sampler pode ser tocado por um instrumento controlador ou por um sequenciador MIDI. Podemos imitar o som de um instrumento acústico ‘sampleando’ nota por nota ou criar um loop repetindo um trecho quantas vezes quisermos. Diversos gêneros musicais, como o rap e o techno se desenvolveram a partir desses loops eletrônicos. A música eletroacústica, importante tendência da música de concerto contemporânea, como também diversos jazzistas, cedo adotaram o instrumento, acompanhados paralelamente pelos expoentes do rock progressivo e da black music explorando sua infinita riqueza timbrística e expressiva e elevando-o à categoria que merece. O sampler não é um mero imitador de instrumentos. Com ele, podemos criar as mais originais sonoridades, já que o som digitalizado (gravado) por ele pode ser editado como fazemos num sintetizador. A diferença é que o sintetizador

Estrutura do sintetizador

edita sons gerados internamente e o sampler o faz com sons que gravamos. Não por acaso, a maioria dos sintetizadores do mercado usa como matéria-prima amostras sonoras sampleadas. Conhecida como sample playback, essa síntese permite o acesso de uma maior quantidade de músicos e home studios ao vasto universo de sonoridades digitais. Os samplers vinham geralmente em rack ou teclado. Hoje, é o software que transforma o nosso próprio PC num sampler (ou em vários ao mesmo tempo). Os sons utilizados podem ser obtidos por nós mesmos, gravando-os no HD, ou através de amostras obtidas no mercado ou na internet. Programação do sampler. ‘Sampleamos’ um instrumento gravando suas notas, uma a uma, ou algumas delas. Editamos cada nota como um arquivo de áudio, cortando as extremidades e normalizando os volumes. Para poupar memória, podemos samplear só algumas notas e determinar o grupo de teclas ou notas MIDI que acionarão cada amostra ou sample. Uma das notas do grupo tem a mesma altura do sample, enquanto as notas mais altas são progressivamente aceleradas pelo sampler e as mais baixas progressivamente desaceleradas, modificando a afinação do sample ao longo da escala.

As notas mais distantes da amostra original podem soar deformadas, enquanto as que se afastam do pitch original por poucos semitons podem soar bem em muitos casos, variando de timbre para timbre. Por isso, sampleamos várias amostras ao longo da extensão do instrumento, em vez de apenas uma. Os detalhes expressivos da maioria dos instrumentos acústicos e elétricos garantem vida eterna para eles. Ninguém em sã consciência pretende substituí-los. Os bons instrumentistas sempre serão requisitados nas gravações e performances. As conquistas obtidas com a entrada do sampler no mercado são as novas formas de expressão musical, o salto na qualidade do som gravado e uma maior democratização da produção musical, já que mais produtoras e home studios vêm tendo acesso a todo tipo de timbre, o que barateia o custo dos projetos.

Para saber online

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O tamanho

do seu

90

Estúdio PARTE 6

Ricardo Mendes é produtor, professor e autor de ‘Guitarra:

Over-heads, pratos e ambiência... Essa para mim é a parte mais divertida na gravação da bateria. Existem inúmeras formas de se captar e, com certeza, inúmeras configurações de microfone e inúmeras faixas de preço de microfones que irão desempenhar tal tarefa.

harmonia, técnica e improvisação’

E

u vejo a captação de over-heads / pratos / ambiência dividida nestes três grupos, mas que podem ser conjugados entre si. Qual seria exatamente a diferença entre cada um deles?

1 – Over-heads: como o nome sugere, seria o som que está imediatamente acima da cabeça do baterista. Basicamente, seria o “som geral” da bateria. Seria, aproximadamente, o que o baterista ouve. Esse som, para mim, é o mais natural. Ele não tem a pressão e o ataque dos microfones das peças individuais, no entanto é o que traz a naturalidade ao som da bateria. Quando processamos muito o som dos microfones individuais, as peças em busca de definição e uniformidade no som, é comum o perder

um pouco da naturalidade, deixando cada peça um pouco artificial. Ao levantarmos o volume dos canais de over-heads, a naturalidade perdida é recobrada. A quantidade de volume que teremos que subir nos canais de over-heads para devolver a naturalidade da bateria pode variar de uma música para outra. A forma mais tradicional é um par estéreo 3:1 (AB) ou então um XY, com padrão polar cardióide, apontados, em ambas as técnicas, um microfone para o ride e o outro para o hi-hat. Os melhores microfones para essa tarefa são os condensadores de cápsula grande. Destaco os Neumman TLM-170 e U-87. Os AKG 414 e C-12 também, mas basicamente qualquer condensador de cápsula grande de boa qualidade irá desempe-


nhar bem a função, pois irá captar todo o espectro de som da bateria. 2 – Pratos: como o nome também sugere, os microfones serão colocados exclusivamente para a captação dos pratos. Pode ser desde um par estéreo, até uma microfonação exótica com um microfone para cada prato, o que eu não aconselho, pois o excesso de microfones pode causar cancelamento de fase entre eles. O mais tradicional é um par estéreo 3:1 (AB) ou então um XY, apontados, em ambas as técnicas, um microfone para o ride (e outros pratos que estejam situados próximos a ele) e o outro para o crash (e outros pratos que estejam situados próximos a ele) que fica do mesmo lado do hi-hat. É muito comum também se adicionar um microfone específico para o ride e, no caso de um splash,

pode-se adicionar outro microfone para ele. No entanto, é perfeitamente possível se conseguir um bom equilíbrio entre todos os pratos com o posicionamento adequado de apenas um par estéreo de microfones. Uma boa dica é pedir para o baterista tocar apenas os pratos e gravar esse trecho. Ouça (convidar o baterista para vir ouvir junto na técnica é uma boa ideia) e veja, ou melhor, ouça se não há nenhum prato muito mais alto ou muito mais baixo que os outros. Afaste o microfone do prato que está muito alto e aproxime do que está mais baixo. O prato do tipo china costuma ser um prato “problemático”, pois ele costuma soar mais alto do que os outros. Deixe-o o mais longe possível do microfone em relação aos outros pratos. Grave de novo e escute, se necessário, mais algumas

vezes até chegar ao equilíbrio necessário. Alguns bateristas usam os pratos dispostos de maneira um tanto quanto peculiar, o que pode dificultar o encontro do equilíbrio de volume. Nesse caso, podemos optar por colocar microfones adi-

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PRODUÇÃO MUSICAL| www.backstage.com.br 92

cionais ou, por que não, perguntar se o baterista se importa em mexer um pouquinho na disposição da colocação dos pratos. Surprendentemente, a maioria deles não reclama e colabora. No entanto, sempre pode haver um que não irá aceitar mudar um único centímetro. Os melhores microfones para desempenhar essa função são indubitavelmente os condensadores de cápsula pequena, pois naturalmente já filtram um pouco os graves, destacando mais o som dos pratos em relação às outras peças da bateria. Caso o microfone tenha hi-pass filter (ou low-cut) não se sinta acanhado de usar se o seu objetivo for captar somente os pratos. Destaco o Neumman KM-84, KM-184, o AKG-451 e o Shure SM-81, mas basicamente qualquer microfone condensador de cápsula pequena de boa qualidade irá desempenhar essa tarefa satisfatoriamente. 3 – Ambiência: mais uma vez, como o nome sugere, esses microfones não são para captar o som da bateria, e sim o som da sala onde a bateria está sendo tocada. As possibilidades de posicionamento desses microfones é virtualmente ilimitada, e é o campo mais vasto para experimentações em relação à captação de bateria. Pode ser mono, estéreo, próximo, longe, muito longe, ambiências múltiplas. Quando o tamanho da sala permite, eu gosto de usar mais de um par para captar ambiência. Um próximo, um distante e, se possível, um muito longe, mas nunca uso mais de um par na mixagem. Dentre os três pares, escolho o que soa melhor. Também gosto de colocar ambiências mono (um só microfone) em lugares improváveis, como de cara para uma parede, pendurado no teto, de cara para o chão, no chão da cara para o teto, em al-

gum corredor de acesso ao estúdio. Nunca se sabe o que pode sair de tal microfone. É verdade que muitas vezes nenhum deles presta e eu descarto, mas em outras vezes fica muito legal e você passa a ter um som único. Outra possibilidade de ambiência que tem que ser levada em consideração é a que eu chamo de “pós-ambiência”. Nem sempre a sala que temos à disposição é uma boa sala e, neste caso, o mais sensato é captar a bateria com o mínimo de ambiência possível. Uma vez captado o som da bateria, você poderia tocar o playback da bateria em uma outra sala, que pode ser desde o salão de festas do playground do seu prédio até o Studio A em Abbey Road e gravar o som da sala. Muitos produtores famosos fazem isso. Os melhores microfones para a captação da ambiência são também os condensadores de cápsula grande como os Neumman TLM-170 e U-87. Os AKG 414 e C-12, e os padrões de polaridade podem variar de acordo com o posicionamento dos microfones. No caso dos pares estéreos, as técnicas mais utilizadas são as AB (3:1), XY com polaridade cardióide, Mid-Side, conjugando cardióide com figura 8, e Blumlein com polaridade figura 8 a 90º. Abraços a todos!

Para saber mais redacao@backstage.com.br


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BAIXO ELÉTRICO| www.backstage.com.br 94

Jams e gravações online Jorge Pescara é baixista, artista da Jazz Station e autor do ‘Dicionário Brasileiro de Contrabaixo Elétrico’

Mais uma dica boa para internautas musicais plugados! Esta é a mais recente novidade no campo virtual para músicos. Sites para aulas, jams e gravações online.

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eguindo a tendência da internet em rede mundial, diversos domínios virtuais já abriram os olhos para uma fatia do mercado que parece ser, ao menos em princípio, promissora. Se olharmos com bastante cuidado para a enorme fase de mudanças e ajustes que estamos vivendo atualmente, perceberemos que o corre-corre, junto ao estresse da vida diária somados ao trânsito caótico, à poluição das grandes cidades, aos preços por vezes exorbitantes de passagens para viagens, à falta de espaços artísticos para apresentações musicais e o alto custo de investimento em estúdios tornou, para muitos, impraticável manter uma agenda de práticas sadias de Jams, aulas e mesmo gravações. Pois bem, com este conceito que expomos aqui na Backstage, temos uma chance de reverter o quadro. Chamaremos de Jams, aulas e gravações virtuais. Claro que aulas virtuais já existem em vários formatos, desde os DVDs prégravados até aulas via Skype. Mas imagine este conceito sendo ampliado para espaços destinados a este fim com diversos alunos de todo o globo, trocando informações online e em tempo real!? Tome um passo à frente e imagine fazer uma Jam com um baterista alemão, um percussionista africano e um guitarrista americano. Ou mesmo leve isto ao ex-

tremo e sinta-se à vontade para preparar uma sessão de gravação com estes mesmos músicos, em tempo real, cada um na sua própria casa e com poucos custos adicionais! É o que se propõem diversos sites que começam a pipocar no mundo www. Claro que para isto se tornar uma realidade é preciso certo investimento inicial. Vejamos: Descontando o fato de que um bom computador (seja laptop, torre, netbook etc) é necessário, teremos ainda a necessidade de uma boa conexão de banda larga (começando com 10Mbs), uma placa interface/conversor para plugar o instrumento no computador, um par de caixas de qualidade (no mínimo, razoável), cabos e software de gravação e edição com plug-ins de áudio. Porém, muitas, ou mesmo todas estas necessidades já estão supridas pela maioria dos músicos, usuários de internet no país. Então fica relativamente fácil inscrever-se em um (ou vários) destes verdadeiros portais virtuais de músicos e montar seu projeto. Pode ser um grupo de estudos, um trio para uma Jam ou mesmo um projeto de gravação de alguma composição nova. Isto tudo com disponibilidades em PC, Mac, iPad, iPod, iPhone etc.


Como se pode notar, os sites deste tipo, esta nova dimensão abre portas, mesmo que parcialmente, que facilitam o intercâmbio mundial de músicas e músicos, antes estagnados nos primeiros degraus das dificuldades anteriormente citadas. Sem esquecer que o aprimoramento técnico com esta troca de informações é fantástico. Outra vertente que acaba por ser significativa, tanto quanto o tocar e gravar, é o uso de vídeos nestes sites para o acompanhamento do chat online. Assim se pode ver, falar e interagir musicalmente com o baterista, por exemplo, enquanto se grava uma faixa nova. Ambos em tempo real, online, e assistindo a performance musical do outro. Os vídeos então podem ser armazenados e revistos. Também há espaço para produções em vídeoclipes e web radios para manter a produção em divulgação constante.

O QUE HÁ NA WEB Abaixo indicamos três opções diferentes de portais, cada qual com seus atrativos e opções particulares. Vamos a eles: http://onlinejamsessions.com/ A vedete desta série, o site On Line Jam Sessions mantém a interatividade de operações sem a necessidade de se instalar softwares adicionais. O músico se inscreve no portal e tem à disposição espaços para Jams, postar músicas prontas, trocar arquivos de áudio para arranjos e gravações, espaços para gravações e edição pessoal etc. http://www.ohmstudio.com/home Aqui no Ohm Studio temos um poderoso software workstation de gravação e edição de áudio profissional que, após ser baixado e instalado, abre os chats com músicos online de todas as partes do mundo abrindo oportunidades de realizar projetos com

edição simultânea. Toda a sincronização é feita em background. assim não há a necessidade de se enviar os tracks após estes serem gravados ou mesmo editados. Tudo já está disponível em real time for all! E se algum músico usar um plug-in que o outro não tenha, basta clicar em freeze e o software cuida de enviar o track consolidado. A plataforma vem com um software de gravação e edição, um mixer poderoso, MIDI, diversos plug-ins disponíveis, suporte VST, além de outros atrativos. http://jammit.com/ O site Jammit, como o nome já define, é um portal para Jams interativas com possibilidades de baixar temas consagrados e, através de um app, isolar instrumentos para o famoso play along. Tudo fácil e simples. Seguindo as orientações do site o usuário faz uma inscrição com login, baixa o app necessário para a plataforma a ser usada e efetua a instalação. Depois é só adquirir as músicas, baixar e treinar. Estes são alguns exemplos do que se pode encontrar na internet, ambiente que disponibiliza aos músicos espaços tão necessários para a sua manifestação artística. Há muito mais vindo por aí, portanto precisamos ficar atentos ao mundo digital e às ferramentas que ele nos proporciona. Oxalá isto não tome o lugar da música ao vivo ; ) Paz Profunda .:.

Para saber online

jorgepescara@backstage.com.br http://jorgepescara.com.br

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LEITURA DINÂMICA| www.backstage.com.br 96

Longe das capitais F Achar bons estúdios nas principais capitais do país pode até não ser tão difícil, mas ao sair deste roteiro a oferta diminui e costuma ser raro o músico encontrar um bom local com equipamentos e instalações de qualidade. redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

oi pensando neste nicho de mercado, que os amigos Darlan Terra, Felipe Bodão e Marcelo Souza decidiram apostar no Audio Track, um estúdio como uma alternativa para os músicos da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. “O Audio Track Studio surgiu de uma conversa com Marcelo Souza e Felipe Bodão em maio deste ano. Na ocasião eu falava com eles sobre a necessidade da região da Baixada ter um estúdio onde as bandas e músicos pudessem ter acesso a equipamentos de verdade, onde pudessem tirar um som de qualidade”, explica Darlan. “Nunca tivemos isso, daí surgiu a vontade de nos unirmos para realizar este feito”, fala. Com uma ideia na cabeça e mais dois amigos com o mesmo sonho, surgiu o Audio Track. “Felipe e eu estávamos gravando um projeto meu de dez músicas e vimos que não tínhamos muito tempo para elaborar os arranjos, e ainda tinha que contar com a disponibilidade de cada um para fecharmos nossas ideias. Como compartilhávamos o sonho de ter

um espaço nosso, e conversando com outros amigos e músicos que acabaram nos envolvendo com seu apoio, resolvemos meter a cara. Nesse caso, as caras”, expõe. “Nossa finalidade com o Audio Track Studio é poder oferecer aos produtores, músicos, cantores e hobbistas da música uma ferramenta de verdade para que eles possam executar bem e poderem mostrar sua arte com perfeição aqui na Baixada Fluminense”, completa Darlan. Com o lema Pinte sua tela com a nossa aquarela, parece que o Audio Track já surgiu com vocação para ser grande. O local possui três salas, sendo uma master, mix e pocket. É na master onde são realizados os ensaios, captação de vozes, bateria, percussão, cordas e até corais. Na mix, as mixagens e edições, e é justamente essa sala que guarda a “menina dos olhos” do estúdio: um mixer DM3200 da Tascam. “É o nosso xodó porque, além de ser um mixer com seus prés absurdamente fantásticos e suas máquinas de efeito TC Works, ainda é minha interface para


o ProTools 10.2, que captura uma excelente amostra de áudio”, esclarece Darlan, acrescentando: Sala menor, para ensaios “Eu, Felipe Bodão e Marcelo Souza temos o apoio dos brothers JB Junior e Anderson Farias. Mas também gostaria de agradecer o Marcio Bretas pela força que nos deu para iniciarmos esse projeto”, fala.

Para saber mais www.audiotrackstudio.com.br

Lista de equipamentos Set Up Mixer TASCAM DM3200\Pro Tools 10.2 32 canais Plataforma Mac Pro core i7, Mac Book Pro core i5, i MAC Core i5 2 KRK, Rokit, 2 KRK VXT 8 / Preamp: AVALON VT737, LA 610 MKII, Focusrite Platinum Octopre L.E, Presonus Eureka, Blue tube DP. Amplificadores de Guitarra: 1Tiny Terror Orange de 15 wattsvalulado /PPC112 gabinet / 1Combo ac15 valvulado Vox Amplificadores de Baixo: Ashdown Mag Evo 300 1x15\Ampeg SVT 410. / Teclado L-R Tascam DM 3200/DB Technologies Chromo 10 400W / Voz- Tascam DM 3200/DB Technologies Chromo 10 400W x 4 Microfones kit Sennheiser evolutions series, HD 421 Sennheiser, Beta 52 Shure, Beta 56 Shure, SM 57 Shure, SM 81 Shure, E835, Shure SM 58. CAD GXL 3000, MXL V67I TUBE, C-414 B-XLS, RODE K2, Neumann TLM 103. Instrumentos Bateria - Pearl Prestige Session Select / Nord Electro 3 61 M-Audio Ozonic / Jazz Bass Fender 4 cordas Fender Stratocaster American Standard / Fender Telecaster Deluxe 72 / Gretsch semi-acustica Electro Matic Violão Taylor 110 CE / Violão Dean Tradition S2

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ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br 98

Apresentações de dança em um ambiente de estádio têm uma dinâmica bem diferente das performances musicais e há uma exaustiva ênfase em todos os aspectos visuais

O projeto de iluminação do show do grupo britânico de street dance Diversity apostou na mistura de painéis de LED com equipamentos de iluminação com o objetivo de ressaltar os movimentos rápidos dos integrantes da trupe e o estilo futurístico da apresentação.

redacao@backstage.com.br Fotos: Divulgação

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resultado foi alcançado com o uso de um mix de equipamentos de ponta, como os movings lights da Robe, Martin e Clay Paky, fornecido pela britânica HSL. A ideia do líder do grupo, Ashley Banjo, era criar um estilo futurístico Tron (filme de ficção científica), por isso, a instalação do palco seguiu um enredo que levasse à impressão de que o grupo tivesse sido digitalizado e sugado para dentro de um videogame, de onde eles teriam que fugir.

Além disso, o briefing de iluminação pedia para que o show fosse significantemente grande e de impacto. Apresentações de dança em um ambiente de estádio têm uma dinâmica bem diferente das performances musicais e há uma exaustiva ênfase em todos os aspectos visuais, tanto para deixar a linha histórica animada quanto para ajudar na energia da dança. A HSL vem trabalhando com a Production North em diferentes projetos e,


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ILUMINAÇÃO| www.backstage.com.br 100

que nenhuma área do palco tivesse uma iluminação confusa. A HSL também providenciou diversos equipamentos genéricos de iluminação incluindo os Showtec Sunstrips, JTE PixelPARs, PAR 36s, i-Pix Sattelites, 4cell Moles e Studio Due City Colours, que foram espalhados pelos trusses e nas demais áreas do local. Para completar o clima e a atmosfera da apresentação, diversas máquinas de fumaça foram espalhadas pelo espaço.

PAINEL DE LED novamente, Mike Oates gerenciou o projeto para a companhia Blackburn com a instalação de todo o visual e iluminação projetada por Peter Barnes. O trabalho foi realizado em conjunto com Ashley Banjo, líder e diretor criativo da Diversity.

O rig de iluminação foi composto por 80 moving lights, um mix de equipamentos da Clay Paky, Martin Professional, Robe e VariLite, que foram posicionados estrategicamente no rig, em posições otimizadas. Barnes foi bastante insistente para que as fontes de iluminação fossem vistas claramente. Ao mesmo tempo, ele teve bastante cuidado para

Os 10 metros de largura por 4,5 de altura do painel de LED, que se dividia ao meio para entradas e saídas, foi feito com os modelos EC-10 Martin Professional. Banjo queria especificamente uma tela larga no palco para fazer uma declaração. Os dois palcos mais os três lados do largo cenário do galpão foram revestidos com painéis Martin EC20, estendendo a profundidade e dimensões da área de performance e dando a ele uma ideia de túnel. Somado ao telão do palco e aos galpões, a outra área coberta pelos painéis EC-20 era um portal circular que descia até a frente do palco em vários momentos e era usado para transportar o Diversity em torno do “jogo” e ajudar com algumas entradas e saídas do grupo. Na Estrada, a iluminação foi cuidada e operada por Neil Trenell. Uma equipe de seis técnicos da HSL cuidaram da iluminação e do vídeo, assim como do sistema Kinesys, junto com o rigger John Ashton. Trenell programou e controlou toda a iluminação de um console grandMA2, sendo que outra mesa do mesmo modelo foi usada para o backup. Muitas deixas foram disparadas por um timecode MIDI simultaneamente ao vídeo playback, que foi ativado através das pistas de vídeo do QLab.


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SOM NAS IGREJAS | www.backstage.com.br 102 Depois de desenvolver projeto acústico para solucionar um problema de vazamento sonoro com a vizinhança, a Igreja Evangélica Cristã, de Cachoeirinha, em Minas Gerais, atualizou todo o seu sistema de áudio e reverberação local, com projetos desenvolvidos pela DGC Áudio, Vídeo e Acústica.

Som e acús de mãos dadas Igreja Evangélica Cristã soluciona vazamento do áudio Luiz Urjais redacao@backstage.com.br Revisão técnica: José Anselmo “Paulista” Fotos: divulgação

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egundo o técnico de som do templo, Boaz Canuto, tudo começou quando vizinhos reclamaram do barulho produzido pelos cultos. “Só depois disso é que atentamos para a necessidade de uma reformulação interna na Congregação. Resolvendo a questão do isolamento, o passo seguinte foi modificar o sistema de áudio. Tudo era distri-

buído em colunas; agora, temos dois line arrays e caixas de reforço atrás. A sensação é que a igreja tem som de estúdio grande”, afirma. Boaz, que dedica voluntariamente cinco de seus 13 anos de carreira à igreja mineira, explica que, antigamente, a sonoridade da congregação mais parecia com a de um ‘caixote’. Segundo ele, mesmo


uma pessoa à distância de cinco metros da outra, não era possível entender o que ela falava, tamanha a reverberação interna. “Para ser sincero, num lugar com 35 metros de comprimento por 24 metros de largura, não era possível nem avaliar a qualidade do som. O fato é que não se entendia nada!”, completa Boaz. A Igreja Evangélica Cristã, atualmente, trabalha com 12 caixas VRD112A, da Attack; 03 caixas de subgraves LSB218A, da Attack; 08 caixas de reforço do mezanino Versa206A, da Attack; além de 04 caixas para monitor FZ108A, da FZ Áudio; além de sistema de retorno com fones Westone (Audicare); 02 consoles de mixagens M480 Roland (PA e Monitor), com interface de áudio para gravação multipista; 02 gerenciadores

tica digitais de sistemas do DBX Drive Rack 260 e microfones dos mais diversos modelos.

Acústica trouxe inteligibilidade

Responsável pelos projetos de áudio e acústica da comunidade cristã, Denio Costa, técnico da DGC Áudio, explica que o sistema apresenta, em todo o ambiente, variação de pres-

Consoles de mixagens M480 Roland para o PA e Monitor

Três caixas de subgraves LSB218A

são sonora de até 5dB SPL máximo, o que significa dizer que após o tratamento acústico e o alinhamento do sistema, a plateia passou a ouvir praticamente igual em qualquer canto da igreja, com uma variação máxima de 5 dB, o que é um ótimo resultado. “Neste trabalho foram consideradas as interferências do ar condicionado e luminárias. Sobre o forro acústico, há uma galeria técnica por onde são feitas as manuten-

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SOM NAS IGREJAS | www.backstage.com.br 104

PA foi composto por 12 caixas VRD112A, da Attack (seis de cada lado)

ções do sistema de iluminação da nave da igreja. A estrutura da cobertura foi reforçada para receber maior peso por metro quadrado e elevada na área do mezanino – que não existia e foi construído nesta obra”, observa. “Foi realizado jateamento de poliuretano expansível sobre o telhado de fibrocimento e colocadas duas camadas de gesso acarto-

Juntamente com a administração da igreja, fiz a estrutura física do palco, colocando degraus, definindo as posições dos instrumentos, o lugar dos músicos (Amur José) nado. Abaixo do gesso, foi colocado forro de gesso acústico com 23% de perfuração. Nas paredes laterais e inferiores do fundo da nave, foram utilizados seis paineis

sintonizados em baixas frequências, no formato de lambri. No altar, foram colocados paineis Sonare com 25 milímetros de espessura e densidade de 80kg/ m3, além de criados setores isolados para bateria, percussão e sopros, através de vidros laminados e temperados. Para reduzir a pressão sonora sobre o altar, foi instalada uma parede de vidro, entre o altar e o palco”, enumera.

FALTA DE ACÚSTICA De acordo com o diretor musical da igreja, Amur Josué, a mudança do sistema de áudio não foi uma forma de remediar o problema da falta de revestimento acústico, uma vez que havia tratamento do som, mas não isolamento. “Juntamente com a administração da igreja, fiz a estrutura física do palco, colocando degraus, definindo as posições dos instrumentos, o lugar dos músicos. Dividimos os naipes por um vidro de 10 milímetros, uma estrutura interessante, que não permite resíduos de nenhum outro instrumento. Teve que ser construído um mezanino e coloca-


Mezanino também recebeu reforço no áudio

Equipe resposável pela execução do projeto

mos ar condicionado, para chegar ao nível zero de sobra”, conta. Para o pastor responsável pela igreja, Wanderley Lemos, a inteligibilidade e o conforto acústico nos templos deve ser uma exigência. Além disso, ele diz que o sistema de som tem que atender aos aspectos particulares da igreja. “O louvor é feito em voz alta com participação ativa dos membros e, para isso, os instrumentos têm que estar bem definidos. Temos

que ouvir o mesmo som em qualquer canto da igreja”, avalia. Em atividade desde outubro de 1979, a Igreja Evangélica Cristã, de Minas Gerais, com capacidade para cerca de 1500 pessoas, tem cultos às terças e quintas-feiras, às 19h30, e aos domingos, a partir das 9h. Segundo Wanderley, o templo nunca teve um sistema sonoro como o de hoje, uma vez que, até então, não tinha surgido a necessidade de fomen-

tar a qualidade sonora. “Há algum tempo atrás não se dava muita importância ao som das igrejas. Hoje, as pessoas estão mais exigentes. Um bom louvor traz unção ao culto e quando o pastor é introduzido, depois de um bom louvor, tudo fica melhor. Ter um bom som, em que as pessoas se sintam melhores e confortáveis e em que a ‘palavra’ de Deus seja ouvida com clareza é uma forma de evangelizar”, completa.

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BOAS NOVAS | www.backstage.com.br 106

MARIANA AVA CHEGA AO BRASIL

DiscoPraise no Troféu Promessas

Desde o seu primeiro CD, gravado com apenas 13 anos, Mariana Ava vem se dedicando ao Ministério e a Jesus. Dos dias 24 de agosto a 1º de setembro, a cantora passou por Goiânia e Brasília, em turnê de divulgação de seu terceiro álbum, homônimo. Recentemente, Mariana lançou o clipe da canção Fly, faixa já disponível no iTunes.

A banda DiscoPraise foi indicada nas categorias de “Melhor Grupo” e “Melhor Vídeo Clipe”, no Troféu Promessas 2012. O videoclipe da canção Treme Treme Treme, do CD Como se não houvesse amanhã, traz as quatro fases do clássico Super Mário Bross, agra-

dando inúmeras pessoas. Os indicados serão escolhidos por voto popular. Nesta primeira fase, o público poderá votar quantas vezes quiser. Em cada categoria, os cinco projetos mais votados, passam para a segunda fase, também com votação popular.

CENTRAL GOSPEL INAUGURA LOJAS EM SP A editora Central Gospel inaugurou a sua nova loja na rua Conde de Sarzedas, no centro comercial de produtos evangélicos. A inauguração da loja contou ainda com a participação de profissionais do mercado editorial evangélico, entre eles, Sinval Filho, executivo da Associação dos Editores Cristãos (Asec), e o pastor Eudes Martins, assessor de projetos especiais da Sociedade Bíblica do Brasil (SBB). Segundo o gerente , Elielson Santos, a proposta da nova loja é conciliar o atendimento ao varejo e ao atacado no mesmo local, além de aumentar o mercado da marca através desta nova filial.

CD em prol de projetos sociais O CD Adoração Vitória em Cristo, gravado pelos cantores da Central Gospel Music, Eyshila, Jozyanne, Jotta A, Nani Azevedo, Rachel Malafaia, Raquel Mello, Danielle Cristina, Dayan

de Alencar, Marquinhos Menezes e Lilian, terá toda a renda obtida com a venda, incluindo os direitos artísticos dos cantores, revertida para os projetos sociais da Associação Vitória em Cristo.

MARCHA PARA JESUS

JONAS VILAR NO BRAZILIAN GOSPEL FESTIVAL O cantor se apresentou durante o evento, que ocorreu entre os dias 29 de agosto e 10 de setembro, em Orlando (Flórida, EUA), entre grandes nomes da música gospel e pastores. O Brazilian Gospel Festival é o maior evento gospel promovido no local, reunindo milhares de pessoas nos treze dias de festa.

Com o objetivo de promover um ato profético com a participação de vários grupos de oração, a Marcha para Jesus reuniu mais de 20 mil pessoas em sua 12ª edição, na Praça do Rádio, em Campo Grande (MS). O evento, que aconteceu em agosto, contou ainda com a participação especial do pastor Antônio Cirilo, líder do Ministério Santa Geração, da cantora Mariana Valadão e do bispo Robson Rodovalho, líder da Igreja Sara Nossa Terra (Brasília/DF). A Marcha para Jesus é uma realização da Associação Evangélica com o apoio da Ação Evangélica do Brasil.

Gospel na Billboard Brasil A Billboard, que publica a lista das canções mais tocadas nos rádios, adicionou ao ranking a categoria Gospel 50. A edição de agosto da Billboard demonstrou que a canto-

ra Jozyanne, com a música Meu milagre, está no topo da listagem de junho e julho. Além dela, os cantores Nani Azevedo e Jotta A também mereceram destaque por seus trabalhos.

FERNANDA BRUM E ARIANNE O tão esperado CD Liberta-me, de Fernanda Brum, 9º produzido pela MK Music, traz uma parceria da cantora com Arianne na música tema do álbum. Outra novidade neste novo trabalho é o reforço de um piano acústico. Fernanda, um dos maiores fenômenos da música gospel do Brasil completa 20 anos de carreira e coleciona 11 CDs solos, dois CDs em espanhol, quatro DVDs, além de outros trabalhos.


KARINA CARDOSO | REDACAO@BACKSTAGE.COM.BR Ministério Cristo Vivo também é indicado...

RADICAIS BRASIL 2012

...para o Troféu Promessas 2012 O Ministério Cristo Vivo está concorrendo na categoria “Pra Curtir” do Troféu Promessas 2012. A banda é liderada pelo pastor Vinícius Zulato, da Igreja Batista da Lagoinha de Belo Horizonte.

A festa Radicais Brasil, que aconteceu em Goiânia no dia oito de setembro, contou com a presença da banda DiscoPraise. O evento aconteceu no Castelli Hall, animando cerca de 50 mil pessoas ao som de sucessos como Não Pare, Treme Treme Treme, Lá vou eu, entre outras. A Radicais Brasil 2012 é promovida pela Igreja Videira.

CLIPES MK MUSIC 6 Na sexta edição da coleção dos sucessos da gravadora em vídeo, o DVD MK Music Clipes, estão reunidos 21 clipes dos principais nomes da música gospel, incluindo o premiado Pavão Pavãozinho, de Fernanda Brum, eleito o melhor clipe de 2011 pelo Troféu Promessas. Além dos grandes campeões de visualização do Youtube, como Aguenta Firme, do Voices, o DVD inclui faixas como Sonhos não têm fim, de Eyshila, e Coração de José, de Beno Cesar, que narram uma história de fé e dependência de Deus.

Marquinhos Menezes & Lilian... ...e Tatiana Malafaia cantaram em ONG O projeto social Lar Amor Maior fez 25 anos de existência e, para comemorar, Tatiana Malafaia e a dupla Marquinhos Menezes & Lilian, da Central Gospel Music, cantaram seus louvores para moradores da instituição e convidados. O Lar Amor Maior é uma ONG (Organização Não Governamental) que trabalha na recuperação daqueles que sofrem de dependência química, no resgate de pessoas em situação de rua e dá amparo aos idosos.

Festa e surpresa A cantora Léa Mendonça recebeu família, amigos e admiradores de seu ministério para um culto em comemoração ao seu aniversário. Além da festa, Léa ainda recebeu de surpresa da coordenadora de Comunicação e Marketing da gravadora MK Music, Alomara Andrade, o Disco de Platina pelo CD Milagres da Adoração.

MK MUSIC RECEBE 36 INDICAÇÕES AO TROFÉU PROMESSAS 2012 A MK Music recebeu 36 indicações (dentre as 205) ao Troféu Promessas 2012. A gravadora está representada quase em todas as categorias - exceto a categoria “Pra curtir”, dedicada a artistas independentes e estreantes. Neste ano, foram inscritos mais de 1.200 projetos, nas 11 categorias do Troféu. Os indicados foram escolhidos através de votação do comitê gestor, que é formado pelas principais gravadoras e profissionais do segmento evangélico. Para votar, acesse: www.trofeupromessas.com.br.

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BOAS NOVAS | www.backstage.com.br 108

Lançamentos Trazendo a Arca Acaba de ser lançada a edição tripla com os principais sucessos do ministério Trazendo a Arca e Toque no Altar, em comemoração aos 10 anos de carreira. Em parceria com a gravadora CanZion Brasil, o box possui três CDs. A CanZion também lançou mais um CD com música inéditas do Trazendo a Arca, chamado Na casa dos Profetas. O CD traz 13 músicas entre elas Graça, A Bênção de José, que é uma canção profética, Minha Inspiração, que é uma adoração e Eu quero ser como Tu, uma canção de aquebrantamento, entre outras novidades.

Hillsong Global Project Dia 18 de setembro foi lançado o Hillsong Global Project, um projeto global entre a Hillsong e suas igrejas locais ao redor do mundo e outros ministérios internacionais para gravar nove álbuns em nove línguas: Sueco, Coreano, Francês, Alemão, Chinês, Russo, Espanhol, Indonésio e Português. O Brasil foi presenteado com 15 músicas que fazem parte da história da Hillsong, e contam com a participação do Ministério Diante do Trono, Mariana e André Valadão.

Louvores do Templo Vol. 2 A Line Records lança a segunda edição do álbum Louvores do Templo, que reúne os dez mais clássicos musicais do mundo gospel. Dentre os escolhidos está Submisso, de Adilson Silva, A Última Hora, de Raphael Coutinho, e Senhor, Formoso És, de Aline Sing.

redacao@backstage.com.br

Primeiro CD da DiscoPraise A Graça Music relançou o primeiro CD da DiscoPraise, até então conhecido como Vai tudo muito bem. O projeto possui uma nova masterização, novo nome e capa, assinado por Chrystian Scheneider. Não pare foi lançado na ExpoCristã, que aconteceu em setembro, em São Paulo.

Nascer de Novo Claudia Valente Produzido pelo renomado Wagner Carvalho, o CD Nascer de Novo traz todas as músicas assinadas pela cantora e é resultado de um enorme desejo que Claudia tem de falar do poder do Senhor Jesus. No CD, há a versão cristã Com o meu Deus, do hit O amor e o poder, um dueto com a cantora Rosana. Na faixa Obrigado Senhor, a pequena Victória, de 9 anos, filha de Claudia, forma um coral infantil junto com a prima Giovana e as amigas Júlia e Manuela.

Existe uma Saída Ministério Além do Véu O Ministério Além do Véu, formado pelos irmãos Vagner e Davis Oliveira, lançou seu primeiro CD em 2007 e até então, vêm alcançando grande notoriedade no mundo gospel. Produzido por Ruben Morais e pela gravadora Sony Music, o CD Existe uma Saída, lançado recentemente, promete surpreender musicalmente com uma sonoridade pop-rock.


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Harmonia: a oeste do Éden lho pela janela do ônibus como se não quisesse fazer isso, quer dizer, assim meio de esguelha, porque a paisagem dessa região do interior paulista se repete e repete e repete o verde infinito dos canaviais, como se não houvesse mais nada pra plantar, ai quem me dera agora um amarelo de abóboras, um laranja salpicado em verde como nos laranjais ou mesmo apenas supor o vermelho terroso das beterrabas, longe da vista e terra abaixo; qualquer coisa dessas me bastaria porque estou nesse ônibus há uma semana, pulando de cidade em cidade, uma noite em cada uma, os hotéis me parecem iguais, sempre médios, com seus Da esquerda para a direita: Sergio Kaffa (baixo), Beto Martins (guitarra), Alaor Neves (bateria), banheiros impessoais, suas toalhas que Ralf Ramos (empresário), Guarabyra, Wilson Gonçalves (som), Sá, Marco Bosco (percussão), esquentam ao toque do corpo molhado, Jaziel Araujo (roadie), Herbert Lucas (produção) e Paulinho Calasans (teclados). suas tevês quase no teto impondo o tédio de batucar o vinte e três e meia restantes, remédio para a melancolia, controle remoto procurando inutilmente alguma coisa antídoto contra a pasmaceira de um dia após o outro, mas interessante de se ver e pedindo o último misto quente tome de me vir à cabeça a “Homeward Bound” de Paul antes do show no clube, na praça, no ginásio, tocar é meu Simon, em sua última estrofe: “Hoje à noite cantarei de consolo único, hora e trinta que precisa compensar as novo minhas canções, jogarei o jogo e fingirei, mas todas

Foto: Mario Luiz Thompson / Divulgação

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clicar a capa do próximo disco – “olha essa luz, olha essa árvore!” – e saltamos todos fora com aquela alegria dos alforriados para tirar a foto. Olhei para a anônima e imponente árvore – valei-me Santa Regina Casé do Pé de Quê! – e resolvi que não seria ninguém se não subisse nela naquele mesmo instante. Ela era alta, decidida, frondosa, uma árvore pressuposta para aqueles em dúvida como eu. Para espanto dos meus companheiros, atirei-me a ela com uma disposição de moleque, mas a meio caminho do primeiro terço do tronco descobri que a empreitada estava acima das minhas forças. Mas meus amigos não me deixaram na mão: - Empurra! - Ajuda! - Dá uma força aí! E – com uma pequena ajuda da rapaziada – lá fui eu árvore acima. Contentei-me com a primeira forquilha, já que o Mário protestava lá de baixo:

as minhas palavras voltam aos meus ouvidos com sombras medíocres, vazias de harmonia... preciso de alguém para me confortar...” - e aquilo já estava começando a acontecer comigo, aquela maldição que eu acreditava impossível, um pesadelo de Simon ocorrido em alguma época estressante da vida do então jovem compositor, o que mais me fazia medo era que algum dia eu estivesse no palco cantando no automático, as palavras saindo de minha boca como um jorro sem sentido enquanto eu pensava em alguma outra coisa, as notas também se sucedendo como se já soubessem onde ir até que eu fosse arrancado daquela hipnose por um erro grosseiro, perceptível a todos, que me faria envergonhar-me de estar ali enganando quem havia pago para me ver e escutar, decepcionando aqueles que acreditavam no que eu escrevia e cantava. Era esse fantasma que eu precisava matar nas próximas três noites que me aguardavam à frente, cada vez mais a oeste do oeste, a bordo de um buzum enorme, silencioso, hiperconfortável e superdimensionado para nossa equipe de quinze pessoas; eu já tinha feito tudo o que era possível fazer dentro daquele espaço; já tinha ido às mesas lá de trás e jogado pôquer; já tinha descido ao andar de baixo e sentido aquela estranha sensação de estar num ônibus e viajar ao nível dos carros de passeio; já tinha ido à cabine dos motoristas e ouvido casos de botecos, motéis, prostitutas, tragédias, porradas, polícia, rebites, tudo enfim daquele universo rodoviário que antes me fascinava e agora me traía, fazendo-me prisioneiro de um prazer fanado, não havia como sair dali; lembrei-me do caso de um operador de som que viajava sempre conosco e me acordara uma noite esmurrando a janela do ônibus e pedindo para saltar, coisa que à época me parecera completamente pirada mas que ali naquele meu momento surgia como uma possibilidade, aquela estrada não acabava nunca, paramos pra almoçar e a comida me pareceu a mesma de sempre, carne, arroz, feijão, batata, não me venha com salada, não gosto de mastigar aquelas folhas, me sinto um panda atrelado a seu eterno bambu, tomate não obrigado, vermelho demais pro meu gosto, ácido que nem o cão, a banda me olhava, eu prefiro fruta e aí, começava aquela discussão do que tinha mais agrotóxico do que o quê, blá,blá,blá, sempre a mesma coisa, tudo me entediava, nada me animava, onde é que eu ia parar desse jeito? E entramos de novo no ônibus, mudei de poltrona, sentei ao lado de alguém pra conversar e tentar tomar um rumo, de repente o ônibus parou. Enguiço? “Não” - falou o Mario Luiz Thompson, fotógrafo que nos acompanhava para

E entramos de novo no ônibus, mudei de poltrona, sentei ao lado de alguém pra conversar e tentar tomar um rumo, de repente o ônibus parou. Enguiço? “Não” - Sá, desce daí, assim não dá! Desci e juntei-me aos companheiros. Mas já então alguma coisa nova invadia minha alma, como um refresco, um vento, uma novidade. Sentia-me de volta ao meu velho eu, feliz de estar ali, dourado pelo sol do oeste com sua luz única, como bem observara o Mário, junto àquela árvore ancestral que emprestara sua elegante energia para que eu renovasse minhas forças diante das exigências da estrada, porque ela me fez entender que era necessário reagir à sombra que estava tomando conta do meu coração e da minha alma. Sorrindo para meus amigos, senti-me cercado de coisas boas e achei todo o resto bobagem: distâncias, saudades, sofrimentos, tudo absolutamente desnecessário, deslocado daquela realidade que eu descortinava ao sol brilhante do oeste, prestes a manifestar minhas ideias através de música. Não era eu então um privilegiado? Esse momento ficou gravado numa foto de encarte do “Harmonia”, disco que gravamos em 85. Lá estamos nós, banhados pelo poente, nos finalmentes de uma exaustiva turnê. E - apesar de tudo - felizes que nem pinto no lixo...

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