Agosto 2013
PUBLICAÇÃO DIRIGIDA AOS MÉDICOS, FARMACÊUTICOS, ODONTÓLOGOS, PRESCRITORES E DISPENSADORES DE MEDICAMENTOS PARA ATUALIZAÇÃO PROFISSIONAL
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18/7/13 18:56
Editorial
Os direitos de quem age corretamente No dia três de julho último, a Anvisa convocou reunião presidida pelo Dr. Bruno P. Quintino, para tratar do tema do Peticionamento Eletrônico.
As pessoas que militam nesse importante setor voltado à saúde sabem das di�iculdades que a Anvisa tem para liberar os alvarás de funcionamento às empresas do segmento.
Sem o referido alvará, as empresas estão impedidas de comprar matérias-primas e comercializar medicamentos, principalmente aqueles enquadrados em rigoroso controle pela Anvisa. Foi elevado o número de pessoas que compareceram à reunião, o que demonstra a preocupação geral em cumprir normas existentes.
Pelas declarações de alguns técnicos, o problema vai estar solucionado dentro de algum tempo, em virtude do elevado número de processos para serem analisados. Sabemos do esforço que os técnicos estão fazendo, inclusive trabalhando em horário dilatado. Mas a quantidade de processos, em vez de diminuir, tem aumentado de forma signi�icativa.
É preciso que os diretores da Anvisa tomem decisão drástica.
Pedro Zidoi
Presidente
Qual seria essa decisão? Salvo melhor juízo, os técnicos devem fazer uma triagem a �im de que os processos que já deram entrada, dentro da normalidade, sejam apartados daqueles que não cumpriram o trâmite legal, e que deverão sofrer estudo mais cuidadoso. A maioria dos que estão no primeiro caso teriam aprovação imediata, mediante publicação no DOU.
Já os enquadrados na segunda situação �icariam retidos para análise de rotina. Esse mecanismo simples de triagem resolveria o problema -- as empresas que cumpriram com seu dever não estariam sendo mais penalizadas injustamente.
Se não for atendido de imediato o direito dos que agem corretamente, não demorará o dia para que a categoria que trabalha para o setor de saúde saia às ruas, em meio ao clamor do momento, para protestar por seus direitos, que são líquidos e certos. REVISTA ABCFARMA | AGOSTO/2013 | 03
ÍNDICE Editorial - O presidente da ABCFARMA fala sobre aos polêmicos alvarás de funcionamento.............................................................3
Expediente Diretor Presidente Pedro Zidoi Diretor Financeiro Sétimo Gonnelli Diretor Secretário José Raimundo dos Santos Analista e Programador Eduardo Novelli Ed. Eletrônica e Produção Gráfica Vanusa Assis Sergio Bichara Jornalista responsável Celso Arnaldo Araujo Mtb 13.064 Colaboradores Américo José da Silva Filho Gilson Coelho Distribuição ABCFARMA Publicidade: Editora Lison Impressão: Gráfica Prol Periodicidade: Mensal Rua Santa Isabel, 160, 5º andar, conjunto 51, Vila Buarque, São Paulo, SP, CEP 01221-010 Fone: (11) 3223-8677 Fax: (11) 3331-2088 www.abcfarma.org.br
Páginas azuis - Uma dose a mais A psiquiatra Camila Silveira analisa um novo drama: o aumento dos casos de alcoolismo feminino..................................................................
6
Saúde bucal – Limpeza sem erro Dez dicas infalíveis de higiene dental.................................
12
Doenças de inverno – Tossindo sem parar Por que tossimos? O pneumologista Luiz Medici explica esse clássico sintoma.................................................................................................. Bem-estar – O cérebro em treinamento A neurocientista Suzana Herculano-Houzel e os benefícios do fitness mental..................................................................................................
24
30
Ortopedia – De frente para as costas Os males da coluna, analisadas por dois especialistas.........
36
Neurologia – Caprichos da enxaqueca Por dentro da mais enigmática das dores de cabeça.........................
42
Saúde ocular – Catarata e ceratocone: dois dramas da visão Como evitar as principais causas de cegueira no país........
52
Falando em saúde – O inimigo em casa Conheça o Lúpus, a mais grave das doenças autoimunes........................................................
60
Saúde feminina – Uma vacina contra o HPV O Ministério da Saúde passa a vacinar meninas contra esse temível vírus....................................................................................
66
Consumo – Mulher: a excelência em compras Principal público das farmácias, ela exige cuidados especiais...........................................................
74
Administração – O impacto das mudanças Em seu artigo, o assessor econômico da ABCFARMA, Geraldo Monteiro, fala sobre o impacto das mudanças sobre a vida das pessoas..........
84
Gestão de negócios – O Rato e o Rei Leão Em mais uma de suas fábulas, o consultor Américo José fala sobre a solidariedade...........................
90
Entrevista – Um parlamentar contra os impostos O deputado Walter Ihoshi explica o alcance da Frente pela Desoneração de Medicamentos..............................................
98
Leia também
Segurança – No rastro da rastreabilidade O especialista Rodrigo Klein analisa esse importante avanço.................................
102
Comportamento (saúde x depressão) ... 16
Esporte (jogos SINDUSFARMA) ........... 58
Dica (Cadri Saleh Ahmad Awad ) ........... 72
Vamos no prevenir (apneia) ................. 20
Artigo (gestão de pessoas) ................... 64
Serviço (cases SINCOFARMA/SP) ......... 80
Estética (celulite) ................................... 46
Notas (doenças respiratórias) .................... 65
Perfil profissional (Dalmir Sant´Anna) .. 89
Qualidade de vida (ácaro) ................... 50
Fique por dentro (consulta pública ) ..... 71
Varejo (Mauro Pacanowski) ................... 94
NOTA:
Tecnologia (desintoxicação digital) ..... 108 Varejo Farmacêutico (Entidades) ........110 Atualidades (Lançamentos) .................116 Dia a dia (bexiga cheia) ....................... 120 A farmácia em destaque .................... 124
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04 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
DIRETORIA ABCFARMA: TRIÊNIO - 2010/2013 Diretor Presidente: Pedro Zidoi Sdoia SP Diretores Vice-Presidentes: 1º: Adelmir Araujo Santana 2º: Paulo Sérgio Navarro De Souza 3º: Lázaro Luiz Gonzaga 4º: Natanael Aguiar Costa 5º: Edenir Zandoná Júnior 6º: Paulo Roberto Kopschina 7º: Pedro de Araújo Braz 8º: Diocesmar Felipe De Faria 9º: Modesto Carvalho De Araujo Neto 10º: Edimar Pereira Lima 11º: Álvaro José da Silveira 12º: Felipe Antonio Terrezo 13º: Romildo Marcos Letzner (Joinville) 14º: João Aguiar Neto 15º: Edson Daniel Marchiori 16º: Carlos Baptista Dias 17º: Armando Gomes Dos Reis Filho 18º: José de Castro Pereira
Diretores Secretários 1º: José Raimundo dos Santos 2º: Luís Carlos Caspary Marins 3º: Rogério Tokarski 4º: Ricardo Ramão Cristaldo 5º: Jorge Fernando de Azevedo Trindade 6º: Antonio Menezes de Araújo
DF PB MG SP PR RS RJ DF MG RR DF RJ SC GO ES SE AM CE SE RJ DF MT RJ SP
Diretores Tesoureiros 1º: Sétimo Gonnelli 2º: Philadelpho Lopes 3º: Nery Wanderley de Oliveira 4º: Dejalma Lemos da Silva 5º: Juan Carlos Becerra Ligos 6º: Marcos Antonio Carneiro Lameira
Diretores Do Conselho Fiscal 1º: Jaime Nunes Moreira 2º: Everton Luiz Ilha Mahfuz 3º: João Gilberto Serrat 4º: Jefferson Proença Testa 5º: Álvaro Silveira Júnior 6º: Maurício Cavalcante Filizola
Suplentes Do Conselho Fiscal 1º: Carlos de Souza Andrade 2º: Marcelo Fernandes de Queiróz 3º: Roberto Brasileiro Lima 4º: Vollrad Laemmel (Blumenau) 5º: Henrique Ângelo Denícolli 6º: Benilton Golçalves Diniz
Diretores Conselheiros Ada Palhano Malheiros (Cachoeira Paulista) Ademar Ferreira Pinto Ademir Tomazoni (Itajaí) Afonso Cesar Oliveira Silva Alarico Rodrigues (Manaus) Alex Cavalcante Garcez (Aracaju) Álvaro Lima (Bauru) Ângelo Trento Antonio Aparecido Moretti (Andradina) Antonio Carlos da Silva Bueno (Piracicaba) Antonio José Beltrame Antonio Proença (Presidente Prudente) Antonio Walmir Nola (Sind. Cricíuma) Aparecido Donizetti da S. Mendonça Benones Vieira de Araujo Carlos Augusto Batistella (Limeira)
SP SP RS RN SP AC RS RS RS PR DF CE BA RN BA SC ES MA SP RS SC SE AM SE SP PR SP SP SC SP SC SP MA SP
Carlos Fogaça (Cia Norte) Carlos Gonçalves Pereira Cassio Sobrinho Celso Flavio da Silva Claudemir Donizete Caetano (Rio Claro) Claudisnei Machado Constante Cristyne M. Albuquerque Dall’agnos (Foz Do Iguaçú) Domingos Tavares De Souza (Gurupi) Eden Araujo Borges (Uberaba) Edivaldo Francisco da Cunha Ednaldo Mercuri Rodrigues (Franca) Edson Silveira (Uberaba) Elias Gomes de Souza (Maranhão Do Sul) Elpídio Nereu Zanchet Elza De Godoy Farias (Lajes) Evandro Tokarski Fábio Timbo (Fortaleza) Fernando José Lucas (Uberaba) Francisco Deusmar de Queiróz Geniezer Pereira Ventura Filho Gilberto Carillo Garcia (S.J. Dos Campos) Gilson Geraldo Figueiredo Terra Gladstone Nogueira Frota Herbert Almeida da Cunha Heverton Breno Ferreira Iolanda Navarro Irene Prieve do Nascimento Isméria Maria Monte Claudino Aleixo João Alberto Galic João Antonio dos Anjos João Arthur Rêgo (Salvador) João Felix de Majela Filho João Garcia Galvão (Guarulhos) João Levy Navarro Junior (Adamantina) João Luciano (Florianopólis) João Luiz dos Santos João Martins da Silva Joaquim Tadeu Pereira (Belém) Joarez da Silva Macedo (Osasco) José Alves do Nascimento José Antonio Vieira (Maceió) José Castor Freire José Cláudio Almeida José Cláudio Fernandes José da Costa da Silva José Eustáquio de Freitas José Ricardo Nogared Cardoso (Tubarão) José Valdimir de Oliveira Júlio César Pedroni (Jundiaí) Kleber Sampaio Santiago (Campina Grande) Levi Gonçalves Campanha Lino Soncini Júnior (Florianopólis) Lucia Marins Cancini (Araras) Lúcio Antunes Silveira (Uberaba) Luís Gustavo Trierweiler Luíz Antonio Paiva (Frutal) Luiz Carlos Henrique (S.B.Campo) Luiz Fernando Buinaim Luiz Marcos Caramanti Luiz Trindade Pinto (Salvador) Luzia Diva Cunha Dutra Luzivaldo Navarro de Souza Manoel Brito Santos Manoel Viguini Marcelo da Silveira Souto (Araçatuba) Marcelo de Mattos Frigo (Araraquara) Marcia da Rocha Medeiros (Sorocaba) Marco Antonio Perino (Jundiaí) Maria de Lourdes Pereira Mauro Lima Rodrigues Nara Luiza de Oliveira Nelcir Antonio Ferro (Cascavel)
PR GO AP GO SP SC PR TO MG SE SP MG MA SP SC GO CE MG CE PB SP MG RO PB PB SP MT CE RS PR BA CE SP SP SC SP BA PA SP PI Al PB AL SP ES SC AP SP PB SP SC SP MG RS MG SP MT SP BA RO PB PB ES SP SP SP SP PA ES GO PR
Nivaldo Jordão de Souza Filho Noésio Emidio da Cunha (Feira De Santana) Olivio Mazuco (Bebedouro) Osvaldo Praxedes da Silva (Santo André) Paulo Luiz Zidoi Paulo Roberto Ramos da Silva Paulo Sérgio Bondança Paulo Sérgio Navarro de Souza Filho Regina Elias Barros (Juiz De Fora) Regina Maria Leitão Reni Antonio Rubin Roberto Carlos da Silva (Catanduva) Romualdo Constantino Magro (Santo André) Rosana Lima Zanini Rosélis Aparecida Lopes Salim Haber Samuel Brasil Bueno (Araraquara) Sebastião Paulino Borges Sergio Amaral Correa (Tubarão) Sergio de Giacometti (Oeste Catarinense) Stephenson Seleber (Nova Odessa) Videlina Eloy Geraldo Wagner Boer (Botucatú) Wagner Ferreira Giffoni Waldir Borges Waldivino Machado dos Prazeres (Ipatinga) Walter Luiz Machado Wanderley Margaria Wilson Galli Wilson Rossi (Tupã) Wismar Gomes de Freitas (Uberaba) Zuleide Ferraz Oliveira Castro (Imperatriz)
Conselheiros Natos e Diretores Vitalícios Alfredo Roberto (Bastos De Souza) Algacir Portes (Cascavel) Armando Zonta Arthur Henrique da Fonseca Lisboa Francisco Miguel da Silva Fridolino de Moraes Rêgo Gilberto David Cunha Da Silva Gonçalo Aguiar Ferreira Hermes Martins da Cunha Horst Schoenfelder Isaac Elias Israel Ivanildo Marinho Guedes Jair Borges Taquary Janilson Azevedo Dantas Jarbas de Souza Cunha João Azevedo Dantas José Abelardo Torres Veras José Aparecido Junqueira Guimarães José Cláudio Soares José de Assis Lima Paulo Sérgio Ferreira Lopes Ruy de Campos Marins Waldemar Pupo Ferreira Conselheiros Adjuntos Ademilson de Menezes Cordeiro (“Brejo”) Anderson Naves Resende (Uberlândia) Antônio Barros Leite Júnior (Jundiaí) Antônio Felix da Silva Antônio Thomaz Mondini (Rio Claro) Guilherme Leipnitz (Rio Grande Do Sul) Ivan Pedro Martins Veronezi (Fernandópolis) Jorge Froes de Aguilar José Pedro Fernandes (Araras) José Ademar Lopes (RS) Luís Carlos Gardini (Lins) Marcio Barbosa Marco Públio Martini (Cachoeira Paulista) Roberto Massatoshi Baba (Birigüi) Ronaldo de Oliveira Carvalho (Lins) Ronaldo Fernandes Pereira (Uberlândia) Sergio Mena Barreto Vítor Fernandes (Americana) REVISTA ABCFARMA
PB BA SP SP SP RJ SP PB MG PB RS SP SP SP SP AP SP MS SC SC SP SP SP DF GO MG MG SP RS SP MG MA PE PR SC AL RN BA RS SP MT SC PA AL GO PE AL PB CE DF PE PB MS RJ SP PE MG SP CE SP RS SP SP SP SP SP SP SP SP SP MG SP SP
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DIRETORIA ABCFARMA: TRIÊNIO - 2010/2013 Diretor Presidente: Pedro Zidoi Sdoia SP Diretores Vice-Presidentes: 1º: Adelmir Araujo Santana 2º: Paulo Sérgio Navarro De Souza 3º: Lázaro Luiz Gonzaga 4º: Natanael Aguiar Costa 5º: Edenir Zandoná Júnior 6º: Paulo Roberto Kopschina 7º: Pedro de Araújo Braz 8º: Diocesmar Felipe De Faria 9º: Modesto Carvalho De Araujo Neto 10º: Edimar Pereira Lima 11º: Álvaro José da Silveira 12º: Felipe Antonio Terrezo 13º: Romildo Marcos Letzner (Joinville) 14º: João Aguiar Neto 15º: Edson Daniel Marchiori 16º: Carlos Baptista Dias 17º: Armando Gomes Dos Reis Filho 18º: José de Castro Pereira
Diretores Secretários 1º: José Raimundo dos Santos 2º: Luís Carlos Caspary Marins 3º: Rogério Tokarski 4º: Ricardo Ramão Cristaldo 5º: Jorge Fernando de Azevedo Trindade 6º: Antonio Menezes de Araújo
DF PB MG SP PR RS RJ DF MG RR DF RJ SC GO ES SE AM CE SE RJ DF MT RJ SP
Diretores Tesoureiros 1º: Sétimo Gonnelli 2º: Philadelpho Lopes 3º: Nery Wanderley de Oliveira 4º: Dejalma Lemos da Silva 5º: Juan Carlos Becerra Ligos 6º: Marcos Antonio Carneiro Lameira
Diretores Do Conselho Fiscal 1º: Jaime Nunes Moreira 2º: Everton Luiz Ilha Mahfuz 3º: João Gilberto Serrat 4º: Jefferson Proença Testa 5º: Álvaro Silveira Júnior 6º: Maurício Cavalcante Filizola
Suplentes Do Conselho Fiscal 1º: Carlos de Souza Andrade 2º: Marcelo Fernandes de Queiróz 3º: Roberto Brasileiro Lima 4º: Vollrad Laemmel (Blumenau) 5º: Henrique Ângelo Denícolli 6º: Benilton Golçalves Diniz
Diretores Conselheiros Ada Palhano Malheiros (Cachoeira Paulista) Ademar Ferreira Pinto Ademir Tomazoni (Itajaí) Afonso Cesar Oliveira Silva Alarico Rodrigues (Manaus) Alex Cavalcante Garcez (Aracaju) Álvaro Lima (Bauru) Ângelo Trento Antonio Aparecido Moretti (Andradina) Antonio Carlos da Silva Bueno (Piracicaba) Antonio José Beltrame Antonio Proença (Presidente Prudente) Antonio Walmir Nola (Sind. Cricíuma) Aparecido Donizetti da S. Mendonça Benones Vieira de Araujo Carlos Augusto Batistella (Limeira)
SP SP RS RN SP AC RS RS RS PR DF CE BA RN BA SC ES MA SP RS SC SE AM SE SP PR SP SP SC SP SC SP MA SP
Carlos Fogaça (Cia Norte) Carlos Gonçalves Pereira Cassio Sobrinho Celso Flavio da Silva Claudemir Donizete Caetano (Rio Claro) Claudisnei Machado Constante Cristyne M. Albuquerque Dall’agnos (Foz Do Iguaçú) Domingos Tavares De Souza (Gurupi) Eden Araujo Borges (Uberaba) Edivaldo Francisco da Cunha Ednaldo Mercuri Rodrigues (Franca) Edson Silveira (Uberaba) Elias Gomes de Souza (Maranhão Do Sul) Elpídio Nereu Zanchet Elza De Godoy Farias (Lajes) Evandro Tokarski Fábio Timbo (Fortaleza) Fernando José Lucas (Uberaba) Francisco Deusmar de Queiróz Geniezer Pereira Ventura Filho Gilberto Carillo Garcia (S.J. Dos Campos) Gilson Geraldo Figueiredo Terra Gladstone Nogueira Frota Herbert Almeida da Cunha Heverton Breno Ferreira Iolanda Navarro Irene Prieve do Nascimento Isméria Maria Monte Claudino Aleixo João Alberto Galic João Antonio dos Anjos João Arthur Rêgo (Salvador) João Felix de Majela Filho João Garcia Galvão (Guarulhos) João Levy Navarro Junior (Adamantina) João Luciano (Florianopólis) João Luiz dos Santos João Martins da Silva Joaquim Tadeu Pereira (Belém) Joarez da Silva Macedo (Osasco) José Alves do Nascimento José Antonio Vieira (Maceió) José Castor Freire José Cláudio Almeida José Cláudio Fernandes José da Costa da Silva José Eustáquio de Freitas José Ricardo Nogared Cardoso (Tubarão) José Valdimir de Oliveira Júlio César Pedroni (Jundiaí) Kleber Sampaio Santiago (Campina Grande) Levi Gonçalves Campanha Lino Soncini Júnior (Florianopólis) Lucia Marins Cancini (Araras) Lúcio Antunes Silveira (Uberaba) Luís Gustavo Trierweiler Luíz Antonio Paiva (Frutal) Luiz Carlos Henrique (S.B.Campo) Luiz Fernando Buinaim Luiz Marcos Caramanti Luiz Trindade Pinto (Salvador) Luzia Diva Cunha Dutra Luzivaldo Navarro de Souza Manoel Brito Santos Manoel Viguini Marcelo da Silveira Souto (Araçatuba) Marcelo de Mattos Frigo (Araraquara) Marcia da Rocha Medeiros (Sorocaba) Marco Antonio Perino (Jundiaí) Maria de Lourdes Pereira Mauro Lima Rodrigues Nara Luiza de Oliveira Nelcir Antonio Ferro (Cascavel)
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Nivaldo Jordão de Souza Filho Noésio Emidio da Cunha (Feira De Santana) Olivio Mazuco (Bebedouro) Osvaldo Praxedes da Silva (Santo André) Paulo Luiz Zidoi Paulo Roberto Ramos da Silva Paulo Sérgio Bondança Paulo Sérgio Navarro de Souza Filho Regina Elias Barros (Juiz De Fora) Regina Maria Leitão Reni Antonio Rubin Roberto Carlos da Silva (Catanduva) Romualdo Constantino Magro (Santo André) Rosana Lima Zanini Rosélis Aparecida Lopes Salim Haber Samuel Brasil Bueno (Araraquara) Sebastião Paulino Borges Sergio Amaral Correa (Tubarão) Sergio de Giacometti (Oeste Catarinense) Stephenson Seleber (Nova Odessa) Videlina Eloy Geraldo Wagner Boer (Botucatú) Wagner Ferreira Giffoni Waldir Borges Waldivino Machado dos Prazeres (Ipatinga) Walter Luiz Machado Wanderley Margaria Wilson Galli Wilson Rossi (Tupã) Wismar Gomes de Freitas (Uberaba) Zuleide Ferraz Oliveira Castro (Imperatriz)
Conselheiros Natos e Diretores Vitalícios Alfredo Roberto (Bastos De Souza) Algacir Portes (Cascavel) Armando Zonta Arthur Henrique da Fonseca Lisboa Francisco Miguel da Silva Fridolino de Moraes Rêgo Gilberto David Cunha Da Silva Gonçalo Aguiar Ferreira Hermes Martins da Cunha Horst Schoenfelder Isaac Elias Israel Ivanildo Marinho Guedes Jair Borges Taquary Janilson Azevedo Dantas Jarbas de Souza Cunha João Azevedo Dantas José Abelardo Torres Veras José Aparecido Junqueira Guimarães José Cláudio Soares José de Assis Lima Paulo Sérgio Ferreira Lopes Ruy de Campos Marins Waldemar Pupo Ferreira Conselheiros Adjuntos Ademilson de Menezes Cordeiro (“Brejo”) Anderson Naves Resende (Uberlândia) Antônio Barros Leite Júnior (Jundiaí) Antônio Felix da Silva Antônio Thomaz Mondini (Rio Claro) Guilherme Leipnitz (Rio Grande Do Sul) Ivan Pedro Martins Veronezi (Fernandópolis) Jorge Froes de Aguilar José Pedro Fernandes (Araras) José Ademar Lopes (RS) Luís Carlos Gardini (Lins) Marcio Barbosa Marco Públio Martini (Cachoeira Paulista) Roberto Massatoshi Baba (Birigüi) Ronaldo de Oliveira Carvalho (Lins) Ronaldo Fernandes Pereira (Uberlândia) Sergio Mena Barreto Vítor Fernandes (Americana) REVISTA ABCFARMA
PB BA SP SP SP RJ SP PB MG PB RS SP SP SP SP AP SP MS SC SC SP SP SP DF GO MG MG SP RS SP MG MA PE PR SC AL RN BA RS SP MT SC PA AL GO PE AL PB CE DF PE PB MS RJ SP PE MG SP CE SP RS SP SP SP SP SP SP SP SP SP MG SP SP
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Páginas Azuis TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
/
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Dependência
feminina A
o longo das últimas décadas, elas foram conquistando os mesmos direitos dos homens – mas com preocupantes efeitos colaterais. Um dos mais dramáticos é o consumo excessivo de álcool – em seis anos, segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo, subiu de 15 para 18% o número de brasileiras que tomam quatro doses ou mais num período de duas horas, um padrão de consumo que os especialistas chamam de “binge”, ou seja, o ato de beber para efetivamente se embriagar. Outro levantamento recente, entre universitários, apontou plena igualdade entre os sexos no consumo de bebidas alcoólicas nos dias de hoje – num passado recente, a proporção era de sete rapazes para cada moça. Estamos vivendo, pois, uma nova face da epidemia de alcoolismo. Como os pais devem lidar com o problema dentro de casa, para preveni-lo ou impedir seu avanço? A Dra. Camila Magalhães Silveira, psiquiatra e pesquisadora do Programa do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da USP (GREA) e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), aponta soluções, inclusive para situações em que a dependência química já está instalada.
06 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
Dra. Camila Magalhães Silveira
O alcoolismo feminino tem características próprias que o distinguem do masculino? O organismo feminino é mais sensível aos efeitos do álcool, porque a mulher tem menos enzimas que metabolizam o álcool e, em consequência, uma menor capacidade de processar o produto �inal da substância, que é menos tóxico, �icando mais tempo exposta aos subprodutos intermediários, mais deletérios à saúde. A mulher apresenta também menor volume de líquido corporal – o resultado é um álcool menos diluído em água e mais próximo do etanol, o componente deletério do álcool. Em resumo: a mulher evolui mais rapidamente para o abuso e para a dependência, incluindo as comorbidades psiquiátricas do alcoolismo. É maior a chance de uma mulher com dependência ter depressão e transtornos de ansiedade, por exemplo.
E as mulheres de hoje indiscutivelmente estão bebendo mais que a geração anterior?
Sem dúvida. Estão convergindo para o padrão masculino. Num passado recente, falava-se em sete homens para cada mulher com alcoolismo. Segundo o I Primeiro Levantamento sobre o Uso de Álcool, Tabaco e outras Drogas entre os Universitários Brasileiros, feito em 2010, encontramos uma proporção homem/ mulher de um para um no padrão que chamamos de binge, ou “beber pesado episódico” – beber muito sempre que beber.
A motivação para beber é diferente na mulher? Sim, estudos mostram que os homens bebem mais para exteriorizar seu comportamento. A mulher, ao contrário, é no sentido de introjetar. O homem se expõe mais – e acaba até se envolvendo em brigas. Já a mulher tem tendência a se deprimir ou a entrar em transtorno de ansiedade. O álcool é uma ferramenta que pode ser utilizada pela mulher tanto como meio de enfrentamento como por outras razões, ligadas ao fato de que a mulher hoje ocupa um papel social importante, com expectativas próprias de independência e autonomia. Mas isso tem um peso.
Nos centros urbanos, o padrão de alcoolismo feminino hoje é mais social, em grupo. É isso?
Sim, se no passado o uso era mais derivativo, para enfrentar problemas, não como algo prazeroso, hoje o consumo geralmente ocorre com as amigas, com o grupo, na noite, nos bares – e um dos indicadores de que o beber se tornou problemático é quando o comportamento da pessoa que abusa parece inadequado aos olhos de quem está mais sóbrio, no próprio grupo
solver. Um problema adicional: no estudo que �izemos com universitários, apuramos que metade deles volta para casa de carona com quem também tinha bebido. Ou seja: um risco a mais num momento em que o jovem perdeu parte de sua capacidade de crítica. Estabelecer um diálogo sobre essas situações é fundamental. E não há dúvida de que, quanto mais cedo se começa a beber, mais problemático será o consumo.
E por que os jovens começam a beber?
As motivações são variadas: fazer parte do grupo, se expor, ter sensações prazerosas. O álcool é uma substância depressora do Sistema Nervoso Central. Mas, antes de causar essa depressão, o álcool como que inibe nossas inibições. Essa fase prazerosa do consumo, porém, é muito limitada – para a mulher, não mais do que uma taça, ou uma dose, quantidade que na prática geralmente é ultrapassada.
Há alguma estatística sobre o índice de alcoolismo entre as mulheres na atualidade?
Cinquenta por cento das mulheres são abstêmias. E, das que bebem, o consumo é moderado na maior parte dos casos. Mas uma em cada quatro tem um consumo pesado, bem acima do razoável. E cerca de 2% das que bebem desenvolvem dependência. Mas o país parece estar mais preocupado com o modo como os brasileiros estão bebendo do que propriamente com a dependência, que tem uma prevalência bem menor. A mulher que bebe inadequadamente, mesmo sem desenvolver dependência, está mais exposta a acidentes e a violência doméstica, tem mais di�iculdade para engravidar, mais incidência de infarto do miocárdio, gastrite e hepatite alcoólica, entre outros efeitos.
Para os pais, é fácil perceber que a filha bebeu além do tolerável, mesmo que não chegue embriagada?
É fácil e é muito importante abrir um canal de comunicação não no momento em que o jovem chega em casa alterado, mas no dia seguinte. É importante colocar que aquele comportamento é até normal entre os jovens – que ainda não aprenderam a estabelecer limites ou lidar com problemas que o álcool ajuda a re-
08 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
Um alerta para elas “Cerca de 2% das que bebem desenvolvem dependência”
O álcool e o cigarro são duas drogas socialmente aceitas e que causam diversos males para a saúde Como se caracteriza um estado de dependência? Há vários sintomas �ísicos que se tornam característicos com a parada do consumo, ou seja, quando se entra em estado de abstinência: tremores, mal-estar, náuseas, inquietação, sudorese, negligência em situações sociais importantes, etc. Estando presentes três desses sintomas, é possível estabelecer o diagnóstico de dependência.
Feito o diagnóstico, como se trata a dependência?
O indivíduo precisa estar verdadeiramente motivado a seguir a orientação do especialista. É fundamental que o dependente entre em processo de abstinência. Não é possível permitir a um dependente o uso moderado de álcool. Então o primeiro passo é ajudá-lo a entrar em abstinência – com medicamentos e terapia comportamental. O tratamento é individualizado. Mas há quadros de dependência de álcool in�initamente mais complexos que os de drogas mais pesadas – com síndromes demenciais avançadas, organismos muito comprometidos, graves problemas na família, no trabalho e na vida pessoal.
Qual é o índice de sucesso no tratamento?
Como nas doenças crônicas, consegue-se obter o controle do alcoolismo – e essa é a medida do sucesso – em torno de 50% dos casos. Não falamos em cura – da mesma forma que não se fala em cura de outras doenças crônicas, como diabetes ou hipertensão.
Em termos de medicamentos, o que vocês podem utilizar hoje para aliviar os quadros de dependência?
10 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
Dispomos de alguns medicamentos mais antigos, como o antietanol (disul�iran) – usado em concordância plena com o paciente, porque se trata de um aversivo, substância que faz o paciente passar muito mal se beber – e os antagonistas opioides (como o naltrexona), que ajudam na contenção do desejo pelo álcool. E há drogas mais recentes, como o tupiramato, um anticonvulsivante que também reduz a “�issura” pela bebida alcoólica.
E as terapias comportamentais, como reuniões do tipo “alcoólicos anônimos”, funcionam?
Tudo o que se “encaixa” no círculo pessoal, social e familiar do indivíduo dependente pode aumentar a taxa de sucesso do tratamento. Ter consciência das situações que levam a beber e ouvir a experiência de outros é fundamental.
O que os pais podem fazer, preventivamente, para evitar um consumo abusivo de álcool já aos primeiros sinais?
Se o jovem passou a apresentar problemas – na escola, no comportamento, no distanciamento da família, chegando em casa alterado com uma frequência maior – é hora de estreitar o diálogo. O ideal é bloquear e restringir comportamentos de risco. Se os pais não conseguirem ou sentirem que não conseguirão, um pro�issional pode ajudar a dialogar com esse jovem. A doença é progressiva, a caminho da dependência. Mas os pais podem evitar esse agravamento. Minha dica: não deleguem essa função a ninguém. É papel da família estabelecer limites. Oferecer bebida em casa é um erro. No jovem, o cérebro e a personalidade estão em desenvolvimento. É momento de ler, fazer esportes, ir ao teatro, ao cinema.
Saúde bucal TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
/
FOTOS: DIVULGAÇÃO
que afetam 10 erros os dentes
A
prateleira de produtos para higiene bucal – escovas, dentifrícios, enxaguatórios, etc – costuma ser um dos setores mais procurados em farmácias e drogarias. Mas não basta comprar, é preciso saber usar. Falta de informação e mitos levam a maioria das pessoas a cometer erros de estratégia na hora de cuidar da boca – não conseguindo eliminar o biofilme oral, a chamada placa bacteriana, tão nociva aos dentes. Conheça os 10 equívocos mais comuns que podem comprometer a higiene bucal, comentados pelos especialistas do Branemark Center, clínica de reabilitação oral especializada em implantes, de São Paulo 1 – Usar escova com cerdas duras
Ao longo do uso, as cerdas duras desgastam o esmalte dental e causam retração gengival.
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Deve-se optar por escovas ultramacias e com grande quantidade de cerdas para alcançar a máxima e�iciência sem machucar.
2–
Escovar os dentes com muita força
A escovação deve ser feita sem o emprego de força. O que importa é a técnica correta e o uso de uma escova de boa qualidade. Segundo os especialistas, uma boa técnica é apoiar a escova sobre a super�ície dos dentes em um ângulo de 45 graus, com metade das cerdas na super�ície dental e a outra metade recobrindo a gengiva. Sem pressionar a cabeça da escova de forma exagerada, os movimentos devem ser vibratórios e circulares, durante aproximadamente cinco segundos em cada uma das super�ícies dos dentes.
3 – Usar escovas velhas e desgastadas
Uma escova desgastada faz com que, de uma forma inconsciente, as pessoas aumentem a força e pressionem o cabo durante a escovação, por sentirem que ela já não faz seu papel. O ideal é trocar a escova dental no máximo a cada dois meses.
4 – Escovar os dentes com frequência exagerada
O importante é a qualidade e não a quantidade. Uma escovação bem feita demora cerca de dez minutos. Fazer a higiene bucal de duas a três vezes ao dia é o su�iciente.
5 – dental
Escovar os dentes com muito creme
O que promove a eliminação da placa dental na super�ície dos dentes é a escova e não a pasta de dente. O creme dental aplicado sobre a escova deve ser, no máximo, do tamanho de uma ervilha e inserido no meio das cerdas para evitar que seja deglutido facilmente.
6 – Escovar os dentes com uma pasta de dentes abrasiva
O creme dental abrasivo faz bastante espuma, mas pode aumentar a sensibilidade dos dentes.
7 – Escovar os dentes imediatamente após as refeições
Deve-se esperar, no mínimo, 30 minutos, depois de comer, para escovar os dentes. É o tempo necessário para que a saliva possa agir e neutralizar o pH dos alimentos e bebidas. Aliás, a rigor, o ideal seria realizar a escovação antes das refeições e não após, pois a função da escovação é desorganizar a placa dental e não remover restos de alimentos.
8 – Fazer bochechos com água quando não há tempo de escovar os dentes
A água pode ter um pH ácido e atrapalhar o trabalho da saliva. Para a remoção de detritos e restos de alimentos após as refeições, é melhor utilizar uma escova interdental ou �io dental.
9 – Esquecer de escovar a região entre os dentes
As cáries e doenças gengivais normalmente começam nesses locais. A escova interdental e o �io dental alcançam essa área e desorganizam o bio�ilme oral (ou placa) que se acumula constantemente entre os dentes.
10 – Usar enxaguatórios orais de forma indiscriminada
Os enxaguantes são meios auxiliares de prevenção. Não existe produto milagroso para combater o mau hálito. Alguns enxaguantes são bons para prevenir a halitose, mas, se usados por muito tempo ou por muitas vezes ao dia, podem causar manchas nos dentes.
Os enxaguantes são meios auxiliares de prevenção. Não existe produto milagroso para combater o mau hálito. Alguns enxaguantes são bons para prevenir a halitose, mas, se usados por muito tempo ou por muitas vezes ao dia, podem causar manchas nos dentes 14| REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
Comportamento TEXTO: ADRIANA SPLENDORE
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Os pensamentos criadores da saúde e da depressão A Organização Mundial de Saúde, OMS, prevê que, em 2020, a depressão seja a doença mais comum da humanidade. Ela é um mal que pode atingir qualquer um, em qualquer idade.
Atualmente, a grande polêmica em torno da depressão é que o Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos (NIMH), principal órgão �inanciador de pesquisas na área do país, rejeitou o�icialmente o DSM-V (o novo Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), a duas semanas do seu lançamento. Um dos motivos é justamente a classi�icação do que é tristeza, uma emoção necessária, e o que é depressão, uma patologia que precisa de tratamento. Tristeza é uma emoção que traz signi�icados importantes – ela é necessária, no caso do luto, por exemplo, quando precisamos elaborar a perda, revermos nossas atitudes. No DSM-V, propõe-se que esse período de luto dura apenas duas semanas. Depois disso, esse quadro já seria uma patologia, a depressão, precisando de medicamentos. Mas só medicamentos não vão mudar nossa maneira de pensar, eles aliviam alguns sintomas, mas o que promove mudanças no indivíduo sempre será a psicoterapia. A depressão é uma doença que vai se instalando aos poucos e dando sinais de que algo não está bem em nossa vida. Não se trata apenas de passar o dia triste, mas de não ter energia para levantar da cama. Ela
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indica uma desarmonia interna e um ou mais níveis do nosso ser, seja no �ísico, emocional ou energético.
Ela altera a maneira como a pessoa vê o mundo, como entende as coisas, manifesta emoções e o prazer na vida. Ela afeta tudo, como as pessoas se alimentam, dormem, como se sentem em relação a si próprias e como pensam sobre as coisas. A depressão não é simplesmente estar com um “baixo astral” passageiro. Também não é sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade.
A falta de valores verdadeiros para dar sentido à vida, o vazio gerado pelo consumismo só de bens materiais e prazeres supér�luos, a ausência de princípios, a pouca ou nenhuma experiência espiritual levam ao desenvolvimento da doença da alma, que desa�ia os conhecimentos atuais. Quando a depressão se instala, é porque a alma adoeceu. É a falta de alegria e ânimo. As queixas mais frequentes falam de um grande desânimo, um estado de espírito negativo, uma tristeza que invade a alma. A depressão pode estar ligada aos traumas – perda de um ente que-
rido, separações, falta de perspectiva pro�issional, sentimento de culpa, desilusão amorosa, problemas �inanceiros, mágoas por traições ou injustiças, e muito mais.
Há problemas emocionais e psicológicos como, por exemplo, cobranças excessivas, preocupações exageradas, pensamentos obsessivos, medos, fobias, tudo isso pode ser somatizado no corpo de várias formas. As mensagens que o corpo traduz são muitas: insônia (onde os pensamentos repetitivos impedem o cérebro de reduzir sua frequência e a pessoa não consegue desligar, exaurindo suas forças); dores de cabeça (pelo excesso de ruminação dos problemas); dores de estômago
Há doenças espirituais e que precisam ser reconhecidas e devidamente tratadas. A Dra Caroline Myss, em seu livro Anatomia do Espírito, diz que o campo energético re�lete a energia de cada individuo. Ele nos cerca e leva conosco a energia emocional criada por nossas experiências internas e externas, tanto as positivas quanto as negativas. Essa força emocional in�luencia o tecido �ísico dos nossos corpos e contribui para a formação do nosso tecido celular. Experiências positivas e negativas são registradas como uma memória no tecido celular, assim como no campo energético.
O pensamento negativo é tóxico. Somos responsáveis pela criação de nossa saúde e temos íntima responsabilidade pela criação da doença
(os pensamentos não são digeridos e o órgão não consegue processar o que não existe e, assim, as ideias �ixas prejudicam a digestão); intestino preguiçoso (onde os ressentimentos, os pensamentos que �icam voltando ao passado e a incapacidade de perdoar e, deste modo, os intestinos imitam esse comportamento).
A relação entre o cérebro e os intestinos, há muito conhecida pela medicina chinesa, vem sendo bastante estudada atualmente. O Dr. Helion Póvoa mostra que as paredes dos intestinos, estimuladas pela fricção das �ibras alimentares, secretam a serotonina. “A alegria e a inteligência emocional, de que tanto precisamos para viver bem, começam realmente a partir do intestino.”, diz ele. Vivemos a maior parte do tempo no piloto automático. Pierre Weiss nos fala da normose, estado inconsciente de pensamentos e atitudes automáticos, onde deixamos nossa mente solta sem controle. Dessa ma-
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neira, devemos ser os construtores dos pensamentos e não escravos deles, a nossa saúde começa na mente. Pensamentos são como escadas que podem fazer você subir ou descer de nível de consciência. Victor Frankl, um dos fundadores da psicologia transpessoal, nos fala da importância de buscarmos um sentido para a vida, uma busca pela transcendência do ser. Di�icilmente você encontrará um depressivo que tenha essa busca por “algo a mais”, e é a falta de objetivos transcendentes que leva ao descrédito de viver. Não ama, nem se sente amado, não alimenta seus sonhos, nada mais entusiasma. Normalmente vemos que a pessoa gastou energia demais ou está apegado a uma energia que não é boa para ela. Maslow diz que precisamos ter consciência desse impulso à transcendência. Essa busca é inerente ao ser humano, que, quando reprimido, adoece. Sem o transcendente, �icamos doentes e violentos, vazios de esperança e apáticos.
A Dra. Candance Pert provou no livro A cura da mente que os neuropeptídeos, substâncias químicas despertadas pelas emoções, são pensamentos convertidos em matéria. Ela a�irma que a mente está em cada célula do seu corpo e a depressão é considerada uma desordem emocional e mental – em termos energéticos, a depressão é uma liberação de energia sem consciência. Se o dinheiro é como uma energia, a imagem da depressão é como você abrir sua carteira e anunciar que não se importa mais com quem pega seu dinheiro e com o modo como ele é gasto. Sem energia vital, você não pode sustentar sua saúde.
Para produzir doenças, as emoções negativas precisam ser dominantes. E o que acelera o processo é saber que o pensamento negativo é tóxico. No entanto, damos a ele a permissão para crescer em nossa consciência. Assim, somos responsáveis pela criação de nossa saúde e temos íntima responsabilidade também pela criação da doença.
Adriana Splendore é terapeuta ortomolecular e psicoterapeuta transpessoal.
Vamos nos prevenir TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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Apneia do
Sono
Um pesadelo para diabéticos e hipertensos
D
oença dificulta o controle da pressão arterial e do diabetes tipo 2, aumentando o risco de infarto e derrame cerebral. Por isso, todo hipertenso e todo diabético tipo 2 deve ser avaliado para a presença de apneia do sono. A prevalência da apneia é muito mais alta nessas pessoas e prejudica o controle das doenças, elevando o risco de infarto, derrame cerebral, arritmias e morte súbita. Esse alerta acaba de ser emitido pela Academia Americana de Medicina do Sono, no SLEEP 2013, evento realizado nos Estados Unidos. Hipertensão arterial – De acordo com
a entidade, quem sofre de hipertensão tem entre 30% e 40% de chance de ser portador de apneia do sono. Essa doença provoca uma série de interrupções parciais ou totais na respiração durante o sono. Como consequência disso,
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a hipertensão pode ser mais di�ícil de ser controlada com medicamentos e isso aumenta o risco cardiovascular. Nos casos de hipertensão de di�ícil controle, onde a pressão arterial se mantém alta apesar de três ou mais tipos de medicamentos anti-hipertensivos, a prevalência de apneia do sono pode chegar a 70%. No Brasil, a hipertensão arterial é um problema crescente. A doença acometia 21,5% da população em 2006 e hoje afeta pelo menos 24,4%, de acordo com o Ministério da Saúde. Em idosos, a prevalência da hipertensão arterial chega a 63%. Sedentarismo, excesso de peso e alimentação inadequada (rica em gordura e sal) são as principais causas.
Diabetes – No caso do diabetes tipo 2, a relação com a apneia do sono é ainda mais grave: a doença pode atingir 70% dos portadores. Se dá,
principalmente, pela presença da obesidade, visto que a maioria desses pacientes é obeso. O excesso de peso é o principal fator de risco para apneia do sono. E quanto mais severa é a apneia, mais di�ícil pode ser o controle da glicose no organismo. As noites mal dormidas também afetam a sensibilidade à insulina, usada no controle da doença. Estima-se que 12 milhões de pessoas tenham diabetes no Brasil, e que desse total quase 90% seja do tipo 2. A doença está relacionada aos maus hábitos alimentares e, principalmente, ao excesso de peso. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geogra�ia e Estatística), divulgados em 2012, apontam que 63,8% da população com 20 anos ou mais esteja acima do peso, ou seja, com sobrepeso ou obesidade.
Esses números podem piorar, pois o excesso de peso já afeta 33% das crianças com idade entre 5 e 9 anos e 25,4% dos adolescentes entre 10 e 19 anos. Estar fora do peso ideal nessa fase aumenta o risco de diabetes tipo 2 na vida adulta.
Diagnóstico: da apneia do sono
A polissonografia (estudo monitorado do sono) é o exame indicado para confirmar a doença. Além desse teste, o paciente deve passar por uma avaliação médica, para checar os hábitos de sono e avaliar a presença de anormalidades anatômicas do nariz e garganta.
“A obstrução da garganta durante o sono provoca pequenos despertares, a fim de promover o término da apneia e a abertura da garganta. Isso sobrecarrega o coração durante o sono, período de descanso para o sistema cardiovascular, aumentando o risco de desenvolver doenças do coração”, alerta a pneumologista Fabíola Schorr, do Centro de Medicina do Sono do Hospital do Coração. “Por isso, a apneia do sono deve ser investigada nos pacientes com problemas cardíacos”, completa.
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Doenças de inverno TEXTO: CELSO ARNALDO
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Tosse
Um sintoma, A
muitas doenças
tosse é um reflexo natural do organismo, uma estratégia de defesa, para livrar o aparelho respiratório de substâncias estranhas, muco ou partículas absorvidas com a respiração. Trata-se de uma reação particularmente comum nos estados gripais e nas infecções respiratórias. Mas cerca de metade dos casos de tosse acontece fora do pulmão e são provocados pelo refluxo gastroesofágico ou por sinusite, entre outras causas. Seja como for, é fundamental identificar a causa de qualquer tosse que dure mais de 10 ou 15 dias. Tosse por tempo prolongado exige atendimento médico para diagnóstico. O Dr. Luiz Francisco Ribeiro Medici, pneumologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, tira as dúvidas sobre esse sintoma tão comum – e tão desagradável
Qual é a importância da tosse dentro do quadro geral dos sintomas respiratórios? A tosse é um mecanismo de defesa de que o organismo lança mão para expulsar agentes irritantes e secreções das vias aéreas. As características da tosse e das secreções são importantes no diagnóstico diferencial.
A tosse pode ser sintoma de muitas doenças, com variados níveis de gravidade, do resfriado comum ao câncer de pulmão. Em virtude dessa amplitude de causas, em que situações ela exige um diagnóstico diferencial mais apurado?
Boa parte dos casos de tosse está relacionada a gripes e resfriados e regridem naturalmente. A tosse seca causada pela baixa umidade do ar é considerada típica e é um alerta que o corpo está desidratado. No entanto, quando a tosse é prolongada. é muito importante procurar um médico, de preferência pneumologista, para elucidar a sua causa.
É fácil diferenciar entre tosse seca e tosse produtiva? Qual das duas incomoda mais o paciente?
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As duas são bem características. Tosse seca é aquela sem presença de secreções e que costuma irritar bastante a garganta. Chamamos de tosse
produtiva quando há secreções nas vias aéreas a serem expulsas. O aspecto da expectoração ajuda o médico no diagnóstico diferencial. Tanto a tosse seca quanto a produtiva são muito incômodas para o paciente. Vale lembrar, no entanto, que a tosse é um mecanismo de defesa do organismo, ou seja, nosso corpo está tentando eliminar algo que está fazendo mal.
A presença de secreção pode ser indicativa de um quadro respiratório mais complexo?
A tosse produtiva, quase sempre, é um re�lexo de in�lamação nas vias aéreas e seu aspecto, intensidade e duração podem se correlacionar a doenças de maior gravidade.
Todos nós temos episódios de tosse ao longo da vida –sem repercussões clínicas. A partir de que momento uma tosse passa a merecer uma investigação mais profunda?
A maioria das gripes e resfriados é acompanhada de tosses que melhoram espontaneamente, sem necessidade de qualquer tratamento. Tosse com duração acima de duas semanas deve ser investigada prontamente.
Tosse com sangue é sugestiva de tuberculose?
Sim, a tosse com expectoração sanguinolenta é um dos sinais da tuberculose, mas outras doenças também podem causá-la, como câncer, pneumonia, corpo estranho, etc. É necessária a realização de exames para con�irmar a suspeita diagnóstica.
Os pneumologistas recomendam a uma pessoa com tosse ativa o uso de máscara bucal protetora quando sair à rua?
Quando o indivíduo tosse, ele emite micropartículas de saliva que podem conter germes, ou seja, vírus, bactérias e fungos, que podem contaminar alguém que esteja próximo. Esta é uma das formas mais comuns da transmissão da tuberculose. A máscara está mais indicada para indivíduos com dé�icit imunológico, justamente para prevenir a contaminação. O uso de máscara por pessoas doentes não é muito difundido em nosso país, embora possa fornecer certo nível de proteção.
Crianças costumam sofrer muito com crises noturnas de tosse, que prejudicam o sono. Por que isso acontece?
As causas mais comuns de tosse noturna são a doença por re�luxo gastroesofágico (DRGE), asma
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brônquica, que pode se manifestar inicialmente apenas por tosse, e afecções de vias aéreas superioras.
Qual é o ambiente ideal para uma criança com tosse? O que evitar?
Depende da causa. No inverno, a poluição e a baixa umidade do ar podem piorar estes quadros. Nesse caso, é recomendado colocar bacias de água ou panos umedecidos no quarto da criança durante a noite para melhorar a umidade do ar.
A água é mesmo o melhor remédio contra tosse que existe?
Beber água ajuda principalmente quando a tosse está relacionada ao tempo seco. A água é importante para manter a hidratação do muco, o que diminui a irritação na garganta e facilita a eliminação das secreções.
Algum alimento deve ser evitado por quem está tossindo muito?
Não, mas quando o diagnóstico da tosse é DRGE, recomemda-se evitar líquidos durante as refeições e deitar-se logo depois de comer.
Em que situações os médicos indicam um xarope antitussígeno? Existe algum que a mãe possa dar a seu filho sem precisar leválo ao médico?
Os antitussígenos só devem ser usados em condições muito especiais, sempre com prescrição médica e jamais como automedicação, pois podem mascarar doenças graves.
A tosse do fumante é até certo ponto “normal”? A tosse nunca é “normal”, é sempre decorrente de uma causa. A chamada tosse do fumante ocorre geralmente no período da manhã e é consequência de uma in�lação dos brônquios. Esse tipo de tosse pode ser o primeiro sinal de doença pulmonar obstrutiva crônica, a DPOC – moléstia grave, causada pela associação entre en�isema pulmonar e bronquite crônica que se caracteriza por uma falta de ar progressiva.
POR DENTRO DA TOSSE
O
pulmão é a superfície do corpo que tem maior contato com o meio externo. Para o ar que respiramos entrar em contato com o sangue levando oxigênio e trazendo gás carbônico, o pulmão tem uma grande superfície que, no adulto, corresponde a mais ou menos 100m², ou seja, aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis. No caminho de ida, o ar é aquecido, umidificado e sofre um turbilhonamento, cuja finalidade é fazer grudar nas paredes por onde passa as partículas que estiverem flutuando. É por isso, por exemplo, que eliminamos poeira, quando assoamos o nariz depois de andar por uma estrada empoeirada. Esse é um mecanismo de defesa que ajuda na limpeza dessas estruturas. Mesmo assim, resíduos podem alcançar os brônquios e ficarão retidos nas paredes de suas bifurcações. Embora sejam revestidos por cílios que, num movimento contínuo, empurram o muco para fora com a sujeira que nele aderiu, parte dela pode alcançar a área terminal do pulmão e comprometer seu funcionamento adequado. Essas partículas precisam sair de alguma forma. Para tanto, o pulmão se enche de ar, um reflexo do sistema nervoso central fecha a epiglote e a musculatura toda se contrai para libertar o ar aprisionado. Isso gera uma pressão tão grande que, aberto o sistema, ele sai como um tiro e expulsa o que estiver lá dentro. Em termos gerais, é assim que funciona o mecanismo da tosse.
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Refluxo gastroesofágico: a causa oculta da tosse
N
ormalmente, as pessoas associam a tosse ao pulmão, mas as duas causas mais frequentes das crises de tosse são o refluxo gastroesofágico e a sinusite, que nada têm a ver com o pulmão. Muitos pacientes procuram os consultórios de pneumologia desanimados, porque já tiraram radiografias, tomaram xaropes e antibióticos e não melhoraram da tosse. Nesses casos, a causa do problema pode não estar no aparelho respiratório, mas no aparelho digestivo. O refluxo gastroesofágico é provocado por dois fatores: o aumento da produção de ácido pelo estômago e pela incapacidade do cárdia – a junção do esôfago com o estômago – de fechar direito, permitindo a volta do conteúdo do estômago para o esôfago. O estômago é revestido de tal forma que resiste à presença dessa acidez, mas no esôfago ela provoca uma reação inflamatória que por si só é capaz de ativar o reflexo da tosse. Pior: se esse ácido subir até as vias aéreas superiores, for aspirado e cair no pulmão, mesmo que esteja livre de bactérias, pode causar uma pneumonia extremamente grave, a pneumonia aspirativa, que também ativa o reflexo de tosse. O refluxo gastroesofágico é responsável por mais ou menos um terço dos casos de tosse crônica, principalmente da tosse seca.
Sinusite:
limpando a área
O
utra importante causa de tosse é a sinusite, doença que se apresenta de duas formas. A mais frequente é a sinusite aguda provocada por uma infecção dos seios da face, cavidades localizadas na região frontal, atrás do nariz e do maxilar, onde o ar é aquecido. Já a sinusite crônica é uma inflamação nos seios da face que produz pequenas quantidades de líquido. Esse líquido desce por trás da garganta, fica batendo na glote e provoca tosse seca. Essa é a causa de 30% a 40% das tosses improdutivas.
Nosso bem-estar TEXTO: CELSO ARNALDO
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P
esquisas indicam que o cérebro inicia um processo de declínio cognitivo já a partir dos 25 anos de idade. É possível, contudo, manter o cérebro afiado, adiar o declínio das suas funções e habilidades e minimizar essa queda com atitudes ao alcance de todos: engajar-se em atividades regulares de exercícios físicos e mentais, como estimulação para o cérebro. É o que ensina a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, diretora do Laboratório de Neuroanatomia Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro e consultora do site Cérebro Melhor. Que tal treinar seu cérebro?
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Como ensina a professora Suzana, assim como saúde não é simplesmente a ausência de doença, o bem-estar não é simplesmente a ausência de mal-estar. Mais do que isso, o bem-estar integral inclui estar de bem com o próprio cérebro: encontrar paz, saúde e felicidade com o cérebro que temos, e sobretudo mantê-las. A neurociência hoje oferece informações preciosas sobre vários dos fatores mais importantes para esse bem-estar: saúde mental e �ísica, com a sensação de pleno domínio das suas capacidades, muita atividade �ísica, e contando com ajuda de medicamentos quando necessário; motivação, autossatisfação e autocon�iança; felicidade, mas tristeza também, nas horas certas; sono bom e abundante; sintonia com
as próprias emoções; atitudes positivas e sensação de controle sobre a própria vida, inclusive com o poder de buscar alguns estresses voluntariamente, evitar os indesejados e dosar a ansiedade; poder de se expressar, de manifestar em palavras e comportamento seus desejos e opiniões; interação social; muito carinho e apoio moral; e a sensação de ter um propósito na vida.
1. 2.
Eis algumas lições aprendidas até o momento que podem ser usadas por você também:
Cuide bem de sua saúde física – Investir na saúde do corpo traz grandes benefícios para a saúde integral, principalmente na velhice
Identifique e cultue seus prazeres – Longe de ser um luxo, a sensação de prazer é a base do bem-estar. É a antecipação de um prazer que nos tira da cama pela
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, diretora do Laboratório de Neuroanatomia Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro e consultora do site Cérebro Melhor manhã. Tente identificar suas fontes de prazer e cultive-as: amigos, namoro, trabalho, exercício físico ou mental
3. 4.
Tenha uma atitude positiva – O otimismo favorece a ativação antecipada do sistema de recompensa e até a melhora da resistência a doenças
Aprenda a lidar com ansiedade – Algumas preocupações são saudáveis e geram uma resposta antecipada ao stress, que é a ansiedade. Em doses saudáveis, essa habilidade de se preocupar por antecipação é uma bênção, pois evita que o cérebro de repente se coloque numa situação problemática
5.
Faça exercício regularmente – O exercício é um dos melhores estabilizadores do humor que a neurociência moderna conhece – e ainda favorece o aprendizado e a memória. A ativiREVISTA ABCFARMA
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dade aeróbica combate a depressão e a ansiedade, aumenta a produção de substâncias neuroprotetoras que mantêm os neurônios saudáveis
6. 7.
Durma bastante – O sono é fundamental para o bem-estar. O cérebro descansa e reorganiza as memórias do dia. O sono é tão importante que é autorregulado: quanto menos você dorme, mais precisa dormir.
Eduque-se – Seu cérebro tem uma capacidade incrível para aprender, porque dispõe de: gosto pelo desa�io, poder de usar a atenção para �iltrar informações irrelevantes e capacidade de lembrar o que foi importante. Educar-se é uma excelente maneira de tornar o cérebro mais capaz de resolver problemas, ampliar seu repertório e prolongar o bem-estar
8.
Conheça a diferença entre tristeza e depressão – A tristeza é uma emoção importante e a tristeza profunda é a única resposta razoável de um cérebro saudável e não deve ser confundida com depressão, que é a tristeza despropositada e precisa ser tratada como um caso clínico
9.
Busque e ofereça carinho – Talvez a maior descoberta da neurociência moderna: o impacto do carinho sobre o cérebro. Na vida adulta, é uma maneira poderosa de regular a ansiedade e a resposta exagerada ao stress. Cérebros que recebem carinho se tornam mais carinhosos
10.
Encontre um propósito de vida – Para uns, é cuidar dos �ilhos. Para outros, dos alunos. Talvez o maior propósito da vida seja permitir encontrar um propósito na vida. Isso permite ao cérebro se sentir nas rédeas das próprias ações, no controle da vida. O trabalho voluntário é um exemplo. Fazer o bem faz um bem enorme ao cérebro.
OS BENEFÍCIOS DA LEITURA E DO ESTUDO Está provado:
o maior fator de proteção contra a demência senil e a demência neurodegenerativa é a educação formal: quanto mais tempo se passa na escola, menor se torna a probabilidade de um dia ter sinais da doença de Alzheimer, por exemplo. Um dos ganhos com a educação formal, que pode ser considerada um longo período de aprendizado intenso e sistematizado, é provavelmente a formação de uma extensa rede de conexões, que formam uma reserva mental, podendo ser recrutadas alternativamente em caso de necessidade. Isso explicaria, por exemplo, por que algumas pessoas permanecem em forma e pensando com clareza ao longo de toda sua vida, enquanto outras não. Essas reservas mentais, contudo, precisam, podem, e devem ser mantidas ao longo da vida, já que as sinapses têm o poder de serem desfeitas, refeitas e fortalecidas o tempo todo de acordo com o uso ou a falta dele.Por isso, nunca é tarde para investir em formar reservas cerebrais; e se você teve um bom começo na vida, investir na manutenção das suas reservas, e até aumentá-las, é uma boa ideia. Leia, leia muito e sempre.
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Ortopedia TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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Coluna
VERTEBRAL
O Certo e o Errado
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ormir em colchão duro faz bem à coluna? Ficar muito tempo na frente do computador faz mal às costas? Salto alto causa dor lombar? Apesar de ser muito flexível por sustentar a cabeça, fixar as costelas e os músculos do dorso, a coluna vertebral ainda é a parte do corpo que mais sofre com os maus hábitos. A maioria das pessoas só se preocupam com a coluna quando começam a sentir uma dorzinha ou um incômodo ao sentar, carregar peso, dormir de qualquer jeito ou andar com bolsa muito pesada. Um estudo feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que um terço da população brasileira tem algum problema de coluna. Segundo o IBGE, a segunda maior causa de doença crônica no Brasil está relacionada à coluna vertebral. Além disso, a dor lombar é a primeira no ranking das queixas de pessoas entre 20 a 50 anos. E a maioria desses problemas têm origem em erros de postura e hábitos de vida pouco saudáveis. O neurocirurgião Mauricio Mandel, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, enumera hábitos ruins e vícios de postura que podem fazer da coluna, que é o sustentáculo do esqueleto, um ponto fraco do corpo
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Segundo o Dr. Mandel, a coluna tem um papel fundamental no funcionamento do organismo – e por isso precisa de um cuidado muito especial. “A coluna vertebral distribui 32 pares de nervos em direção a todas as partes do corpo. Sentar com uma postura inadequada, a presença de tensão nervosa ou o uso de cadeiras ou colchões de má qualidade são fatores que desencadeiam um mal-estar na coluna. Nesse caso, a prevenção é sempre o melhor remédio”. Mandel lamenta que muitas pessoas “vão levando” uma dor na coluna persistente: preferem tomar medidas caseiras em vez de procurar ajuda pro�issional. O risco de sistematicamente tomar relaxantes musculares ou anti-in�lamatórios sem indicação médica pode mascarar o problema em vez de tratá-lo. “Esses medicamentos não tratam a causa e sim os sintomas”, alerta o neurocirurgião.
Afinal, o que é mito e o que é verdade nesse problema que afeta metade dos brasileiros? Cruzar as pernas pode prejudicar a coluna?
Mito. Pequenas mudanças de postura durante o dia não levam a problemas mais sérios a longo prazo. Cruzar as pernas não aumenta a chance de a paciente desenvolver problemas degenerativos na coluna apesar de mudar o balanço da pelve naquele momento. Dormir no chão ou num colchão duro é bom para as costas?
Mito. A rigidez pode provocar uma contratura muscular. Em caso de crises de dor nas costas, o médico recomenda a pessoa deitar em seu próprio colchão, de lado e com um travesseiro entre as pernas para amenizar a dor. Estalar o pescoço com o movimento da cabeça faz mal à coluna?
Verdade.
Muitas pessoas têm esse hábito, que deve ser evitado. Estalar a coluna e o pescoço prejudica as articulações e, dependendo da frequência, pode causar dores cervicais e de cabeça.
Fumantes têm mais dores nas costas?
Verdade. Os fumantes inalam mais substâncias tóxicas que prejudicam a circulação sanguínea no disco intervertebral, o que pode provocar mais dores nessa região.
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O salto alto é um vilão da coluna?
Verdade. Quando o salto é muito alto a mulher tende forçar a curvatura da coluna para trás, tentando manter o equilíbrio, a consequência é problema na coluna. O ideal, para a coluna, é não passar de quatro centímetros. Bolsa pesada é prejudicial?
Verdade. O ideal seria carregar a bolsa na transversal e com o menor peso possível. Se a mulher necessita de uma bolsa grande para carregar muitos itens, troque por uma mochila, que é menos prejudicial à coluna. Mas o peso da mochila não deve ultrapassar 15% do peso do corporal e a alça deve ser ajustada de acordo com a altura. Passar horas na frente do computador faz mal à coluna?
Mito. O maior problema para a coluna não está no tempo que a pessoa �ica ao computador e sim sua posição. A tela do computador deve permanecer na altura dos olhos e o pescoço não deve �icar voltado para baixo. A curvatura do braço e das pernas precisa formar um ângulo de 90º. A cadeira deve �icar próxima da mesa e o glúteo deve manter-se encostado na parte de trás da cadeira, deixando a coluna ereta. Muito importante é fazer pausas breves para alongamento durante o período em que estiver na frente do computador.
“Travada na coluna”
O que fazer?
D
e acordo com o Dr. João Luiz Pinheiro Franco, neurocirurgião brasileiro com experiência em universidades da França e Alemanha e Revisor Cientí�ico Internacional do jornal norte americano de coluna Spine, é absolutamente normal o disco intervertebral se degenerar e se desidratar com o tempo. “Isto faz parte do envelhecimento natural do nosso organismo”. Isso significa que o amortecedor perde líquido. Com a perda de água, e o passar das décadas, nosso organismo pode produzir osso, a partir das vértebras, para ajudar a segurar a coluna. Estes são os chamados bicos de papagaio, o que é uma reação normal do corpo.
No entanto, ter bicos de papagaio na coluna não significa ter que conviver com dores. Quando houver dor por compressão de nervos, aí, sim, é preciso buscar ajuda médica, afirma o Dr. João Luiz. Segundo o especialista, o disco se degenera por muitas razões: genéticas, posturais, mecânicas (carregamento de peso) etc. Com isso, há uma série de prejuízos que podem ser desencadeados, ao longo do tempo, como fissuras discais, processos inflamatórios, compressões nos nervos e, consequentemente, aumento das dores nas costas. Outro fator que provoca arrepios nas pessoas são as temíveis hérnias de disco. Hérnia quer dizer ”saída, para fora”, ou seja, parte do conteúdo do “amortecedor” escapa do seu habitat natural e isso pode causar dores e travamentos, salienta o especialista. No entan-
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to, quando existe a popular ”travada na coluna”, o médico sugere alguns procedimentos:
1) 2) 3)
Não fazer nada para tentar colocar a coluna no lugar. Não permita que os famosos “colocadores de coluna” ajam no seu organismo. Procure durante a crise aguda a posição mais próxima do alívio
Pode tomar um relaxante muscular e antiinf lamatório a que está acostumado; a maior parte das dores aliviará em pouco tempo
Se as dores nas costas persistirem por mais de três meses, está na hora de procurar um especialista.
Travesseiros e colchões Na avaliação dos médicos, cada pessoa deveria fazer uma espécie de “test drive” para aferir qual a opção que mais se adapta ao próprio corpo. No entanto, o colchão não deve ser nem muito duro, nem muito mole. E o travesseiro deve ser ajustado de acordo com o bem-estar e o conforto de cada um, avaliando sempre se há dor ao dormir e ao levantar. Passamos de um terço a um quarto de nossas vidas numa cama. Assim, nosso leito deve ser um lugar confortável.
Neurologia TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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MITOS E VERDADES SOBRE A ENXAQUECA
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erca de 95% das pessoas terão, ao longo da vida, no mínimo uma crise de enxaqueca – um tipo muito especial, e desafiador, de dor de cabeça. No entanto, há muitas dúvidas sobre o que realmente desencadeia a crise de enxaqueca. Conheça aqui dez mitos e verdades sobre as causas e os mecanismos da enxaqueca, segundo o neurologista André Felicio, membro da Academia Brasileira de Neurologia, pós-doutor pela University of British Columbia e médico pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein. 42 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
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A enxaqueca melhora durante a gravidez?
VERDADE. Caracteristicamente, a enxaqueca é muito mais frequente em mulheres do que homens, justamente porque, nelas, as �lutuações hormonais, em pessoas suscetíveis, servem como fator desencadeante e agravante da dor. Durante a gestação, entretanto, a grande maioria das mulheres experimenta um alívio das suas crises, em particular no segundo e terceiro trimestre da gestação.
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A enxaqueca é sempre hereditária?
MITO. Embora existam casos de enxaqueca claramente familiares, como a conhecida e rara síndrome da enxaqueca hemiplégica familiar, é comum que indivíduos desenvolvam episódios de enxaqueca, esporádicos ou crônicos, sem que existam membros na família com um quadro semelhante.
Dr. André Felicio, médico pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein:
“Uma das estratégias para lidar com a enxaqueca é cortar o uso abusivo de analgésicos”
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Toda dor de cabeça que pulsa ou lateja é uma enxaqueca?
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Existe uma dieta para enxaqueca?
MITO. De acordo com os critérios diagnósticos para enxaqueca, o fato de a dor ser pulsátil ou latejante reforça tratar-se dessa síndrome e não de uma dor de cabeça comum. É perfeitamente possível que um indivíduo tenha crises de enxaqueca e sua dor não seja pulsátil, apresentando, porém, outras características da doença. Por exemplo: sintomas dolorosos de um lado só da cabeça, intensidade da dor moderada a forte e piora com exercício ou atividade �ísica. VERDADE. Existem alimentos que caracteristicamente estão associados à enxaqueca, como queijos amarelos e outros derivados do leite, produtos enlatados, molho vermelho, bebidas alcoólicas, etc. Cabe ressaltar que essa lista de alimentos pode desencadear dor em alguns indivíduos, mas não em outros. Ou seja: existem variações individuais.
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Injeção de botox para enxaqueca funciona?
VERDADE. A chamada toxina botulínica já é um tratamento previsto em bula para a prevenção da enxaqueca em sua forma crônica, na qual os pacientes já adotaram diversas medidas terapêuticas sem sucesso. Os resultados são muito bons, mas esse tratamento deve ser indicado conscienciosamente, porque não servirá para a grande maioria dos pacientes com a forma episódica ou crônica, que responde melhor às medidas preventivas.
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A enxaqueca só acontece em adultos?
MITO. A enxaqueca pode ocorrer em qualquer faixa etária, até em crianças e adolescentes – quando, aliás, é mais comum em meninos que meninas. Também pode ocorrer pela primeira vez em indivíduos acima de 60 anos. Esta, entretanto, não é uma situação comum e, normalmente, o médico responsável sugere investigação complementar por imagem, a �im de excluir outras causas potencialmente mais graves para uma dor dessa magnitude iniciada nessa idade.
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Os exames de tomografia ou ressonância de crânio fazem o diagnóstico da enxaqueca?
MITO. Nenhum exame complementar faz diagnóstico de enxaqueca. Aliás, não é necessário qualquer exame de imagem do cérebro para diagnosticar essa síndrome. Existem indicações muito claras para a solicitação de exames complementares na investigação
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de cefaleia, mas normalmente isso se deve a alguns sinais de alarme – aos quais o médico deve �icar atento, para investigar situações especí�icas.
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Muito remédio para dor de cabeça provoca mais dor de cabeça?
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Existe enxaqueca sem dor?
VERDADE. Existem diversas estratégias para tratar a enxaqueca, mas uma das principais é cortar o uso excessivo, muitas vezes abusivo, dos analgésicos. Esse uso exagerado perpetua um ciclo vicioso de sensibilização periférica e central, leva a efeito rebote e ajuda a perpetuar a enxaqueca.
VERDADE. Esta é uma situação incomum e curiosa. Sabemos que uma minoria dos indivíduos com enxaqueca pode desenvolver um tipo especial da doença, conhecida por enxaqueca com aura. Esse fenômeno nada mais é que um sinal neurológico focal que normalmente antecede a dor, como, por exemplo, a aura visual, na qual o indivíduo tem alterações visuais e só depois de 10 a 15 minutos desenvolve a crise propriamente dita. A chamada aura sem enxaqueca é uma situação na qual só existem os sintomas neurológicos focais (pontos cintilantes, por exemplo), sem dor.
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Não existem medicações específicas para o tratamento da crise de enxaqueca? MITO. Há, pelo menos, duas classes de medicações utilizadas em nosso meio e que são especí�icas para o tratamento das crises agudas de enxaqueca: os ergotamínicos e os triptanos. São remédios com diferentes ações farmacológicas, mas que, de maneira geral, promovem vasoconstrição cerebral. Uma vantagem dos triptanos é que, além da tradicional via oral, existem formulações sob a forma de spray nasal e injeção subcutânea.
Estética TEXTO: CELSO ARNALDO
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Enfrentando
a celulite A
celulite, cientificamente chamada de lipodistrofia ginoide, é um distúrbio estético que acomete quase que exclusivamente as mulheres, atingindo cerca de 85% da população feminina. Para as mulheres, aliás, essas pequenas covas e nódulos formam um problema estético inaceitável, uma fonte de permanente angústia, que a maioria vivencia em algum momento da vida. Infelizmente, a celulite ainda não tem cura, mas existem diversas formas de tratamento, que podem melhorar significativamente o aspecto de “casca de laranja” ou em “capitonê”, como está na moda dizer hoje.
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Fatores que desencadeiam
a celulite
A celulite é um fenômeno multifatorial, isto é, tem diversas causas e muitos processos envolvidos, entre eles:
• Alterações nas estruturas da pele, como enfraquecimento da derme pela quebra do colágeno • Fatores inflamatórios e distúrbios microcirculatórios, com redução do fluxo sanguíneo • Metabolismo das células de gordura • Níveis aumentados de estrogênio (pílulas anticoncepcionais e gestação) • Genética, ganho de peso e estilo de vida que inclui sedentarismo e tabagismo.
Os graus da celulite A celulite se apresenta em quatro graus diferentes, onde o 1º só é perceptível ao toque e o 4º, além da aparência �lácida da pele e a presença marcante dos famosos furinhos, chega a causar dor.
Tratamentos para celulite Manter hábitos saudáveis é uma das terapêuticas fundamentais para evitar ou pelo menos minimizar a celulite. Os especialistas recomendam uma alimentação adequada, sem excesso de doces e gorduras, pouco sal, refrigerantes e fast food, por exemplo. Além disso, é preciso exercitarse regularmente. Mas a medicina estética oferece hoje um sem-número de técnicas e�icientes que, isoladamente ou, preferencialmente, em combinação, conseguem melhorar bastante a aparência da região que apresenta celulite.
Algumas propostas
terapêuticas:
Lipólise (decomposição das gorduras) Melhorar a microcirculação sanguínea Restabelecer estruturas dérmicas Reduzir a inflamação Ingestão de suplementos nutricionais que ajuda a prevenir e amenizar a celulite. São nutricosméticos capazes de auxiliar na diminuição da in�lamação e retenção de líquidos. Através de seus vários compostos, entre outras ações, ajudam a estabilizar as paredes dos vasos sanguíneos, reduzir a in�lamação, melhorar a microcirculação sanguinea, têm ação antioxidante e renovam as células das camadas super�iciais da pele, além de reconstruir a matriz dérmica da pele. Na fase líquida externa, contêm óleo de semente de cártamo e óleo de semente de uva. Na cápsula interna, vitaminas A, B5, B9, C e E, e os minerais cromo, selênio e zinco. REVISTA ABCFARMA
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Qualidade de vida TEXTO: ARNALDO ANSAR
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Não há ácaro que resista
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hega o frio e a tendência é ficar mais em casa, com tudo trancado. Pior para as pessoas alérgicas, que sofrem com suas crises respiratórias – parte delas desencadeadas por um microscópico, mas temível, inimigo: o ácaro doméstico, que se esgueira e se prolifera principalmente em nossos armários. Aqui, o Dr. Bactéria dá dicas de como combater esse bichinho tão competente em produzir espirros e crises de rinite Limpar o guarda-roupa com pano embebido em vinagre e armazenar casacos e cobertores em sacos plásticos. Essas são algumas dicas do Dr Bactéria para evitar o festival de espirros e as crises de rinite típicas do inverno
Frio lembra cobertores, malhas de lã, gorro, luvas e cachecol. E onde se guarda tudo isso? No guarda-roupa, em cabides ou gavetas. Há ainda quem use malas depositadas em cima do armário e, uma vez por ano, se entretém com o ritual de trazer tudo abaixo. Pois �ique sabendo que esses não são os jeitos certos de guardar itens de inverno em casa. Basta ver: quando se tira roupa mofada do armário, a primeira reação de muitos é começar a coçar o nariz compulsivamente. São os ácaros e os fungos em ação. “Para remediar, é preciso limpar o armário por dentro e por fora com uma receita antimofo infalível: pano limpo embebido em vinagre branco. Nada mais”, ensina o biomédico Roberto Martins Figueiredo, conhecido como Dr Bactéria. E para que o cheiro desapareça – tanto o do vinagre, quanto o de mofo –, basta deixar as portas do armário abertas por uns instantes.
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Quanto às roupas, precisam ser lavadas e muito bem secas. “Após se certi�icar de que não há resquício de umidade, guarde-as dentro de um saco plástico. Simples assim”, prossegue o Dr Bactéria. Es- O biomédico Roberto Martins queça também umidi�icadores Figueiredo, o Dr. Bactéria ambientais, toalhas molhadas e baldes com água nos ambientes, por mais secos que pareçam. “O aumento acima de 60% da umidade ambiental só favorece os ácaros e, consequentemente, o aparecimento de sintomas de rinite e asma, comuns em crianças”, prossegue o Dr. Bactéria O especialista conclui lembrando que é necessário ventilar a casa o máximo possível e evitar aglomerações em ônibus e metrôs. “Quanto maior a ventilação, melhor. E use bastante álcool em gel, principalmente após espirrar, tossir, e antes de comer algo”.
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Pseudônimo do biomédico Roberto Martins Figueiredo, o Dr. Bactéria é um personagem midiático ímpar no Brasil – e talvez até no mundo. Apropriando-se do que ele mesmo define como “dona de casês”, isto é, uma linguagem simples, clara e objetiva, que pode ser facilmente entendida por leigos e também por profissionais e estudantes da área, o Dr Bactéria difunde informações técnicas e de interesse público na mídia de todo o país, prestando um serviço importante para a promoção da saúde e do bemestar de muitos brasileiros.
Um verdadeiro intruso
Oftalmologia TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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Catarata
Um drama da terceira idade
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emanda da cirurgia para essa doença degenerativa da visão supera a oferta do SUS – a espera pelo procedimento aumenta os casos de cegueira no Brasil e limita a atuação profissional de 71% dos brasileiros com mais de 60 anos que continuam ativos. O Brasil comemorou dia 10 de julho o Dia Mundial da Saúde Ocular, lamentando um novo drama nessa área: o aumento da cegueira por falta de acesso à cirurgia de catarata. De acordo com o Ministério da Saúde, foram realizadas, em 2012, 432 mil cirurgias, contra 348 mil em 2010. Apesar do aumento, a oferta de procedimentos pelo SUS – responsável por duas de cada três cirurgias de catarata realizadas no Brasil – é bem menor do que a demanda. Levantamento do IBGE mostra que, em um ano, o número de brasileiros com 60 anos ou mais aumentou em 1,2 milhões de pessoas: saltou de 22,3 milhões em 2010 para 23,5
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milhões em 2011. Segundo o Dr. Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier, é a partir dessa idade que surge a catarata. Só para se ter uma ideia, a doença atinge 17% das pessoas com até 65 anos e 47% dos que têm de 65 e 74 anos. Segundo o médico, o rápido envelhecimento da população explica porque a espera pela cirurgia pode durar anos. O Dr. Queiroz Neto comenta que a cirurgia é indicada para quem tem 30% ou menos de visão por causa da doença. O problema é que, de acordo com o censo do IBGE, 71% dos brasileiros com mais de 60 anos permanecem trabalhando. “A visão menor que 50% impõe limites à atuação pro�issional”, a�irma o médico.
Dr. Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido Burnier
O que faz a catarata O Dr. Queiroz Neto explica que a catarata embaça o cristalino, lente natural do olho. É uma doença inevitável, decorrente da própria degeneração do cristalino, por estar relacionada ao envelhecimento, e que responde por 48% dos casos de cegueira no Brasil e no mundo. Mas alguns hábitos podem antecipar a formação da catarata. Os principais são: alimentação rica em colesterol, açúcar e sal; exposição ao sol sem lente com proteção ultravioleta; o tabagismo, que diminui a oxigenação do sangue e aumenta em duas vezes o risco de contrair a doença; sedentarismo e vida estressante. Para proteger os olhos e retardar o aparecimento da catarata, uma dica do médico é incluir na dieta alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas; carotenoides, como cenoura e folhas verdes; vitamina E, encontrada em gérmen de trigo e abóbora; selênio, que tem na castanha do Pará sua principal fonte; zinco, encontrado nos cereais, ostras e iogurte. Outra dica é não se esquecer dos óculos com proteção UV mesmo no inverno.
A cirurgia A única forma de tratar a catarata é através da cirurgia, que consiste em retirar o cristalino do olho e implantar uma lente arti�icial em seu lugar. O procedimento está cada vez mais seguro, mas a catarata muito “madura” pode trazer sérias complicações, porque o cristalino incha muito com o tempo, di�icultando as manobras na câmara anterior e a cirurgia pode induzir ao glaucoma secundário causado pelo trauma ocular. Isso põe por terra o mito de que é preciso esperar a catarata “amadurecer” para operar. A recomendação dos médicos é buscar a orientação de um oftalmologista aos primeiros sinais da doença:
Di�iculdade de enxergar à noite ou em ambientes escuros.
Mudança frequente do grau dos óculos. Perda da visão de contraste. Aumento da sensibilidade à luz (fotofobia).
Pode ser ceratocone
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oença que atinge uma em cada vinte mil pessoas, é mais comum na adolescência, mas pode ocorrer entre os 30 ou 40 anos
Enxergamos através da córnea – uma lente transparente que é parte central da super�ície dos olhos. Quando a córnea perde seu formato arredondado e começa a sofrer alterações, adquirindo forma cônica, os sintomas mais frequentes são visão embaçada, formação de imagens borradas e com ‘fantas-
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Dr. Renato Neves, diretorpresidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo
mas’, além de sensibilidade à luz e formação de halos em torno de lâmpadas e outras fontes luminosas. À primeira vista, pode parecer um astigmatismo elevado. Mas trata-se de ceratocone, doença que atinge jovens desde a adolescência até os 30 ou 40 anos, quando a doença tende a se estabilizar.
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e um dos pais desenvolveu ceratocone, o mais indicado é fazer um check-up anual dos filhos desde os dez anos de idade. Pessoas alérgicas e com determinados problemas de saúde também têm mais predisposição a essa doença que enfraquece o colágeno responsável por manter a forma arredondada da córnea.
gicas e com determinados problemas de saúde também têm mais predisposição a essa doença que enfraquece o colágeno responsável por manter a forma arredondada da córnea”.
Mesmo na fase inicial do problema, é di�ícil a pessoa conseguir enxergar bem sem óculos ou lentes. E a forma mais grave do ceratocone pode resultar na perda da visão, exigindo transplante de córnea. “Por isso, é de fundamental importância o diagnóstico precoce para interromper sua progressão e permitir um tratamento mais bem-sucedido”. O ceratocone inicial pode ser tratado com óculos e lentes de contato. De acordo com o doutor Renato, muitos novos casos de ceratocone vêm sendo diagnosticados ao realizar os exames que normalmente antecedem a cirurgia refrativa para correção de grau. O histórico familiar é um fator de risco importante para a doença. “Se um dos pais desenvolveu ceratocone, o mais indicado é fazer um check-up anual dos filhos desde os dez anos de idade. Pessoas alér-
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Numa fase intermediária, uma técnica empregada com sucesso é o cross linking (imagem ao lado), que consiste na aplicação de uma vitamina chamada ribo�lavina (B2) na córnea para estimular novas ligações entre as moléculas de colágeno. A técnica não só endurece a parte anterior da córnea e estabiliza o ceratocone, como, em alguns casos, proporciona melhor visão. “Trata-se de uma alternativa segura e que tem resultado em importantes bene�ícios para os pacientes”, diz o Dr. Neves.
Esporte TEXTO E FOTOS: SINDUSFARMA
Caminhada da Solidariedade abre os Jogos Abertos Sindusfarma 2013
Caminhada da Solidariedade reuniu atletas e seus familiares, no Parque Ibirapuera
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s VII Jogos Abertos Sindusfarma foram abertos no dia 13 de julho último, no Parque Ibirapuera, com a realização da tradicional Caminhada da Solidariedade. Em manhã ensolarada, representantes das 20 empresas inscritas na competição percorreram 3 km num trajeto que começou e terminou em frente ao Museu AfroBrasileiro.
Como acontece todos os anos, participantes e empresas presentes à Caminhada doaram alimentos que serão entregues pelo Sindusfarma a sete entidades sociais da Grande São Paulo. Por ter doado a maior quantidade de alimentos na abertura dos Jogos, o laboratório Cristália recebeu o título de Empresa Solidária.
O valor do esporte
“Com a adesão de mais empresas aos Jogos Abertos, esperamos realizar um evento ainda mais competitivo; ainda há espaço para crescimento e tenho uma perspectiva muito boa em relação ao
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projeto, como a realização de um passeio ciclístico e de uma atividade recreativa para crianças”, disse o Dr. Lauro Moretto, vice-presidente executivo do Sindusfarma e idealizador da competição. Padrinho dos Jogos, o ex-judoca Henrique Guimarães, medalha de bronze nas Olimpíadas de Atlanta (1996), participou da abertura ao lado do coordenador de Gestão das Políticas e Programas de Esporte e Lazer da Secretaria de Esportes do Município de São Paulo, Walid Shuqair, do diretor do Sindusfarma Walker Lahmann, do presidente executivo da entidade, Nelson Mussolini, e do Dr. Lauro Moretto.
Guimarães falou da importância dos esportes para a saúde. “O sedentarismo e a obesidade são causadores de doenças e investir na prática esportiva é a melhor forma de se combater este problema e incentivar as pessoas a terem um estilo de vida mais saudável”, a�irmou o medalhista olímpico.
A partir da esquerda, Walid Shuqair, Henrique Guimarães e Dr. Lauro Moretto
Falando sobre saúde TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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Lúpus
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m desequilíbrio do sistema de defesa do organismo contra as agressões externas causadas por vírus, bactérias ou outros agentes patológicos, causa um grupo de moléstias que ainda desafiam os médicos e a ciência: as doenças autoimunes. Nesse caso, os anticorpos se transformam num mecanismo de autoagressão – os inimigos, nesse caso, estão dentro da própria “casa”. A maioria dessas doenças causa efeitos na pele ou em órgãos específicos. O Lúpus, porém, é o mais terrível desses inimigos. Quando se limita à pele, com a característica mancha no rosto em forma de borboleta, os problemas estéticos já são suficientes para reduzir a autoestima. Mas uma outra forma da doença, o Lúpus Eritematoso Sistêmico, age em vários órgãos. Sem tratamento adequado, compromete gravemente a qualidade de vida dos pacientes – entre eles, apresentadora Astrid Fontenelle, que há dois anos luta contra a doença e tem ajudado a divulgá-la. O lúpus não tem cura, mas pode ser bem controlado. A Sociedade Brasileira de Reumatologia estima que entre 65 e 120 mil pessoas sofram de lúpus sistêmico no país – a maioria mulheres, já que elas são nove vezes mais atingidas do que os homens. O LES a principal causa de internação hospitalar entre as doenças reumáticas. E, nesse caso, o termo doença reumática não pode ser associado à terceira idade. O lúpus é mais frequente entre os 20 e os 30 anos – embora também possa acometer idosos. De acordo com o Dr. Jaime Rocha, infectologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica, os sintomas podem aparecer progressivamente ou evoluir de forma rápida e, por serem tão diferentes, tornam o tratamento di�ícil. Nas fases iniciais do LES, principalmente, os sintomas que mais incomodam são desânimo, cansaço e perda de apetite. A maioria das pessoas com LES também pode apresentar em, algum momento, dor nas juntas, às vezes também com inchaço (artrite) – mais de 95% dos pacientes têm in�lamação nas juntas, e as mãos são particularmente prejudicadas. Além disso, de
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uma forma geral, pelo menos 50% dos portadores de lúpus terá, em algum momento da doença, in�lamação na pleura (membrana que recobre os pulmões) ou no pericárdio (membrana que recobre o coração). Também cerca de 50% dos pacientes com lúpus apresentam in�lamação nos rins, que provoca perda de proteínas na urina, inchaço nas pernas e no rosto, hipertensão arterial e, nos casos mais graves insu�iciência renal com necessidade de hemodiálise. A pessoa com LES geralmente atravessa fases nas quais apresenta sintomas chamados pelos médicos de “períodos de atividade” e outros momentos, nos quais a pessoa �ica sem manifestações da doença, chamado de período de “remissão”. O Dr. Evandro Mendes Klumb, coordenador da Comissão de Lúpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro, explica que mesmo sem sintoma algum, não é possível a�irmar que a doença esteja “curada”, pois as alterações imunológicas continuam presentes e podem determinar o retorno dos sintomas
O enigma da autoagressão outra vez. O especialista destaca como fundamentais para o reequilíbrio imunológico do portador de LES medidas de proteção contra a claridade ou irradiação solar (com o uso de fotoprotetores), suspensão do tabagismo, quando presente, afastamento de condições de estresse, alimentação balanceada, repouso adequado e atividade �ísica regular.
Lúpus, por quê?
De acordo com a reumatologista do Centro de Qualidade de Vida, Dra. Tatiana Hasegawa, o lúpus é uma doença de causa multifatorial. “Pode envolver predisposição genética e fatores ambientais. Agentes infecciosos, alguns medicamentos, radiação ultraviolenta e fatores hormonais são desencadeantes prováveis da doença, que não é contagiosa”.
Diagnóstico e tratamento O lúpus é diagnosticado por uma avaliação clínica e pela realização de alguns exames de sangue, de urina e de imagem. A dosagem do fator de anticorpos antinucleares (FAN) é uma importante ferramenta para um diagnóstico preciso. A de�inição do tratamento vai depender das principais queixas do paciente e das manifestações clínicas da doença. O tratamento pode variar em intensidade e tempo de duração. O mais comum é a utilização de anti-in�lamatórios não hormonais, cortisona ou imunossupressores. A proteção solar também é recomendada aos pacientes, já que o sol pode piorar alguns dos sintomas dermatológicos. Além disso, é essencial manter as taxas de colesterol em níveis normais, elevar a dose de vitamina D e adotar uma nutrição balanceada. “Por ser uma doença crônica, é essencial o acompanhamento regular, que deve ser de�inido de acordo com o nível de atividade e a evolução do lúpus”, diz o infectologista.
Astrid Fontenelle: um drama sob controle
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apresentadora Astrid Fontenelle foi diagnosticada com a doença em janeiro de 2012 e no Dia Mundial do Lúpus – 10 de maio último – alertou para os principais sintomas iniciais. “Dia Mundial do Lúpus, doença auto-imune, que atinge principalmente mulheres, e de que sou portadora. O lúpus não tem cura e seu diagnostico é bem di�ícil. Mas quando feito, a gente pode estabilizar a doença. O que eu sentia? Dores nas costas, inchaço nas pernas, pés e mãos, dores também nas articulações. Depois de nove meses sem procurar ajuda, fui à minha ginecologista, que detectou alguma coisa errada nos meus exames de urina. Fui encaminhada a um clinico geral e imediatamente internada. Meu rim esquerdo estava severamente castigado. Uma reumatologista e um nefrologista se juntaram a esses dois médicos e durante 12 dias lutamos contra o lúpus. O resto da história muita gente já sabe: meu �ilho, meu marido, amigos e muita fé me ajudam diariamente. Divido minhas vitorias diárias com eles e com tantos que me mandam boas energias desde então!”. REVISTA ABCFARMA
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Artigo TEXTO: MARCELO PONZONI
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Gestão de pessoas Quando iniciei minha empresa, muito rapidamente percebi
que o maior de todos os desa�ios que eu iria enfrentar, entre
tantos que se mostravam necessários, seria a di�ícil tarefa de gerir pessoas, principalmente no meu segmento de prestação de serviços, em que tudo simplesmente é conduzido, transformado, produzido e encerrado diretamente pelas cabeças e mãos de pessoas.
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oje, com muita convicção, posso afirmar que gerir pessoas é conduzir seres humanos a fazer com prazer aquilo que se deseja que elas façam. Na teoria, essa é uma frase digna de moldura. Na prática, foram precisos anos e anos para afinar as inúmeras características e atitudes que precisamos desempenhar para que não só os resultados, mas também o exercício da gestão chegassem perto de um nível aceitável.
Existe um pensamento muito simples para gerir pessoas, que é a lei da reciprocidade. Somos espelhos e, na grande maioria das situações, gostamos do que a maioria das pessoas gosta e repelimos a maioria das coisas que as pessoas repelem. Um ótimo exemplo que tenho – e grande companheiro – é o simples ato do sorriso. Não aquele em que só se movem os lábios, mas aquele que realmente nos abre ao próximo e de maneira mágica demonstra nossa verdade e transparência.
Relação de causa e efeito Sempre digo que de nada vale um sorriso se a atitude do gestor for demagoga: o sorriso real é, na verdade, a consequência de um trabalho estruturado de gestão de pessoas, em que ele, gestor, também sinta prazer em estar com as pessoas no exercício de suas funções. Na vida e nos relacionamentos não existe a possibilidade de esconderijo ou mentiras, não existe ninguém que consiga enganar tantas pessoas por tanto tempo. Somos diretamente percebidos pelas nossas ações, somos julgados diretamente pela máxima de causa × efeito. Há muito tempo me exercito para gerar um guia das características pelas quais devo conduzir meu trabalho, para ser aquilo que eu acredito ser um bom gestor. Procuro relacionar todas as características que tenho como expectativa de alguém que está
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*Marcelo Ponzoni é publicitário premiado, atual diretor da agência de comunicação Rae, MP e autor do livro Eu só queria uma mesa
à frente de uma equipe: empenho-me para continuar com as características que julgo satisfatórias e separar aquelas em que deixo a desejar. Normalmente, não são poucos os pontos negativos, mas não os ignoro simplesmente: entendo que preciso ter foco nos meus defeitos e procurar corrigi-los.
Liberdade crítica
Sei que jamais serei exímio em transformar defeitos em predicados, mas, com atenção e cobrança própria, consigo resultados razoáveis. Também procuro dar muito feedback aos meus liderados, bem como ter o deles em relação à minha pessoa. Procuro ser franco e permitir que eles também sejam, mesmo sabendo que receber críticas não é fácil para ninguém. Sei que somente dando liberdade para que elas sejam manifestadas é que se pode reagir e apresentar sinais de melhora, ou pelo menos mostrar força de vontade para que tais características sejam amenizadas. Existem vários estudos, literaturas e exemplos a seguir nesta árdua tarefa de aprendizado da função de gestor de pessoas, mas existe algo que é pouco comentado e que jamais poderá ser dispensado do processo: gostar de pessoas. Para gerir qualquer pessoa ou processo é preciso gostar de quem e do que está sendo gerido. Eu, particularmente, adoro pessoas, gosto de conhecê-las, entendê-las, ajudá-las. Gerir pessoas é amar ao próximo, sabendo que somos diferentes, que pensamos diferente, que vivemos diferente e que o processo não poderia acontecer de outra maneira se não houver entendimento das situações e das características vivenciais para evoluirmos como pessoas e como gestores delas.
Matéria Matéria Matéria TEXTO: JORNALISTA JORNALISTA
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DOENÇAS RESPIRATÓRIAS NO INVERNO: Cuidados básicos
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empo frio e aglomeração de pessoas favorecem o aumento de casos de doenças respiratórias. Segundo o Dr. Hassan Ahmed Yassine Neto, pneumologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, gripe, resfriado, sinusite aguda, pneumonia e rinite estão entre as doenças que geralmente surgem nesta época. Em portadores de rinite, asma e sinusite crônica os sintomas podem se agravar durante o inverno. Problemas respiratórios acabam sendo confundidos pela população por terem alguns sintomas em comum, como coriza e congestão nasal. Mas seus agentes causadores e tratamentos são distintos. A rinite, por exemplo, pode ser causada ou intensificada pelo clima ou substâncias que geram alergia. Ar frio, seco e poluição promovem irritação e inflamação intensas da mucosa do nariz. Em consequência surgem os espirros, seguidos de coriza e congestão nasal. “São condições iniciais para o aparecimento das chamadas infecções de vias aéreas superiores, ou seja, de nariz, garganta e ouvido”, acrescenta o médico.
Ambientes fechados, sem ventilação, com aglomeração de pessoas, são fatores que, somados à má higiene, favorecem o aparecimento, proliferação e transmissão de bactérias e vírus de gripe e resfriado, que acontecem por contato com super�ícies contaminadas, como mãos, corrimão de escada, mesas, balcões entre muitos outros.
Recomendações do especialista para evitar doenças respiratórias no inverno:
Evitar frequentar locais com aglomerações de pessoas, de forma a diminuir a disseminação e o contágio. Espirrar e tossir contra o braço (e não na mão) ou em lenços descartáveis. Lavar as mãos após contato com super�ícies ou ao espirrar e tossir. Na impossibilidade de lavar as mãos, a higienização pode ser feita com álcool gel. Manter os ambientes de convívio e transporte bem ventilados. Hidratar-se ingerindo, preferencialmente, água e sucos naturais. Procurar manter uma alimentação saudável. Manter o ambiente umidi�icado utilizando bacia com água, toalhas úmidas ou aparelhos umidi�icadores. Crianças, mulheres grávidas ou amamentando devem procurar auxílio médico aos primeiros sinais de problemas respiratórios. Não tomar antibióticos sem aconselhamento médico. REVISTA ABCFARMA
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Saúde feminina TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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Prevenindo
o inimigo oculto
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m vírus relacionado a diversos tipos de tumor, principalmente aos do colo do útero – forma de câncer praticamente extinta em países desenvolvidos mas que ainda mata cerca de cinco mil brasileiras por ano – agora tem um adversário à altura. O Ministério da Saúde anunciou que, a partir de março de 2014, incluirá a imunização contra o HPV – em português, o Papiloma vírus humano – no calendário oficial de vacinas, alcançando meninas de 10 e 11 anos. A meta do Ministério é imunizar, já no ano que vem, 80% das jovens brasileiras nessa faixa etária – protegendo 3,5 milhões de meninas. Uma campanha de alerta para a importância dessa imunização será desencadeada no segundo semestre, com foco não só nas meninas como nas famílias e professores – pois a vacinação deve acontecer nos postos de saúde e nas escolas públicas e particulares. Sabe-se que o vírus do Papiloma humano é responsável por cerca de 90% dos casos de câncer do colo de útero – o segundo tipo de câncer mais frequente em mulheres no Brasil, depois do de mama. Ele é transmitido através do contato sexual. Mas o que é realmente importante saber sobre o HPV? O vírus sempre resulta em um câncer? O médico oncologista Ellias Magalhães e Abreu Lima, da Oncomed de Belo Horizonte, esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.
O que é o HPV?
O Papiloma vírus humano forma uma família de mais de 150 tipos de vírus que infectam exclusivamente a pele e as mucosas dos seres humanos. Aproximadamente metade das pessoas com vida
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sexual ativa se infectará por um ou mais subtipos de HPV durante a vida e por isso ele é considerado a infecção sexualmente transmissível mais comum do mundo. Pesquisas recentes mostram que 40% das mulheres são portadoras do vírus no trato genital, ao passo que outros 16% o têm alojado na orofaringe (garganta). O vírus é responsável pelo desenvolvimento de diversas patologias, como a verruga vulgar, a verruga plana, o condiloma acuminado (verrugas genitais) e o câncer de colo uterino, canal anal, vulva, vagina, pênis e orofaringe. A maioria dos subtipos de HPV não apresenta potencial para levar ao câncer. Mas dois subtipos do vírus podem desencadear tumores malignos: os de número 16 e 18.
Que exame pode detectar o HPV?
O diagnóstico de infecção pelo HPV é feito através da pesquisa do DNA/RNA do vírus na amostra do tecido da mucosa genital, anal, oral ou outro local suspeito. Não é possível identi�icar a presença do vírus através de exames de sangue. Isso ocorre porque normalmente a infecção pelo HPV se restringe às camadas mais super�iciais do epitélio (tecido de revestimento).
A infecção pelo HPV sempre resulta em câncer?
Não. Os HPVs são divididos em oncogênicos, aqueles que têm a capacidade de desenvolver câncer, e os não-oncogênicos. Alguns subtipos não oncogênicos têm predileção pela pele, nesse caso levando ao aparecimento de verrugas comuns, planas e plantares (nas plantas dos pés). Outros subtipos têm atração pela pele e mucosas da região anogenital. Os locais mais comuns de infecção são o pênis, o escroto, a região perianal, o canal anal, a vulva, o intróito vaginal e o colo uterino. O HPV também pode infectar a cavidade oral, levando ao aparecimento de lesões potencialmente malignas.
Hoje adquirida da MSD pelo Ministério da Saúde, a vacina quadrivalente contra HPV será produzida nos laboratórios do Instituto Butantan, em São Paulo (à direita), em cinco anos
O que a mulher pode fazer para evitar a contaminação? A principal forma de transmissão do HPV é o intercurso sexual. Em pessoas com vida sexual ativa, uma relação monogâmica duradoura com parceiro não infectado é a estratégia mais e�iciente de prevenir o contágio. Mas, por se tratar de infecção assintomática, é di�ícil determinar se o parceiro com vida sexual ativa no passado está ou não infectado pelo HPV. O uso correto e consistente de preservativos pode diminuir bastante as chances de contaminação. O HPV não é transmitido pelo sangue.
Quais os sintomas do HPV?
Lesões do HPV no colo uterino raramente produzem sintomas. Na maioria das vezes, são descobertas ocasionalmente, através do exame preventivo de papanicolau. Mas verrugas genitais podem causar prurido, sensação de queimação e eventualmente levar a sangramentos durante o ato sexual.
Como é feito o tratamento do HPV?
Diferentemente das bactérias, vírus não são destruídos por antibióticos. Atualmente não existem medicamentos capazes de eliminar a infecção pelo HPV. O tratamento dependerá do tipo de lesão e, no caso do câncer, da extensão da doença. Tentar remover verrugas genitais manualmente nem sempre elimina o HPV e as lesões podem reaparecer. Tratamentos com agentes químicos podem ser dolorosos, deixar cicatrizes e causar embaraço. Podo�ilina e ácido tricloroacético são substâncias capazes de destruir as verrugas genitais externas, embora várias aplicações possam ser necessárias. Dependendo do tamanho, localização e quantidade das lesões, outras opções terapêuticas podem ser necessárias, como a crioterapia (congelamento utilizando-se nitrogênio líquido), eletrocauterização (corrente elétrica) e laser (calor).
VACINAÇÃO
A MELHOR PREVENÇÃO Hoje disponível apenas na rede privada, ao custo médio de 300 reais por dose (num total de três), e na rede pública de algumas poucas cidades brasileiras, a vacina contra o HPV passa a ser oferecida nacionalmente pelo Ministério da Saúde, que optou pela vacina quadrivalente produzida pela Merck Sharp & Dohme, que imuniza contra quatro tipos do vírus (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) são responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero. A vacina também protege contra o surgimento de verrugas genitais. A estratégia do Ministério, ao definir a idade de 10/11 anos como a faixa prioritária da imunização, é garantir que as meninas estejam imunizadas antes do início de qualquer tipo de atividade sexual – já que o HPV pode ser transmitido por contato íntimo, mesmo sem penetração.Cada paciente deve tomar três doses da vacina. O Ministério da Saúde pretende imunizar as meninas nas escolas e nos postos de saúde, com prévia autorização de pais ou responsáveis. Após a primeira dose, a segunda deve ser aplicada em dois meses e a terceira, em seis meses. Segundo Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde da pasta, a vacina é uma das medidas para a prevenção do câncer de colo do útero, mas não deve eliminar os outros métodos, como o exame Papanicolau e o uso de preservativo em todas as relações sexuais. Para que a vacina passe a fazer parte do calendário nacional de vacinação a partir do ano que vem, o governo deverá investir 360,7 milhões de reais para comprar 12 milhões de doses — cada dose sairá por 30 reais. A pasta também informou que será feita uma transferência de tecnologia da produção da vacina do laboratório MSD para o Instituto Butantan e que, dentro de cinco anos, a vacina poderá ser completamente produzida pelo laboratório brasileiro. REVISTA ABCFARMA
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Fique por dentro
CONSULTA PÚBLICA 13/2013 As propostas da ABCFARMA para aprimorar as práticas regulatórias da ANVISA
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ma das mais importantes resoluções no âmbito da vigilância sanitária foi colocada em audiência pública pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – e recebeu importantes contribuições por parte das entidades submetidas às práticas regulatórias do órgão, no sentido de aperfeiçoá-las em benefício, em última análise, do consumidor. Já nas disposições gerais da resolução, o primeiro item das diretrizes para as Boas Práticas Regulatórias da Anvisa é: “A proteção da saúde da população”. E foi visando prioritariamente a essa cláusula pétrea, e tendo em vista que a cada dia mais se exige da Agência uma atuação regulatória efetiva e eficiente, que perceba riscos e seja capaz de evitá-los para proteger a saúde do brasileiro, que a ABCFARMA participou ativamente da Consulta Pública 13, formulando suas sugestões. Destacamos abaixo as principais.
São elas: A fiscalização deverá ter natureza prioritariamente orientadora, quando a atividade ou situação, por sua natureza, comportar grau de risco compatível com esse procedimento”. Portanto, é possível estimular que a fiscalização local seja orientadora e coerente. Hoje há casos em que um mesmo estabelecimento recebe orientações conflitantes de dois fiscais diferentes. As entidades de classe, organizações sindicais ou associações de abrangência nacional legalmente constituídas e em funcionamento há pelo menos um ano poderão provocar a instauração de procedimento que resulte em proposta para Acordo Setorial do setor que representam”. São necessários o fortalecimento e o incentivo da participação popular de forma organizada.
Acréscimo de um item no artigo 15, que trata dos elementos básicos para AIR no âmbito da Agência: “Consideração das especificidades e particularidades regionais de cada região do país” No artigo 20, a ABCFARMA propõe mudança no parágrafo 2, que classifica como infração sanitária a recusa de informações à Agência. “O parágrafo 2 fere a legalidade, pois cria obrigação não prevista em lei. A prestação de informações deve ser voluntária”. No artigo 25, que trata da regulamentação de assuntos regulatórios em tramitação pelo regime especial. No texto original, há a previsão de dispensa de realização de consulta pública quando for adotado esse regime de tramitação. A ABCFARMA propõe que em todos os casos seja realizada consulta pública com a participação social, permitindo abertura para manifestação do setor regulado. Junto às sugestões da entidade na referida Consulta Pública, a ABCFARMA, através de seu assessor jurídico, Dr. Renato Romolo Tamarozzi, considerou positiva a intenção da Anvisa em aprimorar as práticas regulatórias, ressalvadas as mudanças propostas.
“Os impactos mais significativos são na fiscalização local realizada pelos órgãos de vigilância dos estados e municípios, visto que não há uma padronização harmônica dos procedimentos de fiscalização e das normas sanitárias do setor. A presente proposta aparece como um início para tratar do problema”. Dr. Renato Romolo Tamarozzi
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Dica FOTOS: DIVULGAÇÃO
Software
Cadri Saleh Ahmad Awad
para o varejo farmacêutico
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Ferramenta para automatizar vendas ou método de gestão?
inistrando cursos e prestando consultorias em todas as regiões do Brasil, temos testemunhado e constatado enorme dificuldade das farmácias e drogarias na utilização de softwares em seus PDVs.
Tais dificuldades decorrem basicamente de dois fatores: - Ausência de um modelo de gestão por parte do estabelecimento - Software concebido e construído sem um método de gestão. Tal combinação de fatores é inadmissível em empresas que querem e precisam ser mais competitivas. Sem um bom software, a farmácia convive com di�iculdades em obter os dados necessários para mensurar seus resultados �inanceiros e tomar decisões que façam seu negócio crescer e se tornar competitivo diante do mercado em que atua. Sabemos que muitos softwares disponibilizam centenas de relatórios e dados. No entanto, se essas informações não estiverem disponíveis de uma forma estruturada e lógica, que permita ao gestor da farmácia fazer TOMADA DE DECISÃO, terá sido em vão qualquer dado disponibilizado. É perceptível no varejo farmacêutico independente a ausência de: - Método de fechamento de caixa - Método de controle de estoque - Método de gerenciamento �inanceiro
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- Protocolos de�inidos de compras e vendas - Modelo de concessão de crédito para crediário Sem modelos de�inidos para execução das rotinas da farmácia e sem um software que integre tais modelos, a farmácia acaba apresentando di�iculdades em prosperar no mercado em que atua. Grande número de farmácias de varejo independente subestima a importância da aquisição de um software de excelência como ferramenta de automatização de métodos administrativos. E acabam por utilizar programas de desempenho duvidoso e complicado. O resultado disso é a subutilização do sistema, que acaba sendo empregado na maioria das vezes apenas para gerar vendas e fazer transações com cartões. A escolha de um bom software começa pela análise minuciosa dos recursos que o mesmo possui. Antes de adquirir um novo software, a empresa deve assegurar que ele atenda a todos os requisitos necessários e levantados pela própria farmácia. A empresa deve fazer um documento em que constem os requisitos mínimos para aquisição do software e cada requisito deve ser minuciosamente avaliado. Com tais informações, o gestor está preparado para melhorar a infraestrutura de dados e informação da sua farmácia e, consequentemente, ser mais e�iciente. Cadri Saleh Ahmad Awad, farmacêutico, consultor de empresas e sócio proprietário do Instituto Bulla-Adtec de Goiânia, empresa especializada em Gestão de Varejo Farmacêutico. 62 8484-8777 e-mail: cadri@institutobulla.com.br site: www.institutobulla.com.br
Seu cliente TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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Sua excelência, a con s
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s mulheres vêm galgando cargos expressivos na sociedade – inclusive como CEOs de grandes empresas públicas e privadas e até como presidente da República! Além de trazer a mulher com renda própria para o mercado consumidor, esse novo papel social as faz decidir o que comprar. Isso é especialmente verdadeiro nas farmácias. Nada menos que 75% dos clientes de farmácias e drogarias são mulheres e multicompradoras – compram para os filhos, pais, companheiros e para elas mesmas. Mesmo quando saem de casa para comprar um único produto, acabam adquirindo três ou mais. Por isso, a mulher merece uma atenção especial dos empresários de farmácia – como recomenda a farmacêutica e diretora da Ferrara Soluzioni, Consultoria e Treinamento, Dra. Tatiana Ferrara Barros.
Essas compras por impulso, em cascata, não devem iludir os donos de farmácia. As consumidoras de hoje são exigentes e bem informadas. Esperam encontrar um atendimento exemplar, sobretudo num ambiente, como a farmácia, que é mais de saúde e beleza que de doença, e um mix de produtos que dá impressão de fartura. Elas desejam encontrar o que precisam com facilidade e ainda ter acesso a novidades e promoções. O comportamento de compra da mulher moderna determina as ações que devem ser tomadas no ponto de venda, como layout, mix de produto
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e atendimento, para que as consumidoras se sintam satisfeitas. São os quatro pontos abordados pela Dra. Tatiana, nesta entrevista à Revista ABCFARMA:
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esmo quando saem de casa para comprar um único produto, acabam adquirindo três ou mais.
n sumidora Como é o perfil da mulher atual como consumidora no varejo farmacêutico? Bem informada, seletiva, mais exigente que o homem? Nas farmácias, o principal público são as mulheres. Elas geralmente são responsáveis por efetuar as compras do lar. Atualmente, a mulher está mais sobrecarregada, pois, além de cuidar da casa, também trabalha fora, o que reduz seu tempo para fazer compras. Assim, elas preferem locais que ofereçam mais agilidade no momento da compra. As mulheres, diferentemente dos homens, gostam de selecionar muito bem os produtos e se orgulham de saber fazer compras. Sentem prazer em buscar
Dra. Tatiana Ferrara Barros produtos. Enquanto o homem se preocupa em resolver o problema de forma ágil e e�icaz, elas se preocupam mais com preço, gostam de avaliar os produtos, lendo os rótulos, e querem experimentar para poder efetuar a melhor compra para sua família ou para si. São mais detalhistas e multifuncionais, são capazes de reparar em vários aspectos de uma loja, principalmente no ambiente. As compras para as mulheres têm
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aspecto de lazer, elas se divertem em procurar e comparar produtos. Outra característica é que elas gostam de imaginar o produto no momento do consumo e quais os bene�ícios que o produto traz. Um xampu não apenas vai lavar o cabelo dela, mas a deixará mais bonita e admirada.
O que ela espera em termos de atendimento? Que atenção especial deve ser dada a ela?
Os funcionários que fazem o atendimento precisam ser treinados de forma a entender e respeitar o comportamento de compra da mulher. Muitas vezes, na ânsia de atender, não damos o devido tempo para que a consumidora olhe os produtos, pegue-os e leia as embalagens. O funcionário, além de respeitar esse momento, deve encorajar tal comportamento, convidando-a a provar os produtos e comprovando que a informação que está sendo dada verbalmente consta no rótulo do produto, com calma e paciência. A venda deve ser feita por pessoas que conhecem o produto, para poder ensinar e inspirar con�iança nas mulheres.
Que sugestões você daria a um empresário de farmácia no sentido de preparar sua loja para
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esse público tão especial, em termos de layout, treinamento de pessoal, mix de produtos? O layout deve ser pensado de forma que crie um ambiente em que a mulher se sinta confortável, possa se deslocar com tranquilidade, permitindo que elas possam parar para ler os rótulos sem serem perturbadas por outros clientes. Ou seja, os produtos para as mulheres devem estar localizados em corredores largos. Além disso, é importante que ela encontre o preço do produto e a data de validade facilmente. Criar um ambiente que simule o uso é uma ótima estratégia para o setor de cosméticos e dermocosméticos, permitindo que a consumidora teste os produtos e possa se olhar no espelho. O treinamento do pessoal deve englobar tanto informações sobre os produtos, para que estejam preparados para dar informações, quanto o comportamento do consumidor e estratégias mais e�icazes para o atendimento. Em relação ao mix de produtos, deve apresentar variedade para que a consumidora tenha opções de escolha. O varejista que entender o comportamento de compra da mulher e oferecer aquilo que elas buscam com certeza se destacará no mercado e levará grande vantagem perante os concorrentes.
Serviço TEXTO: CELSO ARNALDO
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Dois casos, duas vitórias Boletos bancários com taxas abusivas de emissão e arbitrariedades na fiscalização sanitária numa cidade do interior de São Paulo – dois cenários modelares para ações do Sincofarma São Paulo/ABCFARMA em benefício de todos os associados dessas entidades
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união faz a força. A velha máxima continua impecavelmente atual quando se trata de causas comuns a todo um segmento – para as quais convergem os esforços de órgãos vocacionados para buscar o bem comum, como o Sincofarma SP e a ABCFARMA. Vamos conhecer os bastidores desses dois cases?
Boletos bancários – Uma taxa desproporcional. Dependendo do banco, boletos de cobrança enviados por distribuidoras de medicamentos a farmácias e drogarias incorporam uma “taxa de emissão” de até R$ 3,00 – em média, R$ 1,38. Na verdade, as empresas alegam que apenas repassam o que os bancos lhes cobram para processar o boleto. Mas quem acaba pagando é o varejo. Parece pouco, mas a taxa é a mesma para qualquer quantia. 80 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
Imagine-se um boleto de R$ 10, muito comum nas transações comerciais de pequenos estabelecimentos – a cobrança extra de R$ 3,00 equivale a nada menos do que 30% da quantia devida. Essa situação perdura por cerca de oito anos e, segundo cálculos abalizados, a taxa de boleto alcança um total de 18 milhões de reais por ano dentro do varejo farmacêutico no estado. O Sincofarma São Paulo foi, enfim, acionado por seus associados. Assim que tomou conhecimento da situação, a entidade, através de seus advogados, André Jabr e Renato Tamarozzi, entrou em campo para tentar resolver a justa queixa dos empresários. Num primeiro passo, os dois profissionais do Direito fizeram contato com a Abafarma, Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico, na tentativa de solucionar o problema amigavelmente.
“
Imagine-se um boleto de cobrança de R$ 10, muito comum no pequeno varejo. Uma taxa de emissão de boleto de R$ 3,00 pode parecer pouco, mas equivale a nada menos que 30% da quantia devida Dr. André Bedran Jabr
Assessor jurídico da ABCFARMA e do SINCOFARMA/SP
”.
Sem obter sucesso na negociação, recorreram à Justiça contra seis das empresas que cobravam taxas de emissão de boletos de seus associados. No presente momento, há três frentes jurídicas relativas a essas ações. Como explica o Dr. André, uma delas já foi julgada pelo Tribunal de Justiça, com ganho de causa para o Sincofarma. Outra foi julgada em primeira instância, também com vitória dos advogados da entidade. Uma terceira aguarda o julgamento do mérito. Enquanto as ações não esgotam seus trâmites legais, o Sincofarma se empenha numa tentativa de execução provisória pelo menos da primeira ação, o que causaria efeito suspensivo na cobrança. De qualquer forma, a Justiça parece caminhar para a formação de uma jurisprudência apontando a ilegalidade da cobrança da taxa de emissão de boleto. Vitória à vista.
São Carlos: uma cidade sitiada Visitando a cidade, a 230 quilômetros da capital, Claudia Furlanetto, consultora institucional do Sincofarma São Paulo, notou que a assistência farmacêutica em São Carlos deixava muito a desejar – não por falta de iniciativa, mas justamente porque todas as iniciativas nesse sentido esbarravam na intransigência da vigilância local. “Percebi um descontentamento geral das farmácias e drogarias em relação à proibição de oferecer serviços de assistência, como tirar pressão ou medir índices
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de glicemia, e vender produtos correlatos – que estão autorizados no estado para os associados do Sincofarma São Paulo”. Outra situação inusitada, na visão de Cláudia: “Os proprietários eram obrigados a levar pessoalmente os lotes de medicamentos vencidos para o descarte”. Em nome da insatisfação geral dos empresários de farmácia da cidade, Claudia foi se apresentar à fiscal da vigilância na cidade – e não sentiu um clima favorável a qualquer mudança. Ela se convenceu de que a postura repressora da vigilância em São Carlos se dava por atitudes pessoais dessa funcionária. Em seguida, tentou marcar reunião com o Secretário da Saúde e tomou chá de cadeira de seis horas. A reunião acabou não sendo realizada. O Departamento Jurídico do Sincofarma acabou entrando no circuito, notificando a Secretaria. Para resumir a história, a fiscal da Visa local foi substituída e o novo encarregado da vigilância comprometeu-se a empregar na fiscalização uma política de orientação ao comércio farmacêutico, não de repressão ou interpretação arbitrária dos atos e dos fatos. Depois disso, tudo mudou – e a assistência farmacêutica nos estabelecimentos locais passou a ser regida pela legislação em vigor, incluindo aquela derivada das liminares obtidas pelo Sincofarma e que valem para todos os associados – a exemplo da taxa devida ao Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, que era cobrada de cada loja de uma mesma empresa e hoje, depois de ação do Sincofarma São Paulo, só é cobrada da farmácia matriz.
“
Percebi um descontentamento geral das farmácias e drogarias em relação à proibição de oferecer serviços de assistência, como tirar pressão ou medir índices de glicemia, e vender produtos correlatos – que estão autorizados no estado para os associados do Sincofarma São Paulo.
”
. Claudia Furlanetto, consultora institucional do Sincofarma São Paulo,
Administração TEXTO: GERALDO MONTEIRO
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O impacto das mudanças sobre a vida das pessoas Embora transformações e mudanças tão rápidas e até radicais sejam inexoráveis em muitos quadros de transformações estratégicas, elas acabam criando grandes impactos sobre a vida dos profissionais envolvidos. Pessoas que, por décadas, foram �iéis “servidores da casa”, de uma hora para outra podem começar a levantar questões como: – Será que haverá algum lugar para mim depois das transformações? – Onde eu me encaixo na nova estrutura? – Será que tudo o que aprendi até hoje não serve para mais nada? – E essa meninada que está saindo agora da faculdade, irá tomar o meu lugar? – E a minha experiência não conta para nada? – Mas eu não entendo nada daquilo que está sendo implantado! – Eu acho que estou muito velho para aprender tudo de novo! – De que valeram tantos anos de sacri�ício e dedicação?
Os principais tipos de mudanças que podem ocorrer no ambiente externo da empresa são: no ambiente competitivo, nas regulamentações e leis, nas parcerias, nas alianças. Quando as mudanças são inevitáveis, as formas de lidar com elas variam de pessoa para pessoa, conforme seu per�il psicológico e sua maneira de ver o mundo e o futuro.
Geraldo Monteiro é mestre em Administração pela Fecap, assessor econômico da ABCFARMA,do Sincofarma/SP e Diretor Executivo da ABRADILAN
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Os pessimistas empedernidos só pensam no pior e preparam-se para ele, como se isso fosse uma certeza da qual não se pode escapar. Não veem qualquer possibilidade de melhoria pessoal ou pro�issional na mudança.
Os otimistas inveterados são aqueles que imaginam que tudo ocorrerá da melhor forma. O futuro perfeito é possível, é quase uma certeza. Não veem nas mudanças nenhuma possibilidade de prejuízo pessoal ou pro�issional. Os realistas proativos não são ingênuos como os otimistas, pois
sabem que existe alguma possibilidade real, embora pequena, de que a situação possa até piorar para eles, se nada �izerem. Mas sabem que, se �izerem “a coisa certa”, as chances de melhoria são concretas. É claro que não podem faltar os indecisos, que estão em cima do muro esperando para saber de que lado a bola vai cair. Esses não fazem nada de objetivo. Os gestores do processo de mudança precisam encarar objetivamente esses quatro tipos de pessoas, que existem, em menor ou maior proporção, em todas as organizações. A�inal, a maioria se preocupa com seu emprego e com a segurança da própria família. Por parte da empresa, o que fazer com cada um desses tipos? É claro que o tratamento a ser dado também varia de pessoa para pessoa, conforme seu per�il social, psicológico e pro�issional. Os pro�issionais devem ser claramente, extensivamente e repetidamente informados de que: 1 – As mudanças são inevitáveis, são uma questão de sobrevivência da empresa;
2 – Em princípio, todos os funcionários são chamados a participar do processo de mudanças;
3 – É inútil resistir às mudanças, pois elas virão, queiramos ou não.
4 – Deve-se deixar bem claro quais mudanças ocorrerão, e quando, para que cada um possa se posicionar em relação a elas.
5 –Existem oportunidades a serem exploradas por aqueles que se dispuserem a ajudar a fazer a mudança, da mesma forma que existem riscos pessoais para aqueles que não se dedicarem ao processo.
6 – Deve-se deixar claro, portanto, o que a nova gestão espera de cada colaborador. Entretanto, apesar de todos os esforços empreendidos pelos novos gestores, em última instância é o próprio funcionário quem decidirá de que lado prefere �icar. De maneira geral, as empresas atuais podem parecer, aos olhos de seus funcionários, mais imediatistas e mercenárias do que no passado, na medida em que os dirigentes tradicionais foram sendo substituídos, nas últimas décadas, por gestores com valores pessoais mais ambiciosos e empreendedores, bem diferentes dos anteriores. REVISTA ABCFARMA
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Perfil profissional TEXTO: DALMIR SANT´ÁNNA
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O vendedor Dalmir Sant´Anna, palestrante motivacional e autor do livro Menos pode ser Mais, fala aqui de um profissional essencial para qualquer forma de comércio: o vendedor. O que ele ensina aqui pode ser adaptado ao balconista de farmácia utilizar de exemplos práticos e vivenciais, o pro�issional fortalece o compromisso de inovar suas argumentações para os produtos e serviços, tornando os apontamentos mais atrativos, de acordo com o per�il do público alvo.
2)
Quantas vezes estamos diante de um pro�issional de vendas que enaltece o serviço ou produto que vende, mas não é capaz de comprá-lo? Certa vez, entrei em uma loja de eletrodomésticos, para comprar uma máquina de lavar roupas. Fui abordado por um vendedor, que disse que “as máquinas para serem impecáveis, só faltam estender e passar as roupas!” Depois de ouvir o vendedor, questionei qual dos modelos apresentados ele tinha em casa. Para minha surpresa, ele respondeu que reside sozinho e não possui máquina de lavar. Observe abaixo como evitar dissabor ao apresentar uma proposta comercial ou oferecer um produto para um cliente.
1)
Uma estrada de desmotivação e incertezas – Para fortalecer o pro�issionalismo na área comercial, além da conduta ética, há a necessidade de um per�il comunicativo, inovador e criativo, por meio da cordialidade e do uso da empatia. Existem vendedores que abandonam a seriedade dessa importante pro�issão para fazer piadas e acreditam que estão arrasando! Há vendedores que deixam de mostrar novidades para seus clientes e justi�icam que determinada marca tem preço elevado para o per�il da cliente. Caminham em uma estrada de desmotivação e incertezas. Não são capazes de oferecer outro produto e deixam de explorar o fato de que a empresa conta com expressivo mix de venda. Ao
Você contrataria um “especialista em jeitinho”? O pro�issional que quer argumentar com coerência sobre o produto ou o serviço com o cliente deve saber do que está falando. É inaceitável observar uma balconista, ociosa numa loja, sabendo que, nesse momento, ela poderia estudar os produtos, as ofertas e realizar a análise comparativa dos diferenciais de uma marca. O “especialista em jeitinho” passa ser aquele que, ao contrário de estudar, apresenta justi�icativa pela ausência de conhecimento. Quando é convidado para participar de um treinamento de vendas, o “especialista em jeitinho” responde que é pura perda de tempo e que sabe tudo que será apresentado. Gosta de improvisar com assuntos improdutivos ou não demonstra capacidade de argumentação sobre determinado produto ou serviço. Um treinamento pode contribuir para eliminar o comportamento do “especialista em jeitinho” e transformar o dissabor de um cliente em satisfação, aliado a atitudes pro�issionais e coerentes com as realidades do mercado. Houve um período da história comercial onde o vendedor era uma pessoa que usava de pretextos com o objetivo de “empurrar” algo para o cliente. Tempo passado, pois atualmente o papel do pro�issional de vendas é encarado como uma atividade essencial para o crescimento de qualquer organização. Note que, quando ouvimos a sugestão de alguém que usou determinado serviço e aprovou, passamos a analisar com maior segurança a proposta. Você estaria confortável, em uma aeronave, onde o piloto não se preparou para pousar? Você realizaria a compra de um automóvel com um vendedor que não acredita no que está oferecendo? Por qual caminho você está andando na trajetória do seu sucesso? Uma estrada de fracassos ou um caminho de conquistas com motivação? REVISTA ABCFARMA
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Gestão de negócios TEXTO: AMÉRICO JOSÉ DA SILVA FILHO / FOTOS: DIVULGAÇÃO
O RATO E O REI LEÃO Havia um leão, rei de todos os animais, que, depois das suas caçadas, costumava dormir à sombra de uma bela árvore. Perto dali estava a toca de um grupo de ratinhos. Eles sempre esperavam o leão dormir e então saíam para brincar entre as folhas caídas pelo chão. Um dia, quando o leão estava dormindo, os ratinhos saíram todos despreocupados e começaram suas brincadeiras. De repente, o chefe dos ratinhos caiu sobre a cabeça do leão, que logo despertou. Apavorado, disse-lhe o rato: “Desculpe-me, majestade, não me devore e prometo que nunca mais brincaremos aqui”. -- Ora!, respondeu-lhe o leão, Imagine se vou comer um mísero rato como você. Só como carne de primeira. Você só merece o meu desprezo e, portanto, não vou nem perder meu tempo. Vários dias se passaram até que, numa noite muito escura, o leão, em suas andanças pela �loresta, caiu numa armadilha de caçadores. Ficou amarrado por cordas muito fortes. Por mais que se debatesse, não conseguia livrar-se. Todos os bichos da �loresta fugiram apavorados. Nenhum se atreveu a ver o que estava acontecendo com o leão, muito menos socorrê-lo. Perto dali os ratos ouviram o barulho e, curiosos como são, foram ver o que acontecia. Ao chegarem perto do leão, viram que ele já estava muito cansado e esperando pelo pior destino. – Pelo que vejo, disse-lhe um rato, vossa majestade não consegue escapar. Mas não precisa se preocupar, tudo farei para libertá-lo. Chamou seus companheiros e ordenou: “Vamos roer depressa as malhas desta rede antes que os caçadores cheguem!”
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Américo José da Silva Filho
Todos se puseram a trabalhar febrilmente. Em poucos instantes, soltaram o rei dos animais daquela armadilha. O leão �icou muito grato e teve uma grande lição de solidariedade.
O
(Esopo – Escritor Grego do século VI a. C.)
leão, por se achar muito superior aos ratos, não os julgava dignos nem de servirem como alimento. A soberba é uma atitude muito
comum por parte de vários empresários. Acreditam ser melhores que os outros, sabem tudo, nada há a aprender, desprezam funcionários, clientes, concorrentes e parceiros. Só quando acontece uma crise, similar à do leão que �icou preso na armadilha, é que percebem o quanto foram presunçosos. A grande diferença entre a fábula e a vida empresarial é que os ratinhos perdoaram o leão e o ajudaram a sair da armadilha. Numa empresa, especialmente no varejo, di�icilmente isso acontece. Clientes desprezados e oportunidades de vendas perdidas raramente são recuperados. A concorrência é grande, o consumidor tem muitas opções e basta ser bem atendido em outro lugar para não voltar mais à nossa farmácia.
Não falo em desprezo, no sentido de menosprezar: basta não dar a importância que o consumidor espera ter. Alguns exemplos de atitudes que demonstram isso:
a)
Demora em atender os clientes que entram na farmácia.
b)
Demora ou erro na entrega de produtos em domicílio.
c) Fila e ou falta de troco no caixa. d) Falta de atenção com clien-
tes idosos e mulheres com crianças.
e) Falhas na orientação sobre
os produtos.
f) Falta de produtos. g) Falta de higiene e limpeza. h) Falta de contato periódico
com clientes de remédios de uso contínuo.
i)
Não ter, ou ter e não usar, um cadastro de clientes.
j)
Falhas desse tipo jamais serão esquecidas. O cliente pode até compreender que foi uma exceção no atendimento, mas a lembrança �icará. E se acontecer mais de uma vez, o estrago será cada vez maior. O cliente achará que é o padrão da farmácia. O passo seguinte será procurar outra.
O que podemos fazer para evitar tudo isso? Três ações indispensáveis:
1) Criar procedimentos 2) Capacitar a equipe 3) Fazer acompanhamento
no salão de vendas
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Procedimentos As pessoas cometem menos erros quando recebem orientações claras sobre como executar suas tarefas. Com procedimentos, tarefas deixam de depender da qualidade ou do bom humor do funcionário. Passa a haver consistência: todos fazem corretamente, e sempre.
Treinamentos Os funcionários precisam receber treinamento intensivo, de maneira a que dominem completamente os procedimentos de atendimento.
Acompanhamento no salão de vendas Tanto os procedimentos quanto os treinamentos produzirão melhores resultados se o proprietário acompanhar o atendimento realizado na farmácia. A presença constante do proprietário, orientando e corrigindo os funcionários, garante a aplicação dos treinamentos e dos procedimentos. Dedique pelo menos 80% do seu tempo ao acompanhamento do salão de vendas. Com esse tipo de ações, reduzimos a possibilidade de falhas no atendimento, evitando perder o grande trabalho de conquistar um cliente, por um momento de desatenção. Se falhas acontecerem, o melhor é reconhecer o erro e pedir desculpas, identificando e eliminando a causa. Temos visto alguns estabelecimentos muito falhos no atendimento, mas que, estando sempre cheios, os proprietários não se incomodam com isso. Parecem pensar: “se a loja está sempre cheia, por que me preocupar com o atendimento?”. É a arrogância de que falamos no início. O que esses não percebem é que a farmácia só continua cheia por falta de opções. Basta um bom concorrente naquela região para que a situação mude completamente.
Boas vendas!
Outro tipo de atitude similar ao do leão é o preconceito. Por exemplo: Pessoas vestidas com simplicidade não têm dinheiro para comprar. Idoso pergunta muito e não compra nada. Crianças mexem em tudo e podem quebrar os produtos expostos. Homem não tem vaidade e, portanto, não compra perfumaria. No meu bairro as pessoas só querem descontos, não ligam para atendimento. No varejo, não há lugar para ideias pré-concebidas. O mercado e o consumidor estão passando por profundas mudanças, e o que era válido há 10 anos hoje não é mais. Tome decisões baseadas em pesquisas e análises, não em conceitos que talvez já não sejam mais válidos.
“Deve-se evitar toda precipitação e todo preconceito ao se analisar um assunto e só ter por verdadeiro o que for claro e distinto.”
René Descartes - filósofo, físico e matemático francês (1596 - 1650)
Américo José da Silva Filho
Atco Treinamento e Consultoria E-mail: americo@atcotc.com.br
www.atcotc.com.br
Varejo TEXTO: MAURO PACANOWSKI
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Um case para
o varejo farmacêutico
O
consultor Mauro Pacanowski, expert em merchandising e professor nas cadeiras de marketing e Comunicação na ESPM, FGV e de marketing farmacêutico na UFRJ, fala sobre uma empresa de varejo norte-americana, de administração familiar, que é um exemplo mundial de satisfação do cliente – e faturamento per capita
De um modo geral, meus artigos se dirigem à maioria do varejo farmacêutico, constituído de pequenas e médias empresas, de cunho familiar, sem a devida consistência técnico-�inanceira, infraestrutura pro�issionalizada, conhecimentos mercadológicos e administrativos adequados às constantes mudanças e desa�ios dos dias de hoje. Todos sabem que o mercado é altamente competitivo, principalmente com relação à postura bastante agressiva das grandes redes e seu poder de logística e distribuição, aliado à parceria sempre crescente com a indústria e principais fornecedores. Pequenos e médios sobrevivem muitas vezes pela intuição, pelo faro, pela utilização da �iloso�ia de saber “comprar e vender”,
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professor da FGV/RJ e da UFRJ
adquirida dos antepassados, ou pela veia do empreendedorismo, pela ajuda constante dos distribuidores, �inanciando seus pequenos estoques e alongando seus prazos de pagamento, ou pela presença constante do dono no negócio, uma situação que comumente denominamos de “barriga no balcão”.
Meu objetivo com estes artigos é demonstrar que o mercado farmacêutico, mesmo sendo altamente competitivo, ainda aceita estruturas menores -- desde que estas se apoderem de novas e modernas técnicas, busquem entender o novo consumidor e, principalmente, aceitem abrir a cabeça para novos horizontes e pontos de convergência com o publico de sua área, sempre visando otimizar resultados �inanceiros e mercadológicos.
Stew Leonard: um exemplo a ser seguido
Stew Leonard, fundador da empresa que leva seu nome: exemplo de sucesso familiar
Mauro Pacanowski,
Há no mundo de hoje inúmeros exemplos de como o sucesso do comércio é feito e traduzido por detalhes – que, por serem sutis, às vezes passam despercebidos dos grandes conglomerados, mas são utilizados com frequência pelo pequeno varejo, muitas vezes de forma empírica. Pude conhecer e analisar um exemplo bastante objetivo dessa a�irmação durante meus estudos realizados na Universidade do Varejo, situada no estado de New Jersey, vizinho a Nova York, EUA. Tive a chance de ali visitar a sede da Stew Leonard´s, maior empresa de varejo do mundo em vendas por metro quadrado. Trata-se de uma média empresa, com quatro lojas no modelo “mercado de vizinhança”, que
funciona como um case para todas as empresas do mundo, inclusive farmácias e drogarias – embora seu forte sejam alimentos frescos. Na empresa trabalham quatro �ilhos e a esposa do proprietário – e a �iloso�ia deste é seguinte:
“Atender bem cada cliente representa no, mínimo, 100 dólares por visita. Se o cliente frequenta a loja duas vezes por semana, são 800 dólares. Se frequenta durante 60 meses, nessa média, são 72 mil dólares. Isto é: o cliente não é representado pelo que compra apenas uma vez, mas pela sucessão de visitas e compras. Você pode extrapolar esse cálculo da Stew Leonard´s para sua realidade, avaliar seu potencial e estimar quanto sua empresa pode ganhar aplicando uma �iloso�ia tão simples de venda e relacionamento.
Regras de ouro
Para rati�icar esse espírito, o fundador colocou na entrada da loja uma pedra enorme com os seguintes dizeres: Regra número 1 - O cliente tem sempre razão.
Regra número 2 - Se o cliente por acaso estiver errado, releia a regra número 1
A Stew Leonard tem história, sua família se orgulha de contá-la inúmeras vezes, sendo ganhadora de diversos prêmios internacionais de varejo e
Na entrada das lojas Stew Leonard´s, as regras de ouro do varejo: Número 1– o cliente tem sempre razão. Número 2 – quando não tiver, releia a Regra 1
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reconhecida pelos maiores executivos do mundo. Ela começou como uma ideia, uma vontade, um sonho que se tornou realidade através de técnicas simples, porém e�icazes, de conquista e perseverança. Assim como a Stew Leonard´s, também sua loja pode se transformar num local mais agradável, mais atraente e conquistar a atenção dos consumidores de sua região. Uma farmácia deixou há muito de ser um local somente de compra de remédios – que, na realidade, só é concretizada através da maneira pela qual são expressos nossa atitude e um olhar diferenciado em relação ao consumidor e da forma pela qual moldamos e exercemos na prática o conceito de nosso negócio. É importante que o PDV tenha uma �iloso�ia, represente o orgulho da família e introduza uma serie de atividades cativantes que despertem funcionários e atraiam consumidores. Não espere o consumidor se tornar cliente. Faça-o você mesmo, satisfazendo seu pedido original, mas proporcionando-lhe condições para que ele �ique mais tempo na loja, demonstrando seu carinho, sua atenção. O básico da relação é conhecer os hábitos e interesses do cliente e ter como foco a perspectiva de médio e longo prazo, incrementando o ticket médio ao longo do tempo. A�inal, você não abriu o negócio por uma temporada, mas para prosperar e criar vínculos futuros.
Pense nisso quando o primeiro cliente da manhã chegar.
Entrevista TEXTO: CELSO ARNALDO ARAUJO
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Deputado Walter Ihoshi Menos impostos, mais saúde Aprendi aí que reduzir a carga tributária signi�ica aumentar a produção e, consequentemente, o emprego e a arrecadação. Hoje, o mercado de cosméticos no Brasil é o terceiro maior do mundo. As relações que estabeleci ao longo desses anos no setor de cosméticos, bem como na diretoria da Associação Comercial de São Paulo, acabaram me levando para a Câmara dos Deputados. No Congresso, formamos uma bancada muito voltada à questão da tributação e já obtivemos diversas vitórias, como a discriminação dos impostos nas notas �iscais, que acaba de entrar em vigor. E como os medicamentos entraram na pauta dessa bancada?
E
m seu segundo mandato, o deputado federal Walter Ihoshi (PSD/SP) tem pautado sua atuação pela defesa intransigente do consumidor brasileiro e, particularmente, do maior acesso aos medicamentos e, consequentemente, à saúde e à qualidade de vida. Egresso de uma família com forte tradição no mercado de cosméticos, ele conseguiu instituir este ano a Frente Parlamentar para a Desoneração Tributária de Medicamentos, importante iniciativa, com o apoio da ABCFARMA, que visa à redução da carga fiscal que incide sobre os remédios vendidos no Brasil, hoje a mais alta do mundo. Nesta entrevista exclusiva à Revista ABCFARMA, o deputado Ihoshi fala sobre os objetivos da Frente. Sua origem como empreendedor num segmento congênere, os cosméticos, tem a ver com sua luta em prol da acessibilidade dos medicamentos? Tem muito a ver. Minha atuação parlamentar se justi�ica na luta contra a alta carga tributária do país. No setor de cosméticos, através da Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), onde fui diretor, conseguimos reduzir essa carga, que era de 77%, até para isenção, no caso de produtos de higiene e de prevenção, como os protetores solares.
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Há uns dois anos fui convidado a participar da Pharmanager (Fórum Nacional para o Desenvolvimento do Setor Farmacêutico e Cosmético), onde assisti a uma apresentação de Sergio Mena Barreto sobre a carga tributária dos medicamentos. E �iquei surpreso. Eu não imaginava que um produto essencial como os remédios pagasse tanto de imposto. Aliás, é hoje a maior carga tributária do mundo para medicamentos: 34%. Comecei a conversar com o setor e me animei a enfrentar o desa�io de criar uma frente parlamentar para a desoneração dos medicamentos. O que é uma Frente Parlamentar?
Um conjunto de parlamentares em torno de uma bandeira. Há no Congresso diversas frentes parlamentares muito atuantes, como a da Saúde e a das Santas Casas, da qual sou coordenador em São Paulo e que acaba de conseguir uma vitória bastante importante, com a concessão de �inanciamento das dívidas dessas entidades pelo BNDES. A Frente pela Desoneração dos Medicamentos tem o apoio de mais de 200 parlamentares, entre deputados federais e senadores, que estão lutando pelo consumidor brasileiro que necessita comprar medicamentos. A meta da Frente é zerar os impostos para os medicamentos?
Seria o ideal. Mas no momento em que o Brasil vive seria utópico zerar os impostos dos medicamentos. A carga média dos medicamentos no Brasil, repito, é a maior do mundo – em média, 34%. Temos, portanto, uma grande margem para redução.
Esses recentes movimentos de rua são favoráveis aos objetivos da Frente? Sim, porque este é um momento em que a sociedade despertou. Foi um movimento que surpreendeu a todos, mas é o momento de levar à sociedade a informação, que muitos desconhecem, de que a carga tributária sobre medicamentos no Brasil é a maior do mundo. Mesmo alguns parlamentares desconhecem isso. É preciso, primeiro, debater dentro de casa. Já aprovamos requerimento de audiência pública para discutir o assunto com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e depois precisamos expor isso à sociedade. O que impede o governo de, por iniciativa própria, reduzir uma carga de impostos tão escandalosa sobre produtos que salvam vidas?
Nenhum governante, em todos os níveis, sobretudo os ligados às �inanças, gosta de perder arrecadação. Infelizmente, o modelo econômico do Brasil está montado em função do gasto, do custeio – sobra muito pouco dinheiro para investimentos. A saúde tem um problema sério de �inanciamento, além do de gestão. Uma luta como essa é contra toda uma cultura de governo baseada na arrecadação e no custeio. Na medida em que a população adere a um movimento por melhores serviços, inclusive na saúde, a Frente tem maiores chances de avançar em seus propósitos concretos. Temos uma real possibilidade de efetivamente reduzir os preços dos medicamentos. Não queremos fazer barulho. Não estamos aqui para atrapalhar o governo, mas buscar soluções em bene�ício da população. Em breve, teremos uma reunião com secretários da Fazenda de todo o país. Do diálogo e da conversa séria nascerão os resultados. A par disso, há vários projetos tramitando no Congresso nesse sentido – como a PEC do senador Paulo Bauer, que isenta todos os medicamentos e que também estamos apoiando. Na luta da Frente, como individualizar os governos estaduais e o federal na composição da cesta de impostos?
Os estados também estão entre os vilões nessa questão da carga tributária – em São Paulo e na maioria dos estados o ICMS para os remédios é de 18%. A exceção é o Paraná, que hoje serve de modelo para mostrar os bene�ícios da redução �iscal – ali, a redução para 12%, além de aumentar a venda de medicamentos, reduziu os gatos públicos com a saúde no estado.
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A saúde tem um problema sério de financiamento, além do de gestão. Uma luta como essa é contra toda uma cultura de governo baseada na arrecadação e no custeio. Na medida em que a população adere a um movimento por melhores serviços, inclusive na saúde, a Frente tem maiores chances de avançar em seus propósitos concretos.
Daí a importância da formação de frentes parlamentares também nos estados, não? Sem dúvida. A primeira foi formada no estado de São Paulo, presidida pela deputada Maria Lúcia Amary, com o objetivo de conscientizar os parlamentares estaduais e levar o movimento para o interior do estado. Estamos mobilizando várias lideranças, inclusive no sentido de também criar frentes municipais. O objetivo da deputada Maria Lúcia é justamente abrir um canal de comunicação. O secretário da Fazenda de São Paulo, Andrea Calabi, já está sendo municiado com subsídios para uma negociação em torno da carga �iscal dos medicamentos no estado. Nós, parlamentares, temos uma missão, que é a de representar a população brasileira. Queremos produzir com esse projeto resultados concretos para o consumidor, melhorando sua qualidade de vida. Esse é meu compromisso. A Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados aprovou este mês um requerimento seu no sentido de promover audiência pública para tratar do fracionamento de medicamentos. Qual é a sua intenção com a medida?
O fracionamento hoje é facultativo, mas há um projeto no Congresso que torna essa forma de comercialização obrigatória. Se esse projeto efetivamente for aprovado, que garantia podemos e devemos dar ao consumidor brasileiro de que os medicamentos fracionados são seguros, já que serão vendidos fora da embalagem? Como a Anvisa fará a �iscalização? Dar segurança ao consumidor é o objetivo da audiência pública que acaba de ser aprovada.
Segurança TEXTO: RODRIGO KLEIN
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Medicamentos
Em busca da rastreabilidade
H
á três anos, uma lei que institui a rastreabilidade dos medicamentos, da cadeia produtiva ao consumidor, aumentando a segurança e a confiabilidade dos remédios, tenta encontrar seu caminho em meio aos meandros da burocracia – afinal, deve ser regulamentada ainda este ano. Por que a rastreabilidade é fundamental para o canal farma? Com formação nas áreas de Tecnologia e Análise de Sistemas, atual diretor de Tecnologia na T2 Software, Rodrigo Klein, foi coordenador do Grupo de TI responsável pelo desenvolvimento do Projeto Piloto de Rastreabilidade executado pelo Instituto ETCO. Contratado pela ABCFARMA para um estudo a ser apresentado à Anvisa, aqui ele passa o tema em revista
O problema Ao longo dos últimos anos, o mundo tem se deparado com um problema muito signi�icativo em relação à saúde pública. A falsi�icação de medicamentos tem se tornado um grande mal para toda a população mundial. A crueldade desse tipo de crime é indescritível – em muitos casos, cerceia o direito à vida quando uma pessoa que necessita de um medicamento vital não tem acesso ao produto genuíno. É sabido que a falsi�icação é realidade tanto em países
desenvolvidos como em países em desenvolvimento, nos países desenvolvidos o problema naturalmente é menor devido às rígidas regras sanitárias e também à constante �iscalização. Nos países em desenvolvimento o cenário é bastante preocupante – os medicamentos falsi�icados circulam em grande quantidade e causam danos irreversíveis aos consumidores. No Brasil, a legislação nos ajuda no combate a esse mal ao classi�icar a falsi�icação de medicamentos como crime hediondo. Isso leva o contraventor a receber penas mais duras, inibindo a prática de maneira mais e�iciente – mas não acaba com o problema. Diante desse desa�io, o setor privado, a sociedade e lideres governamentais do mundo todo tem buscado formas efetivas de combater a falsi�icação. Sabemos que, com maior ou menor grau de di�iculdade, os mecanismos atuais contidos nas embalagens ainda podem ser reproduzidos e levar o consumidor a um engano que pode ser fatal.
Rodrigo Klein, diretor de Tecnologia na T2
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A solução As discussões sobre esse assunto levaram à concepção de alguns modelos de rastreabilidade que seriam fundamentados na chamada identi�icação unívoca de cada unidade de medicamento. O processo de identi�icação unívoca é chamado de serialização, isto é, o ato de identi�icar unitariamente cada unidade de medicamento produzida. Duas unidades que foram fabricadas em sequência seriam identi�icadas cada qual com um código único e, a partir desse momento, são únicas em todo o mercado, ou seja, não podem existir duas unidades iguais. Caso isso ocorra, uma é legal e a outra provavelmente é falsi�icada. A soma da serialização com as novas tecnologias de sistemas de informação resulta na rastreabilidade perfeita – ou seja, no momento da produção deve existir um registro dessa unidade nos sistemas da indústria e, posteriormente, deve ser acrescida a informação do destino daquela unidade no momento da venda. Para que a serialização possa ser adotada em grande escala, devemos fazer uso de outras tecnologias, como o código 2D Datamatrix, capaz de concentrar uma quantidade maior
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de informações num espaço reduzido, quando comparado ao código de barras comum. Nesse código de barras bidimensional podemos incluir outras informações, como Lote, Validade, GTIN e um serial único.
No Brasil
Em nosso país, no ano de 2009 foi sancionada a lei 11.903 que “dispõe sobre o rastreamento da produção e do consumo de medicamentos por meio de tecnologia de captura, armazenamento e transmissão eletrônica de dados”. A lei, que deve ser regulamentada pela ANVISA ainda este ano, determina que toda unidade de medicamento comercializado no Brasil deve ser rastreada desde a sua produção até o consumidor ou paciente.
A ABCFARMA. em conjunto com outras entidades do setor farmacêutico, tem trazido o tema à discussão, para se avaliar quais são as melhores alternativas para sua implantação. Sabemos desde já que é necessário um padrão internacional de codi�icação dos dados contidos no 2D Datamatrix, pois isso ajudaria a reduzir custos em toda a cadeia. Não podemos nos esquecer de que o setor hoje carece também de padronização nas etiquetas das caixas de embarque. Nesse assunto, não temos nenhuma alternativa mais consolidada do que fazer a opção pelos padrões da GS1, uma entidade Internacional que já tem seus padrões disseminados pelo mundo, os quais já auxiliam no rastreamento de medicamentos em países como Turquia, Argentina e EUA.
Audiência pública
No dia 2 de Abril deste ano, a ANVISA publicou no DOU a consulta pública 10/2013, com o objetivo de colher informações e sugestões da sociedade e do setor sobre a publicação da norma que regulamentará a rastreabilidade de medicamentos. Notamos que a consulta pública colocou o assunto de forma muito consistente e deixou claro que estamos no caminho correto. No mês de junho último houve uma audiência pública em que tivemos a oportunidade de debater alguns pontos que são de extrema importância para o setor – entre eles, a adoção dos padrões internacionais da GS1 e a custódia dos dados da rastreabilidade, principalmente no que diz respeito ao acesso da ANVISA aos dados dos medicamentos.
Como funciona? Indústria Na indústria, cada unidade receberá na embalagem secundária um código 2D com as informações de Lote, Validade, GTIN e um serial. Esse código se chamará IUM (Identi�icador Único de Medicamento)
No �inal da linha de produção, cada embalagem terciária deve receber uma identi�icação com um código de barras padronizado GS1 SSCC, que, via sistema, remeterá a todos os IUMs que estão dentro daquela caixa. No momento do envio para o atacado, deverão ser informados via sistema quais volumes estão na remessa e quais são os IUMs contidos dentro de cada volume.
No atacado
Com base nas informações eletrônicas, o atacadista fará o recebimento e a conferência da remessa. Nesse momento, informará via sistema o recebimento dos volumes e acontecerá a troca de custódia de todos os IUMs que estão dentro de cada embalagem terciária.
Na venda ao varejo, o atacadista tem a opção de enviar a caixa fechada, ou abri-la para fracionar. Nesse caso, fará a leitura de cada um dos IUMs que deverão compor sua nova caixa terciária com um novo código SSCC.
No varejo
No momento do recebimento, a farmácia deverá fazer a leitura dos IUMs ou dos códigos SSCC das embalagens terciárias e informar via sistema a troca de custódia. Na venda ao consumidor, deve acontecer novamente a leitura do IUM e essa informação deverá permanecer armazenada de forma segura caso ocorra alguma �iscalização no futuro.
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O consumidor É provável que brevemente o consumidor possa ter acesso à consulta da situação do IUM através do uso de um celular com câmera. Nesse caso, ele será informado se o medicamento é legitimo, se está dentro do prazo de validade e, o mais importante, se não contém alguma ocorrência que coloque o consumidor em risco. Pode ser que este IUM esteja em um recall, tenha sido desviado da cadeia formal ou, pior, pode ser um medicamento falsi�icado.
Desafios e resultados esperados
Os desafios são grandes. Lidar com cada IUM exigirá investimento na melhoria dos processos, em atualização de software e na troca dos leitores no atacado e no varejo. Na indústria, o investimento em equipamentos e em sistemas será pesado e pode ocasionar inicialmente alguma redução na velocidade das linhas de produção. Os resultados também serão muito bem recebidos no atacado e no varejo, com o código 2D Datamatrix contendo todas as informações do medicamento. A venda de produtos controlados será muito mais fácil e menos suscetível a erros de digitação das informações de lote e validade. Obter todas essas informações numa única leitura será um ganho operacional muito bem-vindo ao ponto de venda. Não podemos deixar de mencionar que o ganho em relação à segurança do consumidor será o mais importante. Evitar o risco de que um medicamento ilegal seja consumido e cause danos irreversíveis à saúde de um consumidor é certamente o principal.
Bem-vinda, Rastreabilidade! rodrigo.klein@t2software.com.br http://www.t2software.com.br
Tecnologia TEXTO: SACHA SILVEIRA
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Desintoxicação digital Q
ue tal ficar desconectado por um dia, uma semana ou um mês? Deixar o celular desligado, não fazer login no Facebook ou evitar checar e-mails pode parecer um sacrifício impossível nos dias de hoje, principalmente porque as relações entre as pessoas estão cada vez mais digitais e conectadaS.
Segundo a psicóloga Josiane Cândido Porto de Melo, o uso generalizado de aparelhos como tablets e smartphones contribui para o surgimento de pessoas viciadas na rede, que �icam conectadas 24 horas por dia. “Com o fácil acesso à internet e redes sociais, algumas pessoas substituem as situações de vínculos próximos e reais para vivenciar a impessoalidade do virtual, o que pode ser prejudicial para seus relacionamentos. É necessário buscar o equilíbrio para não cometer exageros e não transformar o virtual numa compulsão. Tudo em excesso é prejudicial”. Para ela, é importante submeterse, de vez em quando, a uma desintoxicação digital, ou seja, dar um tempo para si mesmo, longe das redes sociais. “Desconecte para conectarse”, recomenda a psicóloga.
“A ideia da desintoxicação digital é permanecer off-line das redes sociais e aproveitar esse momento para fazer atividades ao ar livre, relaxar e aproveitar as folgas sem usar a tecnologia”, a�irma a psicóloga.
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Desligue-se do mundo virtual, ligue-se no mundo real Para neutralizar o uso excessivo de smartphones e tablets, a dica é de�inir algumas regras para evitar que eles atrapalhem a vida social. “Ponderar sobre os limites viáveis do uso da tecnologia no seu dia a dia é
fundamental. Estabeleça um horário para usar internet, desligue o celular enquanto assiste a um �ilme ou num encontro com amigos, evite checar e-mail a cada cinco minutos”.
“Algumas dicas possíveis para tentar encontrar um equilíbrio e não adoecer”, aconselha Josiane.
Fique off-line e aproveite: – Para ler
– Sair com os amigos (convide alguém para fazer o detox digital com você: namorado, marido, �ilho ou amigos
– Organizar melhor seu tempo
– Fique desconectado no sábado e no domingo, quando você não tem a obrigação de responder aos e-mails do seu chefe – Faça atividade �ísica.
De interesse do Varejo farmacêutico
CFF
- Conselho Federal de Farmácia
CFF marca presença no lançamento na periferia dos grandes cendo Mais Médicos rem tros, no interior e nas regiões Norte
O Conselho Federal de Farmácia esteve presente ao lançamento do Programa Mais Médicos, realizado pela presidente Dilma Rousseff, dia 8 de julho, em Brasília (DF). O CFF foi representado por seu vice-presidente, Valmir de Santi, pela farmacêutica Lorena Baía, representante da entidade no Conselho Nacional de Saúde (CNS), e Hortência Tierling, presidente do CRF-SC. Também estiveram presentes Ronald Ferreira, presidente da Federação Nacional dos Farmacêuticos, e Marco Aurélio Pereira, coordenador do programa Aqui tem Farmácia Popular (DAF). O Programa prevê a abertura de cerca de 10 mil vagas para médicos atua-
e Nordeste, com salários em torno de R$ 10 mil, e a criação de 11,5 mil novas vagas para residência médica, além da expansão de investimentos para construção e melhorias em hospitais e unidades de saúde, num total de R$ 15,8 bilhões. Ainda de acordo com o Programa, a residência médica será ampliada em dois anos. Estudantes que ingressarem nas faculdades de Medicina (públicas ou privadas) a partir de 2015 terão de cumprir um “período adicional de experiência” de dois anos de trabalho em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), como condição para receber o diploma universitário. Uma medida provisória tratando do plano será encaminhada hoje (09.07) ao Congresso.
CRF-SP
Conselho Regional de Farmácia de São Paulo
CRF-SP – Antirreumático na lista do SUS
O Ministério da Saúde incluiu medicamento para tratamento de doenças reumáticas na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com portaria publicada na edição do dia 8 de julho do Diário O�icial da União, passa a integrar a lista o naproxeno 250 miligramas e 500 miligramas, por comprimido. O medicamento é um anti-in�lamatório com ação analgésica e antitérmica. As doenças reumáticas, ao contrário do senso comum, não apresentam como sintomas apenas dores ósseas ou nas articulações, mas, também, em outros órgãos, como rins, olhos, pulmões e pele. A estimativa é que 30 milhões de brasileiros sofram de doenças reumáticas, dos quais 10% deles de artrite reumatoide.
110 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
CFF no Dia Nacional da Mobilização pela Coleta de Assinaturas para a Saúde Representantes do Conselho Federal de Farmácia participaram dia 10/07 da mobilização organizada pelo Movimento Saúde + 10, durante o Congresso do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), em Brasília. O principal objetivo do Movimento é reunir 1 milhão e 500 mil assinaturas para garantir que o Projeto de Lei de Iniciativa Popular, que assegura o repasse efetivo e integral de 10% da receita bruta da União para a saúde pública brasileira, seja levado para apreciação no Congresso Nacional. De acordo com a farmacêutica Lorena Baía, o CFF apoia integralmente a ação e também contribuiu para reforçar a coleta de assinaturas. “O CFF entende que o Sistema Único de Saúde tem que ser um sistema público, integral e universal. Coletamos assinaturas nos conselhos regionais de farmácia para que sejam somadas ao total necessário ao Saúde +10”, ressalta. Lorena Baía é integrante da Comissão de Saúde Pública do CFF e representa a instituição no Conselho Nacional de Saúde (CNS). Mais informações: http://www.saudemaisdez.org.br/
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária Norma sobre suspensão de fabricação de medicamentos terá consulta pública A Anvisa irá colocar em consulta pública uma norma que pretende regulamentar as obrigações dos fabricantes de medicamentos quanto à comunicação, à Agência, dos casos de descontinuidade, redução ou suspensão temporária de fabricação ou importação de medicamentos. A norma prevê um prazo mínimo de 180 dias entre a comunicação da empresa e a retirada do produto do mercado. Nos casos de suspensão temporária de fabricação ou importação de medicamentos indispensáveis, decorrentes de motivos técnicos que impactem sua qualidade, segurança e eficácia e que possam afetar sua disponibilidade à população, a
comunicação à Agência deverá ocorrer no prazo de 24 horas da suspensão. A proposta prevê ainda a obrigatoriedade do titular do registro de comunicar previamente pacientes, serviços de saúde e profissionais da área sobre datas e razões da descontinuidade, bem como a previsão de retomada da fabricação ou importação. Nos casos em que for verificado risco de desabastecimento de mercado, serão aplicadas as normas de priorização de registro para medicamentos substitutos. A consulta pública foi aprovada em reunião pública da Diretoria Colegiada da Anvisa em 25/6 e recebe contribuições até 5 de agosto.
Orientação da ANVISA sobre o
SNGPC 2.0
Nenhuma farmácia/drogaria no presente momento de instabilidade do SNGPC poderá ser autuada por não ter �inalizado o inventário ou estar em atraso com o envio de dados para o SNGPC, uma vez que, conforme prevê o Art. 6º da Instrução Normativa nº. 11/2007, “não deverão ser objeto de autuação pelo órgão de vigilância sanitária competente os problemas decorrentes de di�iculdades técnicas temporárias, entendidas como di�iculdade de natureza operacional ocorrida no sistema, caracterizado como falha, interrupção ou ausência de comunicação na transmissão de dados e informações por período igual ou superior a 24 horas”. Caso a instabilidade persista, deve-se imprimir a página que comprove a tentativa de acesso e guardá-la para o caso de �iscalização.
112 | REVISTA ABCFARMA • AGOSTO/2013
Tradicional medicamento contra cólica de bebê pode voltar ao mercado A Funchicórea – medicamento tradicional contra cólicas de bebês usado por mais de sete décadas no Brasil, mas fora do mercado há mais de um ano – pode voltar em breve às prateleiras. No começo de julho, a Anvisa reverteu decisão adotada em 2005, que indeferiu o registro do produto.Vendas do medicamento ainda ocorreram até o início de 2012, sob efeito de liminar conseguida pela empresa. Derrubada a medida, a Funchicórea saiu do mercado. Segundo Dirceu Barbano, diretor-presidente da Anvisa, o veto do produto em 2005 não teve relação com questionamentos sobre sua e�icácia. O diretor explica que, à época, havia receios sobre as variações na quantidade do princípio ativo no produto porque um dos componentes, a planta ruibarbo, estava na forma de um pó. "A planta em pó poderia ter variações. Hoje, com a documentação apresentada pela empresa, pelas tecnologias que temos e por mudanças no marco de regulação, é possível retomar a autorização." Este ano, a Anvisa começou a discutir a criação da categoria de produto tradicional �itoterápico. A ideia é que os fabricantes comprovem sua segurança pelo uso tradicional registrado em artigos e livros, desde que cumpram as regras de higiene atualmente exigidas. O diretor da Anvisa explica que a Funchicórea volta ao mercado registrada como medicamento, mas que a empresa poderá optar por enquadrá-lo na nova categoria.
ABRADILAN
Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais
JONY TAVARES ASSUME A PRESIDÊNCIA DA ABRADILAN Jony Anderson Tavares de Sousa, executivo da Emefarma/RJ, assume a presidência da Associação Brasileira dos Distribuidores dos Laboratórios Nacionais (Abradilan) para a gestão 2013-2015. Formado em Administração de empresas e pós-graduado em gestão empresarial pela FGV-RJ, Jony atua no setor farmacêutico há mais de 25 anos
NOVO CONSELHO DIRETIVO DA ABRADILAN
Presidente: Jony Anderson Tavares de Sousa (Emefarma-RJ) Vice-Presidente: Francisco das Chagas Almeida Gomes (Total Comercio-CE) Diretor Financeiro: João Orologio Marchiori (Elite-SP) (Elite Distribuidora- SP) Diretor Secretário: Vagner Antônio Paschoal Ferreira (Neosul -RS) Diretor Secretário Adjunto: Ronald Remondy Júnior (Dismed -SP) Diretor de Relações Institucionais: Juliano Cunha Vinhal (Meditem - MG)
FECOMÉRCIO-RN
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte
Presidente da Câmara atende pleito da Fecomercio/RN e garante implantação de monitoramento de segurança em Natal
O deputado Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara, com o presidente do Sistema Fecomercio de RN, Marcelo Fernandes Queiroz
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O presidente da Câmara dos Deputados, o potiguar Henrique Eduardo Alves, engajou-se no projeto para implantação de monitoramento por câmeras de segurança nos corredores comerciais da cidade de Natal, encampado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN. Em solenidade na sede da Federação, conduzida pelo presidente do Sistema Fecomercio RN, Marcelo Fernandes de Queiroz, o deputado Henrique Alves recebeu em mãos o projeto e prometeu retornar à Fecomercio/RN brevemente com o projeto aprovado pelo governo federal. “Entregamos o projeto detalhado ao presidente da Câmara, que garantiu que vai viabilizar as verbas para a implantação do monitoramento”, explicou Marcelo Queiroz. Disse o presidente da Câmara: “Esta, sem dúvida, é mais uma luta que iremos ganhar, e será mais um legado que a Copa de 2014 nos deixará”.
Atualidades Photoprot FPS100, protetor para o ano todo
Nos meses frios do ano, a atenção e os cuidados com a pele precisam ser redobrados. A Biolab desenvolveu o fotoprotetor Photoprot FPS100, com bene�ícios da nanotecnologia e fator 100 de proteção contra os raios UVA, dedicado ao público feminino, combinando três agentes nanoencapsulados: dois �iltros solares orgânicos – a Avobenzona e o Octocrileno, responsáveis pela absorção da radiação UVA e UVB, e o óleo de Buriti, que atua como agente antioxidante e emoliente. Outra vantagem de Photoprot FPS100 é a proteção de cicatrizes recentes pós-cirurgias e pós-procedimentos dermatológicos, e a prevenção e terapia adjuvante de manchas na face. Registro MS: 2.2763.0079 SAC: 0800 724 6522
Clariderm Professional no inverno No inverno aumenta a preocupação em clarear as hiperpigmentações na pele do rosto, em sua maioria causadas por exposição solar sem fotoproteção, ou no período pós-gravidez. O Clariderm Professional é um dermocosmético clareador desenvolvido pela multinacional farmacêutica Stiefel. Estudo clínico comprovou a equivalência de resultados com hidroquinona 2%, com melhor tolerabilidade cutânea. A fórmula exclusiva de Clariderm Professional contém três ativos que clareiam e uniformizam o tom da pele. Além disso, não provoca cravos, é hipoalergênico e indicado para todos os tipos de pele. O produto está disponível em uma embalagem com 60g, ideal para o uso contínuo por 60 dias. Registro MS: 2.0190.0130 O Clariderm Professional tem limitação de atuação. As hiperpigmentações da pele podem apresentar diferentes origens e/ou serem de difícil clareamento. Elas podem indicar problemas mais graves, que podem exigir outros cuidados, por isso, consulte sempre um dermatologista, que é o profissional mais indicado para avaliar e cuidar da sua pele. SAC: 0800 704 3189
Termolen Celulite: a nutrição como arma
Produzido pela Equaliv, o Termolen Celulite é um suplemento natural que auxilia na redução da celulite de maneira inteligente e saudável, através de duas etapas distintas e complementares. Na fase 1, dois óleos, o de semente de uva e o de cártamo, promovem a estabilização das paredes dos vasos sanguíneos e melhoram a circulação. Na fase 2, vitaminas e sais minerais ajudam na produção de colágeno e aumentam a �irmeza da pele. Registro MS: Produto dispensado de Registro conforme RDC nº 27/2010 Contraindicações: Este produto não dever ser consumido por crianças, gestantes, idosos e portadores de enfermidades. SAC: 0800 774 6767
Maciste Vit, para atletas O Maciste Vit tem uma fórmula exclusiva que compreende quatro tipos diferentes de fontes proteicas: a concentrada do soro do leite (WPC, whey protein concentrada), a soja, a caseína e a albumina, componentes que garantem uma combinação perfeita de proteínas com absorção prolongada e máximo aproveitamento dos nutrientes. Fornece grande quantidade de aminoácidos de cadeia rami�icada (BCAAs), imprescindíveis para a manutenção e a recuperação muscular. É um novo conceito de produto para atletas com di�iculdades de ganhar peso e atingir a hipertro�ia dos diversos grupos musculares. Registro MS: Produto dispensado da obrigatoriedade de registro conforme rdc nº 27/2010. • Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico. • Este não é um alimento com valor energético reduzido. • Ingredientes do produto preparado segundo as indicações do rótulo. • Contém fenilalanina • Não contém glúten nem acúcares Disponível em: 3 kg, 1,5 kg, 1 kg e 450 g SAC: sac@midwaylabs.com.br
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Orlistate, modulador do metabolismo Genérico do Xenical, Orlistate – consagrado medicamento que pertence à classe dos moduladores do metabolismo e da digestão –S é mais um lançamento Hypermarcas, sendo apresentado em duas versões: 120mg cápsula c/42 e 120mg cápsula c/84 Registro MS.: 1.5584.0388 Contraindicações: Informe ao seu médico caso possua alergia prévia a outros medicamentos, alimentos, tinturas ou se estiver tomando outros medicamentos, incluindo aqueles obtidos sem prescrição médica. Não deve tomar este medicamento se tiver alergia ao orlistate ou a qualquer outro componente da fórmula. Tampouco deverá usar orlistate caso seja portador de problemas crônicos de absorção intestinal ou de problemas na vesícula biliar. Sac: 0800.97.99.900 SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO
Oximetazolina, descongestionante nasal Genérico do medicamento de referência Afrin, Oximetazolina, da Hypermarcas, é um poderoso descongestionante nasal, apresentado na versão 0,5mg/ml solução, frasco c/30ml Registro MS.: 1.5584.0385 Contraindicações: para pacientes com hipersensibilidade a qualquer dos componentes de cloridrato de oximetazolina solução nasal constitui uma contraindicação para seu uso. Não use este produto se você tiver doença cardíaca, hipertensão (pressão alta), doenças da tireóide, diabetes ou dificuldade em urinar devido ao aumento do tamanho da glândula da próstata, a menos que indicado pelo médico. Sac: 0800.97.99.900 SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO
Valerato de betametasona + sulfato de gentamicina + tolnaftato + clioquinol Tendo como referência Quadriderm, a associação medicamentosa Valerato de betametasona + sulfato de gentamicina + tolnaftato + clioquinol, da Hypermarcas, pertence à classe dos glicocorticoides tópicos, sendo indicado nos processos in�lamatórios da pele. Apresentado em creme bisnaga c/20g Registro MS.: 1.5584.0009 valerato de betametasona + sulfato de gentamicina + tolnaftato + clioquinol. Creme dermatológico Contraindicações: qualquer alergia ou alguma reação incomum a qualquer um dos componentes da fórmula do produto. Interações Medicamentosas: Não foram relatadas interações medicamentosas clinicamente relevantes. Sac: 0800.97.99.900 SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO
Minisonic, inalador portátil
A Soniclear acaba de lançar o Minisonic, inalador portátil ultrassônico, transportado com facilidade e dispondo de um adaptador para o acendedor do carro. O aparelho é totalmente blindado, o que permite ao usuário fazer a inalação deitado ou sentado, sem derrubar a medicação, podendo ser utilizado tanto por crianças como adultos. O aparelho transforma a solução do medicamento a ser inalado em micropartículas de névoa, que atingem as vias respiratórias, amenizando as crises em apenas 10 minutos de inalação, na intensidade máxima. O temporizador regula o uso do aparelho com total segurança por 10 minutos, na intensidade máxima, 15 minutos na média, e 20 minutos na mínima. Após esse período, ocorre o desligamento automático, evitando que o aparelho queime. Entre os acessórios, duas máscaras faciais anatômicas, uma boquilha �lexível para uso oral, uma nécessaire de transporte, cabo elétrico, adaptador para o acendedor do carro, e jogo com 15 copos reutilizáveis. Registro MS: 80023140011 SAC: (11) 2060-9500
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Dia a dia TEXTO: CELSO ARNALDO
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Bexiga cheia
N
ormalmente muito disciplinada e pontual, ela costuma avisar quando precisa ser esvaziada – mas às vezes dá “alarmes falsos”, forçando corridas ao banheiro mais próximo. A bexiga, um reservatório capaz de armazenar até meio litro de líquido sem acidente, tem seus caprichos. A chamada “bexiga hiperativa” – que obriga milhões de pessoas à corrida descrita acima – é um desafio para os urologistas, assim como seu oposto, a bexiga preguiçosa. Aqui, o Dr. Flávio Trigo da Rocha, Professor Livre Docente de Urologia da Faculdade de Medicina da USP e médico do Núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-Libanês, ensina o melhor modo de se ter uma bexiga obediente e bem comportada A bexiga é apenas um reservatório de urina?
É um órgão extremamente so�isticado. Em primeiro lugar, consegue acumular a urina sem aumentar a pressão interna, o que permite aos rins drenar urina livremente para ela, independentemente do nível desse reservatório. A bexiga aceita até a última gota, sem nenhum obstáculo. Outra característica “inteligente” da bexiga é que seu controle é feito pelo sistema nervoso. À medida que enche, ela envia sinais de que isso está acontecendo. Quando cheia, o sistema nervoso manda-lhe uma mensagem de que é preciso se contrair. Na maior parte do tempo, o sistema que controla a saída da urina está inibido, para que não haja vazamentos. No momento de irmos ao banheiro, essa inibição deixa de existir. A bexiga, na verdade, funciona num mecanismo de liga e desliga. A bexiga normal é...
... armazenar urina, sentirmos que ela está cheia e termos tempo e calma para ir ao banheiro esvaziála num �luxo normal. Quando isso não acontece, algo de errado está acontecendo. E o principal problema é a bexiga hiperativa. A chamada urgência miccional atinge tanto homens como mulheres, mais mulheres do que homens, mais idosos do que jovens. É uma bexiga de “pavio curto”, como costumamos dizer. Quando ela avisa, é preciso correr para não perder urina. E isso interfere com o cotidiano, porque as pessoas começam a se retrair, evitam sair. O que caracteriza a bexiga hiperativa não é o
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número de vezes em que a pessoa vai ao banheiro, mas a urgência – a sensação de ter de ir naquele momento. As pessoas saem no meio de um �ilme, um jantar. E a primeira coisa que fazem ao chegar a um ambiente desconhecido é perguntar onde é o banheiro, numa postura defensiva.
E como é que se trata a bexiga hiperativa? Inicialmente com medicamentos anticolinérgicos, que inibem a contratividade da bexiga – mais precisamente os antimuscarínicos, das oxibutitinas, que são mais antigas, a tolterodina (nome comercial: Detrusitol) e a darifenacina (Enablex). Entre os novos medicamentos, a solifenacina (Vesicare). Numa boa parte dos casos, consegue-se conter a urgência miccional. Quando falha o tratamento medicamentoso, podemos recorrer a tratamento �isioterápico – que se baseia num re�lexo que todos nós temos: contraímos o assoalho pélvico quando temos muita vontade de urinar. Com isso, se inibe a contratividade a bexiga. Os �isiot er ap eut a s ensinam os pacientes a melhorar essa
contração, seja por exercícios �ísicos, seja por exercícios conduzidos por computador – o biofeedback. Eletrodos colocados na região perineal mostram ao paciente o que é contração e relaxamento, levandoo a simular essas sensações organicamente. Outra opção é estimulação elétrica com correntes de baixa intensidade, que estimulam o músculo e inibem a contração da bexiga. Quando isso também falha, temos usado toxina botulínica (Botox) injetada diretamente na bexiga através de endoscopia, com efeitos que duram de 10 meses a um ano. E o contrário da bexiga hiperativa, a bexiga “preguiçosa” – existe?
Sim, em determinados grupos de pacientes, como os diabéticos, nos quais a bexiga vai perdendo sensibilidade por lesões na enervação – e não avisa quando está cheia. Com isso, a bexiga vai esticando e perdendo sua contratividade. Numa segunda fase, se torna �ibrosa e inelástica. Ensinamos aos diabéticos que a melhor forma de prevenir lesões da bexiga é urinar não pelo desejo, mas pelo horário – de três em três horas, por exemplo. Em não-diabéticos, isso não ocorre?
Sim, há mulheres que têm o hábito de, por higiene, não utilizar banheiros fora de casa. Isso é ruim, do ponto de vista do trato urinário, porque, quanto mais tempo a urina �icar armazenada, maior o risco de infecções urinárias – bem maior, aliás, do que o de ir a um banheiro público. Segurar a urina por muitas horas não é saudável.
Dr. Flávio Trigo da Rocha, professor livre-docente da USP e urologista do Hospital Sírio-Libanês Você está apenas permitindo um meio de cultura a serviço das bactérias. Uma das defesas do organismo contra as infecções do trato urinário é justamente “lavar o encanamento” o tempo inteiro, através da urina.
Beber água o dia inteiro virou moda. Qual é o re�lexo disso para a bexiga?
Primeiro, não faz o menor sentido. Nosso controle de líquidos no organismo é muito so�isticado e regulado pela sede. Em Boston, �izeram recentemente um estudo com idosos que perdiam urina. Um adulto normal urina em torno de um litro e meio por dia. Entre esses idosos, a grande maioria urinava de 2 a 3 litros. Reduzindo a quantidade de líquidos ingeridos, a maior parte deles se curou sem nenhuma medicação. Tomar líquidos em excesso sobrecarrega o trato urinário.
Resumidamente, qual é a cartilha do bom funcionamento da bexiga? Urine bastante. Não segure Não precisa ingerir água em demasia. Só beba de acordo com sua necessidade Cuide de seus hábitos intestinais. Não deixe ressecar Consuma cranberry se tiver propensão à cistite.
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A farmácia em destaque TEXTO: EMERSON ESCOBAR
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REDE DE DROGARIAS ULTRAPOPULAR ASSUME NOVO
POSICIONAMENTO NO MERCADO
I
naugurada há pouco mais de um ano com o intuito de tornar-se a rede de drogarias mais popular do país, a UltraPopular apostou no baixo custo de gerenciamento e na consequente prática de preço baixo para dar força a sua maior estratégia - conquistar a clientela - e conseguiu.
Atualmente com 105 lojas (mais que o dobro do registrado em março passado) integradas a 25 redes associadas à FEBRAFAR (Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias), e atuação em 55 municípios dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, Paraíba, Bahia e Distrito Federal, a Rede de Drogarias UltraPopular vem ganhando cada vez mais espaço no Loja UltraPopular de Jequié (BA) varejo farma brasileiro. trativa, sediada em São Paulo, acompanha todos os A rápida expansão, como aponprocessos e oferece total suporte a todas as lojas ta o presidente Edison Tamascia, deve-se ultrapopulares, desde a concepção do projeto até o ao bem sucedido modelo de negócio adotado pela pleno funcionamento de cada unidade”, complemenRede, que desde a inauguração conta com uma e�ita o diretor administrativo da Rede, Paulo Roberto ciente estrutura funcional. “Nossa central adminisO. da Costa. Sob o slogan “Quem é a maior, tem o preço menor”, a UltraPopular permite aos empresários do grupo as“Nossa central administrativa, sociativista a obtenção de vantagens competitivas e sediada em maior lucratividade por meio de um gerenciamento São Paulo, sistemático de custos, prática de descontos e criação acompanha todos de imagem de preço baixo, permitindo à população o os processos acesso a medicamentos com os preços mais baratos e oferece total do Brasil e possibilitando a todas as pessoas a contisuporte a nuidade de seus tratamentos. todas as lojas Responsável por criar a estrutura necessária ultrapopulares, para a gestão e o funcionamento das farmácias e desde a concepção do oferecer todo o suporte necessário para o empreprojeto até o pleno sário, desde a montagem do estabelecimento até a funcionamento de estratégia comercial a ser adotada, o executivo, que cada unidade”. é cientista farmacêutico pós-graduado em Gestão de Edison Tamascia, Negócios, menciona algumas das principais caractepresidente da rísticas das lojas ultrapopulares. rede
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“Além de disporem de manuais de orientação [normas e procedimentos e marketing, por exemplo], elas seguem padronização visual (layout interno e externo), contam com equipe de colaboradores uniformizada e iniciam as operações com um vasto mix de produtos,” informa Costa.
Vale salientar que, ao aderirem à marca UltraPopular, os empresários recebem treinamento sobre o posicionamento da Rede, mix de produtos e diversos processos gerenciais, dentre os quais a realização dos lançamentos de dados no sistema PAI (Painel de Aferição de Indicadores), ferramenta disponibilizada pela FEBRAFAR que aponta indicadores de e�iciência do sistema operacional e �inanceiro da loja, fundamentais para o proprietário ter uma visão estratégica do estabelecimento.
Empresários durante treinamento na central da Rede, em São Paulo
REPOSICIONAMENTO DA MARCA Segundo levantamento do IMS Health, instituto que audita o mercado farmacêutico no Brasil e no mundo, observa-se que o ambiente no varejo brasileiro deve permanecer bastante dinâmico nos próximos anos. E as redes independentes já estão buscando diferentes tipos de modelos para obter maior e�iciência em seus negócios. Idealizada como uma alternativa de negócio para os empresários ligados às redes associadas à FEBRAFAR, a caracterização, até então popularesca, de�initivamente cedeu à modernidade. A própria dinâmica de mercado e o novo per�il de consumo contribuíram para que a Rede de Drogarias UltraPopular se reposicionasse no varejo. “Sem dúvida, o nosso atual conceito de loja popular
“Além de disporem de manuais de orientação (normas e procedimentos e marketing, por exemplo), elas seguem padronização visual [layout interno e externo], contam com equipe de colaboradores uniformizada e iniciam as operações com um vasto mix de produtos.” Paulo Roberto O. da Costa, Diretor Administrativo da Rede
está atrelado somente à ausência da prestação de serviços e à competitividade conquistada devido à dispensação de medicamentos a preços mais baixos que a concorrência - fato este que colaborou para que atraíssemos, indistintamente, clientes de todas as classes econômicas”, justi�ica o Presidente.
O diretor administrativo da Rede destaca outra estratégia que colabora para o enorme sucesso das drogarias ultrapopulares junto à população. “A crescente demanda de consumo, por si só, exige dos nossos estabelecimentos um maior sortimento de medicamentos (referência, genéricos e similares) e até mesmo de produtos correlatos (do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos)”, a�irma Costa. Tamascia, que também preside a FEBRAFAR, explica que, assim como as farmácias de todo o país, a maioria das unidades licenciadas sob a marca UltraPopular já dispõe de instalações mais amplas, estoque maior e equipe de colaboradores preparada não apenas para oferecer medicamentos a preços altamente competitivos, mas principalmente para prestar atendimento personalizado e quali�icado a todos os clientes-consumidores.
O executivo faz questão de reforçar que a atratividade deste modelo de negócio advém do baixo custo para gerenciamento. “Não implementamos serviços. O que procuramos fazer é centralizar as negociações na central da Rede e otimizar a performance dos colaboradores de cada loja,” relata. De acordo com o diretor executivo da Rede, José Abud Neto, “o gerenciamento das lojas é 100% realizado por nossa central administrativa, onde dispomos de pro�issionais da área administrativa, tecnológica e comercial, além de uma farmacêutica”, diz. REVISTA ABCFARMA
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Loja UltraPopular de São Paulo (SP) Ele ressalta que a determinação da lista e a padronização do cadastro de produtos a serem comercializados, a preci�icação a ser adotada, bem como o acompanhamento das vendas que são efetivadas em cada loja, são atribuições da própria central da Rede. “Por meio de relatórios, conseguimos identi�icar o desempenho de cada ponto de venda e, em caso de incompatibilidades, imediatamente conseguimos promover as ações necessárias para manter toda a e�iciência operacional de cada loja”, orgulha-se.
MAIOR ADESÃO À REDE
De acordo com a região de atuação das redes associativistas, a FEBRAFAR concede gratuitamente o uso de uma das três marcas registradas às novas lojas, que podem atuar como UltraPopular, MaxiPopular ou MegaPopular - bandeiras estas que, apesar da nomenclatura diferenciada, seguem a mesma logotipagem. É importante esclarecer que, a critério de cada rede integrada à comunidade FEBRAFAR, os empresários interessados em abrir unidades ultrapopulares não necessariamente têm de possuir farmácias
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associadas ao grupo, mas devem estabelecer vínculo com alguma rede pertencente à comunidade FEBRAFAR. Outras regras para adesão, como o zoneamento por exemplo, são de�inidas regionalmente - entre o proprietário da loja e a diretoria de cada rede associada à Federação. Apesar do pouco mais de um ano de atividades, as Drogarias UltraPopular já reúnem um grupo de 83 empresários, que fazem da Rede um verdadeiro sucesso nos quatro cantos do país. Neto celebra os excelentes resultados obtidos, atribuindo a conquista ao crescente número de clientes-consumidores e ao acelerado ritmo das vendas, o que, segundo ele, tem feito com que diversos empresários já planejem a abertura de novos estabelecimentos. Categoricamente, o presidente Edison Tamascia dispara: “Devemos fechar o ano com 130 pontos de venda ultrapopulares em todo o Brasil”. REDE DE DROGARIAS ULTRAPOPULAR Av. Paulista, 777 - cj 121 - Bela Vista - São Paulo - SP Informações: (11) 3283-3737 (Paulo) Email: paulo@drogariasultrapopular.com.br Site: www.drogariasultrapopular.com.br