ABCFARMA Especial Fitoterápicos ed.6 - Novembro de 2012

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EDITORIAL

Diretor Presidente Pedro Zidoi Sdoia Diretora Administrativa Abigail J. C. Maglio Diretor Institucional Nelson Grecov Diretor Financeiro José Carolino Campos Jornalista responsável Celso Arnaldo Araújo (MTB: 13.064) Gerente de Marketing e Vendas Graziele C. Lucato Diagramação e arte Dawis Roos (dawisroos@gmail.com) Colaboração Amora Comunicação (Assessoria de Imprensa Aspen Pharma) Editora Lison Rua Santa Isabel, 160, 4º andar Vila Buarque, São Paulo/SP CEP: 01221-010 • (11) 3361-5705 Fale com a gente fitoterapicos@abcfarma.org.br ABCFARMA Rua Santa Isabel, 160, 5º andar Vila Buarque, São Paulo/SP CEP: 01221-010 • (11) 3223-8777 www.abcfarma.org.br Distribuição ABCFARMA Publicidade Lison Editora Impressão e acabamento Gráfica PGE

É inquestionável a adesão aos medicamentos fitoterápicos que já fazem parte do arsenal terapêutico à disposição dos prescritores e dispensadores de medicamentos. Nesta edição enfatizamos a importância da rede pública incorporar mais três novos produtos na lista de remédios distribuídos de graça pelo S.U.S — creme de babosa, comprimidos de salgueiro-cápsulas, e hortelã —, agora ampliando para 12 compostos. A matéria orienta os municípios e setores de saúde a incluírem em suas licitações esses novos integrantes. Consumir produtos dessa categoria já é realidade entre os usuários de medicamentos. A percepção é a margem de segurança, a redução de efeitos colaterais, com boa tolerância, e sempre tendo cuidados com a dispensação para que seja feita na cadeia assistida — farmacêutico e em farmácias e drogarias —, nunca comprar em barracas ou em volume de baciadas sem as mínimas condições legais devidamente estabelecidas para consumo. A fitoterapia contra a ansiedade vem sendo prescrita como alternativa ao uso de ansiolíticos e antidepressivos, mas alguns especialistas alertam que o mecanismo de ação é semelhante às drogas sintéticas, por isso a orientação médica é indispensável. Outra opção largamente empregada para o tratamento da insônia é apresentada no artigo das sementes da griffonia simplicifolia, da qual se retira o extrato, que é base para o medicamento natural 5-htp, usado na fitoterapia. Diversos estudos indicam o alto índice de seretonina presente nas sementes o que traz grandes benefícios, causando bem estar, inclusive no tratamento.

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“Os pets e as plantas” é outra matéria que destaca o emprego dos medicamentos fitoterápicos, quando o assunto é para os animais domésticos. Afinal em 2011 o mercado de fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1 bilhão no Brasil, aumento de 13% em relação ao ano anterior.

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Boa leitura e até a próxima!

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Pedro Zidoi Sdoia Presidente da ABCFARMA ABCFARMA Especial Fitoterápicos NOVEMBRO 2012 3 logos_retratos_17

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FARMÁCIA

FITOTERÁPICOS: A FARMÁCIA OFICIAL A LISTA DE REMÉDIOS DISTRIBUÍDOS DE GRAÇA PELA REDE PÚBLICA DE SAÚDE GANHOU MAIS TRÊS MEDICAMENTOS FEITOS À BASE DE PLANTAS. AGORA SÃO 12. MAS A ADOÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NA REDE PÚBLICA DEPENDE DA VONTADE DE CADA CIDADE.

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uando a asma aperta, a dona de casa Maria do Socorro Silva corre até o posto de saúde. O remédio é o de sempre: xarope de guaco. “Acho que feito assim natural é bem melhor para nós”, avalia ela. Esse xarope é um medicamento fitoterápico que faz parte da lista de remédios distribuídos de graça pelo SUS, agora composto por 12 medicamentos. Os três novos produtos da lista são: 4

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CREME DE BABOSA: indicado para queimaduras e psoríase, uma doença da pele. COMPRIMIDOS DE SALGUEIRO: indicado para dores lombares. CÁPSULAS DE HORTELÃ: indicado para irritação no intestino. Para o Conselho Regional de Farmácia, é importante que a rede pública ofereça os fitoterápicos como opção de tratamento.

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“O fato de a rede pública incorporar esses medicamentos disponibiliza para o cidadão um produto que é confiável. Não se deve adquirir medicamento em locais que não sejam farmácias e drogarias”, alerta o presidente do Conselho Regional de Farmácia, Pedro Menegasso. Mas nem sempre é fácil encontrar esses remédios na rede pública. Cada cidade é que decide se compra ou não os fitoterápicos para oferecer à população.

E muitas ainda não compram. Mauá, na Grande São Paulo, começou oferecendo só o xarope de guaco, mas, pela procura, já está comprando outros. “Vamos ficar com nove medicamentos, por enquanto. A gente está percebendo que a população aceitou muito bem”, comenta a coordenadora de Assistência Farmacêutica de Mauá, Melissa Alonso. Vale reforçar que os remédios só serão fornecidos nas unidades públicas de saúde com receita médica. ABCFARMA Especial Fitoterápicos NOVEMBRO 2012

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FARMÁCIA

FITOTERÁPICOS NO SUS: DESDE 2008 Uma portaria interministerial (2.960/2008) assinada pelo Ministério da Saúde e outros nove ministérios instituiu o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Coordenado pelo Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, o Programa pouco a pouco amplia a lista de fitoterápicos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na atenção básica – hoje, num total de 12. A quantidade de produtos oferecidos é definida por um grupo de especialistas 6

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vinculados ao Ministério da Saúde, que compõem um comitê específico para acompanhar o assunto. Fitoterápico, de acordo com a legislação sanitária brasileira, é o medicamento obtido a partir, exclusivamente, de matériasprimas ativas vegetais. Todos os medicamentos fitoterápicos utilizados pelo SUS são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, por isso, são considerados seguros e eficazes para a população. Eles garantem o mesmo efeito que um medicamento sintético. O Programa tem uma preocupação social que mobiliza diversas áreas

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importantes. “Ele é um instrumento de geração de emprego e renda, de desenvolvimento local e estruturação na cadeia produtiva, pois mobiliza desde o cultivo da semente até a produção do fitoterápico”, explica o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Junior. Os recursos para investimento no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos têm origem na mesma fonte que financia o custeio dos medicamentos distribuídos pela Atenção Básica do SUS.

A LISTA COMPLETA Os benefícios da fitoterapia são reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Periodicamente, o órgão divulga recomendações para incentivar os países a formularem políticas e regulamentações nacionais referentes à utilização de medicamentos tradicionais de eficácia comprovada. A OMS também recomenda a exploração das possibilidades de se incorporar os detentores de conhecimento tradicional às atividades de atenção primária em saúde, fornecendo-lhes treinamento correspondente.

Relação de Fitoterápicos Ofertados no SUS: NOME POPULAR

NOME CIENTÍFICO

INDICAÇÃO

Espinheira-santa

Maytenus ilicifolia

Dispepsias, coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera duodenal

Guaco

Mikania glomerata

Expectorante e broncodilatador

Alcachofra

Cynara scolymus

Colagogos e coleréticos em dispepsias associadas a disfunções hepatobiliares

Aroeira

Schinus terebenthifolius

Produtos ginecológicos antiinfecciosos tópicos simples

Cáscara-sagrada

Rhamnus purshiana

Constipação ocasional

Garra-do-diabo

Harpagophytum procumbens

Anti-inflamatório (oral) em dores lombares, osteoartrite

Isoflavona-de-soja

Glycine max

Climatério (Coadjuvante no alívio dos sintomas)

Unha-de-gato

Uncaria tomentosa

Antiinflamatório (oral e tópico) nos casos de artrite reumatóide, osteoartrite e como imunoestimulante

Hortelã

Mentha x piperita

Síndrome do cólon irritável

Babosa

Aloe vera

Queimaduras e psoríase

Salgueiro

Salix alba

Dor lombar

Plantago (Plantago ovata Forssk.) habitual

Coadjuvante nos casos de obstipação intestinal Tratamento da síndrome do cólon irritável

Pó para dispersão oral

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NEM RÁPIDO, NEM DEVAGAR. NA VELOCIDADE ADEQUADA AO SEU ORGANISMO. REGULADOR INTESTINAL À BASE DE FIBRAS.

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rvescente. É indispensável dissolvido em água.

A BULA.

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CONTRA A ANSIEDADE

CALMA NO BRASIL

FITOTERAPIA CONTRA A ANSIEDADE COMO ALTERNATIVA AO USO DE ANSIOLÍTICOS E ANTIDEPRESSIVOS, QUE PODEM CAUSAR EFEITOS COLATERAIS E ATÉ DEPENDÊNCIA, ALGUNS ESPECIALISTAS APONTAM PARA OS FITOTERÁPICOS, QUE SÃO FEITOS COM PLANTAS E AGEM DE FORMA SEMELHANTE ÀS DROGAS SINTÉTICAS.

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o entanto, vale esclarecer uma confusão corriqueira. “Os fitoterápicos, como todo medicamento, passam por uma série de pesquisas para comprovar sua eficácia. Já as plantas medicinais podem ser usadas de outras maneiras, no preparo de chás”, diferencia o professor de farmacologia Hudson Canabrava, da Universidade Federal de Uberlândia. E nem todos os remédios naturais já caíram nas graças dos cientistas. É preciso conhecê-los bem antes de correr até a farmácia fitoterápica mais próxima. Na hora de comprar fitoterápicos, procure ficar atento ao rótulo do produto. Nele, há o número de registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa. “Para ser registrado, o remédio deve passar por testes que 10

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comprovam sua eficácia, segurança e qualidade”, esclarece Mônica Soares, especialista em regulação de fitoterápicos da Anvisa. Se as crises não são graves, os chás podem ser uma aposta certeira. “Os princípios ativos estão presentes de maneira mais branda, o que reduz a probabilidade de complicações”, atesta o psicobiólogo Ricardo Tabach, da Universidade Federal de São Paulo. Busque comprá-los em farmácias de confiança e conferir no rótulo o nome científico da planta. E, mesmo sendo de origem natural, os fitoterápicos devem ser consumidos com cautela. “As plantas possuem milhares de substâncias químicas capazes de reagir de maneira indesejada com medicamentos alopáticos comuns. A passiflora, por exemplo, que é um calmante suave, causa sonolência excessiva se combinada com outros remédios”,

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adverte Canabrava. Não caia no engano de pensar que as plantas são inofensivas. A orientação médica é indispensável. Confira abaixo cinco plantas que tranquilizam e têm o aval da ciência:

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Passiflora, ou Passiflora incarnata: Essa espécie de maracujá ajuda a controlar crises de ansiedade e depressão. Formas de consumo: além de chás, seu princípio ativo entra na fórmula de alguns medicamentos.

Melissa, ou Melissa officinalis: Também conhecida como ervacidreira, tem óleos essenciais que acalmam levemente. Formas de consumo: seu chá é a mais popular.

Passiflora incarnata

Melissa officinalis

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Valeriana, ou Valeriana officinalis: Suas propriedades são extraídas da raiz. Melhora o sono. Formas de consumo: é usada na produção de fitoterápicos e em chás e infusões, apesar do gosto amargo.

Camomila, ou Matricaria recutita: Esse tipo de camomila tem efeito calmante. Formas de consumo: suas folhas e flores são empregadas em infusões.

Valeriana officinalis

Matricaria recurita

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Erva-de-são-joão, ou Hypericum perforatum: É a mais eficiente para combater a depressão. Formas de consumo: usada na produção de medicamentos, ela só pode ser comprada com receita médica.

Hypericum perforatum ABCFARMA Especial Fitoterápicos NOVEMBRO 2012

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BICHOS DE ESTIMAÇÃO

OS PETS E AS PLANTAS MEDICINAIS SE O BICHO ANDA AGITADO, UM BOM CHÁ DE MELISSA PODE DEIXÁ-LO CALMINHO, CALMINHO. DIGESTÃO DIFÍCIL? TENTE UMA INFUSÃO DE FOLHAS DE BOLDO. AGORA, SE O CASO FOR UM PROBLEMA RESPIRATÓRIO, A MENTA TRARÁ UM ALÍVIO E TANTO. ASSIM COMO A GENTE, OS PETS TAMBÉM SAEM GANHANDO COM AS PLANTAS MEDICINAIS. INFUSÕES OU MESMO CÁPSULAS, NÃO IMPORTA A FORMA - MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS, 100% NATURAIS, SÃO CADA VEZ MAIS ADOTADOS EM CLÍNICAS VETERINÁRIAS PARA CURAR DESDE FERIDAS ATÉ DORES ARTICULARES EM ANIMAIS DOMÉSTICOS.

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e o especialista indicar um chá, você só vai precisar de uma seringa. Já a cápsula pode ser misturada à ração. Vêm das plantas, também, as substâncias usadas em tinturas, óleos e pomadas. “Geralmente o remédio tem boa aceitação”, garante a veterinária Regina Motta, de São Paulo. As doses e a duração do tratamento variam de acordo com o tamanho do animal. Segundo o veterinário Marcos Fernandes, de São Paulo, o baixo custo dos fitoterápicos e a diminuição dos efeitos colaterais são as principais vantagens do

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tratamento. Os remédios costumam ser encontrados em farmácias especializadas ou de manipulação. “Por serem naturais, os princípios ativos são menos tóxicos e causam menor impacto no organismo”, acredita a veterinária Regina. Mas atenção! A prescrição do veterinário é indispensável. «Os fitoterápicos exigem os mesmos cuidados que as drogas alopáticas», alerta a veterinária Valéria Oliva, de São Paulo. «Se são utilizados da maneira errada, podem apresentar resultados indesejados», completa o professor veterinário Nilson Roberti Benites.

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OS MAIS RECEITADOS Tintura de calêndula: cicatrizante e anti-séptico de uso tópico Tintura de eufrásia: usada como colírio contra conjuntivite Chá de camomila: alivia cólicas Própolis: para tratar problemas respiratórios ou irritações na pele Chá de boldo: infusão contra problemas no fígado Passiflora e melissa: contêm substâncias calmantes Chá de quebra-pedra: previne a formação de pedras nos rins Arnica: pomada de uso local, reduz inchaço e traumatismos Copaíba: óleo cicatrizante e antibacteriano Menta: infusão usada para inalação ABCFARMA Especial Fitoterápicos NOVEMBRO 2012

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FITOTERÁPICOS

FITOTERÁPICOS: UM MERCADO DE MAIS DE 1 BI NO BRASIL EM 2011, O MERCADO DE FITOTERÁPICOS MOVIMENTOU CERCA DE R$ 1,1 BILHÃO NO BRASIL, AUMENTO DE 13% EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR

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o passado alvo de resistência e preconceito da classe médica, por estar associado a tratamentos com chás e ervas, o segmento de medicamentos fitoterápicos está recebendo pesados investimentos dos laboratórios nacionais e estrangeiros instalados no país -como informa Monica Scaramuzzo, do jornal Valor Econômico. O Aché, uma das maiores farmacêuticas nacionais, lançou em abril um novo produto voltado para a área respiratória o Liberaflux, o primeiro fitomedicamento expectorante da companhia à base de extrato seco de Hedera helix, espécie cultivada em Portugal e na Irlanda. Essa molécula movimenta R$ 80 milhões por ano no Brasil e está entre as principais em crescimento no mercado. O xarope expectorante chega ao mercado em apresentações de 7,5mg/ml, em frascos com 100 ml e 200 ml. Com uma participação de 7% nesse segmento no Brasil, o Aché registrou receita bruta de R$ 2,6 bilhões em 2011. A receita com essa linha de medicamentos ficou em R$ 67 milhões e deve crescer em 2012. As vendas do anti-inflamatório Acheflan, primeira patente de fitoterápico lançado no

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Brasil, em 2005, e ainda líder em sua categoria, giram em torno de R$ 22 milhões por ano. A pernambucana Hebron e a sul-africana Aspen também estão trabalhando para ampliar o portfólio desses medicamentos. Em 2011, o mercado de fitoterápicos movimentou cerca de R$ 1,1 bilhão no Brasil, aumento de 13% em relação ao ano anterior, de acordo com José Roberto Lazzarini Neves, da consultoria Pharmalaza, com base nos dados da consultoria IMS Health. No acumulado dos últimos cinco anos, o segmento de fitoterápicos cresceu 10,5%. Cerca de 45 milhões de unidades foram comercializadas no ano passado. Em 2011, a receita de todo setor farmacêutico foi de R$ 43 bilhões. “O país conta com cerca de 400 medicamentos fitoterápicos”, disse Lazzarini. Os fitoterápicos são medicamentos desenvolvidos a partir de extratos vegetais padronizados. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os critérios de pesquisa e desenvolvimentos desses produtos são os mesmos que os medicamentos sintéticos. Segundo Mônica da Luz Carvalho Soares, coordenadora da farmacopeia Brasil da Anvisa,

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há mais produtos desenvolvidos no país a partir de plantas exóticas (de fora do país) do que nativas.

CURSO PARA 300 MÉDICOS

Atualmente, a Alemanha é o maior produtor de medicamentos fitoterápicos no mundo, afirmou Eduardo Pagani, presidente da Sobrafito (Associação Médica Brasileira de Fitomedicina). Atualmente, a Sobrafito está dando um curso de fitoterapia para 300 médicos do SUS (Sistema Único de Saúde) de todo país.De acordo com Lazzarini, as pesquisas a partir de plantas nativas estão praticamente paradas por conta das restrições impostas para pesquisas. “Se essas plantas estiverem em área indígena, as pesquisas ficam ainda mais complicadas”, afirmou Josimar Henrique da Silva, presidente do laboratório pernambucano Hebron. A companhia deverá lançar entre 2013 e 2014 três novos medicamentos fitoterápicos. “Em outubro, colocamos um produto no mercado. Temos um portfólio com 15 medicamentos dessa linha”, disse. Segundo Silva, os laboratórios estão em discussão com o governo para flexibilizar as regras para pesquisar plantas nativas. Em 2010, a Hebron vendeu dois medicamentos de sua linha de fitoterápicos para a sul-africana Aspen. A multinacional quer expandir seus negócios no Brasil e negocia a compra de outros medicamentos dessa linha. Alexandre França, presidente da subsidiária brasileira, afirmou que cerca de um terço da receita do grupo no país, de R$ 160 milhões, vem dessa categoria. “A venda desses produtos cresce mais que os medicamentos sintéticos”, disse. Segundo o executivo, a companhia poderá trazer para o país produtos que a Aspen comercializa no mercado internacional. Para 2012, a companhia prevê crescer 12% em vendas e 9% em volume. ABCFARMA Especial Fitoterápicos NOVEMBRO 2012

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INSÔNIA

BOA NOITE. DURMA BEM A MAIORIA DOS ADULTOS JÁ TEVE INSÔNIA EM ALGUM MOMENTO DE SUAS VIDAS. CERCA DE METADE DA POPULAÇÃO É AFETADA PELA INSÔNIA – E 10% TÊM INSÔNIA CRÔNICA, NA QUAL DORMIR BEM, NA HORA CERTA, CHEGA A SER UMA IMPOSSIBILIDADE. A INSÔNIA É UM SINTOMA E NÃO UMA DOENÇA. POR DEFINIÇÃO, INSÔNIA É A “DIFICULDADE EM INICIAR OU MANTER O SONO, OU AMBOS”. MAS A INSÔNIA NÃO É DEFINIDA POR UM DETERMINADO NÚMERO DE HORAS DE SONO – UMA VEZ QUE AS PESSOAS TÊM NECESSIDADES VARIÁVEIS DE SONO. REMÉDIOS “PARA DORMIR” ÀS VEZES SE TORNAM INDISPENSÁVEIS. MAS, ENTRE ELES, QUE TAL TENTAR CONCILIAR O SONO COM UM FITOTERÁPICO?

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uitas pessoas desconhecem as opções terapêuticas com fitoterápicos no combate à insônia – talvez por pensar ainda no “chazinho da vovó”. Mas, antes de conhecer essa opção, seria conveniente fazer um pequeno raio-x da insônia. A insônia 16

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é geralmente classificada com base na duração do problema. Nem todos concordam com uma definição, mas em geral há um consenso de que os sintomas que duram menos de uma semana são classificados como insônia transitória, sintomas entre 1 e 3 semanas são classificados como insônia de

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curto prazo, e acima disso, os sintomas são classificados como insônia crônica. Muitas das causas da insônia transitória ou de curta duração são semelhantes e incluem o “jet lag” (diferença de fuso horário após viagem aérea), por alterações na jornada e ritmo de trabalho, barulho excessivo ou desagradável, temperatura ambiente desconfortável (muito quente ou muito frio), situações estressantes e tensas de vida (preparação para exame, morte de ente querido, desemprego, divórcio ou separação etc.), presença de uma doença aguda médica ou cirúrgica ou até mesmo hospitalização, retirada de drogas, álcool, sedativos ou estimulantes e até mesmo insônia relacionada com altitudes elevadas. A insônia afeta todas as faixas etárias. Entre os adultos, mais as mulheres do que os

homens. A incidência tende a aumentar com a idade. Ela é geralmente mais comum em pessoas de baixa condição socioeconômica, alcoólatras e usuários de substâncias químicas e pessoas com problemas de saúde mental. O estresse provoca na maioria das vezes a insônia de curto prazo ou aguda. Caso não seja tratada, esse sintoma da insônia pode evoluir para uma insônia crônica. E a insônia pode ser indicativo de uma depressão. Muitas pessoas têm insônia durante a fase aguda de uma doença mental. Diante de um quadro desses, antidepressivos ou tranqüilizantes quase sempre são a opção de entrada da medicina ortodoxa – e muita gente receia seus efeitos colaterais e seus efeitos-rebote. Uma tentativa de melhora com plantas medicinais pode ser uma boa saída. ABCFARMA Especial Fitoterápicos NOVEMBRO 2012

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INSÔNIA

OPÇÕES DE PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DA INSÔNIA ✓ Das sementes da Griffonia simplicifolia se retira o extrato que é base para o medicamento natural 5-HTP, usado na fitoterapia. Diversos estudos indicaram o alto índice de serotonina presentes nas sementes, o que traz grandes benefícios ao bem-estar, inclusive no tratamento natural da insônia.

Endro

travesseiro, para acalmar a pessoa na hora de dormir e evitar a insônia. O Endro é nativo da Índia, Irã, do Mediterrâneo e do Sul da Rússia. O nome em latim “Anethum graveolens” significa “cheiro forte” e também significa “calmaria”. ✓ Durante a Primeira Guerra Mundial, a Valeriana foi dada aos soldados e civis traumatizados pelos horrores da guerra. Na Europa, a planta é o mais comum sedativo natural e na medicina natural da Alemanha é usada para tratar crianças incontroláveis.

Griffonia simplicifolia

✓ O Kava Kava tem seu uso recomendado antes de dormir, para induzir um sono agradável e tranquilo. Ele ajuda também a reduzir a velocidade da taxa de batimentos cardíacos e respiração.

Valeriana

✓ A Schizandra é um sedativo moderado. Na China, algumas pessoas mastigam diariamente os frutos durante 100 dias para usufruir do efeito tônico da planta, que melhora a coordenação e concentração. É dito que a planta “acalma o coração e aquieta o espírito”.

Kava Kava

✓ O chá da semente do Endro também é considerado um remédio excelente para crianças, podendo ser usado inclusive para prevenir pesadelos. Das sementes, podem ser feitos sachês para serem colocados dentro do 18

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Schizandra

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