Saúde ocular Texto: Celso arnaldo fotos: divulgação
E
m todo o mundo, campanhas de conscientização periódicas alertam para o perigo do glaucoma – doença oftalmológica caracterizada pelo aumento da pressão ocular, que é responsável por nada menos do que 13% dos casos de cegueira no Brasil. O grande problema do glaucoma é que, na maioria dos casos, sua evolução é silenciosa – o primeiro sinal pode já ser uma deficiência na visão. Daí a importância da detecção precoce, já que é impossível evitá-la. Com diagnóstico no tempo certo e tratamento adequado, ensina nesta matéria o Dr. Marcos Miguel Morandi, oftalmologista de Campinas, é possível controlar muito bem a doença, evitando sua complicação mais terrível – a cegueira
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Como o glaucoma se situa entre as doenças com potencial de causar a perda da visão? O glaucoma é uma patologia caracterizada pelo aumento da pressão intraocular levando a danos importantes no nervo óptico e a consequente perda de visão progressiva. É a principal causa irreversível de cegueira no mundo, quase não apresenta sintomas e a prevenção é a melhor maneira de tratá-lo. Segundo a Sociedade Brasileira de Glaucoma, 13% dos casos de cegueira no mundo deve-se ao glaucoma, uma vez que 90% dos casos não apresentam absolutamente nenhum sintoma. Em 2010/2011, teremos no mundo aproximadamente 60 milhões de pacientes glaucomatosos – e 4,5 milhões ficarão cegos pela doença. Quem pode ter glaucoma? Alguns fatores predispõem ao aparecimento do glaucoma: A) Idade acima dos 40 anos B) História familiar C) Raça Negra D) Altos graus de miopia E) Uso de corticoides F) Traumas oculares G) Pressão intraocular elevada, sem os danos iniciais. Esses pacientes, considerados hipertensos oculares, deverão ser acompanhados frequentemente. Para ilustrarmos melhor esses fatores de risco, 6% dos pacientes com
“Toda pessoa acima de 40 anos deve visitar o oftalmologista anualmente, principalmente aqueles que fazem parte do grupo de risco para, entre outros procedimentos, medir a pressão ocular.”
glaucoma têm histórico familiar, 15% estão acima dos 70 anos. Os afrodescendentes apresentam 14 vezes mais chances de desenvolver glaucoma e 10% dos pacientes considerados hipertensos oculares vão desenvolver glaucoma em cinco anos.
O mecanismo de agravamento da doença é sempre pelo aumento da pressão intraocular? O glaucoma, de maneira geral, divide-se em primário e secundário. Os primeiros não apresentam causas conhecidas. Já os secundários devemse a traumas oculares, proliferação de vasos, uso de corticoides, dispersão de pigmentos, etc.
Porém, o fator mais importante de todos os glaucomas é mesmo a elevação da pressão intraocular, que deve estar sempre no nível de normalidade, entre 10 e 19 mmhg. É bom lembrar que o glaucoma nada tem a ver com hipertensão arterial.
Como se detecta o glaucoma? O acompanhamento dos pacientes deve ser feito com a medida da pressão intraocular, pela chamada Tonometria de Aplanação, além de exame de fundo de olho e exame do campo visual. Conclui-se então que toda pessoa acima de 40 anos deve visitar o oftalmologista anualmente, principalmente aqueles que fazem parte do grupo de risco para, entre outros procedimentos, medir a pressão ocular.
Como é o tratamento? O tratamento baseia-se fundamentalmente em reduzir a pressão intraocular, o que pode ser feito através de colírios que hoje são bastante confortáveis, o uso do laser e, em último caso, a cirurgia. É importante ainda lembrar que a perda visual pelo glaucoma é irreversível e o tratamento visa manter a visão remanescente, não recuperando a perda já ocorrida.
O tratamento é por quanto tempo? O maior problema que os oftalmologistas enfrentam é a adesão do paciente ao tratamento, uma vez que a
doença não apresenta sintomas e o tratamento é para sempre. Como lembrete, não se deve fazer uso indiscriminado de colírios sem receita médica, a não ser os lubrificantes. n
Depois dos 40, pelo menos uma vez por ano, torna-se quase obrigatório medir a pressão ocular (acima), para detectar o glaucoma. O tratamento é à base de colírios – e por toda a vida
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